Você está na página 1de 9

05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

Direito do Consumidor
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Responsabilidade civil nas relações de consumo,
excludentes do nexo de causalidade, fato do produto e vício
do produto

Continuando a aula passada: trabalhamos com conceitos básicos de


responsabilidade civil. Trabalhamos com teoria da culpa, teoria do risco,
explicamos a responsabilidade subjetiva, a objetiva, traçamos conceitos
elementares. Paramos na exclusão do nexo de causalidade.

Para que haja responsabilidade civil precisamos dos elementos básicos:


conduta, nexo de causalidade e dano. Quando trabalhamos com responsabilidade
objetiva ou subjetiva, estamos trabalhando com a conduta, nexo de causalidade ou
com o dano. As duas responsabilidades se distinguem pela presença ou não da
culpa. Onde está a culpa? Na conduta. A culpa vincula-se à conduta. Temos
conduta culposa e conduta não culposa.

Quando trabalhamos com responsabilidade objetiva, estamos trabalhando


com uma conduta que não é culposa, mas, para que exista a responsabilidade civil
objetiva, tem que haver o nexo de causalidade. Então, conduta pode ser culposa ou
não culposa, o que é um dos elementos da responsabilidade civil. Outro elemento é
o nexo de causalidade. Então, afirmar que a responsabilidade é objetiva ou
subjetiva nada tem a ver com a afirmação de existência ou não de nexo de
causalidade. Por quê? Por mais que se presuma que a responsabilidade seja
objetiva, se não existir o nexo, não haverá responsabilidade civil.

Prestem atenção, portanto: se eu informo que uma responsabilidade se


presume como objetiva, não quero dizer automaticamente que existe nexo de
causalidade. Culpa ou inexistência de culpa se prende à conduta. A conduta não
precisa ser culposa, mas, ainda assim, temos que analisar se existe o nexo.
Portanto, se não houver nexo de causalidade, mesmo que se trate de um fato em
que a responsabilidade civil seja presumidamente objetiva, não haverá
responsabilidade civil se não houver nexo de causalidade. E aqui temos que
trabalhar com as excludentes do nexo de causalidade.

O que exclui o nexo de causalidade?

A primeira excludente é a força maior. Outra é o caso fortuito. Outra é a


culpa exclusiva da vítima, e o fato de terceiro é a quarta excludente. São
http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 1/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

basicamente essas quatro. Podemos fazer uma jornada reflexiva em alguns outros
fatores que poderiam excluir o nexo, mas aqui está a base.

Força maior

O que é mesmo a força maior? Evento da natureza? Não necessariamente.


Força maior tem a ver com a previsibilidade do evento? Não. Eventos da natureza
podem ser previsíveis. Então, é melhor conceituar força maior como aquele fato
que, embora previsível, é irresistível ou inevitável.

Suponhamos que o Sr. Cremildo tenha o seguinte negócio: depósito de


automóveis. Cremildo, mediante uma remuneração, se responsabiliza por guardar
automóveis dentro de um galpão, preservá-los, e, depois de determinado período,
devolvê-los aos donos. Alguém viaja e deixa seu veículo com esse empreendedor. O
negócio é guarda e conservação de carros. Isso em Brasília, cidade desértica, em
pleno setembro como estamos.

Chover, portanto, é fenômeno raro em setembro, e, mesmo que caia


algumas gotas pelo final do mês, não se espera que caia um temporal. Mas o
temporal vem, mesmo que seja coisa rara para a época, alaga o depósito e estraga
todos os carros. O Sr. Cremildo tem responsabilidade? É previsível a chuva, mas os
danos são inevitáveis, e o fato é irresistível. Trata-se de um caso de força maior.
Está excluído, portanto, o nexo de causalidade. Nada se podia fazer; chuvas fortes
são raras em setembro; mas, mesmo que a ideia de chover torrencialmente no mês
não seja inconcebível, não havia como evitar o dano.

O mesmo vale para os furacões da Califórnia: pouquíssimo se pode fazer.

Caso fortuito

E o caso fortuito, o que é? É o evento imprevisível, e, portanto, inevitável.


