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SOTERIOLOGIA
INTRODUÇÃO
Desde a era patriarcal até o surgimento da teologia moderna permanece a divergência entre
o que esta verdade é em si mesma, e como ela é entendida e vivenciada. Há um movimento
popular entre a ênfase posta ora na ação divina, ora no esforço humano. Ora o peso da
argumentação é posto nos méritos da vida e morte de Jesus Cristo, ora a ênfase recai sobre os
méritos do esforço e obediência do homem. Esta tensão levada ao exagero conduz o pensamento
religioso ao extremo da graça barata ou ao do legalismo.
1
Ellen G. White. Patriarcas e profetas. 15º ed. (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1997), 73.
2
de ter um filho. O tempo da espera além da expectativa de Abraão o fez perder
a fé unicamente na promessa de Deus. (Gn 15:1-6).
a. “Por isso ele e sua esposa tentaram cumprir a promessa pelo esforço
próprio, suscitando um herdeiro através de Hagar” (Gn 16:1-4 cf.
17:15-22).
1. Adão – Deus rejeitou as vestes feitas por Adão. Deus mesmo é quem teceu
as vestimentas de peles, símbolo do sacrifício futuro do Messias. (Gn 3:21).
O Judaísmo nasceu depois do exílio. Sem pátria e sem templo, o povo de Israel manteve a
sua identidade através da sinagoga e da lei. Ao lado destas duas instituições deve-se agregar mais
dois fatores aglutinadores da alma judaica: 1º) a escolha eterna de Jerusalém, 2º) as promessas
incondicionais feitas a Davi de uma dinastia sem fim.1
A) Depois da destruição de Jerusalém não havia mais um culto nacional, mas uma
comunidade marcada pela adesão a uma tradição e à lei.
1. A ênfase na lei até certo ponto era justificada porque os profetas disseram
que o castigo era conseqüência da violação da lei e da aliança.
1
J. Bright. História de israel. (São Paulo: Editora Paulinas, 1975), 469.
2
J. Bright; 471, 472.
4
“A importância da lei no judaísmo não pode ser exagerada. Ela era um
fator central e integrante, em torno do qual todas as outras características
religiosas eram organizadas”.1
1
Ibid., 590.
5
III. OS CONFLITOS DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO
A. Este conflito teológico sobre a salvação manifestou-se no Novo Testamento sob dois
ângulos inter-relacionados.
1
Ellen G. White. Atos dos Apóstolos. (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1999), 404-405.
6
IV. A DOUTRINA DA SALVAÇÃO NO PERÍODO DOS PAIS ECLESIÁSTICOS (I AO V
SÉCULO AD).
1
Didaké, I, 2-5, “Coleção Patrística”, (Lisboa: Paulinas, 1960), 61-63.
2
Bengt Hägglund, Histôria da teologia, 4º ed. (Porto Alegre, RS: Concórdia Editora, 1989), 14,15; Louis Berkhoff,
A História das doutrinas cristãs (São Paulo: PES, 1992), 40.
3
Berkhoff, A História das doutrinas cristãs, 55; Hägglund, 24.
4
Paul Tillich, Pensamiento Cristiano y Cultura en Occidente (Buenos Aires: Editorial La Aurora, 1976), 64-67.
7
D. Pais Anti-Gnósticos (Irineu e Tertuliano, Final do II século - inicio do III século).
1
Ibid., 150; Hägglund, 67-69.
2
Tillich, 148- I 49; Berkhoff, A História das doutrinas cristãs, 120,121.
3
Hägglund, 111-118; Berkhoff, A História das doutrinas cristãs, 120-124.
9
ensinamentos de Gregório como fonte de mérito para o homem receber o
galardão da vida eterna. Seu pensamento teológico e suas realizações como
papa modelaram a vida e o pensamento da Igreja durante toda Idade Média.1
B. Concilio de Trento (1545 - 1563 AD, em três períodos 1545-1547, 1551-1552, 1562-
1563).
1
Hägglund, 119-125; Berkhoff, A História das doutrinas cristãs, 127,128; Earle E. Cairns, O Cristianismo através
dos séculos: uma história da igreja cristã, 2º ed. (São Paulo: Vida Nova, 1992), 132-136.
2
Tillich, 230-231.
3
Catecismo da igreja católica 5º ed (Petrópolis RJ: Vozes, 1993) 456-463.
10
jejum, a oração e a esmola nos livram da pena temporal, desta forma
se completa a ''satisfação'' pelo pecado1.
