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COREP
Parte Teórica
Manual do Professor
MAPUTO
Dezembro, 2010
O planeamento de recursos humanos deve encontrar uma resposta para dois perguntas chave
com impacto no funcionamento actual e futuro de qualquer organização:
A resposta a estas duas perguntas indica o estado actual dos conhecimentos, habilidades e
comportamentos existentes e os que deveriam existir se a organização.
A resposta a estas perguntas deve ser a base para o planeamento das acções nos processos de
RH que garantam os recursos humanos com determinadas características da força de trabalho.
As acções são podem ser a contratação de pessoas de fora e o treino e desenvolvimento das
pessoas internas.
O planeamento de recursos humanos pode ser definido como o processos que garante a
quantidade e qualidade das pessoas necessárias para assegurar as competências requeridas
para o funcionamento com desempenho superior da organização em um determinado período de
tempo.
O processo de Planeamento de Recursos Humanos (RH) para assegurar o alcance dos seus
objectivos deve ser realizado na base de uma ampla participação dos gestores de todos os níveis
da organização.
Desta forma todos os gestores podem garantir que cada um dos cargos abaixo da sua
responsabilidade estão preenchidos por pessoas com as competências necessárias para
desempenhar de uma forma eficiente e eficaz as actividades planeadas.
Interveniente Responsabilidades
Aprovar políticas que orientem as acções que maior contribuição
darão aos objectivos da organização
Recomendar acções específicas ao Gestor de Recursos Humanos
Gestão Superior
que garantam o alinhamento do Plano de Recursos H8manos com os
objectivos e estratégias da organização
Aprovar e comunicar o plano de Recursos Humanos
Desenhar e fazer aprovar pelos gestores e gestão superior a
metodologia para a Elaboração do Plano de Recursos Humanos
Recolher e distribuir toda a informação de suporte necessária
relativamente às políticas da organização, a Legislação em vigor e
Órgão de aos estudos existentes sobre o mercado de trabalho
Recursos Apresentar recomendações para os gestores sobre o alinhamento do
Humanos Plano de Recursos Humanos com a estratégia da organização
Apoiar aos gestores de linha para a elaboração do Plano da
unidades organizacionais
Sistematizar o Plano de Recursos Humanos da organização e
apresentar
Utilizar a descrição de funções dos cargos
Fazer mentoring e coaching dos colaboradores
Clarificar os objectivos e estratégias da Organização e do
Departamento
Gestores de Linha
Aplicar a metodologia para a elaboração do Plano de Recursos
Humanos
Trabalhar em conjunto com os técnicos e gestores de Recursos
Humanos
Participar na definição de necessidades em quantidade e qualidade
Colaboradores de recursos humanos
Elaborar e apresentar recomendações ao chefe do Departamento
sobre o Plano de Recursos Humanos do Departamento
Existem vários modelos para a elaboração do Planeamento dos Recursos Humanos estes
modelos podem ser utilizados para abranger toda a organização outros são utilizados para
departamentos ou níveis hierárquicos específicos. O objectivos de todos eles é uma clara
identificação das necessidades (quantidade) e competências (qualidade: conhecimentos,
habilidades, valores e atitudes) dos recursos humanos necessários para o alcance dos objectivos
da organização.
Em seguida são apresentados alguns modelos utilizados pelas organizações para o planeamento
de RH.
Este calculo das necessidades de recursos humanos é realizado considerando esta necessidade
como uma variável dependente da procura estimada do produto (quando indústria) ou do serviço
(quando não indústria).
O resultado desta relação deve ser avaliada considerando outras variáveis que tem influencia no
calculo deste resultado como são o nível de produtividade, tecnologia, disponibilidade interna e
externa de recursos financeiros e disponibilidade de pessoas dentro da organização.
Sua principal limitação é seu abordagem quantitativo, limitando-se a determinar quantas pessoas
serão necessárias nas diferentes categorias de cargos para garantir a produção de determinadas
quantidades de produtos e serviços.
Algumas empresas preferem calcular suas necessidades totais de pessoal operacional com base
em projeções relacionadas apenas com certos segmentos (ou famílias) de cargos de sua força
de trabalho que apresentam variações maiores. Suas limitações são similares ao modelo
baseado na procura estimada do produto/serviço.
Esse status depende de duas variáveis: desempenho actual e promoção. O desempenho actual
é obtido através das avaliações de desempenho, opiniões dos demais gerentes, pares e
subordinados. A possibilidade de promoção futura é baseada no desempenho actual e nas
estimativas de sucesso futuro nas novas oportunidades.
É um modelo que representa o fluxo das pessoas para dentro, através e para fora da
organização. A análise histórica do movimento de entradas, saídas, promoções e transferências
internas permite uma predição de curto prazo das necessidades de pessoal da organização, se
não houver mudanças no contexto.
É muito útil na análise das conseqüências do plano de carreiras, quando a organização adota
uma política consistente nesse sentido. Todavia, suas limitações são evidentes por ser apenas
um modelo quantitativo.
As pessoas são tratadas como quantidades que devem ser preservadas na organização sem se
importar como elas deveriam ser caracterizadas em termos de capital humano ou capital
intelectual.
Outros factores que devem ser considerados, alem dos apresentados nos modelos referem-se a:
o absentismo, a rotatividade e a mudança nos requisitos da força de trabalho. Estes factores
intervenientes provocam fortes alterações no planeamento de RH.
Absentismo
Ausências dos funcionarios ao trabalho provocam certas distorções quando se refere ao volume
e disponibilidade da força de trabalho. As ausências sao definidas como atrasos ao trabalho.
Para calcular o custo total das ausências, pode-se incluir todos os dias de trabalho perdidos, por
qualquer motivo (dias de afastamento por férias, doença, maternidade, acidentes de trabalho e
licenças de toda espécie). Ou então calcular as chamadas presenças pobres, que incluem
apenas aquelas ausência, que os empregados podem controlar pessoalmente (como faltas ou
O índice de absentismo pode ser mensal ou anual. Se o índice de absenteísmo mensal é de 3%,
por exemplo, a organização conta, na realidade, com 97% de sua força de trabalho no período.
