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7.4 Princípios fundamentais ..................................................................... 44
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50
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1 DIREITO APLICADO À INFORMATICA1
Fonte: www.cpst.org
A Ciência do Direito, forjada através dos tempos, hoje se depara com notáveis
dilemas postos pela Sociedade do Conhecimento. A Informática tem semeado novas
noções de tempo e espaço, maximizando as potencialidades humanas e
transformando as relações sociais e econômicas.
À medida que se multiplicam as conexões estabelecidas em redes de
comunicação eletrônica, o campo normativo afeto a questões cotidianas se alarga.
Nesse diapasão, os tradicionais ramos do Direito se enriquecem com novas pautas
para aplicação, porém se tornam mais carentes de transversalidade em sua
integração sistêmica.
Visto sob a perspectiva histórica, o Direito tem a capacidade de adaptar-se a
novos fenômenos e de refleti-los. Com o mundo da Internet não poderia ser diferente.
Portanto, neste momento incumbe aos operadores do Direito a compreensão
das novas possibilidades existentes, para darem conta com maior eficácia dos
desafios de hermenêutica que ora se estendem por todas as áreas do Direito.
Parte desta compreensão se refere a como a disciplina jurídica do universo da
Informática deve ser situada na taxonomia da Ciência do Direito e a como deve ser
aplicada na prática.
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1.2 Direito da Informática: ramo autônomo? Área de especialização?
Fonte: imagens.tiespecialistas.com.br
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Efetivamente, a história da composição de conflitos de interesses na civilização
ocidental se confunde com a evolução das iniciativas centradas na ideia-força da
busca de sistematização.
A ordenação das diversas regras e princípios informadores do ordenamento
jurídico enseja a visualização de um autêntico sistema, desde cedo dividido em
grandes ramos, conforme identificação de valores e grupamento de interesses
próprios.
O gênio romano vislumbrou a divisão do Direito em dois grandes grupos,
compondo a summa divisio. Em que pese a divisão entre Direito Público e Direito
Privado ser negada por alguns, ou ora restar superada, há aqueles que, a exemplo de
Orlando Gomes, ainda a aceitam. Canaris, em aprofundado estudo, destaca a relação
intrínseca entre direito e sistema, integrando o direito objetivo num contexto axiológico
e finalístico consubstanciado por princípios.
Autores mais modernos entendem, todavia, que o Direito do final do século XX
e início do século XXI é cada vez menos comprometido com um ideal abstrato de
sistema e com uma unidade inexistente, e cada vez mais preocupado em ser um
sistema aberto e pluralista, empenhado na realização dinâmica do direito.
Em paralelo a tais digressões doutrinárias, a crescente particularização de
interesses sociais e de seu tratamento normativo justificou novas divisões na estrutura
dos ramos do Direito, sob o crivo dos requisitos exigidos pelos doutrinadores quanto
ao reconhecimento da autonomia de um novo ramo.
Assim, na visão de Alfredo Rocco, a autonomia do Direito Comercial como ramo
do Direito deveu-se à sua amplitude, à existência de doutrinas calcadas em conceitos
distintos de conceitos informadores de outras disciplinas, e à existência de método
próprio para o estudo do objeto das suas investigações.
Por seu turno, Jean Calais-Aulois observa que, durante longo tempo, o único
critério de classificação das disciplinas jurídicas foi a natureza das regras (direito civil,
direito comercial, direito penal, direito processual, direito administrativo), e que este
critério foi paulatinamente substituído por considerações funcionais.
Para Tércio Sampaio Ferraz, o objeto e o método são o que distingue a Ciência
do Direito, donde se pode inferir que distinguem também cada ramo, individualmente.
Nesse passo, cabe perguntar: enquanto enfeixamento das relações jurídicas
subjacentes ao mundo da Informática, o Direito da Informática consiste, efetivamente,
em área autônoma?
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Mais especificamente: se pode constatar no Direito da Informática a existência
de princípios próprios, método característico, e suficiente acervo normativo? Em
outras palavras, diante da nova concepção do Direito — como um sistema múltiplo e
plural, comprometido com o seu resultado prático —, qual é o papel desempenhado
pelo Direito da Informática?
A propósito de tais questões, vale notar que, quando institucionalizaram o
ensino do Direito da Informática, as autoridades comunitárias europeias assinalaram
que ele apresenta diferencial metodológico, substancial acervo normativo, e
relevância social.
A particularidade metodológica reside no raciocínio indutivo, que, partindo da
compreensão das especificidades da Informática, as enquadra no âmbito do Direito,
em contraposição ao tradicional raciocínio dedutivo, que parte de abstrações jurídicas,
moldadas por um momento histórico, o da Revolução Industrial, bastante diferente do
atual.
A produção normativa, por sua vez, é considerável e de crescimento
exponencial, na medida em que convergem para a Informática (principalmente, para
a Internet) as preocupações contemporâneas com privacidade, segurança,
responsabilidade civil, propriedade intelectual etc.
A relevância social, por fim, é manifesta, pois interessa à sociedade o estudo e
o tratamento integrados das múltiplas facetas jurídicas do desenvolvimento,
exploração e uso da Informática, as quais hoje alcançam a todos, direta ou
indiretamente.
A julgar pelas constatações resumidas nos parágrafos precedentes, o Direito
da Informática reúne, substancialmente, as condições formais e materiais requeridas
para se candidatar ao reconhecimento como ramo autônomo ou como área de
especialização.
Entretanto, carece de abordar aspecto possivelmente mais importante, o de
sua funcionalidade nos meandros do sistema jurídico, vale dizer, a forma como seus
princípios atuam e se relacionam com os princípios informados pelos diversos ramos
do Direito.
