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Expediente Sumário
4 Editorial
Lei Divina ou Natural
12 Entrevista: Olga Lúcia Espíndola Freire Maia
O Espiritismo no Nordeste
Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: A UGUSTO E LIAS DA S ILVA 15 Presença de Chico Xavier
Esclarecimento – André Luiz
Revista de Espiritismo Cristão 21 Esflorando o Evangelho
Ano 128 / Maio, 2010 / N o 2.174
Salários – Emmanuel
ISSN 1413-1749
Propriedade e orientação da
34 A FEB e o Esperanto
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Cruz e Souza – copiosa produção em e sobre o Esperanto –
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI
Editor: ALTIVO FERREIRA Affonso Soares
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO
CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO Trova – Soares Bulcão
BEZERRA
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA 42 Seara Espírita
Gerente: ILCIO BIANCHI
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR
TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA 5 Lei Divina ou Natural (Capa) – Christiano Torchi
CARVALHO
8 Agressividade – Joanna de Ângelis
REFORMADOR: Registro de publicação
o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de
10 Amor e submissão – Richard Simonetti
Polícia Federal do Ministério da Justiça) 16 Procura por Centros Espíritas se ampliará com a
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
maior difusão – Antonio Cesar Perri de Carvalho
Direção e Redação:
Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 18 O Espiritismo e a humanização da Justiça –
70830-030 • Brasília (DF)
Tel.: (61) 2101-6150 Adilton Pugliese
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E-mail: feb@febnet.org.br 26 Em dia com o Espiritismo – O Plano Físico –
Departamento Editorial e Gráfico: Marta Antunes Moura
Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil 28 Retorno à Pátria Espiritual – Geraldo Guimarães
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
E-mails: redacao.reformador@febrasil.org.br 29 A consciência faz de nós covardes? –
feb@febrasil.org.br
Delauro de O. Baumgratz
PARA O BRASIL 32 Reforma íntima: quem precisa? –
Assinatura anual R$ 39,00
Número avulso R$ 5,00 Ivone Molinaro Ghiggino
PARA O EXTERIOR 36 Jonas da Costa Barbosa
Assinatura anual US$ 35,00
37 Ciúme: trama escura do sentimento –
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 Clara Lila Gonzalez de Araújo
E-m
mail:
assinaturas.reformador@febrasil.org.br 40 Quando eu crescer – Carlos Abranches
41 Composição dos Órgãos da FEB após a Reunião do
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA Conselho Superior de março de 2010
Editorial
Lei Divina
ou
Natural
N
o capítulo I do Livro III de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,1 os
Espíritos superiores responderam a várias questões formuladas sobre a
Lei Divina ou Natural, das quais destacaram:
614. Que se deve entender por lei natural?
“A lei natural é a Lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem.
Indica-lhe o que deve fazer ou não fazer e ele só é infeliz porque dela se afasta.”
615. A Lei de Deus é eterna?
“É eterna e imutável como o próprio Deus.”
621. Onde está escrita a Lei de Deus?
“Na consciência.”
647. Toda a Lei de Deus está contida na máxima do amor ao próximo, ensinada por
Jesus?
“Certamente essa máxima encerra todos os deveres dos homens uns para com os
outros. Mas é preciso mostrar a eles a sua aplicação, pois, do contrário, deixarão de
praticá-la, como o fazem até hoje. Ademais, a lei natural abrange todas as circuns-
tâncias da vida, e essa máxima é apenas uma parte da lei. Os homens necessitam de
regras precisas; os preceitos gerais e muito vagos deixam muitas portas abertas à
interpretação.”
648. Que pensais da divisão da lei natural em dez partes, compreendendo as leis de
adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso,
igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade?
“Essa divisão da Lei de Deus em dez partes é a de Moisés, e pode abranger todas
as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, adotá-la, sem que, por isso,
tenha qualquer coisa de absoluta, como não o têm os demais sistemas de classifica-
ção, que dependem do ponto de vista sob o qual se considere uma coisa. A última
lei é a mais importante; é por meio dela que o homem pode adiantar-se mais na
vida espiritual, visto que resume todas as outras.”
Ao transcrever estas questões temos o propósito de motivar o estudo dessas Leis,
que tratam dos assuntos relacionados à compreensão do comportamento humano,
fundamentais para a nossa evolução moral e intelectual e consequente libertação
espiritual.
1
Tradução Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
Lei Divina
ou Natural
C H R I S T I A N O TO RC H I
Q
ue somos? Antes de nascer, Estas são indagações milenares que aprenderiam a interpretar melhor
o que éramos? Por que as os estudiosos procuram responder, a realidade que os cerca, buscan-
pessoas são tão diferentes? em vão, com base nos compêndios do nas leis divinas a base funda-
Por que a vida sorri para umas e é humanos. mental dos seus códigos, subme-
só desgraça para outras? Por tendo seus labores e suas
que umas nascem enfermas, conquistas aos princípios de
outros sãs? Por que umas são uma ética incorruptível, evi-
miseráveis, outras abastadas? tando, por exemplo, a aprova-
Por que umas, demorando-se ção de leis que atentam con-
em má conduta, sofrem me- tra a vida, em seus múltiplos
nos que outras, que só fazem o aspectos, como no caso do
bem? Por que o Criador per- aborto, da eutanásia e da pe-
mitiria essas aparentes desi- na de morte.
gualdades entre seus filhos? Por A despeito da ignorância
que a felicidade completa ain- humana, as leis divinas, que
da não é deste mundo? De on- têm por escopo o Amor, ba-
de viemos? Para onde vamos? se de sustentação do equilí-
O que estamos fazendo na Ter- brio e da harmonia do Uni-
ra? Várias pessoas viajam num verso, seguem seu curso ine-
trem, carro, navio ou avião, xorável, aguardando, pacien-
mas somente uma ou algumas temente, que despertemos,
delas se salvam, após desastre pelos nossos próprios esfor-
terrível, como ocorreu nos des- ços, de profundo sono espi-
lizamentos de terra em Angra ritual. Nesse hercúleo mister,
dos Reis, no litoral do Estado contamos com o auxílio pre-
do Rio de Janeiro, que vitimou cioso das revelações conti-
dezenas de famílias na virada das em O Livro dos Espíritos,
do ano – qual a razão de “sortes” Se os homens fossem mais aten- pedra angular sobre a qual se ergue
tão diferentes? Onde encontrar, em tos aos fenômenos da vida, prin- a Doutrina Espírita, que elucida,
fatos tão díspares, a Justiça Divina? cipalmente aos de ordem social, sem mistérios:
A lei natural é a Lei de Deus. É a de melhoramento pessoal. Ou, vina. Enquanto o sábio estuda as leis
única verdadeira para a felicida- ainda, como acreditar que a cria- da matéria, com o auxílio da Ciên-
de do homem. Indica-lhe o que tura humana venha a ser conde- cia, o homem de bem estuda e pra-
deve fazer ou não fazer e ele só nada, irremissivelmente, a um tica as leis da alma, que são as leis
é infeliz porque dela se afasta.1 inferno eterno por erros cometi- morais, contando, para isso, com
dos em única existência? Se Deus o apoio da Filosofia e da Religião.