Os resultados dos estudos realizados sobre as conseqüências das ausências mostram que o
absenteísmo é afetado pela capacidade profissional das pessoas e pela sua motivação para o
trabalho, além de fatores internos e externos ao trabalho.
A capacidade de assiduidade ao trabalho pode ser reduzida por barreiras à presença. como
doenças, acidentes, responsabilidades familiares e particulares e problemas de transporte para c,
local de trabalho.
A motivação para a assiduidade pode ser criada pelas práticas organizacionais (como
recompensas à assiduidade e punições ao absentismo), pela cultura de ausência (quando faltas
ou atrasos são considerados aceitáveis ou inaceitáveisì e atitudes, valores e objecivos dos
trabalhadores.
Rotatividade de funcionários
Desligamento por iniciativa do funcionário: ocorre quando um funcionário decide por ra-
zões pessoais ou profissionais encerrar a relação de trabalho com o empregador. A decisão
de desligar-se depende de duas percepções. A primeira é o nível de insatisfação do funcioná-
rio com o trabalho. A segunda é o número de alternativas atrativas que ele visualiza fora da
organização, isto é, no mercado de trabalho. O funcionário pode estar insatisfeito com o
trabalho em si, com o ambiente de trabalho ou com ambos. Tambem pode ocorrer quando as
organizações têm lançado incentivos financeiros para tornar o desligamento mais atrativo,
como os Planos de Demissão Espontânea (PDE), quando pretendem reduzir o tamanho de
sua força de trabalho sem se enredar nos fatores negativos associados a um corte unilateral.
Esses planos envolvem o pagamento de alguns meses de salário, dependendo do tempo de
casa, e a extensão do benefício de assistência médico-hospitalar por alguns meses.
A força de trabalho de uma organização apresenta variações ao longo do tempo ja que estas
estao sujeitas ao impacto de mudança que afeta profundamente as pessoas que nelas
trabalham.
Com essa forte mudança, muitos segmentos da força de trabalho estão a tornar-se deficientes
nas novas habilidades com consequências para a organização como qualidade inferior, baixa
produtividade, aumento de acidentes de trabalho, constantes queixas dos clientes e desface em
relação aos concorrentes.
Para atacar esse problema e começar a corrigir essa deficiência são necessários enormes
recursos das organizações no dimensionamento dos processos de agregar, aplicar,
recompensar, desenvolver e manter pessoas. Neste sentido, o planeamento de recursos
humanos é uma ferramenta fundamental para o sucesso da organizaçao.
Actualmente as organizações tem estado a dar menor ênfase aos factores quantitativos para
focar e enfatizar aspectos qualitativos e intangíveis do capital humano, no processo de
planeamento de recursos humanos, para contribuir com o sucesso da organização.
Todos estes desafios devem ser considerados para constituir o planeamento de recursos
humnos numa prática permanente para garantir à organização a orientação sobre a quantidade e
qualidade de recursos humanos necessárias à sua sustentabilidade e crescimento.
2.1 Conceito
Nem sempre é o gestor de linha ou o profissional de RH quem desenha os cargos. Muitas vezes,
outros órgãos são os responsáveis pelo desenho de cargos – como área de organização e
métodps ou engenharia industrial. Assim, muitas vezes, o gestor de linha ou o especialista em RH
precisam de saber como os cargos foram desenhados e estruturados. Daí a necessidade de
descrever e analisar os cargos.
Na verdade, descrição e análise de cargos pressupõe que os cargos já existem e que precisam ser
desvendados como se fossem caixas negras. Sabe-se hoje que os cargos precisam acompanhar
as mudanças que ocorrem no contexto das organizações.
Descrever um cargo significa relacionar o que o ocupante faz, quanto bem faz, como faz, sob
quais condições faz e por que faz. A descrição de cargo é um retrato simplificado do conteúdo,
e das principais competências e responsabilidades do ocupante do cargo.
Periodicidade (diária,
Quando faz semanal, mensal,
Conteúdo
anual, esporádica)
do
Cargo Através de pessoas, máquinas
Como faz e equipamentos, materiais,
dados e informações
Local e ambiente
Onde faz de trabalho
O formato comum de uma descrição de cargo inclui o título do cargo, o sumário das actividades a
serem desempenhadas, as competências do ocupante do cargo e as principais
responsabilidades do cargo. Muitas vezes, inclui também as relações de comunicação do
cargo com outros cargos.
Analisar um cargo significa detalhar o que o cargo exige do seu ocupante em termos de
conhecimentos, habilidades e capacidades para que possa desempenhá-lo adequadamente.
Para que a análise de cargos tenha uma base concreta de comparação, ela precisa de
fundamentar-se em factores de especificações, nomeadamente: requisitos mentais, físicos,
responsabilidades, condições de trabalho
2.2 Aplicações
2.3 Processo
O processo de analisar cargos envolve seis etapas ou fases que estão representadas na
figura a seguir.
• Planeamento de RH Preparar
• Desenho de cargos as
• Recrutamento e selecção especificações
• Treinamento de cargos
• Avaliação do desempenho
• Remuneração e benefícios
• Avaliação dos resultados
Este processo deve considerar que a organização não é uma entidade imóvel e parada no
tempo, mas que está em constante e dinâmica mudança. Os cargos devem ser constantemente
descritos, analisados e redefinidos para acompanhar as mudanças na organização e no seu
conteúdo constituindo assim um impulsionador do desempenho e desenvolvimento de
competências dos funcionários.
Seja claro. A descrição de cargos deve ser um retrato do trabalho, da posição, com
deveres claramente definidos.
Indique o nível de autoridade. Defina a posição e indique os objetivos e natureza do
trabalho, utilizando frases simples, incluindo todas as relações importantes do
cargo.
Seja específico. Utilize frases para mostrar: o tipo de trabalho, o grau de complexidade, o
grau de habilidades requeridas, o grau em que os problemas são padronizados, a
responsabilidade por cada fase do trabalho e o grau e tipo de atribuição.
