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em sala de aula1
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Não podemos reduzir a criança a um par de olhos que vêem , a um
par de ouvidos que escuta, a um aparelho fonador que emite sons e a
uma mão que aperta com torpeza um lápis sobre uma folha de papel.
Por trás (ou além) dos olhos, dos ouvidos, do aparelho fonador e da
mão, há um sujeito que pensa e que tenta incorporar seus próprios
saberes a esse maravilhoso meio de representar e recriar a língua
que é a escrita, todas as escritas. (FERREIRO, 2002, p. 36)
Assim, o que deve ser levado em conta no momento de tomar decisões tão
importantes? Como decidir que conhecimentos produzidos em sociedade devem ser
trazidos para dentro das salas de aula e quais devem ficar de fora?
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Capítulo da monografia de finalização da Pós Graduação em alfabetização da Escola da Vila de Miruna
Genoino (2011).
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Em todo o trabalho foi mantida a ortografia original dos textos citados.
Então, se a escola tem como função primeira a de preparar os indivíduos para
que possam desenvolver-se bem fora de seus muros, está claro que
Para que tal objetivo seja alcançado é preciso organizar um ensino que se
relacione de forma direta com as práticas sociais de linguagem, onde ler e escrever
dentro da escola tenha sentido porque são ações que se constroem em vínculo com o
seu uso também fora do espaço escolar, entre os membros de uma comunidade de
usuários da linguagem. Para isso é preciso que a escola apresente uma enorme gama
de situações comunicativas que possam realmente aproximar os alunos daquilo que
não conhecem ainda, mas que vivenciarão em sociedade.
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“Fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever
sejam instrumentos poderosos que permitam repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento,
onde interpretar e produzir textos sejam direitos que é legítimo exercer e responsabilidades que é
necessário assumir” (tradução livre: Miruna Kayano Genoino)
Aparentemente parece que são apenas nuances na forma de organizar as
situações a serem vivenciadas na sala de aula, porém não se pode deixar de
considerar que
Isso significa que dentro desta concepção considera-se não apenas o que será
ensinado, mas a relação dos sujeitos aprendizes com os conteúdos, com as ações,
com as práticas de linguagem. Uma vez que nesta perspectiva o trabalho dentro da
escola procura aproximar os usos reais da linguagem fora da mesma, é preciso trazer
para dentro das instituições não só os conteúdos da língua, ou os textos, mas as
maneiras colocadas em jogo quando leitores e escritores efetivamente praticam a
linguagem, ou seja, como se comportam diante das tarefas de ler e de escrever.