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Teorema de Radon-Nikodým e Decomposições de Hahn, Jordan e Legesgue
Teorema de Radon-Nikodým e Decomposições de Hahn, Jordan e Legesgue
O Teorema de Radon-Nikodým e as
Decomposições de Hahn, Jordan e Lebesgue
São Cristóvão – SE
Janeiro de 2020
Universidade Federal de Sergipe
Centro de Ciências Exatas e Tecnologia
Graduação em Matemática
O Teorema de Radon-Nikodým e as
Decomposições de Hahn, Jordan e Lebesgue
por
sob a orientação do
São Cristóvão – SE
Janeiro de 2020
O Teorema de Radon-Nikodým e as Decomposições
de Hahn, Jordan e Lebesgue
por
Banca Examinadora:
• A Deus. “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas [...]”(Romanos, 11:36);
• À minha famı́lia, em especial, aos meus pais por sempre terem acreditado em mim (mais que
eu inclusive) e dado o melhor de si para me ajudar a concretizar esse sonho;
• Aos professores Gerson e Wilberclay por ter sido meus orientadores. Gerson por ter me
apresentado à matemática e despertado o interesse em conhecê-la desde o segundo perı́odo,
guiado meus passos e ter me ensinado que não existe ”pergunta besta”. Wil, por ter me
mostrado que eu conseguia entender um pouco a matemática por mais que eu achasse que
era muito difı́cil, por ter me mostrado que se pode ensinar matemática de maneira acessı́vel.
E, claro, ter sido mais que um orientador, ter sido um amigo;
• Aos professores Paulo Rabelo, Ivante Batista e Allyson Oliveira. Paulo por todo chá de
ânimo quando eu estava totalmente sem forças e desmotivada, principalmente na reta final.
Ivanete por ter me permitido correr para concluir o estágio, todos os lanches, balas, água
e, principalmente, remédios. Allyson pelo grupo de estudos que fechou muitas lacunas e
incentivo;
• Ao Vinicius, por estar ao meu lado em todos os momentos e ter aturado meus surtos, im-
paciência e até ausência, por toda palavra amiga, compreensão e amor;
• À minha DupRa , por ter segurado a barra sozinha enquanto estive no verão, por ter com-
partilhado a jornada comigo e me aturado mesmo quando nem eu me aturei;
• À minha madrinha Janaı́na por ter aberto sua casa, sua rotina, me apoiado no E.M. e durante
o curso;
• Aos meus amigos de Graduação: Filipe, Matuceli, Talita, Helen, Raquel, Gabriel, Nati, Lili
e outros que não me recordo agora, por ter tornado a jornada mais divertida e me mostrado
que em meio ao cansaço/desânimo podemos sim dá boas risadas.
• Às meninas da casinha: Mari, Amanda e Kim por, apesar de pouco tempo juntas, terem me
tornado mais “convivı́vel”e tornado as noites divertidas;
• Aos meus amigos do ônibus: Jai, Guga, Alê, Natan, Camila, Akila, Ralfe, Silas, Rê e Rodrigo
e outros que não me recordo agora, por dividir,durante 2,5 anos as viagens de ida e volta para
casa e torná-las menos cansativa. Por rirmos juntos da nossa luta e reclamarmos muito, por
cada apoio e torcida pelo sucesso um do outro;
• Aos meus veteranos: Iris, Luciana,Thiago e Thyago por ter compartilhado seus conhecimentos
quando eu precisei e servirem de inspiração para os próximos passos;
• Aos professores Lucas Valeriano, Adriano Veiga e Gastão Miranda, por cada dica, dúvida
sanada mesmo fora do horário ou não sendo professores da disciplina, por cada conversa
“jogada fora”e incentivo;
• À banca pela disponibilidade e a todos os professores que contibuı́ram para a minha formação
me dando exemplo de profissional que quero me tornar e inclusive, do que não quero me tornar.
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo principal de enunciar, compreender e de-
monstrar o famoso Teorema de Radon-Nikodým, além de estudar com mais precisão alguns Teore-
mas de Decomposições relevantes na teoria da Medida e Integração. Mais precisamente, começamos
nosso estudo estabelecendo, através da Decomposição de Hahn, como descrever Espaços Men-
suráveis utilizando os conceitos de conjuntos positivos e negativos. Em seguida, apresentamos a
Decomposição de Jordan, a qual disserta sobre decomposições de cargas em subtrações de certas
medidas finitas; por conseguinte, com estas teorias em mãos, demonstramos o Teorema de Radon-
Nikodým, que estabelece uma ligação estreita entre medidas e integrais. Por fim, aplicamos este
resultado na Decomposição de Lebesgue, a qual nos diz como escrever uma carga como uma soma
de certas medidas.
i
Sumário
Introdução 1
2 Teorema de Radon-Nikodým 17
3 Decomposição de Lebesgue 31
A Medida e Integração 37
Referências Bibliográficas 47
ii
Introdução
Este trabalho apresenta como principal meta a demonstração dos Teoremas das Decomposições
de Hahn, Jordan, Lebesgue e de Radon-Nikodým. Sendo assim, começaremos nosso prefácio esta-
belecendo uma breve história sobre cada um dos matemáticos homenageados neste texto.
Johann Karl August Radon (1887–1956) foi um matemático australiano, que desenvolveu tra-
balhos importantes em Análise, mais especificamente, na Teoria da Medida, através da chamada
Medida de Radon. Esta, segundo [5], está definida na σ-álgebra dos conjuntos de Borel de um
Espaço Topológico de Hausdorff. Além disso, este desenvolveu outros trabalhos na Geometria,
como o Teorema de Radon em conjuntos convexos, que trata sobre a divisão de um conjunto em
dois, através de uma interseção dos chamados Envelopes Convexos. Por fim, Radon estudou a hoje
denominada Transformada de Radon, a qual estabelece uma lei de transformação entre a integral
de uma função definida no plano e uma especı́fica aplicação definida no espaço. (Para mais detalhes
ver [14]).
Otton Marcin Nikodým (1887-1974) foi um professor e matemático polonês, que trabalhou em
diferentes áreas da Matemática, embora seja fundamentalmente conhecido por sua contribuição ao
desenvolvimento da Integral de Lebesgue. Além disso, este desenvolveu trabalhos que variam entre
as Álgebras Boleanas, a Matemática para as Teorias Quânticas e a Educação Matemática. (Para
mais detalhes ver [12]).
Henri Léon Lebesgue (1875-1941) foi um matemático francês, que desenvolveu trabalhos im-
portantes na Matemática, o principal deles carrega o seu próprio nome, a Integral de Lebesgue,
através do qual ele desenvolveu a teoria que conhecemos hoje por Teoria da Medida e Integração de
Lebesgue. Esta generalizou os resultados obtidos na teoria determinada na Integral de Riemann.
(Para mais detalhes ver [15]).
Marie Ennemond Camille Jordan (1838-1922) foi um matemático francês, que desenvolveu im-
1
portantes trabalhos em Álgebra e Matemática em geral. Um dos seus principais trabalhos foi o
Teorema da Curva de Jordan, o qual é muito utilizado em Análise Complexa. (Para mais detalhes
ver [16]).
