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Introdução Ao Refino - Nilo Indio Do Brasil PDF
Introdução Ao Refino - Nilo Indio Do Brasil PDF
ii
8.2 Unidades de hidroconversão ..................................................................................................... 115
9 Geração de hidrogênio............................................................................................................117
9.1 Introdução................................................................................................................................... 117
9.2 Cargas Usuais para o Processo de Reforma por Vapor ......................................................... 118
9.3 Principais Características da Carga......................................................................................... 118
9.4 PreTratamento da Carga .......................................................................................................... 120
9.5 Reforma a Vapor........................................................................................................................ 121
9.6 PSA (Pressure Swing Adsorption System) ................................................................................. 126
10 Desasfaltação a propano.....................................................................................................129
10.1 Descrição do processo ................................................................................................................ 130
10.2 Efeito das variáveis operacionais.............................................................................................. 132
11 Reforma catalítica ...............................................................................................................135
11.1 Reações........................................................................................................................................ 135
11.2 Pré-tratamento ........................................................................................................................... 136
12 Alquilação catalítica............................................................................................................140
12.1 Reações........................................................................................................................................ 140
12.2 Processo....................................................................................................................................... 141
13 Recuperação de enxofre......................................................................................................143
13.1 Introdução................................................................................................................................... 143
13.2 Produção de Enxofre ................................................................................................................. 145
13.3 Produção de enxofre a partir do Petróleo................................................................................ 146
13.4 Meio Ambiente ........................................................................................................................... 149
14 Lubrificantes .......................................................................................................................151
14.1 Introdução................................................................................................................................... 151
14.2 Destilação .................................................................................................................................... 151
14.3 Desaromatização a Fufural ....................................................................................................... 153
14.4 Desparafinação ........................................................................................................................... 159
14.5 Hidrotratamento de óleo............................................................................................................ 165
15 Bibliografia..........................................................................................................................168
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1 REFINO NO BRASIL
A Petróleo Brasileiro S.A – Petrobrás foi criada pela Lei 2004 em 1953 após empenho do então
presidente Getúlio Vargas. Ao ser constituída, a nova companhia recebeu do Conselho Nacional do
Petróleo (CNP) os campos de petróleo do Recôncavo baiano; uma refinaria em Mataripe, na Bahia,
uma refinaria e uma fábrica de fertilizantes, ambas em fase de construção, em Cubatão (SP); a Frota
Nacional de Petroleiros, com 22 navios, e os bens da Comissão de Industrialização do Xisto
Betuminoso. A produção de petróleo era de 430 m3 por dia, representando 27% do consumo
brasileiro. Vinha dos campos de Candeias, Dom João, Água Grande e Itaparica, todos na Bahia, que
estavam em fase inicial de desenvolvimento. O parque de refino atendia a uma pequena fração do
consumo nacional de derivados, que se situava em torno de 21 781 m3 por dia, a maior parte
importada.
Ao final da década de 50, a produção de petróleo já se elevava a 10 334 m3 diários, as reservas
somavam 98 000 000 m3.
Alguns fatos marcantes dos anos 50 foram:
início de operação da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, São Paulo (1955)
início de operação do Terminal de Madre de Deus, na Bahia, que torna possível exportar para
Cubatão o excesso de petróleo produzido no estado (1956)
esforço para adquirir no mercado interno quantidades cada vez maiores de materiais e
equipamentos. Em 1956, a RPBC adquiriu no país 78% de seus suprimentos
intensificação das pesquisas geológicas e geofísicas em todas as bacias sedimentares.
A década de 60 foi um período de muito trabalho e grandes realizações para a indústria nacional de
petróleo. Em 1961, a Petrobrás alcançou um de seus objetivos principais: a auto-suficiência na
produção dos principais derivados, com o início de funcionamento da Refinaria Duque de Caxias
(REDUC) no Rio de Janeiro. Ao longo da década, outras unidades entraram em operação: as
Refinarias Gabriel Passos (REGAP), em Betim, Minas Gerais, e Alberto Pasqualini (REFAP), em
Canoas, Rio Grande do Sul (1968). A expansão do parque de refino mudou a estrutura das
importações radicalmente. Enquanto na época de criação da Petrobrás cerca de 98% das compras
externas correspondiam a derivados e só 2% a óleo cru, em 1967 o perfil das importações passava a
ser 8% de derivados e 92% de petróleo bruto.
Outros destaques dos anos 60 foram:
é iniciada a exploração da plataforma continental, do Maranhão ao Espírito Santo (1961)
a Petrobrás diversifica suas fontes de suprimento, até então restritas à Arábia Saudita e Venezuela,
para oito países (1965)
é inaugurada a Fábrica de Asfalto de Fortaleza, hoje conhecida como Lubrificantes e Derivados de
Petróleo do Nordeste - Lubnor (1966)
criado o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), atualmente o maior centro de pesquisas
da América Latina (1966)
1
é constituída a subsidiária Petrobrás Química S.A (Petroquisa), para articular a ação dos setores
estatal e privado na implantação da indústria petroquímica no país (1967)
No início dos anos 70, o consumo de derivados de petróleo duplicou, impulsionado pelo
crescimento médio anual do Produto Interno Bruto a taxas superiores a 10% ao ano. Como
responsável pelo abastecimento nacional de óleo e derivados, a Petrobrás viu-se diante da
necessidade de reformular sua estrutura de investimentos, para atender à demanda interna de
derivados. Datam desse período o início de construção da Refinaria de Paulínia (REPLAN), em São
Paulo, a modernização da RPBC e o início de construção da unidade de lubrificantes da REDUC.
Os anos 70 também foram marcados por crises. Os países da Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP) elevaram substancialmente os preços internacionais, provocando os chamados
choques do petróleo de 1973 e 1979. Com isso, o mercado tornou-se conturbado e marcado por
incertezas não apenas quanto aos preços, como também quanto à garantia do suprimento. Como
importante cliente das companhias estatais dos países da OPEP, a Petrobrás conseguiu manter o
abastecimento ao mercado brasileiro, resultado de anos de bom relacionamento com aquelas
companhias.
Para superar as dificuldades cambiais, o Governo adotou medidas econômicas, algumas diretamente
ligadas às atividades da Petrobrás: redução do consumo de derivados, aumento da oferta interna de
petróleo. Datam desse o desenvolvimento de novas fontes de energia, capazes de substituir os
derivados de petróleo. Um exemplo foi o incentivo ao uso do álcool como combustível automotivo,
com a criação do Programa Nacional do Álcool. Passou a ser dada prioridade aos investimentos em
exploração e produção, ocasionando aumento da produção do petróleo nacional, que passou a
ocupar espaço cada vez maior na carga das refinarias.
Alguns marcos dos anos 70 foram:
começam a operar as refinarias de Paulínia (SP), ainda hoje a maior do país (1972), e Presidente
Getúlio Vargas (REPAR), em Araucária, Paraná (1977)
entra em operação o Complexo Petroquímico de São Paulo - I Pólo Petroquímico (1972)
as refinarias de Capuava e Manaus são adquiridas pela Petrobrás (1974)
pela primeira vez no Brasil, é realizada a extração de óleo de xisto, com a entrada em operação da
Usina Protótipo do Irati, em São Mateus do Sul, Paraná (1972)
começa a produção de petróleo na bacia de Campos, com um sistema antecipado instalado no
campo de Enchova (1977)
inaugurada a Central de Matérias-Primas da Copene, subsidiária da Petroquisa, em Camaçari, Bahia
(1978)
ao final da década, o Brasil produzia 26 314 m3 de petróleo por dia, 66% dos quais em terra e 34%
no mar. A produção média de gás natural atingia 5 200 000 m3/d.
Com as bruscas elevações de preços no exterior, o dispêndio de divisas do país com petróleo e
derivados aumentou mais de dez vezes, chegando a alcançar a casa dos 10 bilhões de dólares em
1981. Os investimentos nas atividades de exploração e produção, junto ao esforço desenvolvido na
área de comercialização, contribuíram para reduzir a dependência energética. Ao final da década, o
dispêndio líquido de divisas com importação de óleo e derivados caía para cerca de 3 bilhões de
dólares.
Na área de refino, as instalações industriais da Petrobrás foram adaptadas para atender à evolução
do consumo de derivados. Para isso, foi implantado na década de 80 o projeto conhecido como
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"fundo de barril". Seu objetivo era transformar os excedentes de óleo combustível em derivados
como o diesel, a gasolina e o gás liqüefeito de petróleo (gás de cozinha), de maior valor.
Também se destacaram nos anos 80:
entra em operação a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, SP (1980)
são instalados na bacia de Campos os Sistemas de Produção Antecipada, com tecnologia
desenvolvida pelos técnicos da Petrobrás (1981)
entra em operação o III Pólo Petroquímico, instalado em Triunfo, RS (1982)
alcançada a meta-desafio de produção de 79 500 m3 diários de petróleo
são descobertos os campos de Albacora (1984) e Marlim (1985), os primeiros campos gigantes em
águas profundas na bacia de Campos
a Petrobrás supera seu próprio recorde, produzindo petróleo a 492 metros no campo de Marimbá, na
bacia de Campos (1988)
é retirado totalmente o chumbo tetraetila da gasolina produzida pela Petrobrás (1989).
Ao final dos anos 80, a Petrobrás se encontrava diante do desafio de produzir petróleo em águas
abaixo de 500 metros, feito não conseguido então por nenhuma companhia no mundo. Num gesto
de ousadia, decidiu desenvolver no Brasil a tecnologia necessária para produzir em águas até mil
metros. Menos de uma década depois, a Petrobrás dispõe de tecnologia comprovada para produção
de petróleo em águas muito profundas. O último recorde foi obtido em janeiro de 1999 no campo de
Roncador, na bacia de Campos, produzindo a 1.853 metros de profundidade. Mas a escalada não
pára. Ao encerrar-se a década, a empresa prepara-se para superar, mais uma vez, seus próprios
limites. A meta, agora, são os 3 mil metros de profundidade, a serem alcançados mediante projetos
que aliam a inovação tecnológica à redução de custos.
Outros desafios enfrentados pelo Centro de Pesquisas da Petrobrás durante a década foram o
aumento do fator de recuperação do petróleo das jazidas, o desenvolvimento de novas tecnologias
para adequação do parque de refino ao perfil da demanda nacional de derivados e a formulação de
novos produtos e aditivos que garantam o atendimento à crescente exigência da sociedade brasileira
por combustíveis e lubrificantes de melhor qualidade.
Em agosto de 1997, a Petrobrás passou a atuar em um novo cenário de competição instituído pela
Lei 9.478, que regulamentou a emenda constitucional de flexibilização do monopólio estatal do
petróleo. Com isso, abriram-se perspectivas de ampliação dos negócios e maior autonomia
empresarial. Em 1998, a Petrobrás posicionava-se como a 14ª maior empresa de petróleo do mundo
e a sétima maior entre as empresas de capital aberto, segundo a tradicional pesquisa sobre a
atividade da indústria do petróleo divulgada pela publicação Petroleum Intelligence Weekly.
Outros fatos importantes dos anos 90:
o decreto 99.226, de abril de 1990, determina a extinção da Interbrás e da Petromisa
assinado o Acordo Brasil-Bolívia, para importação de gás natural, com a construção de um
gasoduto de 2.233 quilômetros (1993)
é modificado o estatuto da Petrofertil, de forma a permitir sua atuação no segmento do gás natural
(1996). Mais tarde, a Petrofertil tem sua razão social alterada para Petrobrás Gás S.A - Gaspetro
(1998)
é superada a marca de produção de um milhão de barris diários de petróleo (1997)
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é criada a Petrobrás Transporte S.A - Transpetro, com o objetivo de construir e operar dutos,
terminais, embarcações e instalações para o transporte e armazenagem de petróleo e derivados, gás
e granéis (1998)
é inaugurada a primeira etapa do gasoduto Bolívia-Brasil, entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia,
e Campinas (SP). Maior obra do gênero na América Latina, o gasoduto permitiu que se ampliasse a
participação do gás natural na matriz energética brasileira, (1999).
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2 PETRÓLEO
Total no Mundo: 146,4 trilhões de m³ (ou 0,92 trilhão de barris equivalentes), em 1999
Freqüentemente é produzido também o gás natural. O gás é a porção do petróleo que se encontra na
natureza na fase gasosa. Pode ocorrer isoladamente ou associado ao óleo, gerando subprodutos com
diferentes características, segundo o aproveitamento de seus componentes.
Durante muito tempo, atividades de perfuração voltadas exclusivamente para encontrar o petróleo
contribuíram para que o gás natural fosse visto como produto inferior, uma espécie de primo pobre
do petróleo. Porém, na década de 70, ele passou a ser usado como combustível alternativo,
substituindo derivados, numa tendência estimulada pelas crises internacionais que aumentaram
muito os preços do óleo cru nos mercados mundiais.
Hoje, o gás é considerado um combustível nobre, por causa das muitas vantagens decorrentes de
sua utilização, sejam econômicas, ambientais e de processo sobre outros combustíveis. Entre essas
vantagens, podem ser citadas: a redução das emissões, a possibilidade de substituir qualquer fonte
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de energia convencional e o fato de ser um produto acabado (já está praticamente pronto para a
utilização, quando extraído), não necessitando de estoques e permitindo redução de custos. Na
indústria, o emprego do gás representa redução de despesas com manutenção de equipamentos,
porque a queima completa do gás não deixa resíduos nos fornos e caldeiras. Há, também,
comprovada melhoria de rendimento dos equipamentos em relação ao óleo combustível, sem falar
na diminuição dos gastos com transporte, porque o gás é entregue diretamente através de dutos, a
partir das fontes de produção.
Uma aplicação do gás que vem sendo incentivada é como combustível automotivo. É o Gás Natural
Veicular (GNV), utilizado em frotas de ônibus urbanos e táxis, que permite a redução à metade da
emissão de gases poluentes. Além disso, é um combustível mais barato e aumenta a vida útil dos
veículos.
Outro uso para o gás natural que está sendo muito estimulado pelo governo é em usinas
termelétricas. Atualmente, a Petrobrás participa, associada à iniciativa privada, de 23 projetos de
construção de termelétricas, de norte a sul do Brasil, que deverão entrar em operação entre 2001 e
2004. Desses projetos, 12 são de usinas produtoras apenas de energia elétrica. Os outros serão
destinados à cogeração, ou seja, vão produzir energia elétrica e vapor, utilizado no processo,
principalmente nas refinarias.
Este empreendimento vai garantir a geração de 930 MW de energia elétrica para a região
amazônica, utilizando cinco milhões de metros cúbicos/dia de gás natural produzidos nos campos
de Urucu e Juruá, no Alto Amazonas. O gás será transferido até Coari, no rio Solimões, através de
um gasoduto de 280 quilômetros e outro, com 420 quilômetros de extensão será construído para
levar o gás até Manaus. Também faz parte do projeto um gasoduto de cerca de 500 quilômetros de
extensão de Urucu para Porto Velho (RO), para transportar o gás natural que será consumido nas
usinas termelétricas da região.
O gasoduto Bolívia-Brasil é um empreendimento de US$ 2 bilhões, que consolida o processo de
integração energética da América Latina. O gasoduto atravessa os estados do Mato Grosso do Sul,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e vai fornecer, até 2003, cerca de 30 milhões
de metros cúbicos de gás natural. Com isso, a participação desse combustível na matriz energética
nacional aumentará de 2,8% para 12%.
O empreendimento é o primeiro modelo empresarial de parceria da Petrobrás com participação de
empresas privadas internacionais, de países como a Austrália, México e Reino Unido, entre outros.
Para sua construção e operação foram criadas três empresas ligadas a Gaspetro (subsidiária da
Petrobrás): Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que opera o trecho no nosso
país; Petrobrás Gasoduto Bolívia-Brasil S. A. (Petrogasbol), responsável pela construção em
território boliviano; e a Gás Transboliviano (GTB), para operar o trecho na Bolívia.
Dos 430 m3/d de petróleo produzidos quando foi criada, a Petrobrás chega ao final do ano 2000 com
produção de cerca de um milhão e 300 mil barris por dia de óleo e 39 milhões de metros cúbicos
diários de gás natural. Aproximadamente 61% desse total vêm do mar e são produzidos através de
uma centena de plataformas, fixas e flutuantes. Em terra, os estados produtores são Amazonas,
Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. No mar, a Petrobrás extrai
petróleo no litoral dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
H H
isopentano H H H
C
C C
C5H12 H C C C H
H
H H
H C C H
H H
H H H H
H H
benzeno naftaleno
etano
H C H H C C C H
H C H C6H6 C10H8
C2H6 H H H H
H
metano propano isobutano
CH4 C3H8 C4H10
NAFTÊNICOS
(OU CICLOALCANOS)
H H H H
C H
H H C H
C C C C
H H H
H
C C H H
H H C C
H H H C H
ciclopentano H H
ciclohexano
C5H10 C6H12
Figura 2-1 – Exemplos de hidrocarbonetos
Há no petróleo todas essas substâncias em proporções que variam de acordo com a região onde é
extraído. Os compostos olefínicos são encontrados em muito pequena quantidade devido a sua alta
reatividade, porém durante o processamento do petróleo esses compostos são gerados, fazendo parte
dos derivados. Há ainda uma quantidade de gases e sólidos dissolvidos ou dispersos na mistura
líquida. O gás é composto principalmente por metano, etano e propano. Os sólidos são os
hidrocarbonetos que contém acima de 18 átomos de carbono além das resinas e asfaltenos que se
decompõem antes de vaporizar.
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De uma maneira geral, todos os derivados também será ainda uma mistura que conterá compostos
de todas essas classes. A quantidade de cada determinada classe de hidrocarbonetos será requerida
em várias proporções de acordo com as características que se deseja para o produto final enfocando
a sua aplicação (Tabela 2-2).
Algumas propriedades físicas gerais (que não leva em conta a sua composição) são utilizadas para
identificação dos petróleos, tais como densidade relativa e viscosidade. Na comercialização, em
geral, os petróleos que contém uma maior quantidade de compostos mais leves (menor número de
carbono) são os mais valorizados porque produzirão em maior quantidade derivados mais rentáveis
comercialmente. O American Petroleum Institute - API resolveu classificar os petróleos de uma
maneira que não deixasse dúvidas quanto ao teor de elementos leves, e para tal adotou o grau API:
141,5
o
API = − 131,5 ,
d15,6 / 15,6
Quanto maior o grau API do óleo, menor é a sua densidade relativa, o que eqüivale a dizer que o
óleo é mais leve, portanto mais rico em voláteis (partes leves), ou seja, tem maior valor comercial
(Tabela 2-3).
Tabela 2-3 - Classificação do petróleo em relação ao ºAPI
Densidade (ºAPI) Classificação
40 ou maior Extra leve
33 - 40 Leve
27 - 33 Médio
19 - 27 Pesado
15 - 19 Extra pesado
15 ou menor Asfáltico
De acordo com as características geológicas do local de onde é extraído, o petróleo bruto pode
variar quanto à sua composição química e ao seu aspecto. Há aqueles que possuem alto teor de
enxofre, outros apresentam grandes concentrações de gás sulfídrico, por exemplo. Quanto ao
aspecto, há petróleos pesados e viscosos, e outros leves e voláteis, segundo o número de átomos de
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carbono existentes em sua composição. Da mesma forma, o petróleo pode ter uma ampla gama de
cores, desde o amarelo claro, semelhante à gasolina, chegando ao verde, ao marrom e ao preto. Com
tão grande variedade de tipos de matéria-prima, a tarefa inicial no processo de refino é conhecer
exatamente o petróleo a ser processado, por meio de análises de laboratório.
Os principais contaminantes do petróleos são os compostos que contém enxofre, nitrogênio, metais
e oxigênio (Figura 2-2). Petróleos ácidos ou acres são os que possuem composto de enxofre em alta
percentagem, tendo cheiro peculiar; já os tipos doces contam com baixo teor de enxofre.
Normalmente classificam-se como petróleos ácidos aqueles que contêm gás sulfídrico em
concentração acima de 380 mililitros por 100 litros, sendo perigosamente tóxicos. Já os óleos doces
não contêm gás sulfídrico.
A Figura 2-3 mostra um resumo dos constituintes do petróleo e a sua classificação. O petróleo dessa
forma é composto por hidrocarbonetos alifáticos (ligações simples carbono-carbono) e aromáticos
(ligações duplas alternadas em cadeias fechadas). As olefinas (hidrocarbonetos de cadeias abertas
com ligações duplas) são compostos instáveis e praticamente não são encontrados no petróleo,
porém durante o processamento, são gerados e fazem parte da constituição dos derivados. Além
disso, há os não hidrocarbonetos que são os contaminantes do petróleo.
Outra forma de caracterizar o petróleo seria quantificar os compostos de acordo com a faixa de
temperatura em que esses entram em ebulição. Utilizando-se um processo físico (destilação),
podem-se separar os componentes do petróleo. Embora existam nos laboratórios equipamentos
sofisticados com alto grau de fracionamento (separação) os produtos da destilação, também
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conhecidos como cortes ou frações do petróleo, são ainda misturas complexas de hidrocarbonetos e
contaminantes.
HIDROCARBONETOS NÃO
(C,H) HIDROCARBONETOS
(C, H, S, N, O, METAIS)
ALIFÁTICOS AROMÁTICOS
OLEFINAS
(TRAÇOS)
RESINAS
CADEIAS CADEIAS
RETAS
(N-) CÍCLICAS
ASFALTENOS
CADEIAS
RAMIFICADAS CONTAMINANTES
(ISO) ORGÂNICOS
MONONUCLEARES POLINUCLEARES
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SOLENÓIDE
ÁGUA
SAÍDA
VÁLVULA
SAÍDA
BOMBA DE VÁCUO
AQUECIMENTO DE
COMPENSAÇÃO
TERMOPAR
REGULAGEM DO
AQUECIMENTO
Petróleo A
Temperatura
Petróleo B
T2
T1
0 100
R1 R2
Quantidade recolhida (%)
Figura 2-5 – Curva PEV para dois petróleos hipotéticos
Um exemplo típico de temperaturas de corte para os derivados pode ser:
Nafta - C5 - 150ºC
Querosene - 150ºC - 230ºC
Gasóleo atmosférico- 230ºC - 400ºC
Gasóleo de vácuo - 400ºC - 570ºC
Resíduo de vácuo - 570ºC ou maior
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2.2 Processamento primário
O petróleo produzido nos campos segue para separadores trifásicos (Figura 2-6) onde é retirado o
gás natural e a água livre. Durante o processo de produção, parte da água do reservatório se mistura
com o óleo na forma de gotículas dispersas gerando uma emulsão água-óleo. O separador trifásico
não consegue remover essas gotículas de água que estão na forma coloidal. Assim, é realizada uma
etapa, a desidratação, para retirar o máximo da água emulsionada do óleo. A desidratação é
realizada em vasos nos quais é aplicada uma tensão elétrica. As gotículas de água se coalescem e
são separadas do óleo por decantação.
Um outra forma de separar as gotículas de água dispersas no meio oleoso, é a injeção de substâncias
químicas chamadas desemulsificantes para ajudar a romper a emulsão.
Já o gás natural é submetido a um processo no qual são retiradas partículas líquidas, que vão gerar o
gás liqüefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha. Depois de processado, o gás é entregue para
consumo industrial, inclusive na petroquímica. Parte desse gás é reinjetado nos poços, para
estimular a produção de petróleo.
O processamento primário permite então que o óleo atenda as especificações exigidas pelas
refinarias:
um mínimo de componentes leves, quantidades de sais abaixo de 300 mg/L de óleo, quantidade de
água e sedimentos abaixo de 1% (do volume de óleo). Essa quantidade é conhecida como BS&W
(Basic Sediments and Water).
A redução de água é importante também para reduzir o volume total de óleo a ser transportado para
as refinarias.
Figura 2-6 - Separador trifásico retirando a água livre e o gás associado ao óleo.
2.3 Logística
O petróleo é armazenado e posteriormente enviado para as refinarias por navios tanques ou por
oleodutos. A Petrobrás possui extensa rede de dutos que interligam campos petrolíferos, terminais
marítimos e terrestres, bases de distribuição, fábricas e aeroportos. A malha de transporte é formada
por cerca de 15 300 quilômetros de dutos, 53 terminais (dez marítimos, três fluviais, 29 terrestres e
11 terminais em portos de terceiros) e um sistema de armazenamento com capacidade para
415 000 000 m3 de produtos. O sistema de transporte se completa com a frota de 114 navios-
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tanques, dos quais 64 são próprios, representando uma capacidade total de transporte de sete
milhões de toneladas de porte bruto.
É um sistema integrado que faz a movimentação dos produtos de petróleo dos campos de produção
para as refinarias, quando se trata do petróleo produzido aqui, ou a transferência do petróleo
importado descarregado nos terminais marítimos para as unidades de refino. Depois de processados
nas refinarias, os derivados passam também pela rede de transporte em direção aos centros
consumidores e aos terminais marítimos, onde são embarcados para distribuição em todo o país.
O gás natural é transferido dos campos de produção para as plantas de gasolina natural, onde,
depois de processado para a retirada das frações pesadas, é enviado aos grandes consumidores
industriais e à rede de distribuição domiciliar.
Os dutos são classificados em oleodutos (transporte de líquidos) e gasodutos (transporte de gases) e
em terrestres (construídos em terra) ou submarinos (construídos no fundo do mar). Os oleodutos
que transportam derivados e álcool são também chamados de polidutos. Outras modalidades de
transporte, como rodoviário e ferroviário, são ocasionalmente empregadas para a transferência de
petróleo e derivados.
Os dutos são o meio mais seguro e econômico para transportar grandes volumes de petróleo,
derivados e gás natural a grandes distâncias. Além disso, o sistema permite a retirada de circulação
de centenas de caminhões, economizando combustível e reduzindo o tráfego de veículos pesados
nas estradas.
