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REVISTA MAÇÔNICA DIGITAL


A MAÇONARIA! ACÁCIA
A Maçonaria, essa nossa antiga
fraternidade que remonta a Publicação Mensal GRATUITA
tempos imemoriais, é um caminho ANO 6 – Nº 61 – JANEIRO 2024
de busca pela verdade e
iluminação. Somos convidados a Administração:
embarcar em uma jornada interior
e exterior em busca de Wagner Tomás Barba
conhecimento, sabedoria e
(L376)
autoaperfeiçoamento.

No coração da Maçonaria está o


simbolismo da luz. Desde os
tempos antigos, a luz tem sido
vista como um símbolo de conhecimento, verdade e Joaquim Domingues Filho
compreensão. Assim, somos incentivados a buscar a luz da (L547)
sabedoria, a iluminar as trevas da ignorância e a enxergar
além das aparências superficiais da vida.
Conselho
Nossa jornada maçônica é pontuada por nossos rituais, Omar Téllez (L329)
cerimônias e ensinamentos simbólicos, todos destinados a Alessandro Zahotei (L605)
transmitir lições profundas sobre moralidade, filosofia e Paulo da Costa Caseiro (L512)
espiritualidade. Cada grau maçônico oferece novas André Luís Almeida Nascimento (L188)
perspectivas e desafios, convidando os iniciados a refletir Cláudio Sérgio Foltran (L184)
sobre seu próprio lugar no universo e sua responsabilidade
Paulo Fernando de Souza (L547)
para com os outros.
Francisco Assis Javarini (L595)
Além disso, a Maçonaria valoriza a fraternidade e a
comunidade. Nos reunimos em lojas, para compartilham Editor, Criador, Jornalista Responsável.
ideias, experiências e apoio mútuo. Nossas reuniões não Wagner Tomás Barba (L376)
apenas fortalecem nossos laços de fraternidade, mas MTB 67.820/SP
também oferecem oportunidades para o crescimento
intelectual e espiritual. ATENÇÃO:
Os Artigos assinados são de
Ao longo de nossa jornada maçônica, somos desafiados a responsabilidade de seu autor e não
cultivar virtudes como tolerância, compaixão e justiça. refletem, necessariamente, o pensamento
Somos encorajados a agir com integridade e a buscar a do Editor, Administração ou Conselho.
verdade em todas as suas interações com o mundo. Esta Revista está sendo enviada para
mais de 7.000 (Sete mil) Irmãos e as
A busca pela verdade e iluminação através da nossa propagandas são totalmente gratuitas.
Instituição é uma jornada pessoal e contínua. Não há um O objetivo desta Revista é integrar
destino final a ser alcançado, mas sim uma constante busca os Irmãos e levar mais conhecimento
pelo conhecimento e pela compreensão mais profunda do maçônico.
universo e de si mesmo. É uma jornada que desafia, inspira
e transforma aqueles que têm a coragem de empreendê- REVISTA GRATUITA
la. PROPAGANDAS GRATUITAS
Ir Joaquim Domingues Filho
Eminente GRÃO MESTRE Adjunto da GLESP
E-Mail:
Membro da ARLS Uniao e Lealdade, 547 GLESP
Or de Osasco/SP revista.acacia13@gmail.com
Administrador da Revista Acácia www.revistaacacia.com.br

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Ir Evandro de Almeida Gouveia Sobrinho
ARLS Estrela do Sul nº 54
Or de Salvador/BA GLEB

Busco vos remeter a uma reflexão intencionada,


direcionada para um pensamento pessoal e que se submete a ser
confrontado com outros pensamentos, próprios pessoais e coletivos, na
busca de uma maior e melhor compreensão, proporcionando maior
capacidade na eleição de valores e de assumir posicionamentos num
mundo cada vez mais complexo e mutável.

Evidencio a existência de pessoas que prezam


pela satisfação das necessidades intelectuais em detrimento daquelas que
são materiais.