Hans Hahn (1879-1934) foi um matemático austrı́aco que estabeleceu muitas contribuições para
a Análise Funcional, Topologia, Teorias da Ordem e dos Conjuntos. Seu trabalho mais conhecido
é o Teorema de Hahn-Banach, o qual, segundo [4], permite que Funcionais Lineares, sob certas
condições, possam ser estendidos. (Para mais detalhes ver [17]).
A Teoria da Medida tem como principal foco estudar os subconjuntos das partes de um conjunto
qualquer dado. Segundo [9], esta surgiu através do estudo da Teoria de Conjuntos, mais especifica-
mente, de funções definidas em famı́lias de conjuntos. Com os avanços dos estudos em Análise, os
quais culminaram na Integral de Riemann e foram, em grande parte, substituı́dos pela teoria que se
desenvolveu após o trabalho pioneiro de Henri Lebesgue no inı́cio do século XX (ver [1]), podemos
obter resultados mais abrangentes como, por exemplo, a definição de Funções Lebesgue-integráveis,
a qual engloba uma classe de funções maior que as Rieman-integráveis.
É importante ressaltar que dividimos nosso trabalho em quatro capı́tulos, cuja notação adotada
segue a nossa principal referência (ver [8]).
O primeiro capı́tulo disserta sobre algumas decomposições especı́ficas: Teoremas das Decom-
posições de Hahn e Jordan. Em adição, definimos conjuntos positivo, negativo e nulo, com respeito
a uma carga e demonstramos algumas propriedades elementares para estes cojuntos, os quais nos
2
serviram como ferramentas básicas e nos tornaram capazes para demonstrar o Teorema de Radon-
Nikodým.
Por fim, é importante salientar que todas as definições e os resultados mais impor-
tantes para a leitura deste trabalho estão listados no Apêndice.
3
Capı́tulo 1
Neste capı́tulo, apresentaremos os principais conceitos e resultados que nos servirão para a de-
monstração do Teorema de Radon-Nikodým, bem como sua compreensão. Mais precisamente, o
tema abordado aqui será o estudo de decomposições de conjuntos mensuráveis e cargas: Decom-
posições de Hahn e Jordan.
Começaremos esta seção com a definição de conjuntos mensuráveis positivos, negativos e nulos.
Definição 1.1.1. Sejam (X, ð) um espaço mensurável (ver Definição A.1.1) e λ : ð → R uma carga
(ver Definição A.1.9). Dado E ∈ ð, dizemos que:
ii) Se (Pn )n∈N ⊆ ð é uma famı́lia de conjuntos positivos, então ∪n∈N Pn ∈ ð também o é.
4
Demonstração. Considere P ∈ ð um conjunto positivo, com respeito a uma carga λ, e seja Q ∈ ð
tal que Q ⊆ P . Daı́, Q = Q ∩ P . Logo,
E ∩ Q = (E ∩ Q) ∩ P, ∀E ∈ ð.
Sendo assim,
λ(E ∩ Q) = λ((E ∩ Q) ∩ P ) = λ(B ∩ P ) ≥ 0,
ou seja, a ∈
/ Pn0 , o que contradiz a hipótese (já que a ∈ Qn0 ). Portanto, (Qn )n∈N é disjunta. Por
outro lado, é fácil ver que Qn ⊆ Pn , para todo n ∈ N. Além disso, ∪n∈N Qn = ∪n∈N Pn . Com efeito,
naturalmente temos que ∪n∈N Qn ⊆ ∪n∈N Pn . Reciprocamente, dado x ∈ ∪n∈N Pn ., então x ∈ Pn0 ,
para algum n0 ∈ N. Daı́,
• Se n0 = 1, então x ∈ P1 = Q1 ;
• Se n0 = 2 e x ∈
/ P1 , então x ∈ P2 \P1 = Q2 ;
/ ∪k−1
• Supondo n0 = k e x ∈ j=1 P k , então x ∈ P k \ ∪k−1
j=1 P j = Qk .
Consequentemente, por i), como Pn é positivo, segue que Qn também o é, para todo n ∈ N.
Daı́, podemos escrever
X
λ (E ∩ (∪n∈N Pn )) = λ (E ∩ (∪n∈N Qn )) = λ (∪n∈N (E ∩ Qn )) = λ(E ∩ Qn ) ≥ 0,
n∈N
5
É importante ressaltar que, a Proposição 1.1.1 também é verdadeira para conjuntos negativos
e nulos (a prova é análoga à estabelecida acima).
Consequentemente, {λ(A); A é positivo, com respeito a λ} é não vazio. Sendo assim, defina
Sabemos que existe uma sequência (An )n∈N ⊆ ð de conjuntos positivos, com respeito a λ, tal que
α = limn→∞ λ(An ). Defina P = ∪n∈N An e Bj = ∪jn=1 An ∈ ð (j ∈ N). Dessa forma, provamos,
na Proposição 1.1.1, que P é um conjunto positivo e que (Bj )j∈N é uma sequência crescente de
conjuntos positivos, com respeito a λ. De fato,
Bj = ∪jn=1 An ⊆ ∪j+1
n=1 An = Bj+1 , ∀j ∈ N,
E mais,
∪j∈N Bj = ∪j∈N ∪jn=1 An = ∪n∈N An = P.
Por conseguinte, como Aj ⊆ Bj , para todo j ∈ N, e estes conjuntos são positivos, tem-se que
pois P é positivo, com relação a λ (ver Lema A.2.5), e Bj \ Aj ⊆ Bj é positivo, para todo j ∈ N
(assim, λ(Bj \ Aj ) ≥ 0). Logo, segue que λ(P ) = α.
6
Seja EN = E ∩ N ∈ ð. Daı́, EN ⊆ N é tal que λ(EN ) > 0. Note que se EN fosse um conjuno
positivo, com respeito a λ, então P ∪ EN também seria, pois é uma união de conjuntos positivos
(ver Proposição 1.1.1). Mas, é verdade que
já que P ∩ EN = ∅. Por isso, α < λ(P ∪ EN ), com P ∪ EN positivo (ver Proposição 1.1.1), com
respeito a λ. Isto contradiz a definição de supremo (ver 1.1).
Então, EN não é um conjunto positivo, com respeito a λ. Assim, existe E 0 ∈ ð tal que
λ(E 0 ∩ EN ) < 0. Consequentemente, para E1 := E 0 ∩ EN ∈ ð, segue que λ(E1 ) < 0 e E1 ⊆ EN .
Dessa forma, EN contém um conjunto com carga negativa. Sendo assim, existe n1 ∈ N tal que
1
λ(E1 ) ≤ − (use o fato que limn→∞ n1 = 0). Escolha o menor natural n1 tal que EN contenha
n1
um conjunto com carga menor ou igual a − n11 (aplique o Princı́pio da Boa Ordenação). Como λ é
uma aplicação real, temos que
Com efeito, se EN \ E1 fosse um conjunto positivo, com respeito a λ, então terı́amos, por (1.3) e
(1.2), que P1 = P ∪ (EN \ E1 ) ∈ ð seria positivo (ver Proposição 1.1.1) e
já que P ∩ (EN \ E1 ) = ∅. Assim, chegarı́amos a λ(P1 ) > α, o que contradiz a definição de supremo
(ver (1.1)).
