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A face oculta do mundialismo verde

Pascal Bernardin
http://www.euro92.org/edi/biblio/bernardin2.htm

Tradução de Joel Nunes dos Santos e Roberto Mallet

Os visitantes deste site já conhecem o nome de Pascal Bernardin, tanto pela alusão
que a ele fiz no meu artigo “Ideário do absurdo” quando pelos comentários de Charles
Lagrave no link O império ecológico e o totalitarismo planetário. Agora encontrei esta
conferência dele na página do Instituto Euro 92 (onde há dezenas de outras leituras
importantíssimas), e não pude deixar de transcrevê-la aqui com algumas notas minhas,
malgrado minha falta de tempo para traduzi-la. Se algum visitante puder fazer a
tradução e enviá-la a olavo@olavodecarvalho.org, terá prestado um esplêndido
serviço a todos. – O. de C.

Nota do Instituto Euro 92

Desde o fim do comunismo, o socialismo bate em retirada ao conceder mais espaço aos
mecanismos que deixam uma maior margem de liberdade aos comportamentos
individuais. Contudo, a ameaça não desapareceu. Embora não se trate de grandes leis
históricas que fariam do Proletariado o instrumento e o veículo do Progresso, trata-se
da Ecologia – mais precisamente, das elites científicas e ecológicas que se
autodenominaram os messias dos novos tempos – que pretendem impor seus objetivos
como elementos reguladores da liberdade dos indivíduos. No texto a seguir, Pascal
Bernardin, autor de “O Império ecológico” mostra como o problema da gestão dos
“bens comuns” é hoje em dia utilizado como álibi para recriar completamente as regras
da justiça e da moral, sempre pretendendo manter-se no estrito limite de uma crítica
liberal. Este texto é a transcrição de uma conferência pronunciada ao Instituto Euro 92
no dia 14 de abril de 1999.

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Permitam-me, de início, apresentar-me. Sou politécnico e doutor em informática.


Ensino informática fundamental, quer dizer, matemática da informática na
Universidade de Aix-Marseille III.

Esclareço-o porque irei tratar de questões científicas muitas vezes debatidas, em


particular a questão do efeito estufa.
Vim falar de minha obra intitulada O Império Ecológico, lançada em dezembro de 98, a
qual trata da ecologia em suas principais dimensões, com a notória exceção dos
aspectos jurídicos e educativos.

No curso desta conferência, vou mostrar como e em que medida a política e os temas
ecológicos se articulam com os dois fenômenos políticos maiores do último decênio e
do fim do século, a saber, a perestroika e a emergência da Nova Ordem Mundial.

As questões ecológicas são as questões fundamentais que envolvem todos os


domínios: domínio econômico, político, constitucional, financeiro, e às vezes o ético e
o religioso. Trata-se, portanto, para mim, de uma questão verdadeiramente central,
que retoma certas idéias liberais mas que vai muito além delas.

De início, na primeira parte desta intervenção, quero falar dos objetivos mantidos
pelas elites pós-comunistas que permaneceram de pé, malgrado o desaparecimento
do comunismo e da queda do muro de Berlim, as quais, hoje em dia, estão integradas
no conjunto das elites ditas mundialistas, alojadas no coração das instituições
internacionais. Vocês notarão a diferença entre mundialismo e mundialização.
Conservo o termo mundialismo para descrever a emergência das forças políticas em
nível mundial; reservo o termo mundialização para a emergência de um mercado
global e de instituições econômicas e financeiras globais.

A situação política do último quarto de século tem sido marcada pela queda do muro
de Berlim, e simultaneamente pela instauração de uma “Nova Ordem Mundial”
proposta pelo presidente George Bush. Considero que a análise desses dois
fenômenos permanece ainda muito incompleta. Com efeito, nenhuma explicação real
do fenômeno da perestroika foi dada. Além do mais, os objetivos precisos da
mundialização e do mundialismo permaneceram muito vagos. Dito de outro modo,
estamos, atualmente, num vazio conceptual absoluto; vazio que toca os dois
elementos principais da vida política mundial deste fim de século. Tais são os
elementos que vou pôr em evidência, adotando a ecologia como fio condutor.

No que se refere ao mundialismo, vou basear-me exclusivamente nos textos oficiais


das instituições internacionais – e eles são extremamente numerosos –, como Our
Global Neighbourhood (1995 – Oxford University Press), um relatório da Comissão
sobre o Governo Global (Comission on Global Governance). É uma comissão
estabelecida sob a égide da ONU, que inclui membros eminentes e de elevadíssimo
nível, em particular Jacques Delors, atualmente Presidente da Comissão européia.

De um outro ponto de vista, vou referir-me a Ethics and Spirituals Values, relatório
redigido pelo Banco Mundial, centrado nos valores éticos e espirituais para um
desenvolvimento durável; quer dizer, para um desenvolvimento ecologicamente são,
ou pelo menos pretendido tal.