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Como nos lembra Baltasar Gracian, “Tudo
alcança a perfeição, e tornar-se uma verdadeira pessoa constitui a maior
perfeição de todas. Fazer um sábio no presente exige mais do que se exigiu
para fazer 7 no passado. E atualmente é preciso mais habilidade para se
lidar com um só homem do que antigamente com todo um povo”.
Ninguém nasce perfeito. Deve se aperfeiçoar dia a dia, tanto como pessoa
quanto como profissional e cidadão. Até se realizar por completo, repleto
de dotes e de qualidades. Sendo reconhecido pelo seu peculiar gosto,
inteligência aguda, intenção clara, discernimento maduro. Alguns nunca
se realizam, pois falta-lhes sempre mais alguma coisa. Alguns outros
requerem um longo tempo para se formarem. O homem mais completo e
complexo é sábio na expressão, prudente nas ações e cuidadoso com
omissões. Habitualmente é bem aceito e normalmente convidado para
privar do seleto grupo daqueles desejados para o convívio, trabalho e
celebrações.

Contrariando a René Descartes ouso a discordar


da sua célebre afirmação de que “Inexiste no mundo coisa mais bem
distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem
provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro
aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem”.

Acredito fervorosamente de que o poder de


julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, (bom senso
ou razão) é extremamente desigual entre os homens; e, assim sendo, de
que a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem
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alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos nossos
pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas
coisas. É insuficiente ter o espírito bom! É mais importante aplicá-lo bem. As
maiores almas podem ser capazes de possuírem e buscarem satisfazer os
maiores vícios, bem como também das maiores virtudes. Aqueles que
perseveram em andar muito devagar tem a maior capacidade de poder
avançar mais (se mantiverem sempre o caminho reto) do que aqueles que
correm e dele se afastam.

João Calvino nos advertiu que: “A doutrina que


é apresentada a nós em nome de Deus, para ser o alimento de nossas
almas, será corrompida pelo
diabo, se ele puder; mas,
quando ele não pode destruí-
la, ele mistura algo com ela, a
fim de levá-la a ser desprezada,
e destruir o nosso
conhecimento da vontade de
Deus”. Como isso é possível, é
estranho, que homens capazes
de ensinar belos e profundos
ensinamentos aos outros
também os leve para tal
ignorância grosseira e bestial.
Se hoje em dia, vemos homens
tornarem irracionais, depois de
terem conhecido a verdade de
Deus, e se tornarem destituídos
de razão, devemos saber que
Deus nos concedeu a
inteligência, a razão, o
discernimento e o bom senso,
para que assim, possamos
magnificar a Sua Palavra, e nos
levar a sentir a sua Majestade.

Por fim encerro afirmando que devemos agir


como o personagem inominado e dissonante do “Mito da caverna” de
Platão o qual, após ter conseguido distinguir entre o aparente e a sua
essência, e reconhecido o que está por detrás das aparências e dos
fenômenos, teve a elevação da alma e então retornando para os seus
companheiros buscando compartilhar esse conhecimento obtido por tão
duras penas.

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Ir Charles Evaldo Boller
ARLS Apóstolo da Caridade nº 21
GLP – Grande Loja Maçônica do Paraná - CMSB
Or de Curitiba/PR

Para o obreiro tornar-se motivado deve agir da


forma como Domenico de Masi afirmou: agir como se "não sabe se está
trabalhando, aprendendo ou se divertindo". Onde trabalho é parte
importante da vida, fornecendo sustento financeiro e oportunidades de
crescer profissionalmente; onde estudar é jornada contínua que ocorre ao
longo da vida; onde a diversão desempenha papel importante para
manter a saúde mental e emocional; onde se destaca a importância de
equilibrar essas três atividades para desfrutar da vida com qualidade. Visto
a partir dessa ótica, na Maçonaria, é interessante que o trabalho dentro da
oficina maçônica, torne-se atividade lúdica, onde no maçom desperta o
desejo de se fazer presente em todas as oportunidades para trabalhar em
si mesmo.
7
A influência do grupo sobre o indivíduo é
fenômeno complexo estudado na Psicologia Social, Sociologia e
Antropologia, onde a origem
dessa inclinação natural,
comumente é debitada a várias
teorias e conceitos como: a
Psicologia Social, onde os
indivíduos tendem a se conformar
com as normas e expectativas de
um grupo, mesmo que isso
signifique ir contra suas próprias
crenças ou julgamentos; a
Identidade de Grupo que parte da
teoria da identidade social, onde
as pessoas categorizam a si
mesmas e derivam parte de sua
identidade e autoestima; a
Polarização do Grupo que influi
nos membros de um grupo a
compartilharem opiniões ou
atitudes semelhantes; onde as
Normas Sociais aplicam regras que
regem o comportamento
aceitável do indivíduo dentro de
um grupo ou sociedade; e a
Pressão Social sobre o indivíduo
que se manifesta de diversas
formas, incluindo aprovação,
desaprovação, elogios, críticas e
até mesmo coerção. Assim, as
pessoas, muitas vezes, cedem à pressão social para evitar conflitos ou para
sentirem-se aceitas. A Teoria da Psicologia Evolutiva explica que a
tendência de os seres humanos serem influenciados pelo grupo tem raízes
na própria evolução das sociedades. A cooperação do indivíduo dentro
de grupos sociais conferiu vantagens adaptativas ao longo da história da
evolução humana, assim, a influência do grupo sobre o indivíduo é
fenômeno complexo afetado por interação de fatores psicológicos, sociais
e culturais. A compreensão desses fatores é essencial para entender por
que os maçons acabam adotando comportamentos, crenças e valores
conforme à loja a qual pertencem, e, assim, aprendem e se influenciam uns
com os outros.

