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IV Simpósio do Noroeste de Minas Gerais de Ciências Agrárias

Agronegócio, Saúde e Meio Ambiente: Cenários e Tendências


05 a 07 de dezembro 2018
Unaí - MG

Hemograma de um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) vítima de


atropelamento
Ray César Silva (1,*) ,Ana Flávia Alves de Souza(1), Karolline Aires da Costa(1), Paulo Fernandes
Marcusso(1), Ricardo A. R. Uscategui(1), Amanda Melo Sant'Anna Araújo(1)
1
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, Unaí-MG

Resumo: Animais silvestres de vida livre são constantes vítimas de acidentes em estradas e
rodovias, dentre os casos mais comuns de atropelamentos está o tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), espécie considerada vulnerável pela União Internacional para
Conservação da Natureza. O objetivo deste trabalho foi avaliar o hemograma de um tamanduá-
bandeira macho adulto vítima de atropelamento em rodovia. O animal foi resgatado dia 10 de
outubro de 2018, pelo 28º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais (Polícia Ambiental e de
Trânsito) na região do noroeste de Minas e encaminhado ao Instituto de Ciências Agrárias da
UFVJM-Campus Unaí, apresentava-se apático e possuía algumas escoriações e lesões
maiores nos membros pélvicos. O animal foi examinado e apresentava 10 mpm de frequência
respiratória e 88 bpm de cardíaca, e temperatura de 35,9ºC (32,7-35,5ºC). Em seguida
coletou-se sangue por venopunção da safena medial, foi acondicionado em tubo com ácido
etilenodiaminotetracético dipotássico e encaminhado para o laboratório de Patologia Clínica.
Foram analisados a contagem total de número hemácias 1,73 x10 6/ul (2,05-2,67x106/ul) e
volume globular 29% (35-44 %), ambos abaixo dos valores de referência. A provável causa
desta anemia foi pela hemorragia, haja vista que havia uma fratura completa e com pequena
exposição no membro pélvico direito e as escoriações. No leucograma foi possível observar
leucopenia (8.085/ul; 8.990-14.750) por linfopenia (404/ul; 1500-2100) e eosinopenia (162/ul
570-1370), monocitose (243/ul, 150-230) e desvio a esquerda regenerativo (566/ul; 0). Os
valores de neutrófilos estavam dentro dos valores de referência (6.710/ul; 6.710-11.180). No
esfregaço foi possível observar neutrófilos hipersegmentados e outro com granulações tóxicas.
A linfopenia pode ter sido causada pela migração dos linfócitos ao tecido inflamado, além do
impedimento da diapedese dos mesmos pelo glicocorticoide aumentado nos momentos de
estresse sofridos pelo animal, o que explica também a presença de neutrófilos
hipersegmentados, destacando o fato de ser um animal selvagem de vida livre, que,
possivelmente nunca tenha sido contido ou manejado, tornando o procedimento ainda mais
estressante. A eosinopenia não possui significância clínica. A monocitose observada está ligada
ao processo inflamatório das lesões, assim como o desvio a esquerda regenerativo. Os
neutrófilos com granulações tóxicas podem ser o resultado de uma septicemia causada pelas
lesões teciduais. O valor das plaquetas era de 74.000, apesar de não haver valores de
referência, sugere-se que o animal tenha trombocitopenia baseado no histórico e na presença
de macroplaquetas, comuns como resposta a processos de consumo e/ou perda dessas
células. As proteínas plasmáticas totais estavam dentro dos parâmetros esperados para a
espécie.

Agradecimentos: 28º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais e Jardim Zoológico de Brasília.
*E-mail do autor principal: raycesarsilva@gmail.com

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