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2 HISTÓRIA DA INFORMÁTICA
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percepção da importância de automatização de processos de gestão, e de outras
razões.
Já o Direito da Informática, que se nutre exatamente dos questionamentos
sobre aspectos jurídicos e sociais decorrentes da Informática, amplia cada vez mais
o seu escopo, a ponto de, hoje, no extremo, se perquirir sobre os limites da sua
identidade e sobre sua possível “diluição” em face da assimilação segmentada de
suas especificidades por parte dos ramos tradicionais do Direito.
A evolução histórica da informática teve como marco inicial o ábaco, de origem
oriental, que o ocidente conhece desde o século III A.C., e é utilizado por alguns
Países do Ocidente, até os dias de hoje, sendo considerado o primeiro computador
do mundo.
Entre os séculos XVII e XIX, os matemáticos e filósofos John Napier (1614),
Blaise Pascal (1624), G.W. Von Leibnitz (1671), Thomas de Colmar (1818) e Charles
Babbage (1822) desenvolveram trabalhos na pesquisa daquilo que viria a ser o
computador, como hoje o concebemos.
O Americano Herman construiu em 1898 a primeira máquina para
processamento de estatísticas demográficas do Censo Americano, reduzindo o
trabalho de dez para dois anos. Criou-se assim a Tabulating Machine Company, que
mais tarde tornou-se a International Business Machines, mais conhecida como IBM.
Fonte: searcharchives.vancouver.ca
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Alan Turing (1912), matemático inglês, possibilitou a construção do primeiro
computador digital eletrônico a válvula, projeto esse que passou a ser chamado de
Colossus. O matemático húngaro John Von Newman é considerado o arquiteto do
computador moderno.
Em 1951, Eckert e Mauchly construíram a Remington-Rand. Em seguida,
surgiu o primeiro computador a ser produzido comercialmente:
Daí houve um desenvolvimento generalizado, iniciando nos Estados Unidos,
com o lançamento do IBM 701, e, na sequência, em países da Europa. Atualmente, o
Japão e a Correia colocam-se na frente do desenvolvimento tecnológico em todo o
mundo.
Nos anos 60, surgem os computadores de 4.ª Geração; ou seja, a INTEL que
projetou o microprocessador que veio a constituir a base para os microcomputadores
atuais.
O primeiro microcomputador colocado no mercado foi o ALTAIR. Em 1974, Bill
Gates, estudante da Universidade de Harvard, junto com Paul Allen, desenvolveram
o sistema operacional do ALTAIR, e, um ano depois, os dois fundaram a Microsoft.
Fonte: upload.wikimedia.org
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automáticos”, o que levou ao consenso de que a máquina jamais foi concebida para
substituir o homem.
Assim, segundo os críticos, estar-se-ia criando a Juscibernética como
informática do Direito, hipótese que, em sentido lato sensu, conceberia o Direto como
objeto da Informática, e não a Informática como objeto do Direito. O certo é que, in
casu, a Informática não representa senão uma ferramenta do Direito, e não o contrário.
O termo informática é um neologismo de origem francesa, derivado da
expressão information automatique, adotada por Philippe Dreyfus em 1962, por
analogia com o termo inglês datamation, forma aglutinada de data automation
(automação de dados).
Decorridos anos de constantes transformações tecnológicas constatou-se a
necessidade de se criarem normas para disciplinar as relações sociais, descortinando
assim as primeiras leis capazes de impor limites a determinadas situações. Foi então
que nasceu a informática jurídica.
O que não se imaginava é que a sociedade fosse projetar-se ao ambiente virtual
de forma tão rápida que nem as próprias leis pudessem acompanhá-la.
O Direito da Informática vem passando por muitas dificuldades, em face dos
novos desafios das responsabilidades advindas de suas relações, com todas as
consequências legais que daí decorrem, e em virtude da natureza ágil, dinâmica e
principalmente informal dos contatos pelo computador.
O manto que separa os agentes da informática e transforma a máquina no meio
da informação faz do mundo virtual um desafio na procura de novos mundos e a
facilidade e a segurança que ele pode nos fornecer.
Não existe nenhum outro meio tecnológico que se tenha desenvolvido tanto e
com tanta velocidade como o dos computadores, os quais se encontram inseridos em
todos os ramos profissionais existentes, de forma direta ou indireta.
Considerando o princípio omnis potestas a lege, fica evidente que a informática
está diretamente ligada e subordinada ao Direito, e, em face da grande evolução dela,
o ordenamento jurídico procura acompanhar essa constante propagação, de tal forma
que o Direito jamais poderá ser o mesmo.
Muito se tem dito que os computadores são instrumentos que estão alterando
o mundo moderno, à medida que racionalizam, organizam e aumentam a qualidade
das tarefas do profissional do Direito. Todavia, surgem desse meio tecnológico dois
novos segmentos do Direito:
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O Direito Civil da Informática e o
Direito Penal da Informática, que formam, lato sensu, o relacionamento
entre Direito e Informática.
Fonte: www.redefonte.com
O Direito Penal pode ser definido como o ramo do direito público dedicado a
cumprir e regular as normas criadas pelo Poder Legislativo para reprimir e prevenir
que ocorram atos delituosos, estipulando para estas sanções. Logo, o Direito Penal
tem o papel de definir o crime, afim de que as ações realizadas possam ser
caracterizadas como tais, assim como para este mesmo crime, estipular uma pena ou
sanção.
Entende-se que o Direito Penal visa proteger os denominados bens jurídicos
fundamentais, definidos pelo Prof. Figueiredo Dias como "expressão de um interesse
de uma pessoa ou da comunidade, integridade do Estado, vão-se sentar na própria
pessoa ou na comunidade".
