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F a c u ld a d e d e E c o n o m ia e G e s t ã o -B e ir a
3 º A n o D iu rn o e N o c tu rn o
Microeconomia II-1º Semestre
A n o L e c tiv o 2 0 0 5 / 0 6
Texto de Apoio para Aula 7
No tópico anterior abordamos a situação das empresas que estavam a actuar num
mercado competitivo, ou seja, existia um número suficiente de firmas que ofereciam
produtos homogéneos o que lhes conferia o título de tomadoras do preço praticado pelo
mercado. Neste, daremos continuidade as estruturas de mercado. Falaremos do
monopolista que é visto como o caso contrário dos mercados competitivos. Aqui existe
apenas um único produtor e sem produtos substitutos próximos a abastecer o mercado
onde existem muitos compradores. A este único produtor é conferido o titulo de fixador
do preço.
5.2.1. O Monopólio
Para perceber como é que o monopolista maximiza o seu lucro, começaremos por derivar
a curva de receita marginal tendo a procura do monopolista.
Exemplo: Supomos que não existem fontes alternativas de energia e que a única empresa
fornecedora de energia na cidade da Beira é a Electricidade de Moçambique (EDM). A
função de procura para o monopolista é dada por: QdEDM=24-P.
A equação 5.1 mostra que se o monopolista quiser aumentar a sua produção em ∆Q, o
monopolista (EDM), terá que baixar o seu preço ∆P/∆Q (inclinação da sua demanda)
por cada unidade de energia produzida.
p, $
d
24Q EDM =24-P ∂RT
RMg =
Perf.Elastica
∂Q
P= 24-QdEDM
RMg EDM = 24 − 2Q
Sabendo que RT=PQ
Elastic, ε < –1
RTEDM= (24-QdEDM) QdEDM
RT∆EDM=24Q- Q2∆ p = –1
RM = – 2
∆Q = 1 ∆Q = 1
ε = –1
12
Demand ( p = 24 – Q)
Perf.
Inelástic
0 12 24
RMg=24-2Q Q
∆P Eqs:5.1
RMg = P + Q
∆Q
1 ∆Q P Eq:5.4
RMg = P1 + ; onde ε =
ε ∆P Q
Através da equação 5.4, poderemos ilustrar que a receita marginal aproxima-se ao preço a
medida que nos deslocamos para cima da mesma demanda, ou seja, para a zona elástica.
Quando a demanda intersecta o eixo vertical , ela é perfeitamente elástica (Q=0). Neste
ponto a RMg=P. Movendo em direcção a zona da elasticidade unitária, ε=-1, a RMg=0:
E finalmente, na região inelástica da demanda do monopolista a receita marginal torna-se
negativa. As equações a seguir ilustram as situações acima descritas.
1
RMg = P1 +
ε
1
ε = −∞; RMg = P1 + ; RMg = P
−∞
1
ε = −1; RMg = P1 + ; RMg = 0
−1
Eqs: 5.5
1
− 1 < ε < 0; RMg = P1 + ; RMg < 0
ε
Eq:5.6
RMg=CMg
1. Abordagem Gráfica
A figura 5.2 mostra no painel (a) as curvas da demanda, da receita marginal, de custo
marginal, de custo médio e de custo variável médio. Enquanto que no painel (b) estão
representadas as funções de receita total e de lucro do monopolista. A curva de lucro
atinge o seu valor máximo quando o monopolista produz 6 unidades. Olhando para o
painel (a) , o monopolista maximiza o seu lucro no ponto e, onde Q=6 e P=$18.
Nota que é neste ponto onde se verifica a condição de maximização do lucro:
RMg=CMg.
Nas funções de receita total e de lucro, as quantidades que maximizam a receita total
são maiores do que as quantidades que maximizam o lucro do monopolista. Para a
receita total temos Q=12 enquanto que para o lucro o Q=6.
24 CMe
e CVMe
18
π = 60
12
8
6 Demanda
MR
0 6 12 24
Q , Unidades
(b) Lucro e Receita Total
$
144
Receita Total
108
60 Lucro, π
0 6 12 24
Q Unidades
Q=24-P e C(Q)=Q2+12.
Através das funções dadas podemos ilustrar os pontos encontrados na figura 5.2 e
desenhar as respectivas curvas. Depois de derivar a receita marginal deste
monopolista, igualamos ao seu custo marginal e encontramos as quantidades que
maximizam o lucro. A quantidade encontrada é Q=6. A estas quantidades a
RMg=CMg=$12, o lucro atinge o seu valor máximo de πmax=$60 e a receita total
ainda está crescendo, ou seja, ela ainda não atingiu o seu valor máximo. Para estas
quantidades o preço praticado será de $18 (substituir na função inversa da demanda
do monopolista).