Enfim, e não o menor deles, a um documento oriundo da conferência de Copenhague,


organizado pelas Nações Unidas (Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, de 6
a 12 de março de 1995), com o título de As Dimensões Éticas e Espirituais do
Desenvolvimento Social.
Para as referências à perestroika, apoio-me igualmente em documentos públicos, que
não têm a mesma autoridade porque não possuem a chancela das Nações Unidas,
contudo escritos por Gorbatchev e Chevernadze entre outros.

Da Perestroika à ecologia

Para começo de conversa, que é a perestroika? Contrariamente ao que a mídia quer


nos impingir, é algo diferente da queda do muro de Berlim sob um incontido impulso
democrático. A perestroika é, na realidade, um movimento que foi planejado desde o
fim da década de 1950. Sua descrição chegou-nos de um certo Goligsyne, oficial
superior da KGB, que mudou para o Ocidente no fim dos anos 1960. Encontramos seus
escritos num relatório que estava destinado aos Serviços Secretos, mas também numa
obra pública que apareceu antes de 1985 e da chegada ao poder de Gorbatchev. Que
diz ele? Que a perestroika é um processo socialista revolucionário, inspirado na Nova
Política Econômica de Lênin: que ela está destinada a reestruturar (perestroika
significa reestruturação) o socialismo na URSS e não a erradicá-lo. Sobretudo, trata-se
de reestruturar a imagem que os ocidentais podem ter do socialismo em geral.

Descartando completamente a tese de um complô mundial, minha convicção é que é a


reunião dos temas revolucionários, que permanece de pé atualmente, contidos na
perestroika, que se encontra no coração da política ecológica. Não existe acaso. É
possível lembrar que Gorbatchev, em seus escritos, diz explicitamente que a ecologia é
um veículo revolucionário. Hoje em dia, Gorbatchev é o Presidente da Cruz Verde
internacional.

Falemos agora dos objetivos do poder mundialista. Este poder pretende,


evidentemente, tirar proveito, ao mesmo tempo, tanto da experiência democrática
como da liberal – as referências aos elementos liberais são numerosas, não obstante
considerando-as num quadro que não tem, na realidade, muita coisa a ver com o
liberalismo – a fim de, delas, fazer uma síntese orientada por um objetivo na verdade
coletivista. Este poder parte do princípio – liberal! – de que toda coerção está voltada
ao fracasso, que os métodos não coercitivos, que deixam nos governados a ilusão de
liberdade, são os que devem ser utilizados para chegar ao objetivo pretendido.

A idéia de recusar a coerção e fazer apelo apenas ao sentimento de liberdade é uma


idéia fundamental utilizada por um grande número de pensadores. Penso, por
exemplo, em Antônio Gramsci, o revolucionário do início do século, que sempre achou
que a política stalinista era um erro, que ela não poderia senão conduzir ao fracasso da
Revolução, muito simplesmente porque era preciso, antes, proceder a uma revolução
cultural – uma revolução da superestrutura ideológica – para, em seguida, ser bem
sucedido na condução desta revolução na infraestrutura. Isto é o exemplo típico de
uma idéia não coercitiva, que denominarei também não aversiva (para retomar uma
certa terminologia de psicologia social), cujo objetivo visa, primeiramente, à cultura,
antes de tentar modificar o estrato econômico.

Outras correntes de idéias desenvolvem a mesma relação: como por exemplo B.


Skinner, o fundador de uma escola de psicologia – o Behaviorismo – que, em
substância, diz que o homem é uma máquina à qual basta dar estímulos positivos para
obterem-se boas respostas. Skinner diz também, de maneira ainda mais explícita, que
a repressão é inútil: que, ao contrário, os reforços não-aversivos – quer dizer, as
recompensas – são sempre extremamente úteis para modificar o comportamento dos
indivíduos. Os reforços aversivos, eles, provocam a oposição e a crispação dos
indivíduos e da sociedade, e estão, em conseqüência, fadados ao fracasso.

Uma aplicação das teorias do controle

Outros trabalhos de psicologia social dedicam-se a desenvolver esta relação. Penso na


psicologia do engajamento, uma teoria psicológica segundo a qual modifica-se
eficazmente os comportamentos, e, em conseqüência, os valores, ao levar as pessoas a
se engajar (no sentido de dirigismo), e, portanto, proibindo-se, por isso, toda prática
aversiva.

Vemos assim surgir uma diferença fundamental entre poder e controle. O exercício do
poder é a técnica tradicionalmente adotada por todos os Estados do planeta. Ela tem
como principal defeito chocar-se contra a revolta latente dos indivíduos que lhes estão
submissos. O exercício do controle é uma técnica toda diferente, que consiste em
colocar as pessoas num quadro tal que elas desfrutarão de um sentimento de
liberdade, às vezes de grande liberdade, ao tempo em que esta liberdade será, na
realidade, estreitamente canalizada num quadro fixado pelos governantes. Esta
oposição entre controle e poder permite assegurar a síntese de numerosos trabalhos,
e de compreender o que está a caminho de ocorrer tanto no Ocidente quanto no
antigo bloco comunista.

