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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ - CAMPUS

BELÉM
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR I
PROFº. HUMBERTO BRITO
10 JAN. 2023
ANDRÉ FREIRE NASCIMENTO
BIOGRAFIA: FRANCISCO ALVES MENDES FILHO
Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, nasceu no seringal
Porto Rico em Xapuri, no Acre, em 15 de dezembro de 1944, Filho do
imigrante cearense Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes. Começou no
ofício de seringueiro ainda criança, acompanhando o pai em incursões pela mata.
Aprendeu a ler aos 19 anos, já que na maioria dos seringais não havia escolas, e os
proprietários de terras tinham pouca intenção de implantá-las em suas propriedades.
Segundo relato próprio, foi o militante comunista Euclides Távora que o ensinou a ler e
a partir daí o alfabetizou. Na década de 1970, a ditadura militar intensificou a pecuária
na Amazônia, o que acabou gerando conflitos de terras por causa dos danos
ambientais que foram necessários para a geração de pastos. Chico Mendes vendo a
exploração de trabalhadores nos seringais, devido principalmente ao sistema de
aviamento, iniciou sua vida de ativista em 1975 como secretário geral do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Brasiléia, e em 1976 participou da luta contra o
desmatamento utilizando a técnica de "empate”, que consistia em proteger as árvores
com seus próprios corpos. Em 1977 participou da fundação do sindicato dos
trabalhadores rurais de Xapuri, sendo eleito vereador pelo Movimento Democrático
Brasileiro (MDB), assim como também recebe as primeiras ameaças de morte vindas
de fazendeiros. Em 1979, durante seu mandato, promove um foro de discussões entre
lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal de Xapuri, a partir
deste fato, foi acusado de subversão, foi preso e torturado pela ditadura,
seguidamente foi solto, mas sem apoio de políticos locais, não pôde deixar seu caso
público e fracassou em registrar a ocorrência de sua tortura na Polícia. Ajudou a fundar
o partido dos trabalhadores em 1980, no mesmo ano é enquadrado na lei de
segurança como "subversivo" a pedido de fazendeiros na região, alegando que ele
teria incitado o assassinato de um capataz de fazenda por vingança ao assassinato do
presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousas Pinheiro em
1980. Em 1981, assumiu a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até
sua morte. Em 1984, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus e absolvido por falta
de provas. Em 1985, liderou o 1º Encontro Nacional de Seringueiros, durante o qual foi
criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS). Sob sua liderança, a luta dos
seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão
nacional e internacional. Do encontro saiu a proposta de criar uma "União dos Povos
da Floresta", que buscava unir os interesses de indígenas, seringueiros, castanheiros,
pequenos pescadores, quebradeiras de coco e populações ribeirinhas, através da
criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservariam as áreas indígenas e a
floresta, além de ser um mecanismo de promover a reforma agrária desejada pelos
seringueiros. Chico Mendes forjou, uma aliança com os índios amazônicos, o que levou
o governo a criar reservas florestais para a colheita não-predatória de matérias-primas.
Em 1987, recebeu a visita de membros da ONU em Xapuri, denunciando-lhes projetos
que estavam devastando a floresta Amazônica que eram financiados por bancos
estrangeiros, resultou nesses financiamentos suspensos e Chico Mendes recebeu
vários prêmios internacionais por sua luta ambiental. Em 1988, participou da
implantação de reservas extrativistas no Estado do Acre. Após a desapropriação do
Seringal Cachoeira, de Darly Alves da Silva, ameaças de morte contra Chico Mendes se
agravaram, até que foi assassinado em 22 de dezembro de 1988 por Darci Alves, filho
do posseiro Darly Alves.
Chico Mendes viveu boa parte de sua vida sob o regime militar, em uma época em que
tão pouco a pauta ambiental era discutida quanto hoje em dia, se dispôs a denunciar e
impedir crimes cometidos pelas elites agrárias e até mesmo o governo, para preservar
ao máximo a Amazônia, realçando a importância do combate à exploração predatória
e a implementação de um plano de desenvolvimento sustentável, acabou sendo
torturado pelo regime militar por conta dos ideais que defendia que iam contra o
plano de exploração predatória desenvolvido pelo regime, mesmo após o fim do
regime, as ameaças contra sua vida não cessaram, acabou sendo morto devido ao
Estado não ter reconhecido a gravidade e não tomado as medidas possíveis que
impedissem o ocorrido, com os culpados pela sua morte sendo presos apenas sob
pressão nacional e internacional, mostrando que o Estado em sua época pouco se
preocupava com os interesses ambientais, menosprezando a vida de ativistas que
divergissem de seus ideais e até mesmo tentando os incriminar e manchar sua
reputação.

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