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A expansão da cidade de Nampula produz uma realidade a partir da qual se pode construir um

entendimento sobre as tendências da urbanização em Moçambique. A reflexão apresentada expõe a


urbanização em Moçambique como momento da ocidentalização e como processo que produz uma
realidade urbana específica que contempla a ruralidade; especificidade explicada a partir das
contradições produzidas pela: ocidentalização que procura produzir um espaço que reproduz o modo de
vida determinado pela industrialização e; pela persistência do modo de vida, derivado das sociedades
africanas pré-coloniais, cuja reprodução apóia-se sobre o sistema de linhagem. A coexistência dos dois
modos de vida é organizada e controlada pelo Estado centralizador num movimento de reprodução da
sua hegemonia sobre o espaço. O resultado é um espaço diferencial produto da urbanização desigual.
Nesse contexto, a paisagem da cidade de Nampula revela as desigualdades entre áreas onde o espaço
construído tem características das cidades ocidentais concebidas durante a colonização portuguesa e
aquelas áreas onde a urbanidade é incipiente pela ausência ou deficiência de serviços e infra-estruturas
urbanos. A explicação da urbanização desigual passa pelo entendimento da contradição
transformação/persistência dos conteúdos do urbano. A especificidade do urbano em Nampula ainda é
explicada pela simultaneidade de diferentes lógicas das relações sociais monetarizadas (capitalista);
centrada na solidariedade e integração comunitária (do grupo domiciliar) e; da reprodução das elites no
poder (do Estado). Essas lógicas determinam a coexistência de diferentes modos de acesso à habitação e
ao solo urbano e, através das desigualdades de renda, produzem um espaço urbano diferencial.

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