Para os desesperados que ainda assim agisse, seria menos justo que Em sua infinita misericórdia,
não se dispuseram a sondar os ar- os próprios homens que, apesar sabedoria, bondade e justiça, Deus
canos das leis naturais ou para mui- de imperfeitos, vêm criando leis faculta a todos os seres pensantes
tos dos que insistem em ignorar, equitativas para julgar seus seme- os meios de conhecerem sua lei. To-
por exemplo, a justiça das reen- lhantes, cujas penas são propor- davia, mesmo conhecendo-a, nem
carnações e da lei de causa e efei- cionais aos malefícios cometidos. todos a compreendem de imediato.
to, corolário da imortalidade e do Todos os Espíritos, encarnados É por tal motivo que os Espíritos
progresso dos Espíritos, tudo pare- e desencarnados, estão submetidos alertam que uma única existência
ce perdido, especialmente quando à lei natural que governa o Univer- não nos basta para alcançar esta
as tragédias e os sofrimentos aba- so – a Lei de Deus –, que está aci- meta, pois necessitamos, para isso,
tem seus ânimos. ma das legislações humanas, tran- de experiência, maturidade, isto é, de
Como achar sentido na vida, sitórias e imperfeitas. A caracte- evolução intelecto-moral.
com base na crença niilista do rística principal da lei divina é ser Os que perseveram no bem e os
“morreu, acabou”? Com ela, muito imutável, visto ser perfeita de toda interessados em pesquisar tais leis
ganhariam os maus que se veriam a eternidade. Por tal motivo, impri- são os que melhor as compreen-
livres, ao mesmo tempo, de suas me estabilidade às coisas, o que já dem, sentindo a ventura de pene-
mazelas e de suas culpas, em detri- não acontece com as leis humanas, trar, gradualmente, nos segredos
mento das pessoas escrupulosas que se modificam, constantemen- que elas ocultam. No futuro, po-
que não encontrariam nenhuma te, de acordo com o progresso e a rém, todos partilharão dessas ex-
compensação pelos seus esforços cultura da sociedade. periências, uma vez que o progresso
Sendo Deus o autor de todas as é inevitável. A unicidade da exis-
1 coisas, segue-se que todas as leis da tência não se compadece com a ló-
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Ja- Natureza, sejam elas físicas ou mo- gica divina, visto que milhões de
neiro: FEB, 2010. Q. 614. rais, têm o selo da paternidade di- criaturas humanas perecem dia-
riamente ainda embrutecidas na cuja doutrina é a mais pura ex- Entretanto, Jesus somente pro-
selvageria e na ignorância, sem que pressão das leis do Criador. Estan- cedia assim quanto às partes mais
tenham tido a oportunidade de se do como estão as leis divinas es- abstratas de sua Doutrina. No to-
esclarecer. critas no livro da Natureza, muito cante à caridade para com o próxi-
Ensinam os benfeitores do espa- antes da vinda de Jesus à Terra, já mo e à humildade, condições bási-
ço que a lei de Deus (lei moral) está era possível percebê-las em seus cas da “salvação”, tudo o que disse a
insculpida na consciência.2 Apesar sinais por aqueles que estivessem esse respeito foi inteiramente cla-
disso, esta lei necessitou ser revelada dispostos a meditar sobre a sabe- ro, explícito e sem ambiguidades.
ao homem, por meio de missio- doria. Por isso, muitas dessas leis Atualmente, é preciso que a verda-
nários, uma vez que ele a esque- foram antecipadas, ainda que de de seja inteligível para todos. Por
ceu e a desprezou. Em meio a esses modo incompleto, por vários ho- isso, os Espíritos superiores têm
mensageiros do bem, vez por ou- mens virtuosos, chamados de pre- por missão abrir os olhos e os ou-
tra, surgem os “falsos profetas” que, cursores, que prepararam o terre- vidos da Humanidade, de sorte que
movidos pela ambição e confun- no para a vinda do Messias. Não ninguém poderá alegar ignorân-
dindo as leis que regulam as condi- sem razão, alguns desses preceitos cia, interpretando a lei de Deus ao
ções da vida da alma, com as que re- consagrados por essas leis têm sido sabor de suas paixões e interesses
gem a vida do corpo, se atribuem proclamados em todos os tempos pessoais, visto que
uma missão que não lhes cabe. e lugares, com destaque para o
Deus permite que isso aconteça código de ouro do Universo: “Não a posse, a compreensão da lei
para que aprendamos a discernir faças a outrem o que não gostarias moral é o que há de mais neces-
o bem do mal. O verdadeiro pro- que fizessem contigo”. sário e de mais precioso para a
feta inspirado por Deus cultiva vir- Jesus, Mestre por excelência, fa- alma. Permite medir os nossos
tudes: é reconhecido não somente lava de acordo com a época e os recursos internos, regular o seu
pelas palavras, mas também pelos lugares. Para não chocar as pes- exercício, dispô-los para o nosso
seus atos, uma vez que Deus não soas, ainda desprovidas de conhe- bem. As nossas paixões são for-
se utiliza de um emissário dado a cimento e de compreensão quan- ças perigosas, quando lhes esta-
mentiras para ensinar a verdade. to a determinados assuntos, acessí- mos escravizados; úteis e benfei-
No afã de dominar as massas, es- veis apenas aos iniciados, utilizava- toras, quando sabemos dirigi-las;
ses falsos profetas apresentam leis -se de alegorias que seriam futura- subjugá-las é ser grande; deixar-
humanas, concebidas unicamente mente desvendadas quando tives- -se dominar por elas é ser pe-
para servir às paixões, como se fos- sem adquirido maior desenvolvi- queno e miserável.4
sem leis divinas. Apesar disso, por mento, o que efetivamente aconte-
serem homens de gênio, mesmo ceu, com o progresso da Ciência e Se desejamos libertar-nos dos
entre os equívocos que propagam, o advento do próprio Espiritismo, o males terrestres, evitando as reen-
muitas vezes se encontram gran- Consolador Prometido. Isto porque carnações dolorosas, vivenciemos,
des verdades. “todo ensinamento deve ser pro- na medida do possível, as leis mo-
No topo da Escala espírita – Es- porcional à inteligência daquele a rais, pois elas constituem o roteiro
píritos puros –, Deus oferece JESUS quem é dirigido, pois há pessoas de felicidade do homem, constru-
como o tipo mais perfeito para ser- a quem uma luz viva demais des- tor do próprio destino, nas sendas
vir de guia e modelo aos homens, lumbraria, sem as esclarecer”.3 da evolução.