Dessa forma, existe E 00 ∈ ð tal que λ(E 00 ∩ (EN \E1 )) < 0. Seja E2 = E 00 ∩ (EN \E1 ) ∈ ð. Daı́,
1
E2 ⊆ EN \E1 e λ(E2 ) < 0. Neste caso, podemos encontrar n2 ∈ N tal que λ(E2 ) ≤ − , com
n2
n2 ∈ N sendo o menor possı́vel.
7
Como λ é uma função real, temos que
1. E1 ⊆ EN e Ek ⊆ EN \ ∪k−1
j=1 Ej , para todo k > 1 natural;
1
2. λ(Ek ) ≤ − , com nk o menor natural possı́vel tal que Ek ⊆ EN \ ∪k−1
j=1 Ej contém um
nk
1
subconjunto com carga menor ou igual a − , para todo k ∈ N.
nk
P 1
Portanto, como λ é uma aplicação real, concluı́mos que k∈N nk é convergente e λ(F ) ≤ 0. Con-
sequentemente, limk→∞ n1k = 0 e λ(F ) ≤ 0.
Agora suponha, por absurdo, que existe G ∈ ð tal que G ⊆ EN \ F e λ(G) < 0. Como
1 1
limk→∞ n1k = 0, então existe nk0 ∈ N tal que < −λ(G) . Ou seja, λ(G) < − . Isto
nk 0 − 1 nk0 − 1
0 −1
1
nos diz que EN \ ∪kj=1 Ej contém um conjunto G com carga menor ou igual a − . Mas,
nk0 − 1
nk0 − 1 < nk0 . Isto contradiz a minimalidade de nk0 . Por conseguinte, obtém-se
λ(G) ≥ 0, ∀G ⊆ EN \F e G ∈ ð.
Dessa forma,
λ(H ∩ (EN \F )) ≥ 0, ∀H ∈ ð,
8
já que H ∩ (EN \F ) ⊆ EN \F. Portanto, EN \F é positivo, com respeito a λ. Como λ é uma carga;
então,
λ(EN \F ) = λ(EN ) − λ(F ) ≥ λ(EN ) > 0.
Com isso, λ(EN \F ) > 0. Mas, P ∪ (EN \F ) é positivo (ver Proposição 1.1.1), com respeito a λ.
Além disso,
λ(P ∪ (EN \F )) = λ(P ) + λ(EN \F ) > λ(P ) = α,
já que P ∩ (EN \F ) = ∅. Isto é uma contradição. Por fim, N é negativo, com respeito a λ.
Definição 1.1.2. Sejam (X, ð) um espaço mensurável e λ : ð → R uma carga. Dizemos que
(P |N ), com P e N conjuntos positivo e negativo, respectivamente, é uma decomposição de Hahn
para X se
i) X = P ∪ N ;
ii) P ∩ N = ∅.
O Teorema de Hahn 1.1.1 garante que existem decomposições de Hahn. É também verdade que
um conjunto mensurável pode ser decomposto de diferentes maneiras a Hahn, é o que nos mostra
a proposição que segue.
(P ∪ M ) ∪ (N \M ) =(P ∪ M ) ∪ (N ∩ C(M ))
=(P ∪ M ∪ N ) ∩ ((P ∪ M ) ∪ C(M ))
=(X ∪ M ) ∩ (P ∪ X)
=X.
9
Vejamos, agora que os conjuntos (P ∪ M ) e (N \M ) são disjuntos. Com efeito,
(P ∪ M ) ∩ (N \M ) =(P ∪ M ) ∩ (N ∩ C(M ))
=(P ∩ N ∩ C(M )) ∪ (M ∩ N ∩ C(M ))
=((P ∩ N ) ∩ C(M )) ∪ ((M ∩ C(M )) ∩ N )
=(∅ ∩ C(M )) ∪ (∅ ∩ N )
=∅.
Como M é um conjunto nulo, então λ(E ∩ M ) = 0 ≥ 0, para todo E ⊆ ð; isto é, M é positivo, com
respeito a λ. Consequentemente, P ∪ M é positivo (ver Proposição 1.1.1), com respeito a λ.
onde H = E ∩ C(M ) ∈ ð; já que, N é negativo, com respeito a λ. Isto nos diz que N \ M é negativo,
com respeito a λ.
Logo, ((P ∪ M )|(N \M )) é uma decomposição de Hahn para X, donde segue o resultado, com
M nas condições anteriores.
Analogamente ao que foi feito na prova da Proposição 1.1.2, prova-se que ((P \ M )|(N ∪ M ))
é uma decomposição de Hahn para X, se (P |N ) o é.
Começaremos esta seção mostrando como uma carga se comporta em relação a diferentes de-
composições de Hahn para um espaço mensurável X.
Lema 1.2.1. Sejam (X, ð) um espaço mensurável, λ : ð → R uma carga e (P1 |N1 ) e (P2 |N2 )
decomposições de Hahn para X. Então,
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P2 positivo e N2 negativo, com respeito a λ. Assim sendo, temos que
Como P1 é positivo, com respeito a λ (pois (P1 |N1 ) é uma decomposição de Hahn para X), e pela
Proposição 1.1.1, concluı́mos que P1 \P2 ⊆ P1 também o é. Analogamente, por N2 ser negativo,
então P1 \P2 ⊆ N2 também o é.
Consequentemente, 0 ≤ λ(E ∩ (P1 \P2 )) ≤ 0, para todo E ∈ ð. Com isso, λ(E ∩ (P1 \P2 )) = 0,
para todo E ∈ ð. Portanto,
λ(E ∩ P1 ) =λ((E ∩ P1 ) ∩ X)
=λ((E ∩ P1 ) ∩ (P2 ∪ C(P2 )))
=λ((E ∩ P1 ∩ P2 ) ∪ (E ∩ P1 ∩ C(P2 )))
=λ(E ∩ P1 ∩ P2 ) + λ(E ∩ (P1 \ P2 ))
=λ(E ∩ P1 ∩ P2 ),
Assim como os conjuntos mensuráveis, as cargas também podem ser decompostas. Estas de-
composições são denominadas variações, cujas definições veremos a seguir.
Definição 1.2.1. Sejam (X, ð) um espaço mensurável, λ : ð → R uma carga e (P |N ) uma decom-
posição de Hahn para X. As aplicações λ+ , λ− , |λ| : ð → R dadas por
Observação 1.2.1. Dada uma carga λ : ð → R suas variações λ+ e λ− estão bem definidas. De
11
fato, se (P1 |N1 ) é outra decomposição de Hahn para X, então, pelo Lema 1.1.1, temos que
Com efeito,
Podemos visualizar as variações de uma carga de uma outra maneira. É o que mostra a pro-
posição a seguir.
Observação 1.2.3. Segue da Proposição 1.2.1 que |λ| = λ+ + λ− é uma medida (como soma de
medidas).
12
Mostraremos, a seguir, como decompor uma carga em medidas finitas através de uma decom-
posição de Hahn para um espaço mensurável.
