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Prof. Dr.

Bruno Pena Couto


PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO (PERIODIZAÇÃO)
Encontro Multiesportivo de Técnicos Formadores
Solidariedade Olímpica / COI
Visão Geral

- Importância do Planejamento a Longo Prazo (PLP)


- Modelo Tradicional de Periodização
- Modelos Contemporâneos de Periodização
- Perspectivas futuras do planejamento a longo prazo
Importância do PLP
Planejamento Geral:
Distribuição do volume, da intensidade e das
capacidades que se pretende treinar ao longo de um
período.

Planejamento Detalhado:
Detalhamento dos exercícios, do volume (número de
séries, repetições, distância, ...), da intensidade (% de
1RM, velocidade, ritmo,...) e das pausas.
Importância do PLP
Importância do PLP
- É um mesmo indivíduo que realiza os diferentes treinos
- Um treino exerce influência direta sobre outro
- As centenas de sessões realizas em sequência deveriam ser
planejadas respeitando:
- princípio da sobrecarga progressiva
- princípio da sobrecarga contínua
- calendário de competições
- ...
- Permite um maior alinhamento de toda a comissão técnica
- Facilita a troca de treinador
- Permite uma melhor relação de causa e efeito (treino x
resultado)
- Direciona a formação do atleta das categorias de base
Periodização
Conceitos:

Distribuição planejada do tempo de treinamento em períodos


com o intuito de atingir o maior rendimento possível em um
momento específico.

“Planejamento geral e detalhado do tempo disponível para


treinamento, de acordo com objetivos intermediários
perfeitamente estabelecidos, respeitando-se os princípios
científicos do exercício desportivo.”
(DANTAS, 1998)
Periodização
Objetivos da Periodização:
- Obter o maior desempenho possível no momento adequado

- Diminuir o risco de overtraining


Periodização Clássica
Desenvolvida na antiga URRS

Déc. de 50 Matveev sistematizou o conhecimento


metodológico já desenvolvido

É elaborada a partir de variações ondulatórias das cargas


Periodização Clássica
Variações ondulatória das cargas
– Alternância de estímulos fortes e estímulos moderados.

– Inerente ao volume e à intensidade.

– Objetivo: suportar a enorme carga de trabalho,


aproveitando sempre o fenômeno da
supercompensação (princípio da adaptação) e
necessidade de variação das cargas (princípio da
sobrecarga variável)
Periodização Clássica
Variações ondulatória das cargas

(MATVEEV, 1997)
Periodização Clássica
Variações ondulatória das cargas
• Existem ondas de três graus:
– Ondas pequenas: dinâmica das cargas no microciclo
– Ondas médias: tendências gerais do comportamento
de carga nos mesocilclos
– Ondas grandes: Ondulação geral da carga ao longo
das fases e períodos
Periodização Clássica
Volume x Intensidade
• O incremento do volume (quantidade) desempenha
um papel preferencial na criação de base para
resultados posteriores.

• O incremento da intensidade desempenha um


papel determinante na obtenção de resultados
desportivos à base dos volume assimilados.
Periodização Clássica
MACROCICLO
Subdivisão em períodos:
 Período de preparação / preparatório

 Período de competição / competitivo

 Período de transição / transitório


Periodização Clássica
ETAPAS DA
FORMA
(RENDIMENTO)

TEMPO

AQUISIÇÃO MANUTENÇÃO PERDA TEMPORÁRIA

PREPARATÓRIO COMPETITIVO TRANSITÓRIO


Periodização Clássica
Período de preparação / preparatório
- Básica (maior ênfase em treinos gerais e no volume de treinamento)
Objetivos: Preparar para os treinos específicos, obter um pico mais
elevado e prolongado, reduzir o risco de lesões e aumentar a
capacidade de suportar sobrecargas.

Específica (maior ênfase na intensidade e em treinos específicos)


Objetivo: Preparar para as competições.
Periodização Clássica
Período de competição / competitivo
– Competições fazem parte do calendário de treinamento
(deixam de ser auxiliares para ser o objetivo)
– Aquisição do “pico de desempenho”
– Ênfase sobre a formação específica e discreta participação da
preparação geral.

Para que treinos gerais no período competitivo?


Periodização Clássica
Período de transição / transitório
 Recuperação física (ativa) e mental.
 Fundamental para o caráter plurianual.
 Ênfase em atividades gerais
 Intensidades muito baixas (maior recuperação)
Periodização Clássica
Microciclo

“Sequência de sessões realizadas durante vários


dias e que asseguram a execução conjunta dos
objetivos de uma etapa de preparação.”
(PLATONOV, 2004)
Periodização Clássica
Microciclo
 Combinar fases de estímulo e recuperação para
obter a supercompensação
 Planejamento a curto prazo para atender a
influências internas e externas.
 Flexibilidade para adaptação à imprevisibilidade
internas e externas.

