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Casamento de Impedâncias com

toco série

• Da mesma forma que apresentamos o casamento de


impedância com o toco conectado a linha em paralelo,
é possível utilizar-se da topologia série.

• Diferente do toco paralelo, agora é mais interessante


construir a solução raciocínando em termos de impedâncias
e não mais admitâncias.
Exemplo 1

Uma linha de transmissão de impedância característica igual a 50 ohms é ligada a


uma carga de impedância Zc = 30 –j 80 Ω. Calcule as posições e os valores dos
elementos reativos a serem colocados em série com a linha, para um perfeito
casamento de impedâncias.

Z0= 50 Ω Z = 30 –j80 Ω
Solução:
1. Passo:
Normalizar a impedância de carga: zn = (30 –j80) / 50 = 0,6 – j1,6
2. Identificar em que ponto(s) da linha onde a parte real da impedância
normalizada é igual a 1,0
(para isso basta observar as interseções com o círculo imagem unitário)

solução 1

solução 2
3. A solução 1 indica um ponto de impedância: zn = 1,0 + j2,12, situado à 0,358λ
da carga. A solução 2 indica um ponto de impedância: zn = 1,0 + j2,12, situado à
0,476λ da carga.

0,358λ
λ

0,476λ
λ
A solução com zn = 1,0 - j2,12 indica a necessidade do uso de uma reatância
capacitiva, com valor – j2,12 para o cancelamento da parte imaginária.

A solução com zn = 1,0 - j2,12 indica a necessidade do uso de uma reatância


induitiva, com valor + j2,12 para o cancelamento da parte imaginária.

Admitindo -j2,12 como solução, uma capacitância deverá ser posicionada à 0,358λ
da carga.

Se utilizarmos um toco para representar a capacitância necessária:

ztoco = − j 2,12
No diagrama de Smith um toco que representa a capacitância -j2,12:
Adotando um toco terminado em curto o comprimento do mesmo será:
0,319 λ
A solução final:

0,319 λ

Z0= 50 Ω Z = 30 –j80 Ω

0,358 λ
Exercício proposto
Uma carga Zc = 1200 + j 600 Ω é ligada a uma linha de transmissão de impedância
característica igual a 300 ohms, sem perdas, como mostra a figura.
Calcule a posição e o comprimento de um toco série, terminado em curto-circuito,
construido com uma linha de transmissão do mesmo tipo da principal. A freqüência
de operação é 500 MHz e o comprimento de onda na linha é de 39,6 cm.

Z0= 300 Ω Zc = 1200 +j600 Ω

d
Técnica de casamento de impedâncias
com dois tocos

• Em linhas coaxiais um ajuste da posição do toco na linha é


uma tarefa quase impossível.

• A solução nestes casos é fazer o uso de dois tocos, com terminações


ajustáveis (sintonizáveis), instalados em posições fixas na linha.
Esquema de operação:

Dois tocos são inseridos em posições arbitrárias e fixas na linha:

2 d2 1 d1

l2 l1 Zc

2’ 1’

Toco 1 = seção 1-1´ , comprimento l1 e


distante d1 da carga;
Toco 2 = seção 2-2´ , comprimento l2 e
distante d2 do toco 1;
Transportando a carga até o ponto 1-1’ (deslocamento d1) obtemos a
admitância da carga y11, neste ponto:

2 d2 1

l2 l1 y11

2’ 1’

ytoco2 = ± j b2 ytoco1 = ± j b1
No ponto 1-1’ obtemos a admitância yl, equivalente à associação
de y11 e ytoco1:

2 d2 1

l2 yl

2’ 1’

ytoco2
yl = y11 ± j b1
No ponto 2-2’ desejamos uma admitância y22, onde esta deve ser do tipo:

y22 = 1,0 ± j X

2 d2 1

l2 y22 = 1,0 ± j b2 y1

2’ 1’

ytoco2
O papel do toco 2 é o de cancelar a parte reativa de y22, fazendo
que
y2 = y22 + ytoco2 = 1,0

Então: ytoco 2 = m jb2

Como fazê-lo?
2 d2 1

l2 y22 = 1,0 ± j b2 y1

2’ 1’

ytoco2
Exemplo 3.4

Uma linha de transmissão de impedância característica igual a 50 Ω deverá


ser ligada a uma carga de impedância Zc = 29 + j 42,5 Ω. Para conseguir
adaptação entre linha e carga será colocada uma estrutura de dois tocos
com curtos ajustáveis. Determinar o comprimento l1 e l2 dos tocos na
condição de perfeito casamento de impedâncias.
curto ajustáveis

l2 l1

Zc= 29 + j 42,5 Ω

0,2λ
λ 0,04 λ

Nota: admitir que os tocos são construidos com linhas de impedância


caracteristica igual a 50 ohms.
A solução deverá ser construída em duas etapas:
Etapa 1: da carga => toco 1 e
Etapa 2: do toco 2 => toco 1

Carga => toco 1:


Passo 1: normalizar a impedância de carga: zn = (29 + j42,5) / 50 = 0.58 + j 0,85
Passo 2: obter a admitância equivalente: yn = 0,548 – j 0,803
Passo3: transportar a admitância até o ponto 1-1’, deslocando yc 0,04λ na
direção do gerador, obtendo assim y11:
1’
2’

l2 l1

yn = 0,548 – j 0,803
0,2λ 0,04 λ

2 1

y11 = 0,396 – j 0,499


Acrescentando a susceptância do toco 1 (que ainda não sabemos qual é)
obteremos a admitância: y1 = y11 ± j b1
1’
2’

