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O sacrifício de 6 milhões de pecadores

2 de setembro de 2011
O primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, reagiu às declarações de Yossef,
dizendo que “não são dignas da posição do rabino, porque podem atentar
contra a memória das vítimas da “Shoah” (Holocausto), os sentimentos de suas
famílias e de todo o povo judeu”.
Declarações de rabino causam indignação. Líder diz que vítimas do Holocausto
eram “reencarnação de pecadores”
Jerusalém
O líder religioso do partido ultra-ortodoxo Shas, o rabino Ovadia Yossef,
provocou uma onda de indignação no fim de semana em Israel ao afirmar que
os 6 milhões de judeus mortos no Holocausto eram “a reencarnação de
pecadores”. – Os nazistas não mataram gratuitamente esses 6 milhões de
infortunados judeus. Eles eram a reencarnação de almas que pecaram e
fizeram coisas que não deveriam ter feito – afirmou o rabino, durante a sua
pregação semanal, ao anoitecer de sábado, em uma sinagoga de Jerusalém.
Yossef, 79 anos, é uma personalidade de grande influência em Israel. Lidera o
Shas, que conta com 17 deputados na Knesset(parlamento). O apoio do Shas,
terceira força política israelense, é considerado fundamental sempre que algum
partido chega ao poder e precisa fazer coalizões para se sustentar.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, reagiu às declarações de Yossef,
dizendo que “não são dignas da posição do rabino, porque podem atentar
contra a memória das vítimas da “Shoah” (Holocausto), os sentimentos de suas
famílias e de todo o povo judeu”.
– Foram afirmações deploráveis, que só vão agradar aos simpatizantes do
nazismo que ainda existem no mundo – reagiu, indignado, o líder do partido
Shinui, Tommy Lapid.
– Das duas, uma: ou são divagações de um velho senil, e então devem ser
tratadas como tal, para que não provoquem outros prejuízos ao povo judeu, ou
representam a opinião de toda uma comunidade (a sefardita, judeus
?orientais), e isso é alarmante – disse Lapid em uma das rádios israelenses
que passaram o domingo debatendo o tema.
Yossef: rabino é o líder religioso da terceira força política israelense
Por sua vez, o deputado do Likud (oposição de direita) Avraham Hershson
expressou o temor de que as afirmações “sejam exploradas por todos aqueles
que negam a existência do Holocausto”. Israel é hoje o lar de cerca de 230 mil
judeus – e seus descendentes – que conseguiram fugir da Alemanha e dos
países conquistados pelos nazistas antes da II Guerra Mundial.
As declarações polêmicas de Yossef não pararam por aí. No mesmo
pronunciamento, o líder religioso atacou ainda os esforços de paz com os
palestinos realizados por Barak. Yossef acusou o primeiro-ministro de “correr
como um louco atrás dos palestinos”.
– Barak traz serpentes para nosso lado. Está escrito no Talmude que Deus
lamentou ter criado estes árabes – disse.
FONTE: Jornal Zero Hora do dia 7 de agosto de 2000, pág. 24

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