Júri
Presidente: Prof. Pedro Parreira
Orientador: Prof. João Teixeira de Freitas
Co-Orientador: Prof. Ionut Dragos Moldovan
Vogal: Prof. Luís Guerreiro
Outubro de 2010
Agradecimentos
Sinceramente nem sei por onde começar, para mim esta tese é um culminar de cinco
anos de muito estudo, amizades e convívio. É com algum pesar que escrevo esta parte, pois
significa que a minha vida de estudante acabou e está na altura de seguir em frente, cada um o
seu caminho. Gostaria não só de agradecer mas também congratular o Prof. João Teixeira de
Freitas por ser um belíssimo exemplo do que é ser Professor, não só a sabedoria e
conhecimentos científicos, mas uma boa pessoa, sempre disponível para ajudar assim como
claro e expedito em fazê-lo. O meu obrigado estende-se também à excelente pessoa que é o
Professor Ionut Moldovan, sempre despachado e obstinado, sempre que precisava da sua
ajuda sabia qualquer tipo de dúvida seria esclarecida e resolvida.
Não poderia deixar de agradecer aos meus pais, como é óbvio, não só por sempre me
ajudarem, mas como incansavelmente se propunham a fazê-lo, para além de terem sempre
confiança em mim no meu percurso escolar e me deixarem fazer sempre o que queria.
Obrigado a eles, e se tivesse de escolher outros pais no meio de seis biliões que o mundo tem,
escolheria os mesmos sem pestanejar.
Acabo esta conversa com um abraço e obrigado ao meu irmão, porque é simplesmente
o meu melhor amigo.
i
ii
Resumo
Palavras-Chave
Modelação de Ondas de Rayleigh
Solos Homogénos
Solos Saturados
Modelação de Ondas no Tempo
iii
iv
Abstract
Keywords
Modelling of Rayleigh Waves
Homogeneous Soils
Saturated Soils
Transient Wave Modelling
v
vi
Índice
1 Introdução ........................................................................................................................ 1
1.1 Objecto e Objectivo ................................................................................................... 1
1.2 Ondas Sísmicas .......................................................................................................... 2
1.2.1 Ondas de Volume............................................................................................... 2
1.2.2 Ondas de Superfície ........................................................................................... 3
1.3 Organização do texto ................................................................................................. 4
2 Solução de Equações Não Lineares Complexas .................................................................. 5
2.1 Introdução ................................................................................................................. 5
2.2 Método Gráfico ......................................................................................................... 6
2.3 Métodos Numéricos .................................................................................................. 6
2.3.1 Método da Bissecção ......................................................................................... 7
2.3.2 Método da Falsa Posição.................................................................................... 7
2.3.3 Método do Ponto Fixo ....................................................................................... 8
2.3.4 Método de Newton ............................................................................................ 9
2.3.5 Método da Secante ............................................................................................ 9
2.4 Conclusão ................................................................................................................ 10
3 Integração no Domínio do Tempo ................................................................................... 13
3.1 Introdução ............................................................................................................... 13
3.2 Série de Fourier ....................................................................................................... 13
3.3 Série de Fourier Complexa ....................................................................................... 14
3.4 Análise Periódica ..................................................................................................... 15
3.5 Análise Não Periódica .............................................................................................. 16
3.6 Conclusão ................................................................................................................ 17
4 Estado de Tensão num Sólido .......................................................................................... 19
4.1 Introdução ............................................................................................................... 19
4.2 Estado de tensão num ponto ................................................................................... 21
4.2.1 Tensor das tensões .......................................................................................... 22
4.2.2 Equilíbrio na fronteira ...................................................................................... 23
4.2.3 Equilíbrio no domínio ....................................................................................... 24
4.3 Estado Plano de Tensão ........................................................................................... 26
4.4 Conclusão ................................................................................................................ 27
5 Estado de Deformação num Sólido .................................................................................. 29
5.1 Introdução ............................................................................................................... 29
vii
5.2 Estado de deformação num ponto ........................................................................... 29
5.2.1 Deformação Homogénea ................................................................................. 29
5.2.2 Decomposição de deformações homogéneas................................................... 31
5.2.3 Deformação Pura ............................................................................................. 31
5.2.4 Tensor das deformações .................................................................................. 33
5.2.5 Compatibilidade no domínio ............................................................................ 34
5.2.6 Compatibilidade na fronteira ........................................................................... 34
5.3 Estado Plano de Deformação ................................................................................... 35
5.4 Conclusão ................................................................................................................ 36
6 Relações Constitutivas de um Sólido................................................................................ 37
6.1 Introdução ............................................................................................................... 37
6.2 Lei de Hooke Generalizada....................................................................................... 37
6.3 Simetria Elástica ...................................................................................................... 38
6.4 Lei de Hooke para Materiais Isotrópicos .................................................................. 39
6.4.1 Relação Tensão Normal-Extensão .................................................................... 40
6.4.2 Relação Tensão Tangencial-Distorção............................................................... 41
6.5 Estado Plano de Tensão ........................................................................................... 42
6.6 Estado Plano de Deformação ................................................................................... 43
6.7 Conclusão ................................................................................................................ 43
7 Propagação de Ondas de Rayleigh ................................................................................... 45
7.1 Introdução ............................................................................................................... 45
7.2 Formulação do Problema ......................................................................................... 45
7.2.1 Condições de Domínio ..................................................................................... 46
7.2.2 Condições de Fronteira .................................................................................... 47
7.3 Aproximação no Tempo ........................................................................................... 47
7.4 Formulação Espectral .............................................................................................. 49
7.5 Ondas de Rayleigh ................................................................................................... 50
7.6 Acção Sísmica .......................................................................................................... 51
7.7 Conclusão ................................................................................................................ 51
8 Solos Não Saturados ........................................................................................................ 53
8.1 Introdução ............................................................................................................... 53
8.2 Identificação das Variáveis ....................................................................................... 53
8.3 Equação da Onda ..................................................................................................... 55
8.4 Ondas Planas ........................................................................................................... 56
8.5 Ondas Cilíndricas ..................................................................................................... 56
8.6 Ondas de Rayleigh ................................................................................................... 57
viii
8.7 Conclusão ................................................................................................................ 59
9 Solos Saturados ............................................................................................................... 61
9.1 Introdução ............................................................................................................... 61
9.2 Identificação das Variáveis ....................................................................................... 61
