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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU
RESULTADOS COMO ESTRATÉGIA
ORGANIZACIONAL. ESTUDO DE CASO
EM UMA AGROINDÚSTRIA
CEARENSE.
Edna Maria Monteiro de Sousa (UFC )
ednamonteiro@hotmail.com
ANA CAROLINA LIMA PIMENTEL (UFC )
ana.carolinapimentel@hotmail.com
Maria Mislene Rosado de Sousa (UFC )
misgeslog@gmail.com
Rogerio Teixeira Masih (UFC )
rogeriomasih@gmail.com
1. Introdução
Este estudo nasceu pelo interesse de implantação de um programa de participação nos
resultados em um estabelecimento fabril de produtos cárneos em Fortaleza-CE, como
estratégia organizacional para o aumento da capacidade operacional de produção. Havia
remuneração variável, mas sem fundamentação científica e sem alcançar todos os objetivos
pretendidos.
No Brasil, somente com a regulamentação da Participação nos Lucros ou Resultados (PPRL),
através da Medida Provisória de 1994 que os Planos tomaram destaque nas estratégias de
remuneração das empresas, principalmente por estabelecer que o valor do incentivo “não
substitui nem complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base
de incidência de qualquer encargo trabalhista ou previdenciário, não se lhe aplicando o
princípio da habitualidade” (MP 1539, 07.08.1997).
A Medida Provisória que instituiu o PPLR, no Brasil, promoveu o debate sobre a
possibilidade de ganho para as partes envolvidas (empregadores e empregados), além de visar
um maior comprometimento dos trabalhadores no sentido de contribuir para o aumento de
produtividade e redução de custos. Além disso, a Participação nos Lucros ou Resultados é um
direito do trabalhador conforme a Constituição Federal, regulamentada pela Lei Nº 10.101 de
19.12.2000.
A Lei Nº 10.101 é reconhecida como instrumento de incentivo à produtividade da empresa,
integrando o capital ao trabalho, sendo vista pelos sindicalistas de forma positiva que vêem o
PPRL uma forma de ganho para o trabalhador, com ampla difusão nas empresas nacionais nos
últimos anos.
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), também abrange este direito do trabalhador,
sendo proibida a recusa de adoção de PPRL por quaisquer das partes quando uma delas tiver
interesse nessa adoção.
Encontramos, no Brasil, diversas razões e objetivos para a implantação de um PPRL ,
induzindo diversas formas de estruturação e utilização.
Segundo, Marinakis (1997) os programas baseados nos lucros aplicam-se melhor nas
empresas maiores, que contam com contabilidade detalhada. Já os programas baseados nos
resultados, se forem aplicados atendendo a melhoras objetivas nos seus processos e produtos,
podem constituir um importante impulso, especialmente nas empresas médias e pequenas.
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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
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Um dos principais fatores para a escolha da Participação nos Resultados é que, nesse caso, os
trabalhadores têm um controle maior sobre o resultado, estimulando assim o esforço
individual e coletivo,bem como a melhoria na qualidade do produto e o uso racional dos
recursos, com consequente redução de desperdício.
O ponto mais importante a ser observado para que este tipo de Programa seja eficaz é a
medição dos indicadores adequados para que não se tenha efeitos indesejados, como metas
impossíveis de serem alcançadas gerando desmotivação ou em metas de fácil alcance que
também podem gerar comodismo dificultando aumento no ritmo de trabalho quando
necessário para otimização da produção.
1.1. Metodologia
A pesquisa apresentada é aplicada, tendo como objetivo gerar conhecimentos para aplicação
prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com uma resolução de um
problema coletivo, com os pesquisadores envolvidos de modo participativo. Quanto à forma
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do resultado positivo obtido pela empresa, o qual o obreiro ajudou a conseguir. Tal
pagamento pode ser decorrente de lei, de norma coletiva, de regulamento de empresa ou do
próprio contrato de trabalho.