As idéias que presidem tanto à perestroika quanto à instauração da Nova Ordem


Mundial são uma aplicação das teorias do controle. Elas pretendem modificar os
quadros que organizam nossas ações em todos os domínios. Os quadros (âmbitos) são
numerosos: religiosos – os principais âmbitos mentais são fornecidos pela religião –,
éticos – citados nos documentos abaixo mencionados –, ideológicos. Mais
freqüentemente, trata-se de reorganizar a cultura e os objetivos de nossa sociedade
com relação a um “objetivo supra-ordenado” – quer dizer, um objetivo final da
socidade em torno do qual todos os demais objetivos se ordenam.

Eis-nos portanto confrontados, devido a nossos problemas ecológicos, com um


inimigo, que não é mais comunista, mas coletivista. O inimigo, sempre socialista, está
sempre vivo, e, embora esteja imerso na cultura liberal, persegue sempre a velha idéia
de realizar a síntese do “socialismo de mercado”, porém por outros meios.

Uma descrição mais científica da lógica deste movimento revolucionário articula-se em


torno da teoria dos sistemas e da teoria do caos. Para os que não estão familiarizados
com estes conceitos, vou descrever a teoria do caos a partir de um exemplo muito
simples. Se alguém coloca um cigarro no meio desta sala, a fumaça a encherá muito
rapidamente. Porém, a fumaça vem quase que de um único ponto, da ponta do
cigarro, e cinco minutos mais tarde, as parcículas de fumaça preencherão toda a sala.
Este exemplo significa que as partículas de fumaça, que estão inicialmente em
posições muito próximas, podem, ao cabo de um tempo relativamente curto,
encontrar-se nas posições extremamente afastadas, às vezes totalmente opostas. A
característica de um sistema que se encontra numa situação de caos é que ele pode
evoluir em diereções radicalmente opostas.

De um ponto de vista construtivista – quer dizer, do ponto de vista de indivíduos que


querem agir sobre a sociedade para conduzí-la a uma certa condição – esta
experiência significa que, se é possível escolher uma partícula de fumaça, e se se
conhece precisamente a evolução das partículas de fumaça, pode-se escolher aquela
que se encontra em tal lugar, lá onde se deseja que ela chegue. Se uma partícula não
se encontra lá onde se deseja conduzí-la, basta deslocá-la muito levemente desde o
início – desde as condições inciais, como dizem os cientistas – para que ela acabe lá
onde se deseja que ela esteja. A característica de uma situação de caos seria tal que
permitira modificar radicalmente a evolução futura, sempre introduzindo apenas leves
modificações na situação inicial. Para usar uma linguagem mais abstrata, dir-se-ia que
uma situação caótica se controla com as forças muito fracas, como o deslocamento
quase que infinitesimal das partículas de fumaça da ruim à boa posição inicial.

Se se transporta esta relação ao domínio social, ao domínio econômico e ao domínio


político, as conseqüências são, evidentemente, imensas.

Segundo a teoria dos sistemas, caso se queira modificar a trajetória da partícula de


fumaça, aquele que estiver fora deste sistema, deverá fazer parte de um sistema de
ordem superior. Devemos então imaginar que o subsistema inferior, a fumaça, está
submissa a um sistema de ordem superior – por exemplo, ao experimentador, este
podendo estar também submisso a um outro sistema, digamos, por exemplo, a um
sistema jurídico, ele também condicionado por sua dependência a respeito de um
quarto sistema de uma ordem ainda superior, como o sistema legislativo, e assim por
diante. Temos, portanto, uma hierarquia de sistemas onde cada um dentre eles pode
intervir sobre o sistema de nível imediatamente inferior graças a forças muito fracas.
Portanto, o sistema (a fumaça) pode ver suas trajetórias modificadas graças às forças
infinitesimais, aplicadas por um operador do qual se poderá, caso ele se encontre
numa situação caótica, modificar o comportamento por meio de forças igualmente
muito fracas, o processo repetindo-se indefinidamente de um nível a outro. Assim, se
admitimos uma hierarquia sistêmica de universos caóticos, podemos manipulá-los com
forças muito fracas em cada nível.

Conciliar um liberalismo aparente com um construtivismo sempre real.

Não descrevi, no caso presente, nada mais que as instituições de poder internacional
que estão na iminência de se estabelecerem, com uma hierarquia de níveis, em
princípio mundial, depois continental, regional, nacional, departamental, municipal,
etc.