Note bem a diferença. A previsibilidade é a diferença entre o caso fortuito e a força
maior. A própria imprevisibilidade é o que torna inevitável.

Exemplo: você está andando com seu carro, com pneus novíssimos,
“Mixelã ®”, na velocidade da via, e há um prego, grandes como aqueles de trilho
de trem. O pneu estoura, e você desvia com o carro até o quintal da Dona Clotilde,
destruindo suas saprófitas. Trata-se de força maior? Não. É um caso fortuito. Não
há sinais de que tal coisa vai acontecer.

Observações:

1. Contrato de seguro leva a indenização contratual, responsabilidade


contratual. As excludentes têm que estar expressas.
2. O fortuito interno não exclui a responsabilidade do fornecedor.

http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 2/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

O que é o caso fortuito interno? Na verdade, é uma criação doutrinária.


Existem determinados eventos que são imprevisíveis dentro da cadeia de
consumo, e imprevisíveis fora da cadeia de consumo, quando o produto ou serviço
já chegou ao destinatário final. Dentro da cadeia: se por acaso o produto ainda não
chegou às mãos do destinatário final consumidor, qualquer dano ou qualquer
defeito neste produto dentro da cadeia de consumo não eximirá a
responsabilidade do fornecedor. Significa que casos fortuitos ocorridos durante a
concepção, fabricação, distribuição e comercialização não isentam o fornecedor de
sua responsabilidade.

Exemplo: tenho um pneu “Pir-L ®”, empresa que possui uma série de
máquinas para produzir esses pneus. Chove que é uma barbaridade, e essa chuva
acaba afetando o maquinário da Pir-L, causando curto-circuito em alguns dos
equipamentos. Mas a Pir-L ® não observa esse defeito, e o pneu fabricado a partir
daquela máquina acaba sendo distribuído com defeito.

O que aconteceu para que a máquina apresentasse o defeito? Chuva. Força


maior, inevitável. A máquina desregulou, e o pneu saiu deformado. O pneu chega
às mãos do destinatário final. Momentos depois, ocorre um acidente de consumo
por conta desse pneu.

Será que a Pir-L ® pode se eximir da responsabilidade por conta desse


acidente que aconteceu? Mas foi uma chuva, a empresa não viu, não previu! Pode
se eximir da responsabilidade? Não. Justamente porque se trata de um fortuito
interno. Por mais que se trate de algo previsível mas inevitável, ou imprevisível e
por isso inevitável, o defeito ocorreu dentro da cadeia de consumo, dentro do
processo de fabricação, de distribuição, de criação do produto. Esses casos, que
chamamos fortuitos internos, não excluem o nexo de causalidade.

Não excluem o nexo de causalidade. O que significa dizer que existem


certos casos fortuitos e forças maiores que não excluem a responsabilidade do
fornecedor.

Então, qual é o caso fortuito ou força maior que exclui a responsabilidade


do fornecedor? O pneu chegou em perfeito estado, mas o prego de trilho de trem
que falamos antes destruiu o pneu. Trata-se de um fortuito interno? Não. É um
fortuito externo, que ocorreu efetivamente depois da produção. Depois de já
encerrada a cadeia de consumo.

Note que isso não se equipara à responsabilidade objetiva. Esta diz


respeito à existência ou inexistência de conduta culposa. Aqui, estamos
trabalhando com nexo de causalidade. Não confunda! Estamos no segundo
elemento da responsabilidade civil. Neste caso, não falamos de culpa, mas um
fenômeno que supostamente excluiria a responsabilidade civil por ausência de
nexo de causalidade. Um fenômeno imprevisível e inevitável ou previsível e forte
ao ponto de não se poder evitar. Caso fortuito e força maior excluem o nexo de
causalidade, todavia existe o fortuito interno, que provoca um defeito de

http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 3/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

fabricação, de concepção, de criação. Esse fortuito interno não exclui a


responsabilidade civil do fornecedor.

Problemas com maquinário do fornecedor, determinada embalagem


rasgou no momento em que estava sendo distribuído o produto, ou um
determinado funcionário da empresa estava com a mão suja no momento da
manipulação daquele alimento... use sua imaginação.