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Quem ensina que a raiz quadrada de 4 é igual a
2 é o professor de escola, mas quem ensina na Maçonaria é o próprio
obreiro. Não existe a figura do professor na Maçonaria. Todos são
autodidatas. Dessa forma, a Maçonaria promove a autoeducação a partir
do
autoconhecimento e
potencial de cada
um. Em presença do
livre arbítrio, no
Universo inteiro,
apenas o próprio
indivíduo muda a si
mesmo, se assim ele o
desejar. E isso
acontece dentro da
loja que o maçom
frequenta
aproveitando-se da
característica natural
interna gravada no
seu DNA, em milênios
de evolução social.
Cada loja é uma
célula independente,
onde cada maçom se
autoconstrói e evolui segundo a sua vontade e conforme a sua
capacidade intelectual. É dentro da oficina que se levantam templos à
virtude, no plural, porque um obreiro influencia o outro e todos crescem
juntos. Cada um é professor de si mesmo e dos outros. Como cada maçom
é internamente um templo, o processo de mudança individual exige a
presença dos outros templos, que são os outros irmãos. A atividade é
coletiva, realizada em conjunto. Um depende do outro, daí a criação do
ambiente próprio dentro do templo onde a mudança ocorre, tudo
dependendo da vontade individual. E assim acontecem fenômenos de
mudança que parecem magia, mas é resultado da simples convivência
em ambiente apropriado e mediante o debate da filosofia maçônica. O
que cada maçom cria nesse meio é extremamente cativante e motivador,
pois, como afirmava Domenico de Masi, "a criatividade baseia-se na
incerteza: o criativo erra muitas vezes, mas quando acerta, revoluciona"!
O valor agregado nas sessões maçônicas onde o maçom filosofa produz
aprendizagem com aplicação prática diária. Em sendo adulto, aprende o
que realmente precisa e quer saber; um homem assim vai diretamente ao
ponto que o interessa. A atividade ritualística e intelectual o leva ao
processo denominado Metacognição, que é a capacidade de pensar
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sobre a maneira de resolver problemas e reagir com rapidez aos processos
de mudança cada vez mais rápidos da tecnologia e de aspectos culturais.
Com isso o maçom obtém valores nos campos espiritual, financeiro, social
e na maneira de conduzir a vida. Ao mudar a si mesmo ele muda àqueles
que com ele se relacionam, e os outros só mudam depois que ele se
modifica, e, assim, torna feliz a humanidade pelo amor.

O que se faz na loja é o trabalho constante em si


mesmo ao cavar masmorras aos vícios, algo dentro de cada um que
prejudica e que apenas o próprio autor consegue remover. As masmorras
também são escritas no plural, porque a ação vem de dentro, mas a
influência pode vir de fora, do modelo e do desejo de ser aprovado pelo
grupo para sentir-se bem. Um maçom ajuda o outro a cavar cárceres para
aprisionar os próprios defeitos, e, com isso, influencia os demais a fazerem
o mesmo. Isso cria um ambiente fraterno onde o amor realiza a grande
mágica que faz aqueles homens, que já são bons, a se aperfeiçoarem
ainda mais, de acordo com o projeto criativo do Grande Arquiteto do
Universo.

