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O Santuário em Hebreus:

tipologia
Pr Isael
Público alvo:

 Judeus cristãos na diáspora (de fala grega que comumente


faziam uso da LXX);

Problema:
 Estavam sendo tentados a abandonar o cristianismo e voltar ao
judaísmo;
Tema Central:
Não abandonem a Jesus!

 Se assim o fizessem, para onde iriam?


 Os tipos velhotestamentários encontraram Nele sua
realidade e essencial substância;
Contornos básicos da tipologia do Santuário
em Hebreus
I. A morte de Cristo corresponde ao cumprimento antitípico de todo
sistema sacrifical do AT;
 O contínuo (tamid): Hb 10:1-4,11-12)
 A novilha vermelha Hb 9:13;
 novilhos bezerros e bodes, sumário de todo o sistema sacrifical do AT
(Sl 50:13; Is 1:11)
 Mesmo os sacrifícios do Dia de Expiação (9:25-26);

 Todos os sacrifícios do sistema sacrifical do AT coalescem num


Único e supremo sacrifício feito uma vez por todas, conforme Sl
40:6-8;
Contornos básicos da tipologia do Santuário
em Hebreus
II. Ascensão de Cristo ao Céu (31 AD);
a. posição tradicional da IASD: Cristo começa seu ministério Sumo
Sacerdotal (no lugar santo do santuário celestial);
b. Albion Ballenger (1861-1921) evangelista na Grã-Bretanha,
presidente das missões Welsh e Irish;
1. Ballenger ensinava que Cristo entrou no lugar santíssimo do
santuário celestial em 31 AD e deu início ao ministério do Dia
de Expiação;
2. O texto chave de Ballenger fora Hb 6:19-20;
Contornos básicos da tipologia do Santuário
em Hebreus
 O que ocorreu quando Cristo ascendeu ao Céu em 31 AD?
a. Iniciou-se o Dia de Expiação antitípico, conforme propõe
Ballenger (tendo por base Hb 6:19-20) e D. Ford (tendo por base
Hb 9:12)?
b. Ou haveria um outro pano de fundo tipológico sugerido pelo
material em foco?
Contornos básicos da tipologia do Santuário
em Hebreus
 Ascensão de Cristo:
a. Três principais passagens em Hebreus falam de Jesus entrando no
santuário: Hb 6:19-29; 9:12 e 10:19-20;
b. A estrutura literária da seção central de Hebreus mostra o
relacionamento dessas passagens entre si;
Estrutura Literária Quiástica de Hb 6:19-10:20
A- O Véu (6:19-20);
B- O Sacerdócio (7:1-25);
C- O Sacrifício (7:26-28);
D- O Santuário (8:1-5);
E- A Aliança (8:6-13);
F- O Santuário (9:1-10);
F’- O Santuário (9:11-14);
E’- A Aliança (9:15-22);
D’- O Santuário (9:23-28);
C’- O Sacrifício (10:1-10);
B’- O Sacerdócio (10:11-18);
A’- O Véu (10:19-20);
Estrutura Literária Quiástica de Hb 6:19-10:20

 Nesta estrutura notam-se as duas passagens de entrada no santuário do céu


(Hb 6:19-20; e 10:19-20) mantendo correspondência paralela nos
membros (A,A’);
a. Assim: Hb 6:19-20 = Hb 10:19-20;
b. Os estudiosos geralmente reconhecem que estas duas passagens se
referem ao mesmo evento;
c. Semelhantemente eles quase sempre veem este evento como antitípico
do Dia de Expiação velhotestamentário, onde Jesus estaria entrando
no véu interior para o santíssimo;
Estrutura Quiástica de Hb 6:19-10:20
 Qual o pano de fundo velhotestamentário para este evento?
 Hb 6:19-20 não informa explicitamente;
 Mas Hb 10:19-20 fornece uma chave;
 Em descrever a obra de Cristo enquanto ele entra “por um novo e vivo
caminho ... Através do véu” o autor emprega o termo ‘consagrou’
ἐνεκαίνισεν de ἐγκαινίζω cujo sentido essencial é inaugurar, dedicar;
 ἐγκαινίζω é usado em um sentido técnico na LXX, versão do AT que o
autor de Hebreus usa consistentemente; à parte do pentateuco ele é usado
em 1Rs 8:63; 2Cr 7:5 na inauguração do templo de Salomão e como um
substantivo em Ed 6:16-17 na inauguração do templo pós-exílico;
A Inauguração do Santuário
ἐγκαινίζω
 Ao longo das referências do Pentateuco para Sacrifícios (LXX) o
termo ἐγκαινίζω é encontrado em apenas um capítulo:
 Números 7:10, 11, 84, 88, nessas incidências se descrevem a
INAUGURAÇÃO do santuário no ato de seus serviços serem
iniciados;
 O termo ἐγκαινίζω nunca se refere ao Dia de Expiação no AT;
A Inauguração do Santuário