Abaixo é apresentada uma lista das refinarias da Petrobrás:
Refinaria Landulpho Alves - (RLAM) - Mataripe, Bahia
Refinaria Presidente Bernardes - (RPBC) - Cubatão, São Paulo
Refinaria Duque de Caxias - (REDUC) - Campos Elíseos, Rio de Janeiro
Refinaria Gabriel Passos - (REGAP) - Betim, Minas Gerais
Refinaria Alberto Pasqualini - (REFAP) - Canoas, Rio Grande do Sul
Refinaria de Paulínia - (REPLAN) - Paulínia, São Paulo
Refinaria de Manaus - (REMAN) - Manaus, Amazonas
Refinaria de Capuava - (RECAP) - Mauá, São Paulo
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) - Araucária, Paraná
Refinaria Henrique Lage - (REVAP) - São José dos Campos, São Paulo
Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste - (Lubnor) - Fortaleza, Ceará
Além das refinarias localizadas no Brasil, a Petrobrás também possui duas refinarias na Bolívia,
adquiridas em 1999 (Refinarias Guilhermo Elder Bell e Gualberto Villarroel). As unidades
industriais da Petrobrás se completam com duas fábricas de fertilizantes nitrogenados (FAFEN),
localizadas em Laranjeiras, Sergipe, e em Camaçari, Bahia. Recentemente também foi adquirida a
Peres Companc, o maior grupo privado da América do Sul, incorporando mais duas refinarias na
Argentina e na Bolívia, várias unidades petroquímicas e campos de produção espalhados na
América Latina.
Operam ainda no Brasil as refinarias Ipiranga, no Rio Grande do Sul, e Manguinhos, no Rio de
Janeiro, ambas pertencentes a grupos privados.
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Em suas instalações de refino, a Petrobrás tem capacidade para produzir cerca de 1 milhão e 800
mil barris de derivados por dia, atendendo à demanda interna e gerando excedentes que são
exportados. A participação do petróleo produzido no Brasil na carga das refinarias é de cerca de
70%; o restante representa petróleo importado para complementar o consumo brasileiro de
derivados, que é de cerca de 1,69 milhão de barris por dia. Entre os principais fornecedores de
petróleo ao Brasil estão a Nigéria, a Arábia Saudita, a Argentina e a Venezuela.
O refino pode também ser utilizado como fonte geradora de divisas para o país. Assim, é possível
orientá-lo para atingir o mercado externo, acertando-se o abastecimento interno com as exportações
e importações de petróleo ou derivados. Nos últimos anos, as operações de refino no Brasil têm sido
orientadas para o aumento da produção de derivados médios (querosene e óleo diesel). Em suas
refinarias, a Petrobrás produz mais de 80 diferentes produtos.
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3 ESQUEMA DE REFINO
GÁS
PRODUTOS FINAIS
Unidade
PETRÓLEO de ou ACABADOS
Processo
PRODUTOS PRODUTOS
INTERMEDIÁRIOS INTERMEDIÁRIOS
PRODUTOS SUBPRODUTOS
QUÍMICOS
18
Figura 3-4 – Saídas do processo de craqueamento catalítico.
Os processos físicos são aqueles que não modificam as substâncias presentes na carga, ou seja não
há reação química. São processos de separação física. Os processo de conversão por sua vez, ocorre
reação química modificando as substâncias presentes originalmente, ou seja, não é possível
reconstituir novamente a carga misturando-se os produtos. Os processos de acabamentos são
aqueles que visam melhorar uma propriedade do derivado ou retirar algum contaminante. Os
processos auxiliares são aqueles que dão suporte ao funcionamento das unidades de processos ou
abastecem com algum tipo de composto químico.
Tabela 3-1 – Classificação dos processos existentes na refinaria.
Conversão
Físicos Tratamento Auxiliares
Química
Destilação do Craqueamento
Dessalgação* Geração de
Petróleo Hidrogênio
Hidrocraqueament Cáustico
Desasfaltação o Catalítico Tratamento de
Cáustico
água
Desaromatização
Regenerativo
Reformação
Desparafinação Alquilação Tratamento Bender Geração de Vapor
e de Energia
Desoleificação Catalítica Tratamento
Tratamento de
DEA/MEA
Extração de Viscorredução Efluentes
aromáticos Coqueamento Hidrotratamento
Recuperação de
Adsorção Retardado enxofre
Processos Físicos
Dentre os processos físicos pode-se citar a destilação de petróleo que, como já foi citado, utiliza a
diferença de temperatura de ebulição para separar frações do petróleo. Mas quando não é possível
se aquecer para que a substância passe para o estado vapor, seja por exemplo por causa da
degradação térmica, podem-se utilizar processos de extração por solventes. Esses processos
*
Embora a dessalgação não seja um processo de acabamento, considerou-se que é um tratamento do
petróleo que visa melhorar suas propriedades para ser adequadamente processado.
19
utilizam a propriedade da diferença de solubilização das substâncias em determinados solventes. A
Tabela 3-2 mostra os solventes de cada um desses processos e seus respectivos objetivos.
Há ainda outros processos que visam obter produtos especiais como no caso da adsorção de n-
parafinas. Nesse caso, o processo trata-se de uma filtração por peneiras moleculares da corrente da
faixa do querosene para retirar as n-parafinas diminuindo o ponto de congelamento do querosene e
ao mesmo tempo obtendo as n-parafinas que podem ser utilizadas nas petroquímicas para
detergentes biodegradáveis.
Tabela 3-2 – Processo de extração por solvente.
Processos de Conversão
Esses processos transformam as substâncias químicas presentes na carga em outras. Desde que se
descobriu que a molécula de hidrocarboneto quebra-se por efeito da temperatura, vários processos
têm sido utilizados nas refinarias para produzir frações mais leves.
Geralmente utilizam-se frações mais pesadas, como gasóleo de vácuo, para servirem como carga,
uma vez que o valor agregado dessas frações é relativamente baixo. As moléculas com uma cadeia
de hidrocarbonetos grande rompem-se gerando outras mais leves, na faixa do GLP, nafta e óleo
diesel de valor agregado maior.
O craqueamento térmico foi um dos primeiros processos para gerar mais leves, no entanto gerava
muito gás combustível e havia vários problemas operacionais relativos à formação de coque. O
craqueamento catalítico, por sua vez, gerava uma quantidade menor de gás, consumia o coque
formado e, além disso, gerava produtos de melhor qualidade em relação ao craqueamento térmico.
Há ainda um outro processo de craqueamento térmico brando chamado viscorredução. O seu
objetivo é quebrar parcialmente as moléculas de um óleo pesado. Os produtos leves formados não
são retirados ficam no meio reacional. A presença desses componentes mais leves no óleo abaixa a
viscosidade da mistura resultante.
Um outro processo de craqueamento térmico, o coqueamento retardado, tem chamado atenção
recentemente. O coqueamento utiliza como carga o resíduo de vácuo que de outra forma serviria
como óleo combustível, e gera mais frações leves e intermediárias (GLP, nafta e diesel) além do
20
próprio coque que pode ser comercializado. Esse processo é interessante nos dias atuais porque
diminui a quantidade de óleo combustível na refinaria e gera produtos mais valiosos, uma vez que
há um excedente de resíduos em função de cargas mais pesadas (que estão sendo processadas na
maior parte).
Uma forma de evitar a formação de coque no craqueamento térmico e ao mesmo tempo melhorar a
qualidade dos produtos em relação aos outros tipos de craqueamento é utilizar o
hidrocraqueamento. Esse processo realiza a ruptura das moléculas na presença de hidrogênio. Dessa
forma, as ligações carbono-carbono que são desfeitas são saturadas com hidrogênio.
Além dos processos de craqueamento há outros processos também catalíticos: alquilação catalítica e
reforma catalítica. O primeiro processo utiliza como carga GLP da destilação e GLP do
craqueamento para produzir uma corrente rica em hidrocarbonetos de cadeia aberta mas com várias
ramificações. A finalidade desse processo é gerar uma corrente que será o principal constituinte da
gasolina premium/pódium/aviação, além da gasolina da fórmula um.
A reforma catalítica utiliza como carga a nafta direta da destilação, rica em parafínicos e os
transforma em aromáticos. A finalidade da corrente de saída, rica em aromáticos, pode ser a
gasolina (aumentar a octanagem) ou fracionar seus componentes visando à obtenção de benzeno,
tolueno e xileno (BTX) e vendê-los à indústria petroquímica.
Processos de Tratamento
Os processos de tratamento visam retirar os contaminantes ou melhorar alguma propriedade dos
derivados. O principal contaminante é o enxofre que provoca poluição, corrosão, acidez, odor entre
outros. O uso da soda cáustica é o tratamento mais comum para esse fim, também chamado de
tratamento convencional de derivados. Esses tratamentos podem ser de dois tipos: dessulfurização e
adoçamento. No primeiro os compostos de enxofre (mercaptans) são retirados do derivado enquanto
que no segundo esses compostos são transformados em outros menos agressivos (dissulfetos) mas
ainda permanecendo com o derivado.
O tratamento com soda cáustica pode ser realizado com uma lavagem simples na qual o os
compostos de enxofre reagem com NaOH formando mercaptídeos de sódio que para os compostos
mais leves ficam dissolvidos na solução aquosa, separando-se do óleo. Esse tipo de processo é
utilizado apenas para derivados leves e quando a quantidade de enxofre é pequena.
Quando a quantidade de compostos sulfurados é significativa, torna-se viável utilizar processos
regenerativos tais como tratamento com DEA/MEA e MEROX (mercaptans oxidation).
O tratamento com dietanolamina (DEA) ou monoetanolamina (MEA) é utilizado para remover das
frações leves (gás combustível e GLP) o ácido sulfídrico (H2S). A corrente de hidrocarbonetos é
misturada com uma corrente aquosa de DEA/MEA. O H2S é absorvido pela corrente de DEA/MEA
em torre absorvedora (caso o produto seja gás) ou extratora (caso o produto seja líquido). Depois, a
corrente de DEA/MEA é regenerada em outra torre voltando ao processo. Dessa forma não há
consumo de reagentes nesse processo.
O tratamento MEROX é semelhante à lavagem cáustica, no entanto, a soda cáustica é regenerada.
Dessa forma, reduz-se o custo operacional porque o consumo de reagentes é menor. Esse processo
pode ser de dessulfurização ou adoçamento dependendo da solubilidade dos compostos de enxofre
(mercaptídeos de sódio) na solução aquosa. Caso esses produtos sejam solúveis na solução aquosa,
a sua retirada da solução oleosa é realizada por decantação, mas quando o processo utiliza correntes
mais pesadas de hidrocarbonetos esses compostos de enxofre são mais solúveis na solução oleosa
não permitindo, assim sua separação.
21
O hidrotratamento é um processo de acabamento que utiliza o hidrogênio para remover os
contaminantes (enxofre, nitrogênio e oxigênio) além de saturar as olefinas, estabilizando o
derivado. Os produtos desse processo são um gás ácido e uma água amoniacal que são removidos
da solução oleosa. Dessa forma, esse tipo de processo atende bem ao tratamento de frações mais
pesadas porque consegue remover seus contaminantes.
Processos Auxiliares
Os processos auxiliares são aqueles que dão suporte ao funcionamento dos demais processos de
produção de derivados. Vários processos utilizam vapor, por isso é necessária sempre a instalação
de uma caldeira para gerar vapor e energia. Além disso, em função das restrições ambientais, os
efluentes necessitam de tratamento antes do descarte. Outros processos, como hidrotratamento,
necessitam de hidrogênio que podem ser fornecidos por uma unidade de geração de hidrogênio.
A instalação de processos que lidem também com o gás ácido (H2S) que é produzido em várias
unidades é importante para diminuir a quantidade de poluentes emitida para atmosfera.
22
GLP 1,0%
NAFTA
PETROQUÍMICA 11,0%
Petróleo DESTILAÇÃO
ATMOSFÉRICA
QUEROSENE
100% 29,0%
DIESEL
ÓLEO
59,0%
COMBUSTÍVEL
GLP 7,5%
1,0%
6,5%
NAFTA
PETROQUÍMICA
11,0%
DESTILAÇÃO
Petróleo ATMOSFÉRICA
0,4%
59,0%
GASOLINA 17,1%
DESTILAÇÃO 33,5%
FCC
À VÁCUO
Figura 3-6 – Esquema de refino composto por destilação atmosférica e vácuo e FCC.
23
A Figura 3-7 mostra um esquema de produção ainda mais flexível e rentável, por incorporar ao
anterior o processo de coqueamento retardado que transforma uma fração de menor valor (resíduo
de vácuo) em produtos mais nobres (GLP, gasolina, nafta e óleo diesel), embora, na presente
configuração, a nafta e o óleo diesel não estejam sendo ofertados, por necessitarem de tratamento
dadas suas características de instabilidade. A fração geradora de óleo diesel está incorporada à carga
do FCC. Com a introdução do processo de coqueamento, há a produção de coque que pode ser
comercializado aumentando a rentabilidade da refinaria.
Finalmente a Figura 3-8 mostra o esquema de produção que é o mais flexível e moderno de todos
por incorporar à configuração anterior o processo de hidrotratamento de frações médias geradas no
coqueamento, possibilitando o aumento da oferta de óleo diesel de boa qualidade. Esse esquema
permite um maior equilíbrio na oferta de gasolina e de óleo diesel de uma refinaria, pois desloca
parte da carga que ia do coqueamento para o FCC (processo produtor de gasolina) e a envia para o
hidrotratamento, gerando, então, mais óleo diesel e menos gasolina que as configurações anteriores.
Esse esquema de refino é adequado principalmente para processamento de petróleos pesados, isto é,
aqueles que produziriam uma grande quantidade de resíduo que de outra forma seriam incorporados
ao óleo combustível.
GÁS 3,0%
GLP 9,8%
1,0% 1,1% 7,7%
NAFTA
PETROQUÍMICA
11,0%
Petróleo
DESTILAÇÃO
ATMOSFÉRICA
100% QUEROSENE
29,0%
DIESEL
29,0%
59,0%
2,2% 7,7%
GASOLINA 21,7%
20,2%
DESTILAÇÃO 33,5% 39,6%
FCC
À VÁCUO
1,5%
COQUEAMENTO 4,6%
12,3%
1,5%
4,7%
COQUE 4,7%
24
processos que consigam transformar o resíduo em produtos nobres na qualidade exigida pela
recente legislação. Esses processos são conhecidos como “fundo de barril”.
GÁS 2,8%
GLP 8,9%
1,0% 1,1% 6,8%
NAFTA
PETROQUÍMICA
11,0%
Petróleo
DESTILAÇÃO
ATMOSFÉRICA
100% QUEROSENE
39,3%
DIESEL
29,0%
10,3%
59,0%
2,0% 6,8%
GASOLINA 19,4%
17,9%
DESTILAÇÃO 33,5% 35,0%
FCC
À VÁCUO 6,1%
1,5%
25,5% 5,8% 0,4% ÓLEO
19,4%
13,2% COMBUSTÍVEL
0,8% 1,1%
5,7%
COQUEAMENTO 4,6% HIDROTRATAMENTO
12,3%
1,5%
4,7%
COQUE 4,7%
Figura 3-8 - Esquema de refino composto por destilação, FCC, coqueamento e hidrotratamento.
Os processos “fundos de barril” reduzem a produção de resíduos (óleo combustível e asfalto)
transformando-os em frações mais leves de maior valor comercial, além de conferir flexibilidade e
rentabilidade ao refino.
Os principais processos são:
• destilação a vácuo
• desasfaltação a propano
• craqueamento catalítico
• coqueamento retardado
• hidrocraqueamento
Esses processos têm uma importância muito grande para a Petrobrás na medida que as refinarias
não eram capacitadas com muitos desses processos. A razão é histórica. As refinarias foram
construídas, na maior parte, nas décadas de 50 e 60. A última refinaria que iniciou suas operações
foi a REVAP em 1980. O petróleo que as refinarias processavam era oriundo principalmente do
mundo árabe. Esse petróleo era leve. Com as duas crises do petróleo na década de 70 e 80 o Brasil
foi forçado a investir na busca de petróleo em território nacional. O petróleo que foi encontrado, na
sua maior parte, foi um petróleo pesado que produzia uma grande quantidade de resíduos. Por isso a
Petrobrás tem se esforçado para equipar as refinarias com esse tipo de processo de modo a trazer
25
mais flexibilidade para a suas refinarias. Além disso, contribuiu para esse quadro o aumento do
rigor da legislação com relação aos compostos sulfurados, principalmente para o óleo diesel.
A Figura 3-9 mostra um esquema de refino orientado para a produção de combustíveis e
aromáticos. Trata-se de uma refinaria bastante flexível porque possui vários processos “fundo de
barril” além de processos que a capacitam produzir produtos petroquímicos, benzeno, tolueno e
xileno (BTX) e gasolina de alta octanagem graças ao processo de alquilação catalítica.
GASOLINA
AUTOMOTIVA
EXTRAÇÃO FRACIONA.
DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA
NAFTA
CARGA PETROQUÍMICA
PETRÓLEO
QAV / QI
ÓLEO DIESEL
H2
GERAÇÃO CO2
COQUEAMENTO
DE
RETARDADO GÁS NATURAL
HIDROGÊNIO
RESÍDUO
AROMÁTICO
ÓLEO
COMBUSTÍVEL
ASFALTO
COQUE VERDE
26
GLP
SOLVENTES
ATMOSFÉRICA
GASOLINA
DESTILAÇÃO
CARGA NAFTAS
PETRÓLEO QAV / QI
ÓLEO DIESEL
DESTILAÇÃO
SPINDLE
À VÁCUO
DESAROMATIZAÇÃO
HIDROTRATAMENTO
DE LUBRIFICANTES
DESPARAFINAÇÃO
NEUTRO LEVE
A FURFIRAL
CO2 NEUTRO MÉDIO
A MIBC
NEUTRO PESADO
BRIGHT STOCK
GÁS GERAÇÃO
DE DESASFALTAÇÃO CILINDRO I
NATURAL HIDROGÊNIO A CILINDRO II
PROPANO
H2 EXTRATO AROM.
GÁS ÁCIDO
PARAFINA MOLE
PARAF. SP
HIDROTRATAMENTO
DESOLEIFICAÇÃO
PARAF. NL
DE PARAFINAS
PARAF. NM
A MIBC
PARAF. NP
PARAF. BS
PARAF. CS-I
PARAF. CS-II
ASFALTO
ÓLEO COMBUSTÍVEL
ULTRA VISCOSO
27
4 DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA E A VÁCUO
105
h
100 L+V
Temperatura ºC
g
95
i d f
Curva de e
c
90
Ponto de Bolha b
85
a
80
75 Líquido Sub-Resfriado
70
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
Fração Molar do Benzeno
Processo de destilação
As primeiras tentativas de destilação do petróleo utilizaram métodos bem rudimentares. Os
equipamentos usados eram conhecidos como destiladores ou alambiques. O processo era
descontínuo ou também conhecido como “em batelada”. Na época, além do desconhecimento das
diferentes propriedades do petróleo, a utilização comercial não exigia uma boa qualidade para os
produtos destilados. As primeiras refinarias eram, na realidade, destilarias. É claro que, no início da
indústria do petróleo, não se tinha interesse em produzir todos os derivados existentes nos dias
atuais, nem na qualidade exigida atualmente. O processo de destilação passou por um forte
procedimento evolutivo, em função de pesquisas e de busca de melhor qualidade dos produtos
acabados.
29
120
p=101,325 kPa
110
100
90
80
Temperatura, ºC
70
60
50
40
p=10 kPa
30
20
10
0
x x’ z y’ y
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Fração molar de benzeno
líquido líquido
L L
30
(vapor condensado) pode, assim, ser coletado em porções separadas chamadas de cortes para
produzir uma série de produtos com várias purezas.
A destilação ASTM, feita em laboratório para controle de qualidade dos produtos de petróleo, é um
exemplo de destilação diferencial. Um outro exemplo é o teste de intemperismo para o GLP.
A destilação fracionada é uma evolução da destilação integral, pois, em síntese, é uma destilação
integral com múltiplos estágios (Figura 4-4). Ela é necessária para produzir um ou mais produtos
com maior grau de pureza. Na maioria dos casos, um grau de pureza adequado não pode ser
alcançado pela destilação em um único estágio.
Esse processo de condensações e vaporizações parciais e sucessivas é capaz de obter dois produtos
de alta pureza, porém em quantidades muito pequenas. Ao mesmo tempo, haveria um grande
número de produtos de composição intermediária sem uma aplicação específica. Além disso são
necessários muitos permutadores, condensadores ou vaporizadores intermediários entre os estágios
de equilíbrio.
V3 , y3
V2 , y2 L+ V
3
V1 , y1 A.R.
L+ V
2 L3 , x3
A.R.
F L2 , x2
L+V
1 V’2 , y’2
z
V.A.
L+ V V’3 , y’3
2’
L1 , x1
V.A. L+ V
3’
L’2 , x’2
V.A.
L’3 , x’3
p = 101 325 Pa
110
T’4,y’4
T’4,x’4
Temperatura, ºC
T’3,y’3
100 T’3,x’3 T’2,y’2
T’2,x’2 T1,z T1,y1
T1,x1 T2,y2
90
T3,y3
T4,y4
TF ,z
80
T2 ,x2
T3 ,x3
T4 ,x4
70
0
0,05
0,15
0,25
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
1
0,1
0,2
0,35
0,45
0,55
0,65
0,75
0,85
0,9
0,95
Fração Molar de Benzeno
Figura 4-5 – Representação do processo de destilação em vários estágios no diagrama de equilíbrio.
Pode-se observar na Figura 4-6 que em cada estágio um vapor quente e saturado (isto é, no ponto de
orvalho) entra em contato com um líquido frio e saturado (isto é, no ponto de bolha). Isso resulta
em:
• uma temperatura final intermediária entre as temperaturas do vapor e do líquido, devida a
troca de calor entre eles;
• um vapor e um líquido de composições diferentes dos originais devido à condensação
preferencial do tolueno (mais pesado) presente no vapor e uma vaporização preferencial do
benzeno presente no líquido.
Como conseqüência disto, o vapor formado sai do estágio a uma temperatura menor do que o vapor
original e mais enriquecido nos componentes mais leves. O líquido, que está em equilíbrio com esse
vapor formado, sai do estágio a uma temperatura maior e mais enriquecido nos componentes mais
pesados em relação ao líquido original.
Como conclusão final desta solução, temos:
• quanto maior for o número de estágios empregados na seqüência, maior será o grau de
pureza dos produtos;
• quanto mais condensado retorna para cada estágio, melhor será o grau de separação, pois
maior será o grau de enriquecimento do vapor no componente mais volátil. Este retorno de
condensado é conhecido como refluxo.
Essas duas variáveis, número de estágios e vazão de refluxo, são as variáveis que se levam em conta
em um projeto para se obter um grau de separação desejado.
32
V3 , y3
A.R.
V2 , y2
3
3 D
V1 , y1 Refluxo Destilado
2
L 3 , x3
F L2 , x2
L+V
1
z
V.A. V’2 , y’2
V’3 , y’3
2’
L 1 , x1
V’4
3’
L’2 , x’2 B
33
Escoamento do gás Escoamento do gás
(A) (B)
Figura 4-7 – Escoamento do gás e do líquido com uma passagem (A) e duas passagens (B).
(A) (B)
Figura 4-8 – Colunas com pratos valvulados (A) e com pratos com borbulhadores (B).
Os recheios são dispositivos colocados no interior da torre, utilizados para manter um contato
contínuo entre o vapor e o líquido em toda a extensão do leito recheado. No lugar de pratos, a torre
é composta de seções recheadas, onde ocorre a transferência de calor e massa entre o líquido e o
vapor. O número de seções recheadas é função da eficiência do equipamento, o que obriga uma
redistribuição do líquido para garantir o máximo de área molhada do recheio. Os recheios mais
comumente usados podem ser classificados em dois tipos: randômicos e estruturados.
Os recheios randômicos são aqueles colocados dentro da seção sem preocupação no arranjo que
eles formarão, ou seja, eles são lançados ao acaso dentro da torre. É claro que serão necessários
suportes para mantê-los no interior da seção. Os mais conhecidos recheios randômicos são: anéis de
Raschig, selas de Berl, selas intalox, anéis de Pall, IMTP (Intalox Metal Tower Packing) (Figura
4-10).
34
Figura 4-9 – Colunas com pratos valvulados.
Os dois primeiros são os mais antigos recheios e vêm sendo gradualmente substituídos por outros
recheios mais eficientes. A sela intalox é considerada como a nova versão da sela de Berl. Os anéis
de Pall são os recheios mais usados em destilação, devido a sua alta eficiência com grande
flexibilidade e grande capacidade (Figura 4-11A). O IMTP, patente da Norton, é considerado mais
eficiente que os anéis de Pall.
35
(A) (B)
Figura 4-11 – Coluna recheada com anéis de Pall colocados aleatoriamente (A) e com recheio
estruturado (B).
Tambor de topo
Destilado
Refluxo D
Carga
F
Resíduo
B
Refervedor
36
vazão e temperatura. A outra parte líquida constitui o produto de topo, também chamado de
destilado.
O líquido efluente da coluna, que sai pelo fundo é encaminhado a um trocador de calor, conhecido
como refervedor, onde ocorrerá a vaporização de parte deste líquido, utilizando como fonte de
calor um produto quente qualquer ou mesmo vapor d’água. Os vapores formados serão a fonte de
calor para a coluna, permitindo a revaporização dos componentes mais leves do líquido que descem
para a seção inferior com a conseqüente condensação dos componentes mais pesados deste vapor. A
parte não vaporizada do líquido efluente da coluna constituirá o produto de fundo, também
chamado de resíduo.