Utilize verbos de acção, como: analisar, montar, planear, transmitir, manter,
supervisionar, executar, controlar, procurar, aprovar, recomendar, inspecionar etc.
Os cargos situados em níveis mais baixos da organização requerem deveres ou
tarefas mais detalhadas, enquanto as posições mais elevadas lidam com aspectos
mais amplos.
Seja breve. Definições curtas e acuradas são mais indicadas.
Verifique. Finalmente, veja se a descrição está adequada, fazendo a pergunta: "Será
que um funcionário compreenderia o seu trabalho lendo esta descrição?
2.4 Métodos
Existem três métodos para obtenção de dados a respeito dos cargos: a entrevista, o questionário
e a observação.
Método da Entrevista
A obtenção de dados a respeito dos cargos pode ser feita por entrevistas. Existem três
tipos de entrevistas para tal finalidade: as entrevistas individuais com cada funcionário;
entrevistas grupais com grupos de funcionários ocupando o mesmo cargo; e
entrevistas com o superior imediato que conhece os cargos a serem analisados.
O superior imediato deverá conduzir as sessões dos grupos ou então o superior será
entrevistado separadamente, para proporcionar aos funcionários uma perspectiva
pessoal sobre os deveres e responsabilidades do seu cargo.
A entrevista é o método mais utilizado para buscar dados a respeito dos cargos e
determinar os seus deveres e responsabilidades. As principais questões abordadas numa
entrevista típica sobre cargos são:
VANTAGENS DESVANTAGENS
1. E o método de obtenção de dados mais 1. Pode apresentar distorções de
amplamente utilizado o que representa informação, falsificações ou
vantagens pela curva de aprendizagem. preconceitos.
2. Permite que o ocupante do cargo relacione 2. O ocupante pode exagerar certas
suas actividades e comportamentos com os responsabilidades, enquanto
de outros colegas facilitando a sua minimiza outras.
compreensão e melhorando sua capacidade 3. O ocupante pode legitimar sua
para definir o cargo. visão do cargo para obter
3. Proporciona oportunidade para mostrar as vantagens pessoais quanto à
possíveis frustrações que o cargo impõe, remuneração ou importância do
mas que o supervisor não percebe. seu cargo.
4. É um método simples e rápido para obter
informação.
Método do Questionário
A colecta de dados a respeito de um cargo pode ser feita através de questionários que são
distribuídos aos seus ocupantes ou ao seu superior.
Método de Observação
A observação directa daquilo que o ocupante do cargo faz constitui um outro método de colher in-
formação sobre o cargo. O método da observação é aplicável em cargos simples, rotineiros e
repetitivos, como operadores de linha de montagem, operadores de máquinas, escriturários,
etc. É comum o método da observação utilizar um questionário para ser preenchido pelo
observador para assegurar a cobertura de todas as informações necessárias.
3 RECRUTAMENTO DE PESSOAL
3.1 Conceito
As organizações estão constantemente a agregar novas pessoas para integrarem o seu quadro
de pessoal quer por motivos de substituição de trabalhadores que sairam da organização, quer
por necessidade de ampliar o seu quadro de pessoal por razões de crescimento e expansão.
Para que este processo seja possível é necessário que as organizações comuniquem e
divulguem as suas oportunidades de trabalho a fim de que as pessoas tenham informação
sobre como procurá-las e iniciar o seu relacionamento.
A selecção de pessoas faz parte do processo de agregar pessoas, vindo logo depois do
recrutamento.
O recrutamento e a selecção de recursos humanos devem ser tomados como duas fases de um
mesmo processo: a introdução de recursos humanos na organização.
Podemos então definir o conceito de Recrutamento como “um conjunto de técnicas e proce-
dimentos que visam atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar
funções/cargos dentro da organização.
O processo de recrutamento é constituído por um sistema de informação, atra vés do qual
a organização divulga e oferece ao mercado de RH oportunidades de emprego que
pretende preencher.
Este levantamento interno não é esporádico ou ocasional, mas contínuo e constante e deve
envolver todos os gestores das diferentes áreas e níveis da organização para poder definir de
forma clara as necessidades de pessoal e o perfil e características que os novos participantes
deverão possuir e oferecer.
Esta pesquisa deve ser feita através da elaboração do Plano de Recursos Humanos. O Plano de
Recursos Humanos é o processo de decisão a respeito dos recursos humanos necessários
para atingir os objetivos organizacionais, em determinado período de tempo. Através deste
plano antecipa-se qual a força de trabalho e as competências necessárias para a realiza-
ção dos planos da organização.
Para alcançar todo seu potencial de realizações a organização precisa ter as pessoas adequadas
disponíveis para o trabalho a ser realizado. Em termos de acção de gestão, isso significa que
todos os gestores devem estar seguros de que os cargos sob sua responsabilidade estão
ocupados por pessoas capazes de desempenhá-los adequadamente. O que só pode ser
alcançado quando é elaborado um Plano de Recursos Humanos de qualidade.
Cada segmento de mercado tem características próprias, atende a diferentes necessidades, tem
diferentes expectativas e aspirações, utiliza diferentes meios de comunicação e, portanto, pode
ser abordado utilizando diferentes meios para comunicar as necessidades da organização.
Para cada segmento deverão ser definidos descrições de funções que permitam identificar os
candidatos idôneos do mercado de trabalho para as necessidades da organização.
Como o recrutamento é uma função de staff, o início deste processo depende de uma decisão da
linha que posteriormente leva ao preenchimento da Requisição de Pessoal.
Tomada a decisão de recrutamento segue-se a fase da tomada da decisão sobre como é que os
potenciais candidatos serão atraidos para a organização.
Os candidatos aplicados ou disponíveis podem ser tanto reais (que estão à procura de
emprego ou pretendem mudar de emprego) como potenciais (que não estão interessados em
procurar emprego).
