Você está na página 1de 1

Gabriel Filipe de Oliveira Santos

RESENHA CRÍTICA
O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS. Produção de Xavier de Oliveira, Rio de Janeiro,
2004. (50 min.).

Este filme é baseado no conto homônimo do genial escritor carioca Lima


Barreto, segundo alguns estudiosos, o mais independente dos nossos
ficcionistas do final e início de século XX.

Escrito por Lima Barreto, o conto traz a história de uma conversa entre
dois amigos, Castelo e Castro. Castelo dá detalhes de como conseguiu se tornar
cônsul em Havana; quando chegou ao Rio de Janeiro anos antes, não se
encontrava em uma boa situação financeira. Estava literalmente na miséria,
quando viu um anúncio no Jornal do Comércio contratando um professor de
javanês. Castelo não sabia falar javanês, uma língua de origem malaia, mas
resolveu arriscar e tentar conseguir o emprego.

Determinado, Castelo vai até a Biblioteca pesquisar sobre o idioma.


Conseguiu aprender algumas palavras e logo depois se candidatou ao emprego.
Passados alguns dias, foi convidado a conhecer o Barão de Jacuecanga. O velho
disse a Castelo que precisava aprender javanês para conseguir ler um livro que
ficara de herança de seu pai. Era como uma relíquia de família passada de pai
para filho. Agindo com esperteza, Castelo inventou conteúdos para o tal livro,
conseguindo assim convencer o ingênuo Barão e garantindo o emprego. O velho
ficou tão agradecido que escreveu uma carta o indicando-o para entrar na
diplomacia. A indicação foi aceita e Castelo ganhou fama e fortuna.

Sua obra é densa na observação dos costumes sociais, das injustiças,


extremamente crítica aos preconceitos, à insensibilidade dos ricos e poderosos,
contra a mediocridade da nefasta burocracia brasileira, contra a corrupção dos
políticos e a impostura de certa intelectualidade dominante nos meios de
comunicação da época. Outra suposição, seria a forma que o personagem usa
do famoso “jeitinho brasileiro” para se dar bem na vida e tornar-se Cônsul.
Durante a história notamos alguns trechos onde ele desdenha o que está
fazendo e se gaba de conseguir seus objetivos. Este conto faz uma crítica a
realidade carioca daquela época e que retrata de forma clara o futuro da
sociedade brasileira que hoje se tornou ambiciosa e individualista.

Você também pode gostar