 O contexto imediato de ἐγκαινίζω em Hb 10:20 corrobora esta


identificação:
 Em Hb 9:18 ἐγκαινίζω claramente significa “inaugurar” ou
“dedicar” e descreve a instalação dos serviços do santuário e não
o Dia de Expiação;
 Deste modo, Hb 10:19-20 e seu correspondente no paralelismo
quiástico (Hb 6:19-20) se referem à inauguração/dedicação do
santuário e não ao Dia de Expiação;
A Inauguração do Santuário

 Este é um cumprimento de Dn 9:24: “ungir o Santo dos


Santos”;
 Não importa qual véu Hb 6:19-20 e 10:19-20 esteja se
referindo, se o primeiro ou segundo, em resposta a
Ballenger e Ford, visto que Moisés no ato da inauguração
do santuário ministrou em ambos os compartimentos (Êx
40:9-10; Nm 7:1);
A Inauguração do Santuário
 Nestas duas passagens (Hb 6:19-20; e 10:19-20) notam-se paralelismos
terminológicos e conceituais:
1. “Temos/tendo”, “no interior do véu/através do véu”, “Jesus... Sumo
Sacerdote/Jesus... Sumo Sacerdote”, “entrou/entrar”;
2. Ambas passagens se movem em dois estágios;
a. o primeiro verso de cada passagem (6:19;10:19) se refere à entrada
dos crentes no santuário celestial;
b. Os outros dois em cada caso lidam com a obra introdutória de
Cristo o Sumo Sacerdote que possibilita o acesso dos crentes;
A Inauguração do Santuário
 Nestas duas passagens (Hb 6:19-20; e 10:19-20) notam-se paralelismos
terminológicos e conceituais:
3. Na primeira parte do paralelismo (6:19) utiliza-se um termo mais comum
para a entrada do crente εἰσέρχομαι.
4. Na segunda (10:19) acha-se um menos comum e mais específico εἴσοδος.
O uso desse termo na LXX sugere um sentido acentuado de entrada como “ter
acesso”: Js 13:5; Jz1:24-25; 1Sm 17:52; 2Rs14:25; 1Cr 9:19; 2Cr 16:1; Ez
27:3; 42:9; 1Mac 14:5; Sb 7:6. Nota-se também o seu uso para a entrada na
casa de Deus 2 Kgs 23:11, e da entrada para a casa do Senhor no contexto
da inauguração do novo templo messiânico: Ez 44:5.
A Inauguração do Santuário

 Nestas duas passagens (Hb 6:19-20; e 10:19-20) notam-se paralelismos


terminológicos e conceituais:
5. Semelhantemente no segundo estágio do paralelismo a primeira parte
(6:20) utiliza-se novamente εἰσέρχομαι termo mais comum para descrição da
entrada de Jesus;
6. Enquanto a segunda (10:20) emprega um termo menos comum e mais
específico para descrever a natureza da entrada ἐγκαινίζω, isto é,
INAUGURAÇÃO.
A Inauguração do Santuário
 Nestas duas passagens (Hb 6:19-20; e 10:19-20) notam-se paralelismos
terminológicos e conceituais:
1. Deste modo:
A. Hb 6:19 entrada do crente εἰσέρχομαι
B. Hb 6:20 entrada de Jesus εἰσέρχομαι

A’. Hb 10:19 acesso do crente εἴσοδος


B’. Hb 10:20 inauguração de Jesus ἐγκαινίζω
A entrada do crente Hb 6:19 é explicada em 10:19 como acesso livre ao
santuário;
A entrada de Jesus Hb 6:20 é semelhantemente explicada em 10:20 como um ato
de inauguração;
A Inauguração do Santuário
Hebreus 9:12

 “o sangue de bodes e bezerros”. A que isto se refere?


