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FLEXIBILIDADE
Uma vez que as ações que compõem os planos têm natureza variada, é necessário distinguir
assuntos que exijam linhas de ação distintas; diferenciar o que depende de ação combinada de
parceiros do que não depende; saber o que deve ser executado antes como pré-condição para
outras ações; e perceber quando é preferível se manter dentro de limites pré-existentes ou
quando é melhor trabalhar na sua ampliação.
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Constatação baseada nos relatórios recebidos para exame pelo Sebrae-SP por ocasião da concessão do
Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor.
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- atentar para o caráter estruturante das iniciativas, isto é, referir-se predominantemente
a ações que criem condições futuras para o desenvolvimento das atividades de maior
potencial;
Embora seja possível lançar mão de diversas providências em várias frentes ao mesmo tempo
sem que exista muita conexão entre elas (e isso é certamente melhor do que não implementar
ação alguma), o desejável para maximizar o resultado possível é que as providências formem
um todo orgânico, isto é, estejam organizadas de forma coerente com determinados objetivos,
práticas, condições e meios. Faz-se necessária a existência de um projeto de desenvolvimento,
no qual a sinergia das ações provoque um efeito conjunto superior à soma de seus efeitos
considerados individualmente, isto é, deve-se evitar a dispersão dos esforços. Além disso, e
especialmente nos casos em que a carência de infra-estrutura é muito grande, a mais
importante das decisões se refere a o que deve ser priorizado. Organicidade e escolha
criteriosa entre prioridades são elementos que costumam estar presentes nos melhores planos
de desenvolvimento que tivemos a oportunidade de examinar.
Não há dúvida que iniciativas implementadas somente em razão de seu caráter social podem
gerar benefícios importantes. No entanto, se elas forem fragmentadas e esparsas, e se não
estiverem voltadas para o aumento da capacitação competitiva da cidade ou região, só
acidentalmente permitirão obter o melhor resultado possível em termos de fortalecimento da
estrutura produtiva que alternativamente se teria com otimização do uso de recursos e geração
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duradoura de benefícios. Considerando que o desenvolvimento da economia local como um
processo --movimento dotado de dinamismo – verifica-se que tais ações não são
necessariamente as mesmas que capacitariam a região para competir em mercados
crescentemente exigentes, cada vez mais competitivos e não raro internacionalizados.
Uma estratégia de boa qualidade supõe ações amplas, e não pontuais, como elementos de um
sistema em constante movimento. Geralmente se trata de operar em várias frentes,
complementares, que devem ser trabalhadas de forma orgânica, isto é, como um conjunto
coerente e bem estruturado. Para isso, é preciso visualizar o quadro inteiro do processo de
evolução econômica local. A concepção das ações deve considerar a forma como elas se
influenciam mutuamente, sua finalidade direta e os objetivos a alcançar. Em outras palavras, a
estratégia deve assumir a forma de um conjunto dotado de um sentido e convergência, ao
invés de ser um aglomerado de ações.
Clareza de objetivos
Embora não bastem para garantir a boa qualidade de uma estratégia, ter objetivos claros e
precisos é um passo importante nesse sentido. Tê-los é condição necessária para que as
ações convirjam e a orientação do conjunto possa ser bem direcionada. Planos com objetivos
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SEBRAE-SP. Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor: guia paulista 2003-2004. São Paulo: Engenho da
Imagem, 2005, pp-65-67.
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claros poderão ou não chegar a bons resultados; planos com objetivos mal definidos
dificilmente permitirão chegar a algum lugar.
Muitas vezes as ações têm de se vincular a várias frentes, mas nunca de forma desordenada
ou independente. Outra vantagem de ter objetivos definidos com clareza é poder evitar
dispersão de recursos e duplicidade de esforços.
A dificuldade em definir os objetivos com clareza é proporcional à sua importância; boa parte
dessa dificuldade tem a ver com a natureza da tarefa: estabelecer objetivos significa fazer
escolhas que podem eventualmente vir a se mostrar erradas e ter conseqüências de difícil
reversão, além de serem vários os atores locais que sofrerão o impacto das decisões. Tais
elementos tornam difícil a fixação de objetivos, mas deixar de considerá-los significará fazer
planos que terão, no final, duvidosa utilidade.
Flexibilidade
Planos têm de se ajustar à realidade sem se descaracterizar, isto é, sem perder o foco. A
opção entre planejar e improvisar significa a escolha entre operar com um esquema de atuação
voltado para o alcance de certos objetivos e agir de forma casual. O planejamento não significa
o engessamento das ações futuras, e sim um esquema referencial para agir. Planos devem ser
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dotados de certo grau de flexibilidade no que diz respeito a formas alternativas de alcançar
certo resultado, e mesmo no que diz respeito a rever metas quando as condições de operação
se mostram diferentes do esperado.
A tarefa de considerar problemas possíveis e ponderá-los é algo que não se deve confundir
com tentativas de adivinhar o que ocorrerá no futuro. Em um mundo no qual o intercâmbio de
informações se torna crescentemente rápido e menos oneroso, a forma de implementar
estratégias tornou-se mais flexível. Antigamente cabia ao agente conceber planos e depois
promover a execução das ações com certo rigor em relação ao inicialmente planejado, mas
hoje em dia mostra-se mais fácil monitorar a implementação à medida que as ações são
executadas, gerindo avanços e recuos conforme a necessidade e promovendo alterações.
Atualmente é possível captar informações sobre metas atingidas com certa regularidade (em
certos casos, de forma contínua) e em tempo de promover as ações corretivas ou
compensatórias necessárias. Planos dotados de flexibilidade dão aos agentes melhores
condições de adaptação; eles devem dar às entidades uma melhor posição para poder fazer
escolhas futuras, e jamais funcionar como elemento engessador das ações. O desafio que se
coloca é o de exercer essa flexibilidade com equilíbrio e sem perder de vista o foco original, isto
é, sem deixar de se orientar pelas intenções que levaram à formulação do plano.
Considerações finais