37
Número de pratos
Número mínimo
de pratos
38
Figura 4-14 - Determinação do projeto ótimo.
39
Como diz o próprio nome, este tipo de torre opera com pressão próxima da atmosférica. Em
unidades de destilação que não possuem a torre de preflash, pode-se ter colunas com pressões
absolutas de 118 kPa (1,2 kgf/cm2) no topo da torre e de 178 kPa (1,8 kgf/cm2) na zona de flash.
Quando a unidade tem torre de preflash, as pressões da torre atmosférica são mais baixas, podendo
até operar sob ligeiro vácuo no tambor de topo.
GLP
NL+GLP DEBU NM
TANIZA
DORA F
R
A
NL C
A I
T NP O
M N
O Q
S
F NP
É DL
Óleo R
I DP V GOL
C
Cru A A´
C GOP
U
O
RAT
RV
Figura 4-15 - Esquema das torres de destilação na unidade de destilação sem preflash.
GLP
NL+GLP DEBU NM
TANIZA
DORA F
R
A
NL C
P I
R NP O
Óleo É N
A
F T
Cru L M Q NP
A O
S S
H F DL GOL
V
É Á´
R DP C GOP
I U
C O
Cru Pré- A
Vaporizado
RAT
RV
Figura 4-16 – Esquema das torres de destilação na unidade de destilação com préflash.
40
Torre de retificação ou torre retificadora
Os produtos laterais da torre atmosférica não são direcionados diretamente para os trocados de calor
para serem resfriados. Antes são introduzidos em pequenas torres laterais com cerca de quatro
pratos no qual é injetado vapor d’água. Essas torres são conhecidas como torres de retificação ou
torres retificadoras (strippers). A finalidade dessa operação é remover desses cortes laterais os
hidrocarbonetos mais leves. Esses hidrocarbonetos são vaporizados com ajuda do vapor d’água e
são devolvidos para torre principal. Essa operação é conhecida como destilação por vapor d’água,
que será descrita a seguir.
41
O efeito da retificação pode ser observado pela Figura 4-17 que mostra a diferença entre as curvas
de destilação ASTM do diesel retificado e não-retificado. Nota-se que as diferenças são mais
acentuadas na região inicial da curva ASTM. Isso mostra que a retificação vaporiza
preferencialmente os hidrocarbonetos mais leves.
400
Temperatura (ºC)
350
300
250 Retificado
Não Retificado
200
150
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Porcentagem vaporizada
42
(GOL e GOP) que, normalmente, constituem a carga para a unidade FCC. O gasóleo leve pode ser
adicionado à corrente de gasóleos atmosféricos para aumentar a produção do óleo diesel.
Quando a unidade de destilação visa à produção de óleos lubrificantes básicos, os gasóleos de vácuo
são fracionados em cinco cortes: gasóleo leve de vácuo, spindle, neutro leve, neutro médio e neutro
pesado. Devido ao número de produtos com especificações definidas, podem-se projetar duas torres
de vácuo, com o objetivo de se conseguir o fracionamento desejado. O gasóleo leve de vácuo obtido
na seção de topo da torre não é enquadrado como óleo lubrificante e é normalmente encaminhado
para a corrente de óleo diesel ou incorporado à mistura de gasóleos, carga da U-FCC.
O resíduo de vácuo, produto de fundo da torre, pode ser encaminhado para o tanque de óleo
combustível após acerto final da viscosidade, ou para o tanque de cimento asfáltico de petróleo
(CAP), se a sua qualidade assim o permitir. Em algumas refinarias, parte do resíduo do vácuo pode
ser carga da unidade de desasfaltação a propano ou da unidade de coqueamento retardado, se estas
unidades existirem na refinaria.
43
Carga da unidade
O petróleo pode ser succionado dos diversos tanques de armazenamento pela bomba de carga da
unidade, que pode estar localizada tanto na área de estocagem de cru como na própria unidade.
Na linha de sucção da bomba de cru, pode ser injetado desemulsificante para melhorar o
desempenho da dessalgadora, principalmente quando é reprocessado slop (ou resíduo recuperado).
A bomba de carga envia o petróleo para o sistema de pré-aquecimento e dessalgação.
Dessalgadoras
A dessalgadora tem como objetivo a remoção da água, dos sais e sedimentos presentes, através da
coalescência pelo campo elétrico das gotículas de água, dispersas no óleo.
Para se conseguir a dessalgação é necessária, além da temperatura adequada, a injeção de água
(aquecida) antes da introdução do cru na dessalgadora. Para melhorar a eficiência de dessalgação é
prática injetar cerca de 1/3 da vazão de água na 1ª bateria de pré-aquecimento, numa região próxima
aos primeiros trocadores de calor de cada ramal e complementar com a vazão de água necessária
antes da válvula misturadora existente na entrada da dessalgadora.
Água de Processo
N Circ Q DL DP GOP Circ
Petróleo
LdC LdC
Salmoura
RV GOP Circ DL circ Q circ
Torre Pré-Flash
ou Torre Atmosférica
Torre de prefracionamento
Quando a unidade possui essa torre, o cru preaquecido e parcialmente vaporizado é enviado para
ela, sendo prefracionado em um produto de topo constituído por GLP e nafta leve e em um produto
de fundo conhecido como cru prevaporizado ou cru prefracionado.
O calor necessário para o processo é fornecido por fornos refervedores que recebem parte do
produto de fundo da torre. Essa corrente é, então, aquecida e parcialmente vaporizada, retornando à
torre, logo abaixo do último prato.
Algumas torres têm a facilidade de injeção de vapor d'água de retificação no fundo da torre, a fim
de melhorar o fracionamento entre a nafta leve e a nafta pesada. Nesse caso, pode-se até dispensar o
uso do forno refervedor.
45
A água condensada, em menor quantidade que os hidrocarbonetos, decanta e acumula na “bota” do
tambor, de onde é removida por uma bomba que a envia para a Unidade de Águas Residuais.
Os hidrocarbonetos condensados são em parte bombeados de volta à torre prefracionadora,
constituindo o refluxo de topo e sua vazão é controlada de forma a manter constante a temperatura
no topo da torre. A outra corrente que constitui a nafta leve não estabilizada é bombeada para a
torre estabilizadora.
O gás efluente do tambor de topo é geralmente enviado para um sistema de recuperação de gases,
sendo geralmente o sistema de topo da fracionadora da U-FCC. Quando a U-FCC está parada, ou
quando ocorre nível alto de líquido no tambor de topo, ou quando não há pressão para envio para
descarga do compressor de gases da U-FCC, esse gás de topo é liberado para a tocha. Caso caia a
pressão no tambor de topo da torre, mesmo com a válvula de liberação totalmente fechada, o
controlador de pressão passa a atuar na válvula de admissão de gás combustível (do sistema de gás
combustível da refinaria), admitindo-o na linha de topo da torre antes dos condensadores ou no
próprio tambor de topo.
Refluxo de
#1 A. R. Gás P/FCC ou
Topo Gás Combustível
Diesel
Leve
Refluxo Circulante
#34
Inferior Nafta Leve
Instabilizada
Nafta
Leve
A. R.
47
Conjugadas com a torre atmosférica ficam as torres de retificação dos produtos laterais, providas
em geral de 4 a 5 bandejas cada uma, nas quais são removidos os compostos leves, a fim de corrigir
o ponto inicial de ebulição (PIE) e o ponto de fulgor dos cortes laterais.
A. R.
Gás
Combustível
Água Ácida
Petróleo
Nafta Pesada
N.Leve
V.A.
Torre Debutan. Querosene
Petróleo A. R.
Petróleo
V.A.
Diesel Leve
Petróleo A. R.
Petróleo
Pré-vaporizado V.A.
Diesel Pesado
Forno
Petróleo A. R.
Atmosférico V.A.
Res. Atmosférico
p/ Torre a Vácuo
48
A água condensada é decantada e acumula na “bota” do tambor de topo, de onde é removida para o
sistema de águas residuais. Nessa água deve ser feito o acompanhamento de pH, a fim de evitar
problemas de corrosão. Este pH vai governar a injeção de maior ou menor quantidade de
neutralizante.
Quando a unidade não tem torre prefracionadora, os afluentes e efluentes do tambor de topo da torre
atmosférica são os mesmos da torre prefracionadora, como descrito no fluxo do sistema de topo
desta torre.
Existe a possibilidade de um fluxograma alternativo no topo da torre atmosférica para as unidade
unidade que não tem prefracionadora. A finalidade dessa alteração seria operar a torre atmosférica
com pressão mais baixa. Nesse sistema, a torre atmosférica opera com dois tambores de topo. O
segundo tambor tem a finalidade de absorver do gás do primeiro tambor, os hidrocarbonetos C3 e
C4 que não se condensaram devido à baixa pressão do 1º tambor. O gás obtido no 1º tambor é
comprimido e entra no segundo, junto com a corrente de nafta leve não estabilizada, que sai do
primeiro tambor com controle de vazão. Para evitar a presença de líquido na sucção do compressor
que danificaria os seus elementos internos, um switch desarma o compressor, quando o nível do
primeiro tambor atinge um valor alto, que poderia provocar um arraste de líquido pelo gás
succionado. A nafta leve não estabilizada, enriquecida com mais GLP, é bombeada para a torre
estabilizadora.
Retiradas laterais
O número de retiradas laterais da torre atmosférica é de 3 ou 4, dependendo se a unidade tem ou não
torre prefracionadora. Quando a unidade tem torre prefracionadora, os produtos laterais são:
querosene, gasóleo atmosférico leve (diesel leve) e gasóleo atmosférico pesado (diesel pesado).
Quando a unidade não tem torre prefracionadora os produtos laterais são: nafta pesada, querosene,
gasóleo atmosférico leve (diesel leve) e gasóleo atmosférico pesado (diesel pesado).
Os produtos laterais são recolhidos em pratos especiais e vão para as respectivas torres
retificadoras, onde se injeta vapor d'água e os hidrocarbonetos mais leves vaporizam-se. O vapor
formado juntamente com o vapor d’água é devolvido à torre atmosférica, em geral um ou dois
pratos acima do prato de retirada. Há ainda a possibilidade de, além da injeção de vapor d’água,
instalar um refervedor para auxiliar a remoção dos leves. O fluido de aquecimento no refervedor
seria a corrente de refluxo circulante inferior da torre.
Além dos produtos, são retirados também lateralmente na torre as correntes de refluxo circulante,
que em geral são 2 ou 3. Esses refluxos circulantes podem ser retirados do mesmo prato de retirada
de um produto, como podem ser retirados numa posição intermediária entre dois produtos, por
exemplo, entre o querosene e o gasóleo atmosférico leve.
Essas correntes de refluxo circulante fornecem calor ao cru nos trocadores da bateria de pré-
aquecimento, sendo que o refluxo circulante inferior ou o intermediário (no caso de existirem 3), é
também utilizado para fornecer calor no refervedor da torre debutanizadora. Depois de resfriadas,
estas correntes retornam, na mesma quantidade, 1 ou 2 pratos acima da retirada.
A. R.
A. R.
Gasóleo Leve
de Vácuo
(GOL ou GLV)
A. R.
Resíduo
Atmosférico (RAT)
Gasóleo Pesado
de Vácuo
(GOP ou GPV)
Petróleo A. R.
Forno
de Vácuo
V.A. Gasóleo Residual
ou de Circulação
(GOR ou GOC)
V.A.
Resíduo de
Vácuo ( RV)
51
Recirculação de GOR para forno: tem como objetivo a redução da temperatura na zona de
vaporização, produzindo-se a mesma quantidade de destilados. A adição de GOR ao RAT visa
alterar as curvas PEV e VEB do RAT, reduzindo a sua inclinação, o que faz com que na mesma
temperatura consiga maior vaporização da carga ou uma mesma vaporização numa menor
temperatura. Testes efetuados em muitas unidades mostram que esta recirculação leva a um maior
consumo de combustível no forno (maior carga térmica necessária) sem a comprovação dos
benefícios citados. Esse efeito é maior quando o produto reciclado é mais leve como, por exemplo o
GOL pois, neste caso, consegue-se perceber uma redução da pressão parcial dos hidrocarbonetos
que se deseja vaporizar. Esta recirculação foi desenvolvida pela "Lummus Co."; e é o chamado
"efeito ou destilação Carrier"†.
Alinhamento de GOR para óleo combustível: em unidades com previsão de produção de asfalto,
esta flexibilidade existe com o objetivo de tornar menos críticas as condições de operação dos
fornos e torre. Nesta campanha de asfalto, o GOR é continuamente removido da torre para permitir
acertar as especificações do CAP. Esta corrente de GOR só poderá ser adicionada à carga da U-
FCC, se o teor de metais permita essa adição. Para alguns petróleos, isto é perfeitamente possível,
porém, para uma grande parte de petróleos, o GOR só é encaminhado para óleo combustível.
Sistema de vácuo
A pressão na torre a vácuo deve ser mantida a mais baixa possível de modo a permitir a retirada dos
gasóleos de carga de RAT sem gerar um craqueamento excessivo dos componentes do resíduo.
Dependendo do sistema de vácuo adotado, ou seja, vácuo seco ou úmido, a pressão de operação da
torre será menor ou maior. Em geral, a pressão absoluta em operação com vácuo seco se situa na
seguinte faixa: de 400 Pa a 3 kPa (3 mmHg a 25 mmHg) no topo e de 3 kPa a 5,4 kPa (20 mmHg a
40 mmHg) na zona de flash. Com vácuo úmido, essa faixa em geral, é: 8,1 kPa a 10,8 kPa
(60 mmHg a 80 mmHg) no topo e 10 kPa a 13,5 kPa (75 mmHg a 100 mmHg) na zona de flash.
Na operação com vácuo úmido sairão pelo topo: vapor d'água, ar, hidrocarbonetos não
condensáveis e eventualmente vapores de hidrocarbonetos não condensados na temperatura de
operação da torre. Na operação com vácuo seco, vapor d'água não sairá pelo topo da torre, pois não
foi injetado no fundo da coluna nem nos passes do forno. A denominação de vácuo semi-seco ou
semi-úmido vem sendo usada, quando se injeta vapor d’água apenas no fundo da torre, para a
retificação do RV, o que necessita uma quantidade menor de vapor d’água.
O sistema de geração de vácuo é normalmente constituído de três estágios de ejetores (Figura 4-22)
com intercondensadores, precondensadores (no caso de vácuo úmido) e pós-condensadores. Os
gases não condensáveis são normalmente encaminhados para o forno a vácuo, onde são queimados
nos queimadores de gás residual.
Os condensáveis normalmente constituem duas fases: uma aquosa, em maior quantidade, e uma
fase oleosa. A fase oleosa, dependendo da sua composição, uma vez que são produtos do
craqueamento térmico, pode ser incorporada a uma corrente específica, como o diesel, por exemplo,
desde que não esteja contaminada com água. Nesse caso, ela deve ser encaminhada ao sistema de
águas oleosas (S.A.O.). Esta fase oleosa é também conhecida como gasóleo residual de topo
(GORT).
†
Para detalhes, ver Nelson, pg 251-252
52
Figura 4-22 - Ejetor
53
5 CRAQUEAMENTO CATALÍTICO
54
processo britânico apresentava a destilação do petróleo em condições mais severas de temperatura e
pressão, com o objetivo de produzir óleo de lamparina (querosene).
O primeiro processo comercial de craqueamento térmico começou a operar em 1915, patenteado
por W.M.Burton, da Standard Oil Company. Este processo térmico consistia em submeter o resíduo
atmosférico (RAT) à temperaturas de 400ºC a 600ºC, e pressões de 2 000 kPa a 6 000 kPa,
conforme as características da carga e concepção do projeto.
O problema desse processo era o tempo de campanha reduzido da unidade devido à formação de
coque nos tubos do forno e na câmara de reação, obrigando a parada da unidade para descoqueificar
os tubos do forno e limpar a câmara de reação.
O uso do craqueamento térmico predominou até 1943, quando ficou obsoleto com o
desenvolvimento do craqueamento catalítico.
55
As reações de craqueamento ocorrem ao longo do riser por ação do catalisador a alta temperatura,
produzindo gás combustível, GLP, nafta, coque e frações consideradas não convertidas como óleo
leve (LCO/GLR), óleo pesado (HCO/GPR) e óleo decantado (borra). Algumas unidades ainda
possuem craqueamento em leito denso no reator devido a dificuldades para mudanças no projeto.
Concluídas as reações de craqueamento, o catalisador com atividade reduzida devido ao coque
depositado na sua superfície, chamado catalisador gasto, separa-se dos gases do craqueamento no
vaso separador (reator) ou em ciclones fechados na saída do riser caindo para o retificador, onde
vapores de hidrocarbonetos arrastados com o catalisador são removidos com o vapor d’água. O
catalisador retificado é então enviado ao regenerador onde o coque é queimado injetando-se ar no
leito denso, restabelecendo-se a atividade do catalisador e gerando toda a energia térmica necessária
ao processo (reações de craqueamento são endotérmicas, ou seja, necessitam de calor). O
catalisador com as atividades restabelecidas, chamado catalisador regenerado, é novamente enviado
ao riser fechando o circuito (Figura 5-3).
compressor de gás
tambor de
alta pressão
LCO da fracionadora
Propano / Propeno
GLP
separadora C3 - C4
DEA
debutanizadora
MEROX
Butano / Buteno
MEROX GASOLINA
59
A corrente líquida de nafta instabilizada é enviada à torre absorvedora primária para recuperar o
GLP contido no gás combustível, sendo a seguir enviada aos poscondensadores, misturando-se as
correntes de gás do compressor, gás do topo da torre retificadora (deetanizadora), nafta leve do vaso
interestágio do compressor e a água de lavagem para os poscondensadores, seguindo para o vaso de
alta pressão.
A corrente de água ácida, oriunda da condensação do vapor injetado no riser, vaso separador
(reator) e fracionadora principal, além da água injetada nos condensadores de topo, é enviada para o
tanque de armazenamento da Unidade de Águas Ácidas.
No vaso de alta pressão do sistema de recuperação de gases são geradas três correntes:
• gasosa, composta pelo gás combustível e GLP;
• líquida de nafta (mistura de nafta e GLP);
• água ácida.
A corrente gasosa segue para as torres absorvedoras (primária e secundária) onde é reduzido o teor
de GLP que sai no gás combustível. Na torre absorvedora primária é utilizado como fluido de
absorção a nafta não estabilizada, do vaso de topo da fracionadora principal, e um reciclo de nafta
estabilizada do vaso de topo da fracionadora principal e um reciclo de nafta estabilizada da torre
desbutanizadora. Na torre absorvedora secundária é utilizado como fluido de absorção o óleo leve
ou nafta pesada dependendo do projeto. O gás combustível que sai da torre absorvedora secundária,
dependendo do projeto da unidade quanto a poluição ambiental, poderá ser tratado com DEA (Di-
Etanol-Amina) ou MEA (Mono-Etanol-Amina) para remover gás sulfídrico (H2S).
A corrente líquida de nafta, composta de nafta e GLP, é enviada à torre retificadora (deetanizadora)
onde são removidos hidrocarbonetos leves (C1/C2) prejudiciais a operação da torre desbutanizadora
e para controle da PVR do propano. Os hidrocarbonetos removidos retornam para os
poscondensadores do compressor de gás misturando-se ao gás do compressor, nafta rica da torre
absorvedora primária, nafta leve do vaso interestágio do compressor e água de lavagem para os
poscondensadores.
O aquecimento da torre retificadora é feito através de um refervedor, que dependendo do projeto
poderá utilizar óleo leve ou nafta pesada, além de um preaquecimento feito com nafta estabilizada
da torre debutanizadora, que dependendo de projeto, poderá ser com a nafta do fundo da
retificadora que passa pelo refervedor ou com a carga da torre. A nafta retificada é enviada a torre
desbutanizadora. Se o aquecimento do refervedor é com nafta pesada, há outro refervedor
intermediário na torre aquecido com vapor.
A corrente de água ácida oriunda da água de lavagem injetada nos poscondensadores e dependendo
do projeto também dos intercondensadores do compressor é enviada para o tanque de
armazenamento da unidade de águas ácidas ou para os condensadores de topo da fracionadora
principal.
A nafta retificada é enviada a torre debutanizadora onde é separada em GLP pelo topo e nafta
estabilizada pelo fundo. O aquecimento da torre é feito através de refervedor, que dependendo do
projeto, utilizam óleo pesado (HCO/GPR) ou borra.
A corrente de GLP que sai pelo topo da torre desbutanizadora é condensada e segue para o vaso de
topo da torre.
Parte deste GLP retorna à torre como refluxo para promover o fracionamento e o restante,
dependendo do projeto da unidade quanto ao consumo de soda cáustica, poderá ser tratado com
60
DEA ou MEA para remover gás sulfídrico (H2S), seguindo para o tratamento cáustico simples ou
MEROX onde são removidos os mercaptans (RSH) ou, tratado apenas com soda cáustica, para
remoção do H2S e RSH. Se o tratamento é MEROX, a solução cáustica é aquecida antes com vapor
para promover estas reações. O GLP tratado é enviado a torre despropanizadora (separadora
C3/C4). O dissulfeto é misturado à carga que entra no riser.
A corrente de nafta estabilizada, depois de resfriada, tem parte reciclada na torre absorvedora
primária e o restante segue para o tratamento cáustico simples onde os mercaptans (RSH) são
removidos ou para tratamento MEROX onde os mercaptans são transformados em dissulfetos
(RSSR). A nafta tratada é enviada para tanque de armazenamento, podendo receber antes injeção
dosada de inibidor de goma para manter elevado o período de indução.
O GLP tratado enviado à torre despropanizadora é separado nas correntes de três (C3’s) átomos de
carbonos (propano e propeno) pelo topo da torre e as de quatro (C4’s) átomos (butanos e butenos)
pelo fundo. O propano é condensado e segue para o vaso de topo da torre. Parte deste propano
retorna a torre como refluxo para promover o fracionamento e o restante é enviado para esferas ou
cilindros de armazenamento de carga para a Unidade de Propeno Grau Polímero, utilizado na
indústria petroquímica. O butano é enviado à esfera de armazenamento como carga para a unidade
de produção de MTBE (Metil-Terc-Butil-Éter), utilizado para aumentar a octanagem da gasolina ou
em unidade de alquilação catalítica para a produção de gasolina de aviação.
No tratamento com DEA ou MEA o H2S do GLP é removido na torre extratora e o H2S do gás
combustível na torre absorvedora, saindo esta DEA ou MEA pelo fundo das torres com alto teor de
H2S, chamada DEA ou MEA rica. Essa DEA ou MEA passa através de um filtro (carvão ativo ou
sacos de pano com malha de 50 mesh) para reter sólidos em suspensão (sulfeto de ferro) e a seguir é
aquecida com a DEA regenerada, entrando no vaso separador, onde hidrocarbonetos presentes na
DEA e prejudiciais a Unidade de Recuperação de Enxofre (URE) são removidos e enviados para o
compressor de gás, para a tocha química ou para a tocha normal, dependendo do projeto. A DEA ou
MEA a seguir é enviada a torre regeneradora de DEA ou MEA, saindo pelo topo da torre o gás
sulfídrico (H2S) com vapor d’água contendo baixo teor de DEA ou MEA e pelo fundo a DEA ou
MEA regenerada. O vapor d’água que sai pelo topo junto com H2S é condensado e retorna a torre
como refluxo total, possibilitando a boa regeneração da DEA ou MEA e o H2S segue para a URE,
tocha química ou tocha normal. O aquecimento da torre é feito através de refervedores que utilizam
vapor d’água de baixa pressão saturado para evitar degradação da DEA ou MEA. A saturação do
vapor é feita através da injeção de condensado por meio de um dessuperaquecedor.
A DEA ou MEA regenerada, chamada de DEA ou MEA pobre, é resfriada em trocadores de calor
com a DEA ou MEA rica, a seguir com água e enviada àas torres extratoras (GLP) e absorvedora
(gás combustível) fechando o circuito.
63
Modelo Side-by-Side Quick-Quench (UOP)
Com o uso do catalisador zeolítico, a UOP e outras empresas fizeram mudanças no reator desse
modelo para diminuir o tempo de contato gases do craqueamento/catalisador, ficando o reator
apenas como um vaso separador. Foram instalados ciclones ou sistemas de separação balística na
saída do riser, fazendo uma separação mais rápida do catalisador/gases do craqueamento e
diminuindo o arraste de catalisador para os ciclones.
As características deste modelo são:
• configuração semelhante ao modelo Side-by-Side original;
• riser mais longo com a saída através de ciclones ou um “T” (separação balística)
substituindo o prato perfurado (plate-grid), eliminando o contato gases do craqueamento
com o leito denso;
• reações de craqueamento ocorrem apenas no riser.
• Observação: muitos destes conversores já sofreram mudanças para melhor distribuir a carga
no riser e para combustão total.
A Figura 5-8 mostra esse conversor de forma simplificada.
64
projeto para a regeneração do catalisador em temperaturas mais altas para possibilitar a combustão
total. Este modelo começou a operar em 1974 e foi chamado Side-by-Side – HTR (High
Temperature Regeneration).