Os lucros serão distribuídos aos empregados à medida que forem apurados e na forma
determinada em lei ou pactuada entre as partes, que poderia ser, à primeira vista, semestral ou
anual. O ideal é os lucros serem apurados em razão do resultado do exercício, o que
normalmente é feito no final de cada ano. (Garrido, 1999)
Tendo como objetivo principal motivar os funcionários por meio financeiros, vinculando a
esse incentivo um retorno financeiro também à empresa, vê-se a necessidade de adequar o
melhor tipo de remuneração variável de acordo com o ambiente e o tipo de produção em
questão.
De acordo com Tuma (1999), muitas empresas avançaram para a Administração Participativa,
implementando a PLR, empurradas pela revolução tecnológica e pelo desafio da
competitividade. A abertura dos mercados e a globalização da economia, entre outros fatores,
criaram um ambiente de competitividade que obrigou as empresas a focalizar o planejamento
estratégico em duas prioridades: satisfação dos clientes e aumento da produtividade. Por outro
lado, os impactos da tecnologia da informação simplificaram, e ao mesmo tempo, sofisticaram
as organizações.
Tendo como objetivo principal motivar os funcionários por meio financeiros, vinculando
aesse incentivo um retorno financeiro também à empresa, vê-se a necessidade de adequar o
melhor tipo de remuneração variável de acordo com o ambiente e o tipo de produção em
questão.
Na empresa referente a esse trabalho, dentre os diversos tipos de remuneração variável, optou-
se pela remuneração por desempenho, visando vincular o desempenho à produtividade e à
qualidade dos resultados organizacionais, estimulando o trabalhador na busca do otimização
do seu trabalho e das metas a que se propôs alcançar conjuntamente com a empresa
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(MARRAS, 2002).
Para Silva (2005), indicadores Financeiros (aumento da receita, lucratividade, margem líquida
de vendas, retorno sobre o capital empregado etc.) e não financeiros (indicadores de qualidade
e produtividade, bem como as metas de eficiência administrativa) são os usados para avaliar o
profissional neste tipo de remuneração.
3. Estudo de caso
A empresa em que foi implantado o Programa de Participação nos Resultados pertence a uma
rede de lojas frigoríficas no Ceará, sendo de origem familiar mas com administrações
individualizadas e autônomas. Implantamos o referido programa em unidade fabril de
pequeno porte com 35 funcionários no setor industrial.
Após análise realizada junto com proprietário da empresa, decidiu-se testar o modelo durante
os 03 (três) primeiros meses do ano de 2010, período no qual houve a oportunidade de
analisar se os índices e metas seriam os mais apropriados de acordo com o planejado.
Através de pesquisa documental e observação direta verificou-se que, apesar do pouco grau
de instrução formal dos colaboradores da referida empresa, havia um interesse especial pela
melhoria de sua remuneração.
Esse fato gerava um interesse de todos os colaboradores, com exceção das mulheres, em
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trabalhar no setor de desossa, pois esse era o setor de maior remuneração, sendo esta ditada
pelo mercado de frigoríficos locais.
A dificuldade em organizar os demais setores com colaboradores com maior potencial só foi
realmente possível após a implantação do Programa, pois equilibrou a grande distorção
salarial existente até então.
Para os colaboradores dos demais setores, tornou-se possível efetuar o rodízio da maioria das
atividades, sendo visivelmente verificada a melhoria dos demais processos produtivos.
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Conforme já citado, a meta de produção (em kg), foi calculada pela capacidade de produção e
armazenagem da fábrica. Segundo este critério a premiação é máxima quando atingida a meta
de produção de 20.000Kg/mês, sofrendo redução da seguinte forma:
- 20.000Kg ou mais: 100% da premiação;
- De 18.000Kg a 19.999Kg: 90% da premiação;
- De 16.000Kg a 17.999Kg: 80% da premiação;
- De 14.000Kg a 15.999Kg: 70% da premiação;
- De 12.000Kg a 13.999Kg: 60% da premiação;
- De 10.000Kg a 11.999Kg : 50% da premiação;
- Abaixo de 10.000Kg: 40% da premiação.
