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Esta edição é sem dúvida uma expressão do momento político atual, marcado pela

crise da esquerda, pela ascensão de grupos de extrema-direita e pela confusão


institucional generalizada em Brasília. As perspectivas desse contexto são vistas por
vários ângulos — não só pelo que pode se desenvolver a partir dele, como a partir do
que ele engendra e da necessidade de combater o que de pernicioso é produzido por
alguns setores.

Um panorama desse cenário aparece em “O Fim do Ilusionismo”, de Nikolas Spagnol,


que apresenta um resumo crítico dos primeiros seis do governo Temer, retomando
suas medidas mais polêmicas. Também no sentido de uma avaliação conjuntural está
“Quais são as possibilidades do fascismo no Brasil Hoje?”, de Rafael Viana. Frente aos
discursos que falam de recrudescência das forças de extrema-direita no mundo, o
texto especula sobre suas condições de enraizamento no país.

O autor delimita as características do fascismo, ultrapassando a utilização panfletária


do termo. Toda direita é fascista? Há riscos reais para Brasil? Quantos requisitos já
cumprimos? Apenas adianto que algumas semelhanças são assustadoras.

Uma revista de política também deve combater a desinformação. É o que faz Gilberto
Miranda Junior em “Socialismo, Nazismo, Esquerda, Direita”, artigo que desmitifica as
artimanhas de certa direita que tenta por o nazismo na conta da esquerda. Ele não
precisa ir longe, basta trazer o próprio discurso de seus representantes. No caso, as
falas de um dos maiores “liberais”: Ludwig von Mises. Quem de fato flerta com o
fascismo?

Já a situação atual da esquerda transparece em três matérias. Na série Esquerda Hoje,


eu e Duanne Ribeiro falamos com Renato Rovai, do portal Forúm. O jornalista
comentou os impasses que paralisaram a esquerda e quais os caminhos possíveis para
os grupos que se enquadrem nessa categoria, além de criticar o discurso
anticorrupção.

Ainda mais, com “A Esquerda da América Está Em Crise?”, de Jared Abott, trazemos
um diagnóstico da esquerda na América Latina, a partir de visão de fora, discutimos as
suas limitações, falhas e desafios. O que é preciso mudar? A tradução é de Lilian
Koritiak.

Concluindo esse bloco, na série Devires o movimento Política Econômica da Maioria


(Poema) se apresenta e fala sobre a situação político-econômica atual e suas origens
para além da superfície. Não adianta combater os efeitos se não eliminamos a causa.
Há outras saídas para crise econômica que não seja a austeridade?

*
A Maquiavel se propõe a ser uma revista plural, que traga diversas perspectivas (desde
que coerentes, é claro), a fim de proporcionar um debate amplo sobre política, como
escreveu o Duanne no último editorial. No entanto, o último e único direitista da
revista, o João, viu-se obrigado a se tornar de esquerda, visto que não poderia mais se
identificar com a direita depois que esta tomou a feição que tomou. Isso está
documentado no primeiro podcast da revista. Nele, conversamos sobre a eleição de
Donald Trump, os percalços da esquerda no Brasil e ainda arriscamos alguma
futurologia quanto ao Brasil. Participam do podcast eu, Duanne, João, Nikolas e
Gilberto.

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