As características desse modelo são:
• configuração semelhante ao modelo Side-by-Side Quick-Quench com mudanças no
regenerador;
• três regeneradores (inferior, superior e lateral) sendo que o catalisador gasto chega ao
regenerador inferior onde 80% do coque é queimado e a seguir, o catalisador é arrastado
com ar através do riser de combustão para o regenerador superior onde o restante do coque é
queimado, sendo o catalisador então transferido ao regenerador lateral que na realidade é
apenas um vaso acumulador;
• riser de combustão onde é feita a queima do gás CO aumentando a temperatura do
catalisador, o que facilita a cinética da queima do coque no regenerador superior, sendo a
saída através de um “T” (separação balística), minimizando o arraste de catalisador para os
ciclones;
• vapor de retificação do catalisador no regenerador lateral para evitar o arraste de ar para o
reator, em função do teor de oxigênio no regenerador superior ser elevado (alta relação
ar/coque), mas seu uso não foi recomendado pelos fabricantes de catalisador devido à alta
temperatura das partículas, em torno de 750ºC, que acarretaria desativação hidrotérmica do
catalisador;
• temperatura no regenerador inferior é função da queima do coque e da circulação do
catalisador regenerado excedente que não é enviado ao riser de craqueamento;
• uso de promotor de combustão no regenerador inferior para ativar a combustão do gás CO.
A Figura 5-9 mostra esse conversor de forma simplificada.
66
Figura 5-10 – Modelo Orthoflow B modificado da Kellogg.
(A) (B)
Figura 5-11 – Modelo Orthoflow C original (A) e com a modificação da Petrobrás (B).
68
• riser externo entrando por cima do vaso separador (reator) com sua saída através de slots
retangulares acima do leito denso, reduzindo o tempo de contato e o arraste de catalisador
para os ciclones;
• stand-pipe do catalisador gasto interno e com vários pontos de injeção de vapor;
• plug-valves para controle da circulação do catalisador;
• câmaras de selagem com anel de vapor nas plug-valves;
• queima de coque em dois estágios, sendo o primeiro de maior porte com um anel de ar onde
a queima do coque é mais intensa e o segundo com um distribuidor de ar tipo pipe-grid onde
é completada a combustão do coque, tornando o catalisador mais ativo e reduzindo a
poluição ambiental;
• reações de craqueamento ocorrem apenas no riser;
• dispersores radiais de carga para melhor distribuição no riser.
A Figura 5-12 mostra esse conversor de forma simplificada.
RC
Figura 5-13 – Modelo Petrobrás Advanced Conversor – PAC da Petrobrás.
70
5.5 Conceito básico de craqueamento
As reações de craqueamento envolvem a ruptura apenas da ligação C-C das moléculas dos
hidrocarbonetos. As reações de craqueamento são endotérmicas, ou seja, necessitam de calor para
que ocorram.
Processos de craqueamento
Processo térmico
O craqueamento térmico é um processo que utiliza alta severidade. Opera com pressões na faixa de
2 000 kPa a 6 000 kPa e temperaturas de 500º a 600ºC. O craqueamento ocorre através do
mecanismo de radicais livres (não iônicos). Os radicais livres são formados pela separação de um
par de elétrons compartilhado da estrutura. A separação do par de elétrons pode ser feita através da
quebra da ligação C-C ou C-H, embora esta seja uma ligação mais forte para ser rompida.
Os radicais livres são muito reativos, podendo reagir com um hidrocarboneto por remoção de um
átomo de hidrogênio, produzindo um novo radical livre desse hidrocarboneto e transformando-se
num hidrocarboneto. Devido à menor força de atração do hidrogênio em carbono secundário, este
novo radical livre é formado em átomo de carbono interno. Isso explica a grande quantidade de
eteno e olefinas, quando a carga é basicamente parafínica. Os radicais livres primários de cadeias
longas podem se transformar em radicais livres secundários devido à migração de um átomo de
hidrogênio, pois a cadeia carbônica não se encontra perfeitamente em linha reta. Essa reação
aumenta o teor de olefinas na nafta. A combinação de dois radicais livres poderá resultar em
hidrocarboneto saturado e a reação em cadeia de radicais livres é interrompida. As reações mais
prováveis no craqueamento térmico são de radicais livres com hidrocarbonetos. No craqueamento
térmico o radical livre não sofre isomerização nem ciclização.
Processo catalítico
O processo de craqueamento catalítico é menos severo devido à presença do catalisador, com
características ácidas, que acelera as reações de craqueamento. Opera com pressões pouco acima da
pressão atmosférica, em torno de 102 kPa e temperaturas na faixa de 490º a 586ºC, dependendo do
projeto do conversor e do tipo de carga.
O craqueamento ocorre através do mecanismo dos íons carbôniun (troca iônica), onde um par de
elétrons compartilhado da estrutura fica com um dos átomos de carbono, ficando o outro átomo de
carbono com carga positiva (íon carbôniun).
As reações de formação dos íons carbôniun são importantes, pois são através delas que ocorrem as
alterações químicas produzindo os compostos desejados. Desse modo, entre outras vantagens,
aumenta-se a octanagem da nafta (MON/RON) em função da maior formação de hidrocarbonetos
isoparafínicos, naftênicos e aromáticos. A nafta apresenta menor teor de olefinas e diolefinas,
diminuindo a tendência à formação de goma, devido às reações de transferência de hidrogênio.
71
aumento da octanagem da nafta devido ao incremento na conversão e ao maior teor de
hidrocarbonetos isoparafínicos, naftênicos e aromáticos, em função do mecanismo de formação dos
íons carbôniun;
nafta com menor teor de olefinas e diolefinas devido às reações de transferência de hidrogênio,
aumentando o tempo de armazenamento em função do menor risco de formação de goma.
Reações do craqueamento
Ao primeiro contato da carga com o catalisador na base do riser, à temperaturas de 650ºC a 710ºC,
ocorre a vaporização dessa e durante alguns segundos, craqueamento térmico, que forma as
primeiras olefinas que gerarão os íons carbôniun. Além disto, é fornecida também toda a energia
(calor sensível) para possibilitar as reações endotérmicas do craqueamento. Esta seção do riser é
chamada de seção de troca de calor. À medida que os vapores de hidrocarbonetos ascendem no riser
e começam a penetrar nos poros do catalisador, inicia-se o craqueamento catalítico via íons
carbôniun, promovendo as reações primárias e secundárias. Essa seção do riser é conhecida como
seção das reações de craqueamento.
No final do riser, onde a ação catalítica já não existe devido ao coque agregado à superfície do
catalisador bloquear o acesso aos poros, volta a prevalecer as reações de ação térmica, em função do
catalisador ainda estar com temperaturas de 490º a 586ºC, dependendo do projeto. Esta seção do
riser é conhecida como seção das reações de sobrecraqueamento. É importante lembrar que no
projeto do riser esta seção é minimizada.
As reações que ocorrem no riser são classificadas em primárias e secundárias.
Reações primárias
As reações primárias são as reações de craqueamento propriamente ditas, ou seja, a ruptura da
cadeia. São reações endotérmicas, de alta velocidade, favorecidas pela elevada temperatura do
catalisador.
Craqueamento de n-parafinas
O craqueamento de normais parafinas gera parafinas e olefinas menores. A velocidade do
craqueamento aumenta com o peso molecular, provavelmente devido ao menor consumo de energia
requerida e à maior concentração de átomos de carbono sobre a superfície do catalisador. Parafinas
de baixo peso molecular necessitam de maior severidade para craquear.
Craqueamento de olefinas
O craqueamento de olefinas gera outras olefinas de menor peso molecular. A velocidade de reação
das olefinas é maior se comparada às parafinas, devido à facilidade que estas possuem para formar
íons carbôniun, reatividade esta nem sempre interessante se a carga é oriunda de degradação
térmica, rica em olefinas, em virtude da maior probabilidade de aumento das reações secundárias de
ciclização, condensação e consequentemente, incremento na produção de coque, fato observado
também quando se recicla os óleos pesados do craqueamento (borra, HCO).
Craqueamento de naftênicos
O craqueamento de naftênicos também produz olefinas. A velocidade de reação dos naftênicos é
maior que a velocidade das parafinas devido ao número mais elevado de carbonos secundários, e
em caso de anéis conjugados (decalina), o craqueamento é ainda mais fácil em função da presença
do carbono terciário. Os isonaftênicos com mais de dois átomos de carbono na ramificação,
72
rompem-se mais facilmente junto ao anel. Anéis com 5 a 6 átomos de carbono são mais difíceis de
craquear devido sua maior estabilidade.
A presença de naftênicos nos produtos do craqueamento é pequena devido às reações secundárias
de transferência de hidrogênio que os transforma em aromáticos. As reações de transferência de
hidrogênio também fazem com que a presença de parafinas e olefinas ramificadas que se formam a
partir do craqueamento dos naftênicos seja pequena. Dessa forma, cargas naftênicas produzem nafta
com maior octanagem.
Desalquilação de aromáticos
O anel benzênico, nas condições em que ocorre o craqueamento, não sofre ruptura devido à sua alta
estabilidade. Apenas as cadeias laterais são rompidas e quanto maior, mais fácil é a ruptura junto ao
anel. O craqueamento de ramificações de aromáticos gera olefinas e parafinas. Cadeias aromáticas
polinucleadas transformam-se em coque através das reações secundárias de condensação. Os
monoaromáticos diferem dos poliaromáticos porque são importantes para a octanagem da nafta,
pois geram benzeno.
Reações secundárias
As reações secundárias ocorrem após as de craqueamento e são importantes para a diminuição de
olefinas. São elas que determinam a composição final dos produtos. As reações secundárias são
favorecidas pela queda na temperatura do catalisador, pois são exotérmicas, e possuem menor
velocidade que as reações primárias. As reações secundárias são:
• isomerização
• ciclização
• transferência de hidrogênio
• condensação
Isomerização
A isomerização ocorre normalmente com as olefinas, quase não havendo reações com as parafinas.
São reações ligeiramente exotérmicas e embora tenham velocidade menor que as reações primárias,
ainda assim são rápidas, ocorrendo na superfície do catalisador.
A isomerização é caracterizada pelo rearranjo estrutural devido ao remanejamento de um grupo
metila (CH3) na estrutura. É uma reação influenciada também pela natureza do catalisador.
Ciclização
A ciclização não é uma reação freqüente no craqueamento, mas pode ocorrer com as olefinas.
Contribui para a formação de anéis naftênicos de 5 a 6 átomos de carbono, sendo que o anel
hexagonal pode transformar-se em aromático pela reação de transferência de hidrogênio.
Transferência de hidrogênio
A reação de transferência do hidrogênio ocorre com hidrocarbonetos naftênicos, transformando-os
em aromáticos, sendo o hidrogênio retirado imediatamente captado por uma olefina, transformando-
a numa parafina (Figura 5-14).
Nas condições operacionais, a transferência de hidrogênio é uma reação mais lenta que as reações
primárias, mas à medida que a temperatura do catalisador diminui ficam mais rápidas,
provavelmente devido à maior energia ser consumida para promover as reações de craqueamento.
73
Precursores de Coque + Aromáticos Coque
H
Parafinas Olefinas
H
H
H H
H H
H H
H H
H H
H H
H H
H H
H H H H
H H H H
H H
H H
H H
H H
8H
H H
H H
H H H
H H H
H H
4 R-C=C-R’ + 8H 4 R-C=C-R’
H H H H
Condensação
A qualidade da carga influencia em todas as reações, entretanto a condensação é mais afetada se
existir grande quantidade de precursores de coque (aromáticos polinucleados, poliolefinas de alta
massa molecular, asfaltenos e resinas). O hidrogênio retirado dos compostos condensados é
transferido para as olefinas.
As reações de condensação predominam no final do riser, e como são exotérmicas, são favorecidas
pela queda na temperatura do catalisador.
Coque
A qualidade da carga e a formulação do catalisador, influenciam na produção de coque. Cargas
pesadas, com características naftênicas/aromáticas geram mais coque que cargas parafínicas, e a
produção de coque aumenta mais se é adicionado gasóleo oriundo de degradação térmica, devido à
74
presença de olefinas. A presença dos metais pesados e alcalinos também influencia na geração de
coque.
Se por um lado o coque é indesejável por causar desativação rápida do catalisador bloqueando os
acessos aos poros e conseqüentemente aos sítios ácidos, por outro lado é fundamental para o
processo, pois gera toda a energia necessária para aquecer o inventário de catalisador no
regenerador, vaporizar a carga e fornecer o calor necessário às reações endotérmicas do
craqueamento, aquecer o ar para a combustão do coque, desde a temperatura de descarga do
soprador até a saída dos gases de combustão e compensar as perdas para a atmosfera. As reações
que conduzem à formação do coque são as mesmas do craqueamento. A velocidade de formação do
coque, em ordem decrescente, em função do tipo de hidrocarboneto é:
Anéis Aromáticos Polinucleados > 2 Anéis Aromáticos > 1 Anel Aromático > > Olefinas > Naftênicos > Parafínicos
Para cargas aromáticas a aromaticidade do coque é alta, para cargas naftênicas é intermediária e
para cargas olefínicas e parafínicas é baixa. Esta observação indica que a condensação é lenta e que
sem a presença de aromáticos, o coque produzido é mais um depósito polímero não grafítico,
amorfo, de alta massa molecular.
Regeneração do catalisador
Princípios da Regeneração
Em função da grande quantidade de calor liberada pela queima do coque, esta é a principal fonte de
energia tanto para a seção de craqueamento como para a seção de regeneração.
O fundamental na regeneração é possibilitar uma boa difusão do ar no catalisador, de modo que o
teor de carbono no catalisador seja reduzido ao mínimo, mantendo um baixo percentual de oxigênio
nos gases de combustão, se o regenerador é de combustão parcial.
Através da queima do coque a atividade do catalisador é restabelecida, liberando os poros que dão
acesso aos sítios ácidos, aumentando novamente a área específica.
Processos de Regeneração
Os processos de regeneração podem ser:
• combustão parcial
• combustão total
O processo de combustão parcial é utilizado por regeneradores mais antigos, principalmente da
época do catalisador amorfo de baixa ou alta alumina, que apresentavam menor resistência térmica,
além da carga ser de melhor qualidade. Com a utilização do catalisador zeolítico e a preocupação
com a poluição ambiental, passou-se a utilizar a combustão total, recuperando-se ao máximo a
atividade do catalisador, além de eliminar a presença de gás CO nos gases de combustão. Para
alcançar-se estes objetivos os novos conversores já foram projetados com regeneradores para este
tipo de combustão, enquanto que em regeneradores mais antigos foram feitas modificações nos
equipamentos internos para suportar temperaturas mais altas. Ao mesmo tempo, o catalisador tem
sido desenvolvido para diminuir o coque adicional, não sobrecarregando o soprador, compressor de
gás e minimizando os aumentos de temperatura no regenerador, acarretado não só pelo tipo de
combustão como também pela piora na qualidade da carga.
75
Combustão parcial
No processo de combustão parcial a regeneração do catalisador é normalmente limitada pelo projeto
do regenerador e/ou capacidade do soprador:
• problemas metalúrgicos nos equipamentos internos, devido à maior temperatura;
• deficiência de ar para combustão se é mantida a carga de projeto (vazão e qualidade).
Em virtude destas limitações é estabelecida uma relação ar/coque na faixa de 10 a 13 para manter
em controle a queima, evitando problemas do tipo:
avanço de queima (after-burning) causando temperaturas elevadas na fase diluída e saída dos
ciclones, onde a quantidade de catalisador para absorver a energia gerada pela queima do gás CO é
menor (Figura 5-15);
atraso de queima (behind-burning) causando redução na atividade do catalisador com perda de
conversão, além do risco de temperaturas elevadas no leito denso durante a queima do excesso de
coque (Figura 5-16).
O teor de carbono no catalisador regenerado varia na faixa de 0,05 a 0,20%, dependendo do excesso
de ar, temperatura na fase densa e tempo de residência. No regenerador de combustão parcial em
duas etapas o teor de carbono no catalisador regenerado varia na faixa de 0,05 a 0,10%. Teor de
carbono acima de 0,20% já começa a provocar queda mais acentuada na conversão.
Fase diluída
Fase densa
Figura 5-15 – Perfil de temperatura do regenerador em avanço de queima.
Fase diluída
Fase diluída
Fase densa
Fase densa
(A) (B)
Figura 5-16 - Perfis de temperatura do regenerador em atraso de queima. (A) aumento instântaneo
do rendimento de coque, (B) queda na vazão de ar.
Combustão total
No processo de combustão total a relação ar/coque é mantida em torno de 15, para garantir o
máximo de queima do carbono. Cuidados devem ser tomados, através de ajuste no balanço térmico,
para evitar que a temperatura na fase densa se mantenha continuamente acima de 720ºC, em função
de mudança na qualidade da carga, podendo acarretar desativação hidrotérmica do catalisador.
Para ativar a queima do gás CO na fase densa é utilizado um promotor de combustão à base de
platina.
O teor de carbono no catalisador regenerado é em torno de 0,01%.
76
• regeneração mais efetiva do catalisador, aumentando sua atividade, seletividade e
conseqüentemente a conversão;
• redução da poluição ambiental devido à queima do gás CO;
• diminuição do tempo de regeneração do catalisador para 3 min a 5 min, quando na
combustão parcial é de 8 min a 10 min;
• operação mais estável do conversor pela ausência de atraso de queima (behind-burning);
• redução da circulação de catalisador para a mesma vazão de carga;
• possibilidade da redução no inventário de catalisador e consequentemente a construção de
regeneradores menores;
• possibilidade da substituição da caldeira de CO por uma caldeira de recuperação de calor.
Reações da combustão do coque
Na combustão parcial é importante o conhecimento analítico dos gases de combustão. A relação
CO2/CO, em condições normais de operação, varia na faixa de 1,0 a 1,5, podendo alcançar até 2,0.
De modo geral, as faixas de teores de CO2 e CO nos gases de combustão são:
CO2 = 10,5 a 11,5%
CO = 7,5 a 8,5%
As principais reações no processo de regeneração, responsáveis pela maior liberação de energia são:
• combustão do carbono
• combustão do hidrogênio
• combustão do monóxido de carbono
Combustão do carbono
A reação de combustão do carbono é de média velocidade, bastante exotérmica e ocorre sempre na
fase densa.
C + ½ O2 → CO (-110,5 kJ/mol)
Combustão do hidrogênio
É uma reação 5 a 10 vezes mais rápida que a combustão do carbono. É uma reação muito
exotérmica, liberando mais energia que a combustão do carbono, ocorrendo também no leito denso.
H2 + ½ O2 → H2O (-242,0 kJ/mol)
77
Combustão do enxofre
É uma reação muito exotérmica, liberando mais energia que a combustão do hidrogênio, e mais
rápida que a combustão do carbono. Ocorre na fase densa, mas sua contribuição energética é muito
pequena devido ao teor de enxofre ser baixo.
S + O2 → SO2 (-297,1 kJ/mol)
Combustão do nitrogênio
É uma reação endotérmica, favorecida pela alta temperatura no leito do catalisador. Sua
contribuição energética praticamente inexiste se comparada com as outras reações, além do teor de
nitrogênio ser baixo.
N + ½ O2 → NO (33,2 kJ/mol)
Sistemas de reação
Histórico
Com o advento do catalisador zeolítico em 1964, de maior atividade que os catalisadores amorfos
de alta alumina, houve necessidade de reduzir-se o tempo de contato para evitar o
sobrecraqueamento. Modificações foram feitas nos novos regeneradores para aproveitar ao máximo
o potencial do catalisador zeolítico, passando-se a operar com combustão a alta temperatura e
combustão total com uso de promotor de combustão. A combustão à alta temperatura não foi muito
satisfatória devido à desativação hidrotérmica do catalisador, causando alta reposição de catalisador
virgem. Como modificações para diminuir o tempo de contato e o coque adicional, além de redução
no diâmetro e no comprimento do riser em novos projetos, outras alterações foram realizadas, não
só nos novos conversores, como também em antigos, visando o craqueamento de carga pesada
78
um prato perfurado (plate-grid) com diâmetro maior, o que possibilitava a formação de um leito
denso variável acima do mesmo, alterando a velocidade espacial (tempo de contato).
80
Os ciclones conectados ao riser são denominados pseudociclones devido à saída do barril ser direto
na fase diluída, ou seja, não possuem pernas (dip-legs) de selagem. O catalisador lançado na fase
diluída, em ambiente rico em vapor d’água, facilita a remoção de algum hidrocarboneto que seja
arrastado com o catalisador. Os gases do craqueamento seguem direto para os ciclones superiores.
A relação hidrogênio/coque (H/K) com o uso do sistema PASS, reduziu para valores de 4,5 a 5,5. A
temperatura na fase densa do regenerador diminuiu em torno de 10ºC a 15ºC devido a diminuição
na formação do coque.
82
Metais pesados
Os metais pesados presentes na carga, níquel (Ni), cobre (Cu), vanádio (V) e ferro (Fe) estão
sempre associados aos asfaltenos e resinas. Embora esses metais permaneçam no resíduo de vácuo,
o gasóleo pode conter alguns metais devido ao arraste físico de gotículas de resíduo ou devido à
vaporização de alguns compostos organo-metálicos por equilíbrio termodinâmico na destilação à
vácuo. À medida que os gasóleos se tornaram mais pesados, o teor destes metais aumentou devido a
maior severidade na torre de destilação a vácuo. Com a adição de resíduo à carga, os teores desses
metais se tornaram ainda mais elevados.
Como fonte de contaminação por metais pesados temos o recebimento de gasóleo ou resíduo
atmosférico importado por cabotagem, devido ao risco de contaminação nos tanques do navio com
óleo combustível de carregamento anterior ou em linhas de transferência.
Os metais pesados são contaminantes para o catalisador porque durante as reações de craqueamento
se depositam na superfície do mesmo afetando suas propriedades catalíticas (atividade e
seletividade), aumentando a produção de coque e gás combustível e diminuindo a de nafta e GLP.
Nitrogênio
O nitrogênio é bastante freqüente nas frações pesadas do petróleo apresentando-se nas formas
básica e não básica, sendo sua quantidade função do petróleo de origem e adição de resíduo
atmosférico ao gasóleo.
Aproximadamente de 15% a 30% do nitrogênio presente na carga permanece inalterado ao passar
pelo riser saindo nos óleos de reciclo:
a) óleo leve (LCO/GLR) em torno de 15% do teor de nitrogênio na carga;
b) óleo decantado em torno de 1,5 vezes do teor de nitrogênio na carga.
83
O nitrogênio não básico ao passar pelo riser é transformado em gás amoníaco (NH3) e sais de
amônia (NH4+), embora o nitrogênio básico também possa transformar-se nesses compostos, a sua
preferência é reagir com a acidez do catalisador diminuindo sua atividade.
Enxofre
O enxofre se apresenta em grande quantidade nas frações do petróleo. Durante as reações de
craqueamento parte do enxofre é transformado em gás sulfídrico (H2S), mercaptans (RSH) e sulfeto
de carbonila (COS) presentes nas frações leves e o restante permanece nas formas heterocíclicas,
saindo nos óleos de reciclo e agregando-se ao coque que se deposita no catalisador.
Cloretos
Os cloretos estão presentes na carga na forma orgânica e inorgânica, sendo esta a mais freqüente.
Deficiência na operação de dessalgadoras na unidade de destilação causará presença destes sais na
carga.
A conseqüência da presença de cloretos na carga é a formação de sais de amônio (cloreto, sulfeto e
sulfeto ácido) na fracionadora principal obstruindo as válvulas das bandejas no topo, piorando o
fracionamento na torre, podendo inclusive acarretar inundação (flooding). A formação do sal é
incrementada se a temperatura no topo da torre é baixa para produzir nafta com PFE em torno de
200ºC ou a temperatura do refluxo circulante de nafta pesada é baixa.
5.6 Catalisador
História do catalisador
O catalisador é o elemento fundamental no processo de craqueamento catalítico, pois é através de
suas propriedades catalíticas que ocorrem as rupturas de moléculas de HC’s, em condições menos
severas de temperatura e pressão, e os rearranjos de moléculas, aumentando os rendimentos e
qualidade da nafta e GLP.
O catalisador utilizado em unidade de craqueamento é um material sólido particulado, com
características ácidas em suas reações de craqueamento, que permite a doação de íons H- assim
como, receber íons H- para formar os íons carbôniun, intermediário reativo das moléculas de HC’s.
A ação catalítica de argilas em frações pesadas de petróleo já era conhecida desde 1911, antes do
aparecimento em escala comercial do craqueamento térmico, em 1915. Observava-se que as frações
pesadas quando aquecidas em presença da argila, promoviam o aparecimento de moléculas mais
leves, ao mesmo tempo em que depositam na superfície da argila cadeias polímeras, de elevado teor
de carbono, conhecida como coque. As pesquisas, na época, tinham como objetivo principal evitar a
deposição de coque sobre a superfície da argila, mas o objetivo não foi atingido.
Com a entrada em operação do craqueamento em leito fixo (processo Houdry), em 1933, que
utilizava argila como catalisador as pesquisas recomeçaram. O objetivo era produzir um catalisador
que produzisse menos coque, o que aumentaria o tempo de campanha da unidade. Sabia-se também
que a queima controlada do coque permitia recuperar a atividade do catalisador à níveis aceitáveis.
Durante este período, foi verificado que se eliminando certos componentes da argila através de um
tratamento ácido, a mesma melhorava sua ação catalítica e conseqüentemente, os rendimentos de
produtos mais nobres como a nafta e o GLP. Estes catalisadores passaram a ser utilizados em
unidades Houdry antes do início da Segunda Guerra Mundial.
84
Com o aparecimento, em 1942, do processo em leito fluidizado, foram desenvolvidos novos
catalisadores, surgindo o catalisador sintético. Estes catalisadores eram sólidos amorfos,
microesféricos, constituídos de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3), que foram lançados em 1945.
Este novo catalisador, bem mais adequado à operação em leito fluidizado, fez com que os
catalisadores naturais ficassem obsoletos, tais foram os lucros proporcionados ao refinador com os
aumentos nos rendimentos de nafta e em sua octanagem, no rendimento de GLP e na redução nos
rendimentos de coque e óleos não convertidos.