2 3 4
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Idem. O evangelho segundo o espiritismo. DENIS, Léon. Depois da morte. ed. esp. 1.
Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Ja- reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 5, cap.
de Janeiro: FEB, 2010. Q. 621. neiro: FEB, 2008. Cap. 24, item 4. 56, A lei moral, p. 431.
M
aio, mês consagrado às chagas, lhe osculou as mãos, reco- tadoras e afetuosas, enfermos que
mães, evoca a figura ve- nhecidamente murmurando: invocavam a sua proteção, mães
nerável daquela que é a – “Senhora, sois a mãe de nosso infortunadas que pediam a bên-
mãe espiritual da Humanidade: Mestre e nossa Mãe Santíssima”. ção de seu carinho.
Maria de Nazaré. A tradição criou raízes em to- – “Minha mãe – dizia um dos
São escassos os registros a seu dos os espíritos. Quem não lhe de- mais aflitos – como poderei vencer
respeito nos textos evangélicos. via o favor de uma palavra mater- as minhas dificuldades? Sinto-me
Os evangelistas centralizaram a nal nos momentos mais duros? E abandonado na estrada escura da
narrativa na figura augusta do João consolidava o conceito, acen- vida...”
Cristo. tuando que o mundo lhe seria Maria lhe enviava o olhar amo-
Não obstante, a tradição nos eternamente grato, pois fora pela roso da sua bondade, deixando ne-
fala de uma mulher ardente na fé sua grandeza espiritual que o le transparecer toda a dedicação
e dedicada ao filho amado. Emissário de Deus pudera pene- enternecida de seu espírito ma-
No livro Boa Nova, psicografia trar a atmosfera escura e pestilen- ternal.
de Francisco Cândido Xavier, o ta do mundo para balsamizar os – “Isso também passa! – dizia
Espírito Humberto de Campos, sofrimentos da criatura. Na sua ela, carinhosamente – só o Reino de
colhendo informações da Espiri- humildade sincera, Maria se es- Deus é bastante forte para nunca
tualidade, reporta-se aos últimos quivava às homenagens afetuosas passar de nossas almas, como eter-
anos de Maria, em Éfeso, ampara- dos discípulos de Jesus, mas aque- na realização do amor celestial.”
da por João, o discípulo amado, la confiança filial com que lhe re- Seus conceitos abrandavam a
onde se devotou inteiramente aos clamavam a presença era para sua dor dos mais desesperados, desanu-
sofredores de todos os matizes. alma um brando e delicioso tesou- viavam o pensamento obscuro dos
Diz Humberto de Campos: ro do coração. O título de mater- mais acabrunhados. (Op. cit., cap.
nidade fazia vibrar em seu espíri- 30, p. 254-256, ed. FEB.)
Sua choupana era, então, co- to os cânticos mais doces. Diaria-
nhecida pelo nome de “Casa da mente, acorriam os desampara- Na Revista Espírita, janeiro de
Santíssima”. dos, suplicando a sua assistência 1862, Kardec situa Maria como
O fato tivera origem em certa espiritual. Eram velhos trôpegos e um Espírito puro, não pertencen-
ocasião, quando um miserável le- desenganados do mundo, que lhe te à Humanidade, acentuando
proso, depois de aliviado em suas vinham ouvir as palavras confor- que Deus [...] de vez em quando,
O Espiritismo
no Nordeste
Olga Lúcia Espíndola Freire Maia, secretária da Comissão Regional Nordeste
do CFN, comenta o Movimento Espírita em sua Região
Reformador: Como tem se dissemi- estruturados núcleos de amor, co- gurança e iluminando definitiva-
nado o Espiritismo no Nordeste? laborando, decisivamente, para que mente aqueles que o buscam e que
Olga: Em 1865, Luís Olímpio Te- o Espiritismo brilhe como uma es- o estudam. Hoje, o Trabalho de Uni-
les de Menezes fundava, na então cola de luz, esclarecendo com se- ficação vem sendo estimulado pau-
província da Bahia, o Grupo Fami- latinamente por meio do Con-
liar do Espiritismo, a primeira so- selho Federativo Nacional da FEB,
ciedade espírita do Brasil. O Espi- viabilizando as reuniões das Co-
ritismo no Nordeste contou com missões Regionais do Nordeste, que
respeitáveis nomes como o mara- consolidam esta disseminação,cons-
nhense Marechal Ewerton Quadros, truindo as bases para que o Espiri-
primeiro presidente da FEB, do pa- tismo seja bem entendido e com-
raibano Leopoldo Cirne e dos cea- preendido, atendendo à preocu-
renses Adolfo Bezerra de Menezes pação de Allan Kardec, que afirma
e Manoel Vianna de Carvalho. A em Obras Póstumas:“um dos maio-
disseminação de nossa Doutrina res obstáculos capazes de retardar
contou, também, com o a propagação da Doutrina
trabalho anônimo dos seria a falta de unidade”.
inúmeros companhei-
ros que foram desta- Reformador: Como as
cados para servir nos reuniões das Comissões
rincões mais distantes Regionais do CFN têm
de nossa Região, le- colaborado com o Mo-
vando consigo os co- vimento da Região?