 Um bode e um bezerro eram em verdade sacrificados no
Dia da Expiação (Lv 16:6,15);
 Hebreus 9:12 estaria, portanto, se referindo ao Dia da
Expiação?
A Inauguração do Santuário
Hebreus 9:12, análise léxico-gramatical
 bode – τράγος
 bezerro – μόσχος
 Na LXX o vocábulo μόσχος é usado para ambos a Inauguração e Dia
de Expiação (7 vezes em Lv 16 e 17 vezes em Nm 7 e 8);
 Na LXX existem dois vocábulos para “bode” usado em referência ao
sistema sacrifical: τράγος e χιμάρος;
 Qual termo fora usado no Dia de Expiação em Lv 16?
 χιμάρος e não τράγος
A Inauguração do Santuário
Hebreus 9:12, análise léxico-gramatical
τράγος o bode de Hb 9:12
 Na LXX o vocábulo aparece em apenas um capítulo do material do
Pentateuco descrevendo rituais do santuário:
 Números 7 ocorre 13 vezes;
 O contexto de Nm 7 é absolutamente a inauguração do santuário;
 Hb 9:19 substancia esta interpretação de 9:12 enquanto usa estas
mesmas palavras “bodes” e “bezerros” claramente no contexto de
inauguração da aliança (v 18);
A Inauguração do Santuário
Hebreus 9:12 e a expressão τὰ ἅγια
 A expressão τὰ ἅγια e o lugar santíssimo propriamente dito:
 Esta é uma expressão para o santuário como um todo;
 Na LXX τὰ ἅγια aparece 109 no contexto do santuário, destas, 106
referem-se à todo o santuário e 03 referem-se ao lugar santo (1 Rs
8:8; 2 Cr 5:9,11);
 Nunca aparece como referindo-se ao lugar santíssimo;
 Segundo Carl Cosaert não só na LXX mas também nos
pseudoepígrafos, em em Filo e em Josefo;
A Inauguração do Santuário e
Hebreus 9:24
 Esta é a terceira passagem em Hebreus que paralela às
anteriormente referidas mencionam a entrada de Jesus no santuário
celestial
“Porque Cristo não entrou (εἰσῆλθεν) num santuário (ἅγια) feito por
mãos, figura (ἀντίτυπα) do verdadeiro (ἀληθινῶν), porém no mesmo
céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus”;

Este verso deve ser entendido no contexto dos precedentes versos do


mesmo capítulo;
A Inauguração do Santuário e
Hebreus 9:24
 De todas as evidentes referências à inauguração na epístola aos
Hebreus, Hb 9:16-21 provê a descrição mais clara e explícita da
ratificação/inauguração da primeira aliança e santuário terrestre;
 Aqui novamente o termo ἐγκαινίζω aponta para inauguração e
descrição detalhada da ratificação da aliança velhotestametária (vs 16-
20) e a inauguração do santuário (v 21), estes consistentes com o
característica de ratificação/inauguração da terminologia comum na
LXX;
A Inauguração do Santuário e
Hebreus 9:24
 comentando esta passagem Dahl declara:
“De acordo com Hebreus a ratificação sacra da primeira aliança incluiu
aspergir com sangue a tenda e todos os vasos usados na adoração... A
correspondente purificação do verdadeiro santuário celestial é
realizado por meio de um melhor sacrifício – por meio de Cristo, que
entrou ele mesmo no céu, tendo tirado os pecados pelo sacrifício de si
mesmo (9:23). Este ato de consagração celestial deve ser conectado
com o abrir do caminho através do véu (Hb 10:20)”
A Inauguração do Santuário
Sumário
 quando Cristo entrou no santuário celestial entrou para
inaugurá-lo, para oficialmente iniciar o seu exercício
Sumo-Sacerdotal pelos méritos de Seu próprio sangue;
 Ele entrou em todo o santuário como no tipo em Nm 7:1;
Êx 40;

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