9.3 Equação da Onda ..................................................................................................... 63
9.4 Ondas Planas ........................................................................................................... 64
9.5 Ondas Cilíndricas ..................................................................................................... 65
9.6 Ondas de Rayleigh ................................................................................................... 66
9.7 Solução das Ondas de Rayleigh ................................................................................ 67
9.8 Conclusão ................................................................................................................ 69
10 Aplicações Numéricas .................................................................................................... 71
10.1 Introdução ............................................................................................................... 71
10.2 Análise no Domínio da Frequência ........................................................................... 71
10.2.1 Frequência de 10 rads-1 .................................................................................... 71
10.2.2 Frequência de 100 rads-1 .................................................................................. 75
10.2.3 Frequência de 250 rads-1 .................................................................................. 79
10.3 Análise no Domínio do Tempo ................................................................................. 82
10.3.1 Definição das Bases de Aproximação................................................................ 83
10.3.2 Determinação das Amplitudes ......................................................................... 84
10.3.3 Resultados ....................................................................................................... 85
11 Conclusão ...................................................................................................................... 93
Apêndice 1: Raízes de Funções Não Lineares ........................................................................... 95
Apêndice 2: Equação da Onda em Solos Não Saturados ........................................................ 99
Apêndice 3: Campos de Deslocamento, Deformação e Tensão em Solos Não Saturados ..... 101
Apêndice 4: Equação da Onda em Solos Saturados.............................................................. 103
Apêndice 5: Campos de Deslocamento, Deformação e Tensão em Solos Saturados ............ 107
Apêndice 6: Propriedades do Solo de Ensaio ........................................................................ 109
ix
x
Índice de Figuras
xi
-1
Figura 37 - Campo de tensões (solo saturado, raiz , rads ) .................................... 75
Figura 38 - Campo de deslocamentos (solo não saturado, raiz , rads-1 )................. 76
Figura 39 - Campo de tensões (solo não saturado, raiz , rads-1 ) ........................... 76
-1
Figura 40 - Campo de deslocamentos (solo saturado, raiz , rads ) ....................... 77
Figura 41 - Campo de tensões (solo saturado, raiz , rads-1 ) .................................. 78
Figura 42 - Campo de deslocamentos (solo não saturado, raiz , rads-1 ) ................ 80
-1
Figura 43 - Campo de tensões (solo não saturado, raiz , rads ) ........................... 80
-1
Figura 44 - Campo de deslocamentos (solo saturado, raiz , rads ) ....................... 81
-1
Figura 45 - Campo de tensões (solo saturado, raiz , rads ) .................................. 82
Figura 46 – Campos de tensões para solos homogéneos com base N=16 .............................. 86
Figura 47 – Campos de tensões para solos homogéneos com base N=32 .............................. 87
Figura 48 – Campos de tensões e pressão para solos saturados com base N=16 ................... 88
Figura 49 – Campos de tensões e pressão para solos saturados com base N=32 ................... 89
Figura 50 – Campo de deslocamentos, solos homogéneos com base N=16 ............................ 90
Figura 51 – Campo de deslocamentos para solos homogéneos com base N=32 ..................... 90
Figura 52 – Campo de deslocamentos no sólido para solos saturados com base N=16 ........... 91
Figura 53 – Campo de deslocamentos no líquido para solos saturados com base N=16.......... 91
Figura 54 – Campo de deslocamentos no sólido para solos saturados com base N=32 ........... 92
Figura 55 – Campo de deslocamentos no líquido para solos saturados com base N=32.......... 92
xii
Índice de Tabelas
-1
Tabela 1: Soluções de k para rads (solo não saturado) ............................................. 72
-1
Tabela 2: Soluções de k para rads (solo saturado) .................................................... 72
Tabela 3: Soluções de k para rads-1 (solo saturado) .................................................. 78
Tabela 4: Soluções de k para rads-1 (solo saturado) .................................................. 79
xiii
xiv
Índice de Quadros
xv
xvi
Lista de Símbolos
Fronteira de Neumann
Fronteira de Dirichlet
Fronteira de Sommerfeld
Distorção
Tensor das Deformações
Número de Onda
Coeficiente que depende das Constantes de Biot e Lamé
Constante de Lamé
Constante de Lamé
Coeficiente de Poisson
Factor de Dissipação
Vector da Pressão da Fase Líquida
Matriz dos Coeficientes de Massa
xvii
Massa Volúmica da Água
Tensor das Tensões
Função Potencial
Frequências Numéricas
Frequência de Fourier
Frequência de Fourier Inicial
Tensor das Rotações
Gradiente de uma Função
Laplaciano de uma Função
xviii
1 Introdução
1
1.2 Ondas Sísmicas
As ondas sísmicas que se propagam através da Terra têm geralmente origem em sismos
ou em explosões. As características destas ondas, estudadas pelos sismólogos, são registadas
por sismógrafos, sismómetros ou geofones, permitindo esses registos classificar as ondas
sísmicas em duas grandes famílias, as ondas de volume (ou de corpo) e as ondas de
superfície.
2
As ondas-S são ondas transversais ou de corte, o que significa que o solo é deslocado
perpendicularmente à direcção de propagação. Quando as ondas-S são polarizadas
horizontalmente, o solo move-se alternadamente para um e outro lado. A sua velocidade de
propagação é cerca de 60% da das ondas-P, para um dado material, mas a sua amplitude é
várias vezes maior que a amplitude dessas ondas. É o segundo grupo de ondas que são
sentidas. Provocam alterações morfológicas mas não causam a alteração de volume. As
ondas-S propagam-se apenas em corpos sólidos, uma vez que os fluidos (gases e líquidos)
não suportam forças de corte.
3
ocorrerem por reflexão interna total. São assim chamadas em honra de A.E.H. Love, um
matemático britânico que criou o modelo matemático destas ondas em 1911. Essas ondas
resultam da combinação de duas ondas-S. São ligeiramente mais rápidas que as ondas de
Rayleigh e, sendo ondas de corte, são ondas altamente destrutivas.
Este texto está organizado em três partes, que traduzem as diferentes fases do trabalho
realizado: a preparação de matérias básicas, o estudo da aplicação e a obtenção de
resultados.
A primeira parte incide sobre a recapitulação de dois temas da Análise Numérica,
designadamente solução de equações não lineares complexas (Capítulo 2) e métodos de
integração no tempo (Capítulo 3), e dos aspectos principais da Mecânica dos Sólidos,
nomeadamente a caracterização de estados de tensão (Capítulo 4) e de estados de
deformação (Capítulo 5) e a caracterização das relações constitutivas (Capítulo 6).
A segunda parte resume o estudo da aplicação, o qual exigiu a abordagem de duas
novas matérias, a formulação do comportamento dinâmico de meios contínuos e a modelação
de meios bifásicos, isto é, de misturas com uma fase sólida e uma fase líquida. Para evitar
repetições na apresentação, optou-se por formular primeiro (Capítulo 7) o problema em termos
gerais, definindo as equações nos domínios do tempo e da frequência. Essa formulação é
depois particularizada para meios monofásicos e bifásicos para modelar o comportamento
dinâmico de solos não saturados e de solos saturados, respectivamente. As ondas de Rayleigh
são caracterizadas nesses capítulos (Capítulos 8 e 9).
A terceira parte do texto inclui a apresentação dos resultados (Capítulo 10) e uma
apreciação não só desses resultados como da formação adquirida (Capítulo 11). A
apresentação dos resultados está organizada em duas partes. A primeira ilustra os resultados
obtidos no domínio da frequência e serve, fundamentalmente, para mostrar os modos que as
ondas Rayleigh tomam em solos não saturados e em solos saturados sujeitos a diferentes
níveis de frequências de excitação. A segunda parte ilustra a propagação dessas ondas
quando se admite que esse meio, não saturado ou saturado, é actuado por um sismo.
4
2 Solução de Equações Não Lineares Complexas
2.1 Introdução
5
2.2 Método Gráfico
O método gráfico é o mais simples dos métodos disponíveis para a estimar os zeros de
uma função. Consiste no traçado da função (real) no intervalo que contem os zeros, seguido de
sucessivos zooms até se obter a precisão pretendida. O recurso a este método é essencial
para caracterizar o comportamento da função, o qual depende directamente do problema físico
que a função representa, e obter assim a informação que vai fundamentar a escolha do método
numérico a adoptar na determinação dessas raízes com a precisão desejada.
Para uma dada função começa-se por traçar o gráfico num intervalo suficientemente
amplo para conter as raízes esperadas (ver Figura 3), sendo esta operação muito facilitada
pelas ferramentas actualmente disponíveis, p. ex. “Mathematica”, [13].
Os métodos que irão ser apresentados são iterativos (em oposição aos métodos
directos), ou seja fornecem-nos uma sucessão de valores que conduz, havendo
convergência, às soluções da equação , com a precisão desejada. Esta
sucessão é definida por recorrência, necessitando de um ou mais valores iniciais, dependendo
do método utilizado. A aplicação de um método iterativo coloca diferentes problemas formais e
práticos, a saber:
A implementação da estratégia de pesquisa do método;
O estudo de convergência da sucessão , obtida;
6
Como é impraticável efectuar um número infinito de iterações (repetição do mesmo
processo com valores iniciais diferentes, visando a obtenção de um dado termo da sucessão,
) será pois necessário escolher um limite, N, para o número de pesquisas. Isto põe o
problema de escolha de um bom critério de paragem, o qual dependente da precisão
desejada. A implementação de cada um dos métodos a seguir apresentados está apresentada
no Apêndice 1.
