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LICENCIAMENTO
Ricardo Paviai
Rogério Marques ii
Resumo. A segurança das pessoas e bens, tem como premissa a correcta instalação e manutenção
das condições operacionais de instalações e equipamentos que pela sua natureza, possam provocar
danos. O licenciamento de equipamentos que operam a pressões superiores à atmosférica –
Equipamentos Sob Pressão (ESP), possui legislação própria, que refere os processos e
procedimentos a ter na sua correcta entrada em funcionamento, bem como posterior necessidade de
reparação ou alteração do equipamento.
Abstract. The safety of people and materials, need to consider the right accommodation and
maintenance of the operating conditions for installations and equipments, that by its nature, can cause
damage. The license of equipments which operates at higher pressures than atmospheric pressure –
Under Pressure Equipments (UPE) has properly portuguese legislation, which refers the processes and
procedures to be done for correctly operation, and further requirement for reparation or modification of
the equipment.
1 INTRODUÇÃO
Desde há muitos anos que se entende que os equipamentos sob pressão (ESP) constituem um risco face às
suas condições de funcionamento e aos fluidos que contêm. O risco irá ser proporcional à ordem de
grandeza das pressões utilizadas e das características de perigosidade dos fluidos em serviço.
Deste modo, entendeu-se que os equipamentos sob pressão que, pelo seu grau de perigosidade, pusessem
em risco a saúde e a segurança das pessoas e que, por este motivo, exigem do Estado e do legislador
especial vigilância e cuidado na sua instalação e funcionamento, deverão obedecer a um conjunto de
regras que foram na sua maioria transpostas para o Regulamento de Instalação, de Funcionamento, de
Reparação e de Alteração de Equipamentos sob Pressão, aprovado pelo Decreto-Lei 90/2010, de 22 de
Julho que substitui o anterior regulamento aprovado pelo Dec. Lei 97/2000 de 25 de Maio, mantendo-se
em vigor diversos despachos que aprovam Instruções Técnicas Complementares, que definem princípios
i
Engenheiro Mecânico; Oficial da Marinha (Técnico Superior Naval);
ii
Oficial da Marinha (Máquinas); Engenheiro de Segurança; Técnico Superior SHT; Pós-graduado em Gestão Ambiental e
Auditorias Ambientais; Auditor Coordenador de Sistemas de Gestão QAS para a SGS/ICS.
1
técnicos para a execução de diversas acções mandatórias pelo Regulamento.
Este Regulamento aplica-se a todos os ESP destinados a conter um fluido (líquido, gás ou vapor), sujeitos
a uma pressão superior à atmosférica (1 atm = 1,01325 bar), e que foram projectados e construídos de
acordo com o Decreto-Lei n.º 211/99, de 14 de Junho, e com o Decreto-Lei n.º 103/92, de 30 de Maio (no
caso de Recipientes Sob Pressão - RSP). Entende-se por ESP todos os recipientes, tubagens, acessórios de
segurança, acessórios sob pressão, sendo igualmente abrangidos os componentes ligados sob pressão, tais
como flanges, tubagens, acoplamentos, apoios e olhais de elevação. No âmbito do presente artigo excluí-
se a identificação e detalhe do processo de construção de ESP segundo os decretos-lei mencionados
anteriormente, sendo apenas direccionado para o processo de licenciamento deste tipo de equipamentos,
quer na fase inicial de aquisição do equipamento e respectiva entrada em serviço, bem como no caso de
alterações ou reparações à respectiva instalação e ainda na revalidação do respectivo licenciamento.
As condições de exclusão da aplicação deste diploma, dependem sobretudo dos tipos de fluidos contidos
pelos ESP’s - em função da sua fase física e da sua perigosidade – e da pressão de serviço em que operam
e/ou da conjugação da pressão de serviço e do seu volume – o que de alguma forma condiciona a
dimensão dos danos em caso de incidente. Assim, excluem-se do âmbito de aplicação do diploma, dos
equipamentos referidos no n.º 2 do artigo 2.º (decreto-lei 90/2010), e que são indicados sumariamente na
tabela seguinte:
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Matérias explosivas, extremamente inflamáveis, facilmente inflamáveis, inflamáveis, muito tóxicos, tóxicos, comburentes
iv
Restantes matérias existentes, não identificadas no grupo 1
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Tabela 1 – Lista de equipamentos que não são considerados ESP
É de referir que a exclusão do esp do âmbito deste diploma se faz, desde que apenas uma das condições
referidas no quadro se verifique.