Culpa exclusiva da vítima

Não há muita dúvida aqui. Culpa exclusiva da vítima ocorre quando o


próprio consumidor, e aqui estamos trabalhando com relação de consumo, se
coloca em posição perigosa, e se sujeita ao risco.

Observação importantíssima: existe uma coisa chamada culpa


concorrente. Dentro de responsabilidade civil pura, a culpa concorrente serve para
atenuar o valor a ser pago a título de indenização. Exemplo: um operador de
máquinas que trabalha dentro de um navio cargueiro, que possui alguns porões a
vácuo, com produtos perecíveis. Deixando de observar o procedimento padrão, o
operador entrou na câmara sem o companheiro, que deveria olhar a porta. A porta
então fechou atrás dele, e então ele morreu sufocado dentro do porão.

Olhe que interessante: os amigos viram que ele tinha entrado, e correram
para puxar a porta. O sujeito já estava desmaiado. Quando foram procurar para
essa ocasião extraordinária, descobriram que não havia balão de oxigênio
disponível no navio.

Pergunta: a vítima tem culpa? Tem. A companhia dona do navio também


tem responsabilidade? Tem, porque deveria ter disponibilizado um balão de
oxigênio. Trata-se de culpa concorrente. Ainda não estamos falando de relação de
consumo, mas sim responsabilidade civil pura. Neste caso, a indenização a ser
paga à família do falecido pela companhia que administra os navios será
diminuída por conta da culpa concorrente.

Já no caso do Direito do Consumidor, só haverá diminuição no valor da


indenização se a conduta da vítima for preponderante para a ocorrência do
evento. Só assim haverá diminuição do valor da indenização. Ou seja, um
determinado produto apresenta um risco, um determinado defeito, mas que não é
um defeito absurdo; um defeito de informação, por exemplo. Falta determinada
informação, como “não deixe o liquidificador ao alcance das crianças”. Defeito
simples, mas ausência de informação também é defeito. O consumidor deixou a
criança brincar com o liquidificador, e alguém sai sangrando. Neste caso, a
conduta do consumidor foi preponderante para a ocorrência do evento danoso.
Existe o defeito, mas era mínimo, que naturalmente não causaria aquele evento
danoso.

http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 4/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

Então, dentro da responsabilidade civil pura, podemos fazer uma análise


mais abrangente. São culpas que se igualam. A responsabilidade do sujeito que
entrou no porão foi tão grande que diminuiu o valor da indenização paga pela
empresa. Nas relações de consumo, para que haja minoração do valor da
indenização, deve haver primeiramente o defeito do produto, que por si só não
deve ser suficiente para causar um dano tão grave, e, aí, a conduta do consumidor
deverá ser preponderante para a ocorrência e gravidade do evento.

Caso concreto: ônibus de determinada empresa deixou uma pessoa de


idade na esquina de uma avenida. Isso ocorreu na cidade de Saint Sebastian.
Passou a avenida principal, e havia a via alternativa, que se une à principal. Não
deveriam entrar ônibus por essa via. Acontece que existia um bloqueio que acabou
forçando o ônibus a entrar nela. Deixou então o passageiro na esquina da avenida
principal, para então entrar na alternativa. 150 metros depois, o que é considerado
longe, havia um ponto de ônibus. O motorista abriu a porta, alguns desceram, e,
por último, um senhor de idade desceu pela saída da frente. O motorista olhava
para a esquerda, enquanto que a porta fica à direita. Lentamente o senhor desceu,
a porta se fechou, então ele olhou para o lado e foi. Mas o ônibus é grande, e não
consegue fazer a curva simplesmente como os carros. O ônibus imprensou as duas
pernas do senhor contra o meio-fio, e seguiu viagem.