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Ir Carlos Roberto Pakuczewsky
ARLS Templários da Arca Sagrada, 90
GOSC – COMAB
Or de Blumenau/SC

Originário da Escola Filosófica Platônica, o mito


tem enorme influência na Maçonaria por traçar uma analogia com a
questão do “Conhecimento” (iluminação da mente) de forma bastante
análoga aos moldes ritualísticos amplamente defendidos pela Ordem.
Devido ao seu forte apelo e pela profunda lição que transmite, esse mito
vem se mantendo através dos milênios, oferecendo-nos uma diversidade
de interpretações.

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O mito foi escrito pelo filósofo Platão e se
encontra na obra intitulada “A República” (livro VII), uma coletânea de dez
livros, escritos entre 380-370 a.C. que trata da organização da Cidade
fictícia de Kallipolis, que significa "cidade bela", onde são questionadas a
organização social, teoria política e filosofia.

O tema central da obra é a justiça, o livro é


escrito na forma de diálogo e narrado na primeira pessoa, pelo
personagem “Sócrates” em homenagem ao grande filósofo do qual Platão
foi aluno e discípulo.

A alegoria da caverna, como também é


conhecida, é uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia,
em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se
encontrava a humanidade na época de Platão. O curioso é que apesar
de passar mais de dois mil anos e dos avanços que a humanidade
alcançou, a alegoria continua cabendo na medida certa para os tempos
atuais.

O MITO

Imaginemos uma caverna subterrânea, onde


desde a infância, geração após geração, seres humanos estão
aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo
que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas
para a imensa parede de pedra à sua frente, não podendo girar a cabeça
nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que
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alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semiobscuridade,
enxergar o que se passa no exterior.

A luz que ali entra provém de uma imensa e alta


fogueira externa. Sabe-se que há alguém e alguma coisa fora da caverna,
porque os prisioneiros enxergam projetadas na parede à sua frente as
sombras (vultos) de pessoas transportando animais e objetos passando lá
fora, de um lado para outro, que para os prisioneiros parecem estatuetas
formadas com as sobras projetadas na parede, uma espécie de teatro de
marionetes. Há um caminho ascendente e íngreme para subir até chegar
na porta da caverna.

Por causa da luz da fogueira e da posição


ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna
as sombras das estatuetas em movimento, mas não podem ver as próprias
estatuetas, nem os homens que as transportam.

Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros


imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não
podem saber que são imagens projetadas e nem que há outros seres
humanos reais fora da caverna. Também não podem saber o que
enxergam, porque toda a luz que conhecem e imaginam é a pouca
luminosidade que reina na caverna.

“O mito da caverna serve para qualquer ser


humano a qualquer tempo porque o nosso
conhecimento é limitado enquanto as possibilidades
de conhecimento são infinitas.”
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Que aconteceria indaga Platão, se alguém
libertasse um prisioneiro? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro
lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos acorrentados,
olharia para o caminho íngreme até a porta da caverna, as estatuetas e a
fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a
caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e percorrendo o difícil
caminho ascendente. Num primeiro momento ficaria completamente
cego e ofuscado, pois a fogueira que via, na verdade não era fogueira,
mas a luz do sol. Depois, acostumando-se com a claridade, entenderia que
os vultos que via, são na realidade homens, animais e objetos reais e não
estatuetas como pensava. Prosseguindo no caminho, descobriria que
durante toda a sua vida, não vira nada senão sombras de imagens e que
somente agora estaria contemplando a própria realidade. Liberto e
conhecedor de um novo mundo real, o prisioneiro regressaria à caverna,
ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria
libertá-los.

Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais


prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e se não
conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo
espancando-o e se mesmo assim ele teimasse em afirmar o que viu e os
convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas,
quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais,
também decidissem sair da caverna rumo à realidade.

A Mensagem

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O mito da caverna, serve para qualquer ser
humano a qualquer tempo porque o nosso conhecimento é limitado,
enquanto as possibilidades de conhecimento são infinitas. Para o filósofo,
esta foi a forma de descrever a situação geral em que se encontra a
humanidade. Todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente
e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição humana,
escrita há quase 2500 anos, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos
tempos afora. A mais recente delas é o livro de José Saramago A Caverna.