A hegemonia do catalisador amorfo predominou até 1964, quando foi lançado um novo catalisador
que tinha como principal componente a zeólita, um alumino-silicato cristalino. Esses catalisadores,
logo que foram lançados, dominaram o mercado devido ao aumento substancial no rendimento de
nafta e redução nos rendimentos de gás combustível e coque, embora fosse observado um
decréscimo na octanagem RON da nafta devido à menor produção de olefinas. Com o uso desse
catalisador, devido à sua maior atividade e densidade, foram eliminados os óleos de reciclo (borra,
HCO).
Os catalisadores zeolíticos continuam predominando e estão em constante desenvolvimento para
adequá-los ao craqueamento de cargas pesadas, minimizando a formação de coque e aumentando a
resistência aos contaminantes, incrementando a conversão e a octanagem da nafta para atender as
necessidades do refinador, proporcionando-lhe maiores lucros.
Tipos de catalisadores
Com raras exceções, os catalisadores comerciais para craqueamento são baseados em combinações
de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3) (Tabela 5-1).
Tabela 5-1 – Comparação do desempenho dos catalisadores de alta e baixa alumina e o zeolítico.
85
Catalisadores naturais
Os catalisadores naturais, os primeiros que foram utilizados, eram constituídos de argilas
denominadas Montmorrilonitas. Este mineral é composto quimicamente pelos óxidos de silício,
alumínio, cálcio, magnésio e outros óxidos metálicos em menores proporções, predominando os
óxidos de silício (SiO2), de alumínio (Al2O3) e os silicatos.
Por outro lado, a estrutura básica da alumina (Al2O3), consiste num átomo de alumínio (Al)
associado a 4 ou 6 átomos de oxigênio (O), formando tetraedros e octaedros.
A argila não possui atividade para o craqueamento e para ativá-la era realizado um tratamento com
ácido clorídrico (HCl) ou ácido sulfúrico (H2SO4), formando uma estrutura amorfa de sílica-
alumina com características porosas e com certo grau de acidez. Durante este tratamento ácido eram
removidos alguns componentes como o Fe3O4, CaO, MgO e outros, que influenciavam nas
propriedades catalíticas.
As argilas, embora muito utilizadas, apresentavam dois grandes problemas:
presença do ferro na rede cristalina da própria argila, que alterava a seletividade gerando grande
quantidade de coque e gás combustível;
baixa resistência à desativação hidrotérmica nas condições de temperatura do regenerador.
86
• aumento na produção de hidrocarbonetos na faixa do GLP (C3/C4);
• incremento no rendimento de nafta e sua octanagem;
• diminuição nos rendimentos de gás combustível, coque e óleos não convertidos.
Nos Estados Unidos este catalisador predominou até 1965 e no Brasil até 1974.
Catalisadores zeolíticos
As zeólitas são conhecidas desde 1756 com a descoberta do mineral chamado Stilbita pelo
minerologista sueco Cronsted. O nome zeólita é de origem grega e significa “pedra fervente”
(zein=ferver + lithos=pedra) pelo fato de que algumas zeólitas absorvem a água tão rápido, que o
calor gerado durante a absorção acarreta a fervura. Por falta de aplicação industrial, a descoberta
das zeólitas permaneceu ignorada até o início da década de 1960, quando passou a fazer parte da
formulação do catalisador para craqueamento.
A rede cristalina confere ao catalisador zeolítico, se comparado aos catalisadores sintéticos amorfos,
as seguintes características:
• maior porosidade;
• área específica ou superficial muito elevada, favorecendo ainda mais o contato entre as
moléculas de HC’s e os sítios ácidos do catalisador;
• porosidade de acesso aos sítios ácidos mais expostos e mais homogêneas em seus tamanhos,
facilitando ainda mais o acesso das moléculas de HC’s aos sítios ácidos.
Em consequência da maior porosidade da zeólita, o catalisador zeolítico possui atividade bem mais
acentuada que os alumino-silicatos amorfos. Também devido à esta maior porosidade, sua
resistência mecânica é menor e as partículas podem quebrar com mais facilidade, o que exige que o
catalisador tenha um bom índice de atrito.
Comparando-se o catalisador sintético amorfo de alta alumina com o catalisador zeolítico, numa
unidade onde as condições operacionais mantiveram o mesmo rendimento de coque, foram
verificadas as seguintes alterações:
• diminuiu o rendimento de gás combustível (H2/C1/C2);
• reduziu o rendimento de GLP (C3/C4);
• aumentou o rendimento de nafta leve (C5/C6);
• nafta com maior teor de isoparafinas e aromáticos (aumentou a octanagem);
• diminuiu o teor de insaturados em todos os produtos.
Todas estas alterações ocorreram devido à maior atividade e melhor seletividade do catalisador
zeolítico, influenciado bastante nas reações secundárias do craqueamento (ciclização, isomerização,
transferência de hidrogênio). A Figura 5-22 mostra essas alterações.
O catalisador zeolítico não é preparado apenas com zeólita devido aos seguintes fatores:
• atividade muito alta, o que levaria a uma elevada produção de gás combustível e coque;
• baixa estabilidade térmica, o que acarretaria sua desativação hidrotérmica nas condições de
temperaturas de regeneração;
• custo de produção muito caro.
87
As características de um catalisador zeolítico dependem de sua formulação, pois cada componente
possui uma função específica, influenciando no comportamento final.
Geralmente os componentes do catalisador são:
• componente ativo
• matriz ativa
• matriz inerte
• matriz sintética ou binder e ingredientes funcionais
100
90 NAFTÊNICOS
80 NAFTÊNICOS
70
60
AROMÁTICOS
50
AROMÁTICOS
hidrogênio transferido
40 de naftênicos para
olefinas
30
OLEFINAS
20 OLEFINAS
10 PARAFINAS
PARAFINAS
0
CATALISADOR AMORFO CATALISADOR ZEOLÍTICO
Outros
Silica 8%
12% Zeolita
35%
Alumina
20%
Caolim
25%
88
A matriz do catalisador é uma massa de sílica-alumina amorfa na qual é distribuída a zeólita e os
ingredientes funcionais. Como foi visto, elas podem ser ativa, inerte e sintética. Dependendo dos
objetivos do catalisador, elas podem estar juntas da seguinte forma:
• matriz inerte e sintética
• matriz inerte, sintética e ativa
A matriz ativa (alumina) é utilizada quando há interesse em um precraqueamento de moléculas
maiores e confere ao catalisador as seguintes características:
• aumenta a atividade global do catalisador porque possui atividade para craquear, embora
inferior à zeólita, o que contribui para uma maior produção de coque;
• possibilita o craqueamento de moléculas de grande peso molecular devido à sua maior
porosidade (mesoporos), tornando-as menores e facilitando seus acessos aos microporos das
zeólitas;
• atua como trap (captura) do metal (Ni), aumentando a resistência à contaminação do
catalisador;
• aumenta a octanagem da nafta devido ao aumento na conversão e no maior teor de olefinas.
A matriz inerte (caulim) praticamente não possui atividade, servindo apenas como suporte para a
zeólita e os ingredientes funcionais, além de conferir ao catalisador resistência mecânica e dureza,
influenciando na densidade aparente e no volume dos poros.
A matriz sintética ou binder (sílica) é a responsável pela incorporação da zeólita e dos ingredientes
funcionais à matriz. Não possui ação catalítica, agindo apenas como elemento aglutinador.
Dependendo de sua quantidade, pode restringir o acesso aos microporos ou tornar o catalisador
mais frágil.
Mudanças nos projetos dos conversores com o uso dos catalisadores zeolíticos
Com o uso do catalisador zeolítico foi necessário diminuir o tempo de contato para evitar o
sobrecraqueamento, devido a sua maior atividade. Além disto, houve interesse em aproveitar ao
máximo o potencial do catalisador através de melhora na sua regeneração. Para atingir estes
objetivos, algumas alterações foram realizadas nos novos projetos de conversores, assim como, o
aproveitamento destas modificações em conversores antigos:
• aumentado o comprimento do riser e colocada a saída do tipo separação balística ou através
de ciclones (rough-cut), tornando a separação mais rápida e direcionando o catalisador para
baixo, eliminando o contato gases do craqueamento com o leito denso;
• saída do riser através de ciclones fechados ou em uma câmara de vortex, eliminando o
contato catalisador/gases do craqueamento no vaso separador (reator), diminuindo ainda
mais o tempo de contato;
• regenerador com dois diâmetros para melhorar a queima do coque, sendo a seção inferior
mais estreita, aumentando a velocidade do ar e gases de combustão no leito denso de
catalisador, incrementando a turbulência, melhorando o contato ar/catalisador;
• regenerador para combustão total, reduzindo ao máximo o teor de carbono no catalisador
regenerado e contaminação ambiental.
90
• uso de passivador de metais para o níquel, trióxido de antimônio (Sb2O3) ou pentóxido de
antimônio (Sb2O5), misturado à carga antes desta entrar no riser ou Sb2O3 misturado ao
catalisador virgem enviado ao regenerador;
• flushing de catalisador, que é o uso de catalisador de equilíbrio e teor de metais abaixo do
catalisador de equilíbrio da unidade, misturado ao catalisador virgem em uso, numa
proporção préestabelecida. Este artifício é utilizado em unidades que craqueiam resíduo
atmosférico puro. Em caso de necessidade de recuperar a atividade mais rapidamente, o
flushing deve ser suspenso;
• boa operação de dessalgadora em unidade de destilação;
• limites para o teor de metais na carga.
A taxa de reposição de catalisador virgem para o regenerador é função de:
• teor de metais na carga;
• teor de metais no catalisador de equilíbrio;
• sintomas da unidade como conversão e rendimentos dos produtos.
A reposição de catalisador para o regenerador pode ser em bateladas ou contínua. A reposição
contínua pode ser pelo sistema convencional ou por uma pequena unidade dosadora (Ketjen ou
similar).
Perdas do catalisador
Uma grande quantidade de catalisador é arrastada pelos gases de combustão e de craqueamento que
deixam o leito denso do regenerador e reator que tenha craqueamento em leito. Grande parte desse
catalisador é recuperado nos próprios vasos em função da sua baixa velocidade aliada ao peso das
partículas, sendo o restante recuperado pelos ciclones.
Mesmo assim, a quantidade de catalisador arrastada para os ciclones do regenerador é em torno da
mesma quantidade circulante no riser de carga.
Ao entrar nos bocais dos ciclones a velocidade dos gases aumenta e como esta entrada é tangencial,
gera uma força centrífuga sobre as partículas equivalente a 56 vezes o seu próprio peso, lançando-as
contra a parede do barril (corpo) do ciclone, num movimento espiral descendente devido à maior
densidade da partícula, sendo que o vortex deve terminar no final do barril. O catalisador
recuperado cai através do dust-hopper para a perna (dip-leg) do ciclone, retornando ao leito denso.
A importância do término do vortex no final do barril, tem por objetivo evitar erosão no dust-
hopper, cone de entrada na perna do ciclone ou na própria perna (Figura 5-24).
No regenerador, as pernas dos ciclones ficam mergulhadas no leito denso com o objetivo de manter
as mesmas seladas, evitando inversão do fluxo. Nos ciclones do segundo estágio, onde a pressão
interna é ainda menor que nos ciclones do primeiro estágio, são utilizadas trickle-valves nas saídas
das mesmas para garantir a selagem.
Nos ciclones do reator são utilizadas flapper-valves (Figura 5-25) nas saídas das pernas para fazer a
selagem das mesmas, em função da selagem não ser mais feita no leito denso desde que foi
eliminado o craqueamento em leito, com mudanças no riser e redução na altura do leito.
Os gases de combustão e do craqueamento, junto com finos de catalisador, partículas menores que
10 µm, deixam o ciclone através de um duto central.
91
Figura 5-24 – Funcionamento de um ciclone.
O catalisador recuperado enche as pernas dos ciclones (primeiro e segundo estágio) até uma
determinada altura, capaz de desenvolver uma pressão em suas bases que seja maior que a pressão
exercida no leito denso de catalisador e, para abrir as trickle-valves ou flapper-valves (Figura 5-25).
O peso de coluna de catalisador nas pernas é necessário devido à perda de carga (diferencial de
pressão) que ocorre nos ciclones, reduzindo sua pressão interna, além da densidade do catalisador
recuperado ser mais baixa. A altura de catalisador nas pernas dos ciclones de segundo estágio ainda
é mais alta que nas pernas dos ciclones de primeiro estágio, devido à pressão interna daqueles ainda
ser mais baixa, assim como, a densidade do catalisador recuperado também ser menor.
93
6 PROCESSOS DE TRATAMENTO DE DERIVADOS
COMPOSTO FONTE
Presentes em alguns óleos crus e, também, formados pela decomposição
térmica e catalítica de compostos sulfurados durante processos de destilação e
H2S e Mercaptans
craqueamento. Os mercaptans originam-se ainda, de reações entre H2S e
olefinas/diolefinas.
Raramente presentes no óleo cru. Formado normalmente da oxidação do H2S
Enxofre Elementar pelo oxigênio do ar durante processamento ou estocagem. Por não ser volátil
não deve ocorrer em produtos leves, a não ser que haja oxidação de H2S .
Sulfeto de Carbonila Formado por craqueamento térmico ou catalítico.
Os dissulfetos raramente ocorrem no petróleo, sendo oriundos da oxidação de
Dissulfetos
mercaptans.
Compostos
nitrogenados Os compostos nitrogenados básicos (piridina e quinolina) e neutros (pirrol)
apresentam ocorrência natural no petróleo.
básicos e neutros
Formados em craqueamento térmico ou catalítico e hidrocraqueamento. A
NH3 e HCN
amônia pode ser introduzida para controle de corrosão.
Compostos que Estes incluem vários compostos tais como compostos de enxofre, nitrogenados
produzem básicos e fenóis que sofrem oxidação no decorrer do processamento e
alteração de cor estocagem.
94
COMPOSTO FONTE
Gás Carbônico Formado por craqueamento catalítico e presentes em gás natural.
Origina-se da água livre do óleo cru ou pode ser introduzida de fontes externas
Água
durante o processamento.
FRAÇÃO IMPUREZAS
Sulfeto de hidrogênio; sulfeto de carbonila; dióxido de carbono; ácido
Gás Combustível
cianídrico; dissulfeto de carbono e metano.
Sulfeto de hidrogênio; metilmercaptans; etilmercaptans; ocasionalmente
GLP de Destilação sulfeto de carbonila e dimetilsulfetos; amônia; HCl (oriundo de má
dessalgação do petróleo); enxofre elementar; tiociclopropanos.
H2S; metilmercaptans; etilmercaptans; sulfeto de carbonila; amônia;
GLP de FCC dióxido de carbono; ácido cianídrico; ácido clorídrico (oriundo de má
dessalgação do petróleo).
GLP de Craqueamento H2S; metilmercaptans; etilmercaptans; sulfeto de carbonila; amônia; ácido
Térmico cianídrico; ácido clorídrico (oriundo de má dessalgação do petróleo).
95
FRAÇÃO IMPUREZAS
Mercaptans; compostos sulfurados em geral, em menor concentração;
Nafta da destilação.
ácidos alifáticos com ponto de ebulição nesta faixa.
Nafta do FCC e do
Mercaptans e outros compostos sulfurados.
craqueamento térmico.
Querosene e frações mais Mercaptans e outros compostos sulfurados; ácidos naftênicos; compostos
pesadas da destilação. de nitrogênio.
Óleo leve e frações mais
Mercaptans (tiofenol inclusive) e outros compostos sulfurados; compostos
pesadas do FCC e do
nitrogenados básicos e neutros; ácidos naftênicos; diolefinas.
craqueamento térmico.
Os processos de tratamento de derivados são classificados em dois grupos conforme a sua ação em
relação aos compostos de enxofre:
• dessulfurização: quando ocorre a remoção dos compostos sulfurados:
o lavagem com DEA de gás combustível e GLP;
o lavagem cáustica de GLP e nafta
o tratamento MEROX de GLP
96
• adoçamento: quando há a transformação dos compostos de enxofre, sem que ocorra sua
remoção:
o tratamento MEROX de gasolina e QAV.
Os processos Bender (esse em uso ainda na Petrobrás) e Doctor estão em desuso e não serão
detalhados.
Objetivos do Processo
O processo de tratamento de frações leves de petróleo com soluções de dietanolamina (DEA),
baseia-se nas reações desta com os compostos ácidos, como H2S e CO2, presentes no GLP ou gás
combustível. Posteriormente, a amina utilizada é regenerada por aquecimento controlado, liberando
H2S e CO2.
Inicialmente, usou-se como agente de absorção ou extração a trietanolamina (TEA), que foi
posteriormente substituída por monoetanolamina (MEA) e dietanolamina (DEA) pois a amina
terciária (TEA) apresenta maior tendência a formar espuma, ter baixa reatividade e estabilidade.
As soluções de monoetanolamina (MEA) têm como vantagem seu mais baixo custo, alta
reatividade, excelente estabilidade e facilidade de recuperação. No entanto, apresentam duas
desvantagens em relação a dietanolamina (DEA): a sua relativamente alta pressão de vapor e o fato
de formar compostos não-regeneráveis ao reagir com certas substâncias, tais como COS e CS2,
comumente presentes em gases produzidos por craqueamento catalítico.
A MEA devido a sua alta reatividade com H2S e CO2, conduz a menores quantidades de solução em
circulação no processo, que se reflete em um menor consumo de utilidades e equipamentos
menores, ou seja, torna o processo mais barato. Deste modo, a MEA é usada sempre que o gás a
tratar não contém COS em quantidades relativamente altas, a fim de não afetar a recuperação da
amina. Assim, a MEA é usada para gás natural ou remoção de CO2 de correntes de unidades de
Geração de Hidrogênio, ao passo que DEA é usada para GLP e gases produzidos por craqueamento
catalítico.
Descrição do Processo
As unidades de tratamento de gás combustível e GLP com DEA, em geral, utilizam a mesma
solução de DEA regenerada. O esquema do processo é apresentado na Figura 6-1. Essa unidade
consiste em uma torre extratora de H2S e CO2 de GLP, uma torre absorvedora de H2S e CO2 de gás
combustível e uma torre regeneradora de DEA.
Seção de Extração
O GLP a ser tratado é enviado à torre extratora, uma vez que está líquido (pressurizado da seção de
recuperação de gases do FCC) onde entra em contato em contracorrente com a solução de DEA
regenerada, chamada de solução de DEA “pobre”.
Na torre extratora, que pode ser constituída de pratos perfurados de aço-carbono ou de anéis de
polipropileno, o fluxo de DEA “pobre” é admitido na região superior, sendo a solução designada
como DEA “rica” coletada na parte inferior.
No topo da extratora, o GLP separa-se da fase aquosa, e segue para um tambor de decantação, onde
são removidos traços de DEA eventualmente arrastados, indo então para o sistema de tratamento
97
cáustico regenerativo (MEROX). A solução de DEA retirada pelo fundo da extratora é enviada para
o sistema de regeneração. Na seção de extração, o GLP é a fase dispersa e a amina a fase contínua.
GLP tratado GC tratado Gás residual
H2
S
GLP
GC
Filtro
Torre extratora Torre absorvedora Torre regeneradora
Seção de Absorção
O gás combustível é enviado à torre absorvedora, onde é borbulhado em contra corrente na solução
de DEA. A torre absorvedora pode ser constituída por recheio de anéis de polipropileno ou pratos
perfurados, sendo que da mesma forma que no GLP, a DEA “pobre” entra pela região superior e a
DEA “rica” sai pela parte inferior. O contato entre as fases afeta diretamente a absorção, sendo que
no caso da absorção as torres recheadas promovem melhor contato que as de prato perfurado, e
reduzem a formação de espuma. Na seção de absorção, o gás combustível é a fase contínua,
enquanto que a amina é a fase dispersa.
As reações de absorção são exotérmicas e ocorrem na fase líquida, fazendo subir a temperatura da
solução de amina. Como geralmente a corrente tratada tem capacidade calorífica bem menor que a
solução de amina, ela deixa o topo da torre com uma temperatura bem próxima à de entrada da
solução “pobre”. A temperatura da DEA “pobre” deve ser superior a 5oC a temperatura de orvalho
do gás combustível, a fim de evitar a condensação de hidrocarbonetos no interior da absorvedora, o
que causa espuma e arraste de solução pelo produto tratado.
Do topo da torre, o gás é enviado ao sistema de gás combustível e a solução DEA “rica”, que sai do
fundo da torre, vai para o sistema de recuperação após se juntar com a DEA “rica” vinda do sistema
de extração.
Filtração
Antes de ser regenerada, a DEA é filtrada, a fim de retirar os produtos de corrosão (sulfeto de ferro)
e produtos de degradação arrastados, para que esse material não se deposite nos equipamentos, nem
provoque a formação de espuma. O tipo de filtro varia de refinaria para refinaria, sendo sua
eficiência fortemente dependente das condições internas do elemento filtrante e do tamanho da
malha ou porosidade do filtro. Esse equipamento pode ser constituído de um leito de carvão ativado
suportado por uma tela de aço ou, ainda, ser do tipo “cartucho” de aço inox contendo pequenos
orifícios, filtros de sacos e outros.
98
A posição do filtro pode ser diferente nas diversas refinarias que possuem o tratamento DEA. Um
possibilidade seria a solução de DEA “rica” passa inicialmente pelo filtro, em seguida pelo trocador
DEA “rica” x DEA “pobre” e depois pelo vaso expansor. A outra seria a ordem: filtro, vaso
expansor e trocador DEA “rica” x DEA “pobre”. A expansão ou despressurização da corrente de
DEA “rica” deve ser feita o mais próximo possível da torre regeneradora, utilizando, de preferência,
no trecho de baixa pressão, material de aço inoxidável.
Vaporização de Hidrocarbonetos
A DEA “rica”, que deixa as torres de absorção e extração, é preaquecida em um permutador DEA
“rica” x DEA “pobre”, passando pelos tubos. A solução vai em seguida para o tambor de
vaporização, onde são separados os hidrocarbonetos arrastados pela DEA. A remoção desses
hidrocarbonetos é necessária, porque sua presença na corrente ácida de H2S a torna inadequada à
produção de enxofre.
Os hidrocarbonetos são retirados pelo topo do domo no tambor, que é recheado com anéis de
carvão. Os traços de H2S e CO2 liberados são reabsorvidos pela injeção de uma corrente de DEA no
topo do domo. Os hidrocarbonetos escoam sob controle de pressão, para o sistema de tocha da
refinaria.
Regeneração
Do tambor de vaporização, a solução de DEA é enviada à torre de reativação da DEA, passando
antes por uma válvula de controle, onde grande parte dos gases ácidos é vaporizada devido ao ∆P na
válvula. A solução de DEA entra na torre de reativação pela seção de topo. É sempre interessante
posicionar a válvula de controle de nível próximo ao bocal de entrada da torre regeneradora, a fim
de diminuir o trecho de tubulação que fica exposta ao ambiente agressivo da solução formada.
A torre regeneradora de DEA é constituída de pratos de aço-carbono com válvulas de aço inox tipo
AISI 304 E 410. Na torre regeneradora, a solução de DEA “rica” sofre um processo de
esgotamento, mediante a geração de vapor d'água da própria solução, por um refervedor existente
no sistema de fundo da torre. Os gases liberados constituem a corrente chamada de gás ácido, que
contém além de H2S E CO2, alguma quantidade de COS, CS2, vapor d'água, mercaptans,
hidrocarbonetos leves e inertes. Os gases sobem em contracorrente com a carga da torre e saem pelo
topo, mantendo-se uma pressão mais baixa possível na torre a fim de se garantir o escoamento dos
gases ao seu destino final. Os gases ácidos seguem para a Unidade de Recuperação de Enxofre
(URE) ou são queimados na tocha, quando não existir uma URE na refinaria. Neste caso, devido a
corrosividade destes gases, eles chegam à tocha da refinaria através de uma linha internamente
revestida, conhecida como linha de tocha química.
A temperatura do topo da regeneradora é função da pressão da torre e da carga térmica do
refervedor. Caso exista presença de amônia no sistema DEA, a temperatura no topo da regeneradora
não deve ser inferior a 95oC, com o objetivo de minimizar a formação de sais de amônio na torre.
A corrente de DEA “pobre”, ou seja, reativada, sai pelo fundo da reativadora e preaquece a carga
desta torre. Em seguida, esta solução bombeada sofre um preresfriamento final com água, a fim de
que se atinja uma temperatura mais adequada ao processo, antes de alcançar as torres de extração e
absorção.
A reposição da água arrastada com os gases ácidos é feita continuamente sob a forma de vapor.
O custo de regeneração de aminas secundárias como a DEA é mais baixo de que para primárias
como a MEA, pois o calor de reação da DEA é mais baixo, levando a uma temperatura de operação
da regeneradora mais baixa.
99
6.3 Processo de tratamento cáustico
Objetivos do processo
O processo de lavagem cáustica é utilizado para remover principalmente H2S e mercaptans de GLP,
nafta leve e nafta pesada, eliminando também outros compostos como fenóis, ácidos naftênicos,
ácidos alifáticos de baixa massa molecular, compostos neutros de nitrogênio, enxofre elementar e
sulfeto de carbonila, os quais possam estar presentes no derivado a ser tratado.
O tratamento cáustico é usado ainda como pretratamento em outros processos, tais como
Tratamento Cáustico Regenerativo (MEROX) e BENDER.
Bases do processo
A principal reação envolvendo o ácido sulfídrico contido na corrente de hidrocarboneto, que entra
em contato com a solução cáustica é:
H2S + 2 NaOH ⇔ Na2S + 2 H2O
A remoção dos mercaptans da fase oleosa ocorre pela seguinte reação:
RSH + NaOH ⇔ NaSR + H2O
O sal de sódio formado nessa reação deve ser solúvel na fase aquosa.