Um dos métodos mais simples para a resolução de equações não lineares é o Método
da Bissecção. Considere-se um intervalo [ ] de uma certa função (ver Figura 4).
[ ] com , para determinar qual deles contém a raiz. O processo é repetido para o
7
Figura 5 - Método da Falsa Posição (Cordas) [9]
Como no Método da Bissecção, este método requer dois valores iniciais, a e b, situados
na vizinhança da raiz. A corda definida pelos pontos 〈 〉 e〈 〉 intersecta o eixo dos
no ponto . A análise do gráfico representado na Figura 5 mostra que o eixo e a corda
formam dois triângulos semelhantes, o que permite escrever:
(1)
Esta equação pode ser resolvida na variável que aproxima a raiz da função, , o que
constitui a base da programação do Método da Falsa Posição (ver Apêndice 1).
O desempenho deste método é relativamente fraco em consequência do número de
testes que é necessário realizar em cada tentativa de localização da raiz.
8
Para que o método seja convergente, a função tem de satisfazer certas condições,
as quais são definidas no Teorema do Ponto Fixo [4]. O Método do Ponto Fixo é bastante
eficaz em consequência da simplicidade das operações que envolve (ver Apêndice 1), mas a
qualidade do desempenho depende da natureza de cada problema, em consequência das
condições de convergência acima referidas.
9
método da bissecção, ele requer dois valores iniciais, e , localizados numa vizinhança da
raiz da função .
(2)
2.4 Conclusão
Neste capítulo foram apresentados cinco métodos para aproximação numérica de raízes
de funções. Os três primeiros apresentados, Método da Bissecção, Falsa Posição e Ponto Fixo
são métodos com convergência linear [4,9] e, portanto convergem lentamente para a solução.
Consequentemente, estes métodos não foram utilizados neste trabalho.
O Método de Newton e o Método da Secante são métodos com convergência supra
linear [4,9] e, por isso mesmo, a convergência é muito mais rápida na vizinhança da raiz de
uma equação não linear. Quando a derivada é difícil de determinar, ou o seu cálculo é
dispendioso, o Método da Secante é mais eficiente. Em problemas extremamente sensíveis,
estes dois métodos podem comportar-se de uma maneira menos boa, podendo ser necessário
recorrer a técnicas para determinar um intervalo óptimo para análise da função. Qualquer dos
10
dois métodos permite determinar raízes complexas, tendo isso sido tomado em consideração
na elaboração deste trabalho.
Apesar do Método da Secante ser ligeiramente mais lento que o de Newton, tem uma
grande vantagem face às equações não lineares que tiveram de ser resolvidas, a de dispensar
a definição da derivada da função que define o discriminante do problema de valores e
vectores próprios. O Método da Secante, nesta situação, revelou ser o melhor método
numérico para o cálculo de raízes de funções não lineares, pelo que veio a ser o escolhido
para a sistematização da caracterização das ondas de Rayleigh e da sua propagação em solos
saturados.
11
12
3 Integração no Domínio do Tempo
3.1 Introdução
Qualquer função contínua, com um certo período T, pode ser representada combinando
um conjunto completo de funções periódicas simples, nomeadamente senos e cosenos, sob a
forma de uma série designada por série de Fourier.
Assim, uma função periódica (ou periodicamente estendida) pode ser descrita na forma,
13
∑ ∑ (3)
∫ (4)
∫ (5)
∫ (6)
(7)
(8)
14
( ) (9)
( ) (10)
imaginária, obtém-se:
(11)
∑ ∑ (12)
∑ (13)
∫ (14)
O movimento de uma partícula de um meio sujeito a uma acção dinâmica é descrito pelo
deslocamento, , pela velocidade, , e pela aceleração, . A separação de variáveis
consiste em admitir que esses campos podem ser escritos na forma seguinte:
∑ (15)
∑ (16)
∑ (17)
15
(18)
(19)
(20)
Visando este estudo modelar a propagação de ondas de Rayleigh num solo saturado
accionado por um sismo, não se pode admitir que o movimento é periódico e é pouco prático
admitir extensões periódicas desse movimento.
Em vez de recorrer à aplicação de métodos tradicionais de integração no tempo para
representar a resposta solo, optou-se por generalizar a decomposição (15) a (17) usando uma
base de aproximação no tempo, , não periódica [8,11]. Esse método gera regras de
integração no tempo semelhantes às obtidas para a aproximação periódica, definidas pelas
equações (19) e (20),
(21)
(22)
16
mas envolvendo duas diferenças fundamentais: dependem da configuração inicial do sistema,
definida pelo deslocamento e pela velocidade iniciais, e , pois o movimento não é
periódico, e envolve frequências algorítmicas (adimensionais), , isto é, frequências de
excitação que dependem da base de aproximação no tempo e do incremento de tempo
escolhido:
(23)
3.6 Conclusão
Mostra-se neste capítulo que a formulação aqui adoptada pode ser usada para resolver
problemas dinâmicos no domínio da frequência ou no domínio do tempo, recorrendo a
decomposições espectrais periódicas ou não periódicas. Para além de permitir usar a mesma
formulação para resolver um mesmo problema no domínio da frequência ou no domínio do
tempo, a separação de variáveis que é utilizada permite compreender essa formulação no mais
simples dos contextos possíveis, de aproximação de uma função por uma série de Fourier.
17
18
4 Estado de Tensão num Sólido
4.1 Introdução
Diz-se que um material é homogéneo se, de ponto para ponto de um mesmo corpo, as
propriedades se mantêm iguais. Na generalidade dos casos supõe-se que o material é
homogéneo. No entanto, distintos materiais apresentam em geral propriedades distintas. Se um
determinado corpo for constituído por dois ou mais materiais homogéneos, existe uma
descontinuidade de deformação na transição entre os diversos materiais.
Isotropia:
Material Anisotrópico
Material Isotrópico
19
Para explicar esta classificação muito simplificada das diferentes formas de
comportamento dos materiais estruturais, considere-se a peça prismática, encastrada numa
extremidade e livre na outra, sujeita a uma força aplicada nesta última extremidade (ver
Figura 11).
20
Em rigor, nenhuma destas hipóteses é válida para qualquer acção sísmica. O solo é
tipicamente um material com três fases, sólida, líquida e gasosa. A fase gasosa não é
explicitamente considerada, atendo ao estado de saturação assumido, podendo o seu efeito
ser introduzido corrigindo os parâmetros constitutivos relevantes. As fases sólida e líquida são
modeladas explicitamente recorrendo à Teoria das Misturas, da qual resulta a definição de uma
material macroscopicamente equivalente, contínuo, homogéneo e isotrópico. As duas
hipóteses seguintes, de linearidade física e geométrica, decorrem simplesmente da
necessidade de simplificar o modelo nesta fase de desenvolvimento do estudo da propagação
de ondas de Rayleigh.
Legenda
C Corpo qualquer.
V Volume arbitrário do corpo C,
limitado pela superfície S.
P Ponto da superfície S.
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑓𝑚 Forças mássicas aplicadas a V.
⃗⃗⃗
𝑓𝑠 Forças de superfície aplicadas a V
através de S.
ΔS Elemento de superfície S contendo o
ponto P.
𝑛̂ Normal a ΔS dirigida para o exterior
de S.