A particularidade desta teoria dos sistemas, quando aplicada às ciências sociais, é


permitir, em teoria, conciliar liberalismo – um liberalismo “aparente” – e coletivismo –
mas um coletivismo bem “real”; o que, do ponto de vista midiático e político, não é,
bem entendido, nêutro.
Temos assim um subsistema que está em baixo, o dos atores econômicos, numa
situação aparentemente liberal; depois, acima, as instituições internacionais, que não
canalizam necessariamente a ação desses atores econômicos, mas modificam suas
antecipações manipulando a moeda, o orçamento, as legislações ou as regras do
comércio internacional. Temos, então, um dirigismo real no alto e, para as
necessidades intermediárias, uma suficiente aparência de liberalismo em baixo. Temos
exatamente a mesma coisa no domínio político, com uma democracia aparente e um
dirigismo, às vezes um totalitarismo, totalmente reais. Em baixo vota-se, mas o quadro
dentro do qual se efetua o voto é predeterminado desde cima.

Lembro a vocês que o mundialismo é o movimento que se identifica com a emergência


de forças políticas mundiais, no primeiro nível das quais está a ONU. Esta representa
uma verdadeira força política mundial. Ela responde a uma lógica que, de um lado, lhe
é interna; de outro lado, o mundialismo dá-se por objetivo a criação de uma nova
civilização, como se verá na seqüência de minha explicação. Não nos iludamos: temos
necessidade de instituições internacionais em certos domínios; tais domínios, porém,
são, de fato, pouco numerosos.

Depois de ter mostrado os métodos, vou agora falar dos objetivos.

O primeiro, tal como está claramente expresso em todos os documentos citados, é


diminuir, ou pelo menos estabilizar, a população humana, com números variáveis
segundo as fontes. Há textos que falam de quinhentos milhões de pessoas! É o caso,
por exemplo, de Jacques-Yves Cousteau, para quem a população humana não deveria
ultrapassar meio bilhão! de pessoas.

Um segundo objetivo é o de impor, graças à influência da mídia, mas também por


meio da lei, valores ecológicos que implicam numa profunda modificação de nossos
valores. É assim que alguns chegam mesmo até a pretender criar uma nova religião,
que se apoia numa nova espiritualidade, como abertamente o dizem certas obras às
quais já me referi.

Terceiro objetivo: a equalização mundial dos salários. Os textos são superabundantes e


totalmente explícitos. Eles revelam uma obsessão igualitarista que tende à equalização
dos salários em todo o planeta. O que resulta, bem evidentemente, num controle da
economia, das riquezas e da finança.

Uma vez que se tenha esses objetivos na cabeça, não é difícil compreender que a
ecologia constitui uma formidável alavanca para assegurar sua realização.

O falso processo da camada de ozônio

Referir-me-ei, em princípio, ao buraco na camada de ozônio, depois ao efeito estufa. E


para isto, começarei pela questão dos “objetivos supra-ordenados” dos quais já falei.

Trata-se de um conceito de psicologia social, desenvolvido, por exemplo, nos trabalhos


de Mustapha Shérif. Em substância, diz-nos, dois grupos antagonistas – ou pelo menos
aparentemente antagonistas – não podem chegar a cooperar ou a se aproximar a
menos que exista um objetivo suscetível de focalizar o conjunto de suas energias. Este
objetivo, qualificado de “supra-ordenado”, deve amalgamar todos os outros objetivos,
em particular aqueles dos atores individuais, mas também congregar os Estados, os
ministérios, ou toda outra organização dirigente. Isto significa reinventar o
totalitarismo, caso se lembre que, no passado, os “objetivos supra-ordenados” foram
os da raça, da classe ou de uma casta.

Enquanto que o buraco na camada de ozônio nada mais é que um balão de ensaio, o
efeito estufa, ele, é verdadeiramente concebido e apresentado como um “objetivo
supra-ordenado” maior. Penso, por exemplo, em Al Gore, quando ele diz que é preciso
criar uma nova civilização, cuja proteção do meio-ambiente será o pivô.

Interroguemo-nos sobre a realidade desses fenômenos. O buraco na camada de


ozônio , como, sem dúvida, você se lembra, foi o símbolo de uma época quando a
abertura do jornal televisado das 20 horas se fazia freqüentemente com uma imagem
em cores falsas representando a Antartica e o buraco, este enorme buraco que,
diziam-nos, crescia inexoravelmente e ameaçava cobrir todo o planeta, absorver-nos,
queimar-nos, com, em conseqüência, um aumento considerável e inelutável do
número de cânceres de pele, mutações genéticas incontroláveis, ou ainda a destruição
inevitável da bio-diversidade (porque algumas espécies são mais sensíveis a ele que
outras).

Desde então, o gás acabou. E, desde há muito, não se escutou mais falar do buraco na
camada de ozônio.

