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2015

Conflitos na Relação
Pedagógica: Mediação
de Conflitos
MÓDULO 3 COMUNICAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE GRUPOS
DE FORMAÇÃO
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL DE FORMADORES B-LEARNING
JOANA CORREIA DE BARROS
Origens do Conflito
Existem várias fontes potenciais para o conflito numa situação de ensino-
aprendizagem.
Vamos analisar algumas delas, as internas ao grupo:

 Heterogeneidade de idades, experiência ou escolaridade


As diferenças individuais acentuadas implicam maneiras divergentes de
compreender as realidades, motivações e interesses muito diversificados e
progressões a ritmos variados no processo de aprendizagem.
Constituem, assim, circunstâncias potencialmente geradoras de atritos,
comunicações distorcidas, desmotivação ou expressão de agressividade.

 Luta pela liderança

Alguns dos participantes mais dominantes no grupo, ao disputar os papéis de


liderança podem originar rivalidades e estimular oposições e competição.

 Relação de competição ou de sedução

A natureza do relacionamento entre alguns participantes é suscetível de


comprometer a coesão e o clima positivo do grupo. Quando há sobreposição de
papéis na estrutura do grupo fica difícil gerir as forças internas. É o caso da
participação de irmãos num mesmo grupo. É frequente transporem para a
situação de ensino-aprendizagem a rivalidade ou espírito competitivo da sua
relação no grupo familiar.
Nestes casos, o irmão mais competitivo pode remeter o outro para uma
posição desconfortável, em que o peso da estrutura familiar surge como um
"olho" avaliador do seu desempenho na formação.
Também as relações de sedução intersexos podem conduzir o grupo à
fragmentação ou funcionarem como um ruído de fundo prejudicial à
comunicação pedagógica.

 Características internas de cada Indivíduo

Antes da nova identidade do grupo estar consolidada, o "historial" de cada


um emerge com maior ou menor intensidade, conduzindo a fenómenos de
transferência que determinam o tipo de inter-relações entre os membros do
grupo.
A experiência anterior de frustrações e sucessos, vivida em contextos
similares, é transposta para a nova situação. Assim, o comportamento dos
indivíduos no momento presente pode estar a ser determinado por experiências
desagradáveis que nada têm a ver com a situação de formação em si.
A transferência de modos de relacionamento positivos ou negativos pré-
existentes (tipo de relação que se tem ou se teve com as figuras parentais, com
os chefes, amigos, etc.) para o formador ou outro membro do grupo que tenha
desencadeado essa associação, pode condicionar o clima sócio-emocional na
sala de formação. Este mecanismo é, a maioria das vezes, algo automático,
inconsciente, e por isso mesmo difícil de controlar.

 Relacionamento com a instituição organizadora

As condições físicas e materiais, o espaço e equipamentos destinados à


formação quando não são adequados ou satisfatórios, quer em quantidade, quer
em qualidade, são foco de descontentamento e reações de hostilidade por parte
do grupo ou alguns dos seus elementos.
Infelizmente, acontece com alguma frequência os objetivos delineados para
determinada população não serem os mais efetivos para responder a todas as
necessidades reais dessa mesma população, ou, por outro lado, o tempo
decorrente entre a elaboração de um Programa de formação e seus objetivos, e
a sua implementação prática, tornar esse programa de algum modo
ultrapassado.
A informação, as expectativas criadas nos futuros Formandos, a forma como
o processo de recrutamento foi conduzido, a resolução da situação profissional
após o curso, enfim, todo o nível institucional materializa-se na pessoa do
Formador. Ao estar acessível ao grupo, é quem "dá a cara", quem é
responsabilizado, num primeiro momento, por fatores que, a maior parte das
vezes, lhe são alheios.

 Relação formador-grupo e características pessoais do


formador

O Formador aos olhos do grupo aparece como: a figura paternal, autoritária;


alguém com grande poder económico; o representante da instituição
organizadora; e um professor associado à velha escola.
As características de personalidade do formador, o seu estilo de
relacionamento interpessoal, são marcantes para o tipo de ambiente pedagógico
que se gera na situação de ensino-aprendizagem.
A preparação psicopedagógica, aliada à estrutura da personalidade do
formador, é condicionante para o despertar ou não de conflitos no seio do grupo.
A preparação técnico-profissional do formador é outra variável importante a este
nível.
Estes três fatores - estrutura de personalidade, e preparação prévia, quer
técnica, quer pedagógica - são fundamentais na avaliação que o grupo fez da
pessoa do Formador, enquanto gestor legítimo da comunicação em sala.

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