nhecimentos espíri- Olga: Elas constroem
tas, trabalhando em as bases do Trabalho
pequenas cidades, de Unificação de nos-
fundando células de sa Região, promovem
estudo, deixando a união e a capacita-
Esclarecimento
Q
uando alinhamos nossas despretensiosas líbrio desejável, já que nos achamos saudosos de con-
anotações acerca de Nosso Lar,1 relacionan- tato mais positivo com as experiências terrestres.
do a nossa alegria diante da Vida Superior, Agimos, então, como alunos inadaptados de
muitos companheiros inquiriram espantados: – Universidade venerável, cuja disciplina nos desagra-
“Afinal, o que vem a ser isso? Os desencarnados olvi- da, por guardarmos o pensamento na retaguarda
dam assim a paragem de que procedem? Se as almas, distante, ansiosos de comunhão com o ambiente
em se materializando na Terra, chegam do mundo doméstico, em razão do espírito gregário que ainda
espiritual, por que as exclamações excessivas de júbi- prevalece em nosso modo de ser.
lo quando para lá regressam, como se fossem Como é fácil observar, raras Inteligências descem,
estrangeiros ou filhos adotivos de nova pátria?” efetivamente, das esferas divinas para se reencar-
O assunto, simples embora, exige reflexão. narem na esfera física.
E é necessário raciocinar dentro dele, não em ter- Todos alcançamos as estações do berço e do túmu-
mos de vida exterior, mas de vida íntima. lo, condicionando nossas percepções do mundo ex-
Cada criatura atravessa o portal do túmulo ou terno aos valores mentais que já estabelecemos para
transpõe o limiar do berço, levando consigo a visão nós mesmos, porque todos nos ajustamos, bilhões de
conceptual do Universo que lhe é própria. encarnados e desencarnados, a diferentes faixas vibra-
Almas existem que varam dezenas de reencarna- tórias de matéria, guardando, embora, o Planeta como
ções sem a menor notícia da Espiritualidade superior, nosso centro evolutivo, no trabalho comum.
em cuja claridade permanecem como que hibernadas, Desse modo, a mais singela conquista interior cor-
na condição de múmias vivas, já que não dispõem de responde para a nossa alma a horizontes novos, tan-
recursos mentais para o registro de impressões que to mais amplos e mais belos, quanto mais bela e mais
não sejam puramente de ordem física. ampla se faça a nossa visão espiritual.
Assemelham-se, de alguma sorte, aos nossos sel- Construamos, pois, o nosso paraíso por dentro.
vagens, que, trazidos aos grandes espetáculos da Lembremo-nos de que os grandes culpados que
ópera lírica, suspiram contrafeitos pela volta ao edificaram o inferno, em que se debatem, respiram o
batuque. ambiente da Terra – da Terra que é um santuário do
E muitos de nós, como tantos outros, em seguida a Senhor, evolutindo em pleno Céu.
romagens infelizes ou semicorretas, tornamos do Nosso ligeiro apontamento em torno do assunto
mundo às esferas espirituais compatíveis com a nossa destina-se, desse modo, igualmente a reconhecermos,
evolução deficiente, e, além desses lugares de pur- mais uma vez, o acerto e a propriedade da palavra de
gação e reajuste, habitualmente somos conduzidos Nosso Divino Mestre, quando nos afirmou, convin-
por nossos instrutores e benfeitores para ensaios de cente: – “O reino de Deus está dentro de nós”.
sublimação a círculos mais nobres e mais elevados,
nos quais nem sempre nos mantemos com o equi- Pelo Espírito André Luiz
1
Nosso Lar, de autoria do Espírito André Luiz, edição da Federa- Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do grande além. 5. ed. Rio de
ção Espírita Brasileira. – Nota do Organizador. Janeiro: FEB, 2003. Cap. 12.
A
s comemorações do Cen- sequência poderá aumentar a Com o planejamento e o pre-
tenário de Nascimento de procura pelas instituições espí- paro por parte das instituições,
Chico Xavier, com inúme- ritas, suas livrarias e bibliotecas, atuando-se em sinergismo com os
ros eventos, lançamentos de livros, e pelas páginas eletrônicas na reflexos naturais da mais ampla
DVDs e filmes, ampliará substan- Internet. difusão da Doutrina Espírita, po-
cialmente a difusão do Espiritis- derá ocorrer um melhor atendi-
mo e, especificamente, das mento para a recepção de simpa-
obras psicográficas do no- tizantes do Espiritismo.
tável médium. Como con- A provocação que lançamos
para reflexão há algumas déca-
das – “Estão os Centros Espíritas
preparados para receber gran-
des massas humanas?”,1 é válida
para a atualidade. Ao influxo da
divulgação dos exemplos nobi-
litantes da história de vida de
Chico Xavier e de sua porten-
tosa obra psi-
cográfica, seria
conveniente que as
instituições espíritas
aproveitassem o opor-
tuno cenário do momento pa-
ra, na base do Movimento Es-
pírita, no contato direto com
as comunidades em que se in-
serem, estivessem preparadas
para recepcionar interessa-
dos no conhecimento da Doutri- Ide e agradecei a Deus a gloriosa siedades, com fundamento nas
na Espírita. tarefa que Ele vos confiou; mas, obras da Codificação Espírita e,
As propostas de organização ad- atenção! entre os chamados para no caso, nas obras psicográficas
ministrativa e doutrinária dos cen- o Espiritismo muitos se trans- de Francisco Cândido Xavier que
tros espíritas vêm se intensifican- viaram; reparai, pois, vosso ca- trazem subsídios importantes e
do nas últimas décadas. Estas estão minho e segui a verdade.6 doutrinariamente coerentes.