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝛥𝑓𝑠 Força exercida através de ΔS pela
matéria exterior a V sobre a matéria
⃗⃗⃗⃗ ⃗
⃗ ̂
(24)
21
4.2.1 Tensor das tensões
Na Figura 16 está representado um cubo cujas faces são paralelas aos planos
coordenados. As três faces representadas na figura são aquelas cujo versor normal ̂ coincide
com ̂ , ̂ ou ̂ . As faces do cubo são facetas infinitesimais que contêm um mesmo ponto P.
Encontra-se ainda representado na Figura 16 o vector tensão ̂ , correspondente a cada uma
das três facetas.
Figura 16 - Vector tensão nas três facetas paralelas aos planos coordenados [5]
⃗ ̂ ̂ ̂ (25)
(26)
a equação pode ser reescrita, ficando com a seguinte forma:
⃗ ̂ (27)
Nesta equação, é o índice livre e é um índice mudo. A cada índice mudo está
associada a convenção do somatório de 1 a 3. A equação (27) pode ser apresentada
matricialmente, correspondente às 3 facetas visíveis no cubo infinitesimal da Figura 16
obtendo-se:
⃗ ̂
{⃗ } [ ]{ ̂ } (28)
⃗ ̂
22
A matriz de 3x3 com elementos representa o tensor das tensões. O tensor das
tensões num ponto do interior dum corpo é definido pelas componentes normais e tangenciais
dos vectores das tensões que actuam em três facetas ortogonais que se cruzam nesse ponto
(ver Figura 17).
Nos elementos do tensor das tensões , o índice está associado à faceta e o índice
23
A face ABC é uma faceta que apresenta uma orientação arbitrária definida pelo versor ̂ .
As faces OAB, OAC, OBC são paralelas aos planos coordenados.
O referencial utilizado tem a origem coincidente com o ponto P. Uma vez que o tetraedro
tem dimensões infinitesimais, no limite, todas as faces contêm o ponto P.
Impondo o equilíbrio vectorial no tetraedro segundo a direcção encontra-se a
condição,
⃗ ⃗⃗ | ̂ (⃗ ̂ )| ̂ (⃗ ̂ )| ̂ (⃗ ̂ )| ̂ ⃗ ̂ (29)
a qual, após algumas simplificações [2,3], pode ser reduzida à seguinte forma:
̂
(30)
̂
⃗ (31)
Na equação (31), que define a condição de Neumann, o índice refere-se à direcção dos
vectores ⃗, enquanto, o índice refere-se a cada um dos vectores na respectiva faceta 1,2 e 3.
Matricialmente ter-se-á:
̂
̂
[ ]{ }
(32)
̂
{ }
Este resultado mostra que o estado de tensão num ponto do interior dum corpo, definido
pelo tensor das tensões, não fica determinado pelas três condições de equilíbrio na fronteira.
Pelo contrário, as forças numa faceta da fronteira, caracterizada pelo versor ̂ , são
complemente determinadas pelo estado de tensão nesse ponto.
24
Considere-se então o paralelepípedo de volume infinitesimal de arestas
representado na Figura 19.
∑ ( ) . /
(33)
( )
(34)
Obtêm-se equações análogas impondo o equilíbrio de forças nas outras duas direcções,
e :
(35)
(36)
25
∑ ̅ ( )
(37)
. /
(38)
(39)
(40)
(41)
(42)
Existem vários tipos de estado de tensão num corpo, sendo importante salientar um caso
muito comum, o Estado Plano de Tensão. Se se considerar um corpo em que uma das suas
tensões principais é nula, diz-se que esse corpo está sujeito ao Estado Duplo de Tensão. Se se
verificar o estado duplo no corpo todo e se a direcção correspondente à tensão principal nula
for a mesma em todos os pontos do corpo, o Estado de Tensão diz-se Plano.
26
Se as componentes , e do tensor das tensões forem nulas (ver Figura 20),
devido à simetria do tensor das tensões, e também são nulas, resultando,
[ ] (43)
O estado de tensão caracterizado pelo tensor (43) verifica-se nas seguintes condições:
Corpo com espessura h muito pequena quando comparada com as outras duas
direcções;
Corpo simétrico em relação ao plano médio ;
Todas as acções paralelas e simétricas em relação a esse plano.
4.4 Conclusão
27
28
5 Estado de Deformação num Sólido
5.1 Introdução
Quando são aplicadas forças a um corpo, este deforma-se, sendo possível estudar as
características de deformação independentemente das forças que a originam. Apresentar-se-á
primeiramente o caso geral tridimensional, o qual é depois particularizado para o caso utilizado
na modelação de solos saturados, o Estado Plano de Deformação [1,2,3].
Figura 21 - Corpo sujeito a uma deformação – estado inicial e estado final [5]
Cada uma das componentes do vector deslocamento ⃗⃗, dependem da posição do ponto,
{ (44)
. / ( ) . / ( ) . / ( ) (45)
29
Na equação (45) apenas se consideram termos de primeira ordem, pois os termos de
ordem superior à primeira são potências de infinitésimos e, portanto, desprezáveis.
Considerando tem-se:
. / (46)
(47)
sendo:
̅ (48)
. / (49)
O facto de esta relação ser linear implica que, na vizinhança infinitesimal de um ponto,
todos os pontos apresentam a mesma deformação, tratando-se portanto de uma deformação
homogénea.
30
5.2.2 Decomposição de deformações homogéneas
( ) ( ) (50)
(51)
[ ] [ ] [ ][ ] [ ][ ] (52)
. / (53)
5.2.3.1 Extensão
31
Se se fizer a projecção do paralelepípedo no plano , obtém-se um quadrado de
dimensões infinitesimais (ver Figura 24).
(54)
verificando-se assim que o elemento representa uma extensão, isto é, uma variação de
comprimento por unidade de comprimento. Procedendo-se analogamente para as outras duas
direcções e ., obter-se-ia e . Em notação indicial ter-se-á,
(55)
5.2.3.2 Distorção
32
De acordo com a equação (53), é a seguinte a definição da componente de deformação,
( ) (56)
( ) (57)
(58)
(59)
(60)
[ ]
. / (61)
33
5.2.5 Compatibilidade no domínio
( ) (62)
(63)
34
na fronteira (em pontos exteriores) do corpo. Essas condições, as condições de Dirichlet,
limitam-se a impor que o campo de deslocamento seja compatível com os deslocamentos que
possam estar impostos na superfície do corpo:
̅ (64)
Se se considerar um corpo em que uma das suas deformações principais é nula, diz-se
que esse corpo está sujeito ao Estado Duplo de Deformação. Se se verificar o estado duplo em
todos os pontos do corpo diz-se que esse corpo está sujeito a um Estado Plano de
Deformação.
Considere-se um corpo com as seguintes características (ver Figura 27):
Corpo prismático gerado por translação de uma figura plana ao longo de um
eixo, sendo a secção geradora paralela ao plano e o eixo de
translação;
A dimensão do corpo segundo é muito superior às restantes dimensões;
Todas as acções têm componente nula segundo nula, isto é, actuam
paralelamente ao plano e não variam com .
{ (65)
Quando um corpo apresenta este conjunto de características diz-se que está sujeito a
um Estado Plano de Deformação.
35
O tensor das deformações (60) simplifica-se, sendo ∑ 0, tomando a seguinte
expressão:
[ ] (66)
5.4 Conclusão
36
6 Relações Constitutivas de um Sólido
6.1 Introdução
(67)
Cada uma das funções pode ser desenvolvida em série de Taylor, desde que seja
uma função contínua com derivadas contínuas. Efectuando esse desenvolvimento na origem,
isto é para , tem-se,
(68)
(69)
(70)
37
Esta relação define a lei de Hooke generalizada, sendo i e j índices livres, enquanto k e l
são índices mudos, o que implica a existência de somatórios de 1 a 3. O tensor de quarta
ordem tem 34 = 81 elementos.