O que é preciso reter? Um pequeno artigo de cinco centímetros e meio por quatro e
meio, do prêmio Nobel de química Paul Crutzen, na página vinte quatro de um número
do jornal Le Monde: “quando as previsões apocalípticas foram noticiadas”, lia-se, “não
se conhecia exatamente a amplitude da deterioração da camada de ozônio. Agora,
sabe-se que os danos serão mínimos. A demonstração tem sido feita, de que a camada
de ozônio deteriora-se num rítmo muito lento.” Este é o ponto-de-vista de numerosos
outros cientistas.

Tem-se dito que o buraco seria causado pelos CFC (Cloro-Fluor-Carbono), um produto
químico que se encontra principalmente nas geladeiras. Esses CFC foram fabricados
industrialmente após a segunda guerra mundial, e sua produção em massa marcou os
anos 1960, época do grande boom econômico.

Ora, a comunidade científica conhecia o buraco na camada de ozônio – a literatura


científica disso dá fé – desde 1929; quer dizer, pelo menos trinta anos antes da
produção intensiva dos CFC ter começado. Eles não podem, portanto, ser a causa do
fenômeno.

Mas sua existência serviu maravilhosamente aos desejos de certas organizações


internacionais – notadamente a Organização Meteorológica Mundial, sempre em
busca de maiores orçamentos para financiar suas pesquisas. É ela que iniciou a grande
campanha de sensibilização das opiniões públicas. Por isto, os cientistas que lhe deram
apoio – como Paul Crutzen, antes de ele mudar, parece, de ponto-de-vista –
desenvolveram os modelos matemáticos complexos que demonstravam – diziam-nos –
que os CFC rejeitados pelo homem destruiriam inexoravelmente a camada de ozônio.
Mas esses modelos eram, na realidade, baseados em bases experimentais
extremamente frágeis e incompletas.

Hoje em dia está quase que admitido e provado que esses modelos eram incapazes de
simular a realidade, portanto, que eles eram falsos.

Como já disse, a literatura científica mostra claramente que, desde 1929, portanto,
muito antes da produção em massa dos CFC, o buraco na camada de ozônio era já uma
realidade. Ele resulta de um fenômeno natural que existe desde sempre e que se
observa em lugares extremamente afastados, principalmente o Polo Sul. O que está
em causa é principalmente a atividade vulcânica natural do globo. Os vulcões lançam
infinitamente mais Cloro na atmosfera que os CFC. Por exemplo, citarei o Monte
Érebo, um vulcão da Antártida em constante erupção, que lança permanentemente
milhares de toneladas de gases, notadamente os compostos clorados, justamente no
lugar onde se situa o famoso buraco na camada de ozônio.

Dispomos hoje em dia de numerosos elementos que vão em sentidos totalmente


incompatíveis com a tese das mídias que acusam o homem de autor deste crime
ecológico.

Dito isto, as conseqüências econômicas e políticas, elas, são verdadeiramente reais.

Haverá, em princípio, a criação de órgãos internacionais encarregados de controlar a


evolução do buraco, e de incitar os Estados a impedir este processo destruidor. Elas,
porém, têm-se mantido relativamente discretas, com relação ao que se passa num
outro front, o do efeito estufa.

Há em seguida o efeito midiático e psicológico que se traduziu pela introdução na


consciência coletiva de um sentimento novo: o de uma autêntica responsabilidade
mundial que envolveria tanto os russos, os chineses, os americanos, quanto os
europeus (porque, na atmosfera, todos os dejetos terminam por se misturar). Assim
apareceu, e se impôs, a idéia de que se estava verdadeiramente em face de um real
problema comum, que era preciso necessariamente gerir em conjunto.

Assim, criou-se um sentimento de interdependência, o qual conduz as opiniões


públicas a considerar que sua sorte está doravante ligada aos dejetos de CFC que
poluem o outro lado do planeta. Recuar admití-lo designa quem o faça,
automaticamente, como cúmplice de um empreendimento de destruição do planeta.
Difunde-se assim um sentimento de fidelidade, não mais a uma comunidade local,
nacional, talvez européia, mas a uma comunidade mundial. Este fator psicológico
representa um fato político de primeira grandeza.

A impostura do efeito estufa

Agora, falemos do efeito estufa. Ele resulta, dizem-nos, do aquecimento do gás


carbônico lançado na atmosfera pela combustão da madeira, do gás natural ou do
petróleo. Esta ameaça é terrificante, porque dela deveria resultar uma elevação da
temperatura terrestre média, compreendida entre dois e cinco graus. O nível dos
mares poderia elevar-se algumas dezenas de centímetros. As doenças tropicais elevar-
se-iam em nós e o ciclo da água potável em seu conjunto seria totalmente perturbado.