Demonstração. Seja (P |N ) uma decomposição de Hahn para X. Primeiramente, é fácil ver que
Definição 1.2.2. Sejam (X, ð) um espaço mensurável e λ : ð → R uma carga. Dizemos que (µ|γ),
com µ, γ : ð → R medidas finitas, é uma decomposição de Jordan para λ se
Observe que se escolhermos µ = λ+ e γ = λ− , na definição acima, temos que (λ+ |λ− ) é uma
decomposição de Jordan para λ (ver Proposição 1.2.1 e Observação 1.2.2).
Vimos no Teorema 1.2.1 que toda decomposição de Jordan (µ|γ) para a carga λ deve satisfazer
os seguintes itens:
i) µ(E) ≥ λ+ (E);
para todo E ∈ ð.
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Proposição 1.2.2. Sejam (X, ð, µ) um espaço de medida (ver Definição A.1.5) e f ∈ L (ver
Definição A.1.14). Defina λ : ð → R por
Z
λ(E) = f dµ, ∀E ∈ ð.
E
Demonstração. O Exemplo A.2.1 nos diz que λ é uma carga. Agora, considere P = {x ∈ X; f (x) ≥
0} e N = {x ∈ X; f (x) < 0}. Como f é mensurável (ver Definição A.1.2), então P e N ∈ ð.
Vamos mostrar que (P |N ) é uma decomposição de Hahn para X. Com efeito, assuma que
x ∈ X, então f (x) ≥ 0 ou f (x) < 0. Isto é, x ∈ P ∪ N . Portanto, X = P ∪ N. Além disso,
P ∩ N = ∅. Caso contrário, existiria x0 ∈ X tal que f (x0 ) ≥ 0 e f (x0 ) < 0, o que contrariaria a
tricotomia de R. Por fim, pelas definições de P e N , chegamos a
Z
λ(E ∩ P ) = f dµ ≥ 0, ∀E ∈ ð,
E∩P
e também Z
λ(E ∩ N ) = f dµ ≤ 0, ∀E ∈ ð.
E∩N
Além disso,
Z Z Z Z Z
−
λ (E) = −λ(E ∩N ) = − f dµ = − f χE∩N dµ = − f χE χN dµ = − f χN dµ = f− dµ,
E∩N E E
para todo E ∈ ð.
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Abaixo estabelecemos a definição de quando uma carga é absolutamente contı́nua com respeito
a outra.
O lema a seguir nos fornece uma outra maneira de definir continuidade absoluta.
Lema 1.2.2. Sejam (X, ð) um espaço mensurável, λ e µ medidas finitas sobre ð. Então, λ é
absolutamente contı́nua com respeito a µ ⇔ dado > 0, existe δ > 0 tal que µ(E) < δ ⇒ λ(E) < .
Demonstração. Assuma que existe um > 0 tal que para qualquer que seja δ > 0, pode-se encontrar
Eδ ∈ ð com µ(Eδ ) < δ e λ(Eδ ) ≥ . Em particular, escolha δ = 1, 12 , 14 , ..., 21n , ..., com n ∈ N, para
1
encontrar (En )n∈N ⊆ ð com µ(En ) < n e λ(En ) ≥ .
2
Defina os seguintes conjuntos:
Fn = ∪∞
m=n Em ∈ ð, ∀n ∈ N.
Fn+1 = ∪∞ ∞
m=n+1 Em ⊆ ∪m=n Em = Fn , ∀n ∈ N.
1
∞ ∞
X X 1 2n 1
µ(Fn ) = µ(∪∞
m=n Em ) ≤ µ(Em ) < = = . (1.4)
2 m 1 2n−1
m=n m=n 1−
2
Por outro lado, também temos que
λ(Fn ) = λ(∪∞
m=n Em ) ≥ λ(En ) ≥ , ∀n ∈ N, (1.5)
já que En ⊆ ∪∞
m=n Em , para todo n ∈ N. Considerando E = ∩n∈N Fn ∈ ð, por (1.4), chegamos a
15
pois µ é uma medida finita (ver Lema A.2.5). Mas, por (1.5), é verdade que
já que λ é uma medida finita (ver Lema A.2.5). Portanto, λ não é absolutamente contı́nua com
respeito a µ.
Reciprocamente, dado > 0, por hipótese, existe δ > 0 tal que µ(E) < δ ⇒ λ(E) < . Sendo
assim, se µ(E) = 0, então µ(E) = 0 < δ. Com isso, 0 ≤ λ(E) < . Como é arbitrário, então
passando ao limite, quando → 0, temos que λ(E) = 0. Portanto, λ é absolutamente contı́nua com
respeito a µ.
16
Capı́tulo 2
Teorema de Radon-Nikodým
Neste capı́tulo, apresentaremos o principal Teorema do Trabalho. Frisamos que este será di-
vidido em duas versões no que diz respeito à finitude da medida, com o intuito de tornar sua
demonstração mais compreensı́vel. Além disso, ressaltamos que utilizaremos todas as definições e
os resultados obtidos no capı́tulo anterior.
Nesta seção, abordaremos a primeira versão do Teorema de Radon-Nikodým. Esta versão nos
conduz ao resultado que relaciona medidas finitas.
Lema 2.1.1 (Teorema de Radon-Nikodým para Medidas Finitas). Sejam (X, ð) um espaço men-
surável, λ e µ medidas finitas sobre ð. Se λ é absolutamente contı́nua com respeito a µ, então
existe f ∈ M + (ver Definição A.1.8) tal que
Z
λ(E) = f dµ, ∀E ∈ ð.
E
Além disso, f é unicamente determinada em µ quase toda parte de X (ver Definição A.1.7).
Demonstração. Seja c > 0. Como λ e µ são medidas, tem-se que λ − cµ é uma carga. Pelo Teorema
da Decomposição de Hahn 1.1.1, temos que existe (Pc |Nc ) decomposição de Hahn para X, com
respeito a λ − cµ (para cada c > 0).
Agora, defina A1 = Nc e Ak+1 = N(k+1)c \(∪kj=1 Aj ), para todo k ∈ N. Note que (Ak )k∈N ⊆ ð é
17
uma sequência (disjunta por definição) que satisfaz
De fato, comecemos com a prova da inclusão ∪kj=1 Njc ⊆ ∪kj=1 Aj . Sendo assim, dado x ∈
∪kj=1 Njc tem-se que x ∈ Nj0 c , para algum j0 = 1, ..., k. Daı́, se j0 = 1, então, x ∈ Nc = A1 ⊆ ∪kj=1 Aj .
Se j0 = 2 e x ∈ / A1 . Ou seja, x ∈ A2 ⊆ ∪kj=1 Aj . Recursivamente, supondo
/ A1 , então x ∈ N2c e x ∈
k−1
j0 = k > 1 e x ∈
/ ∪j=1 Aj , temos que x ∈ Nkc \(∪k−1 k
j=1 Aj ) = Ak ⊆ ∪j=1 Aj .