Fonte: direcionalescolas.com.br
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O meio de prova utilizado na informática é o mesmo que no meio convencional
utilizado pelo Código de Processo Penal. No futuro, as regras relativas à admissão da
prova na informática deverão harmonizar-se num plano de caráter internacional.
O art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal estabelece: “São inadmissíveis no
processo as provas obtidas por meio ilícito. ”
O art. 332 do CPC diz que “todos os meios legais bem como os moralmente
legítimos ainda que não especificados neste código são hábeis para provar a verdade
dos fatos em que se funda a ação ou a defesa.”
Fonte: statig1.akamaized.net
Para que a prova eletrônica tenha eficácia jurídica é essencial que tenha
credibilidade, confiança e fiabilidade como reproduções de fatos, que terá que se
firmar em dois pilares: genuinidade e segurança. Um documento só pode ser
considerado genuíno quando não sofreu nenhum tipo de alteração e só poderá ser
considerado seguro, quando for difícil de realizar alterações nele, aliado também à
facilidade de se perceber quaisquer alterações que por ventura venha a sofrer e, por
fim, à possibilidade de se reconstituir o original.
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O imbróglio jurídico principal está firmado. As informações digitais têm em sua
essência a característica de serem reproduzidas livremente e também de poderem
ser alteradas à conveniência daquele que a está manuseando. Todo e qualquer
arquivo digital possui diversas “camadas” que podem ser alteradas de acordo com o
conhecimento do usuário que o está manipulando, sem contar ainda, que o sistema
computacional geralmente altera algumas informações apenas com a visualização.
A busca da verdade, então, é um desafio ainda maior quando se trata de fatos
que envolvem sistemas digitais. Por exemplo, é possível que qualquer pessoa altere
uma foto digital, colocando ou retirando elementos para que fique ao seu gosto.
Porém, existem técnicos com conhecimento suficiente que podem realizar alterações
diretamente no arquivo, sem a necessidade de programas de edição de imagens. Por
certo que o nível de exigência de conhecimento técnico é muito mais elevado neste
caso, mas a possibilidade é real e existe. Nem por isso a foto digital não deve ser
utilizada dentro do processo, mesmo com a exigência do CPC de que deve vir
acompanhada de negativo, vez que atualmente são praticamente inexistentes
equipamentos que utilizem o negativo, com o mercado comercializando quase que
exclusivamente máquinas digitais. Destarte, não bastará apenas alegar a falta de
negativo da fotografia, mas sim impugnar a prova produzida.
O magistrado, e as partes também, obviamente, enfrentam assim um desafio a
mais ao tentarem provar um fato que dependa de arquivos eletrônicos, pois a “prova”
propriamente dita não bastará para a comprovação do fato alegado, quem a produziu,
provavelmente, também deverá provar que não houve qualquer tipo de alteração ou
adulteração, ou seja, há no mínimo dois fatos a serem comprovados, o que dificulta
ainda mais a obtenção da verdade dos fatos.
Assim, além da prova eletrônica trazida aos autos, testemunhas podem e
devem corroborar, auxiliando a busca da verdade.
Também é comum atualmente em processos relacionados ao uso da tecnologia
envolvendo crimes de calúnia, difamação ou injúria e também os de indenização por
danos morais serem baseados na identificação do usuário por meio do endereço IP.
O endereço IP, numa conceituação extremamente simplista, é um identificador que
todo e qualquer dispositivo eletrônico que acessa a Internet possui. É impossível
acessar a grande rede sem possuir um endereço IP.
A crença da maioria dos operadores do Direito é que tal identificador é confiável
o suficiente para que haja a responsabilização de determinado indivíduo. No entanto,
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existem inúmeras tecnologias que contrariam tal suposição, inclusive, que são usadas
a todo o momento pelas empresas que possibilitam a conexão com a Internet, sem o
conhecimento do usuário.
Assim, a realidade apresentada hoje em nosso país é que o endereço IP pode
ser totalmente negligenciado pelas empresas responsáveis pelo acesso à Internet, e
por tal motivo, tivemos a seguinte decisão em um caso concreto:
“Ação civil pública ajuizada pelo Estado do Rio de Janeiro em face de Google
Brasil Internet Limitada. Defiro os efeitos da antecipação de tutela para que o
réu: a) mantenha IP de criação de qualquer comunidade ou perfil e conserve
registros periódicos de “log” das comunidades; b) crie e mantenha sistemas
aptos a identificar existência de perfis, comunidades ou páginas dedicados à
pedofilia, interrompendo imediatamente seu funcionamento, comunicando tal
fato imediatamente ao Estado e preservando, por um ano, os “logs”
realizados até então; c) crie e mantenha sistemas aptos a identificar (em
especial por meio de ferramenta que busque palavras constantes de lista a
ser fornecida e atualizada pelo Estado) existência de perfis, comunidades ou
páginas dedicadas à apologia ao crime, inclusive de marcação de brigas/rixas
entre torcidas de agremiações esportivas rivais, comunicando a existência ou
suspeita de existência imediatamente ao Estado, viabilizando ao Estado o
acesso pleno ao respectivo conteúdo, preservando, por um ano, os “logs”
realizados e interrompendo seu funcionamento ou limitando seu acesso, caso
assim seja determinado pelo Estado; d) crie e mantenha sistemas e canais
que permitam a qualquer usuário devidamente identificado, que tenha sido
diretamente ofendido por conteúdo veiculado em perfis, páginas ou
comunidades, requerer a supressão de tal conteúdo; e) promova campanha
midiática a ser realizada na própria página do Orkut com o objetivo de alertar
pais e responsáveis acerca dos riscos de utilização da rede mundial de
computadores, e, em especial, do Orkut, fixando em 120 dias o prazo para a
implementação de tais medidas, sob pena da incidência de multa diária no
valor de R$50.000,00. Juíza Simone Lopes da Costa, da 10ª Vara da Fazenda
Pública do Rio de Janeiro, processo número 0228160-97.2010.8.19.0001.”