previstas e contêm recomendações A propósito, Emmanuel comenta
oportunas em documentos gera- O citado Orientação ao Centro as várias formas de atendimento e
dos pelo Conselho Federativo Na- Espírita contempla algumas reco- de difusão do Espiritismo, encer-
cional da FEB, como a edição am- mendações específicas que podem rando com a frase:
pliada de Orientação ao Centro Es- ser adotadas para o desenvolvi-
pírita2,3 (2007) e o “Plano de Traba- mento das atividades de divulga- [...] estudemos Allan Kardec,
lho para o Movimento Espírita Bra- ao clarão da mensagem de Jesus
sileiro (2007-2012)”.4 Este último Cristo, e, seja no exemplo ou na
apresenta como primeira Diretriz
“A Difusão da Doutrina Espírita”,
“Estudemos atitude, na ação ou na palavra,
recordemos que o Espiritismo
que tem como objetivo: “Difundir nos solicita uma espécie perma-
a Doutrina Espírita, através do seu
estudo, da sua divulgação e da sua
Allan nente de caridade – a caridade
da sua própria divulgação.7
prática, colocando-a ao alcance e a
serviço de todas as pessoas, indis- Kardec, ao Referências:
1
tintamente, independentemente PERRI DE CARVALHO, Antonio C. Estão
de sua condição social, cultural,
econômica ou faixa etária”, cum-
clarão da os Centros Espíritas preparados para re-
ceber grandes massas humanas? O Cla-
prindo, assim, a missão do Movi-
mento Espírita, que é “instruir e mensagem rim. Matão, p. 6-7, 15 mai. 1975.
2
Orientação ao centro espírita. Organiza-
esclarecer os homens, abrindo do pela Equipe da Secretaria-Geral do Con-
uma Nova Era para a regeneração
da Humanidade”.5 Há o respaldo
de Jesus selho Federativo Nacional. Rio de Janeiro:
FEB, 2007. Cap. 7.
3
do entendimento de Erasto, em ______. ______. Cap. 3.
“Missão dos Espíritas”: Cristo” 4
Plano de Trabalho para o Movimento Es-
pírita Brasileiro (2007-2012). In: Reforma-
Ide, pois, e levai a palavra divi- dor. ed. esp. ano 125, n. 2.140A, p. 30,
2
na: aos grandes que a despreza- ção, aplicáveis às várias frentes jul. 2007.
5
rão, aos eruditos que exigirão de trabalho dos centros espíritas. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.
provas, aos pequenos e simples Mas, são indispensáveis algumas Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Ja-
que a aceitarão; porque, princi- atenções especiais, enfeixadas no neiro: FEB, 2010. Prolegômenos, p. 70.
6
palmente entre os mártires do capítulo “Atendimento Espiritual ______. O evangelho segundo o espiri-
trabalho, desta provação terre- no Centro Espírita”,3 para o ade- tismo. Trad. Guillon Ribeiro. 4. ed. esp. 1.
na, encontrareis fervor e fé. quado acolhimento e esclareci- reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 20,
Arme-se a vossa falange de de- mento das pessoas que procuram item 4, p. 401-402.
7
cisão e coragem! Mãos à obra! o as instituições em busca de conso- XAVIER, Francisco C. Estude e viva. Pelo
arado está pronto; a terra espe- lo e de esclarecimentos, ou seja, de Espírito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro:
ra; arai! respostas para suas dúvidas e an- FEB, 2008. Cap. 40, p. 235.
A D I LTO N P U G L I E S E
E
m 1891, 22 anos após a de- carnado em Turim em 19/10/1909, do delinquente e concebeu sua
sencarnação de Allan Kar- há um século, passaria por fasci- famosa teoria do criminoso nato,
dec, um famoso médico e nante experiência que mudaria também conhecida como teoria
cientista, fundador da Antropolo- radicalmente a sua concepção do lombrosiana, ainda hoje estudada
gia Criminal, nascido na Itália, em homem. O jornal Mundo Espírita, nas faculdades de Direito e de
Verona, no dia 6/11/1835, e desen- de fevereiro de 2009, comenta epi- Medicina, na cadeira de Medicina
sódios, que transcrevemos, da vida Legal. Segundo o célebre pensa-
desse pensador, chamado Cesare dor, o delito é fruto inexorável do
Lombroso, um dos fundadores homem incorrigível, havendo as-
da corrente positivista do Direi- sim um criminoso nato, cuja ori-
to Penal, cujas pesquisas e livros, gem estaria no atavismo, na he-
notadamente sobre Antropolo- rança da idade selvagem, da não-
gia Criminal, tornaram-no co- -evolução de aspectos físicos e psí-
nhecido e respeitado mundial- quicos. Ou seja, certos indivíduos
mente, e para o qual a personali- trazem a predestinação criminosa
dade moral nada mais era que inexoravelmente estampada na
uma secreção do cérebro. E, nes- conformação fisionômica.
sa linha de raciocínio, a morte Mas naquele ano de 1891, ce-
tudo extinguia. dendo às insistências de um ami-
Pesquisando sobre as causas go, o Prof. Ercole Chiaia, Lombro-
primeiras dos atos delituosos, ele so foi assistir a uma experiência
direcionou sua atenção à pessoa com a médium italiana Eusapia
Palladino (1854-1918). Observou
então inúmeros fenômenos de
Cesare Lombroso: médico, efeitos físicos e admitiu a realida-
cientista e fundador da de dessas manifestações.
Antropologia Criminal
Contudo, qual a conclusão do
eminente sábio? Preso às suas
Salários
“E contentai-vos com o vosso soldo.”
– JOÃO BATISTA (LUCAS, 3:14.)
A
resposta de João Batista aos soldados, que lhe rogavam esclarecimentos, é
modelo de concisão e bom senso.
Muita gente se perde através de inextricáveis labirintos, em virtude da
compreensão deficiente acerca dos problemas de remuneração na vida comum.
Operários existem que reclamam salários devidos a ministros, sem cogitarem das
graves responsabilidades que, não raro, convertem os administradores do mundo
em vítimas da inquietação e da insônia, quando não seja em mártires de represen-
tações e banquetes.
Há homens cultos que vendem a paz do lar em troca da dilatação de vencimentos.
Inúmeras pessoas seguem, da mocidade à velhice do corpo, ansiosas e descrentes,
enfermas e aflitas, por não se conformarem com os ordenados mensais que as cir-
cunstâncias do caminho humano lhes assinalam, dentro dos Imperscrutáveis
Desígnios.
Não é por demasia de remuneração que a criatura se integrará nos quadros divinos.
Se um homem permanece consciente quanto aos deveres que lhe competem,
quanto mais altamente pago, estará mais intranquilo.