B. Contexto Histórico
3. Na década de 1860, Albert Stone disse que o adventismo de seus dias falava
''muito dos dez mandamentos. . . Mas tinha pouco de Cristo em seus
corações.''1 Embora declarações sobre Jesus Cristo, como a fonte da
justificação, aparecessem escassamente, a ênfase estava na perpetuidade da
lei, no esforço pessoal e nas obras2 Sendo, devido a isso, acusados por seus
opositores como legalistas e judaizantes.3
4. Desde 1856 até aos fins de 1880, Ellen White advertiu os adventistas
sabatistas inúmeras vezes de seu estado laodiceano, de sua religiosidade vazia
e da necessidade de arrependimento e contrição.4 Dos ministros ela disse que
seu coração era carnal, destituído da verdadeira bondade, e que alguns deles
nunca se haviam convertido.Eles eram como pastores perambulando com seus
rebanhos nas ''áridas montanhas de Gilboa”.5
5. Por sua vez a declaração das crenças fundamentais de 1872, redigidas por
Uriah Smith deixavam a impressão que os adventistas sabatistas eram
legalistas6 Comentando esse primeiro corpo de doutrinas, Schwarz diz que ''a
ênfase parecia estar no que o homem deve fazer antes do que naquilo que
Cristo fez e faria em e através de Seus seguidores.''7 As realizações
eclesiásticas dos primeiros 40 anos,8 embora boas em si mesmas, também
ajudaram a desviar o foco da direção de Cristo para as consecuções humanas.
5
George R. Knight, Angry Saints: Tensions and possibilities in the Adventist Struggle over Righteousness by Faith
(Washington, DC: Review and Herald, 1989), 23.
1
Ver: Albert Stone, Letter from Albert Stone (RH 29 de Janeiro de 1857), 101.
2
Spalding, 2:281-288; Arnold V. Wallenkampf, What Every Adventist Should Know About 1888 (Washington, DC:
Review and Herald Publishing House, 1988), 10.
3
Schwarz, Light Beares to the Remnant, 183.
4
E G White, Testimonies for the church, 5:219-220.
5
Idem., Obreiros evangélicos, 3º ed. (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 165.
6
Ver: [Uriah Smith], Declaration of Fundamental Principles: Taught and Praticed by the Seventh-Day Adventist
(Battle Creek, MI: Steam Press of the Seventh-Day Adventist Publishing Association, 1872).
7
Schwarz, Light Beares to the Remnant, 183.
8
Entre elas estavam a fundação da obra de publicações (1848), a organização da Igreja entre 1860 e 1863; a
liderança centralizada em poucos homens (1863-1901), o estabelecimento da obra médico-missionária e da reforma
de saúde (1863), a obra educacional (1872) e o alargamento da visão missiológica (1874-1901). Ver Ibid., 184.
12
C. Descrição da Crise
1
Knight, Anticipating the Advent, 72,73
2
Para melhor compreender as circunstâncias que fortaleceram as discórdias em Minneapolis, ver: Kinight, Angry
Saints, 16-19 (lei dominical), 31,32; 83-85 (conspiração da Califórnia); Roger W. Coon, Minneapolis/1888: The
“forgotten” Issue (documento publicado, Ellen G. White Estate, 1988), 11 (Níveis de inspiração segundo Butler);
Schwarz, Light Beares to the Remnant, 184, 187, 250-256 (outros fatores).
3
Para uma análise mais detida das diversas formas de abordagens sobre a crise cristológica de 1888, sob o prisma de
suas contribuições negativas e/ou positivas, verificar: Ellen G. White, diário de 13 de Março de 1903, CPEGW-BR;
Pease, By Faith Alone; A. V. Olson, Thirteen Crisis Years 1888-1901 (Washington, DC: Review and Herald, 1981);
Froom, Movement of Destiny; Wieland, The 1888 Message; Knight, From 1888 to Apostasy, Min. Fevereiro de
1988 (edição especial intitulada “1888-1988 Advance or Retreat?”.); Wallenkampf, What Every Adventist Should
Know About 1888; Ellen G. White Estate, comp., Manuscripts and Memories of Minneapolis: Selections from Not-
Ellen White Letters, articles, Notes, Reports, and Pamphlets Which deal With the Minneapolis General Conference
Session (Boise, ID: Pacific Press, 1988); Knight, Angry Saints.
4
“Introdução Histórica”, em: Ellen G. White, Testemunhos para ministros, 2º ed. (Santo André, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 1979), 23.
5
Froom, Movement of Destiny, 247.