O recrutamento misto consiste na associação dos dois métodos, onde se procuram atrair
candidatos internos e externos. O recrutamento misto tem sido considerado como a fonte de
recrutamento preferida pelas organizações. Na verdade, provavelmente a maioria das vezes em
que se prima por um recrutamento interno, disponibiliza-se uma vaga que poderá precisar de ser
preenchida através de um recrutamento externo.
O recrutamento misto consiste no uso simultâneo do recrutamento interno e externo. Este poderá
apresentar três alternativas, a saber:
Recrutamento interno – seguido pelo recrutamento externo caso este não gere
candidatos com o perfil desejado;
Recrutamento externo – seguido de recrutamento interno, se o mercado não
apresentar candidatos com um perfil melhor que os colaboradores já existentes. Assim, a
empresa tem a oportunidade de verificar o que o mercado poderá oferecer e comparar
com o perfil dos seus colaboradores.
Recrutamento interno e externo – A vaga é anunciada internamente e externamente,
permitindo assim a comparação em simultâneo de candidatos internos e externos. Cria
grande competitividade e permite à empresa estar a par das mudanças do mercado
laboral em termos de ofertas de mão-de-obra desejável, comparativamente aos seus
colaboradores. Em caso de competências comparáveis entre candidatos internos e
externos, poderá ser uma boa prática oferecer-se a vaga ao candidato interno, criando
assim oportunidades de progressão na carreira, o que é bastante motivador.
Transferências de pessoal.
Promoções de pessoal.
Transferências com promoções de pessoal.
Programas de desenvolvimento de pessoal.
Planos de revisão de carreira de pessoal.
Muitas organizações utilizam bancos de talentos com pessoas capacitadas como meio
para o recrutamento interno. No entanto, no âmbito do recrutamento interno, outros meios
podem ser adoptados pela organização para dar a conhecer aos seus trabalhadores as vagas
existentes:
Para que possa funcionar bem, o recrutamento interno exige intensa coordenação da área de
recrutamento com outras unidades organizacionais de recursos humanos e da organização.
Na maior parte das vezes, essas técnicas de recrutamento são utilizadas de maneira conjugada.
Factores de custo e tempo são importantes na escolha da técnica mais adequada para o
recrutamento externo. Na maioria dos casos quanto maior a limitação de tempo maior será o
custo da técnica de recrutamento a ser aplicada.
Vantagens Desvantagens
Trazer para empresa novas Requer maior tempo
conhecimentos, ideais e experiências Menor segurança
Renova e enriquece os recursos
humanos da organização
Aproveita os investimentos em
treinamento e desenvolvimento de
pessoal feitos por outras empresas ou
pelos próprios candidatos.
A avaliação dos resultados obtidos com o processo de atração e fixação de potenciais candidatos
para o preenchimento de vagas oferecidas pela empresa ao mercado de trabalho é de extrema
importância, no entanto, as evidências mostram que nem sempre as organizações avaliam com
cuidado as suas actividades de recrutamento em relação aos seus objectivos/padrões.
A figura que se segue mostra alguns exemplos de medidas ou indicadores que as organizações
poderão adoptar para fazer a avaliação dos seus processos de recrutamento. Estas medidas
referêm-se às actividades e aos resultados, à eficiência e à equanimidade.
Com base nisso, as mudanças estratégicas de recrutamento poderão ser melhor planeadas e
implementadas. Infelizmente, apesar da existência de uma variedade de métodos para realizar
este tipo de levantamentos, muitas empresas falham em avaliar a eficiência dos seus processos
de recrutamento.
4 SELECÇÃO DE PESSOAL
4.1 Conceito
4.2 Processo
O processo de selecção funciona como uma espécie de filtro que permite que apenas algumas
pessoas possam ingressar numa organização com base nas características mais desejadas pela
mesma.
De uma forma mais ampla a selecção visa encontrar, entre vários candidatos recrutados aqueles
que melhor se ajustam às características dos cargos existentes nas organizações visando manter
ou aumentar a eficiência e o desempenho pessoal e a eficácia da organização.
Se todas as pessoas fossem iguais e reunissem as mesmas condições individuais para aprender
e trabalhar, certamente a seleção de pessoal poderia ser dispensada. Contudo, a variabilidade
humana é enorme: as diferenças individuais tanto no plano físico (estatura, peso, compleição
física, força, acuidade visual e auditiva, resistência à fadiga, etc.) como no plano
psicológico (temperamento, caráter, inteligência, aptidões, habilidades mentais, etc.)
levam as pessoas a comportarem-se de forma diferente, a perceberem situações de
maneira diferente e a terem desempenhos diferentes (com maior ou menor sucesso) nas
organizações.
As pessoas diferem entre si tanto na capacidade para aprender uma tarefa como na maneira
de realizá-la após a aprendizagem. A estimação apriorística dessas duas variáveis — tempo de
aprendizagem e nível de execução — é tarefa da selecção de pessoal.
As informações a respeito do cargo que se pretende preencher podem ser obtidas através de
cinco formas:
Análise do cargo no mercado: quando se tratar de algum cargo novo, sobre o qual a
empresa não tem nenhuma definição a priori, nem mesmo o chefe direto, existe a
alternativa de verificar em empresas similares cargos comparáveis, seu conteúdo, os
requisitos e as características de seus ocupantes.
Hipótese de trabalho: caso nenhuma das alternativas anteriores possa ser utilizada,
resta o emprego da hipótese de trabalho, ou seja, uma previsão aproximada do conteúdo
do cargo e sua exigibilidade em relação ao ocupante (requisitos e características ne-
cessárias), como simulação inicial.
Com base nessas informações a respeito do cargo a ser preenchido, o órgão de seleção tem
condições de convertê-las para sua linguagem de trabalho. Em outros termos, as informações
que o órgão recebe a respeito dos cargos e de seus ocupantes são transformadas em uma
ficha de especificações do cargo ou ficha profissiográfica, que deve conter os atributos
psicológicos e físicos necessários ao desempenho do ocupante no cargo considerado.
Com essa ficha, o órgão de selecção pode estabelecer os métodos de selecção adequados ao
caso. A ficha profissiográfica representa uma espécie de codificação das características que o
ocupante do cargo deverá possuir. Através dela, o selecionador poderá saber o quê e quanto
pesquisar nos candidatos.