A Condição Humana

Platão viu a maioria da humanidade condenada


a uma infeliz condição: todos presos desde a infância no fundo de uma
caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes da ignorância que os
atavam e os forçavam a olhar sempre para a parede à sua frente,
permitindo que enxergassem somente o que os seus cinco sentidos
pudessem captar com a escassa iluminação vinda de fora da caverna. É
assim que vivem os homens, concluiu ele. Acreditam que as imagens
fantasmagóricas que apareciam ante seus olhos (que Platão chama de
ídolos) são verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua
existência é pois, inteiramente dominada pela ignorância (agnóia).

Libertando-se dos grilhões

Se por um acaso, segue Platão na sua narrativa,


alguém resolvesse libertar um daqueles pobres diabos da sua pesarosa
ignorância e o levasse ainda que arrastado para longe daquela caverna,
o que poderia então suceder-lhe? Depois de aclimatado e adaptado à luz,
ele iria aos poucos desvendando o mundo real, como se fosse alguém que
lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e finalmente,
uma infinidade outra de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim,
ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo,
totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. O universo da
ciência (gnose) e o do conhecimento (episteme) por inteiro se
escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embevecer-se com
o mundo das formas.

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AS ETAPAS DO SABER

Com a metáfora do mito da caverna, Platão nos


mostra que é sempre doloroso chegar ao conhecimento, tendo-se que
percorrer caminhos difíceis e bem definidos para 16lcança-lo, pois romper
com a inércia da ignorância (agnosis) requer sacrifícios. A primeira etapa a
ser atingida é a da opinião (doxa), quando o indivíduo que se ergueu das
profundezas da caverna, tem seu primeiro contanto com as novas e
imprecisas imagens exteriores. Nesse primeiro instante, ele não as consegue
captar a totalidade, vendo apenas algo difuso a flutuar a sua frente. No
momento seguinte, porém, persistindo em seu olhar inquisidor, ele
finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis
bem definidos. Ai então ele atingirá o conhecimento (episteme).
Essa busca não se limita a descobrir a verdade dos objetos, mas algo bem
mais superior, chegar à contemplação das ideias morais que regem a
sociedade, o bem (agathón), o belo (to kalón) e a justiça (dikaiosyne).

O Mundo Visível e o Mundo Inteligível

Há, pois, dois mundos: o mundo visível, aquele em que a maioria da


humanidade está presa, condicionada pelo lusco-fusco da caverna,
iludida que as sombras são a realidade; e o Mundo inteligível, privilégio de
alguns poucos que conseguiram superar a ignorância em que nasceram e
rompendo com os ferros que os prendiam ao subterrâneo, ergueram-se
para a esfera da luz em busca das essências maiores do bem e do belo
(kalogathia).

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O mundo visível é o império dos sentidos, o
chamado mundo sensorial, captado pelo olhar, pelos sentidos e dominado
por uma tosca subjetividade, crenças e costumes mal explicados. É o
território do homem comum (demiurgo) preso às coisas do cotidiano.

Já o mundo inteligível é o reino da inteligência


(nous) percebido pela lógica e pela razão (logos), é a seara do homem
sábio (filósofo) que se volta para a objetividade e para a ciência,
descortinando um universo diante de si.
O Desconforto do Sábio

Platão então pergunta (pela boca de Sócrates,


personagem central do diálogo), o que aconteceria se este ser que
repentinamente descobriu as maravilhas do mundo dominado pela luz do
sol ou seja: o fabuloso universo inteligível, descesse de volta à caverna?
Como ele seria recebido?

O recém-vindo de fora, certamente seria


hostilizado por todos. Dessa forma, Platão traçou o desconforto do homem
sábio quando é obrigado a conviver com os demais homens comuns que
não acreditam nele e não o levam a sério; imaginam-no um excêntrico, um
extravagante, quando não um rematado doido, destino comum a que a
maior parte dos cientistas, inventores, e demais revolucionários do
pensamento tiveram que enfrentar ao longo da história.

As Alternativas

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Deveria por isso o sábio então desistir? O riso e o
deboche com que invariavelmente é recebido fariam com que ele
devesse se afastar do convívio social? Quem sabe não seria preferível que
ele se isolasse em um retiro solitário com as costas voltadas para a cidade.
Hostil à ideia da vida monástica ao estilo dos pitagóricos, Platão foi incisivo:
“o conhecimento do sábio deve ser compartilhado com seus semelhantes,
o sábio deve estar a serviço da cidade”.