O facto de tanto o tensor das tensões como o tensor das deformações serem simétricos
faz com que seja necessário apenas conhecer seis componentes de cada um dos tensores
(três componentes diagonais e três componentes não diagonais). Assim a relação entre
componentes independentes de ambos os tensores pode ser escrita na forma,
∑ (71)
permitindo considerações de carácter energético [2] para concluir que os coeficientes são
(72)
[ ] [ ][ ]
(73)
(74)
(75)
38
É ainda possível mostrar que quando um material apresenta simetria elástica
relativamente a dois planos ortogonais entre si, está implícita uma simetria elástica em relação
a um terceiro plano ortogonal aos outros dois.
Nestas circunstâncias, em que um material apresenta simetria elástica relativamente a
três planos ortogonais entre si, diz-se que o material é ortótropo. Para um material com estas
características, a relação (72) entre os estados de tensão e de deformação toma a seguinte
forma simplificadas:
(76)
[ ] [ ][ ]
Como é explicado em [2], para que a matriz das constantes elásticas seja
independente do referencial utilizado tem de se verificar as seguintes igualdades:
[ ] [ ] [ ] (77)
(78)
[ ] [ ][ ]
(79)
Assim, quando uma material é isotrópico, a matriz dos coeficientes elásticos depende
apenas de dois parâmetros independentes, A e B.
39
6.4.1 Relação Tensão Normal-Extensão
Considere-se agora um cubo sujeito a uma tensão normal (ver Figura 28).
(80)
(81)
[ ] [ ][ ] (82)
[ ] [ ][ ] (83)
40
e definir as constantes A e B:
(84)
(85)
Considere-se agora um cubo, apenas sujeito a uma tensão tangencial (Figura 29).
41
(86)
Relacionando a equação (86) com o sistema (78), obtém-se a seguinte definição [2]:
(87)
(88)
(89)
[ ] [ ][ ]
(90)
[ ] [ ][ ]
(91)
(92)
Se um corpo estiver sujeito a um Estado Plano de Tensão, o tensor das tensões toma a
expressão (43),
[ ] (93)
42
[ ] [ ][ ] (94)
[ ] [ ][ ] (95)
[ ] (96)
[ ] [ ][ ] (97)
[ ] [ ][ ] (98)
6.7 Conclusão
Este capítulo resume o último conjunto de equações que será utilizado na caracterização
do comportamento de solos saturados. Tal como nos capítulos anteriores, a Lei de Hooke é
apresentada em termos gerais, sendo progressivamente particularizada para materiais
ortotópicos e isotrópicos e, neste caso, para o Estado Plano de Tensão e para o Estado Plano
de Deformação.
Estas relações, definidas pela expressão (98) serão utilizadas para caracterizar o
comportamento da fase sólida dos solos saturados, sendo posteriormente generalizadas para
caracterizar o comportamento da fase líquida.
43
44
7 Propagação de Ondas de Rayleigh
7.1 Introdução
45
A fronteira interior, , representada na mesma figura é considerada rígida em análises
estáticas de meios semi-infinitos, e colocada suficientemente longe da fonte da excitação para
assegurar a validade dessa hipótese. Quando se realiza uma análise sísmica, é usual fazê-la
coincidir com o substrato rochoso, aplicando aí as acelerações que caracterizam essa acção.
O inconveniente desta opção em análises dinâmicas é que a fronteira actua como um
reflector das ondas sísmicas, sendo necessário interromper a análise num momento que
assegure que essa reflexão não destrua a solução obtida. Para evitar esta forte limitação,
recorre-se a uma de duas técnicas alternativas. Uma consiste em caracterizar essa fronteira
como uma fronteira absorvente ou de Sommerfeld (onde as forças são proporcionais à
velocidade de propagação). A segunda técnica consiste em usar funções de aproximação que
satisfazem implicitamente essa condição.
(99)
sendo o vector que reúne as componentes independentes do tensor das tensões, o vector
das forças de massa e o operador diferencial de equilíbrio. As definições destes termos,
assim como as das equações que a seguir se resumem, são adiante explicitadas para meios
monofásicos e bifásicos.
Em regime dinâmico, a equação de equilíbrio (99) é generalizada para incluir o efeito das
forças de inércia e de amortecimento, tomando a seguinte forma,
̈ ̇ (100)
(101)
(102)
46
7.2.2 Condições de Fronteira
̅ (103)
̅ (104)
̇ (105)
sendo a matriz que reúne constantes do material, definidas de modo a caracterizar a fronteira
como um meio absorvente [11].
∑ (106)
̇ ∑ (107)
̈ ∑ (108)
(109)
(110)
47
tomando as aproximações (106) a (108) as seguinte expressões, de acordo com as regras de
integração (19) e (20):
∑ (111)
̇ ∑ (112)
̈ ∑ (113)
(114)
Como também já se referiu, a opção seguida neste trabalho foi a de usar como base de
aproximação no tempo um sistema de wavelets, de modo a assegurar a necessária precisão
numa análise não periódica realizada num único incremento de tempo.
Como se admite que o meio está inicialmente em repouso, a expressão geral das regras
de integração, definidas pelas equações (21) e (22), é análoga à obtida para movimentos
periódicos, definidas pelas equações (19) e (20). As aproximações (106) a (108) são escritas
na forma,
∑ (115)
̇ ∑ (116)
̈ ∑ (117)
pois as funções (digitais) que definem a base de wavelets, , não têm expressão analítica.
48
7.4 Formulação Espectral
∑ (118)
∑ (119)
̅ ∑ ̅ (120)
̅ ∑ ̅ (121)
(122)
(123)
(124)
̅ (125)
̅ (126)
(127)
Todas as matrizes presentes nas equações acima resumidas são apresentadas nos
capítulos posteriores sobre meios monofásicos (solos secos) e meios bifásicos (solos
saturados). Para simplificar a notação, deixa-se aí de identificar o modo de excitação, definido
pelo índice n.
49
7.5 Ondas de Rayleigh
(128)
(129)
as quais são utilizadas para definir a aproximação da componente espacial dos campos de
deslocamentos, deformação e tensão na forma,
(130)
(131)
(132)
(133)
̃ (134)
(135)
50
7.6 Acção Sísmica
A definição assim obtida para as ondas de Rayleigh fica determinada a menos das
amplitudes do movimento, . Estas amplitudes são calculadas impondo uma condição
equivalente à condição de Dirichlet (126), em que o termo imposto representa os
deslocamentos definidos a partir do acelerograma que caracteriza o sismo.
Finalmente, a decomposição (115) é imposta para reconstruir a evolução no tempo da
componente espacial (130) do campo de deslocamentos, processando-se de modo análogo as
restantes variáveis que caracterizam a resposta do solo à acção sísmica, designadamente os
campos de tensão (118) e de deformação (119), recorrendo às aproximações espaciais (131) e
(132), respectivamente.
Foi escolhido um acelerograma do sismo de “Loma Prieta”, que atingiu a baía de São
Francisco a 17 de Outubro de 1989, às 17:04 hora local. Foi provocado por um deslizamento
ao longo da falha de Santo André. Teve uma duração entre 10-15 segundos e uma intensidade
de 6.9 na escala aberta de Richter.