Tratar-se-ia, portanto, de um problema verdadeiramente global, que envolveria todo o


planeta, porque toda atividade humana implica numa produção de energia, portanto
de emissão de gás carbônico. É um problema econômico global que envolve toda a
sociedade, na menor de suas atividades, como dirigir ou se deslocar. Todo o domínio
social, político e institucional estará fatalmente envolvido. Mesmo o domínio ético,
porque, na avaliação do perigo infinito que esta ameça faz pesar sobre o planeta, é
preciso, dizem-nos, modificar todo nosso sistema de valores, inclusive os valores
espirituais.

É preciso igualmente adaptar o direito internacional, modificar também todo o sistema


educativo.

Está-se então em presença de um fenômeno “sistêmico”, quase que em seu estado


puro, e que envolve todos os domínios da liberdade e da organização dos seres
humanos.

A Comissão Trilateral, cujos membros representam, exclusivamente eles, quase que


sessenta por cento das forças econômicas do planeta, evoca claramente o objetivo de
uma redução do consumo de energia nos países desenvolvidos compreendido entre 20
e 60%. Deixo que vocês imaginem o que isto significa em termos econômicos.

Do ponto-de-vista científico, o que se pode pensar disso? Duas escolas digladiam. A


primeira, a escola dos liberais, mantida pelos sábios americanos de renome, fala
explicitamente de impostura. A segunda escola é a dos revolucionários que, desde o
fim dos anos sessenta, não param de anunciar uma catástrofe iminente. Para eles, é
incontestável que a temperatura já começou a aumentar, e inclusive que o nível dos
mares já sofreu um sensível fenômeno de elevação. Na realidade, os que falam assim
baseiam-se, uma vez mais, em modelos muito incompletos, aproximativos, e portanto
completamente falsos, segundo o ponto-de-vista mesmo dos sábios, os mais rigorosos
e os mais objetivos.

Todas as previsões deduzidas destes modelos até aqui sempre se revelaram inexatas,
muito afastadas da realidade. A mais bela prova de seu erro repousa em sua
incapacidade de dar uma simulação aceitável das evoluções climáticas do passado. As
equações que utilizam são muito simplificadas. Notadamente, elas não integram os
fenômenos de ondas planetárias, que desempenham, neste domínio, um papel
importante.

Os trabalhos mais rigorosos, e que não se apoiam unicamente sobre modelos de


simulação matemática, sugerem que há, efetivamente, um certo aumento da
temperatura devido ao gás carbônico. Eles não negam que as emissões humanas
possam exercer uma influência sobre a evolução dos climas. Contudo, eles mostram
que esta influência é extremamente fraca – da ordem de 0,5 grau apenas –, que ela
está no limite do imperceptível, e que ela não representa, de fato, grande coisa com
relação às flutuações climáticas naturais que se registram ao longo dos séculos.

Não devemos esquecer que o clima é um elemento que varia permanentemente. Por
outro lado, meio grau de aquecimento seria antes uma boa coisa, porque o aumento
da concentração de gás carbônico, que o provocasse, beneficiaria mais que
prejudicaria o crescimento das plantas, portanto à agricultura, às florestas, e mais
geralmente à vida – porque esta se baseia, em princípio, no fenômeno da fotossíntese.

Talvez seja possível identificar alguns efeitos secundários negativos bem


insignificantes; contudo, fundamentalmente, os ecologistas convencem apenas a eles
mesmos, e os que desejam ser convencidos.

De fato, o efeito estufa é principalmente imputável às modificações da atividade solar,


o sol sendo o principal vetor de influência do clima. Os cientistas observam esta
influência desde há uns cinqüenta anos. Mesmo que não compreendamos ainda todos
os seus mecanismos, é um fenômeno que se torna cada vez melhor conhecido.
Destarte, é bem conhecido, igualmente, que os elementos contingentes, como a
modulação da irradiação galática, exercem uma influência sobre a evolução da
cobertura das nuvens e assim modificam a maneira pela qual uma parte dos raios
solares é reenviada em direção ao espaço.

Portanto, que dizer disso, senão que isto com o que tratamos nada mais é que uma
grande “escroqueria”? A maioria dos sábios se esforça em resistir a esta dupla
impostura midiática e política (porque os políticos, caso realmente quisessem, teriam
todos os elementos à sua disposição para saber do que verdadeiramente se trata).

O princípio de precaução, retorno ao pensamento mágico

As conseqüências desta impostura são gigantescas, porque elas envolvem todos os


domínios, quer sejam econômicos, éticos ou espirituais. É preciso então bem
compreender o que está envolvido. Principalmente tudo o que deriva da ativação do
famoso “princípio de precaução” ao qual todo mundo se refere hoje em dia cada vez
mais abertamente.

Substancialmente, este princípio diz toda ação deve ser proibida, uma vez que não
esteja provado de maneira indiscutível que ela não introduzirá efeitos negativos.

