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Esse trabalho propõe analisar parte da produção gráfica de Ziraldo Alves Pinto,
entre os anos de 1967 e 1972, considerando o potencial das fontes visuais no Ensino de
História. Trata-se da série iconográfica intitulada genericamente Os Zeróis, que foi
publicada, entre outros periódicos, na revista Fatos&Fotos, no Jornal do Brasil e em O
Pasquim. Portanto, uma leitura adequada da obra gráfica de Ziraldo só poderá ter êxito
se levados em consideração o contexto vivido, as suas intenções como artista e a obra
que sintetiza, não passivamente, essas intenções. Desta feita, é na tensão entre
‘intenção’ e condição que repousa a reflexão a ser feita ao longo desta dissertação.”
(SILVA, 2011, p. 12)
AS FONTES
Uma charge, por sua vez, buscava no exterior o mote de suas histórias. Por
exemplo, quando Super-Homem é chamado para ajudar na Operação Justiça Fiscal,
tem-se uma questão externa do universo dos quadrinhos. A charge é mais facilmente
tratável, do ponto de vista do historiador, em razão de sua ligação direta com o período
estudado. Os cartuns também se mostraram férteis elementos de análise, pois também,
conquanto de maneira menos evidente, encerravam em si posturas, comportamentos e
opiniões do momento em que foram produzidos.
O AUTOR
Existe entre os teóricos do riso uma divisão entre o riso bom e o riso mau. O
primeiro caracteriza-se por ser um riso zombeteiro, escarnecedor, primitivo, que
mobilizaria sentimentos agressivos e se basearia no rebaixamento do outro. Nesse
sentido, rir significa rir de alguém. O riso bom, por sua vez, seria uma manifestação
mais moderada, mais contida, inspirada em sentimentos mais refinados e civilizados,
mobilizando de preferência a ironia. Por isso, não é um riso nem zombeteiro, nem
agressivo e provoca simpatia em vez de escárnio. (MOTTA, 2006, p. 21).
A revista semanal Fatos&Fotos, que se consolidou no Brasil nos anos 50, deve
ser incluída na ampla rede de revistas de consumo (CORRÊA, 2008, p. 208). Semanário
de variedades impresso e editado por Bloch Editores S.A., um dos maiores
conglomerados jornalísticos do período, a Fatos&Fotos pôde contar com um parque
gráfico de alta tecnologia, apresentando excelente qualidade nas suas publicações,
inclusive na sua primeira edição, de 28 de janeiro de 1961. Nesse sentido, os desenhos
de Ziraldo publicados nesse periódico vão se beneficiar graficamente dessa
infraestrutura editando cartuns com uma boa qualidade gráfica. A Fatos&Fotos
ofereceu as condições materiais para Ziraldo poder lançar suas personagens Os Zeróis.
Considerações finais
A obra de Hélio Oiticica, Tropicália, que deu nome ao movimento, tinha por lema a
divisa: “Seja marginal, seja herói”. Deste modo, convidava a sociedade a abandonar o
anseio de integração que a todo tempo era oferecido. Ser herói e ser marginal é, nesse
sentido, arriscar-se num mundo em que não se era/é protegido por seres superiores, mas
que depende da ação de cada um para transformar-se. Ser herói/ser marginal significa,
em certo sentido, ser um “Zerói”.
Para Hook, uma democracia deveria planejar sua atividade não para propiciar a um
ou a poucos a oportunidade de atingir a estatura heroica, mas adotar, em vez disso,
como “ideal normativo”, o lema “cada homem um herói”. Ele chama isso de “ideal
normativo” justamente porque seria utopia imaginar que pudesse ser realizado. Mas,
como ideal normativo, ele “empresta direção a maneiras de agir que tornam a sociedade
capaz de fazer o melhor de quaisquer poderes que estejam à disposição dos homens”.
Referências bibliográficas