6
A. V. Olson, 41, 42.
7
E. G. White, Mensagens escolhidas, 3:173-176.
8
E. G. White, Looking Back at Minneapolis, “manuscrito 24”, 1888 CPEGW-BR; Idem, carta 7, 1888 CPEGW-BR;
Idem, carta 179, 1902 CPEGW-BR. Ellen White considerou que Minneapolis foi o capítulo mais triste e doloroso de
sua própria vida. Ver: Idem, manuscrito 21, 1888 CPEGW-BR; Idem, manuscrito 30, Junho de 1889 em: Ellen G.
White Estate, The Ellen G. White 1888 Materials (documento duplicado, Ellen White Estate, 1987), 1:352-381.
13
3. Diante da conturbação que prevaleceu em diversos momentos da reunião os
delegados não tomaram nenhuma decisão sobre o tema da justificação pela fé.
Tal situação foi conseqüência do espírito reinante na assembléia, que foi
traduzido nas palavras de Ellen White comentadas por Arthur White: ''Satanás
fez sua obra com algum sucesso. Havia sentimentos em desarmonia e divisão.
Havia muito ciúme e ruins suspeitas. Havia muitos discursos, insinuações e
comentários não santificados”.1
10. Os diferentes pontos de vista sobre soteriologia nos anos de 1980 e 1990
fortaleceram ainda mais o ambiente de discórdia nos círculos adventistas.
Herbert Douglas, Ralph Larson e Jack Sequeira repetem a ênfase na
santificação e na perfeição do crente. Já Morris Venden vê a justiça pela fé
com ênfase no relacionamento entre a criatura e o Criador. A teologia de Ford,
por sua vez, compreende a expressão justiça pela fé como aplicada
unicamente a justificação, enfatizando que a ''santificação nunca se torna uma
parte da base da salvação.''5 A. Graham Maxwell e George Knight explicam o
processo da justificação como uma transação entre a justiça e o amor, para
poder oferecer misericórdia.6
1
Kenneth Wood, “Jesus made the Way Plain Parables”, AtR, 16 de Maio de 1974, 14,15, 24.
2
C. Mervyn Maxwell, “Christ and Minneapolis 1888”, AtR, 16 de Maio de 1974, 16-18.
3
A. Leroy Moore, The Theology Crisis: A Study in Righteousness by Faith (Amarillo, TX: Southwestern Publishing
Association, 1980), 3-9.
4
Geoffrey J. Paxton, The Shaking of Adventism (Wilmington, DE: Zenith Publishers, 1977). Esta obra foi publicada
em português sob o título, O abalo do adventismo (Rio de Janeiro: JUERP, 1983). Os detalhes deste momento da
crise soteriológica podem ser encontrados em Tarling, 186-197. para uma resposta ao conceito limitado de
justificação de Paxton, ver: William G. Johnsson e Hans K. LaRondelle, O Abalo do Adventismo analisado (São
Paulo: Gráfica do Instituto Adventista de Ensino, 1988).
5
John Reiber, Three Current Views on Righteousness by Faith in the S. D. A. Church, (Tese de Mestrado, Andrews
Univrsity, 1980), 35.
6
Martin Weber, Who’s Got The Truth? Making Sense out of Five Different Adventist Gospels (Silver Spring, MD:
Home Study International Press, 1994).
15
11. A crise soteriológica na década de 1990 possui, segundo Alberto Timm1 pelo
menos cinco tendências distintas: (1) ênfase na justificação e santificação2; (2)
ênfase na justificação3 (forense);
12. Segundo Martin Weber ''esta confusão expressa o dilema no qual milhares
de adventistas pensantes encontram-se. Quanto mais eles lêem sobre o
evangelho, mais confusos eles se tornam”.7
D. Superação da Crise
1
Alberto R. Timm, “A Partial Chronological/Topical Bibliography Related to the Seventh-Day Adventist Doctrine of
Justification by Faith” (Pesquisa não publicada, 1993). Ver também: Weber, Who’s Got The Truth?
2
Edward Heppenstall, Salvation Unlimited: Perspectives in Righteousness by Faith (Washington, DC: Review and
Herald, 1074); Hans K. LaRondelle, Christ Our Salvation: What God Does for Us and in Us (Barrien Springs, MI:
First Impressions, 1988); Wallenkampf, What Every Adventist Should Know About Being Justified; H. K.
LaRondelle, Perfection and Perfectionism: A Dogmatic-Ethical Study of Biblical Perfection and Phenomenal
Perfectionism (Berrien Springs, MI: Andrews University, 1979).