7.7 Conclusão
51
52
8 Solos Não Saturados
8.1 Introdução
(136)
(137)
(138)
53
As expressões que se encontram para o operador diferencial de equilíbrio, para as
matrizes de massa e de amortecimento e para o vector das forças de massa presentes na
equação de equilíbrio no domínio (122) são as seguintes,
0 1 (139)
[ ] (140)
* + (141)
(142)
[ ] (143)
̅
[ ]{ } { ̅ } (144)
̅
, - {̅ } (145)
[ ] (146)
54
8.3 Equação da Onda
{ } (147)
obtém-se a seguinte equação diferencial escalar (ver Apêndice 2), em que representa o
Laplaciano:
(148)
Como adiante se mostra, este resultado define uma onda-P com o seguinte número de
onda (ver Apêndice 2):
(149)
̃ { } (150)
(151)
(152)
55
8.4 Ondas Planas
(153)
(154)
, - { } (155)
, - { } (156)
{ } { } (157)
{ } { } (158)
( ) (159)
( ) *( ) + (160)
56
Repetindo o processo anteriormente descrito, obtêm-se as seguintes definições para as
ondas-P,
, - 2 3 (161)
{ } { } (162)
e para as ondas-S:
, - 2 3 (163)
{ } { } (164)
Para aplicação tratada neste trabalho interessa formular as ondas de Rayleigh como
ondas planas. O procedimento aqui descrito pode ser adaptado à formulação de ondas de
Rayleigh cilíndricas. As ondas de Rayleigh planas são definidas como uma combinação linear
das soluções (155) a (158) obtidas para ondas-P e para as ondas-S:
, - { } { } (165)
{ } { } { } (166)
57
Figura 32 - Ondas de Rayleigh – Solos Não Saturados
, - { } { } , - (167)
Para que este sistema seja válido para qualquer ponto da superfície, isto é, para
qualquer coordenada , é necessário impor a seguinte condição,
(168)
0 1{ } , - (169)
Para obter as soluções deste sistema, para além da solução trivial , sem
interesse prático, impõe-se que o determinante da matriz seja nulo, obtendo-se a seguinte
equação quártica em ,
(170)
√ ̅ (171)
√ (172)
̅ (173)
58
podendo os vectores próprios ser determinados através de uma das duas soluções:
{ } { } (174)
{ } { } (175)
Os resultados (170), (174) e (175) podem ser reescritos numa forma mais simples e
adimensional:
( √ ). √ ̅ / (176)
{ } 2 √ 3 (177)
A equação (176) mostra que para solos com apenas uma fase (fase sólida), os valores
próprios ondas de Rayleigh não dependem da frequência de excitação, , mas apenas das
8.7 Conclusão
59
60
9 Solos Saturados
9.1 Introdução
Para além de caracterizar o estado de tensão na fase sólida do solo, é agora também
necessário definir o estado de tensão (isotrópico) na fase líquida, o qual é caracterizado pela
pressão, , tomando o vector das tensões a seguinte expressão:
(178)
(179)
componentes e :
(180)
61
A condição de equilíbrio no domínio (122), em que se continua a admitir forças de massa
nulas,
(181)
(182)
[ ]
(183)
[ ]
[ ] (184)
[ ] (185)
em que,
(186)
62
Relativamente às condições de fronteira, a condição de Neumann (125) toma agora a
seguinte expressão, para controlar a pressão que possa estar imposta sobre a fase líquida:
̅
[ ]{ } { ̅ } (187)
̅
̅
2 3 {̅ } (188)
̅
define a componente normal à fronteira do deslocamento relativo das fases sólida e líquida:
(189)
[ ] (190)
podendo também ser determinada usando os resultados que adiante se apresentam para a
definição da propagação de ondas-P e ondas-S em meios bifásico [8,11,13].
As ondas-P e as ondas-S são ainda determinadas a partir das definições (133) e (134),
admitindo-se agora que o movimento relativo das fases sólida e líquida, , é proporcional ao
movimento da fase sólida, . Como adiante se mostra, esse coeficiente de proporcionalidade,
, toma valores para ondas-P1, , ondas-P2, , e ondas-S, .
, - { } (191)
̃
, - 2 3 (192)
̃
63
( ) ( )
2 (193)
( ) ( )
onde:
(194)
(195)
e, portanto, dois números de onda, associados aos vectores próprios do mesmo sistema:
(196)
{ (197)
(198)
(199)
{ } (200)
{ }
e a definição (192) para as ondas-S:
64
{ } (201)
{ }
[ ( ) ]
[ ( ) ]
{ } (202)
{ ( ) }
{ } { } (203)
{ } (204)
{ }
( )
( )
{ } (205)
{ }
e para as ondas-S:
{ } (206)
{ }
65
{ } { } (207)
Tal como para o caso dos solos não saturados, as ondas de Rayleigh planas são obtidas
combinando linearmente as ondas-P e as ondas-S, as quais são agora definidas pelas
equações (200) a (203), obtendo-se as seguintes expressões para os campos de
deslocamento,
, - ∑{ } { } (208)
, - ∑{ } { } (209)
[ ( ) ]
[ ( ) ]
{ } ∑ { } (210)
{ ( ) }
66
Utilizando a notação definida na Figura 33, a condição de superfície livre é imposta
recorrendo à definições (210) do campo de tensão para :
[ ( ) ]
∑{ } { } { } (211)
( )
(212)
√ ̅ (213)
̅
̅ (214)
̅ ̅
onde:
̅ (215)
Usando as definições das (212) a (215), e após algumas simplificações, o sistema (211)
pode ser reduzido à forma seguinte:
[ ]{ } { } (216)
onde,
̅
(217)
̅
( √ ̅ ) (218)
67
(219)
̅
para , e:
( √ ) (220)
(221)
{ } { } (222)
[ ]{ } , - (223)
(224)
0( ). √ ̅ / ( ). √ ̅ /1 (225)
É fácil concluir que os vectores próprios do sistema (216) são definidos por uma das
duas expressões alternativas:
( )( √ )
{ } ( )( √ ) (226)
( )
{ }
68
( )
{ } (227)
( )
{ }
Os valores próprios do sistema (216) são definidos impondo que seja nulo o
determinante do sistema (223) , encontrando-se a seguinte equação resolvente:
( √ )0 . √ ̅ / . √ ̅ /1 (228)
9.8 Conclusão
69
70
10 Aplicações Numéricas
10.1 Introdução
71
ki Parte Real (Re) Parte Imaginária (Im)
1 -0.51367 -0.0734362
2 -0.51367 0.0734362
3 0.51367 0.0734362
4 0.51367 -0.0734362
5 -1.07241 0
6 1.07241 0
-1
Tabela 1: Soluções de k para rads (solo não saturado)
Esses seis valores, obtidos pelo método de Newton, não dependem da frequência de
excitação, a qual intervém apenas na definição dos números de onda correspondentes. Pode-
se verificar que quatro raízes são complexas e duas são reais, representando ondas sem
decaimento no espaço, mesmo quando se considera o efeito do amortecimento, ver equações
(168), (173) e (176). Não se representam os campos de tensão e de deslocamento associados
às raízes reais da equação (176), uma vez que produziriam ondas de Rayleigh sem
decaimento com o afastar da origem da excitação sísmica.
Os valores próprios adimensionalizados obtidos para a mesma frequência no solo
saturado estão resumidos na Tabela 2. As ordens dos valores obtidos são bastante diferentes
dos relativos ao mesmo solo não saturado. Não estão incluídas na Tabela 2 duas raízes com
significado físico muito dúbio (da ordem de ), não tendo sido possível assegurar que a sua
identificação pelo algoritmo de solução de equações não lineares complexas resultava de
insuficiente precisão numérica.
72
a) Parte real da componente
73
Os resultados obtidos para o solo saturado com uma da mesma ordem de grandeza da
usada para ilustrar o comportamento do solo não saturado estão apresentados nas Figuras 36
e 37. Em termos relativos, verifica-se agora que o movimento é mais amortecido, devido à
presença da fase líquida, obtendo-se no entanto modos de tensão globalmente semelhantes.
74
a) Parte real da componente
75
a) Parte real da componente
76
a) Parte real da componente na fase sólida
77
a) Parte real da componente
78
Mantêm-se os padrões gerais obtidos para a onda de Rayleigh no solo saturado, sendo
no entanto agora muito mais expressivo o movimento relativo entre as fases sólida e líquida do
solo, com um forte amortecimento em extensão. Relativamente ao campo de tensões, a maior
diferença que se verifica é a concentração da variação da pressão na fase líquida na
vizinhança da superfície livre.