O filósofo cheio de sabedoria e geometria que


leva uma existência de eremita, acreditando ser um habitante das ilhas
afortunadas do saber, de nada serve. Isso porque a lei não se preocupa
em assegurar a felicidade apenas para uma determinada classe de
cidadãos (no caso, os sábios), mas sim se esforça para "realizar a ventura
da cidade inteira". A liberdade que o conhecimento oferece aos seus
portadores, devem servir para fortalecer todo o conjunto da cidade e do
Estado (comunidade).

O Governo dos Sábios

Platão não ficou apenas na recomendação de


que os sábios devem socializar o conhecimento, ousou ir além. Consciente
de que os filósofos por natureza não são "apressados para chegar ao
poder" e sabendo perfeitamente distinguir o visível do inteligível, a imagem
da realidade, o falso do verdadeiro, inferiu que os sábios deveriam ser
chamados para a regência das sociedades.

A presença deles impediria as intrigas, as


oposições e as intermináveis lutas internas tão comuns entre os diversos
pretendentes rivais, "gente ávidas pelos bens particulares", sempre em luta,
divergindo com espadas, na tentativa de ficar com o poder.

O governo da cidade cabe pois, aos mais


instruídos e aos que manifestam mais indiferença ao poder, ainda que seja
a característica do sábio o desprezo pelos cargos públicos, pela simples
razão deles terem sido os únicos a terem vislumbrado o bem, o belo e o
justo.

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OS DOIS MUNDOS DE PLATÃO

Mundo visível (sensorial) Mundo Inteligível (invisível)


A sua geografia limita-se ao espaço sombrio da É todo universo fora da caverna, o espaço
caverna composto pelo ar e pela terra
Caracteriza-se pela escuridão, é um mundo de Dominado pela claridade exuberante de Hélio, o
sombras, de lusco-fusco, de imagens imprecisas Sol que tudo ilumina com seus raios esplendorosos,
(ídolos). permitindo a rápida identificação de tudo,
alcançando-se assim a ciência (gnose) e o
conhecimento (episteme).

Nele o homem se encontra encadeado, Plenitude do homem liberto da opressiva caverna,


constrangido a olhar só para a parede na sua podendo investigar e inquirir tudo ao seu redor
frente, ficando com a mente embotada, conhecendo enfim as formas perfeitas.
preocupando-se apenas com as coisas
mesquinhas do seu dia-a-dia.
Homem dominado pelas sensações e pelos Homem orientado pela inteligência (nous) e pela
sentidos mais primários. razão (logos).
Em situação de desconhecimento e ignorância Em condições de cultivar a sabedoria e a busca
(agnosis). pela verdade e pelo ideal da junção do bem com o
belo (kalogathia).
Condição do o homem comum. Condição do filósofo (e do sábio).

A alegoria da caverna, trata-se da


exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão
que nos aprisiona através da luz da verdade. Platão referia-se aos seus
contemporâneos com suas crenças e superstições, o que aliás, ainda é
uma realidade atual.

O filósofo era tal como um fugitivo que se evadia


das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e,
partindo em busca da verdade, consegue apreender um mundo mais
amplo. Ao falar destas verdades para os homens que as desconhecem,
não apenas não seria compreendido, como tomado por mentiroso, um
corruptor da ordem vigente. É preciso relembrar, que Sócrates, fora
literalmente condenado a morrer envenenado por “corromper” a
juventude de Atenas com esse tipo de ideias “esdrúxulas”.

Platão nos ensina ainda que os nossos sentidos


nos ditam apenas sombras projetadas de uma realidade bem maior obtida
através do estudo, do conhecimento, do esclarecimento. Deixa-nos várias
lições para o nosso dia-a-dia como:

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 - Quando estamos aprisionados, o que achamos ser real, nem sempre
é real, precisamos adquirir a sabedoria para enxergar mais e melhor,
desacorrentando-nos do nosso mundinho e buscando o
conhecimento e a compreensão para além do nosso mundo
sensorial.

 - Platão também nos fala do mundo espiritual, de cuja percepção


errônea os homens construíam seus deuses-homens (Ídolos), quando
em verdade se tratavam de homens comuns, apenas transitando
numa dimensão distinta da qual teriam as pessoas, contato apenas
com as sombras.

“Livre é o homem que pensa e tem poder para


determinar o próprio destino.”