Fato essencial, este princípio de precaução se encontra desde já, de fato, integrado no
direito, tanto no direito internacional quanto no direito francês. Não se trata apenas
de uma fantasia de intelectuais. Porém, de um instrumento extremamente poderoso
que nos imerge diretamente no universo do pensamento mágico. Com efeito, caso se
o siga ao pé da letra, resulta que desde que alguém vislumbre um perigo, ainda que
imaginário, cria-se uma regra de direito que nos proibe tudo que poderia concretizar
este perigo (imaginário) e nos ordena expressamente fazer o que poderia minimizá-lo.
Deste modo, se um ecologista afirma, de maneira convincente (mas puramente
retórica) que queimar petróleo aumenta a temperatura da atmosfera, mesmo que
ninguém de fato nada saiba a respeito, e se não existe nenhuma prova científica,
resulta do princípio de precaução que esta afirmativa se torna ipso facto verdadeira do
ponto-de-vista do direito, e desencadeia efeitos jurídicos(1).

A culminação de uma tal conclusão é, logicamente, conduzir à suspensão de toda


atividade econômica, e de toda atividade tout court! Concretamente, trata-se somente
de limitar a atividade econômica dos países desenvolvidos, de maneira, dizem-nos, que
favoreça a recuperação dos países subdesenvolvidos. Eu sou, bem entendido,
favorável ao desenvolvimento dos países subdesenvolvimentos, mas por que frenar o
desenvolvimento dos outros?

Para terminar, quero voltar aos objetivos do movimento mundialista e invocar,


momentaneamente, um texto extraordinário. Trata-se do Report From The Iron
Mountain (1967, trad. francesa de 1984 sob o título La Paix Indésirable? [A Paz
Indesejável?] – relatório sobre a utlidade das guerras)(2). Seu tema: a utilidade
econômica das guerras. Mais exatamente, na perspectiva da convergência entre o
sistema soviético e o sistema americano – portanto da desaparição das guerras – como
substituir, com alguma outra coisa, o papel econômico que o sistema militar-
econômico supria?

Sob inúmeros aspectos, é um relatório delirante. Mas existe de fato um tema, daquela
época, e um debate muito vivo, nos Estados Unidos, do qual os maiores intelectuais do
país têm participado. Ele tem-se beneficiado de uma cobertura máxima da mídia.

Entre as soluções propostas como substitução ao sistema militar-industrial, apareceu a


da criação de uma ameaça ecológica fictícia que permitiria cumprir uma “missão”.
Qual missão? No espírito dos autores, trata-se de encontrar o meio de conservar ao
Estado um mínimo de controle efetivo sobre o aparelho econômico. Dito de outro
modo, de utilizar a regulamentação ecológica para manter nas mãos do Estado uma
capacidade de ação econômica (mas também psicológica), que substituirá aquela da
qual ele dispunha no passado, em virtude das despesas armamentistas.

Este texto remonta aos anos 1965-1967. Mas nós sofremos sua posteridade. No O
Império Ecológico, mostro como toda uma corrente, representada hoje em dia pelo
vice-presidente americano Al Gore, inspira-se nesta problemática.

A conseqüência de tudo isto, hoje em dia, são os protocolos adotados quando da


conferência de Kyoto: cotas de gás carbônico, venda e revenda dessas cotas...Disso
resultará que a produção baixará nos países desenvolvidos e aumentará nos países
subdesenvolvidos. Haverá deslocamentos massivos de indústrias, de capitais, de
tecnologia, talvez mesmo de mão de obra e de competências. Dito de outro modo, o
ponto de chegada de toda esta manipulação científica, midiática, e política,
corresponde, muito diretamente, ao que eram os objetivos de partida formulados nos
anos 1970 pelos mantenedores da “Nova Ordem Mundial”.

Mas tudo isso se faz, hoje em dia, sob a cobertura de uma linguagem assim dita liberal,
em nome do liberalismo. A característica desta nova ideologia do poder é a de nos
afirmar que, desde a desaparição do comunismo, estamos livres para fazer o que
quisermos; mas, atenção, somente dentro de certos limites, determinados pelo nível
de emissão de gás carbônico aceitável! Assim, encontram-se conciliados uma certa
aparência de liberalismo, com um construtivismo e um dirigismo totalmente reais,
porque isto que aí se encontra é um encontro “sistêmico” caracterizado, onde os
atores econômicos de nível inferior estão livres para fazer o que querem, mas num
quadro pré-determinado pelas instituições internacionais, em particular as que estão
encarregadas das questões do efeito estufa.

Ecologia, a alavanca de um desvio do estado de direito

Quais são os elementos do liberalismo que este sistema conserva? O primeiro,


psicologicamente o mais importante, é a ilusão da liberdade individual. É a herança de
todos os trabalhos de psicologia social que estabeleceu de maneira firme que não se
pode governar um país ou fazer funcionar uma economia, nem funcionando como os
soviéticos, nem autorizando-lhe uma autonomia muito grande dos atores. O sistema
atual integra esta crítica, porque nele você encontra uma liberdade individual que é
muito considerável, com uma aparência de pluralismo, mas que integra um ponto que
não é permitido submeter a discussão: a questão do efeito estufa.