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5 REGULAMENTAÇÃO JURIDICA DA INFORMATICA NO BRASIL E SUA
EVOLUÇÃO
Fonte: image.slidesharecdn.com
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5.1 Proteção jurídica do software
A Lei nº 9.609, de 1998, em seu art. 1º, define programa de computador, sendo
que esse artigo, em verdade, é uma repetição do parágrafo único do art. 1º da Lei no
7.646, de 1987.
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de Autor. Seria um regime considerado sui generes na lei do autor que pode sofrer
exploração econômica como propriedade4.
Fonte: irisbh.com.br
4 Texto extraído do livro Direito Eletrônico e Perícia Forense, de Deborah Farah Sobrinho
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A proteção do direito autoral no Brasil é proporcionada pela Constituição
Federal em seu artigo 5º, parágrafos XXVII e XXVIII, bem como pelo Código Civil
Brasileiro e pela Lei 9.610/98.
O direito autoral também é regido por diversos acordos e convenções onde
participam muitos Estados signatários.
O Brasil é membro da Convenção de Berna (revista em Paris em 24.07.71 –
Decreto nº. 75.699, de 06.05.75), da Convenção Universal sobre o Direito de Autor
(Decreto nº. 76.905/1975) e da Convenção Interamericana sobre os direitos de autor
em obras literárias, científicas e artísticas, também conhecida como Convenção de
Washington (Decreto nº. 26.675/1949).
Todas estas Convenções corroboram a proteção prevista na legislação pátria,
estendendo tanto aos autores nacionais dos demais países signatários das
convenções a proteção aos seus direitos no Brasil, como a proteção dos direitos de
autores nacionais naqueles países5.
A Convenção Europeia excluiu a proteção nos termos do art. 5226, nega aos
programas de computador a patenteabildiade por não os considerar invenções. Por
outro lado, alguns países são a favor da adoção do sistema de patentes para dar
proteção ao software.
Hoje de acordo com a EUROPEAN PATENT CONVENTION que estabelece a
EPO, muitos países aderiram a patentiabilidade dos softwares como invenção com
efeitos técnicos.
Fonte: blog.crb6.org.br
Fonte: img.ibxk.com.br
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vítima, sendo tal causa de aumento aplicável somente para a forma simples do delito,
e não para a forma qualificada, prevista no parágrafo seguinte, em razão da topografia
do dispositivo em comento.
O art. 154-A, § 3º, do CP prevê pena e regime prisional diferenciado (seis
meses a dois anos de reclusão e multa) para as seguintes hipóteses: 1) quando a
invasão possibilitar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas;
2) quando possibilitar a obtenção do conteúdo de segredos comerciais ou industriais;
3) quando possibilitar a obtenção do conteúdo de informações sigilosas, assim
definidas em lei; e 4) quando possibilitar o controle remoto não autorizado do
dispositivo invadido. Ressalte-se que as figuras qualificadas acima descritas
configuram crime subsidiário, de subsidiariedade expressa, pois que em seu preceito
secundário prevê a norma que ela somente será aplicada “se a conduta não constitui
crime mais grave”.
Por fim, os parágrafos 4º e 5º, I a IV, do CP, preveem causas de aumento de
pena, aplicáveis somente para a forma qualificada do delito (§ 3º, do art. 154-A, do
CP)6.
737-2012-lei-carolina-dieckmann
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As descrições essenciais dos produtos, incluindo os riscos à saúde e à
segurança;
A especificação no preço de quaisquer custos adicionais, como
despesas com frete ou seguro;
As condições globais da oferta, contendo a disponibilidade do produto
ou de execução do serviço, meios de pagamento, promoções e formas
e prazo de entrega;
As informações sobre possíveis restrições ao aproveitamento da oferta;
Fonte: www.itforum365.com.br
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Prestar atendimento eficaz em meio eletrônico a fim de permitir que o
consumidor obtenha informações, esclareça dúvidas, apresente
reclamações e suspenda ou cancele o negócio (devendo a resposta ser
fornecida pela empresa em até cinco dias);
Confirmar instantaneamente o recebimento da solicitação do
consumidor pelo mesmo meio utilizado por ele;
Disponibilizar ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e
correção instantânea de erros ocorridos nas fases anteriores à
conclusão da compra;
Utilizar mecanismos capazes de garantir a segurança para o pagamento
e para o gerenciamento de dados do consumidor;
Apresentar um resumo do teor do contrato antes da contratação, com
informações imprescindíveis para o consumidor tomar sua decisão,
destacando os direitos e deveres de loja e cliente;
Fornecer o contrato ao consumidor para que ele possa ser conservado
e reproduzido logo após a finalização da compra;
As contratações deverão observar o cumprimento dos termos da oferta,
sendo que a entrega dos produtos e a prestação dos serviços
respeitarão prazos, qualidade, quantidade e adequação inerente.
Além disso, a Lei do E-commerce cuida do direito de arrependimento do
consumidor, ao dispor que o fornecedor deve informar, nitidamente, os meios pelos
quais este dispositivo pode ser exercido. O direito de arrependimento implica na
rescisão contratual sem qualquer ônus para o consumidor, podendo ser exercido pela
mesma ferramenta utilizada para a compra, sem prejuízo de outras disponibilizadas
pela loja.
Caberá ao e-commerce enviar a confirmação do recebimento da declaração de
arrependimento ao consumidor. Além disso, a loja deverá comunicar imediatamente
à instituição financeira ou à administradora de cartão de crédito para que a operação
não seja lançada na fatura do consumidor; ou, caso o lançamento já tenha sido feito,
o respectivo estorno.