Exemplos: introdutório, ordinário, choque, recuperativo,


pré-competitivo e competitivo.
Periodização Clássica
Mesociclo
“Elemento estrutural da periodização que possibilita
a homogeneização do trabalho executado.”
(Dantas, 1998)
- melhor definição dos objetivos parciais
- maior homogeneidade do no trabalho executado
Duração:
- 21 a 35 dias
- 3 a 5 microciclos

Exemplos: básico da fase básica, básico da fase específica,


estabilizador, controle, pré-competitivo, competitivo,
recuperativo.
Periodização Clássica
Periodização Clássica
CRÍTICAS AO MODELO CLÁSSICO
 Não atende a muitos calendários de competições
 Muitas competições
 Competições muito longas

 Supervalorização do desenvolvimento geral


 Provavelmente só prepara para atividades gerais
 Após muitos anos já se encontra desenvolvida

 Presença do efeito concorrente do treinamento


 Não utiliza toda a reserva de adaptação
 Precedida e comparada com treinos não periodizados
Estrutura Pendular do Treinamento

• Criada por Arosiev e Kalinin (início da déc. de 70)


• Problema: várias competições por temporada
(ex.: tênis, ginástica, etc.)

Necessidade de entrar e sair da melhor forma competitiva


várias vezes na temporada

Impossível realizar uma fase geral e uma fase específica


Estrutura Pendular do Treinamento

• Permanência da valorização dos treinos gerais


• Crença na eficiência da alternância entre treinos
gerais e específicos

Sem separação de predominâncias por fases

• Alternância sistemática de ciclos gerais e


específicas
(FARTO, 2002)
Estrutura Pendular do Treinamento
• Aumento das cargas específicas e diminuição das
cargas gerais
Pêndulo

(DE LA ROSA, 2006)


Estrutura Pendular do Treinamento

• Utilização de dois microciclos:


- Específico
- Regulação (Geral e Recuperação)

• Alternância entre 3 e 6 microciclos

Alternâncias mais curtas Mais competições

Alternâncias mais longas Mais tempo de


manutenção
Esquema Estrutural de Treinamentos de Alto
Rendimento

• Criado por Tschiene (final déc. de 80)


• Problema: muitas competições

Necessidade de manutenção do alto nível de desempenho


durante toda a temporada

• Ênfase em variações ondulatórias das cargas


Esquema Estrutural de Treinamentos de Alto
Rendimento

• Volume e intensidade elevados durante toda a


temporada

• Não existe uma fase na qual o desempenho não é


importante

• Uso contínuo de intensidade elevada e treinos


específicos
Esquema Estrutural de Treinamentos de Alto
Rendimento

• Alternância frequente entre volume e intensidade


Modelos Contemporâneos

Modelo de Cargas concentradas


Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS
Planejamento do treinamento baseado na aplicação de grande
volume concentrado de cargas específicas, seguido por um
período de redução dos volumes.
Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS
• 1- Volume concentrado e crescente
• Redução profunda e prolongada do desempenho
• 2- Condições ótimas de recuperação (redução do volume) e
supercompensação (EPDT).
• Principalmente para atividades de força e velocidade
• Diferentes etapas possuem diferentes objetivos
• Estruturação de sucessões interconexas
• O efeitos retardo de sucessivas cargas concentradas de força pode
durar várias semanas e criar bases condicionantes para outras
capacidades
Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS

A B C

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

S e m a n a s
Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Bloco A
 Volume crescente
 Dificuldade de treinos técnicos e de velocidade (redução de treinos específicos)
 Maior probabilidade de lesões
 Cargas ininterruptas
Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS

A B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Bloco B
 Intensidade alta e crescente (para recuperar não é possível int. e vol. altos).
 Redução do volume até níveis ótimos
 Desenvolvimento das capacidades específicas
Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS

A B C

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Bloco C
 Volume baixo, estímulos de curta duração e intensidade alta

 Competição
Modelos Contemporâneos
PERIODIZAÇÃO EM BLOCOS
• Quanto maior a redução do desempenho (com
segurança), maior será a supercompensação.

• Adequada para atletas de alto nível

• Atletas de alto nível geralmente possuem pouca


treinabilidade (necessidade de aumentar os treinos
específicos e a exigência).

• Evita os efeitos do treinamento concorrente


Estruturação ATR

• Utilização de três tipos de mesocilcos:


- Acumulação
- Transformação
- Realização
Estruturação ATR
• Acumulação (2 a 6 semanas)
- Desenvolvimento de capacidades básicas
(resistência aeróbia, força e coordenação)

•Transformação (2 a 4 semanas)
- Desenvolvimento de capacidades específicas
(resistência aeróbia-anaeróbia ou glicolítica,
resistência de força, técnica e tática, e coordenação)
- Mesociclo mais exaustivo

(ISSURIN, 2010)
Estruturação ATR
• Realização(8 a 15 dias)
- Recuperação
- Preparação para a próxima competição

(ISSURIN, 2010)
Perspectivas Futuras do PLP
Análise Sistêmica do Treinamento Esportivo
Perspectivas Futuras do PLP
Controle do Treinamento

CONTROLE DAS
CARGAS

Monitoramento Ajuste das


das respostas ao próximas
treinamento cargas
Perspectivas Futuras do PLP
Tipos de Controle:
• Controle Direto, Operacional e Periódico

(CLAUDINO et al., 2012)


Perspectivas Futuras do PLP
Análise Sistêmica do Treinamento Esportivo
Planejamento a Longo Prazo

OBRIGADO!
brunopena@yahoo.com.br

Encontro Multiesportivo de Técnicos Formadores


Solidariedade Olímpica / COI

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