π Q = RT − CT RTQ = 24Q − Q 2
RTQ = 24Q − Q 2
1
RMg = P 1 + = CMg
ε
P 1
= Eqs: 5.10
CMg 1
1+
ε
A 2ª equação 5.10 mostra que o rácio entre o preço e o custo marginal na quantidade que
maximiza o lucro depende somente da elasticidade preço da demanda. Aplicando as
equações 5.10 podemos verificar como o preço varia com o custo marginal. Para as
quantidades que maximizam o lucro do monopolista Q=6 a elasticidade preço da
demanda é de ε=-3. Para esta elasticidade o rácio entre o preço e o custo marginal é dado
por: P/CMg=1,5, ou seja, o P=1,5CMg. Olhando para a figura 5.2 pode-se concluir que
ao preço de $18 é 1,5 vezes o valor do custo marginal $12 (18=1,5*12).
Podemos também a partir das equações 5.10 derivar a margem do lucro do monopolista.
Reorganizando a condição de maximização do lucro do monopolista teremos o markup
do monopolista:
P - CMg 1
Eq: 5.11
=
P ε
O rácio da diferença do preço e do custo marginal sobre o seu preço dá-nos a fracção do
preço que maximiza o lucro (markup). Se a elasticidade for de ε=-4, a margem no ponto
de maximização da empresa monopolista será de ¼, pelo que o preço que maximiza o
lucro é 4 vezes mais o custo marginal. Quando a elasticidade é perfeitamente elástica
O bem estar das sociedades (welfare-W) é dado pela soma do excedente do consumidor
(consumer surplus-CS) e do excedente do produtor (producer surplus-PS). O bem estar
da sociedade causado pelo monopolista é menor quando comparado aos mercados
perfeitamente concorrenciais. A figura 5.3 ilustra esta situação.
Assumindo a mesma situação que temos vindo a comentar, o monopólio da EDM. Sabe-
se que as suas funções de preço, custo total são as seguintes:
Vamos supor que partimos de uma situação em que o monopolista actua como uma
empresa perfeitamente concorrencial para uma situação de monopólio. Para a empresa
concorrencial a condição de maximização do lucro é dado por: P=CMg, então,
P=24-Q=2Q=CMg. Ele venderá os seus serviços a quantidade de Qc=8 ao preço de $16
(veja figura). Nesta situação o excedente do consumidor é dado pelas áreas A+B+C e o
excedente do consumidor é dado pelas áreas D+E.
p, $
24
CMg
em
A= $18 C =$2
pm = 18
B= $12 ec
p c = 16
RM =CMg12 D =$60 E= $4
Demanda
RMg
0 Qm = 6 Qc= 8 12 24
Q,
Se ela agir como o monopolista, ela fixara o seu preço onde RMg =CMg (P>CMg). Aqui
o preço ira aumentar para $18 enquanto que as quantidades irão diminuir para 6. O
excedente do consumidor será a área A e o produtor ganhará a parte B, e a parte C será a
perda bruta (deadweight loss).
Praticando o preço do monopolista $18 ao invés do preço das firmas dos mercados
perfeitamente concorrências $16, o monopolista ganha mais $2 por cada unidade
vendida, ganhando assim a área B. O monopolista perde a área E pois ele agora vende a
quantidades inferiores ao mercado competitivo. Para resumir a situação, o quadro 5.1 a
seguir compara o mercado concorrencial do monopolista.
.
Quadro 5.1: Perda Bruta (Deadweight loss) do monopólio
Concorrência Perfeita Monopólio Variação
Excedente do Consumidor (CS) A+B+C A -B-C=∆CS
Excedente do Produtor (PS) D+E B+D B-E= ∆PS
Bem Estar ou Welfare (W) A+B+C+D+E A+B+D -C-E=∆W=DWL
Alguns governos agem por forma a reduzir o poder de mercado que os monopolistas
possuem. O governo pode incentivar a concorrência, permitindo a entrada de novos
competidores no mercado, podem destruir o monopólio por via da extinção do monopólio
e criar pequenas empresas. Estas são algumas das medidas que o governo pode
implementar para reduzir o poder de mercado do monopolista. O governo limita o poder
de mercado, intervindo directamente nesse mercado, ou seja, regulando por via de
fixação de preços praticados pelo monopolista (tetos de preco-ceiling price).
p, $ CMg
24
Demanda Mercado
A e Demanda Regulada
18 m
B C e
16 o
E
D
RMgr
RMg
0 6 8 12 24
Q
O quadro 5.2 mostra duas situações opostas. A segunda coluna mostra as áreas do
excedentes do consumidor e do produtor causadas pelo monopolista antes da intervenção
do governo. Se o monopólio actua livremente ele normalmente cria uma perda ou seja o
deadweight loss. As áreas que representam essas perdas são as áreas C e E. Aqui o
monopolista arranca parte do excedente do consumidor (como vimos no quadro 5.1).
Após a regulamentação, a situação fica eficiente onde não se regista nenhuma perda. O
excedente do consumidor aumenta para A, B e C