2 LICENCIAMENTO DE ESP
De acordo com este diploma (DL 90/2010), qualquer entidade que disponha de ESP em serviço e
que seja abrangido pelo Regulamento, deve proceder ao seu registo e posterior licenciamento, para o
qual são necessárias diversas acções sequenciais e que se esquematizam no fluxograma seguinte:
É igualmente importante referir, que há equipamentos que as Instruções técnicas complementares (ITC)
podem exigir por motivos de segurança, a autorização prévia de instalação e como tal torna-se importante
o proprietário ter em conta as ITC em vigor (ver legislação, capitulo 4), e analisar se o seu equipamento
se enquadra em alguma dessas ITC.
O passo seguinte, implica o pedido de autorização de funcionamento, sendo obrigatório para todos os
ESP, incluindo os que requerem igualmente o pedido de autorização prévia de instalação. O processo
inicia-se com o envio de um requerimento à DRE, conforme o anexo III (decreto-lei 90/2010), e o
obrigatório pagamento da respectiva taxa. A DRE da zona onde se insere a instalação, inicia deste modo,
a análise do pedido de autorização de funcionamento e, no prazo de 45 dias é comunicado o parecer da
autorização.
Na apresentação deste pedido, são enviados à DRE os certificados dos ensaios e verificações, por norma
emitidos pelos OI ou por laboratórios acreditados no âmbito do SPQ.
Os ensaios e verificações habitualmente
exigíveis são:
a) O ensaio de pressão;
b) O ensaio de estanquidade;
c) A verificação e o ensaio dos órgãos de
segurança e controlo;
d) Os ensaios não destrutivos (END).
Todos os ESP devem estar munidos de órgãos de segurança e controlo, de forma a garantir que os
parâmetros de funcionamento estabelecidos no projecto sejam respeitados.
Consideram-se como órgãos de segurança e controlo essenciais os manómetros e as válvulas de
segurança.
As válvulas de segurança, devem:
Estar seladas;
Ter indicação da pressão de abertura que não deve ser superior ao valor de PS;
Ter um débito adequado à fonte criadora de pressão e às demais condições de funcionamento do
ESP;
Ser adequadas para o fluido em que vão ser utilizadas.
Os manómetros devem ter um alcance máximo sensivelmente igual ao dobro da pressão PS, mas nunca
inferior a 1,5 x PS e estar verificados de acordo com a legislação aplicável, devendo a PS estar marcada
com um traço vermelho no mostrador, sempre que o equipamento o permita. Habitualmente a verificação
do manómetro é efectuada pelos próprios laboratórios do MNE acreditados para o efeito.
Os ensaios não destrutivos, habitualmente só se aplicam às grandes reparações e alterações e podem
passar pela realização de testes por líquidos penetrantes, ensaios de raio X, ultra-sons, ou outros.
O prazo dos certificados emitidos, tem uma validade de 5 anos, salvo excepções previstas nas ITC (ver
legislação, capitulo 4). Importa indicar que, para os casos em que o proprietário tenha necessidade de
mudar o local da instalação, o mesmo deverá requerer uma nova autorização de funcionamento.
Concluído o processo de licenciamento do ESP, torna-se necessário por parte do proprietário, proceder à
sua renovação após os 5 anos de validade (ou antes se assim for determinado na licença). Este
procedimento inicia-se 60 dias antes de caducar o prazo de certificação, sendo feito um pedido em tudo
idêntico ao processo de autorização de funcionamento (Anexo III). É importante salientar que para os
casos de mudança do titular do ESP e retirada em definitivo de serviço do equipamento, o proprietário
deverá informar a DRE, no prazo de 60 dias após a acção de algum dos casos anteriores, e para o caso de
retirada de funcionamento do ESP, o proprietário tem obrigatoriamente de enviar a placa de registo do
equipamento, não sendo possível retomar o funcionamento do equipamento e consequente (re)
licenciamento.