Uma vez feita a comparação entre as características exigidas pelo cargo e as oferecidas
pelos candidatos, pode acontecer que vários destes tenham condições aproximadamente
equivalentes para serem indicados ao órgão requisitante para ocupar o cargo vago.
O órgão de selecção (staff) não pode impor ao órgão requisitante a aceitação dos candidatos
aprovados no processo de comparação. Pode apenas prestar serviço especializado, aplicar
métodos de selecção e recomendar os candidatos que julgar mais adequados ao cargo.
Modelo de selecção: quando existem vários candidatos e apenas uma vaga a preencher.
Cada candidato é comparado com os requisitos exigidos pelo cargo que se pretenda
preencher, ocorrendo duas alternativas: aprovação ou rejeição. Se rejeitado, é dispensado do
processo, porque, para o cargo vago, há vários candidatos, e apenas um poderá ocupá-
lo.
Modelos de selecção que permitam o ganho máximo nas decisões sobre candidatos ou
simplesmente padrões quantitativos de resultados.
4.3 Métodos
Existe uma diversa gama de métodos que são aplicados para fins de selecção. Comumente,
escolhe-se mais de uma técnica de selecção para cada caso. Cada técnica auxilia as demais
fornecendo umamplo conjunto de informações sobre o candidato. As técnicas escolhidas deverão
representar o melhor preditor para o desempenho futuro do cargo.
A Entrevista
É a técnica de selecção mais utilizada nas grandes e PME’s. Embora careça de base científica e
se situe como a técnica mais subjectiva e imprecisa de selecção, a entrevista é aquela que
mais influencia a decisão final a respeito dos candidatos.
Os Testes
O termo teste designa um conjunto de provas que se aplica a pessoas para apreciar o seu
desenvolvimento mental, as suas aptidões, habilidades, conhecimentos, etc.
outras características.
Testes de Conhecimentos
Os testes de conhecimentos podem ser escritos ou orais. Entre os testes escritos situam-se os
testes de respostas livres, também designados ―provas clássicas‖ como, por exemplo, as provas
de dissertação ou questões de dissertação em que o candidato fica completamente à vontade
para responder a um determinado assunto proposto.
Ao contrário dos testes de respostas livres, os testes conhecidos como ―provas objectivas‖
caracterizam-se por abranger um maior número de questões cobrindo uma grande área de
conhecimentos do candidato e exigindo respostas objectivas e padronizadas.
Por outro lado, os testes de conhecimentos orais são particularmente indicados para colaborar no
processo de selecção de pessoas para cargos que exigem contactos com o público
(vendedores, locutores, Pessoal de serviços de atendimento a clientes, etc).
A exemplo do que ocorre com os testes escritos objectivos, recomenda-se que a elaboração do
teste oral seja baseada na análise e descrição dos cargos, sendo testado num grupo de ensaio
antes da sua aplicação junto aos candidatos.
Testes Psicológicos
Os testes psicológicos baseiam-se nas diferenças individuais das pessoas, que podem ser
físicas, intelectuais e de personalidade. Analisam quanto variam as aptidões de um indivíduo
em relação ao conjunto de indivíduos tomados como padrão de comparação.
Enquanto as provas de conhecimentos ou de capacidade medem a capacidade de realização
actual de uma pessoa, os testes psicológicos enfatizam as aptidões individuais. Há grande
diferença entre aptidão e capacidade.
Uma interessante abordagem das aptidões é oferecida pela teoria multifatorial de Thurstone.
Segundo este autor, a estrutura mental das pessoas é formada por um número relativamente
pequeno de grandes factores mais ou menos independentes entre si, cada um deles
responsável por determinada aptidão. Thurstone definiu cerca de sete factores específicos e
acrescentou um factor geral (Factor G), ao qual denominou inteligência geral, e que preside
e complementa todas as aptidões. A seguir construiu uma série de testes para medir cada um
dos sete factores específicos, como se caracteriza na tabela que se segue.
FACTOR DESCRIÇÃO
Para pesquisar o Fator G são aplicados testes de nível mental ou testes de inteligência.
Contudo, actualmente tem sido dada muita ênfase à chamada inteligência emocional, ou
seja, o grau de ajustamento do comportamento emocional da pessoa que abrange cinco áreas,
nomeadamente:
Cada cargo exige determinadas aptidões específicas do seu ocupante. De acordo com a
ficha profissiográfica de cada cargo — que determina o perfil do candidato ideal —
estabelecem-se os testes psicológicos adequados para pesquisar as aptidões necessárias ao
ocupante do cargo. Assim, é comum encontrarem-se diferentes baterias de testes para
cada cargo ou função.
Inteligência emocional
Esses traços são críticos para selecionar pessoas que devam trabalhar ou conviver juntas.
As provas práticas constituem outra das técnicas de selecção de pessoas que permitem detectar
o nível de conhecimentos e capacidade dos candidatos, confrontando-os com situações reais ou
simuladas de trabalho.
Por outro lado, as provas situacionais traduzem-se em situações que poderão ocorrer na função,
que são dadas aos candidatos por forma a avaliar as suas intenções de comportamento e, assim,
prever o seu comportamento futuro no desempenho da função
Estas provas situacionais são elaboradas com base na análise de funções, através da técnica de
incidentes críticos, em que se identificam os comportamentos críticos que caracterizam um
desempenho eficiente/ineficiente na função. Posteriomente, os incidentes são transformados em
questões que espelham situações que poderão ocorrer na função.
Centros de Selecção
Os centros de selecção são locais onde os candidatos realizam uma série de exercícios e
actividades de situações simuladas da vida real possibilitando estimar o seu nível de adaptação a
uma determinada função.
O conteúdo dos centros de selecção, isto é, as provas concebidas, é determinado pela função e
condições concretas, isto significa que os candidatos participam em exercícios práticos
pertinentes para a previsão do seu comportamento posterior na função designada.