Conforme o art. 49 do Código de Defesa do Consumidor, o exercício do direito
de arrependimento deve ser feito no prazo de sete dias, quando a contratação ocorrer
“fora” do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio.
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O direito de arrependimento veio para coibir as compras por impulso, isto é,
aquelas realizadas pelo consumidor sem que este tenha tido tempo para avaliar sobre
a conveniência e a oportunidade de adquirir um produto ou serviço; e mais, apreciar
se tem condições financeiras para arcar com a despesa.
Assim, o Decreto tem por objeto dar mais garantias aos consumidores que
compram pela internet, bem como estabelecer um comportamento mais adequado de
vendedores, prestadores de serviço e intermediários. Assim, as relações jurídicas se
tornam mais seguras e transparentes, o que facilita o acesso às informações sobre
fornecedores, produtos e serviços no comércio eletrônico7.
Fonte: wsidm.com.br
Outro grande avanço garantido pelo Marco Civil da Internet é a maior proteção
da liberdade de expressão na Internet. A Lei assegura a liberdade de expressão, como
preconizado na Constituição de 1988, garantindo que todos sigam se expressando
livremente e que a Internet continuará sendo um ambiente democrático, aberto e livre,
ao mesmo tempo em que preserva a intimidade e a vida privada.
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A grande mudança que a nova Lei promove é com relação à retirada de
conteúdos do ar. Antes de sua entrada em vigor, não havia uma regra clara sobre este
procedimento. A partir de agora a retirada de conteúdos do ar só será feita mediante
ordem judicial, com exceção dos casos de “pornografia de vingança”. Pessoas vítimas
de violações da intimidade podem solicitar a retirada de conteúdo, de forma direta,
aos sites ou serviços que estejam hospedando este conteúdo.
Nos casos em que ocorrer a retirada de conteúdo os provedores de acesso
deverão comunicar “os motivos e informações relativos à não disponibilização de
conteúdo, com informações que permitam o contraditório e a ampla defesa em juízo”,
como atesta o artigo 20 da Lei.
Ainda segundo a Lei, os Juizados Especiais serão os responsáveis pela
decisão sobre a ilegalidade ou não dos conteúdos, antes que eles sejam retirados do
ar. Isto se aplica aos casos de ofensa à honra ou injúria, que serão tratados da mesma
forma como ocorre fora de Internet. Essas violações são analisadas pelo Judiciário,
garantindo que todos tenham seus pedidos avaliados por um juiz e não pelo provedor
de Internet, que pode ser pressionado a retirar ou censurar conteúdos por diversos
motivos, como financeiros, políticos, religiosos entre outros.
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É obrigatória a retirada de conteúdos ofensivos de sites, blogs ou redes sociais.
A determinação acontece por ordem judicial e responde ao delito quem produziu ou
divulgou o material
A privacidade e a proteção de dados do usuário na internet, incluindo e-mails e
chats, só podem ser violadas em investigações criminais
Sites só podem coletar dados com consentimento do usuário (que deve ser
informado com clareza sobre como eles serão utilizados). É proibido passar essas
informações adiante.
As mesmas normas de proteção e defesa do Código do Consumidor valem para
compras e vendas feitas na internet
empresas-e-commerce
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Com a crescente informatização da sociedade, o mundo virtual é a experiência
mais real da vida moderna.
Com o desenvolvimento da Internet, as empresas passaram a ver o ambiente
digital como um terreno fértil à produção de vultosos lucros. Ambiente caracterizado
pela agilidade nas negociações. A rede mundial proporciona grande potencial de
retorno sobre o investimento, devido a maior visibilidade do produto ou serviço.
Porém, essa mesma visibilidade pode trazer maior número de críticas, aumentar o
grau de insatisfação de clientes, elevar os números de evasão, bem como sujeitar a
que pessoas mal intencionadas se utilizem do site para cometer crimes (estelionato)
realizando golpes em terceiros de boa-fé, que acreditam estar negociando em um
ambiente seguro e confiável.
Com efeito, normalmente, o que o utente espera nesse tipo de negociação
virtual é que seus provedores atuem baseados em segurança, criptografia, critérios
rígidos de combate às fraudes e aos anúncios fraudulentos.
As empresas que se prestam a exercer atividades de Internet, numa plataforma
on-line de classificados gratuitos (ou não), torna-se responsável por gerir e publicar
anúncios de toda monta na sua página na internet, e, por isso, deve prover melhor
seus serviços, dando segurança e confiabilidade a quem faz uso dos seus serviços.
Essas empresas de anúncios de produtos e serviços não podem,
absolutamente, ser porta de entrada para bandidos e vitrines de anúncios fraudulentos
com fomentação ao crime organizado em prejuízo ao patrimônio material alheio,
sendo negligente quando não atua proativamente para inibir condutas ilícitas
perpetradas por golpistas que se aproveitam da boa índole dos usuários.
Nesse sentido, é evidente que essas empresas têm responsabilidade solidária
no evento danoso que por ventura causarem danos aos seus usuários, pois os
consumidores não podem ficar à mercê dos criminosos que utilizam do site para, por
meio ardil, engodo ou fraude, enganar pessoas e causar lesão de toda monta.
Ao permitir que criminosos anunciem em seu site, sem critérios de seleção e
verificação prévia da veracidade das propostas nele lançadas, a empresa não garante
ao usuário a segurança necessária e esperada para a concretização do negócio.