Agora vamos verificar que ∪kj=1 Aj ⊆ ∪kj=1 Njc . Com efeito, se x ∈ ∪kj=1 Aj , então x ∈ Ap0 , para
0 −1
algum p0 = 1, ..., k. Daı́, x ∈ Nc (= A1 , caso p0 = 1) ou x ∈ Np0 c \(∪pj=1 Aj ) (caso p0 > 1). Isto é,
x ∈ Nc ou x ∈ Np0 c . Logo, x ∈ ∪kj=1 Njc .
k−1
Ak =Nkc \(∪j=1 Aj ) = Nkc \(∪k−1 k−1
j=1 Njc ) = Nkc ∩ C(∪j=1 Njc )
para todo k > 1 natural, pois (Pjc |Njc ) é uma decomposição de Hahn para X, para todo j ∈ N.
E ⊆ Ak = Nkc ∩ (∩k−1
j=1 Pjc ) ⊆ Nkc , P(k−1)c ,
para todo k > 1 natural. Com isso, E ⊆ Nkc e E ⊆ P(k−1)c , para todo k > 1 natural. Por isso,
já que Nkc é negativo, com respeito a λ − (kc)µ. Por conseguinte, chegamos a
λ(E) ≤ (kc)µ(E).
(k − 1)cµ(E) ≤ λ(E).
18
Deste modo, é verdade que
pois (Pjc |Njc ) é uma decomposição de Hahn para X, para todo j ∈ N. Assim, B = ∩j∈N Pjc ⊆ Pkc ,
para todo k ∈ N. Deste modo, chegamos a
já que Pkc é positivo, com respeito a λ − (kc)µ. Isto nos diz que
λ(B) ≥ (kc)µ(B).
1
0 ≤ µ(B) ≤ λ(B) < ∞, ∀k ∈ N.
kc
19
É importante observar que
Daı́, (F ∩ Ak ) e (F ∩ B) são disjuntos para todo k ∈ N. Por conseguinte, também aplicando (2.2),
(2.3), (2.4) e (2.5), chegamos a
Z Z XZ
fc dµ = fc dµ ≤ fc dµ
F ∪k∈N [(F ∩Ak )∪(F ∩B)] k∈N (F ∩Ak )∪(F ∩B)
!
X Z Z X Z
= fc dµ + fc dµ = (k − 1)c dµ
k∈N (F ∩Ak ) (F ∩B) k∈N F ∩Ak
X X
= (k − 1)cµ(F ∩ Ak ) ≤ λ(F ∩ Ak ) = λ (∪n∈N (F ∩ Ak )) , (2.6)
k∈N k∈N
pois µ ≥ 0 e (Ak )k∈N é disjunta. Mas, 0 ≤ λ(F ∩ B) ≤ λ(B) = 0. Daı́, λ(F ∩ B) = 0. Com isso,
por (2.4) e (2.5), chegamos a
20
1
Escolhendo c = , com n ∈ N, tem-se por (2.10), que
2n
Z Z
1
fn dµ ≤ λ(F ) ≤ fn dµ + n µ(X), ∀F ∈ ð. (2.11)
F F 2
Usando o fato que λ(F ) não depende de c em (2.10), também podemos escrever
Z Z
1
fn dµ ≤ λ(F ) ≤ fm dµ + m µ(X)
F F 2
e também, Z Z
1
fm dµ ≤ λ(F ) ≤ fn dµ + µ(X),
F F 2n
para todo m, n ∈ N. Suponha, sem perda de generalidade, que m ≤ n. Então,
Z Z
1
fn dµ − fm dµ ≤ m µ(X)
F F 2
e, da mesma forma, Z Z
1 1
fm dµ − fn dµ ≤ µ(X) ≤ m µ(X).
F F 2n 2
Logo, podemos escrever
Z
(fn − fm )dµ ≤ 1 µ(X),
2m ∀m ≤ n, F ∈ ð.
F
21
Cauchy. Como L1 é completo (ver Teorema A.2.4), então, existe f ∈ L1 tal que limn,m→∞ kfn −
f k1 = 0. Isto nos diz que fn → f em L1 . Daı́, passando a uma subsequência, se necessário, fn → f
em quase toda parte de X (ver Teorema A.2.5). Como fn ≥ 0, para todo n ∈ N, então f ≥ 0 em
quase toda parte de X. Dessa forma, podemos redefinir f de forma que f ∈ M + .
Por fim, vamos mostrar que f é unicamente determinada em µ quase toda parte de X.
Suponha que h ∈ M + e Z
λ(F ) = hdµ, ∀F ∈ ð.
F
Logo, obtemos Z Z
f dµ = λ(F ) = hdµ, ∀F ∈ ð.
F F
Deste modo, concluı́mos que
Z
(f − h)dµ = 0, ∀F ∈ ð. (2.12)
F
22
usando (2.12), concluı́mos
Z Z Z Z Z
(f − h)− dµ = (f − h)− dµ = (f − h)− dµ + (f − h)− dµ = − (f − h)dµ = 0.
F1 ∪F2 F1 F2 F2
Nesta seção, veremos a segunda versão para o Teorema de Radon-Nikodým. Nesta, considerare-
mos que as medidas trabalhadas são σ-finitas. É importante frisar que a demonstração da unicidade
é análoga à estabelecida na prova do Lema 2.1.1; sendo assim, esta será suprimida a seguir.
Teorema 2.2.1 (Teorema de Radon-Nikodým para Medidas σ-finita). Sejam (X, ð) um espaço
mensurável, λ e µ medidas σ-finitas (ver Definição A.1.10) sobre ð. Se λ é absolutamente contı́nua
com respeito a µ, então existe f ∈ M + tal que
Z
λ(E) = f dµ, ∀E ∈ ð.
E
Demonstração. Como λ e µ são σ−finitas, então existem (An )n∈N e (Bn )n∈N ⊆ ð tais que
Sejam
n−1
H1 = A1 , G1 = B1 , Hn = An \(∪j=1 Aj ), Gn = Bn \(∪n−1
j=1 Bj ) ∈ ð, (2.14)
para todo n > 1 natural. É fácil ver que (Hn )n∈N e (Gn )n∈N são disjuntas.
23
De fato, suponha que exista x ∈ Hn0 ∩ Hn1 e, sem perda de generalidade, n0 < n1 . Então,
1 −1 1 −1
x ∈ An1 \ ∪nj=1 Aj = An1 \ ∪nj=1
0
Aj ∪ ∪nj=n 0 +1 A j ,
/ An0 , o que contradiz a hipótese (já que, x ∈ Hn0 ). Da mesma maneira, mostra-se que
ou seja, x ∈
(Gn )n∈N é disjunta.
1. (Xn )n∈N ⊆ ð.
2. X = ∪n∈N Xn .
De fato, dado x ∈ X, temos que x ∈ Hn0 e x ∈ Gm0 (ver (2.15)), para algum m0 , n0 ∈ N.
Sem perda de generalidade, suponha n0 ≤ m0 . Daı́, x ∈ ∪m m0
j=1 Hj e x ∈ ∪k=1 Gk . Ou seja,
0
x ∈ (∪m m0 m0
j=1 Hj ) ∩ (∪k=1 Gk ); isto é, x ∈ ∪j,k=1 (Hj ∩ Gk ) = Xm0 . Daı́, X = ∪n∈N Xn .
0
Com efeito,
Xn+1 = ∪n+1 n
j,k=1 (Hj ∩ Gk ) ⊇ ∪j,k=1 (Hj ∩ Gk ) = Xn , ∀n ∈ N.