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Ilustração 5 - fases para a autorização de funcionamento para a reparação e alteração de ESPs
Inicialmente, perante a necessidade de o proprietário alterar ou reparar o seu ESP, deverá em primeiro
lugar pesquisar uma entidade reparadora que possua a capacidade técnica e pessoal qualificado para
executar todas as intervenções a ocorrerem no equipamento ou instalação. O proprietário ao adjudicar o
serviço a uma determinada empresa fica dispensado de subcontratar o OI, cabendo à empresa responsável
pelo serviço todo esse processo.
As reparações e alterações de um ESP, dependem da aprovação prévia do respectivo projecto por um OI,
excluindo-se neste caso, os equipamentos previstos nas ITC respectivas (ver legislação, capitulo 4), bem
como o caso de pequenas reparações (previstas nas ITC), que ficam assim dispensadas do projecto e
intervenção do OI, no entanto, o proprietário deve enviar à DRE, o termo de responsabilidade da empresa
reparadora, a memória descritiva da intervenção e o relatório de verificações e ensaios.
A empresa a que foi adjudicado todo o processo de intervenção, deve propor o projecto de alteração ou
reparação, feito por um Engenheiro Mecânico, devidamente reconhecido, acompanhado pelo respectivo
termo de responsabilidade, onde constem todas a informações possíveis, tais como, desenhos, memória
descritiva, cálculos, planos de inspecção e ensaios, etc. O OI ao receber a documentação, comunica à
entidade reparadora a sua aprovação do projecto no prazo de 30 dias (acompanhado pelos documentos
referidos no anexo VI do decreto-lei 90/2010), enviando igualmente uma cópia do projecto e aprovação à
DRE, nos 15 dias subsequentes à sua validação.
A entidade reparadora, responsável pelo projecto e realização da reparação, é acompanhada durante toda
a obra pelo OI que analisa o processo, valida os ensaios e verifica o cumprimento na íntegra do projecto,
realizando no final, uma prova de pressão à respectiva instalação, onde emite no prazo de 15 dias (caso
esteja tudo em conformidade), o relatório de aprovação da reparação ou alteração, enviando as
informações, conforme o anexo VII (decreto-lei 90/2010), ao proprietário e uma cópia à DRE.
A fase final do processo é da responsabilidade do proprietário do ESP, que solicita à DRE a autorização
de funcionamento da instalação, conforme o anexo III do presente decreto-lei 90/2010 (ver capítulo 3).
4 LEGISLAÇÃO
Como se vê, face à criticidade para a segurança de pessoas e instalações, a instalação, entrada em
serviço e manutenção em funcionamento deste tipo de equipamentos reveste-se dum conjunto de
cuidados que pela sua importância foram transpostos para a legislação nacional. Assim, as
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organizações detentoras deste tipo de equipamentos devem prestar particular atenção ao conjunto de
diplomas legais em vigor nesta matéria, que por certo serão instrumentos preciosos de verificação
para os responsáveis pela manutenção e pela segurança da instalação e das pessoas. Assim apresenta-
se de seguida a legislação complementar relativa a Equipamentos sob pressão
INSTRUÇÕES
TÉCNICAS LEGISLAÇÃO
COMPLEMENTARES
Despacho n.º 22332/2001 (2.ª
ITC relativa aos Geradores de Vapor e equiparados.
série), de 30 de Outubro
Despacho n.º 22333/2001 (2.ª
ITC relativa a Reservatórios de Gás Petróleo Liquefeito (GPL).
série), de 30 de Outubro
Despacho n.º 1859/2003 (2.ª
ITC relativa aos Recipientes Sob Pressão, de Ar Comprimido .
série), de 30 de Janeiro
Despacho n.º 11551/2007 (2.ª
ITC para conjuntos processuais de Equipamentos Sob Pressão.
série), de 12 de Junho
Despacho n.º 24260/2007 (2.ª ITC para Reservatórios de Gases de Petróleo Liquefeitos com volume
série), de 23 de Outubro superior a 200 m3.
Despacho n.º 24261/2007 (2.ª ITC relativa aos ESP e conjuntos destinados à produção ou
série), de 23 de Outubro armazenagem de Gases Liquefeitos Criogénicos v.
Tabela 4 – Legislação complementar.
v
Gases liquefeitos com uma temperatura inferior (-50 ºC)
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