O que a empresa de ônibus alegou? Culpa exclusiva da vítima. Queria,


portanto, eximir-se de responsabilidade pelo dano por culpa exclusiva da vítima,
que não teria observado corretamente como descer. Num segundo momento da
audiência, na tréplica, a empresa defendeu outra tese: a culpa concorrente, para
diminuir a indenização. Não é bom sinal quando se muda de tese defensiva em
plena audiência. Como sabemos, na contestação, o réu deverá, pelo princípio da
eventualidade, sustentar todas as possíveis teses, mesmo que contraditórias. Mas
não em plena audiência, pois importa confissão da parte relativa à qual se fez a
“concessão”.

Vejamos. É relação de consumo? É. Então, para que haja diminuição do


valor da indenização é necessário que a conduta da vítima seja preponderante para
a ocorrência do evento danoso. Neste caso foi? Não mesmo. Primeiro porque não
era uma parada de ônibus. Foi, inclusive, contra a legalidade. Para o Código de
Trânsito Brasileiro, a infração é gravíssima. Segundo que a conduta em si não foi
preponderante. Bastava o motorista esperar um pouco mais, e não haveria evento
danoso. Nem culpa concorrente é. Dentro do Direito do Consumidor, a conduta
deveria ser preponderante! O velhinho deveria ter pulado na frente do ônibus para
ser culpa concorrente, pois aí sim sua conduta seria preponderante para o evento
prejudicial. E culpa exclusiva da vítima, então? Neste caso, não há culpa exclusiva
da vítima de forma alguma.

Foi estabelecida uma pensão em favor da família do idoso, mas a empresa


não quer pagar, pois acha absurda a obrigação de dá-la três salários mínimos. Em
primeira instância o juiz determinou a pensão nesse valor; a empresa recorreu ao
Tribunal de Justiça, que confirmou a decisão. Então interpôs recurso especial ao
STJ, que não foi admitido (ou não foi conhecido, já no STJ). Agravo de
http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 5/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

instrumento para destrancá-lo. A Corte Superior não deu provimento ao recurso


especial. A decisão do juiz de primeira instância foi confirmada três vezes pelas
instâncias acima.

Fato de terceiro

O que é mesmo o fato de terceiro? Se lembramos da aula passada, o fato


de terceiro mostra-se assim: aparentemente existe uma conduta, um nexo de
causalidade e um dano que formariam responsabilidade civil. Mas tudo é
aparente, porque o fato de terceiro se apresenta no curso do processo, da
investigação dos fatos. Temos, portanto, uma multiplicidade de condições. O
ciclista é esmagado pelo ônibus, o que faz parecer que a culpa é da empresa de
transportes. Depois é que se nota que, quando o ônibus passou por cima dele, foi
porque ele caíra num buraco meio segundo antes, buraco que ali foi deixado pela
empresa que fazia a manutenção do pavimento. Parecia ser conduta não diligente
do motorista de transporte. Supunha-se que o motorista dirigia-se de forma
imprudente.

É assim que se apresenta o fato. Existe uma aparência.

Portanto, com a descoberta do buraco, que é o fato de terceiro, durante a


investigação dos fatos, ou mesmo no curso da instrução processual, exclui-se o
nexo de causalidade por fato de terceiro. Quem são os sujeitos desta relação
jurídica? Primariamente, empresa de ônibus e ciclista. Autor este, réu aquela. Mas
vem à tona o terceiro, que efetivamente causou o dano. Daí exclui-se o nexo de
causalidade da conduta do responsável aparente por fato de terceiro.

Se o lesado insistir, isso poderá levar à extinção do processo com


julgamento do mérito. Forma coisa julgada entre essas partes, mas pode-se
acionar a outra. Nada de denunciação à lide porque não existe intervenção de
terceiros em relação de consumo. Vamos ver mais para frente.

Fato de terceiro é excludente de responsabilidade. Mas existe essa mesma


expressão dentro da responsabilidade civil que, na verdade, faz com que surja uma
responsabilidade. Veja que interessante: o pai é responsável pelos atos do filho.
Trata-se também de responsabilidade objetiva. O empregador é responsável pelos
atos do empregado. Por isso, podemos dizer que o empregador é responsável por
fato de terceiro. E, agora, essa expressão “fato de terceiro” ganhou outra
conotação. Portanto, cuidado! A expressão fato de terceiro possui duas conotações.
Uma como excludente de nexo de causalidade, e outra como justificativa da
responsabilidade civil objetiva: o empregador responsável pelos atos do
empregado significa responsabilidade objetiva.