Uma das características deste método é que a avaliação deve ser efectuada por vários
observadores-avaliadores, que são previamente treinados, com um bom conhecimento das
exigencias da função designada e que, geralmente, trabalham na organização.
Com base nos critérios pré-estabelecidos (comportamentos tipo denominados dimensões ou
competências), os observadores-avaliadores compilam as avaliações dos candidatos, utilizando
grelhas de avaliação de comportamento. Após todos observadores-avaliadores terem chegado
às suas conclusões individuais sobre cada candidato avaliado, entram em fase de discussão dos
resultados de forma comparativa, eliminado qualquer discrepância. Sob a orientação de urn
coordenador, chega-se a uma avaliação global de cada candidato por dimensão.
Em Moçambique e em alguns outros países, apesar de ser reconhecido como um método com
uma validade racional significativa relativamente a outros, os centros de avaliação não são muito
utilizados por acarretarem custos elevados, inerentes ao seu desenvolvimento e implementação.
Mas a pergunta que geralmente paira é: como saber que estamos a trazer eficiência e
eficácia ao processo de provisão de pessoas? Um dos problemas principais na gestão de um
processo é medir e avaliar o seu funcionamento por meio de resultados, ou seja, das suas
saídas. Essa retroinformação permite saber se são necessárias intervenções para corrigir
inadequações e ajustar o funcionamento do processo para melhorá-lo cada vez mais.
Para medir a eficiência do processo, deve-se levar em conta uma estrutura de custos que
permita uma análise adequada, a saber:
Apesar de seu elevado custo operacional, a selecção de pessoas traz importantes resultados
para a organização e também promove importantes resultados para as pessoas, como se
evidencia na tabela abaixo.
RESULTADOS PARA AS
RESULTADOS PARA AS ORGANIZAÇÕES
PESSOAS
Adequação das pessoas ao cargo e Aproveita ao máximo as
conseqüente satisfação do pessoal como habilidades e características de
emprego. cada pessoa no trabalho.
Rapidez no ajustamento e integração do Com isso, favorece o sucesso
novo empregado às novas funções. potencial no cargo.
Melhoria gradativa do potencial humano Eleva a satisfação das pessoas
mediante escolha sistemática dos melhores pelo facto de localizar a
talentos. actividade mais indicada para
Maior estabilidade e permanência das pes- cada indivíduo.
soas e decorrente redução da rotatividade. Evita perdas futuras na relocação
Maior rendimento e maior produtividade ou substituição de pessoas pelo
pelo aumento da capacidade do pessoal. provável insucesso no cargo.
Melhoria do nível das relações humanas
pela elevação do moral.
Menores investimentos e esforços em treina-
mento, pela maior facilidade em aprender as
tarefas do cargo e novas atividades trazidas
pela inovação.
Para que haja melhoria contínua do processo de provisão, é necessário que ele não seja
estritamente condicionado por normas, diretrizes, esquemas e rotinas de trabalho que possam
provocar sua rigidez e inflexibilidade.
Como todo sistema, o processo de provisão é vivo, adaptável e deve ser ágil e flexível. Além
disso, para que seja participativo, ele deve ser descentralizado, isto é, possibilitar que os
gerentes de linha e suas respectivas equipes estejam envolvidos com o processo de recru-
tar e selecionar pessoas.
5 ACOLHIMENTO E INTEGRAÇÃO
5.1 Importância
E é óbvio que a organização procure envolver as pessoas com os seus tentáculos para ajustá-las
a esse complexo contexto, em particular, as pessoas que estão em processo de admissão à
organização: os novos trabalhadores.
Vencidos os desafios das diversas fases do processo de selecção, os candidatos são admitidos
na organização e tornam-se novos membros dela e ocupantes de cargos.
Contudo, antes dos novos membros iniciarem as suas actividades, as organizações procuram
integrá-los no seu contexto, condicionando-os às suas práticas e filosofias predominantes
através de cerimónias de iniciação e de aculturamento social, ao mesmo tempo que procuram
banir, no recém-admitido, antigos hábitos arraigados e indesejados, ou seja, comportamentos
que choquem com a cultura da organização.
Trata-se de um processo de duas mãos, em que cada uma das partes tenta influenciar e adaptar
a outra aos seus propósitos e conveniências: de um lado a socialização e, de outro lado, a
personalização como abaixo se esquematiza.
Nesse processo bidirecional, a adaptação é mútua tendo em vista a busca de uma verdadeira
simbiose entre as partes, ao mesmo tempo que é recíproca, pois cada parte actua sobre a
outra, aprendendo a ajustar-se à outra e procurando reduzir a incerteza a respeito da outra.
Ao contrário do contrato formal, o contrato psicológico não é escrito e muitas vezes nem é
discutido ou esclarecido. Ele refere-se à expectativa recíproca do indivíduo e da organização no
qual prevalece o sentimento de reciprocidade: cada parte avalia o que está oferecendo e o que
está recebendo em troca. Se desaparecer o sentimento de reciprocidade, ocorre uma
modificação dentro do sistema.
5.2 Conceito
Assim, podemos definir o conceito de socialização organizacional como o modo pelo qual a
organização procura marcar no novo participante a maneira de ele pensar e agir de acordo com a
filosofia e cultura da organização.
Em suma, a socialização organizacional deve ser encarada como um processo através do qual
os novos membros de uma organização compreendem e apreciam os valores, aptidões,
comportamento esperado e conhecimento social essenciais para assumirem um papel
organizacional e para participarem como membros da organização.
5.3 Estratégias
Estratégias Caracterização
Individuais vs Se os recém-admitidos são socializados indivual ou
Colectivas colectivamente.
O ambiente em que ocorre a socialização encontra-se segregado
Informais do contexto de progressão do trabalho ou não;
vs O papel do recém-chegado é sublinhado e explicitado ou não;
Formais Há um programa de orientação estruturado ou não.
Sequenciais A socialização evolui por estágios de aprendizagem sucessivos
vs ou a transição de um estágio para outro faz-se sem programas
Não Sequenciais intermédios de formação.