A solubilidade dos mercaptans na água não varia muito com a natureza ou composição da fase
oleosa, mas varia muito com fatores tais como:
massa molar dos mercaptans: a solubilidade diminui à medida que a massa molecular aumenta.
Logo, a remoção de mercaptans é mais difícil para os produtos mais pesados, os quais apresentam
mercaptans de maior massa molar;
tipo de mercaptan: os alquilmercaptans, por serem mais solúveis na água, são mais facilmente
removidos que os arilmercaptans;
presença de substâncias solubilizantes: acredita-se que certas substâncias, tais como metanol, ácido
isobutírico, fenóis e ácidos naftênicos, possuem a habilidade de aumentar a solubilidade dos
mercaptans na fase aquosa.
A Tabela 6-5 mostra o coeficiente de distribuição doa mercaptans em função do tamanho da cadeia
carbônica. Pode-se observar que à medida que aumenta o tamanho da cadeia carbônica diminui-se o
coeficiente de distribuição. Assim, como mostra a Tabela 6-6, a remoção dos mercaptans mais
pesados será mais difícil, necessitando uma maior concentração de soda cáustica. E,
conseqüentemente, o consumo de soda cáustica aumenta com o aumento da concentração de soda
cáustica (Tabela 6-7).
100
Tabela 6-5 – Coeficiente de distribuição dos mercaptans para soluções de NaOH e nafta.
15 11,9 100
20 6,2 70
25 4,3 60
30 3,2 54
40 2,5 56
Paralelamente à remoção de mercaptans e H2S, ocorre a remoção de outros compostos como fenol,
cresol, ácidos naftênicos e CO2, os quais, com exceção dos ácidos naftênicos, se encontram
principalmente em produtos de FCC. A presença de CO2 pode ser devido à hidrólise de COS (COS
+ H2O → CO2 + H2S).
Os fenolatos e cresolatos são solúveis nas duas fases e estando em altas concentrações podem se
transferir para a fase oleosa. Por isto, utilizam-se soluções diluídas para naftas que contenham
fenóis e cresóis, como as de FCC, de forma a não concentrar os fenolatos e cresolatos na solução de
soda cáustica circulante.
Descrição do processo
O processo, mostrado na Figura 6-2, normalmente contém dois tambores em série. O produto, GLP
ou nafta, é misturado em uma válvula globo com uma solução cáustica de concentração definida,
101
antes de entrar no primeiro tambor. A solução cáustica após remover os compostos de enxofre
decanta-se no fundo do tambor, de onde é retirada e enviada para recirculação.
Carga
Produto tratado
Soda gasta
Soda fresca
Objetivos do processo
O Processo de tratamento cáustico regenerativo mais conhecido é o MEROX da UOP, que é
utilizado para tratamento químico de derivados de petróleo a fim de remover mercaptans ou
convertê-los em dissulfetos, sendo aplicável a cargas com ponto final de ebulição entre 315ºC e
340oC, o que corresponde a faixa do GLP, das naftas e do querosene.
O nome MEROX deriva de MERcaptan OXidation, sendo que o processo se baseia na capacidade
de certos catalisadores do tipo complexo quelante metálico acelerarem a oxidação de mercaptans a
dissulfetos, a uma temperatura próxima a ambiente, usando oxigênio do ar como agente oxidante. A
oxidação ocorre em presença de solução alcalina de hidróxido de sódio. A reação global pode ser
escrita como:
2 RSH + ½ O2 → RSSR + H2O
Fundamentos do processo
O processo ocorre em duas etapas, as quais são:
1a etapa: Extração dos mercaptans
102
Os mercaptans de mais baixa massa molecular são solúveis em soluções alcalinas e tais soluções
podem ser utilizadas para extrair pelo menos parte dos mercaptans das cargas. A reação desta etapa
é:
RSH + NaOH → NaSR + H2O
(mercaptans) (soda) (mercaptídeo de sódio)
a
2 etapa: Regeneração da soda
2 NaSR + ½ O2 + H2O → 2 NaOH + RSSR
(mercaptídeo de sódio) (soda) (Dissulfeto)
No tratamento de GLP, as duas reações, ocorrem em equipamentos separados. Como o dissulfeto
formado não é solúvel em solução cáustica, depois de extraído do GLP, ele é separado da soda
cáustica, possibilitando a reutilização da solução na extração de mercaptans.
No tratamento MEROX de gasolina e QAV, as reações mencionadas acima ocorrem no mesmo
equipamento. Na verdade, alguns mercaptans dessas correntes não chegam a passar para a solução
cáustica, de modo que a transformação do mercaptan no dissulfeto correspondente ocorre quando o
grupo mercaptídeo entra em contato com o catalisador. O dissulfeto formado nesse tipo de
tratamento é separado da solução cáustica, mas sai na corrente oleosa. Assim, tanto no tratamento
MEROX de gasolina quanto no de QAV, a corrente que entra na unidade tem o mesmo teor de
enxofre total da corrente que sai.
No tratamento MEROX, a ftalocianina da família das porfirinas é a base orgânica mais usada como
componente do catalisador. Metais como cobalto, vanádio, manganês, ferro e molibdênio são os
mais comuns para a formação do complexo. A preferência é por cobalto ou vanádio, que são os
mais ativos, sendo que o de cobalto é o mais usado. Os catalisadores de ftalocianina de metais não
são solúveis em água, de modo que para melhorar a atividade catalítica destes catalisadores é
necessário usá-lo na forma sulfonada ou carboxilada.
O catalisador não afeta a solubilidade do mercaptan na soda, não aumentando portanto a extração
dos mercaptans. Entretanto permite uma regeneração mais fácil da solução cáustica do que a
retificação com vapor d’água, método anteriormente usado, dando maior economia operacional.
Desta forma, a extração com o processo MEROX deve levar a teores mais baixos de mercaptídeos
na soda regenerada, que será reutilizada no processo, quando comparada ao método mais antigo.
O cloro ativo envenena o catalisador MEROX, causando a sua perda definitiva. Logo, não se deve
usar água tratada com cloro (água potável ou água de refrigeração) para reposição (make-up) de
solução MEROX ou para lavagem de equipamentos.
A solução cáustica, com o decorrer da operação da unidade, será consumida com CO2, que
neutraliza a solução pela formação de bicarbonato de sódio (NaHCO3) e carbonato de sódio
(Na2CO3). Outras substâncias que estiverem presentes na carga, com características ácidas, serão
também removidas pela solução cáustica.
No tratamento MEROX de QAV deve-se fazer a remoção de ácidos naftênicos através de
prelavagem cáustica. Esses ácidos tem propriedades tensoativas, que podem interferir no
adoçamento de cargas contendo mercaptans com baixa solubilidade na fase aquosa. Podem, além
disso, dificultar a separação entre a fase oleosa e a solução cáustica, levando a formação de
emulsões e gel.
103
Classificação do Processo MEROX
Existem dois tipos de aplicações para a reação anterior:
• dessulfurização: na qual os mercaptans são inicialmente removidos da fração oleosa, usando
uma solução cáustica como solvente de extração, com subsequente regeneração do solvente
por contato com o catalisador e ar, seguido por separação dos dissulfetos, os quais são
insolúveis no solvente. O processo de dessulfurização pode ser usado para GLP e frações de
hidrocarbonetos leves.
• adoçamento: no qual a fração oleosa contendo mercaptans é colocada em contato com a
solução cáustica, ar e catalisador para converter o mercaptan em dissulfetos solúveis em
óleo, sem mudança do conteúdo de enxofre do derivado.
Descrição do processo
Prelavagem com Solução Cáustica
Um pretratamento da carga de GLP com solução cáustica se faz necessário para remoção de H2S.
Se sulfeto de hidrogênio entra no processo, ele reage com soda cáustica formando sulfeto de sódio,
o qual é então cataliticamente oxidado a tiosulfato de sódio. As reações são as seguintes:
H2S + 2 NaOH → Na2S + 2 H2O
Na2S + 2 O2 + H2S → Na2S2O3 + H2O
A última reação ocorre preferencialmente sobre a oxidação dos mercaptans a dissulfetos, de forma
que há uma supressão da reação desejada em favor de uma que pode ser evitada com pretratamento
da carga. Segundo a UOP, o tratamento MEROX torna-se ineficiente depois que 10 a 15 % de
NaOH é convertida em tiossulfato.
Extração
A carga deve ser intimamente misturada, em um ou mais estágios, com a solução cáustica contendo
o catalisador MEROX disperso. Segundo a UOP, quando for usado mais de um estágio, esses são
arranjados por fluxo em contracorrente.
O esquema mais moderno de fluxo em contracorrente utiliza uma torre, por onde entra a solução
cáustica próximo ao topo e sai pelo fundo, escoando em contracorrente com a carga que entra
próximo do fundo e sai pelo topo. Um distribuidor simples é utilizado para assegurar que a solução
104
cáustica seja uniformemente distribuída através da seção transversal da torre. A carga de
hidrocarbonetos também entra por um distribuidor pelo fundo. Os dois tipos de torres usadas são a
torre de anéis de Raschig de carbono e a torre de pratos perfurados.
O GLP tratado passa para um vaso para decantar a soda que foi arrastada, pois o produto pode dar
corrosão por arraste de solução cáustica. Em alguns casos, haverá uma lavagem com água após a
extração. O fluxograma geral do processo MEROX de GLP com extratora de pratos se encontra na
Figura 6-3.
Torre de
Torre
Lavagem caústica
oxidadora
regeneradora
GLP tratado
Ar e gases
Tambor decantador
de soda
Tambor
separador de
GLP dissulfeto Dissulfeto
Soda Torre de
cáustica extração
Ar
Seção de regeneração
A solução cáustica não regenerada, contendo catalisador MEROX e mercaptídeos de sódio, sai do
fundo da extratora e passa para a torre de oxidação. O oxigênio atmosférico é introduzido na
solução cáustica, antes dela entrar no equipamento mencionado, o qual possui no seu interior anéis
Raschig de carbono. A corrente que sai da torre, agora rica em dissulfetos, vai para o vaso separador
de dissulfetos.
Com o tempo a concentração da soda cai, devido a formação de compostos não regeneráveis. Na
extração usada para GLP e hidrocarbonetos leves, o consumo da solução cáustica resulta da
neutralização por CO2 presente no ar atmosférico usado como agente oxidante, por compostos de
caráter ácido como ácidos alifáticos e outros, se estiverem presentes na carga. Se não for possível
regenerar a soda cáustica a níveis satisfatórios, a solução deverá ser descartada e o catalisador
deverá ser reposto no sistema.
No caso de GLP, normalmente a unidade é projetada para operar com a torre oxidadora a
temperatura de até 38oC. Em algumas unidades de extração, a temperatura pode chegar até 60oC,
porém acima desse valor a solução cáustica torna-se corrosiva nas concentrações usuais. De
qualquer forma, a temperatura da torre deve ser a mais baixa possível, de forma a permitir uma boa
regeneração da soda.
105
Vaso separador de dissulfetos
No vaso separador de dissulfetos ocorre a separação das três fases. A fase gasosa, que contém o
excesso de ar, algum dissulfeto gasoso e traços de hidrocarbonetos leves, sai pelo vent e o dissulfeto
líquido com a solução cáustica regenerada são separados por decantação. Dentro do vaso existe um
demister, que funciona como coalecedor para auxiliar na separação entre as fases oleosa e aquosa.
A solução cáustica, contendo algum mercaptídeo solúvel, é recirculada para a extratora de GLP.
O dissulfeto gasoso é enviado para ser queimado em forno, ao passo que o dissulfeto líquido pode
ser injetado na carga de FCC ou ser vendido à petroquímica. Empresas como COPESUL e PQU
compram dissulfeto líquido, porém, neste caso, o produto deve ter a qualidade exigida em termos de
sódio (máximo de 1 a 10 ppm) e, em alguns casos, de água (máximo de 2 000 ppm) e de
dimetildissulfeto (mínimo de 98 %), dependendo da empresa.
No vaso separador de dissulfeto existe a possibilidade de ocorrer combustão interna, quando os
gases que deixam este vaso seguem para serem queimados nos fornos ou na tocha. Neste caso, os
gases efluentes entram em contato com o terceiro elemento necessário para a combustão que
faltava: a fonte de ignição, ou seja o calor, já que o combustível e o oxigênio estão presentes no
vaso separador mas a temperatura é ambiente. Assim, este equipamento deve possuir um retentor de
chama (Flame Arrester) instalado e em condições de operação para cortar a chama. Também é
necessária uma linha de vapor conectada com a linha de saída dos gases.
É importante evitar espaços relativamente longos cheios de gás. Por isso, embora exista um domo
para coletar os gases separados, estes são preenchidos com anéis de Raschig de aço inoxidável ou
de porcelana, que previnem a propagação de chama se ocorrer ignição. O vaso separador de
dissulfetos é de aço carbono comercial, porém algumas refinarias vêm diagnosticando processo
corrosivo provocado por dissulfetos.
Na saída do domo existe um controlador de pressão. O vaso possui ainda um controlador de nível
na interface de gás e líquido, controlando a saída de soda cáustica para a torre oxidadora. O controle
deste nível é necessário para se evitar arraste de líquido junto com os gases.
106
Ar
Misturador
Nafta
Produto tratado
Vaso de decantação
Bomba de circulação
de soda
107
7 COQUEAMENTO RETARDADO
7.1 Coque
Há vários tipos de coque de petróleo dependendo do processo utilizado, condições operacionais e
carga usada (Tabela 7-1). Todos os coques produzidos nas refinarias são chamados de coque verde
e contêm alguma matéria volátil oriunda de reações incompletas. O coque combustível é vendido
como coque verde, mas o coque usado para fazer anodos na industria de alumínio ou eletrodos na
indústria do aço deve ser calcinado a temperaturas de 980ºC a 1315ºC para completar as reações de
carbonização e reduzir a matéria volátil.
O coque tipo esponja, que leva este nome pelo seu aspecto poroso, apresenta aspecto irregular.
Apresenta-se em grãos de 50cm até um pó bastante fino.
A segunda forma de coque do petróleo é o coque agulha. Esse tipo de coque tem aumentado a sua
produção recentemente. Esse termo deriva da sua estrutura alongada que pode ser vista no
microscópio. O coque agulha é produzido de carga com alto teor de aromáticos (óleo do FCC) em
condições de alta pressão (690kPa) e alta razão de reciclo (1:1). O coque agulha é preferível ao
coque esponja para uso na fabricação de eletrodos devido a sua baixa resistividade elétrica e baixo
coeficiente de expansão térmica.
Ocasionalmente um terceiro tipo de coque é produzido não intencionalmente. Esse coque é
chamado chumbinho (shot coque) por causa dos grãos densos sem poros. É produzido usualmente
quando ocorrem erros operacionais ou se utiliza como carga petróleos pesados tais como alguns
petróleos canadenses, californianos, e venezuelanos. Os grãos têm formato esférico de diversos
diâmetros, variando desde um pó fino até do tamanho de uma bola de tênis ou maior. Também é
produzido a partir de alguns resíduos com teor elevado de contaminante, principalmente o enxofre.
108
O coque shot é indesejável porque não possui uma grande área superficial como os outros tipos de
coque, não é grafitizável e é utilizado somente como combustível com restrições pela legislação
ambiental local.
7.2 Processo
A Figura 7-1 mostra as correntes de entrada e de saída típicas de uma unidade de coque com
rendimentos aproximados.
A carga típica de uma Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) é constituída de 100% de
resíduo de vácuo das unidades de destilação. Nas refinarias que possuem unidades de
desasfaltação, surge a possibilidade de também processar resíduo asfáltico (RASF). As novas
unidades projetadas para processar RASF têm a sua carga composta não apenas por esta fração, mas
também por resíduo de vácuo e óleo clarificado, sendo conhecida por mistura tripla.
As correntes líquidas e gasosas provenientes da unidade de coqueamento precisam ser hidrotratadas
para remoção de enxofre e melhora da sua estabilidade antes de comporem o pool de derivados.
109
H2S (0,5%p)
Figura 7-1 - Entradas e Saídas de uma Unidade de Coqueamento, com rendimentos médios.
A característica marcante do processo é o seu caráter semicontínuo. Em seu interior um par ou mais
pares de tambores de coque passam por diversas etapas de coqueamento e descoqueamento. A
carga térmica necessária à formação do coque é fornecida pelo forno que se encontra a montante
dos tambores.
Um esquema simplificado do processo é apresentado na Figura 7-2. A carga fresca é preaquecida
na bateria de trocadores de calor através de correntes do próprio processo, contribuindo para a
integração energética da unidade. Após o preaquecimento a carga é normalmente enviada à região
de fundo da fracionadora, conhecida como torre combinada por ter a função de fracionamento e
vaso de acúmulo de carga. Nesta torre ocorre a incorporação do reciclo natural à carga fresca. O
reciclo natural é a parte mais pesada dos efluentes dos tambores de coque. A carga fresca (CF)
mais o reciclo é chamada de carga combinada (CC). O reciclo auxilia no aquecimento da carga e é
utilizado para ajustar a qualidade do gasóleo pesado e do coque. Se houver necessidade, a carga é
introduzida dois ou quatro pratos acima da zona de expansão onde são introduzidos os vapores que
deixam o tambor de coqueamento. A carga combinada deixa o fundo da torre desde 280ºC até
380ºC.
A carga combinada sai do forno a uma temperatura de aproximadamente 500ºC. Uma vez que esses
processos trabalham com resíduos, é muito comum a formação de coque indesejável nos fornos. A
ciência do processo está em trabalhar com temperaturas além do limite de coqueamento sem a
formação de coque nos fornos. Isso requer altas velocidades nos fornos. Nos tambores o efluente
quente do forno tem tempo suficiente para que ocorram as reações. O processo é denominado de
coqueamento retardado devido a uma má tradução da palavra inglesa: delayed, que significa
atrasado ou postergado, em referência à formação de coque ser postergada para os tambores. A
formação do coque não ocorre no forno no qual a carga é aquecida.
Assim, o forno é o equipamento mais crítico da unidade, pois trabalha com altas temperaturas e um
produto pesado suscetível ao coqueamento e qualquer descontrole pode levar à formação excessiva
de coque. Normalmente se injeta vapor que provoca alta turbulência evitando a deposição de
coque.
Após o forno, o fluxo vai para uma válvula de três vias, denominada switch, que serve para comutar
o fluxo entre os tambores de coqueamento.
110
A carga sai do forno com 15% a 20% vaporizada e entra no tambor onde ocorrem as reações de
coqueamento e prosseguem as de craqueamento. A conversão é tal que permanecem nos reatores
cerca de 30% da carga fresca na forma de coque. O nível dos tambores de coque é geralmente
controlado por meio de um dispositivo radioativo que emite raios gama.
35ºC
GC
101 kPa
GASÓLEOS
CARGA
VAPOR
500ºC
FORNO COQUE
111
Tabela 7-2 – Ciclo normal de operação de 24 h por uma unidade composta por 4 tambores.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4
Tambor A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tambor B 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1
Tambor C 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6
Tambor D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1
A Tabela 7-3 mostra a descrição das fases e a duração de cada uma delas.
Tabela 7-3 – Descrição das fases do ciclo normal de 24h e a duração das fases
112
8 HIDROPROCESSAMENTO
H2 de Compressor
“make-up” de reposição
Compressor de
Forno de reciclo
carga
TC
reator SR
PURGA
H2O
PC
Vaso Separador de
pulmão alta pressão
CARGA
FC
Água
Residual
Estabilização
114
virtude do fluxo bifásico. Alguns projetistas preferem, contudo, adicionar o hidrogênio direto no
forno.
Normalmente se procura recuperar todo o calor possível das correntes quentes do processo de modo
que minimize a carga térmica do forno. No entanto, como existe geração de calor no reator por
causa das reações exotérmicas de hidrogenação, surge a possibilidade de um fenômeno conhecido
como run away, um descontrole de temperatura que pode comprometer o reator ou os catalisadores.
Assim sendo o projeto deixa cerca de 20% a 25% da carga térmica necessária para o aquecimento
da carga, de forma a permitir um bom controle de temperatura da unidade independente da carga
processada.
O uso de quench, corrente fria que é injetada no reator para reduzir rapidamente a temperatura,
permite aumentar a carga térmica recuperada na bateria, uma vez que flexibiliza o controle de
temperatura da reação.
A adição de hidrogênio de reposição antes ou após o compressor de gás de reciclo é função de um
estudo econômico. A injeção na zona de baixa pressão (sucção do compressor de gás de reciclo)
aumenta a capacidade do compressor, enquanto que se injetar na descarga do compressor aumenta a
diferença de pressão entre a descarga e a sucção do compressor. Normalmente em unidade que
consomem muito hidrogênio, a adição de gás de reposição é feita na descarga do compressor.
A corrente de saída do reator recebe, normalmente, uma injeção de água de lavagem durante o seu
resfriamento quando a temperatura atinge 160ºC. O objetivo dessa água é evitar a precipitação de
sais de amônia, principalmente quando se utilizam derivados oriundos de petróleos com alto teor de
nitrogênio.
A separação dos produtos do hidrogênio não reagido pode ser feita de duas formas:
• a quente
• a frio
No caso de cargas mais pesadas, utiliza-se a separação à quente, uma vez que os produtos são mais
pesados e a separação, conseqüentemente, é mais fácil. Normalmente utilizam-se dois vasos. A
corrente líquida do primeiro vaso separador à alta pressão e temperatura (260ºC) é enviada à torre
retificadora. A corrente gasosa é enviada ao segundo vaso à alta pressão e baixa temperatura (60ºC),
onde o gás de reciclo é separado. Os produtos mais leves são lavados com água e recuperados por
decantação.
No caso de cargas mais leves (diesel, LCO e gasóleo leve do coque), resfria-se o produto do reator e
o líquido formado é separado do gás à baixa temperatura (60ºC). Nesse caso, há necessidade de
enviar a corrente líquida a um outro vaso de baixa pressão para que seja feita a separação da água.
No caso de cargas muito leves (nafta e querosene) adota-se um vaso único de alta pressão e baixa
temperatura (60ºC).
O produto, depois da separação do hidrogênio, é enviado a uma torre estabilizadora onde traços de
hidrogênio e produtos leves são retirados do derivado.
115
Os objetivos dessas unidades são:
• Produção de derivados mais leves com seletividade para os médios (QAV e diesel) e leves
(nafta)
• Produção de derivados de média e alta qualidade, tanto os convertidos, quanto os não
convertidos que podem ser ótimas carga para FCC, pirólise ou gerar óleo lubrificante.
O processo de HCC pode ser projetado com um ou dois estágios. Em qualquer caso, a carga sofre
um hidrotratamento antes do conversor a fim de poupar seu catalisador dos agentes agressivos
(enxofre, nitrogênio e aromáticos).
No hidrocraqueamento em um estágio de reação, não há separação intermediária de produtos na
zona de reação. Aplica-se esse processo para cargas com teores de nitrogênio abaixo de 2 000 ppm.
No hidrocraqueamento em dois estágios, há uma remoção intermediária à quente de produtos de
reação do primeiro estágio. Aplicam-se esses processos para carga com altos teores de nitrogênio,
uma vez que os produtos da reação são retirados entre os dois estágios, ajustando o teor de
nitrogênio para o segundo reator que opera com catalisador zeolítico.
Há ainda um processo com fracionamento intermediários que se aplica para cargas com baixo teor
de contaminantes e aromáticos. Assim, pode-se utilizar no primeiro estágio os catalisadores
zeolíticos, atingindo-se uma alta conversão. Os seus produtos podem então ser enviados a uma torre
fracionadora recuperando-se o produto convertido e enviando para o segundo estágio apenas o
restante não convertido.
116
9 GERAÇÃO DE HIDROGÊNIO
9.1 Introdução
As unidades produtoras de hidrogênio têm crescido de importância na área do refino, devido ao uso,
cada vez mais generalizado, de hidroprocessamento.
A geração de hidrogênio, através da reforma a vapor, é um processo bem estabelecido e utilizado
desde a década 30, com a entrada em operação das primeiras plantas comerciais da BASF, na
Alemanha, e da atual EXXON, nos Estados Unidos.
Esse processo continua sendo o principal e o mais econômico meio de produção direta e contínua de
hidrogênio.
As principais alternativas concorrentes para suprir a demanda de hidrogênio são:
- reforma catalítica.
- oxidação parcial.
- gaseificação de resíduos.
O custo de produção, por essa rota, é fortemente influenciado por fatores de escala, variando na
faixa de 1000 US$/t a 2000 US$/t de H2 (0,09 US$/Nm³ a 0,18 US$/Nm³ de H2) para unidades de
grande e pequeno porte, respectivamente, onde:
pequeno porte: produção até 200 000 Nm³/d
médio porte: produção entre 200 000 Nm³/d e 500 000 Nm³/d
grande porte: produção acima de 500 000 Nm³/d
O hidrogênio é gerado no processo através da reação, em um meio catalítico, do vapor d'água com
uma corrente de hidrocarbonetos, conforme as equações a seguir:
cat
CxHy + x H2O x CO + (x + y/2) H2 (Reação de reforma)
cat
x CO + x H2O x CO2 + x H2 (Reação de deslocamento – Shift)
Somando-se as duas reações, tem-se:
cat
CxHy + 2x H2O x CO2 + (2x + y/2) H2
Uma vez que as cargas das UGH´s contêm contaminantes que interferem negativamente na
eficiência do catalisador de reforma e o hidrogênio gerado precisa ser separado do CO2, o processo
completo de geração de hidrogênio por reforma a vapor (UGH) é realizado em quatro etapas:
• pretratamento da carga
• reforma e geração de vapor
• conversão de CO
• purificação do hidrogênio
117
A Figura 9-1 apresenta um fluxograma geral do processo de geração de hidrogênio, com o forno
reformador, o reator de shift e o sistema de purificação PSA.