Com o atingimento desta meta torna-se possível a participação em processos licitatórios que
demandam grande volume de produção. Aliás, projetou-se a expansão da capacidade
produtiva da fábrica, com investimento em equipamentos e mão-de-obra, visando
principalmente atender esse mercado. Devido a experiências anteriores negativas, a empresa
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retraiu-se e não mais participou de licitações por não ter conseguido atender a demanda,
apesar de possuir potencial fabril para fazê-lo.
3.3.Meta para devolução da mercadoria
A meta de devolução de mercadoria foi estabelecida com base no histórico dos últimos 12
meses, com variação de acordo com a produção total, apresentando como resultando racional
a meta de 0,50%.
Essa meta foi considerada como relevante pelo impacto no custo da produção e por
comprometer a imagem da empresa,bem como para incentivar nos colaboradores a cultura do
controle de qualidade total no processo produtivo, assegurando assim um produto de boa
qualidade com redução do risco de reclamações dos clientes, contribuindo assim para a
segurança alimentar e a boa imagem da empresa.
3.4.Meta para absenteísmo
Devido ao grande impacto causado pelo absenteísmo para o alcance da meta de produção, foi
realizada a vinculação de uma redução no valor equivalente ao prêmio de produção através
desse índice. Outra razão para efetuar esse vínculo resultou da observação do esforço da
equipe para suprir a ausência de algum membro sem comprometer a meta da produção. A
própria equipe considerou justa essa vinculação, sendo assim estabelecida:
- Em caso de uma falta, o colaborador receberá o equivalente a 60% do prêmio de
produção adicionado do prêmio de meta de devolução;
- Em caso de duas faltas, o colaborador receberá o equivalente a 50% do prêmio de
produção adicionado do prêmio de meta de devolução;
- Em caso de três faltas ou mais, o colaborador receberá o equivalente a somente 40%
do prêmio de produção. Como a ausência a partir de 03 dias pode contribuir para o
aumento do risco de comprometimento da qualidade total do produto, não será pago
prêmio por meta de devolução atingida.
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Para testar o modelo de PPRL inicialmente escolhido, decidiu-se pela simulação por três
meses no ano de 2010, para observar sua aplicabilidade, obtendo-se os resultados
apresentados no quadro 2:
Quadro 2 – Resultados obtidos com a simulação do modelo de PPLR
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Ressaltamos que a meta de absenteísmo que ocasiona redução individual na remuneração, está
representada no quadro a seguir de forma geral, pois manteve-se baixa e com ausências
pontuais, auxiliando no gerenciamento da produção.
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Observou-se uma atenção constante dos colaboradores durante todo o processo produtivo,
visando o alcance da meta de devolução. O resultado surgiu gradativamente a cada mês,
demonstrando que a meta é plenamente atingível.
Ressalta-se ainda a necessidade contínua de revisão das metas para não gerar comodismo para
a equipe e a busca também contínua para manter e até aumentar o índice de vendas necessário
para manter o programa rentável para os colaboradores e a empresa.
O impacto financeiro para empresa foi de grande significância, pois resultou em um aumento
de aproximadamente 40% no faturamento total, visto que a participação em processos
licitatórios aumentou a demanda em mais de 50%, tendo possibilitado reforma da
infraestrutura das instalações, proporcionando um melhor ambiente de trabalho, investimento
em capacitação operacional e benefícios gerais.
5. Conclusões
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É possível ainda explorar o tema desenvolvendo novas metas a partir dos referenciais
estratégicas da empresa, uma vez que o trabalho atual determinou metas baseado apenas nos
contratos de venda de curto prazo.
Com uma demanda de tempo maior para elaboração do plano, os colaboradores podem ser
envolvidos, incentivando o trabalho em equipe e o surgimento de idéias totalmente
relacionadas ao processo produtivo , gerando ainda motivação e compromisso maior por parte
dos envolvidos.
REFERÊNCIAS
GARRIDO, Laercio M. Participação nos lucros e resultados. São Paulo: Nobel, 1999.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo. Atlas,2002.
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MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. 2ª edição. São Paulo: Atlas,
2008.
TUMA, Fábia. Participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas:
incentivo à eficiência ou substituição dos salários? São Paulo: LTr, 1999.
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