-1
Como se mostra nas Figuras 42 a 45, o aumento da frequência de 100 rads para 250
-1
rads traduz-se numa forte amplificação dos efeitos anteriormente ilustrados, mantendo-se, no
entanto, uma fraca variação dos valores próprios adimensionalizados da onda de Rayleigh,
resumidos na Tabela 4.
Para o modelo de fase única (solo não saturado), os resultados apresentados na Figura
42 mostram que o movimento no solo de fundação é fortemente localizado, apresentando o
campo de tensões um andamento semelhante, como se mostra na Figura 43. Os resultados
ilustrados nas Figuras 44 e 45 mostram que a presença da fase líquida no modelo de solo
saturado reforça o decaimento dos deslocamentos e das tensões.
A relevância destes resultados, que continuam a verificar exactamente a condição de
superfície livre e todas as condições de domínio em regime elastodinâmico linear, é
principalmente de ordem numérica. A estabilidade das soluções obtidas, tanto para baixas
como altas frequências, é uma condição central para garantir a robustez do programa de
elementos finitos para a análise tanto no domínio da frequência, em que geralmente se varre
um espectro bastante amplo, como nas análises no domínio do tempo usando uma base de
wavelets.
79
a) Parte real da componente
80
a) Parte real da componente na fase sólida
81
a) Parte real da componente
82
Interessa sublinhar que a determinação dessas amplitudes é feita de maneira distinta
nos ensaios que a seguir se apresentam e no programa de elementos finitos que este estudo
apoia.
No programa de elementos finitos as amplitudes são determinadas incluindo as soluções
obtidas para as ondas de Rayleigh na definição do campo de aproximação dos elementos, o
qual inclui, ainda, todas as soluções da forma homogénea da equação da onda,
designadamente, as famílias de ondas-P e de ondas-S anteriormente definidas. O sinal sísmico
é introduzido impondo os deslocamentos ou as acelerações registadas num ou mais pontos da
superfície, consoante a extensão do meio de fundação a analisar. A discretização em
elementos finitos permite modelar meios estratificados e a representação do sinal pode ser
imposta localmente (método da colocação) ou em média (método de Galerkin).
A simulação que aqui se faz corresponde a admitir que existe um único elemento e que o
meio é homogéneo, não permitindo, portanto, analisar meios estratificados. Para além disso,
admite-se que o sinal sísmico é medido num único ponto da superfície. Assim, o problema
consiste, essencialmente, em determinar quais são as amplitudes de uma combinação de
ondas de Rayleigh que, em cada instante, recuperam os deslocamentos medidos nesse ponto.
Portanto, a base de aproximação no espaço não contém as famílias de ondas-P e de ondas-S
que definem as soluções da forma homogénea da equação da onda.
Da aplicação deste método (de colocação) para a determinação das amplitudes pode
resultar um sistema resolvente com dependências (subdeterminado mas possível), sendo a
indeterminação aqui resolvida aplicando o método dos mínimos quadráticos. A depedência
decorre do número de soluções de Rayleigh para cada uma das frequências de excitação, cujo
número depende da dimensão da base de aproximação no tempo, a qual só pode ser definida
para um número discreto de instantes durante o período da análise, em consequência da
natureza binária das funções de aproximação (wavelets).
∑ (229)
Ensaiaram-se duas bases, uma com N=16 termos e outra com 32. O método de
integração no tempo gera, para cada base, N funções de aproximação, , e as
correspondentes frequências adimensionais, , a partir das quais se determinam as
frequências de excitação, , a partir da equação (114), ficando assim definida a informação
necessária para aplicar as regras de integração dos campos de velocidade e aceleração,
83
definidas pelas equações (21) e (22), admitindo um estado inicial de repouso, e
(230)
em que, tal como para a análise espectral, a matriz reúne as soluções das ondas de
Rayleigh anteriormente definidas e o vector define as correspondentes amplitudes.
̅ ∑ ̅ (231)
Esses valores são usados para impor o sistema (232) para cada onda,
̅ (232)
̅ (233)
84
(234)
encontrando-se a seguinte solução:
̅ (235)
10.3.3 Resultados
∑ (236)
85
0.02
0.04
0.08
0.12
0.16
0.20
0.24
0.28
0.32
0.36
0.40
0.44
0.48
0.52
0.56
0.60
0.64
86
0.02
0.04
0.08
0.12
0.16
0.20
0.24
0.28
0.32
0.36
0.40
0.44
0.48
0.52
0.56
0.60
0.64
Figura 47 – Campos de tensões para solos homogéneos com base N=32
87
0.02
0.04
0.08
0.12
0.16
0.20
0.24
0.28
0.32
0.36
0.40
0.44
0.48
0.52
0.56
0.60
0.64
Figura 48 – Campos de tensões e pressão para solos saturados com base N=16
88
0.02
0.04
0.08
0.12
0.16
0.20
0.24
0.28
0.32
0.36
0.40
0.44
0.48
0.52
0.56
0.60
0.64
Figura 49 – Campos de tensões e pressão para solos saturados com base N=32
89
Figura 50 – Campo de
deslocamentos, solos
homogéneos com base N=16
Figura 51 – Campo de
deslocamentos para solos
homogéneos com base N=32
90
Figura 52 – Campo de
deslocamentos no sólido para
solos saturados com base
N=16
Figura 53 – Campo de
deslocamentos no líquido
para solos saturados com
base N=16
91
Figura 54 – Campo de
deslocamentos no sólido para
solos saturados com base
N=32
Figura 55 – Campo de
deslocamentos no líquido
para solos saturados com
base N=32
92
11 Conclusão
Apesar deste relatório não o reflectir explicitamente, o trabalho aqui apresentado exigiu,
para além da formação já referida, a familiarização com programas de cálculo simbólico e de
representação gráfica, designadamente os programas “Wolfram Mathematica” e “TecPlot 9.0”,
[13], assim como a concepção e o desenvolvimento de programas em linguagem C.
O Capítulo 2 traduz uma aplicação prática de matérias de Análise Numérica. Foi
necessário testar as diferentes opções aí resumidas, e realizar diversos e exaustivos ensaios
para escolher a que melhor se adequava ao problema de aplicação, tendo-se implementando
alterações específicas à estrutura das raízes das equações que definem os valores próprios
das ondas de Rayleigh.
Relativamente ao tema do Capítulo 3, só uma pequena parte traduz matérias
curriculares (séries de Fourier). Para além da sua aplicação, serviu essa matéria para apoiar
um método de integração no tempo mais geral (a decomposição espectral não periódica) e,
ainda, experimentar a sua implementação usando uma nova base de aproximação (o sistema
de wavelets).
Os três capítulos seguintes resumem matérias curriculares utilizadas em diferentes
disciplinas do curso. São essenciais para fundamentar o estudo do tema que exigiu uma
formação adicional mais profunda, a modelação do comportamento dinâmico de solos,
resumida no Capítulo 7. Sendo uma matéria nova, optou-se por analisar primeiro (Capítulo 8) o
comportamento de sólidos homogéneos, os solos não saturados, para facilitar o estudo da
definição e do comportamento das duas principais famílias de ondas, as ondas-P e S, e a sua
combinação em ondas de Rayleigh. Esse estudo foi depois desenvolvido para analisar o
comportamento de solos saturados (Capítulo 9).
Os resultados apresentados no Capítulo 10 exigiram um grande esforço de
desenvolvimento e validação de novas rotinas e, também, da sua articulação com o programa
de elementos finitos [8] que este trabalho visa complementar. Os resultados apresentados
mostram que foram atingidos os objectivos inicialmente estabelecidos, designadamente a
generalização, ensaio e validação da base de aproximação usada nesse programa de modo a
incluir as soluções de ondas de Rayleigh e utilizá-las para simular a propagação de ondas
sísmicas em meios de fundação.