Desde muito, esclarece a filosofia popular que para a grande nau surgirá a gran-
de tormenta. Contentar-se cada servidor com o próprio salário é prova de elevada
compreensão, ante a justiça do Todo-Poderoso.
Antes, pois, de analisar o pagamento da Terra, habitua-te a valorizar as conces-
sões do Céu.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. ed. esp. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 5.
A. M E R C I S PA DA B O R G E S
L
iberdade apresenta várias ver- mano Lucrécio celebrava a im- Expressar livremente pensamen-
tentes, mas vamos situá-la co- portância da educação na liber- tos e ideias em palavras e atos, doa
mo circunstância ou estado dade das pessoas. [...] só aqueles a quem doer. Dirigir em alta velo-
do homem livre, com a faculdade de que usam a razão para desven- cidade, ouvir música com o som
exercer seus direitos e suas vonta- dar o porquê das coisas podem nas alturas. Que liberdade é essa
des com responsabilidade. de fato ser livres, dizia. [...] nun- que sempre depara com barreiras?
Cantada em prosa e verso, a li- ca se deve aceitar algo só porque E as nossas aspirações a ter o
berdade tem sido tema de filóso- foi dito por uma autoridade [...] carro da moda, a mansão dos so-
fos, artistas, literatos. (Folha de São Paulo, 6/9/09.) nhos, viajar pelo mundo, o empre-
Marcelo Gleiser, em comentário go ideal e bem remunerado...
sobre a frase “Ser livre é poder es- Não são poucos os filósofos que Mas, que liberdade é essa que
colher ao que se prender”, afirma: escreveram sobre o tema. Todavia, é trava os passos, amordaça e limita
notório que sem instrução dificil- direitos?
[...] essa frase pressupõe a liber- mente o indivíduo alcança a sua li- Não há liberdade se existem leis
dade de escolha. Isso nem sempre berdade, seja ela social, econômica, que monitoram as nossas ativida-
é verdade. Para ser livre é preci- etc. Geralmente, quando clamamos des e ações. Além disso, existe um
so ter livre acesso à informação. por liberdade estamos pensando no dispositivo físico e mental que sem-
Só assim teremos o privilégio direito de ir e vir, de agir de acor- pre interfere quando exageramos
de podermos escolher ao que do com a própria vontade. Assim na bebida, na comida, no trabalho...
vamos nos prender. Daí o papel realizar todos os nossos sonhos e Sempre que ultrapassamos os li-
fundamental da educação [...] desejos. Fazer o que bem enten- mites do bom senso e do equilí-
em torno de 50 a.C., o poeta ro- der sem dar satisfações a ninguém. brio, vem a sanção. Como precisar
O
plano físico é o local onde aquisição e fixação dos dons de ticas (crosta oceânica) compostas
transcorre a existência que necessita para respirar em por minerais ricos em silício e
carnal, idealizado pela Es- mais altos climas.1 magnésio, denominada de Sima.2
piritualidade superior para se pôr
em prática o planejamento reen- O plano físico é objeto de estu- • Atmosfera: camada gasosa que en-
carnatório. Ensina Emmanuel que do da Geociência que investiga, em volve a Terra, de aproximadamen-
nesse “[...] templo miraculoso da conjunto com a Biologia, Física, te 800 quilômetros de extensão,
carne, em que as células são tijo- Química, Matemática, Antropolo- contados na vertical, a partir da
los vivos na construção da forma, gia, Palenteologia, entre outras ciên- crosta. É constituída de gases,
nossa alma permanece proviso- cias, a Natureza e a Vida planetárias. principalmente nitrogênio e oxi-
riamente encerrada, em temporá- É consenso científico que a Terra gênio, mas há outros de menor
rio olvido, mas não absoluto, por- está dividida em quatro ambientes proporção. Aí se encontram tam-
que [...] transporta consigo mais ou geosferas, decorrentes da for- bém o vapor de água, necessário à
vasto patrimônio de experiência ma do Planeta (uma esfera achata- vida, e o dióxido de enxofre, ele-
[...]”.1 Esclarece ainda que da nos polos), assim especificados: mento altamente poluente da at-
mosfera, pois afeta diretamente a
dentro da grade dos sentidos fisio- • Litosfera ou Crosta Terrestre: é a vida humana, animal e vegetal. O
lógicos, porém, o espírito recebe camada sólida mais externa da seu mais nocivo efeito é conhecido
gloriosas oportunidades de traba- Terra, formada por rochas e mi- como “chuva ácida” (precipitação
lho no labor de autossuperação. nerais que abrangem a chamada de ácidos fortes na atmosfera).
Sob as constrições naturais do crosta continental e a oceânica.
plano físico, é obrigado a lapidar- • Hidrosfera: é o ambiente hídrico
-se por dentro, a consolidar qua- Composta pelas rochas ígneas, do Planeta, formado pelas águas
lidades que o santificam e, sobre- sedimentares e metamórficas, a glaciais, dos oceanos e mares; dos
tudo, a estender-se e a dilatar-se litosfera cobre toda a superfície rios, fontes, lagos e águas subter-
em influência, pavimentando o da Terra. [...] Nas regiões conti- râneas. Os reservatórios marinhos
caminho da própria elevação. nentais é constituída principal- e salobros correspondem a 97,4%
mente por rochas graníticas, ri- dos recursos hídricos do Plane-
É região em que o Espírito cas em alumínio e silício (a cros- ta. Apenas 2,6% são mananciais
ta continental), também denomi- de água doce, fato que demons-
[...] encontra multiplicados nada de Sial. Já nas áreas oceâni- tra a importância da água salga-
meios de exercício e luta para a cas predominam as rochas basál- da para a vida planetária.