Assim, se essas empresas de comércio eletrônico não fornecem a segurança
necessária para que seus usuários concretizem suas compras, sendo elas
enquadradas na categoria de fornecedora de produtos/serviços, incide o princípio da
boa-fé e da responsabilidade objetiva, uma vez que o site transmite a impressão de
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que as empresas/pessoas que expõem seus produtos pelo e-commerce são
confiáveis.
À evidência, devem as empresas de plataformas on-line responder pelos danos
sofridos pelos usuários do serviço, a teor do que dispõe o artigo 7.º, do CDC, nas
operações fraudulentas que eventualmente aconteçam no trato entre usuários e
anunciantes.
Nesses casos, a responsabilidade objetiva dos prestadores de serviços e
produtos é objetiva, independem da demonstração de culpa pelo consumidor lesado
(arts. 12 e 14, CDC).
Nesse sentido, já decidiu o TJ de São Paulo:
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atividade negocial, em homenagem à “teoria do risco-proveito”, segundo a qual aquele
que tira proveito do fato causador de dano à vítima deve também suportar os
respectivos riscos.
Destarte, a teoria do risco-proveito (risco da atividade), que tem fundamento no
art. 927, do Código Civil, considera civilmente responsável todo aquele que auferir
lucro ou vantagem do exercício de determinada atividade, segundo a máxima “ubi
emolumentum, ibi ônus” (onde está o ganho, aí reside o encargo).
Consequentemente, às empresas de comércio eletrônico, além de aplicar
comportamentos seguros, é crítico que se instale uma solução de segurança robusta
em todos os dispositivos usados para realizar as operações negociais, intrínsecas aos
serviços prestados, sob pena de, comprovada a falha na prestação de serviços (fraude
de terceiro não evitada pelo fornecedor), gerar o inexorável dever jurídico de indenizar
aos que, confiando na segurança e credibilidade do site, realizam transações com
malfeitores, geradoras de prejuízos materiais e imateriais, até pelo fato de o usuário
se encontrar em situação de vulnerabilidade frente ao porte técnico, jurídico e
econômico dessas pessoas jurídicas.
Como os contratos fazem parte da realidade diária das pessoas, eles não
poderiam deixar de ser estudados pelo ramo do Direito eletrônico. As formas com que
se dá a comunicação digital são advindas de contrato, pois para acessar um e-mail,
por exemplo, há a necessidade de realização de um contrato, por meio do qual há
concordância com a política do serviço oferecido. Fala-se então em virtualização do
contrato.
O emprego do termo contrato eletrônico é mais comum, mas esse tipo
contratual também recebe outras denominações, como por exemplo, contratos digitais
ou cibernéticos.
Na visão de Barbagalo (2001, p. 37), o contrato eletrônico é visto como “o
acordo entre duas ou mais partes para, entre si, constituírem, modificarem ou
Fonte: www.savoybeachhotel.it
Para que o contrato eletrônico tenha validade é preciso que haja os requisitos
do art. 104 do Código Civil: capacidade do agente emissor da vontade; licitude e
possibilidade do objeto, o qual deverá ser ao menos determinável e forma prevista
pela lei ou não passível de proibição pela mesma. Tratam-se, então, respectivamente
de elementos subjetivos, objetivos e formais.
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Os contratos tradicionais, geralmente, são solenes, pois devem seguir forma
prescrita ou não vedada por lei. Já os contratos eletrônicos utilizam como meio de
concretização a internet, para a qual ainda não se estabeleceu a mesma solenidade.
Há ainda a distinção quanto à manifestação de vontade. Nos contratos comuns,
o interesse pode ser exteriorizado de diversas maneiras, como por exemplo, a
assinatura ou pela própria verbalização, em caso de contratos verbais. Já no meio
eletrônico há mensagens e acessos que quando providos de confirmação gera uma
presunção de vontade. Essa confirmação é realizada por meio dos denominados
“cliques”. A contratação é feita com um ente artificial, cuja vontade já foi programada
anteriormente.
A comunicação ocorre em tempo real por meio de alguns programas como,
MSN, Facebook ou por meio de e-mail, pelo qual a comunicação não se dá de forma
instantânea, mas mesmo assim é muito utilizado em praticamente todas as transações
comerciais.
O Direito eletrônico é contrário a ideia adotada pelos contratos clássicos de que
somente os seres humanos podem realizar contratos. Há uma vontade indireta, pois
um determinado indivíduo realizou a programação da contratação. Isso ocorre, por
exemplo, no caso de solicitação de novas mercadorias ao fornecedor pelo próprio site
em caso de ausência do produto no estoque. A realização da proposta implica em um
contrato que será válido mesmo que a compra do produto não seja solicitada pelo
empresário. Isso diz respeito à vontade da inteligência artificial.
Conclui-se que no meio virtual, há outra visão sobre a vontade, a qual é indireta.
Não há interação do ser humano com outra pessoa, mas sim com a máquina. O
contrato eletrônico já é programado. Assim, este não pode ser visto apenas como um
ato de vontade, já que esta é intermediada por um sistema de programação.
Como não há legislação própria para o modelo contratual, aplicam-se por
analogia as regras dos contratos gerais. No entanto, é um tema complexo, que pode
gerar a remodelação das normas já existentes (LORENZETTI apud PEREIRA, [2004],
p. 12).
Além da manifestação de vontade retratada anteriormente, é preciso que haja
capacidade das partes contraentes. O agente adquire capacidade civil, geralmente,
ao completar 18 anos. No entanto, pode ocorrer a emancipação, que é o instituto que
supre a incapacidade relativa em decorrência da idade. Há três espécies, quais sejam
a voluntária, a judicial e a legal.