Tem-se então um sistema complexo, auto-organizado, sem controle aparente, com


uma ordem social espontânea. Tem-se igualmente um estado de direito, outro
elemento fundamental. Portanto, aparentemente e do ponto de vista da mídia,
estamos num estado de direito. Somos governados por leis, e não por homens ou
ditadores. Mas essas leis, regras abstratas, inscrevem-se no seio de um quadro que é
predeterminado pelas instituições internacionais, em particular aquelas encarregadas
do efeito estufa, que estão em condições de exercer uma influência decisiva sobre
todas as atividades econômicas.

Somos portanto governados pelas leis. A repressão está reduzida ao mínimo. Estamos
libertos de todo sistema totalitário, para entrar em alguma coisa que tem as
aparências de uma sociedade de direito. Mas não se trata senão de aparências de uma
sociedade aberta, porque esta sociedade, uma vez mais, inscreve-se num quadro que
já foi pré-fixado. Há, de alguma maneira, instrumentalização, desvio das idéias liberais,
pela base, do caráter central dado à gestão coletiva de certos “bens comuns” tais
como a atmosfera. A gestão desses “bens comuns” é o álibi, a alavanca que permite,
hoje em dia, chegar a ponto de recriar completamente as regras da justiça e da moral,
sempre pretendendo permanecer no reto caminho da crítica liberal. Isto permite
manipular os valores ou as atitudes, manipular as normas sociais e a sensibilidade.

A propósito da concepção marxista evocada no início de minha intervenção, vou tratar


da modificação da superestrutura pela modificação das regras que se aplicam à
sociedade.

Esta síntese “sistêmica” oferece, no nível inferior, uma aparência de sociedade aberta,
mas com um escalão superior que se dedica a gerar as regras finalizadas, de onde
resulta uma sociedade que só possui as aparências da abertura. Não estamos mais
numa sociedade aberta. Dela, só possuímos sua aparência. É uma sociedade fechada,
que se inscreve na lógica de um tal arranjo.
O objetivo, ao qual retornarei, é nada menos que criar uma nova civilização. De
maneira global, tem-se alguma coisa que lembra, muito, uma manipulação da
concepção de Deus(3).

A este respeito, os textos das instituições internacionais são explícitos. Eles nos
mostram que a ecologia resume-se geralmente a uma vontade de conduzir os
indivíduos a uma concepção pagã da natureza, onde é a natureza que é a divindade. O
que é assim claramente buscado é uma modificação explícita da concepção do
homem, de Deus, da natureza, do mundo...portanto, uma modificação das concepções
culturais de fundo de nossa civilização.

Nossa civilização está fundada sobre uma concepção judeu-cristã do homem, quer se
trate de cristão, judeu ou mussulmano. Este paradigma – o homem, um ser desejado e
criado por Deus –, está na base do nosso Direito.

Desde quando se compreende que a concepção do homem no Universo está


fundamentalmente sendo questionada – “o homem, este ser nefasto e poluidor” –,
tem-se igualmente compreendido que a ecologia pretende finalmente nada menos
que uma inversão desta concepção, para pôr, em seu lugar, a coletividade. O homem
entra, aí, em segundo lugar. Passa-se do homem, enquanto indivíduo, ao homem
como membro da coletividade. O totalitarismo não está morto.

Notas de Olavo de Carvalho

(1) No mesmíssimo sentido, e talvez mais fundo ainda, vai o esboço de “código penal
cultural” da Unesco, que comentei em O Futuro do Pensamento Brasileiro (2a. ed., Rio,
Faculdade da Cidade Editora, 1998). -- O. de C.

(2) Uma análise extensiva desse documento encontra-se em The Grening. Plot for
Environmental Control, de Larry H. Abraham, cujo texto integral será em breve
reproduzido neste site. -- O. de C.

(1) Não há de ser coincidência que um dos principais instrumentos teóricos concebidos
para essa manipulação – o “princípio de precaução” – tenha sido criado logo por um
cérebro como o do prof. Hans Jonas, o mais famoso historiador da gnose. Isto não só
vem confirmar a tece célebre de Eric Voegelin sobre a origem gnóstica dos
totalitarismos modernos, mas enfatizar a necessidade urgente de uma compreensão
mais clara do fenômeno gnóstico, compreensão à qual nada contribui o alarmismo
delirante de certos católicos ultraconservadores que, numa verdadeira “lógica dos
gatos pardos”, como diria Ortega y Gasset, distribuem o rótulo de gnose (no sentido
estrito de Hans Jonas) a tudo quanto lhes pareça estranho, temível ou heterodoxo,
incluindo as manifestações mais ortodoxas da mística islâmica e judaica. Voltarei a este
assunto. -- O. de C.

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