3
Desmond Ford, “Documents from the Palmdale Conference on Righteousness by Faith” (Palmdale, CA: Abril de
1976); Robert D. Brinsmead, Judged by the Gospel: A Review of Adventism (Fallbrook, CA: Verdict Publications,
1980).
4
M. L. Andreasen, O Ritual do santuário, 2º ed. (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1983); Herbert E.
Douglas e outros, Perfection: Impossible Possibility (Nashville, TN: Southern Publishing Association, 1975), 13-56;
C. M. Maxwell, “Ready for His Appearing”, em: Ibid., 141-200.
5
Morris L. Venden, 95 Teses sobre justificação pela fé (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990).
6
Douglas Hacleman, Worlds Apart (Monografia não publicada, Loma Linda University, 1978); Jack Provonsha, You
Can Go Home Again (Washington, DC: Review and Herald, 1982); Dick Winn, His Healing Love, Morning Watch
Book (Washington, DC: Review and Herald, 1986), 55; Idem, O amor que restaura, Meditações Matinais (Tatuí, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 1987), 55; Charles Scriven, God’s Justice, Yes; Penal Substitution, No, Sp 23 (Outubro,
1993), 31-38.
7
Weber, Who’s Got The Truth, 5,6.
8
Schwarz, Light Beares to the Remnant, 186-188; Wallenkampf, What Every Adventist Should Know About 1888,
32-41; Robert W. Olson, “1888 – Issues, Outcomes, Lessons”, Ministry, February of 1988, 5-7; Idem, “1888 –
Desfecho, Frutos e Lições”, MA, Maio/Junho de 1988, 4-18.
9
A. V. Olson, 252-311; Pease, By Faith Alone, 135-144.
10
G. R. Knight discute a extensão do endosso dado por Ellen White à pregação de Jones e Waggoner e conclui que
este apoio se restringe ao cristocentrismo que eles apresentaram em sua mensagem. Ver: Knight, Angry Saints, 43-
52. Ellen White disse aos delegados que “via a beleza da verdade na apresentação da justiça de Cristo em relação à
16
publicação das obras de Ellen White entre 1892 e 1898 que exaltavam a
pessoa de Cristo e Sua salvação (Caminho a Cristo, O Maior Discurso de
Cristo, O Desejado de todas as Nações e Parábolas de Jesus).
lei, conforme o doutor [E. J. Waggoner] nos tem exposto... o que têm sido apresentado se harmoniza com a luz que
Deus por bem dar-me durante todos os anos de minha experiência”. Ellen G. White, manuscrito 15, Novembro de
1888, em: Ellen White Estate, The Ellen G. White 1888 Materials, 1:163-171.
1
Ellen White fala de sua participação em determinado concílio ministerial na pregação da justiça pela fé. Ver: Ellen
G. White, diário, 27 de Fevereiro de 1891, CPEGW-BR.
2
A. L. White, Ellen White, 3:416-433, 452-492.
3
Ibid., 3:457.
4
E. G. White, Testimonies for the Church, 6:89.
5
W. C. White para Dores A. Robinson, carta, 10 de Setembro de 1895, em: Ellen G. White Estate, Manuscripts and
Memories of Minneapolis, 290.
6
Uma resposta à acusação de pecado corporativo pode ser encontrada em: Froom, Movement of Destiny, 357,358;
George E. Rice, “Arrependimento coletivo”, MA, Junho de 1988, 23-26.
17
7. A organização do Righteousness by Faith Committee em 1973,1 o encontro
de Palmdale em abril de 1976,2 a carta aberta do Pr. Neal C. Wilson de 1979,3
a reunião de 150 eruditos e lideres na capela central da Associação Geral em
outubro de 1979, e a publicação do documento O Plano da Redenção
permitiram direcionar a crise Soteriológica para uma discussão mais ampla do
tema,4 sem, contudo poder-se falar de uma suplantação definitiva da crise.
7
Para informações sobre os detalhes da controvérsia com Robert Brinsmead, ver: Tarling, 186-198; Robert D.
Brinsmead, “Sabbatarianism Re-Examined”, ver. 4 (Junho de 1981), 6-70.
1
N. R. Dower, “Righteousness by Faith”, Min, Agosto de 1976, 5-9.
2
Comissão de Palmdale, “Christ Our Righteousness” RH, 27 de Maio de 1976, 4-7.
3
Neal C. Wilson, “A Open Letter”, Min, Junho de 1979, 10-11.
4
Editorial, “The Righteousness by Faith Consulation”, Min, Dezembro de 1979, 13.