39
O incapaz somente poderá efetuar a realização de contratos caso seja
representado (absolutamente incapazes) ou assistido (relativamente incapazes). Mas
muitas crianças e jovens realizam contratos eletrônicos e a respeito disso surgem
várias controvérsias a respeito de sua validade. Há vários entendimentos relativos a
essa questão, pois há aqueles que consideram a validade somente se houver
consentimento e responsabilidade dos pais e caso não se proceda dessa forma, o
negócio jurídico será provido de nulidade. Há ainda a sustentação de que se o menor
realizar determinado contrato, os pais terão a obrigação de efetuar seu adimplemento.
Isso se fundamenta na responsabilidade objetiva prevista no art. 932, I do Código Civil.
A identificação é, assim, um dos entraves do contrato eletrônico e que gera
desconfiança das pessoas ao comercializar pelo meio virtual. O computador e e-mail
utilizados não são técnicas suficientes para conhecimento do real usuário, pois
qualquer pessoa pode criar um e-mail falso e utilizar um computador que não seja o
seu.
Alguns sites deixam clara a evidência que não contratam com menores e
pedem o cadastro de informações pessoais, como CPF e RG para tentar coibir a
prática de fraudes. No entanto, tais ferramentas não são suficientes. Nesse sentido,
Ramos ([2009], p. 22) dispõe:
40
O objeto necessita ser ainda determinado ou determinável, ou seja, tem que
ser conhecido e individualizado, em momento anterior da formação do contrato ou em
momento posterior.
O objeto desse negócio jurídico pode ser qualquer produto ou serviço. Entende-
se por produto “[...] qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (art. 3º, §1º
do CDC) e por serviço “[...] qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista” (art. 3º, §2º do
CDC).
Os contratos tradicionais possuem a necessidade de uma forma para que
ocorra a externalização da vontade das partes, podendo ocorrer de forma verbal ou
escrita. No meio virtual também é preciso que assim se proceda. No entanto, o
formalismo foi deixado um pouco de lado, devido principalmente a existência dos
contratos de adesão, gerados pela grande demanda e massificação das atividades
voltadas ao comércio.
O ato de realizar contratos via internet não sofreu muitas contestações, haja
vista que o próprio Código Civil, em seu art. 107 não exigiu forma especial para que a
declaração de vontade fosse considerada válida, com exceção dos casos previstos
em lei, cujo exemplo típico é a compra e venda de bens imóveis, para a qual se exige
o registro público.
Embora a internet tenha facilitado a atividade de contratar, há alguns
empecilhos, como bem aduz Ramos ([2009], p. 25):
41
realizar contrato com outra pessoa ou tenha efetuado gastos, terá direito de ser
ressarcido pelos danos advindos.
A oferta ocorre quando há exposição do produto ou serviço em sites comerciais,
instigando assim o consumidor a efetuar o negócio. Nessa fase, o fornecedor deve
providenciar que todas as informações relacionadas com o objeto do contrato sejam
prestadas ao consumidor.
Essa segunda fase dá início ao contrato e assim, obriga o fornecedor pelo
conteúdo veiculado, não podendo se retratar. Isso se encontra previsto no art. 30 do
CDC e art. 427 do Código Civil.
Levando em consideração a diversidade de riscos existentes ao realizar um
contrato pela internet, o consumidor deve buscar informações precisas a respeito da
identificação da parte com a qual está contratando, como por exemplo, o número de
telefone para contato.
Na fase da aceitação verifica-se a aquiescência de uma das partes quanto às
condições propostas. A partir desse momento há o surgimento de obrigações para
ambas as partes, as quais deverão efetuar o cumprimento do pacto.
Quanto ao local de formação dos contratos, o art. 435 do Código Civil dispõe
que “reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. Mas quanto aos
contratos eletrônicos se aplica o disposto no art. 15 da Lei Modelo da Uncitral e para
ter uma melhor elucidação do referido artigo, Leal (2007, p. 118) afirma que:
42
7.3 Classificação dos contratos eletrônicos
43
No momento em que tais informações são disponibilizadas na internet
considera-se feita a oferta ao público e, consequentemente, manifestada a
vontade do fornecedor. Já a vontade do consumidor é manifestada no
momento em que ele acessa o sistema aplicativo e com ele interage,
preenchendo os campos eletrônicos à sua disposição. Ao confirmar os dados,
o consumidor conclui a aceitação.
44
diferenciado a essa nova modalidade contratual. Em aquiescência com tais assertivas,
Lawand apud Leal (2007, p. 93) tem o seguinte posicionamento:
A internet não cria espaço livre, alheio ao Direito. Ao contrário, as normas legais
vigentes aplicam-se aos contratos eletrônicos basicamente da mesma forma que a
quaisquer outros negócios jurídicos. A celebração de contratos via internet se sujeita,
portanto, a todos os preceitos pertinentes do Código Civil Brasileiro. Tratando-se de
contratos de consumo, são também aplicáveis as normas do Código de Defesa do
Consumidor.
O último princípio referente à modalidade contratual retratada é o da boa-fé
objetiva. Devido à existência da hipossuficiência e vulnerabilidade do consumidor na
relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor prevê a boa-fé em seu art.
4º, III:
45
Embora haja um déficit normativo em relação ao regulamento das questões que
envolvem o contrato eletrônico, houve um notável progresso, já que há algumas
normas que regulam determinadas questões relacionadas ao Direito eletrônico.
A Lei do Processo Judicial eletrônico (Lei 11419/2006) faz uma equiparação do
documento eletrônico ao documento escrito em papel. Tal previsão se encontra em
seu art. 11, ao preceituar que “os documentos produzidos eletronicamente e juntados
aos processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na forma
estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos os efeitos legais”.
A autenticação das assinaturas das partes de um contrato eletrônico consiste
em um dos problemas relativos à insegurança, pois é necessário que haja precisa
identificação das partes e evitar a evasão de informações providas de sigilo.