As sete estratégias acima apresentadas podem também ser agrupadas numa única dimensão,
nomeadamente: Socialização institucionaliza versus Socialização individualizada.
Assim, não existe uma estratégia de socialização isolada que seja mais eficaz que outra, a
opção pela melhor estratégia ou a combinação de diferentes estratégias a aplicar em cada
situação deverá ser ponderada pela organização em função das suas necessidades
particulares.
Poderá, no entanto, suceder que a organização pretenda renovar os seus valores culturais
ou necessite de enveredar por um processo de inovação. Neste caso, a estratégia de
socialização a adoptar terá de ser diferente e os efeitos na cultura serão outros.
5.4 Processo
Socialização Antecipatória
Portanto, antes mesmo do candidato ser aprovado, o processo seletivo permite que ele obtenha
informações e veja com os seus próprios olhos como funciona a organização e como se
comportam as pessoas que nela existem.
Fontes formais: Jornais, revistas, e material institucional das organizações (ex: brochuras,
website da organização, relatórios anuais, etc.)
Assim, nesta face os potencias candidatos a determinadas posições na organização vão criando
as suas percepções e expectativas sobre a mesma e a acuidade do conjunto destas percepções
e expectativas serão testadas após a sua admissão.
O Choque da socialização poderá ocorrer em resultado dos constrastes e surpresas com que o
recém-admitido é confrontado. Os contrastes referem-se ás discrepâncias encontradas em
determinadas informações sobre a organização e a sua experiência posterior.
Uma antevisão realista da organização e do papel individual esperado, poderá evitar falsas
expectativas, reduzindo custos indesejáveis numa fase posterior, após a integração do indivíduo
na organização, como sejam: a rotatividade, a insatisfação, a desmotivação e movimentos de
carreira disfuncionais.
No sentido de dar uma informação mais realista aos candidatos, as organizações poderão
fornecer, aos responsáveis pelo recrutamento e selecção, brochuras onde, para além dos
aspectos positivos da organização e do cargo, sejam também referidos os aspectos menos
apelativos ou menos interessantes.
Na medida em que qualquer indivíduo, quando entra numa organização, não é uma tábua rasa,
mas, pelo contrario, traz consigo um conjunto de valores, motivações e expectativas, o processo
de socialização não poder ―criar‖ um novo indivíduo, mas, modificá-lo em alguns aspectos.
Encontro
Durante esta fase importante, o novo elemento inicia as suas relações interpessoais na
organização com os superiores hierárquicos, colegas e, eventualmente, clientes, desenolvendo a
aprendizagem das tarefas que lhe estão destinadas.
Um dos factores que então mais afecta a adaptação dos indivíduos à organização é o
ambiente que rodeia o trabalho, nomeadamente: a receptividade dos colegas as atitudes
do superior hierárquico imediato, as normas e regulamentos internos e os modos de
orientação
Enquanto muito destes factores são de difícil controlo por parte da organização, a
orientação e o acompanhamento iniciais poderão ser mais facilmente controláveis. Assim,
é desejável que a organização defina previamente um programa com esse fim. Nesse
sentido, estar-se-á a contribuir para aumentar as probabilidades de sucesso na adaptação
do indivíduo.
TÁCTICAS DESCRIÇÃO
Reacção positiva da organização às acções e
Reforço e atitudes que os novos membros trazem consigo.
confirmação Visa a manuntenção desses comportamentos
desejáveis.
A organização ignora ou não aprova algumas
Não-reforço acções e atitudes dos novos membros.
Visa a extinção desses comportamentos pela
ausência de reforço.
Reforço negativo Punições por parte da organização de
comportamentos indesejáveis, visando a sua
eliminação.
Todas estas tácticas visam conduzir o novo membro à adaptação aos modos de conducta
desejados pela organização.
No final da fase do encontro com o fim do período experimental, o qual poderá ou não
coincidir com o final do período de formação inicial o indivíduo será avaliado pelos
resultados atingidos.
Também ele avaliará a organização pela forma como esta conduziu todo o processo. Se o
resultado desta avaliação não for positiva qualquer uma das partes poderá rescindir o
contrato de trabalho e, neste caso, a relação não evoluirá para a fase seguinte.
Em particular, o primeiro dia na organização, tem-se revelado como o mais crítico e aquele
em que o recém-admitido atinge o seu ponto máximo de ansiedade. Conscientes dessa
ansiedade inicial, a maioria das organizações desenvolvem programas específicos de
acolhimento.
Estudos realizados sobre este tema têm revelado os efeitos benéficos, para os indivíduos e as
organizações de um bom programa de acolhimento inicial.
No entanto, no âmbito deste tipo de programas importa mencionar que , pelo menos, no primeiro
dia de trabalho, a organização deve dar maior ênfase ao que é importante para os novos
membros e não para a organização, ou seja, mais do que dar muitas informações sobre a
organização, esta deve-se preocupar-se em fazer com que o novo elemento se sinta bem
recebido e apoiado do ponto de vista emocional.
Nos casos em que o novo membro ocupe uma posição de destaque, em níveis de gerência ou
direcção, o programa de acolhimento e integração pode durar meses, com uma agenda que
programa a sua permanência nas diversas áreas ou departamento da organização, com um tutor
permanente (seu gerente ou director) e um tutor específico para cada área ou departamento
envolvido na agenda.
Quando se tratar de um primeiro emprego, deve ser dado um cuidado especial no tratamento do
recém-admitido. A falta de experiência profissional, associada ao desconhecimento do modo de
funcionamento das organizações, aumenta a ansiedade do recém-admitido. Nesta situação, a
ausência de ―vícios‖ profissionais e a vontade de aprender facilitarão o processo de socialização,
desde que os responsáveis pelo processo estejam atentos. Se estes não desempenharem
eficazmente o seu papel, o recém-admitido procurará outras fontes de informação que poderão,
ou não, conduzi-lo no caminho desejado.
A preparação prévia dos colegas, por parte das chefias, relativamente à vinda de um novo
elemento, não deve ser negligenciada.