26 200 R e f o r m a d o r • M a i o 2 0 1 0
• Biosfera: comumente denomina- bloco continental, espécie de “su- e estavam afastando a América
da “esfera da vida”, é um ambien- percontinente” ou Pangeia, nome da Europa. Isso levou ao concei-
te misto, composto de porções de que lhe foi dado pelo famoso me- to tectônico de placas, que ex-
terra, mar e águas continentais, teorologista alemão Alfred Lothar plica características da superfí-
habitado pelos seres vivos. Esta é Wegener (1880-1930). Para Wege- cie da Terra por meio de eventos
a razão de a biosfera ser conside- ner, esse continente “[...] teria se nas bordas de gigantescas pla-
rada a esfera de todos os ecossis- dividido há cerca de 200 milhões cas que flutuam sobre o interior
temas da Terra. Por definição, ecos- de anos”.3 A sua teoria, ainda que derretido do nosso Planeta. Evi-
sistema (do grego oikos = casa e brilhante, foi palco de muitas con- dências obtidas por satélites de-
systema = sistema: sistema onde trovérsias, pois não se aceitava a monstraram que os continentes
se vive) designa o conjunto for- possibilidade de os continentes se se movem até 15 cm por ano –
mado por todas as comunidades deslocarem. Somente a partir de fornecendo a prova definitiva que
que vivem e interagem em deter- 1950, as conclusões do estudioso Wegener sempre procurou.3
minada região e pelos fatores alemão foram aceitas, trinta anos
abióticos que atuam sobre essas depois de sua morte, fundamen- De acordo com [as melhores]
comunidades. É, pois, o espaço tando-se nas provas fornecidas estimativas, o surgimento da at-
onde predomina intensa ativida- por estudos em águas profundas.4 mosfera ocorreu há aproximada-
de vital: microbiana, vegetal, ani- As análises desenvolvidas pelo mente 4 bilhões de anos. Sua for-
mal e humana. O homem se en- cientista britânico Robert Hogg mação aconteceu quando o pla-
contra totalmente integrado à Matthew (1906-1975)3 demonstra- neta Terra, após ter sofrido um
biosfera há milhares de anos, de ram que para respaldar a ideia de enorme aquecimento, começou
forma que não é possível imagi- movimentação dos continentes, a esfriar, então do seu interior foi
nar a sua sobrevivência fora des- foram realizadas pesquisas que sendo expelido, dentre outros,
se ambiente. vapor de água, e uma considerá-
[...] incluíam estudos geológicos vel quantidade de gases. Os mes-
Com base nas provas fósseis e da cordilheira Mesoatlântica, mos se dirigiram em direção ao
geológicas, os modernos estudos bem como das profundezas do espaço sideral, porém uma par-
científicos concluem que no pas- Oceano Atlântico, que sugeriam te se fixou ao redor do planeta,
sado remoto a litosfera planetária que novas rochas estavam emer- evento proporcionado pela força
estava organizada em um único gindo das profundezas da Terra gravitacional.4 (Grifo nosso.)
Geraldo Guimarães
sequências refletem a tendência
de séria ameaça à sobrevivência
das espécies.
A orientação espírita nos faz Registramos a desencarnação, em Araçatuba (SP), no movi-
ver, contudo, que o plano físico aos 74 anos, de Geraldo Guima- mento de mocidades, e presidiu a
da Terra é mais do que uma rães, ocorrida em 11 de janeiro União Municipal Espírita; casou-
admirável estrutura geológica. É, passado, no Rio de Janeiro (RJ). -se, naquela cidade, com a jovem
sobretudo, espaço de aprimora- Conceituado orador espírita, Ana Jaicy, também sua compa-
mento espiritual, viabilizado pe- participou ativamente de even- nheira na tribuna espírita. Resi-
las reencarnações sucessivas. Por- tos doutrinários em todas as re- dia, atualmente, no Rio de Ja-
tanto, revela-se como necessidade giões do Brasil e no Exterior. Na- neiro, onde fundou, com a es-
premente o aprendizado de sa- tural de Aracaju (SE), mudou-se, posa, o Grupo Espírita Caminho
bermos preservar a moradia que ainda jovem, para Salvador (BA), da Esperança, e era um dos coor-
nos foi cedida por Deus. A Terra, onde conviveu com Divaldo Pe- denadores do programa de tele-
no dizer dos Espíritos esclareci- reira Franco e, por seu intermé- visão Despertar de um Mundo Me-
dos, é, pois, dio, conheceu o Espiritismo, lhor, que tem patrocínio do Lar
tornando-se seu adepto; colabo- Fabiano de Cristo e da CAPEMI.
um magneto enorme, gigantes- rou com Divaldo e Nilson de Ao seareiro que retorna à Pá-
co aparelho cósmico em que fa- Souza Pereira, nas suas ativida- tria Espiritual, rogamos as bên-
zemos, a pleno céu, nossa via- des de assistência social. Atuou, çãos de Jesus.
gem evolutiva.
28 202 R e f o r m a d o r • M a i o 2 0 1 0
A consciência faz
de nós covardes?
“Thus conscience does make cowards of us all.”
– Shakespeare (em Hamlet)
D E L AU R O DE O. B AU M G R AT Z
O
utrora, indagamos, nas na a todos covardes, motto deste que não fora ofendido por uma
páginas desta revista, se se artigo. (O termo “consciência”, aqui cobra como se espalhara pelo
poderia considerar Wil- não em sua acepção moral, mas reino, mas by a brother’s hand/Of
liam Shakespeare (1564-1616) intelectiva: “saber”, “tomar conhe- life, of crown, of queen, at once
precursor do Espiritismo, e ana- cimento de”, “estar a par”, “inter- dispatch’d;/pela mão de um irmão
lisamos um de seus conceitos.1 nalizar informações”.)
Agora, gostaríamos de contradi-
tar, em termos, uma das afirma-
tivas do Bardo de Stratford-on- Anteriormente, na cena
-Avon, in A tragédia de Hamlet, V do Ato I, um “espectro”,
Príncipe da Dinamarca... com toda a aparên-
cia do finado rei,
surgira entre as
Ouçamos a peça, no palco da ameias do castelo
imaginação. Hamlet, na cena I de Elsinore e dis-
do Ato III, formula suas angus- sera a Hamlet: I
tiosas reflexões metafísicas, no mo- am thy father’s
nólogo imortal To be or not to spirit/Sou o espí-
be/Ser ou não ser, que desaguam rito de teu pai. In-
na polêmica assertiva: Thus cons- formara-o, então, de
cience does make cowards of us
all./Assim, a consciência nos tor-
Retrato de William
Shakespeare por
1 Max Bihn
BAUMGRATZ, Delauro de O. Shakes-
peare, precursor da Doutrina Espírita?. In:
Reformador, ano 109, n. 1.951, p. 20(304)-
-23(307), out. 1991.