118
Teor de Olefinas
Compostos insaturados, de uma forma geral, possuem alta tendência a formação de coque por
polimerização ou desidrogenação. As altas temperaturas utilizadas nas UGH´s acentuam o
problema.
A presença de insaturados na carga pode provocar:
• formação de coque nos fornos ou nos permutadores de preaquecimento da carga;
• superaquecimento no leito de hidrogenação do sistema de pretratamento;
queda na taxa de remoção de enxofre, visto que as reações de saturação de olefinas são concorrentes
com as de hidrogenação de compostos sulfurados.
Para unidades convencionais, o teor de olefinas não deve exceder 1 %.
Teor de Aromáticos
Além dos problemas mencionados para as olefinas, os compostos aromáticos apresentam alta
resistência ao processo de reforma. São admitidos teores de aromáticos de até 30 %.
Metais Pesados
Podem estar presentes na carga sob a forma de compostos organometálicos, principalmente nas
naftas. Vanádio, arsênio, chumbo e níquel são os mais comumente encontrados, embora em teores
muito baixos. Esses compostos formam ligas com os metais presentes nos catalisadores,
desativando-os irreversivelmente. Admitem-se teores de até 5 ppb.
Enxofre
O enxofre também atua envenenando os catalisadores. Alguns dos compostos do enxofre presentes
nos tipos de cargas utilizadas nas UGH´s estão apresentados na Tabela 9-1.
Mercaptans, sulfetos e dissulfetos são espécies químicas bastante reativas e, por isso, são de fácil
remoção. Os tiofenos, ao contrário, são altamente estáveis e de remoção mais difícil.
São considerados aceitáveis teores de enxofre de até 200 ppm nas cargas das UGH´s. Teores mais
elevados tendem a aumentar a complexidade do sistema de pretratamento.
Tabela 9-1 – Compostos de enxofre presente nas cargas da UGH.
119
Cloretos
Podem ser encontrados na carga, na água de caldeira para geração de vapor e no próprio vapor de
processo. São venenos para os catalisadores de reforma e, principalmente, para catalisadores de
cobre, como é o caso do conversor de CO de baixa temperatura. Basicamente, a contaminação por
cloretos conduz à sinterização acelerada dos catalisadores, efeito similar ao obtido quando
catalisadores são submetidos a temperaturas elevadas, porém mais rápido.
Observam-se contaminações de até 15 ppm de cloretos nas naftas. No gás natural, praticamente não
há compostos clorados. Eventualmente podem ser observados teores de até 0,5 ppm, normalmente
associados à contaminação do gás nos campos de produção off-shore.
Para a água de caldeira e o vapor, a presença indesejável de cloretos está associada a deficiências no
tratamento d’água ou contaminações em sistemas de resfriamento que utilizam água salgada como
fluido refrigerante.
Remoção de cloretos
Os cloretos, se presentes na carga, reagem com o hidrogênio, produzindo HCl, que pode ser
removido posteriormente por adsorção em leito de alumina. Alternativamente, os cloretos podem
ser removidos diretamente por adsorção em leito de carvão ativo. Na Petrobrás se utilizava a
primeira opção (leito de alumina), mas, atualmente, com o crescimento do uso de gás natural como
carga dessas unidades, a possibilidade da presença de cloretos é remota e mesmo os leitos de
alumina estão em desuso.
121
forno, denominado forno reformador, onde o calor necessário às reações é fornecido pela queima de
combustível em seus maçaricos.
122
ao longo dos períodos normais de operação. Como contrapartida a essa ação benéfica, a adição de
álcali reduz significativamente a atividade catalítica para as reações de reforma.
Conversão do CO
Esse sistema tem, como principal objetivo, elevar o rendimento do processo, agregando, à
produção, o hidrogênio gerado na conversão do CO em CO2 (reação de deslocamento).
x CO + x H2O → x CO2 + x H2 (Reação de deslocamento – Shift reaction)
Esta reação ocorre em leito catalítico à base de ferro (Fe3O4), principalmente, num primeiro estágio
(alta temperatura) e de cobre (CuO), no segundo estágio (baixa temperatura).
A comercialização do CO2 gerado, para indústrias que o purificam e comercializam para uso
alimentício, pode representar, através da sua receita, uma redução de até 20% dos custos de
produção de hidrogênio.
Nas refinarias, a conversão de CO pode ser feita, atualmente, em dois arranjos básicos:
• conversão de CO em dois estágios, com recuperação do CO2;
• conversão de CO em um estágio, seguido de adsorção do CO2 utilizando-se uma PSA
(pressure swing adsorption). As unidades novas (mais modernas) operam com esse sistema.
GÁS H2
NATURAL
REATOR DE
PRÉ-TRATAMENTO
VAPOR
CONVERSOR DE ALTA CONVERSOR DE BAIXA
TEMPERATURA (HTS) TEMPERATURA (LTS)
H2 e CO2
FORNO para purificação
REFORMADOR
Figura 9-2 – Fluxograma do processo de UGH com conversores de alta e baixa temperatura.
Após o sistema de conversão de CO em dois estágios segue-se o de absorção de CO2, normalmente
com aminas (MEA – monoetanolamina), para purificação do gás de processo. Tanto a corrente de
H2 como a de CO2 ficam disponíveis para uso ou comercialização. Através dessa rota, pode-se obter
hidrogênio e CO2, em correntes separadas, com até 97% de pureza.
123
Conversão em um estágio
Na conversão do CO em apenas um estágio utiliza-se apenas o conversor de CO de alta
temperatura, responsável pela conversão de 80% a 90 % do CO presente no reformado. O conversor
de baixa temperatura e o sistema de absorção de CO2 são substituídos por PSA (Pressure Swing
Adsortion System).
O sistema de PSA é automático, não necessitando, praticamente, de supervisão operacional. Com a
utilização da PSA, pode-se obter hidrogênio com pureza próxima a 100%, mesmo operando-se com
mais baixas RVCs. O gás de purga característico dessa operação retorna ao reformador, como
combustível.
A alta pureza do hidrogênio atingida por essa rota pode também significar reduções nos custos fixos
e variáveis dos hidroprocessos acoplados à UGH.
Assim, as principais vantagens obtidas são :
• menores pressões totais de operação.
• menores vazões de hidrogênio de make-up.
Por outro lado, o rendimento do processo é reduzido em, aproximadamente, 20%, devido a
inevitável geração de um gás de purga inerente ao processo PSA.
Como foi visto, cada arranjo apresenta vantagens e desvantagens características, não sendo claro, a
princípio, qual a melhor opção. Assim, dada uma necessidade de hidrogênio, deve-se realizar um
estudo econômico, visando determinar qual o arranjo ótimo para a UGH, no complexo industrial em
que será inserida.
Os principais itens a serem verificados são :
• investimento de cada rota;
• custo da carga e do combustível, na região;
• mercado e valor de comercialização do CO2, na região.
O custo específico de produção do hidrogênio é um item de grande influência, visto que pode
representar de 30 a 70 % dos custos totais dos hidroprocessos.
124
catalítica para a conversão de CO em CO2. A desvantagem é que são necessárias altas temperaturas
para garantir níveis de conversão aceitáveis.
Os conversores de CO de alta temperatura (HTS) utilizam como catalisador o Fe2O3 (90%) em
mistura com Cr2O3 (8%) e um baixo percentual de CuO (2%). O Fe2O3 é a fase ativa, o Cr2O3 é um
promotor de estrutura e inibe a sinterização do óxido de ferro, prolongando a vida útil do
catalisador, e o CuO atua como um promotor de atividade.
As temperaturas normais de operação são de 300ºC a 450°C. Os teores de CO na entrada do
conversor variam de 10% a 60% e, após a conversão, são reduzidos a 2% a 4%.
O catalisador comercial é fornecido contendo o ferro na forma de Fe2O3 e o cromo na forma de
CrO3. Por isto, uma etapa inicial de redução do ferro à Fe3O4 e do cromo a Cr2O3, é necessária. O
período de troca deste catalisador varia de 4 a 8 anos.
125
• maior conversão de CO;
• menor RVC crítica;
• menor formação de produtos secundários.
Pode também substituir o LTS, com as vantagens :
• maior tempo de vida útil;
• maior resistência a contaminantes.
Sua faixa de trabalho vai de 200ºC a 350° C. O catalisador empregado é obtido através da
incorporação de cobre ao catalisador de ferro típico de HTS.
Princípios de operação
O processo é feito em batelada, com vários vasos operando em paralelo, o que garante o
fornecimento contínuo de hidrogênio. As peneiras moleculares são carregadas em vasos de pressão,
de forma similar aos catalisadores. Sua operação obedece a um ciclo, ilustrado na Figura 9-3, para
um sistema com 5 etapas fundamentais:
• adsorção a alta pressão
• equalização de pressão
• despressurização contracorrente
• purga
• pressurização
126
Adsorção
A primeira etapa do processo é a adsorção, cujo objetivo é adsorver as impurezas (CO, CO2, N2 e
metano)e produzir hidrogênio de elevada pureza a uma vazão constante.
A carga é admitida no vaso a alta pressão (2.100 kPa), contendo um leito adsorvente limpo em
fluxo ascendente. As impurezas são adsorvidas seletivamente pelo recheio a alta pressão. O
hidrogênio puro não é adsorvido e sai pelo topo do vaso, a alta pressão, pronto para ser enviado ao
seu destino final.
Ao final dessa etapa a válvula de carga é fechada. A carga é então alinhada para um outro vaso para
continuar a adsorção.
Equalização de pressão
Ao final da etapa de adsorção, o leito está saturado de impurezas e precisa ser regenerado. Para
recuperar o hidrogênio retido nos espaços vazios do leito, faz-se uma despressurização co-corrente,
ou seja, no mesmo sentido de fluxo em que ocorreu a adsorção, alinhando este vaso com um leito
que está sendo pressurizado.
O topo do vaso em despressurização é alinhado com o topo de outro vaso que está sendo
pressurizado e está a baixa pressão (200 kPa). Ao final dessa etapa ambos os vasos estão à mesma
pressão (1 000 kPa).
Parte das impurezas que estavam no vaso a alta pressão é liberada juntamente com o hidrogênio
enviado ao outro vaso, o qual produzirá posteriormente mais hidrogênio purificado.
Despressurização
A despressurização final é feita geralmente em contracorrente, sendo as impurezas enviadas para
uma corrente de off-gas (170 kPa).
127
Purga
A próxima etapa é a purga, que tem o objetivo de completar a regeneração do recheio adsorvente,
purgando-o (limpando-o) através da passagem de uma corrente de hidrogênio com alta pureza. O
gás produzido nessa etapa será também uma corrente de off-gas.
Pressurização contracorrente
A fim de preparar o leito para uma nova adsorção, este é pressurizado com hidrogênio puro oriundo
de um vaso em despressurização co-corrente. Ao final dessa etapa retorna-se então o ciclo pela
adsorção.
Para aplicações que demandem recuperações mais altas, outros leitos adsorvedores podem ser
incluídos.
128
10 DESASFALTAÇÃO A PROPANO
Unidade de
Resíduo
dasasfaltação a
de vácuo Óleo
solvente
desasfaltado
Resíduo Asfáltico
129
Etano
Poder de solvência
Massa Molar
Seletividade
Propano
Butano
Pentano
Hexano
Sistema de extração
A carga antes de ser resfriada recebe uma injeção de propano (prediluição) para redução da
viscosidade e a seguir é enviada para as torres extratoras.
A carga é misturada com propano, normalmente em uma razão de 4:1 a 8:1 de propano, a uma
desejada temperatura. A fase extrato contém cerca de 15% a 20% de óleo com o solvente . Quanto
mais pesada for a carga, maior será a relação necessária de propano na carga.
A fase rafinado contém de 30% a 50% de propano e não é, na verdade, uma solução verdadeira mas
uma emulsão de precipitados asfálticos e resinas no propano.
Na maioria das refinarias, a seção de extração é relativamente simples, consistindo de uma torre
vertical com anteparos angulados arranjados em linhas verticais, mas pode ser consistida de
anteparos perfurados. A carga entra em contracorrente com o propano. Algumas unidades usam um
disco rotativo para esse propósito.
O propano é injetado no fundo da torre extratora e o resíduo de vácuo entra próximo ao topo da
torre. Conforme o propano sobe através da torre, dissolve o óleo e o carrega consigo até o topo da
torre. Entre o ponto de carga e o topo da torre, serpentinas helicoidais de vapor aquecem o topo na
fase extrato propano-óleo com intuito de reduzir a solubilidade do óleo no propano. Esse óleo
separado em função da elevação da temperatura provoca um refluxo de óleo. O refluxo desce pela
torre melhorando a separação dos asfaltenos e resinas do óleo. A fase rafinado juntamente com
parte da mistura de propano-óleo deixam o fundo da torre (Figura 10-3).
130
TORRE DE FLASH TORRE DE FLASH
(ALTA PRESSÃO) (BAIXA PRESSÃO)
VAPOR
VAPOR
VAPOR
RESÍDUO ÓLEO
DE VÁCUO VAPOR DESASFALTADO
PROPANO ÚMIDO
RETIFICAÇÃO
VAPOR
RESÍDUO
ASFÁLTICO
131
Seção de retificação e recuperação do solvente.
O propano separado nas torres retificadoras contém água e necessita ser retificado antes de se juntar
ao solvente recuperado nas torres de vaporização.
Assim, a mistura solvente/água (topo das retificadoras) passa através de um condensador e segue
para um tambor no qual a água condensada é separada e removida do propano vapor. Em seguida, o
solvente gasoso, junto com o solvente recuperado nas torres de vaporização de média pressão,
retornando para seção de extração.
Carga (ºC) 93 54 93 54 93 54
Solvente 41 35 41 35 41 35
2
P (kgf/cm ) 35,2 35,2 35,2 35,2 35,2 35,2
RPO total 8 8 8 8 8 8
RPO predil. 0,3 a 1 0,3 a 1 0,3 a 1 0,3 a 1 0,3 a 1 0,3 a 1
Temperatura de extração
A temperatura de trabalho é controlada pelas serpentinas localizadas no topo das torres. Ao
contrário da maioria dos solventes, a solubilidade do óleo no propano diminui com o aumento da
temperatura (Figura 10-4). Assim, um aumento de temperatura corresponde a um menor
132
rendimento, mas uma melhor qualidade do óleo, uma vez que se terá uma menor quantidade de
óleo.
Rendimento
propano/óleo
8:1
Razão
6:1
4:1
Temperatura Temp
crítica de
trabalho
Relação propano/carga
No caso da relação propano/óleo, para uma temperatura abaixo da crítica, um aumento da relação
diminui o rendimento. Para uma temperatura acima da crítica o comportamento é inverso, ou seja,
um aumento da relação propano/óleo aumenta o rendimento.
A temperatura crítica de tratamento é função das características da carga, ou melhor, quanto maior o
conteúdo de asfalto na carga, maior será a temperatura crítica.
Verifica-se experimentalmente que, para uma temperatura definida, o aumento da quantidade de
propano na carga resulta em uma redução de viscosidade sem, no entanto, separar as fases. Existe
um teor de propano no qual inicia-se a precipitação do asfalto, em quantidades crescentes até um
valor limite em que um aumento da relação propano/carga não acarreta nenhuma melhora na
separação de fases. Isso significa que existe uma valor ótimo para relação propano/carga, na qual a
eficiência do processo é máxima.
133
Pressão de extração
O aumento da pressão provoca um efeito semelhante ao abaixamento da temperatura do propano.
Ocorre um aumento da densidade do propano e conseqüentemente um aumento da solubilidade do
óleo no propano.
A pressão de trabalho não é utilizada como controle da solubilidade, mas sim, para manter o
propano líquido. Uma vez que a temperatura de ebulição do propano é -42ºC a pressão atmosférica,
é necessária uma pressão superior a 10 kgf/cm2 para mantê-lo líquido a uma temperatura de 25ºC.
Característica da carga
As características e as influências nos produtos mais importantes são ponto de amolecimento,
resíduo de carbono e a viscosidade.
O ponto de amolecimento pode ser utilizado para prever-se o rendimento de asfalto. Existe uma
relação linear entre os logaritmos do ponto de amolecimento e do rendimento asfáltico.
O resíduo de carbono e a viscosidade conjuntamente também guardam relação com o rendimento de
asfalto. Para uma mesma condição de extração, ou seja, mantendo-se constante as variáveis
operacionais e o resíduo de carbono e do produto de topo, quanto maior for a viscosidade da carga
menor será o rendimento do produto de topo.
134
11 REFORMA CATALÍTICA
A demanda atual por gasolina automotiva com alta octanagem tem estimulado o uso da reforma
catalítica. A reforma gera a partir da nafta direta da destilação uma corrente com alto teor de
aromáticos que possuem um alto poder antidetonante. No entanto, com aumento das restrições de
benzeno e aromático na gasolina devido à toxidez pode se esperar que deve ocorrer um decréscimo
no uso desse processo.
O processo de reforma catalítica pode ser importante, por outro lado, para a obtenção de aromáticos
de interesse da petroquímica: benzeno, tolueno e xileno (BTX).
A carga típica da reforma é nafta da destilação na faixa de 82ºC a 190ºC, que é altamente parafínica.
A Tabela 11-1 mostra uma composição típica da carga e do produto da reforma catalítica.
Tabela 11-1 – Composição típica da carga e do produto da reforma catalítica.
Componente Carga (%) Produto (%)
Parafinas 30-70 30-50
Olefinas 0-2 0-2
Naftênicos 20-60 0-3
Aromáticos 7-20 45-60
Quando o objetivo do processo é produzir uma corrente para ser misturada com gasolina, se utiliza
uma nafta com PFE de até 200ºC. Quando o objetivo é a produção de aromáticos para petroquímica
procura-se obter uma nafta com PFE de até 150ºC, a fim de que essa corrente tenha uma grande
quantidade de hidrocarbonetos C5, C6, C7 para otimização de benzeno, tolueno e xileno,
respectivamente.
11.1 Reações
As reações que são desejáveis são aquelas que levam à formação de aromáticos e isoparafínicos.
Entretanto, ocorrem várias outras reações que são classificadas de indesejáveis. As reações
desejáveis são:
• Parafinas que são desidrogenadas convertendo-se em naftênicos
• Olefinas são saturadas para formar parafínicos
• Naftênicos são convertidos em aromáticos.
Os aromáticos permanecem praticamente inalterados. As reações que levam a produtos indesejáveis
são:
• Desalquilação de ramificações de anéis naftênicos e aromáticos formando hidrocarbonetos
leves.
• Craqueamento de parafinas e naftênicos formando hidrocarbonetos leves.
135
Assim, podem-se classificar em quatro as reações que ocorrem durante a reforma: desidrogenação
de naftênicos, desidrociclização de parafinas, isomerização e hidrocraqueamento, conforme a
Figura 11-1.
PARAFÍNICOS
PARAFÍNICOS
LEVES
PARAFÍNICOS
ISOPARAFÍNICOS LEVES
Figura 11-1 – Diagrama ARCO
Desidrogenação
Essas reações são altamente endotérmicas e causam uma diminuição acentuada de temperatura.
Além disso, são reações mais rápidas que ocorrem na reforma, por isso necessitam de fornos
aquecedores intermediários entre os leitos reatores para manter a mistura a uma temperatura
suficientemente alta para manter a taxa da reação.
As reações de desidrociclização são reações também fortemente endotérmicas porém mais lentas.
Hidrocraqueamento
São reações exotérmicas que produzem hidrocarbonetos mais leves. Também são reações
relativamente lentas e, portanto a maioria ocorre no último reator. A maior parte das reações de
hidrocraqueamento envolve o craqueamento e saturação das parafinas, embora também possa
ocorrer o craqueamento dos naftênicos.
11.2 Pré-tratamento
O material ativo no catalisador da maioria das reformas é a platina. Alguns compostos, tais como
ácido sulfídrico (H2S) amônia e compostos orgânicos com nitrogênio e enxofre desativam esse
catalisador. No pretratamento, na verdade, um hidrotratamento é usado para remover esses
compostos e poupar o catalisador da reforma, uma vez que o catalisador do hidrotratamento e mais
barato. O hidrotratamento utiliza um catalisador a base de óxido de cobalto e molibdênio para
converter o enxofre e nitrogênio orgânico a H2S e amônia, respectivamente, que são removidos do
sistema juntamente com o hidrogênio não reagido. (Figura 11-2) Os metais presentes na carga são
retidos na superfície do catalisador. O hidrogênio necessário para o hidrotratamento é obtido da
136
reação de reforma. Se a faixa de destilação da carga mudar significativamente, essa é redestilada
antes de ser admitida ao processo.
Água
Reator de
Pré-tratamento
Torre de
retificação
Nafta pré-tratada
para seção de reformação
Gás Rico
Em H2
NAFTA
H2
Flash
Reciclo de H2 de separação
Gás combustível
Leves
Nafta
Estabilizadora
Reformado
reator 3
reator 2
reator 1
460 ºC
138
Uma composição típica da corrente de saída de cada um dos reatores, num sistema com quatro
reatores, usando uma nafta de 80ºC a 190ºC, uma severidade de 99RON e uma pressa de 1 124 kPa
é mostrado na Tabela 11-2.
Tabela 11-2 – Composição típica para corrente de saída de cada reator da reforma catalítica.
139
12 ALQUILAÇÃO CATALÍTICA
A adição de um grupo alquil a qualquer composto é uma reação de alquilação, mas esse termo em
refino de petróleo é usado na reação de olefinas de baixa massa molar com isoparafínicos para
formar isoparafinas de maior massa molar. Embora essa reação seja o inverso do craqueamento,
acreditava-se que hidrocarbonetos parafínicos eram quimicamente inertes até 1935. A necessidade
de gasolina de aviação de alta octanagem durante a segunda grande guerra estimulou o
desenvolvimento dos processos de alquilação.
A reação de alquilação ocorre em altas temperaturas e elevadas pressões, mas o uso de catalisadores
abaixa os valores de temperatura e pressão e conseqüentemente reduz o custo do processo.
Ácidos fluorídricos e sulfúricos têm sido utilizados nesses tipos de processos. As reações que
ocorrem em ambos catalisadores são complexas gerando um produto com uma ampla faixa de
destilação. A escolha de condições adequadas de operação pode resultar em produtos na faixa da
gasolina com uma octanagem próxima de 100.
Esse processo, embora forneça uma nafta de alta octanagem e com possibilidade de ser isenta de
enxofre, ou seja, uma gasolina de alta qualidade, não é significativo no esquema de refino no Brasil
porque o país é a deficitário na sua carga GLP.
12.1 Reações
A presença de ácidos no meio reacional com hidrocarbonetos gera íons carbocátion (C+),
principalmente em carbono terciário, tais como isobutano e isopentano que reagem com as olefinas.
O processo com ácido sulfúrico é muito mais sensível a temperatura do que com ácido fluorídrico.
Com ácido sulfúrico é necessário usar temperaturas de 5ºC a 21ºC ou até menores, para minimizar
as reações de oxidação que resulta na formação de goma e na liberação de dióxido de enxofre.
Quando se utiliza ácido fluorídrico anidro a temperatura é limitada a 38ºC ou menor. Em ambos os
processos, o ácido é adicionado aproximadamente em quantidade iguais de hidrocarbonetos e a
pressão é mantida de forma que esses compostos não se vaporizem. Uma alta relação
isoparafínico/olefina (4:1 a 15:1) é usada para minimizar a polimerização e aumentar a produção de
isoctanos. Uma agitação eficiente é muito necessária, também , para promover uma mistura íntima
entre a solução ácida e oleosa para se obter alta taxa de conversão. Tempos de contatos de 10 a 40
minutos são geralmente utilizados.
As principais reações que podem ocorrer na alquilação de parafínicos e olefinas são:
CH3 CH3 CH3 CH3
H CH3
CH3 H CH3
H CH3
140
12.2 Processo
O fluxograma encontra-se na Figura 12-1. Inicialmente ambas as cargas são desidratadas passando-
as por um leito com dessecadores. Uma boa desidratação é essencial para minimizar a potencial
corrosão dos equipamentos de processo pelo ácido quando se encontra na forma iônica.
Olefinas água
(GLP de craqueamento) hidrocarbonetos
isobutano
Reator
(GLP da destilação)
Depropanizadora
Deisobutanizadora
Óleos Ácidos
Propano (GLP)
Alquilado
142
13 RECUPERAÇÃO DE ENXOFRE
13.1 Introdução
O enxofre é um elemento químico não-metálico, símbolo S, de número atômico 16, conhecido
desde a Antigüidade. Por um tempo ele foi conhecido como brimstone (de "fogo e pedra"), uma
corruptela da palavra alemã que significa "pedra de fogo". É uma substância normalmente sólida
que se apresenta sob a forma de cristais ou pó amarelo e inodoro. Encontra-se amplamente
distribuído na crosta terrestre, em vastos leitos subterrâneos como enxofre livre com pureza de
99,8% e em muitos sulfetos, como a galena (PbS), pirita (FeS2), esfalerita (ZnS), e vários sulfatos
de cálcio, magnésio e outros sulfatos.
O petróleo, o gás natural e o carvão podem ser considerados como fontes secundárias de enxofre.
Atualmente, por razões de ordem econômica e ambiental, enormes quantidades de enxofre estão
sendo obtidas a partir do petróleo, no qual este é uma impureza indesejável.
