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A BANALIZAÇAO DA INJUSTiÇA SOCIAL
E dedicado a proble-
mática do trabalho
em tempos de
globalização. Nele,
o autor marcha na contra-
POR MARIA HELENA T. DE ALMEIDA LIMA
Doutora em Serviço Social pela PUC-SP.
Professora Adjunta da Faculdade de
Serviço Social.
"é um espaço de experi-
mentação da iniquidade",
tanto para as vítimas, como
para os beneficiários do sis-
tema. Com essa perspecti-
mão dos estudiosos que vêm analisando a va e, em continuidade com outras publicações
adesão ao discurso economicista, quer como suas 0988 - 1997), Dejours investiga o pro-
impotência diante do inevitável, quer como blema do sofrimento no trabalho, entendendo
explicação da capitulação ao capital global, que essa questão é não apenas, uma questão
face a ausência de alternativas. Contra essa política crucial mas também um problema teó-
disjuntiva que parece aprisionar a análise ao rico. Nesse campo ele sublinha o que chama
"fato" e ao "mito", Dejours, de forma singular, de "erro histórico" da esquerda em geral, que
abre uma brecha para dizer que, o que colo- teria reduzido o problema do sofrimento no
ca a Razão Econômica acima da Razão Políti- trabalho, "a mero reflexo do individualismo
ca, é menos a falta de alternativa à crise e favorecedor do egocentrismo pequeno bur-
mais o indício de um aumento progressivo da guês e reacionário". Essa linha de reflexão e
tolerância para com a injustiça. O autor de- de prática favoreceu, segundo ele, o afasta-
senvolve essa tese, tomando como núcleo mento dos trabalhadores do movimento sindi-
de investigação, o sofrimento no trabalho. cal, e fortaleceu o aparecimento de "uma nova
Diferente dos que falam do Fim do Trabalho, cultura empresarial", fundada no elogio do
Dejours reafirma a natureza paradoxal do Tra- mercado. O autor avalia, que essas duas cha-
balho no Mundo Moderno; mediador de reali- ves de análise embora divergentes, se funda-
zação do ego e fonte de emancipação e ram numa perspectiva economicista e se
democracia, o Trabalho é também e, cada vez indaga: Serão as leis econômicas o resultado
mais, fonte de Sofrimento. Nessa chave o pro- de leis inexoráveis ou elas são muito mais, o
blema que ele se coloca é: por que uns acei- fruto da construção de homens e mulheres? É
tam infligir sofrimento a outros enquanto estes essa última perspectiva que orienta a sua in-
consentem em padecer o sofrimento? De saí- vestigação sobre o aumento da tolerância para
da, observa-se que ele se centra mais nas com a injustiça, nos últimos anos. Opondo-se
motivações subjetivas da dominação do que àqueles que explicam esse fenômeno pela
na lógica da dominação. Isso não significa que falta de uma ideologia substitutiva ao
abre mão da idéia de que a dominação é algo economicismo, Dejours defende a idéia de
intrínseco ao Modo de Produção capitalista e que o crescimento da tolerância para com o
as formas de exploração validadas pelo intolerável, é o resultado da cumplicidade da
neoliberalismo; é graças "a forma de domina- sociedade como um todo com as teses
LIMA, MARIA HELENA TENÓRIO DE ALMEIDA. A BANALlZAÇÁO DA INJUSTiÇA SOCIAL ..• P. 134 A 135 135