No quadro que se segue, apresenta-se de forma resumida, alguns dos principais erros que se
deve evitar no acolhimento de um novo membro e suas possíveis consequências.
Apenas deverá ser incluida informação indispensável para o novo membro se sent ir
integrado na organização, evitando-se criar um documento que, por ser demasiado
extenso, se torne pouco apelativo. Ao mesmo tempo, é importante que se actualize
regularmente o Manual de Acolhimento
Esta formação é particularmente relevante nos casos em que o novo membro for
desenvolver uma função comercial. A forte concorrência entre as organizações condu z ao
desenvolvimento contínuo de produtos/serviços diferenciadores. É pois, fundamental que
os novos membros aprendam desde o início aquilo que distingue a sua organização das
concorrente.
A relação entre o tutor e o trabalhador recém-admitido evoluem, ao longo do tempo passando por
diferentes fases no decurso do processo de integração e socialização organizacional.
Na tabela que se segue encontram-se resumidas as referidas fases sendo que a duração de
cada uma delas é muito variável, dependendo do contexto em que se desenvolvem.
FASES CARACTERIZAÇÃO
A resolução entre tutor e trabalhador começa a dar os primeiros
Iniciação passos e a ganhar importância.
A relação evolui e aprofundam-se os laços entre tutor e
Desenvolvimento trabalhador, o qual vai construindo o seu projecto profissional
com a supervisão constante do seu tutor.
O trabalhador afasta-se do tutor seguindo o seu próprio caminho.
Adquire a sua autonomia profissional quebrando a relação de
Separação dependência que o unia ao tutor. Fase difícil para ambas as partes
que podem sentir-se abandonadas.
O tutor e o trabalhador assumem um relacionamento diferente –
de igual para igual. Fortes laços de amizade poderão ser,
Redefinição então, desenvolvidos. O tutor poderá então fruir e sentir-se
orgulhoso com os êxitos profissionais atingidos pelo trabalhador
que esteve sob sua supervisão.
Se o tutor realiza um bom trabalho neste sentido, a organização tende a ser vista de forma
positiva. Se, porém, o tutor é ineficiente na recepção e condução do recém-chegado, a
organização tende a ser visualizada negativamente. Para tanto, o supervisor deve realizar quatro
funções básicas junto ao novo trabalhador:
Os tutores devem ser adequadamente escolhidos para acolher e tutorar os novos membros para
que eles sejam bem supervisionados, acompanhados e orientados.
Para funcionar como verdadeiro tutor ou mentor, cada um deles deve possuir um alto grau de
segurança pessoal a fim de que não se sinta pessoalmente ameaçado pela falha ou sucesso dos
novos trabalhadores.
No entanto, também é importante reflectir-se sobre os riscos que este método poderá acarrectar
para os trabalhadores e os benefícios e riscos que poderá trazer para o próprio tutor. A tabela
que a seguir se apresenta, resume algumas dessas reflexões.
Funcionais Funcionais
Trabalhador
Funcionais
Espera que o trabalhador cumpra as
suas funções e seja muito produtivo.
A aceitação grupal é fonte crucial de satisfação das necessidades sociais. Além disso, os grupos
de trabalho têm uma forte influência sobre as crenças e atitudes dos indivíduos a respeito da or-
ganização e sobre como eles devem se comportar.
Finalidade Descrição
A ansiedade é geralmente provocada pelo receio de falhar no
Reduzir a trabalho e de um sentimento de incerteza a respeito das
Ansiedade capacidades próprias.
A tutoria de funcionários experientes, através da orientação e
apoio dos novos membros facilita a redução da ansiedade.
Reduzir a rotatividade A rotatividade é mais elevada durante o período inicial do
trabalho pelo facto dos novos funcionários se sentirem
indesejados ou desnecessários. A orientação eficaz reduz essa
reacção.
Quando os novos funcionários não recebem orientação,
Economizar gastam mais tempo para conhecer a organização, o seu
tempo trabalho e os colegas. Perdem a eficiência.
nQuando colegas e supervisores os ajudam de maneira
integrada e coesa, eles se integram melhor e mais
rapidamente.
Desenvolver Com os programas de orientação, os novos funcionários ficam
expectativas a saber o que a organização espera deles e quais os valores
realísticas que a organização espera que eles assimilem.
Mudança e Aquisição
Espera-se que quando o indivíduo chegue a esta fase da sua integração na organização,
tenha modificado algumas das suas atitudes de acordo com os objectivos da organização.
É precisamente este o momento de aprender e desenvolver novas ideias e
comportamentos.
Conforme a tabela abaixo, existem, portanto, quatro requisitos desta fase: uma nova auto -
imagem, novos relacionamentos, novos valores e novas formas de comportamentos.
REQUISITOS CARACTERÍSTICAS
Nova percepção de si em resultado das relações
Nova auto-imagem interpessoais que estabelece no seio da organização.
A mudança dependerá do grau de socialização, do seu
papel, da idade e da experiência profissional anterior.
Abandono de antigas amizades;
Novos relacionamentos Criação de novas amizades que definem quando é que
o novo elemento adquiriu o papel social adequado.
Novos valores Para além de conhecer os valores da organização terá
de os aceitar e interiorizar
Aquisição dos comportamentos essenciais à sua
Novas formas de manutenção na organização e obtenção de
comportamento recompensas.
Tendo em conta as diversas tácticas usadas pelas organizações para levarem os novos
trabalhadores a incorporarem a sua cultura e integrarem-se na organização, poderemos ter
resultados possíveis de uma socialização bem ou mal sucedida, como se pode observar na
tabela que se segue.
Por outro lado, são diversas as reacções individuais face às práticas de socialização
adoptadas pelas organizações, podendo as mesmas ser classificadas em três tipos,
nomeadamente: rebeldia, individualismo criativo e conformismo. A tabela abaixo,
apresenta uma breve caracterização dessas reacções individuais e possíveis
conseqüências.
O indivíduo aceita todos os valores Vantajoso a curto prazo para o indivíduo e para
e normas da organização a organização;
Limitativo a longo prazo