De fato,
n
X n
X n
X
λ(Xn ) = λ(∪nj,k=1 (Hj ∩ Gk )) ≤ λ(Hj ∩ Gk ) ≤ λ(Hj ) = n λ(Hj ) < ∞,
j,k=1 j,k=1 j=1
24
Com efeito,
n
X n
X n
X
µ(Xn ) = µ(∪nj,k=1 (Hj ∩ Gk )) ≤ µ(Hj ∩ Gk ) ≤ µ(Gk ) = n µ(Gk ) < ∞,
j,k=1 j,k=1 k=1
Redefina (fn )n∈N de forma que fn = 0 em C(Xn ), para todo n ∈ N. Observe que, pelo fato de
(Xn )n∈N ser crescente e por (2.16), temos que
Z Z
n ≤ m ⇒ Xn ⊆ Xm ⇒ fn dµ = λ(E) = fm dµ,
E E
Assim,
Agora, seja
hn = sup {fj } ∈ M + , ∀n ∈ N.
j=1,...,n
Logo, chegamos a
hn = sup {fj } ≤ sup {fj } = hn+1 , ∀n ∈ N.
j=1,...,n j=1,...,n+1
Isto nos diz que (hn )n∈N é crescente. Sendo assim, assuma que f = limn→∞ hn ∈ M + . Consequen-
temente, podemos escrever
Z Z Z
hn dµ = hn dµ = hn dµ
E E∩X E∩(Xn ∪C(Xn ))
Z Z Z
= hn dµ = hn dµ + hn dµ,
(E∩Xn )∪(E∩C(Xn )) (E∩Xn ) (E∩C(Xn ))
25
Por outro lado, para cada n ∈ N, tem-se que
Por outro lado, considere que x ∈ Xn . Seja i0 o menor natural em {1, · · · , n}, tal que x ∈ Xi0
(estamos usando o fato de (Xn )n∈N ser crescente). Por (2.17), temos que fj (x) = fi0 (x), para todo
j ≥ i0 em µ quase toda parte de Xi0 . Além disso, fj (x) = 0, para todo 1 ≤ j < i0 (pois x ∈ CXj ).
Com isso,
hn (x) = sup {fj (x)} = sup {fj (x)} = fn (x).
j=1,2,...,n j=i0 ,...,n
Por fim, hn (x) = fn (x) para todo x ∈ Xn . Consequentemente, por (2.16), inferimos
Z Z Z
hn dµ = hn dµ = fn dµ = λ(E ∩ Xn ), ∀n ∈ N,
E E∩Xn E∩Xn
Portanto, pelo Teorema da Convergência Monótona (ver Teorema A.2.3) e Lema A.2.5, obtemos,
pelo item 2 acima, que
= f dµ,
E
26
seguinte definição.
Definição 2.2.1. Sejam (X, ð) um espaço mensurável, λ e µ medidas σ-finitas sobre ð tais que λ
é absolutamente contı́nua com respeito a µ. A aplicação f ∈ M + , obtida no Teorema de Radon-
Nikodým 2.2.1, é chamada derivada de Radon-Nikodým de λ com respeito a µ e é denotada por
dλ
.
dµ
Observação 2.2.1. A Definição 2.2.1 nos diz que
Z
dλ
λ(E) = dµ, ∀E ∈ ð.
E dµ
Z
Além disso, pelo Teorema de Radon-Nikodým 2.2.1, f é integravél se, e somete se, λ(X) = f dµ <
∞; ou equivalentemente, λ é uma medida finita.
n
X
Demonstração. A priori, vamos considerar g = ai χEi uma função simples em M + (como exi-
i=1
bida na Definição A.1.11). Daı́, pela Definição A.1.12 e pelo Teorema de Radon-Nikodým (2.2.1),
concluı́mos que
n n n n
Z Z Z Z ! Z
X X dλ X dλ X dλ dλ
gdλ = ai λ(Ei ) = ai dµ = ai χEi dµ = ai χEi dµ = g dµ.
Ei dµ dµ dµ dµ
i=1 i=1 i=1 i=1
Vamos agora considerar em geral uma função g qualquer em M + . Pelo Lema A.2.4, existe
(ϕn )n∈N ⊆ M + sequência de funções simples crescente tal que lim ϕn = g. Vimos acima que
Z Z
dλ
ϕn dλ = ϕn dµ, ∀n ∈ N.
dµ
27
temos que Z Z
dλ
lim ϕn dλ = lim ϕn dµ,
dµ
dλ
já que ≥ 0. Por fim, encontramos
dµ
Z Z
dλ
gdλ = g dµ.
dµ
dγ dγ dλ
= , µ quase toda parte de X.
dµ dλ dµ
Demonstração. Vejamos, a priori, que γ é absolutamente contı́nua com respeito a µ. Com efeito,
considere que µ(E) = 0. Assim, tem-se, por hipótese, que λ(E) = 0 (λ é absolutamente contı́nua
com respeito a µ). Consequentemente, γ(E) = 0 (γ é absolutamnete contı́nua com respeito a λ).
Isto prova o desejado. Logo, pelo Teorema de Radon-Nikoým 2.2.1 e Lema 2.2.2, temos que
Z Z
dγ dγ dλ
dµ = γ(X) = dµ.
dµ dλ dµ
dγ dγ dλ
= , µ quase toda parte de X.
dµ dλ dµ
28
ð, tais que λ1 e λ2 são absolutamente contı́nuas com respeito a µ. Então,
d dλ1 dλ2
(λ1 + λ2 ) = + , µ quase toda parte de X.
dµ dµ dµ
Como λ1 e λ2 são absolutamente contı́nuas com respeito a µ; então, mais uma vez, pelo mesmo
Teorema de Radon-Nikodým 2.2.1, inferimos que
Z Z
dλ1 dλ2
λ1 (X) = e λ2 (X) = .
dµ dµ
Portanto, Z Z Z Z
d dλ1 dλ2 dλ1 dλ2
(λ1 + λ2 )dµ = dµ + dµ = + dµ.
dµ dµ dµ dµ dµ
Deste modo, pela unicidade do Teorema de Radon-Nikodým 2.2.1, inferimos que
d dλ1 dλ2
(λ1 + λ2 ) = + , µ quase toda parte de X.
dµ dµ dµ
Agora, estamos prontos para provar um resultado semelhante ao Teorema da Função Inversa
de Análise.
29
Demonstração. Pelo Teorema 2.2.3 e nossas hipóteses, podemos escrever
dµ dµ dλ
= , µ quase toda parte de X.
dµ dλ dµ
dµ
É fácil ver que que= 1, µ quase toda parte de X. Com efeito, pelo Teorema de Radon-Nikodým
dµ
2.2.1, chegamos a Z Z
dµ
dµ = µ(X) = dµ.
dµ
dµ
Consequentemente, pela unicidade do Teorema de Radon-Nikodým 2.2.1, inferimos = 1, µ
dµ
quase toda parte de X. Logo,
dµ dλ
1= , µ quase toda parte de X.
dλ dµ
30
Capı́tulo 3
Decomposição de Lebesgue
Definição 3.1.1. Seja (X, ð) um espaço mensurável. Sejam λ e µ cargas sobre ð. Dizemos que λ
e µ são singulares se existem A, B ∈ ð tais que
X = A ∪ B, A ∩ B = ∅ e |λ|(A) = |µ|(B) = 0.
