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Capítulo 1.

A sociologia da Ausências e a Sociologia das Emergências: para uma ecologia dos saberes.
Boaventura de Souza Santos

Souza Santos fala de 3 grandes dimensões da emancipação social: a epistemológica, a teórica


e a política, sendo que neste texto ele se atém a dimensão epistemológica.
A emancipação social é um conceito central na modernidade ocidental e traz consigo a tensão
entre regulação e emancipação social.
É interessante notar logo no início do texto de Souza Santos que essa tensão permite/favorece
a mobilidade entre as castas sociais na modernidade, o que não era comumente visto nas
sociedades antigas, nas quais quem nascia pobre morria pobre e quem nascia iletrado morria
iletrado.
Entretanto, é possível ver uma piora nos quadros - mesmo uma mudança nas expectativas. As
reformas, em geral, vêm para piorar as condições de serviços prestados à população e a crise
nos instrumentos que regulam a emancipação social é cada vez mais visível na sociedade,
contrariando os ideais da modernidade: liberdade igualdade e solidariedade/fraternidade.
O nosso tempo é um tempo de transição em que temos de fazer um esforço insistente pela
reinvenção da emancipação social, fugindo de uma visão eurocêntrica e colonialismo e
gerando nossas próprias teorias para que esta emancipação efetivamente ocorra.
A prática social é invisível para uma teoria cega e para uma prática cega a teoria é irrelevante.
Não precisamos de conhecimento novo, precisamos de um novo modo de produção de
conhecimento. Não precisamos de alternativas. Precisamos é de um pensamento alternativo às
alternativas.
Enquanto nos países desenvolvidos estuda-se tanto os países subdesenvolvidos, do Sul
global, quanto a si próprios, aqui no sul global estudamos apenas a nossa própria realidade.
P.21. "Nós trabalhamos sobre nossa realidade; eles fazem o trabalho global, e nós estamos de
certa maneira localizados. é uma divisão de trabalho eficaz nas Ciências sociais, porque depois
as grandes organizações internacionais olham o mundo pelos olhos dos cientistas sociais do
centro, do Norte."

Boaventura fala no novo internacionalismo operário, no qual trabalhadores do mundo todo tem
cinco mercados e tomado ciência das ações ao redor do Globo.

A democracia é uma teoria produzida do Norte tal como conhecemos e não é fácil desenvolver
um projeto internacional fora dos centros hegemônicos, uma vez que há uma grande
dependência dos autores do Norte que tem certa hegemonia sobre os ou global
"Não a ciência pura, a um contato cultural de produção da ciência."
P.23 a objetividade está no método de produção de conhecimento a ciência não está
desvinculada da cultura uma vez que há fatores culturais que estão ligados ao desenvolvimento
científico impossibilitando assim uma neutralidade.
Boaventura fala que as experiências sociais precisam ser conhecidas para que possamos
evitar o desperdício de experiências sociais presente no mundo e as várias alternativas que
temos ao que está posto.
P. 26. "a razão indolente, então, tem essa dupla característica: com razão metonímica contrai
diminui o presente ponto e, com razão política esponja infinitamente futuro."
Para Boaventura precisamos expandir o presente e contrair do futuro isso se parece com o quê
Bauman fala em modernidade líquida quando diz que a like days nas relações no presente
mostrando que na atualidade as pessoas tem se preocupado menos com presente e mais com
o futuro.
As dicotomias parecem simétricas mas escondem diferenças e hierarquias.

para Boaventura a racionalidade ocidental tem buscado a transformação do real e não sua
compreensão.
Comentário: etnometodologia busca uma compreensão do real e não sua transformação
entendendo que todo e qualquer fenômeno social precisa e deve ser estudado e tornando
relevante ainda que ocorra uma única vez.

Cinco modos de produção das ausências nas Ciências sociais:


1. Monocultura do saber e do rigor.
Reduzimos a realidade ao que existe sem considerar as múltiplas realidades existentes em
outros contextos.
Comentário: a etnometodologia a firma de todo e qualquer fenômeno é digno de estudo.

2. Monocultura do tempo linear.


Na linearidade acreditamos que os países e mesmo outras culturas o que são assimétricos em
relação a realidade os países mais desenvolvidos estão mais atrasados.
Pensamos que temporalmente alguns países são mais desenvolvidos.

3. Naturalização das diferenças.


A naturalização das diferenças oculta as hierarquias consequência das diferenças e não a sua
causa
A naturalização das diferenças gera a inferiorização por natureza.

4. Monocultura da escala dominante.


O que é local e o que é global é determinado por uma relação hierárquica e, portanto,
assimétrica.
universalismo e globalização reproduzem a dominação dos pobres e mais fracos pelas classes
dominantes.

5. Monocultura do produtivismo capitalista.


Tudo tem que produzir lucro na lógica capitalista.

É necessário fazer com que o que está ausente esteja presente.


Comentário: seria isso tornar visível?
Boaventura sugere cinco ecologias para que essas experiências ausentes se tornem
presentes.

1. A ecologia dos saberes.


Uma ecologia dos saberes propõe um diálogo entre o saber científico como saber laico, com o
saber popular, com o saber dos indígenas, com o saber das populações urbanas marginais,
com o saber camponês.
Dessa forma evitando-se as hierarquias abstratas de conhecimento tentamos uma concepção
pragmática do saber, de uma maneira não dicotômica.

2. A ecologia das temporalidades.


Embora haja um tempo linear é preciso entender que existem outros tempos. Múltiplas
temporalidades e múltiplas culturas com lógicas diferentes da minha.

3. Ecologia do reconhecimento.
Reconhecer o que é fruto da hierarquia e o que não é.

4. Ecologia da transescala
Analisar como é possível ver através das escalas.

5. Ecologia das produtividades


Recuperação e valorização dos sistemas alternativos de produção, das organizações
econômicas populares, das cooperativas operárias, das empresas autogestionadas, da
economia, etc.

P.37 "entre o nada e o Dudu eu lhe proponho o ainda não."


O que não existe mais está emergindo, um sinal de futuro.

Justiça social global está ligada à justiça cognitiva global.

História boa para ilustrar o conhecimento local como válido: produtores de arroz em Bali.

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