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Texto Expositivo sobre a poesia de Miguel Torga

Miguel Torga, pseudónimo para Adolfo Correia da Rocha, expõe na sua poesia a
revolta e o desalento em relação à Pátria que, devido ao Estado Novo, estava marcada pela
estagnação e marasmo.

Efetivamente, este poeta tem por base uma inspiração telúrica, isto é, evidencia nos
seus poemas a introspeção e comunhão com a Natureza e, por isso, reflete também sobre as
injustiças e desigualdades que pautam a vida do povo da terra, o povo rústico, de onde o
mesmo também é oriundo.

De facto, é em poemas como “Peregrinação”, que o poeta se apresenta enquanto


crítico da realidade, usando a sua poesia, e voz que a mesma lhe proporciona como forma de
encarar o mundo e manter viva a capacidade de sonhar da humanidade. Porém, a morte e a
solidão são temas também recorrentes nos seus textos e evidenciam, não só a amplitude
universal do poeta como também a consciência da efemeridade da vida e da inexorabilidade
da morte (“Orfeu rebelde”).

Em suma, é através da irregularidade estrófica e métrica e do recurso ao verso branco,


que este poeta contemporâneo se tornou o poeta do mundo rural, das forças telúricas que
inspiram e fortalecem o instinto humano na sua luta árdua contra as leis que o aprisionam,
sejam elas as tiranias políticas ou o próprio Deus.

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