Antigamente, o enxofre em excesso nas operações de fusão metalúrgica e de refinação de óleo era
queimado, formando o dióxido de enxofre, SO2, conforme a reação a seguir:
S(s) + O2(g) => SO2(g)
Dióxido de enxofre é o anidrido do ácido sulfuroso fraco, H2SO3, que se forma pela combinação
com umidade na atmosfera.
SO2(g) + H2O => H2SO3(aq)
Subsequente oxidação lenta produz o ácido sulfúrico, H2SO4,
2 H2SO3(aq) + O2(g) => 2H+(aq) + 2HSO4-(aq)
O H2SO4 (ácido sulfúrico) em gotas numa solução aquosa (chuva ácida) destrói desde o pulmão até
a rocha calcária. Felizmente a recuperação de subprodutos do enxofre de vários processos
industriais tem sido feita nos últimos anos.
O enxofre não é considerado corrosivo. Desde que seco, pode ser manuseado satisfatoriamente em
aço doce e ferro fundido. As impurezas sim, podem criar condições corrosivas.
No estado sólido, o enxofre pode se apresentar de 3 formas diferentes (variedades alotrópicas):
Rômbico ou ortorrômbico – S8 anel
Monoclínico – S8
Amorfo – Sn, onde n pode atingir valores de até 1.000.000.
Apresentam-se na Tabela 13-1 algumas características físico-químicas do enxofre.
As mudanças de configuração molecular do enxofre conferem ao produto características especiais
de cristalinidade, no estado sólido, e de viscosidade, no estado líquido.
À temperatura ambiente, o enxofre estável é um sólido amarelo constituído de cristais
ortorrômbicos. Este é conhecido como enxofre rômbico ou enxofre α e é solúvel em solventes não
143
polares, como CS2 e CCl4. Nessa variedade a molécula é cíclica: um anel S8 enrugado. Esses anéis
são empacotados num retículo cristalino ortorrômbico.
Tabela 13-1 - Características físico-químicas do enxofre
14 Milhares
1000
Viscosidade, cP
Viscosidade, cP
12 800
600
10
400
8 200
6 0
110 130 150 170 150 200 250 300 350
Temperatura, °C Temperatura, °C
Pretratamento:
Tratamento da corrente proveniente do FCC com DEA originando o gás tratado (combustível)
enviado para queima.
Reativação da solução de DEA com a separação do gás ácido, que é a corrente rica em H2S, e que
alimenta o processo Claus.
Processo Claus: consiste na combustão parcial do H2S (gás sulfídrico), que é queimado com uma
quantidade de ar suficiente para reagir com 1/3 do H2S. Em seguida, os gases quentes passam por
um leito de catalisador (alumina) que promove a reação do dióxido de enxofre (SO2) com os 2/3 de
H2S não queimados, produzindo o enxofre elementar. As reações são:
Conversão térmica ou Combustão: reação de cerca de 1/3 do H2S contido no gás ácido com o
oxigênio (queima) em altas temperaturas em uma caldeira:
3 H2S + 3/2 O2 => 2 H2O + SO2 + 2 H2S
Conversão catalítica – reação do H2S com SO2 em reatores em leito de alumina (reação de Claus):
2H2S + SO2 => 3/2 S2 + 2H2O
Cerca de 60-70% da conversão, isto é da recuperação do enxofre, ocorre já na caldeira de
recuperação, sendo recuperado na caldeira e no primeiro condensador. O restante da conversão
(catalítica) ocorre nos reatores.
Incineração de gases residuais – tem como função a oxidação completa do gás residual da unidade.
É necessário para evitar que o gás sulfídrico residual não reagido cause problemas de poluição.
Todo o enxofre produzido nas conversões térmica e catalítica se encontra na fase vapor, sendo
liquefeito por resfriamento com água e seguindo então por gravidade para o poço de enxofre
líquido, onde é mantido armazenado a uma temperatura entre 125 e 135°C, por meio de uma
serpentina a vapor de baixa pressão. Esta faixa de temperatura permite que o produto mantenha uma
viscosidade suficientemente baixa para um bombeamento fácil.
A Figura 13-3 ilustra o processo Claus de produção de enxofre a partir de gases de refinaria. A
maioria das unidades possui dois conversores, mas a mostrada no fluxograma a seguir possui três
conversores em série além de queimadores em linha.
147
em série, sendo que uma parte de gás pode ser retirada a elevada temperatura para aquecer o fluido
de processo antes dos conversores catalíticos.
Ar
300ºC
Caldeira
Gás Ácido de vapor
Enxofre
Tanque
150
14 LUBRIFICANTES
14.1 Introdução
Os óleos lubrificantes são obtidos por mistura de óleos básicos com o intuito de se obter a
viscosidade desejada, e depois sendo aditivado para melhorar ou adicionar características de
desempenho.
Os aditivos geralmente utilizados são antioxidantes, depressores de ponto de fluidez, melhoradores
de IV, anticorrosivos, extrema-pressão e antiespumante.
Os óleos básicos são produzidos através de uma seqüência de processos que lhe visam conferir as
propriedades desejadas no óleo para uma lubrificação adequada dos componentes do motor. Os
óleos básicos são classificados geralmente pela sua viscosidade. Na seqüência crescente de
viscosidade pode-se relacionar: spindle, neutro leve, neutro médio, neutro pesado, bright stock e
cilinder stock.
Os óleos básicos são cerca de 2% dos derivados de petróleo e tradicionalmente se originam de
frações de vácuo da destilação e de óleos desasfaltados. Como todo os derivados são misturas de
hidrocarbonetos parafínicos, naftênicos e aromáticos, com peso Molecular : 300 a 700 (moléculas
contendo de 20 a 50 átomos de carbono).
A separação dos óleos básicos por faixa de viscosidade é obtida por destilação a vácuo do resíduo
atmosférico. Dessa forma, a destilação a vácuo é diferente daquela realizada para produção de
combustíveis. Há uma preocupação maior pelo fracionamento, assim, essas torres são construídas
com recheios e várias retiradas laterais. Em alguns casos são necessárias duas torres encadeadas.
Os requisitos para os óleos básicos são:A faixa de viscosidade deve ser tal que atenda aos variados
tipos de motores existentes (automotivos, ferroviários, marítimos e outros)
• Estar isento de frações asfálticas devido à possibilidade de se formar coque a temperatura de
trabalho do motor
• Alto índice de viscosidade de modo a conversar suas características lubrificantes por toda a
faixa de temperatura de trabalho
• Ter baixo ponto de fluidez para garantir o escoamento do óleo em situações de baixas
temperaturas
• Estar isento de impurezas, tais como, compostos de enxofre, de nitrogênio, de oxigênio e
água. Esses compostos são responsáveis pela corrosividade, odor e instabilidade térmica
14.2 Destilação
A unidade de destilação voltada para produção de lubrificante é um pouco diferente da unidade
convencional que se destina a produção de combustíveis. Essa diferença é mais acentuada na seção
da destilação a vácuo, uma vez que se deseja um fracionamento melhor do que aquele obtido na
151
torre quando a intenção é combustível. Para lubrificante deseja-se cortar o resíduo da torre
atmosférica em várias funções em função da sua viscosidade.
As seções de dessalgação, pré-aquecimento e a torre pré-flash e atmosféricas são idênticas em
ambas unidades exceto pela necessidade do controle maior com o objetivo de se obter uma maior na
estabilidade e um controle maior da viscosidade do resíduo atmosférico.
A seção de vácuo, para garantir o melhor fracionamento, é subdividida em duas partes: primária e
secundária. Nessas seções são produzidos os óleos destilados, matéria-prima para lubrificantes,
mantendo-se os produtos sob controle da faixa de viscosidade desejada (Figura 4).
GASÓLEO LEVE
Gás Residual
VA
SPINDLE
Gasóleo VA
ÁGUA NEUTRO LEVE
VA
NEUTRO MÉDIO
RAT
VA
VA
Forno Primário
Gás Residual
VA
Gasóleo ÁGUA
NEUTRO PESADO
VA
SLOP CUT
VA
VA RESÍDUO DE VÁCUO
Forno Secundário
152
A viscosidade é dependente do tipo de compostos presente no óleo, dessa maneira o controle
indireto da viscosidade pela faixa de destilação só é possível graças ao tipo do petróleo. Em outras
palavras, uma vez que os processos de produção de lubrificante são físicos, significa dizer que o
óleo lubrificante necessita estar presente no óleo.
No entanto, para se manter a produção sem perdas, existe uma certa flexibilidade para casos em que
a viscosidade de algum destilado se apresentar abaixo ou acima do normal. O correndo uma dessas
situações (faixa alta ou faixa baixa) o produto é mantido para tanque e de acordo com a análise da
viscosidade, são tomadas ações de correção. Os valores típicos de viscosidade são apresentados na
Tabela 2.
Tabela 2 – Valores da viscosidade para faixas dos destilados.
Além da viscosidade os produtos são analisados quanto à cor e ponto de fulgor que devem ser
mantidos controlados nos valores apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 – Valores das especificações de cor e ponto de fulgor dos destilados.
Em geral, quando ocorre o início do escurecimento em qualquer produto, esse é desviado do seu
tanque de armazenamento. No entanto, se o ponto de fulgor de um dos destilados se apresentar
abaixo do valor especificado, esse é mantido para seu ponto de armazenamento e são tomadas ações
corretivas.
Finalidade do processo
O processo de desaromatização para produção de óleos lubrificantes visa remover os componentes
aromáticos de forma que o óleo conserve suas características lubrificantes a altas temperaturas, ou
seja, o processo vias aumentar o índice de viscosidade do óleo.
Os hidrocarbonetos aromáticos e naftênicos que possuem anéis aromáticos que estejam ligados à
cadeia principal abaixam o índice de viscosidade, isto é, proporcionam uma grande variação de
viscosidade com a temperatura. Além disso, conferem ao derivado instabilidade química,
principalmente em relação à oxidação e a tendência de forma resíduos em temperaturas usais de
trabalho de motores automotivos.
A desaromatização é realizada com extração com solvente. Os solventes utilizados industrialmente
são o furfural e o fenol. O fenol apresenta uma maior estabilidade térmica enquanto que o furfural
153
apresenta uma menor solubilidade de aromáticos. Essa menor solubilidade faz com que se use uma
maior relação solvente/óleo mais elevada.
A tendência atual é preferir o furfural devido à disponibilidade do produto, mas quando o petróleo é
naftênico, o fenol é preferido.
Sumário do Processo
A carga, depois de aquecida e desaerada, segue para as torres extratoras em contracorrente com o
solvente, conforme mostra a Figura 5. Nessa seção de extração separa-se em duas fases:
• rafinado (óleo deasaromatizado e solvente)
• extrato (aromáticos e solvente)
Os dois produtos são enviados para as suas respectivas seções de recuperação de solvente
retificação. O solvente recuperado nessas seções é retificado e recirculado para o processo.
Rafinado
+ Solvente Recuperação Retificação Rafinado
do solvente do
do rafinado extrato
Solvente
Extração
água
Estocagem Purificação
do solvente do solvente
Desaeração
Carga
Extrato
Recuperação Aromático
Retificação
do solvente
Extrato do extrato
+ Solvente
do extrato
Bases do Processo
Características do solvente
O furfural é um aldeído cíclio (Figura 6) que apresenta bom poder de solvência e seletividade em
relação aos aromáticos. Isso acarreta em relação não muito alta de solvente/carga, mas ainda
maiores quando se compara com o a relação de trabalho do fenol.
H C C H
H
H C C C
O
O
154
se-ão três fases e o furfural poderia ficar abaixo da fase aquosa devido a sua densidade maior. Isso
dificulta o controle operacional desses vasos.
Tabela 4 – Característica do furfural.
Ponto de ebulição (ºC) 161,7
Densidade a 20ºC 1,162
Calor específico (BTU/lb) 0,416
Calor de vaporização (BTU/lb) 193,5
Solubilidadena água a 25ºC (%) 8,5
Solubilidadena água a 37,8ºC (%) 9,0
Ponto Fulgor (ºC) 56,8
Índice de refração 1,5261
Viscosidade a 37,8ºC (SSU) 28,7
Temperatura crítica (ºC) 395,5
Pressão crítica (atm) 54
O valor apresentado para o ponto de ebulição é tal que a separação do furfural das fases rafinado e
extrato é realizada necessitando de poucos estágios de separação. Mas a operação de secagem do
solvente é difulcatada pela formação do azeótropo com a água.
O furfural pode ser utilizado por uma ampla faixa de óleos, já que não reage quimicamente com
estes. Além disso, o furfural apresnta uma grande tendência a se polimerizar em temperatura
superiores a 240ºC e em presença de oxigênio formando coque. Pode também reagir com ácidos
naftênicos e compostos nitrogenados formando polímeros.
Por essas razões são usados no processo agentes neutralizantes, que são injetados em determinados
pontos críticos da unidade. Essa ação visa controlar o pH de modo a minimizar a formação de
polímeros de furfural. São utilizados como neutralizantes o bicarbonato de sódio ou de amônia,
trietanol amina (TEA) que deve ser isenta de MEA e DEA.
Por outro lado faz-se a desaeração da carga e sela-se com gás inerte o tanque de estocagem de
solvente, eliminando-se desse modo o oxigênio para que não ocorra a polimerização do furfural ou
formação de coque.
155
acúmulo de furfural na extratora, seguindo-se um aumento da quantidade de furfural na fase
rafinado e de óleo na fase extrato.
Uma vez que podem estar presentes no óleo compostos que apresentem anéis naftênicos
ligados a longas cadeias parafínicas. Esses compostos dependendo, do grau de extração
serão ou não removidos com conseqüente influência no rendimento e na qualidade do óleo.
• Relação furfural/carga (RFC)
Para uma dada carga e mantendo-se as demais condições constantes, um aumento na RFC
diminui o rendimento de óleo desaromatizadoe melhora a qualidade do óleo (aumenta o
índice de viscosidade)
Desse modo, para cada tipo de carga, existe um valor ótimo da RFC que proporcionará o
rendimento máximo do óleo desaromatizado com a qualidade desejada.
• Natureza da carga
Quanto mais viscosa for a carga, mais severa deverá ser a condição de extração, isto é,
maior deverá ser a temperatura e a relação furfural/carga.
Assim do Spindle ao Bright Stock, crescem os valores da RFC e da temperatura de topo,
para que se obtenha um rafinado com mesmo índice de viscosidade.
• Gradiente de temperatura e reciclo de pseudorafinado na extratora
Para alcançar um melhor fracionamento é mantido um gradiente de temperatura ao longo da
torre extratora. Mantém-se uma temperatura mais alta no topo que no fundo. Esse gradiente
é controlado pela vazão de carga e solvente que entram na torre e pela injeção de um reciclo
frio no fundo.
No interior da torre o óleo constitui a fase contínua e o furfural é a fase dispersa, escoando
para baixo e efetuando a extração dos compostos aromáticos. Assim qualquer fração oleosa
arrastada pela corrente de extrato ao chegar ao fundo da torre, devido a menor temperatura
nessa seção, tende a se solubilizar na fase rafinado, retornando para o topo.
Da mesma forma, qualquer fração indesejável arrastada pela corrente de rafinado, ao chegar
ao topo da torre e entrar em contato com o solvente tende a passar para a fase extrato fluindo
para o fundo.
Estabelece-se assim um refluxo interno ao longo da torre, que é favorecido ainda pelo
reciclo do extrato efetuado no fundo da torre.
A corrente de extrato ao deixar o fundo da torre após o resfriamento é separada em duas
fases. A fase mais leve, denominada de pseudorafinado e reciclada de volta a torre o que
tende a expulsar qualquer fração oleosa presente na fase extrato.
Assim, o melhor fracionamento alcançado pela existência de um gradiente de temperatura e
da melhor razão de reciclo de extrato, se traduz num maior rendimento de rafinado
mantendo-se a qualidade desse.
• Grau de contato nas extratoras
As torres extratoras são providas de RDC (discos rotativos) que atuam como agentes
dispersores. A eficiência de extração depende não só do projeto da torre, como também da
velocidade desses discos. Existe para cada tipo de carga um valor ótimo da velocidade
desses discos com a qual se alcança um rendimento máximo de óleo da melhor qualidade
possível.
156
Descrição do Processo
Seção de extração
A carga e o solvente são aquecidos, desaerados, resfriados e injetados nas extratoras. A carga entra
pelo fundo e o solvente pelo topo sob controle de temperatura e vazão .
Condições operacionais
Características Físicas SP NL NM NP BS CS
Densidade (ºAPI) 27,5 24,5 21,6 19,8 20,5 19,0
Fulgor ºC 182 210 232 249 307 313
Visc. SSU 37,8ºC 85 155,0 350,0 700,0 167,0 315,0
SSU/98ºC 37,7 45,0 57,5 75,0 59,0 75,0
SSU/148,9ºC - - - - 49 49
Fluidez (ºC) 21 32 37,8 43,3 49 49
Dados Operacionais SP NL NM NP BS CS
Razão solvente/óleo (%) 1,6 1,85 2,1 2,9 4,25 4,6
Temp. da extratora
Temp. saída do rafinado (ºC) 82 93 110 121 143 149
Temp. saída do extrato 43 54 63 74 99 104
Temp. da Carga (ºC) 49 -77 60 - 88 68 - 104 79 - 116 104 - 138 110 - 143
Rendimento de rafinado (%) 75,5 78,5 74,5 68,5 65,5 63,0
% furfural do rafinado 11 13 14 19 20 22
Características do rafinado SP NL NM NP BS CS
Densidade (API) 34,5 31,0 27,8 27,0 25,9 24,2
Visc. SSU 37,8ºC 72,0 41,8 50,8 60,5 137,0 230,0
SSU/98ºC 37,0 37,8 43,0 49,0 57,0 60,0
Fluidez (ºC) 27,0 37,8 43,0 49,0 57,0 60,0
14.4 Desparafinação
Finalidade do Processo
O processo de desparafinação tem por objetivo a remoção de determinados compostos parafínicos
caracterizados por possuírem alto ponto de fluidez. Estes compostos acarretariam dificuldades no
escoamento do óleo lubrificante, quando se reduz a temperatura. Isso dificultaria o uso do
lubrificante em ambientes muito frios.
Dentre estes compostos parafínicos situam-se os lineares de alto peso molecular e alguns
ramificados com ciclos e isoparafínicos.
A remoção das parafinas é realizad por extração com solvente. Desse modo, minimizam-se os
problemas de escoamento da uinidade que ocorreria em baixas temperaturas necessárias para
cristalização das parafinas, bem como se facilita a operação de separação por filtração. Podem ser
utilizados propano e misturas de metil etil cetona com tolueno, mas atualmente utiliza-se MIBC
(metil isbutil centona).
159
Sumário do Processo
A carga e o solvente são aquecidos para se garantir a completa solubilização das parafinas. Por
resfriamento em temperaturas inferiores a ponto de solubilização especificada para o óleo,
cristalizam-se as parafinas. A separação das duas fases é feita por filtração contínua, e ambas as
fases são enviadas a seguir para os respectivos sistemas de recuperação. O solvente recuperado é
retificado e retorna a seção de extração. O óleo recuperado é retificado e retorna para a seção de
extração. O óleo recuperado é retificado e retorna para seção de extração. O óleo desparafinado e a
parafina retificada seguem para a estocagem
Parafina +
Solvente
Solvente
solvente
Recuperação
de solvente Estocagem
das parafinas
Solvente
Retificação Purificação
das parafinas do solvente
Métodos de resfriamento
A velocidade de resfriamento da mistura solvente/carga influi na formação dos cristais.
Resfriamentos lentos conduzem a formação de cristais grandes. Assim, do Spidle ao Bright Stock,
usam-se velocidades de resfriamentos decrescentes da ordem de 14 a 5ºC por minuto.
160
Em geral, a temperatura de filtração é menor do que ponto de fluidez desejado. A diferença entre
esses valores é chamada de diferencial de temperatura de desparafinação, e varia em função do tipo
de carga. No entanto, se desejado, menores diferenciais são alcançados pelo aumento da
concentração do solvente.
Relação solvente/carga
Cargas mais parafínicas necessitam de maiores relação solvente/carga, para se obter um óleo de
mesmo ponto de fluidez.
Deste modo, usam-se maiores relações solvente/carga a medida que se desparafina um corte mais
pesado. Para uma mesma carga, maiores relações solvente/carga aumentam a taxa de filtração,
devido ao maior volume de líquido, mas reduz o conteúdo de óleo no filtrado.
163
O esquema de purificação e secagem do solvente é semelhante ao da desaromatização, com exceção
de existir um reboiler na torre fracionadora.
164
Sistema de resfriamento
O resfriamento da mistura solvente/óleo e do gás inerte é efetuado com propano comprimido.
Do vaso acumulador, o propano vapor é enviado ao tambor de sucção do compressor. Depois do
primeiro estágio de compressão, o propano líquido separado no vaso economizador, segue para o
sistema de resfriamento de gás inerte e de solvente frio de lavagem.
Depois de segundo estágio de compressão o propano líquido é enviado para o sistema de
refrigeração da mistura óleo/solvente, no qual por meio da vaporização refrigera a mistura. Os
vapores formados retornam ao tambor de sucção do compressor.
Finalidade do processo
O processo de hidroacabamento do óleo visa conferir as características de estabilidade e cor
necessárias no óleo lubrificante. Isso é feita pela remoção dos compostos sulfurados, oxigenados e
principalmente nitrogenados, presente no óleo.
Embora esses compostos tenham sido removidos pelo processo de desaromatização, ainda há uma
quantidade remanescente no óleo que precisam ser removidos porque ainda podem produzir efeitos
indesejáveis no óleo.
Sumário do processo
A carga é aquecida a temperatura necessária para a reação e misturada com hidrogênio comprimido
e segue para o reator no qual ocorrem as reações de hidroacabamento. A seguir, o hidrogênio que
não reagiu é separado em um vaso separador de gás. Esse hidrogênio é comprimido e recirculado
para o processo (Figura 12).
O óleo é, então, retificado para retirar os produtos leves que são produzidos por reações paralelas de
craqueamento. A seguir, o óleo é secado, resfriado e enviado para estocagem.
Reações
Os mercaptans, sulfetos e dissulfetos reagem facilmente, uma vez que se transformam nos
respectivos hidrocarbonetos saturados. Os tiofenos, benzotiofênicos e diobenzotiofênicos são mais
difíceis de hidrogenar, sendo a reação geralmente limitada pelo rompimento da ligação C-S seguida
da saturação da dupla ligação formada. Dependendo do tipo de catalisador utilizado e da severidade,
a hidrogenação do diobenzotiofênicos poderá ser seletiva para o rompimento da ligação C-S ou para
reação de saturação das ligações C=C.
Os compostos de nitrogênios estão presentes geralmente na forma de anéis aromáticos
heterocíclicos. As reações de hidrodesnitrogenação de tais compostos são mais lentas quando
comparadas com compostos alifáticos. As reações de saturação dos aromáticos são parciais e em
pequena escala nas condições usuais de hidroacamaento.
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Figura 12 – Fluxograma do processo de hidrotratamento de lubrificante.
Variáveis de Operação
As condições de operação variam em função da carga tratada e são tanto mais severa quanto mais
pesada for a carga tratada, e também quanto maior for o teor de impurezas. Assim, as cargas mais
pesadas necessitam de maiores temperaturas e menores velocidades espaciais.
A eliminação do nitrogênio é mais difícil que a do enxofre e necessita aumento da pressão parcial
do hidrogênio e diminuição da velocidade da reação.
As reações secundárias de hidrocraqueamento aumentam com a pressão e são acompanhada de uma
maior dessulfurização e um aumento do consumo de hidrogênio.
Os catalisadores usados são do tipo que não são envenenados por enxofre e nitrogênio. A
seletividade para as reações de craqueamento e saturação dos aromáticos é mínimo do modo a
manter o menor consumo de hidrogênio possível.
Geralmente, esses catalisadores, são a base de óxidos ou sulfetos de Co, Ni, Fé, Mo e W com
suporte de alumina. Sob a forma de óxidos, eles são colocados no interior do reator, no qual sofrem
sulfetação. Na forma sulfetada, o catalisador é a mias ativo que na forma oxidada.
A vida desses catalisadores em geral é bem longa, e a regeneração se efetua por combustão do
depósito de coque com ar diluído por vapor d’água. Essa regeneração é feita com controle de
temperatura no máximo em 570ºC de modo a se evitar a perda de atividade do catalisador
Descrição do processo
A carga é preaquecida em trocadores de calor e o aquecimento é finalizado no forno de carga. O
hidrogênio é comprimido até a pressão de reação misturado com a carga aquecida e injetados no
topo do reator.
No reator, ocorrem as reações de hidroacabamento e o produto que sai pelo fundo alimenta o vaso
separador de hidrogênio. O hidrogênio vai para um sistema de drenagem da água arrastada,
comprimido e recirculado para o processo. O óleo que sai do vaso de separação é encaminhado para
seção de retificação.
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Na seção de retificação, injeta-se vapor d’água para vaporizar os leves e acertar o ponto de fulgor.
Finalmente, o óleo é seco em uma torre a vácuo, refirado e enviado para estocagem.
Condições de operação
Neutro Neutro
Condições Spindle Neutro Leve Bright Stock
Médio Pesado
Presssão
parcial do H2 2750 2750 2750 2750 2750
(kPa)
Temperatura
média do 300 300 330 355 355
reator (ºC)
Cor da carga
0,5 1,0 2,0 1,0 2,0 2,5 2,0 3,0 3,5 4,0 5,0 6,0 4,5 5,5 6,5
(ASTM)
Cor da produto
0,5 0,5 1,0 0,5 1,0 1,5 1,0 2,0 2,0 2,5 3,0 4,0 3,5 4,0 4,5
(ASTM)
Vazão de
1 190 1 120 1 120 880 820
carga (m3/d)
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15 BIBLIOGRAFIA
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