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ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO “SAL DA TERRA” - WIM WENDERS COM

RELAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

Karine Aparecida Pires1


Marailze Santos Moreira2

O filme “Sal da Terra” é direcionado por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado
com roteiro de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado e David Rosier, elenco de Sebastião
Salgado, produção de David Rosier, fotografia de Hugo Barbier e Juliano Ribeiro Salgado,
edição de Maxine Goedicke, Rob Myers, é de gênero biográfico e Documentário, realizado no
ano de 2014.
O filme retrata a vivência de Sebastião Salgado como fotógrafo, onde presenciou
muitos marcos históricos para a humanidade. Em suas jornadas retratou também a violência e
a miséria no mundo e o como o ser humano pode ser cruel. Em seu trabalho “Êxodos” ele
fotografou pessoas que fogem da violência, pobreza; foram fotos chocantes. Maior parte desse
trabalho foi realizado na África, lá ele presenciou pessoas que passavam fome diariamente,
sem assistência direta, e quando esta existia (por meio dos Médicos sem Frontriras - MSF) era
difícil, devido a quantidade alarmante de pessoas, que poderia chegar a um milhão em poucos
dias. Quando chegava a noite muitos morriam, devido ao frio que chegava a temperaturas
amenas, causando hipotermia. Segundo o relato percebido no documentário, o governo
desviava os alimentos que deveriam chegar até eles e consequentemente, a fome era
inevitável. Qual a relação desta situação com os direitos humanos? Onde esta a dignidade
destes povos? Em que diferem de outras parcelas da população mundial? Onde está a honra de
viver, no caso destes povos? Tudo isso vai contra os Direitos Humanos. A Declaração
Universal dos Direitos Humanos, dispõe em seu artigo 1°, in verbis: “Todos os seres humanos
nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade [grifo nosso].” Sebastião teceu
um comentário que condiz com estudos científicos no que tange á questão de divisão de
alimentos, principalmente entre os países africanos. Cita Sebastião que a fome é apenas uma
questão de má divisão, que se todos trabalhasse juntos não haveriam guerras, assassinatos,
fome, sofrimento e destruição.
O fotógrafo também registrou um crime de genocídio na África, onde uma estrada
inteira onde vários corpos estavam sobre ela, cerca de 250 mil pessoas foram dizimadas.
1
Acadêmica do curso de Direito, 4° período da UniEvangélica – Campus Ceres. Email: kpires000@gmail.com
2
Acadêmica do curso de Direito, 4° período da UniEvangélica – Campus Ceres. Email: marailze@hotmail.com
Entretanto, crianças ficavam órfãs, pessoas desesperadas sem saber o que fazer, passando
fome, sede; várias pessoas que se refugiaram em uma floresta distante do local, para
sobreviver, mas mais tarde foram obrigados a sair dali e desapareceram, Sebastião acha que
foram assassinados. No artigo 2°, I, da mesma declaração supracitada é afirmado que:

Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades


estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de
raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

No artigo 3° é mencionado também que: “Todo ser humano tem direito à vida, à
liberdade e à segurança pessoal.” Ou seja, estão infringindo estas e outras ponderações
presentes na Declaração Universal do Direitos Humanos de 1948. Como foi mencionado, as
pessoas passam fome e sede na região da África entre outros locais, enquanto os políticos,
governantes, que deveriam olhar por eles, desviam e os alimentos não chegam até eles; João
Baptista Herkenhoff (1998) chega ao ponto de dizer que os Direitos Humanos "[...] são
direitos que não resultam de uma concessão da sociedade política. Pelo contrário, são direitos
que a sociedade política tem o dever de consagrar e garantir."
João Baptista Herkenhoff (1998) prefere afirmar que, "por direitos humanos ou
direitos do homem são, modernamente, entendidos aqueles direitos fundamentais que o
homem possui pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que a
ela é inerente.” Isso foge a realidade das pessoas mais pobres, pois por muitas vezes não
terem estudos, não sabem de seus direitos, como foi relatado no documentário, passam fome,
morrem com doenças e não tem atendimento médico, passam sede, não tem uma casa com
conforto, emprego, dentre outros.
Depois de presenciar tais crueldades, cais em profunda depressão, Sebastião e sua
esposa dão início à um outro projeto, o projeto “Gênesis”, onde ele tira fotos de florestas,
animais e meio ambiente que foram quase que intocadas pelo homem, com uma perspectiva
de que ainda há esperança para o homem e para as atrocidades cometidas. Após, ele e sua
família criam um projeto para reflorestar a antiga fazenda da família, nomeado como Instituto
“Terra”, que foi o que revigorou as forças de Sebastião. Hoje o Instituto Terra é um parque
protegido, as águas já voltaram a correr e a fauna voltou.
Os Direitos Humanos visam proteção do ser humano como tal, como ser digno de
qualidade de vida, e a exemplo do documentário, onde o governo simplesmente negligencia a
população, temos um modelo claro de desrespeito aos direitos humanos e ao direitos
fundamentais inerentes ao indivíduo. A humanidade precisa de mais empatia, mais amos e
menos interesses econômicos, mesmo vivendo em um mundo de sistema capitalista,
globalizado e até mesmo, por vezes, alienados.

REFERÊNCIAS

HERKENHOFF, João Baptista. Direitos Humanos: uma idéia muitas vozes. 3ª ed.,
Aparecida/SP: Editora Santuário, 1998.

PURCINO, Bruno. Crítica de Filme | O Sal da Terra. Disponível em:


<www.blahcultural.com>. Acesso: 27/11/16.

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