93
94
Apêndice 1: Raízes de Funções Não Lineares
Método da Bisecção
- Inicialização:
a0=a, b0=b, x0=a ou x0=b
- Ciclo:
Para m≥0
𝒂𝒎 𝒃𝒎
𝒙𝒎 𝟏
𝟐
Se 𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎 𝜺 ou 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝜺
Caso contrário,
Se 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝒇 𝒂𝒎 , então fazer
am+1=am e bm+1=xm+1
Se não, fazer,
am+1= xm+1 e bm+1= bm
- Inicialização:
a0=a, b0=b, x0=a ou x0=b
- Ciclo:
Para m≥0
𝒃𝒎 𝒂𝒎
𝒙𝒎 𝟏 𝒃𝒎 𝒇 𝒃𝒎
𝒇 𝒃𝒎 𝒇 𝒂𝒎
Se 𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎 𝜺 ou 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝜺
Caso contrário,
Se 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝒇 𝒂𝒎 então fazer,
am+1=am e bm+1=xm+1
Se não, fazer,
am+1= xm+1 e bm+1= bm
95
Quadro 2 Implementação do Método da Falsa Posição
- Inicialização:
- Ciclo:
Para m≥0
𝒙𝒎 𝟏 𝒈 𝒙𝒎
até 𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎 𝜺 ou 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝜺
Método de Newton
- Inicialização:
- Ciclo:
Para m≥0
𝒇 𝒙𝒎
𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎
𝒇 𝒙𝒎
até 𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎 𝜺 ou 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝜺
96
Método da Secante
- Inicialização:
- Ciclo:
Para m≥0
𝒙𝒎 𝒙𝒎 𝟏
𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎 𝒇 𝒙𝒎
𝒇 𝒙𝒎 𝒇 𝒙𝒎 𝟏
até 𝒙𝒎 𝟏 𝒙𝒎 𝜺 ou 𝒇 𝒙𝒎 𝟏 𝜺
97
98
Apêndice 2: Equação da Onda em Solos Não Saturados
(237)
[ ][ ], - { } (238)
( )
0 1{ } [ ], - , - (239)
( )
O campo de deslocamentos, , pode ser tomado como a derivada dos termos gradiente
e rotacional, de potenciais de funções escalares, , da seguinte forma:
(240)
O gradiente tomado, será a origem do aparecimento das Onda-P e Onda-S, podendo ser
da forma:
{ } (241)
̃ { } (242)
Onda-P
Utilizando (241) em (240) e substituindo-se em (239) resultará no seguinte sistema de
equações:
( )
2 (243)
( )
99
2 (244)
(245)
(246)
(247)
Onda-S
Utilizando agora o anti-gradiente, utilizando (242) em (240) e substituindo em (239),
obtém-se:
( )
2 (248)
( )
Da mesma forma que para a Onda-P, integram-se as equações desta feita em ordem a
a primeira e em ordem a segunda. Somando, resulta em:
( )
2 (249)
( )
(250)
(251)
(252)
Tanto para a Onda-P como para a Onda-S pode-se definir a equação de Helmholtz com
um índice , respectivamente Onda-P e Onda-S:
(253)
100
Apêndice 3: Campos de Deslocamento, Deformação e
Tensão em Solos Não Saturados
(254)
(255)
(256)
(257)
(258)
(259)
(260)
( ) (261)
Visto uma função exponencial nunca ser nula, para que a (261) tenha solução, é
necessário que se verifique a seguinte condição:
(262)
potencial escolhido é uma solução possível para a equação de Helmholtz, então o campo
{ } { } (263)
{ } { } (264)
101
Para os campos de deformações ter-se-á:
{ } { ( ) } { } (265)
( )
( )
{ } { } { } (266)
( )
̅ ̅ { ( )}
{ } {̅ ̅ { ( )}} { }
̅ { ( )} (267)
{ }
̅ { ( )} ̅ { }
{ } {̅ { ( )} ̅ { }} { }
̅ { ( )} ( )
(268)
{ }
( )
102
Apêndice 4: Equação da Onda em Solos Saturados
(269)
[ ] { }
[ ]
( ) (270)
( )
( )
{ ( ) }
Substituindo-se em (269):
( )
( )
( )
[ ]{ ( ) }
(271)
{ } , -
[ ]
O campo de deslocamentos, , pode ser tomado como a derivada dos termos gradiente
e rotacional, de potenciais de funções escalares, , da seguinte forma,
, - { } (272)
{ } (273)
̃ { } (274)
103
Ondas-P
Utilizando (273) em (272) e substituindo em (271) obtém-se:
( )
( )
( ) ( ) ( { }) (275)
( ) ( ) ( { })
{
( ) ( )
{ (276)
( ) ( ) ( { })
{ (277)
onde:
(278)
Uma vez que ambas as equações do sistema (277) tem de ser iguais então, para as
Ondas-P ter-se-á duas soluções e portanto duas ondas e consequentemente dois números de
onda:
(279)
(280)
104
Ondas-S
Utiliza-se para esta solução de onda o anti-gradiente (274) em (272), substituindo em
(271):
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
. 2 3/ (281)
. 2 3/
{
( )
{ (282)
( { })
{ (283)
(284)
(285)
105
106
Apêndice 5: Campos de Deslocamento, Deformação e
Tensão em Solos Saturados
(286)
(287)
(288)
(289)
(290)
(291)
(292)
( ) (293)
Visto uma função exponencial nunca ser nula, para que a (293) tenha solução, é
necessário que se verifique a seguinte condição:
(294)
2 3 { } { } (295)
107
2 3 { } { } (296)
( )
( )
{ } (297)
( ) ( )
{ ( ) ( )} { ( )}
( )
{ } { } (298)
( )
{ ( ) }
̅ { ( )} ̅ { ( )} ̅ { ( ) ( )}
̅ { ( )} ̅ { ( )} ̅ { ( ) ( )}
{ }
̅ { ( ) ( )}
{̅ { ( )} ̅ { ( )} ̅ { ( ) ( )}}
(299)
( ) [ ] ( ) [ ( ) ]
( ) [ ] ( ) [ ( ) ]
{ ( ) [ ] } { ( ) }
̅ { ( )} ̅ { } ̅ { ( ) }
̅ { ( )} ̅ { } ̅ { ( ) }
{ }
̅ { ( ) }
{̅ { ( )} ̅ { } ̅ { ( ) }} (300)
{ }
108
Apêndice 6: Propriedades do Solo de Ensaio
O solo “Molsand” é uma areia com uma matriz sólida incompressível com quartzo sub-
angular, em que o diâmetro do grão varia entre 0.07 e 0.6mm, conforme descrito em [8]. De
acordo com a notação anteriormente definida, o solo apresenta as seguintes características:
;
;
;
;
;
109
110
Bibliografia
[1] ARANTES E OLIVEIRA, E.R., E. BORGES PIRES, D. CAMOTIM, Mecânica dos Meios
Contínuos, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Departamento
de Engenharia Civil e Arquitectura, Secção de Mecânica Estrutural e Estruturas, 1991.
[3] CHOU, P.C., N.J. PAGANO, Elasticity: Tensor, Dyadic, and Engineering Approaches,
D. Van Nostrand Company, Inc., Princeton, New Jersey, 1992.
[4] CORREIA DOS SANTOS, F., Fundamentos de Análise Numérica, Vol.19, Ed. Sílabo,
2002.
[6] http://pasadena.wr.usgs.gov/info/smdata.html
[7] KREYSZIG, E., Advanced Engineering Mathematics, 8th Edition, Wiley, 2006.
[12] WANG, Z., H. HAO, Y. LU, Numerical Simulation of Blast Wave Propagation in Soil
Mass, Swets & Zeitlinger, Lisse, 2003.
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