± jb1

y11 = 0,396 – j 0,499


2 1

y1 = y11 ± jb1
Toco 2 => toco 1:

O toco 2 só poderá acrescentar à admitância y22 (admitância no ponto 2-2’)


uma susceptância igual à ± j b2. Isto implica no ponto 2-2’ y22 deverá
ser, mandatóriamente, uma admitância do tipo:

y22 = 1,0 m jb2


para que a parte imaginária possa ser cancelada pelo toco2.
± jb2 ± jb1

0,2λ y11 = 0,396 – j 0,499


y22 = 1,0 m jb2 y1 = y11 ± jb1

y2 = y22 ± jb2
y2 = 1,0 m jb2 ± jb2 = 1,0

Sabemos que a condutância de y22 deverá ser unitária, para que y2 esteja
casada com a linha.
O lugar geométrico (LG) de uma admitância na forma 1,0 ± jx, que é
o circulo unitário, marcado no diagrama de Smith:
Porém devemos lembrar que y22 que deve ser to tipo 1,0 ± jb2 e está a
0,2λ de distância do toco 1. Deslocando então o circulo unitário 0,2λ em
direção ao toco 1, encontramos o novo LG:
Posicionando a admitância y11 no diagrama:

y11
A inclusão do toco 1 representará um deslocamento sobre o círculo de condutância
constante. Este deslocamento permitirá a determinação de ± jb1 .
Os pontos de interseção dos círculos representam os valores possíveis de
y1, (y1 = y11 ± jb1), que apresentarão um ponto de condutância unitária.

y1 (solução 2)

y1 (solução 1)

y11
Considerando apenas a solução 1:

y1 = 0,396 – j0,2

Como y1 = y11 + jb1:

jb1 = 0,396 – j0,2 – ( 0,396 – j0,499)

jb1 = +j 0,3 o que permitirá determinar o comprimento do toco 1.


Não precisamos mais do círculo unitário. Retomamos o círculo de SWR
que contém y1. Caminhando 0,2λ em direção ao gerador, chegamos
Na seção 2-’2, onde se situa y22.

y22 y22 = 1,0 + j 1,0


0,2λ
λ

y1= 0,396 – j 0,2


Uma vez determinada y22 resta apenas calcular a contribuição do toco 2
(jb2) para realizar o casamento perfeito entre a linha e a estrutura:
jb2 = - j 1,0, pois y2 = y22 + jb2 e queremos y2 = 1,0.

Cálculo dos tocos 1 e 2:

Toco 1: ytoco1 = + j 0,3


+ j 0,3

admitância de
um toco em curto

0,297λ
λ
l1 = 0,297λλ
Toco 2: ytoco2 = - j 1,0

admitância de
um toco em curto

0,125λ
λ

l2 = 0,125λλ

- j 1,0
Exercício 1

Realizar utilizando uma estrutura com dois tocos espaçados de λ/8,


o casamento de uma carga Zc, de impedância 17,24 – j 43,1 Ω, com uma
linha coaxial de impedância característica 50 Ω. Admitir a permissividade
elétrica relativa do dielétrico do cabo coaxial igual a 2,4.

λ/8

Z0 = 50 Ω Zc = 17 - j 43,1 Ω

toco 2 toco 1
A solução deverá ser construída em duas etapas:
Etapa 1, carga => toco 1 e etapa 2, do toco 2 => toco 1

Etapa 1 Da carga => toco 1:

Passo 1: normalizar a impedância de carga:

zn = (17,24 – 43,1) / 50 = 0,345 – j 0,862

Passo 2: obter a admitância correspondente : yn = 0,4 + j 1,0

Passo 3: o ponto 1-1´ está sobre a própria carga. Portanto

y11 = yn = 0,4 + j 1,0

Acrescentando a susceptância do toco 1 (que ainda não sabemos qual é)


obteremos a admitância:

y1 = y11 ± jb1
Etapa 2: toco 2 => toco 1:

O toco 2 só poderá acrescentar à admitância y22 (admitância no ponto 2-2’)


uma susceptância igual à ± jb2. Isto implica no ponto 2-2’ y22 deverá
ser, mandatóriamente, do tipo:

y22 = 1,0 m jb2

para que a parte imaginária ± jx possa ser cancelada por jb2.

Sabemos que a condutância de y22 deverá ser unitária, para que y2


esteja casada com a linha e sabemos que o toco 2 está a 0,125 λ do
toco 1 (e da carga).
Deslocando o círculo unitário 0,125 λ em direção à carga (anti-horário),
obtemos:
Inserindo a carga normalizada yn no diagrama:
Marcando agora o círculo de condutância constante, identificamos os
pontos candidatos à solução:

P1
y1

P2
y1
Lembrando que: y11= 0,4 + j 1,0

No ponto P1: yP1= 0,4 + j 1,8.

Caso seja esta a escolha o toco 1 deverá apresentar


uma susceptância igual a + j 0,8.

No ponto P2: yP1= 0,4 + j 0,2

Caso seja esta a escolha o toco 1 deverá apresentar


uma susceptância igual a – j 0,8.

Adotando P1 como solução, já é possível determinar o comprimento do


toco 1 e

y1 = y11 +j 0,8 = 0,4 + j 1,0 + j 0,8 = 0,4 + j 1,8


Caminhando 0,125 λ de y1 em direção ao gerador atingimos o ponto y22:

y1

0,125λ
λ
y22 = 1,0 - j 3,0

y22
Com y22 já é possível determinar o comprimento do toco 2 que deve
ser:

j b2 = + j 3,0

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