Significa que pode haver responsabilidade civil objetiva por fato de


terceiro, mas por outra conotação de fato de terceiro. Empregado, filhos, tutor,
curador, entre outros.

http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 6/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

Logo, se estivermos diante de uma excludente do nexo de causalidade, não


haverá responsabilidade civil nem objetiva. Tendo essas bases da responsabilidade
civil em mãos, podemos começar a falar da...

Responsabilidade civil nas relações de consumo

Arts. 12 a 14 do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele


legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor


qualidade ter sido colocado no mercado.

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será


responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior,


quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser


identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,


construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá


exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua
participação na causação do evento danoso.
http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 7/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

Estamos diante de fato do produto.

O art. 14 trabalha com fato do serviço.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor


dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes,
entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada


mediante a verificação de culpa.

Para que haja fato do produto, ou melhor, para que haja acidente de
consumo, é necessário que o produto ou o serviço sejam defeituosos. Se inexistir
defeito, não há responsabilidade civil.

Como funciona isso? O defeito se transforma em condição para a


responsabilidade objetiva. É condição. E já vimos que, se o fornecedor provar que
não existe defeito no produto, então não há responsabilidade civil. Isso
exatamente nos termos do Código de Defesa do Consumidor.

O defeito pode se apresentar de três formas. Pode ser:

1. De concepção;
2. De produção; ou
3. De distribuição.

Este último também chamado de defeito de comercialização.

Defeito de concepção é defeito da engenharia básica, do desenvolvimento,


da criação do produto. Na fórmula de remédios, por exemplo. Ao concebê-lo, o
fabricante não elabora da forma que deveria.

http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 8/9
05/02/2019 Direito do Consumidor 12/09/11

Na produção, o defeito é aquele do maquinário, como o equipamento


responsável por produzir o pneu. Ao invés de sair com a calibragem X, ele sai com
a calibragem Y. A concepção foi perfeita, mas na produção temos o defeito que
gera o fortuito interno. E o defeito na distribuição, por sua vez, é a ausência de
informação adequada. O produto é bonito, foi fabricado devidamente, mas
apresenta riscos, é perigoso, e precisa exibir as informações sobre os riscos. O
fornecedor esquece-se de colocar a informação necessária para se evitar o dano
dos riscos. Falta de conservação do produto, por exemplo.

Temos responsabilidade civil na medida em que o produto apresenta um


defeito.

Fato do produto e vício do produto

Preste atenção: existe uma coisa chamada fato do produto e outra coisa
chamada vício do produto. São coisas diferentes! Todavia, tanto no fato do
produto como no vício do produto, este apresenta um defeito. Sem defeito, não há
fato nem vício do produto. Então qual a diferença? No fato do produto, o defeito
causa um dano mais grave, de grandes proporções. Quando mencionamos fato do
produto, automaticamente estamos mencionando acidente de consumo. É um
evento grave, que causa grandes prejuízos ao consumidor. Via de regra, prejuízos
físicos, ou materialmente relevantes, psicologicamente graves.

E no vício do produto? Há um defeito, mas esse defeito não é extrínseco ao


produto, não se manifesta extrinsecamente. Simplesmente funciona mal ou não
funciona. Se temos um fato, um evento extrínseco, temos um acidente de
consumo, que é grave, daí fato do produto. Se houver mau funcionamento ou
simples não funcionamento, teremos vício do produto.

Exemplo de fato do produto: a navalha que corta cinco dedos do passageiro do


carro que procura o cinto de segurança. Exemplo de vício do produto: cinto de
segurança que não encaixa, ou saiu mais curto do que deveria. Também o banco
do carro, que deveria ir para frente ou para trás, mas que não se move de jeito
nenhum. Você não consegue mover o banco. Trata-se de quê? Vício, porque o
defeito é intrínseco ao produto.

http://notasdeaula.org/dir8/direito_consumidor_12-09-11.html 9/9

Você também pode gostar