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Em uma noite repleta de elegância e alegria, foi
realizada uma festa de jantar dançante em honra ao trigésimo terceiro aniversário da
ARLS Fraternidade Acaciana do Oriente de Sorocaba/SP.

Fundada em 16 de novembro de 1990 por uma notável


assembleia liderada por João do Carmo Leite, Ari José Brandão, Roberto Bento Wolf,
Pedro Luiz Sanches, Manuel Ferreira, Odair Custódio de Almeida, Mário da Costa
Marques Filho, Walter Gemignani e Nedir Lopes, esta loja maçônica orgulhosamente é
jurisdicionada à GLESP - Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.

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Sob os olhares atentos dos dignitários, Ir Alfredo Celso
Piffer, atual Venerável Mestre, e Ir
Lucas Tadeu Cordeiro de Sanctis,
Presidente da AFA - Associação
Fraternidade Acaciana, o evento
ocorreu em 25 de novembro de
2023, no salão nobre do Ipanema
Clube, onde mais de trezentas e
cinquenta pessoas se reuniram
para celebrar, incluindo membros
da Fraternidade Acaciana, seus
familiares, irmãos de outras lojas
maçônicas e convidados
especiais.

O
prestígio do evento foi evidenciado
pela presença do Ir Joaquim
Domingues Filho, Eminente Grão-
Mestre Adjunto da Grande Loja
Maçônica do Estado de São Paulo
e do Ir Marcel Augusto Marangon, Delegado da 11ª Região Maçônica.

A coordenação meticulosa do evento ficou a cargo de


uma equipe dedicada composta pelos IIr Wilson Ricardo Colenci Silva, Jefferson
Lunardon Ruiz, Marcelo Sanches Ribeiro, Lucas Tadeu Cordeiro de Sanctis e Alfredo
Celso Piffer. A atmosfera festiva foi impulsionada pela energia contagiante da Banda
Paraphernalia, enquanto as diretrizes foram habilmente conduzidas pela cerimonialista
Priscilla Gusmão.

Além das festividades, um momento de solidariedade


marcou a noite com a distribuição de doações para instituições beneficentes. A Dra.
Emanuela Oliveira de Almeida Barros, Presidente da AFISSORE - Associação de Fissurados
Lábio Palatais de Sorocaba, e a Sra. Maria Cristina Rodrigues Batista, Vice-Presidente da
Fraternidade Feminina Acaciana, receberam contribuições generosas.

A Sra. Eloina Patto Pinho Vieira de Camargo,


coordenadora do Projeto Naninhas do Bem de Sorocaba, aproveitou a oportunidade
para expressar sua gratidão aos Srs. Alfredo e Lucas pelo apoio incansável ao projeto,
entregando certificados de reconhecimento.

O baile encerrou-se às 2 horas da manhã, deixando um


sabor de desejo por mais momentos memoráveis. Todos aguardam ansiosamente para
celebrar o próximo aniversário da Acaciana no próximo ano.

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É com imenso orgulho e satisfação que a equipe da Revista Maçônica
ACÁCIA se une à comunidade maçônica para celebrar o 33º aniversário
da Loja Maçônica Fraternidade
Acaciana, Or de Sorocaba.
Desde a sua fundação, esta
venerável instituição tem sido um
farol de luz, fraternidade e
excelência para seus membros e
para a sociedade em geral.

Ao longo das décadas, a


Fraternidade Acaciana tem
mantido firmemente os princípios
e valores da Maçonaria,
promovendo a união fraternal
entre seus membros, o
aprimoramento pessoal e
intelectual, e o serviço
desinteressado à humanidade.

Neste marco significativo de 33


anos de existência, é importante
reconhecer e celebrar as muitas
conquistas e contribuições da
Fraternidade Acaciana para a
comunidade maçônica e para a
sociedade em geral. Seja através
de suas obras de caridade, de
seus eventos educacionais e filosóficos, ou de sua presença ativa na
comunidade, a Fraternidade Acaciana tem deixado uma marca indelével
que continuará a inspirar e influenciar as gerações futuras.

Nossos mais calorosos parabéns ao Venerável Mestre, Oficiais, e a todos os


membros da Loja Maçônica Fraternidade Acaciana por alcançarem este
notável marco. Que os próximos anos sejam de ainda mais crescimento,
sucesso e realização, à medida que continuam a trilhar o nobre caminho
da Maçonaria, guiados pela luz da verdade e da fraternidade.

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