A assinatura em um papel, por exemplo, é requisito válido de identificação. No
entanto, pode ser objeto de falsificação. Porém, esse vício pode ser constatado por
uma perícia. Quanto à assinatura digital, o problema não é de fácil resolução.
Em relação ao mencionado assunto, a Lei Modelo da UNCITRAL dispõe em
seu art. 7:
1) Quando a Lei requeira a assinatura de uma pessoa, este requisito
considerar-se-á preenchido por uma mensagem eletrônica quando:
a) For utilizado algum método para identificar a pessoa e indicar sua aprovação
para a informação contida na mensagem eletrônica; e
b) Tal método seja tão confiável quanto seja apropriado para os propósitos para
os quais a mensagem foi gerada ou comunicada, levando-se em consideração todas
as circunstâncias do caso, incluindo qualquer acordo das partes a respeito.
2) Aplica-se o parágrafo 1) tanto se o requisito nele mencionado esteja
expresso na forma de uma obrigação, quanto se a Lei simplesmente preveja
consequências para a ausência de assinatura.
Segundo o dispositivo supratranscrito, torna-se perceptível que um dos
requisitos de validade da assinatura é a identificação da pessoa de forma eficaz e
confiável. Brasil apud Pereira (2000, p. 40-41) critica a equiparação da assinatura
formal com a assinatura digital, ao mencionar que:
[...] esta assinatura digital que se apresenta de forma cifrada não é a mesma
assinatura que temos conhecimento, já que não guarda com esta as
necessárias semelhanças capazes de equipará-las. Primeiro porque se
formos analisar o conceito de assinatura, veremos que a que se faz por meios
digitais não é um ato pessoal do assinante, eis que ela é fornecida por outrem;
46
a duas porque ela não se repete a cada mensagem e, portanto não poderá
se arquivada tal qual foi efetivada no ato do seu envio; prosseguindo, ela não
está ligada a um meio físico capaz de poder ser submetida a um processo de
reconhecimento por semelhança ou periciada por meios grafológicos e por
fim não apresenta a marca pessoal de quem está firmando o documento, eis
que está representada por uma série de letras, números e símbolos
embaralhados de forma ininteligíveis. Para complementar diríamos que a
Assinatura Digital é transferível, bastando que o seu proprietário a ceda a
alguém e a Assinatura formal é intransferível por estar ela indelevelmente
ligada ao seu autor. Por estes motivos é que afirmamos que a Assinatura
Digital não tem a mesma natureza da Assinatura formal, essa que
conhecemos e usamos no dia a dia. [...].
47
O primeiro objetivo é criar confiança e segurança. Para que o comércio
eletrônico se desenvolva, consumidores e empresas devem estar seguros de que as
suas transações não serão interceptadas ou alteradas, de que o vendedor e o
comprador são quem afirmam ser e de que existem mecanismos de transação legais
e seguros. Criar esta confiança e segurança é um pré-requisito para a adesão das
empresas e dos consumidores ao comércio eletrônico.
No âmbito do Direito consumerista, há desafios que devem ser enfrentados
pelos juristas quando os problemas versarem sobre contratos eletrônicos. Isso se
deve à ausência de regras específicas no Código de Defesa do Consumidor.
O Projeto de Lei 281/2012 tem por escopo a alteração do CDC, visando a
inclusão de regras norteadoras dessa nova modalidade de contrato. Embora o referido
diploma legal seja aplicado a todas as relações consumeristas, isso não é provido de
suficiência para que haja efetividade quanto à proteção do consumidor.
Há algumas regras do CDC cuja aplicabilidade atinente aos contratos
eletrônicos é nítida, como por exemplo, a precisão e transparência das informações
relativas aos produtos (art. 31); proibição da publicidade de caráter abusivo ou
enganoso (artigos. 36 e 37); direito de arrependimento no prazo de sete dias (art. 49);
caso haja obscuridade a respeito da interpretação das cláusulas contratuais, estas
serão interpretadas de forma mais benéfica ao consumidor (art.47), o qual é parte
mais fraca na relação de consumo.
O referido Projeto de Lei (2012, p. 7) fornece a seguinte justificação para
atualização da Lei 8078/90:
A crescente complexidade das relações de consumo demanda a previsão de
princípios que reforcem a proteção do consumidor frente a novos desafios,
principalmente os relacionados com o diálogo com outras fontes normativas, a
segurança nas transações, bem como a proteção da autodeterminação e privacidade
de seus dados.
É igualmente imprescindível a introdução de uma seção específica sobre a
proteção dos consumidores no âmbito do comércio eletrônico, em razão de sua
expressiva utilização. Se, à época da promulgação do Código de Defesa do
Consumidor, o comércio eletrônico nem sequer existia, atualmente é o meio de
fornecimento à distância mais utilizado, alcançando sucessivos recordes de
faturamento.
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O Projeto de Lei prevê uma Seção própria para abordar o comércio eletrônico.
O art. 45-A dispõe sobre a proteção do consumidor, buscando lhe fornecer confiança
e tutela provida de efetividade, conferindo segurança às transações comerciais e à
privacidade dos dados sigilosos.
Além da transparência por parte dos fornecedores, também há previsão acerca
do spam, pois o art. 45 traz a seguinte disposição:
Outra inovação foi o conteúdo do art. 72-A, o qual prevê como sanção penal
reclusão de um a quatro anos, e multa para aquele que por qualquer modo realizar a
cessão ou transferência de dados ou informações pessoais sem que o consumidor
consinta ou autorize, salvo quando a lei permitir.
Portanto, a proposta de alteração do Código de Defesa do Consumidor é
provida de relevantes transformações que beneficiam a parte mais vulnerável na
relação de consumo.
49
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