0 ≤ λ− (E) = −λ(E ∩ N ) ≤ 0, ∀E ∈ ð,
31
Vejamos como relacionar as definições de medidas σ-finitas, absolutamente contı́nuas e singula-
res.
Demonstração. A priori, note que γ = λ + µ é uma medida σ-finita. De fato, sabemos que a soma
de medidas é uma medida; além disso, vimos na prova do Teorema de Radon-Nikodým 2.2.1 que
existe (Xn )n∈N ⊆ ð tal que
Consequentemente, γ é σ-finita.
Por outro lado, afirmamos que λ e µ são absolutamente contı́nuas com respeito a γ. Com efeito,
se γ(E) = 0, então λ(E) + µ(E) = 0, isto nos diz que λ(E) = 0 e µ(E) = 0, para todo E ∈ ð (pois
λ, µ ≥ 0).
32
É sabido que λ1 e λ2 são medidas. Vamos provar que λ = λ1 + λ2 . Sendo assim, é verdade que
para todo E ∈ ð (desde que (E ∩ A) ∩ (E ∩ C(A)) = ∅). Isto nos diz que λ = λ1 + λ2 .
Consequentemente, temos que γ(E ∩ B) ≤ γ(C(C)) = 0 (pois γ é uma medida). Com isso, γ(E ∩
B) = 0. Como λ é absolutamente contı́nua com respeito a γ, temos que λ(E ∩ B) = 0. Por fim,
λ2 (E) = λ(E ∩ B) = 0. Sendo assim, µ(E) = 0 ⇒ λ2 (E) = 0. Isto nos diz que, λ2 é absolutamente
contı́nua com respeito a µ.
Vamos agora provar que λ1 e λ2 são únicas, com as propriedades obtidas acima.
• λ = µ1 + µ2 ;
• µ1 ⊥ µ;
Vamos provar que µ1 −λ1 e µ são singulares e que λ2 −µ2 é absolutamente contı́nua com respeito
33
a µ.
• X = A1 ∪ B1 = A2 ∪ B2 ;
• A1 ∩ B1 = A2 ∩ B2 = ∅.
x ∈ X ⇒ [ou x ∈ A1 ou x ∈ B1 ] e [ou x ∈ A2 ou x ∈ B2 ].
Dessa forma, se x ∈
/ A = A1 ∪ A2 , então x ∈
/ A1 e x ∈
/ A2 . Isto nos diz que x ∈ B1 e x ∈ B2 , ou
seja, x ∈ B1 ∩ B2 = B. Logo, x ∈ A ∪ B.
Além disso,
0 ≤ µ(A) = µ(A1 ∪ A2 ) ≤ µ(A1 ) + µ(A2 ) = 0,
Agora vamos provar que λ2 −µ2 é absolutamente contı́nua com respeito a µ. De fato, se µ(E) = 0,
então λ2 (E) = µ2 (E) = 0; pois, λ2 e µ2 são absolutamente contı́nuas com respeito a µ. Por
34
conseguinte, chegamos a
onde (P |N ) é uma decomposição de Hahn para X (desde que E ∩P, E ∩N ⊆ E, λ2 (E) = µ2 (E) = 0,
λ2 e µ2 são medidas). Consequentemente, µ1 − λ1 = λ2 − µ2 é absolutamente contı́nua com respeito
a µ.
Isto nos diz que (µ1 − λ1 ) ⊥ µ e µ1 − λ1 é absolutamente contı́nua com respeito a µ. Então,
existem A, B ∈ ð tais que
Deste modo,
E também,
Por outro lado, como µ1 − λ1 é absolutamente contı́nua com respeito a µ, tem-se que
35
pois (µ1 − λ1 )+ , (µ1 − λ1 )− ≥ 0. Então,
Vejamos, agora, o que significa a Decomposição de Lebesgue com respeito a duas medidas.
Definição 3.1.2. Sejam (X, ð) um espaço mensurável e λ, µ : ð → R duas medidas. Dizemos que
(λ1 |λ2 ), com λ1 e λ2 medidas sobre ð, é a decomposição de Lebesgue para λ, com respeito a µ, se
i) λ = λ1 + λ2 ;
ii) λ1 ⊥ µ;
36
Apêndice A
Medida e Integração
Gostarı́amos de encorajar o leitor mais interessado em obter mais informações sobre as afirmações
a seguir a realizarem uma pesquisa sobre as referências [1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 11].
Alguns conceitos e resultados elementares da Análise Real podem ser encontrados em [2, 7].
Definição A.1.1. Seja X um conjunto não vazio. Dizemos que uma famı́lia ð de subconjuntos de
X é uma σ-álgebra se satisfaz as seguintes condições:
i) ∅, X ∈ ð;
37
para cada α ∈ R tem-se
{x ∈ X; f (x) > α} ∈ ð.
é mensurável.
Definição A.1.3. Sejam X um conjunto qualquer não vazio e f : X −→ R uma função. Definimos
as partes positiva e negativa de f , respectivamente, pelas funções não negativas f + : X −→ R e
f − : X −→ R dadas por
Definição A.1.4. Consideramos como Reta Estendida e denotamos por R o seguinte conjunto:
R = R ∪ {+∞, −∞}.
Definição A.1.5. Uma função µ : ð −→ R, onde (X, ð) é um espaço mensurável, é dita uma
medida se satisfaz as seguintes condições:
i) µ(∅) = 0;
ii) µ(E) ≥ 0, ∀E ∈ ð;
38
Aqui (X, ð, µ) é dito espaço de medida.
Definição A.1.6. Seja (X, ð) um espaço mensurável. Uma função f : X −→ R é mensurável se,
e somente se,
é mensurável.
Definição A.1.7. Seja (X, ð, µ) um espaço de medida. Dada uma função f : X → R . Dizemos
que f possui uma propriedade Z em quase toda parte de X se existe um conjunto N ∈ ð tal que
µ(N ) = 0 e f tem a propriedade Z em CN. E escrevemos f tem propriedade Z q.t.p..
Definição A.1.8. Dado um espaço de medida (X, ð, µ). Denotaremos por M = M (X, ð) a coleção
de todas as funções mensuráveis f : X −→ R, e por M + = M + (X, ð) o conjunto de todas as
funções mensuráveis não negativas f : X −→ R.
Um outro conceito recorrente durante o trabalho é o de carga, o qual podemos ver a seguir.
ii) λ(∅) = 0;
39
Podemos destacar também as definições de medida finita e σ-finita.
Definição A.1.10. Dada uma medida µ, conforme a Definição A.1.5, dizemos que µ é finita se
não assume o valor +∞. Já se existe uma sequência (En ) ⊆ ð com
então µ é denominada σ-finita. Este mesmo conceito é válido para o contexto de cargas.
Definição A.1.11. Uma função f : X −→ R é dita simples se esta assume apenas um número
finito de valores em sua imagem. Se f for mensurável, então esta pode ser representada da seguinte
maneira:
n
X
f= aj χEj , (A.1)
j=1
Agora que definimos uma função simples, estamos aptos a compreender a definição de integral.
