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A estrutura dissertativo-argumentativa:
proposição, argumentação e conclusão
Um texto dissertativo-argumentativo obedece a uma estrutura sequenciada, isto
é, as partes que compõem essa estrutura devem estar articuladas, e uma
continuidade deve ser estabelecida entre as ideias e informações que são
apresentadas ao longo do texto. Dito isso, essa estrutura é descrita por proposição
– argumentação – conclusão (o atendimento a esse modelo é avaliado pela
competência 2: domínio da estrutura dissertativo-argumentativa, com proposição,
argumentação e conclusão).
É importante lembrar que o texto dissertativo-argumentativo contém traços
dissertativos e argumentativos. Logo, no que diz respeito à sua natureza
dissertativa, deve ser expositivo, quer dizer, deve expor um objeto de análise por
meio de dados objetivos, fatos científicos; e, no que diz respeito à argumentação,
deve centrar-se na defesa de um posicionamento sobre esse mesmo objeto. Sendo
assim, na primeira parte do texto, a que se chama de proposição (ou introdução),
o autor deve apresentar o assunto a ser discutido e seu posicionamento em relação
a ele. Em seguida, na argumentação (ou desenvolvimento), o objeto (assunto,
tema) apresentado e o posicionamento proposto em relação a ele devem ser
analisados à luz de conhecimentos compartilhados, reflexões teóricas e
informações de cunho científico. Nada de novo pode surgir, uma vez que a
discussão a que se limita o texto já foi definida na proposição.
Por fim, na conclusão, o texto deve ser encerrado por intermédio de uma
avaliação do que foi desenvolvido. Não cabe à conclusão a resolução de brechas
ou inconsistências que despontam do desenvolvimento textual. Todas defesas
feitas e informações apresentadas ao longo do desenvolvimento devem ser
encerradas no desenvolvimento, sem que se permita espaço para dúvidas. A
conclusão deve acrescentar algo relevante ao texto, deve, portanto, como qualquer
parte do texto, ser produtiva. Concluir não é repetir o que foi dito, mas suscitar uma
análise crítica do objeto (assunto, tema) de forma sucinta.
Proposta de intervenção
(2) AGENTE (quem/ que instituição deve agir?): os agentes devem ser
públicos, isto é, não podem ser indivíduos, mas sim instituições sociais
(Estado, família, mídia, escola). Não é aconselhável, por exemplo, que se
tome como agente uma única escola citada como exemplo no
desenvolvimento. Os problemas discutidos na redação do Enem são de
cunho coletivo, e, por isso, não se resumem a um problema particular (de
uma escola, uma família, um veículo de mídia). Isso não significa que esse
agente não deva ser especificado. Para que a medida seja praticável, é
preciso deixar claro quem deve agir. Indicar que o “governo” deve agir é
vago. Que instância governamental deve agir? A câmara dos deputados?
O Ministério da Educação? A Suprema Corte? O STF? O Ministério
Público? A Polícia Federal? O poder Executivo, Judiciário ou Legislativo?
esfera nacional, estadual ou municipal?
Já outros agentes são mais amplos e indeterminados, como a “escola”, a
“família”, a “mídia”, a “igreja”, as ONGs. Para se lembrar de alguns
agentes, pode-se usar a sigla GOMIFES:
G O M I F E S
(3) MODO (como pôr em prática?): não basta sugerir uma ação, é preciso
determinar minimamente o modo de executá-la, o recurso pelo qual
ela será posta em prática (campanhas, debates, projetos de lei,
palestras, criação de fundos...)
Detalhamento
O detalhamento é uma exigência da proposta de intervenção. Para além
dos quatro elementos que compõem essa proposta (ação, agente, modo,
finalidade), deve haver um acréscimo de informações à intervenção, ao qual se
chama de detalhamento. O detalhamento é uma especificação da proposta, que
pode assumir a forma de um exemplo, uma citação ou uma explicação mais
minuciosa de um dos elementos constitutivos da ação interventiva (ação, agente,
modo, finalidade). O detalhamento também pode se manifestar por meio do uso
de outra estratégia de conclusão de textos dissertativo-argumentativos
(discussão de perspectivas futuras sobre o problema, retomada da tese a partir
do que foi desenvolvido).
EXEMPLO:
Tema: Caminhos para combater a evasão escolar no Brasil
(a) Ação: criação de políticas de suporte financeiro aos estudantes
necessitados;
(b) Agente: governos federal, estadual e municipal;
(c) Modo: por intermédio da distribuição de bolsas, a partir do
acompanhamento frequente da situação familiar do jovem;
(d) Finalidade: garantir a permanência dos alunos de baixa renda na
escola, já que para atrair o interesse do jovem, é mister, primeiro,
sanar suas dificuldades básicas de alimentação, locomoção e
sustento familiar [detalhamento].