Definição A.1.12. Seja ϕ uma função mensurável simples em M + (X, ð), com a representação
padrão (A.1). Definimos a integral de ϕ com relação a µ por
Z n
X
ϕ dµ = aj µ(Ej ).
j=1
onde o supremo é considerado sobre todas as funções simples mensuráveis ϕ ∈ M + tais que 0 ≤
ϕ(x) ≤ f (x), para todo x ∈ X. Além disso, se E ⊂ X é mensurável, então f χE ∈ M + e definimos
a integral de f sobre E com relação a µ por
Z Z
f dµ = f χE dµ.
E
40
Definição A.1.14. A coleção de funções integráveis L = L(X, ð, µ) consiste de todas as funções
mensuráveis f : X −→ R, tais que as partes positiva f + e negativa f − de f tem integrais finitas
com relação a µ. Neste caso, definimos a integral de f com relação a µ por
Z Z Z
f dµ = f dµ − f − dµ.
+
Se E ∈ ð, definimos Z Z Z
f dµ = +
f dµ − f − dµ.
E E E
p p
L = L (X, ð, µ) = {f : X −→ R; f é mensurável e kf kp < ∞}.
onde esta norma é denominada supremo essencial de f e às vezes a representamos por
Definição A.1.16. Sejam (fn )n∈N ⊆ Lp , com 1 ≤ p ≤ ∞. Dizemos que (fn )n∈N é convergente para
f ∈ Lp , se dado > 0, existe n0 ∈ N tal que
kfn − f kp < , ∀n ≥ n0 .
41
Definição A.1.17. Sejam (fn )n∈N ⊆ Lp , com 1 ≤ p ≤ ∞. Dizemos que (fn )n∈N é de Cauchy se
dado > 0, existe n0 ∈ N tal que
A seguir, apresentaremos um resultado que nos mostra que a definição de função mensurável
pode ser estabelecida de outras maneiras.
Vejamos algumas propriedades envolvendo uma função e suas partes positiva e negativa.
i) f = f + − f − ;
ii) |f | = f + + f − ;
iii) f + = 21 (|f | + f );
iv) f − = 12 (|f | − f ).
42
Vejamos, agora um lema que nos mostra que podemos combinar funções mensuráveis e ainda
garantir tal propriedade.
são mensuráveis.
Lema A.2.3. Seja (fn )n∈N uma sequência em M (X, ð). Defina as seguintes funções
f = inf fn , F = sup fn ,
n∈N n∈N
f ∗ = lim inf fn , F ∗ = lim sup fn .
n→∞ n→∞
Lema A.2.4. Sejam (X, ð) um espaço mensurável e f é uma função em M + (X, ð), então existe
uma sequência (ϕn )n∈N ⊆ M + (X, ð) tal que
iii) f = lim ϕn .
O resultado a seguir nos ensina como calcular a medida de uma união e uma interseção de
conjuntos mensuráveis que estabelecem sequências monótonas.
Lema A.2.5. Seja µ uma medida definida em uma σ-álgebra ð. As afirmações a seguir são
verdadeiras:
µ (∪∞
n=1 En ) = lim µ(En );
43
ii) Se (Fn ) é uma sequência decrescente em ð e µ(F1 ) < +∞, obtém-se que
µ (∩∞
n=1 Fn ) = lim µ(Fn ).
Proposição A.2.3. Seja (X, ð) um espaço mensurável. Seja λ uma medida definida sobre ð e A
um conjunto fixo em ð. Então, a função λ1 : ð → R, definida por
é uma medida.
Lema A.2.6. Seja µ uma medida. Se E, F ∈ ð e E ⊆ F , então µ(E) ≤ µ(F ). Se µ(E) < +∞,
então
µ(F \ E) = µ(F ) − µ(E).
i) λ + ϕ é uma medida;
Após vermos alguns resultados sobre medidas, vejamos o que diz respeito à cargas. O exemplo
abaixo nos traz um exemplo de tal e uma definição alternativa para integral.
λ : ð −→ R
Z
E −→ λ(E) = f dµ
E
44
Vejamos algumas operações com medidas.
Proposição A.2.5. Dados (X, ð) um espaço mensurável e µ uma medida definida sobre ð. Se
(An )n∈N ⊆ ð, então
∞
X
µ(∪∞
n=1 An ) ≤ µ(An ).
n=1
I) Se f ∈ M + e c ≥ 0, então cf ∈ M + e
Z Z
cf dµ = c f dµ;
II) Se f, g ∈ M + , então f + g ∈ M + e
Z Z Z
(f + g)dµ = f dµ + gdµ.
Proposição
Z A.2.7. Suponha que f ∈ M + . Então, f = 0 em quase toda parte de X se, e somente
se, f dµ = 0.
Teorema A.2.2 (Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue). Seja (fn )n∈N uma sequência
de funções integráveis que converge em quase toda parte para a função mensurável f . Se existe
uma função integrável g tal que |fn | ≤ g, para todo n ∈ N, então f é integrável e
Z Z
f dµ = lim fn dµ.
45
Teorema A.2.3 (Teorema da Convergência Monótona de Lebesgue). Se (fn )n∈N é uma sequência
monótona crescente de funções em M + (X, ð) que converge em quase toda parte de X para a função
f ∈ M + (X, ð), então Z Z
f dµ = lim fn dµ.
A partir de agora, apresentaremos resultados que dizem respeito aos espaços Lp . O primeiro
deles diz respeito à completude.
Teorema A.2.5. Sejam 1 ≤ p ≤ ∞, (fn )n∈N uma sequência em Lp e f ∈ Lp tais que kfn −f kp → 0.
Então, existe uma subsequência (fnk )k∈N de (fn )n∈N e uma função h ∈ Lp tais que
46
Referências Bibliográficas
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Inc., 1996.
[2] BARTLE, R. G., SHERBERT, D. R., Introduction to Real Analysis. John Wiley &
Sons, 2011.
[3] BEALS, R., Analysis: an Introduction. First Edition. New York: Cambridge University
Press, 2004.
[4] BREZIS, H., Funcional Analisys, Sobolev Spaces and Partial Differential Equati-
ons New York: Springer, 2010.
[5] FOLLAND, G. B., Real analysis modern techniques and their applications. 2a
Edição. John Wiley & Sons, Inc., 1999.
[6] KURTZ, D. S., SWARTZ, C. W., A Theories Of Integration: The Integrals Of Ri-
emann, Lebesgue, Henstock-Kurzweil, and Mcshane. World Scientific Pub Co Inc,
2004.
[7] LIMA, E. L., Análise Real. Vol. 1. Projeto Euclides, 15a ed., 2019.
[8] MELO, W. G., Notas de Aula de Medida e Integração de Lebesgue. Março, 2019.
[10] RUDIN, W., PECARIC J. E., FINK, A. M., Principles of Mathematical Analysis. New
York: McGraw-Hill, 3rd ed., 1964.
47
[12] WIKIPEDIA. Teorema de Radon-Nikodým. Disponı́vel em: https://en.wikipedia.
org/wiki/Radon–Nikodym theorem. Acesso em 30 de Dezembro de 2019.
48