30 204 R e f o r m a d o r • M a i o 2 0 1 0
Gravura de uma cena da tragédia de William Shakespeare, Hamlet
I VO N E M O L I N A R O G H I G G I N O
E
spíritos que somos, fomos to- bolas, Ele nos exemplificou quais ma, único meio de alcançarmos
dos criados “simples e igno- atitudes devemos ou não tomar. nossas metas de júbilo e pureza.
rantes, isto é, sem saber”,3 de- E, como roteiro seguro, receita para Aliás, Jesus já nos animava a en-
vendo, através das múltiplas chan- essa escalada luminosa rumo ao cetar essa reconstrução interior, ao
ces encarnatórias, conhecer a ver- progresso, legou-nos as Bem-aven- afirmar: “Vós sois a luz do mun-
dade e palmilhar a estrada da evo- turanças, verdadeiro “coração” do do.5 Vós sois o sal da terra”.6
lução rumo à perfeição, o que nos Sermão da Montanha: aí, nessas E nós, como estamos?
proporcionará “a pura e eterna fe- pérolas inigualáveis de sabedoria Apesar de todas essas informa-
licidade”,4 que é nossa destinação. e doçura, encontramos, em mara- ções, de todos esses avisos, muitos
Jesus, há mais de dois mil anos, vilhosa simplicidade, os recursos de nós ainda estamos claudicantes
ensinou-nos o Mandamento do íntimos que devemos desenvolver nesse mister, às vezes até caminhan-
Amor, base indispensável para qual- em nós a fim de capacitar-nos pa- do invigilantes, descuidados, esque-
quer melhoria individual e coletiva. ra pensar, sentir e agir no bem. cendo que, embora o progresso seja
A seguir, com as importantes pará- Mais tarde, em pleno século XIX, uma lei divina, nós somos seres inte-
a Doutrina Espírita veio, com a per- ligentes: “o princípio inteligente do
1 missão de Deus e sob a orientação Universo”,7capazes de alcançar pata-
Latim: “Sempre ascendendo”.
2
do Cristo, recordar-nos seus ensi- mares evolutivos superiores, mais ou
ROMANELLI, Rubens C. Primado do es- nos, enfatizando a necessidade de
pírito, 3. ed. Belo Horizonte: Ed. Síntesi,
1965. Tópico III – Temas Filosóficos: Evo- que os sigamos para sermos real- 5
MATEUS, 5:14. Bíblia sagrada (CD-
lução, p. 55. mente felizes, o que é o anseio de -ROM). Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1996.
3
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. toda a Humanidade. 6
MATEUS, 5:13. Idem.
Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp. Rio Assim, com esclarecimentos de- 7
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
de Janeiro: FEB, 2008. Q. 115. talhados, é-nos sinalizada, como Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp.
4
Idem, ibidem. imprescindível, a nossa reforma ínti- Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 23.
32 206 R e f o r m a d o r • M a i o 2 0 1 0
menos rapidamente, conforme o uso sistem em querer ocultar a luz da os adornos enganosos do Homem
que façamos de nosso livre-arbítrio. verdade que irá nos libertar. Velho, que nos cerceiam a evolu-
Por que é tão difícil praticarmos Um bom amigo nosso (Milton ção, e dediquemo-nos a esculpir
com autenticidade a Lei de Amor? Menezes), em suas explanações em em nós mesmos o Homem Novo,
Para algumas pessoas, a palavra tarefas espíritas, costuma alertar a tornado-nos Cidadãos do Universo,
“amor” encerra tanta grandeza, seus ouvintes de que, se não nos dignos filhos amados de nosso Pai.
tanta sensação de incomensurável, achamos aptos ainda a cultivar o Não tenhamos dúvida de que,
que não raro se sentem “esmaga- amor incondicional, devemos dedi- então, estaremos transformando a
das” e incompetentes ante esse pe- car-nos corajosa e persistentemen- Terra realmente num mundo azul,
so, praticamente desistindo dessa te a semear e cultivar os “filhotes do belo e evangelizado.
inadiável empreitada. amor” (respeito, paciência, tolerân- Recordemos as palavras judi-
Todos nós precisamos entender cia, humildade, simplicidade etc.). ciosas do Dalai Lama:
que “reformar” significa “novamen- Desse modo, embora enfrentando
te dar forma a alguma coisa”, “mo- numerosas dificuldades individuais, Se você quer transformar o mun-
dificá-la para melhor”, e, porque iremos paulatinamente eliminando do, experimente primeiro pro-
não, “retocá-la”, “embelezá-la”... É erros e edificando virtudes, as quais mover o seu aperfeiçoamento
higienizarmos nosso interior, sa- nos levarão ao Amor Incondicional, pessoal e realizar inovações no
nando-o de miasmas pestilenciais, semelhante ao de Jesus. seu próprio interior. [...]8
eliminando sombras persistentes, Por conseguinte, ouçamos a voz
as quais, desavisadamente, permiti- de Jesus em nós, e, com perseve- 8
Disponível em: <www.pensador.info/
mos que nos invadissem, e que in- rança, anulemos conscientemente autor/Dalai_Lama/>.
Cruz e Souza –
copiosa produção em
e sobre o Esperanto
A F F O N S O S OA R E S
P
elo menos cinco poetas brasileiros dedica- Abel Gomes, que era tio do grande pioneiro
ram, no além-túmulo, a sensibilidade do esperantista Ismael Gomes Braga (1891-1969),
seu estro à genial criação de Lázaro Luís também compôs, ainda encarnado, versos em
Zamenhof: Abel Gomes (1877-1934), Amaral Or- que exaltou as excelências da Língua Internacio-
nellas (1885-1923), Castro Alves (1847-1871), Cruz nal Neutra e seus ideais de fraternidade entre os
e Souza (1861-1898) e Emílio de Menezes (1866- povos.
-1918). Vamos aqui, porém, destacar o grande vate ca-
tarinense João da Cruz e Souza, que é o autor da
mais copiosa produção mediúnica em torno do
idioma, a qual, traduzida em números, nos apre-
senta, em português, três peças através do Chico
Xavier e, originalmente em esperanto, 12 poemas
por meio do médium Francisco Valdomiro Lo-
renz e 26 por intermédio de Luís da Costa Porto
Carreiro Neto. Esses originais em esperanto estão
enfeixados nas obras Vo/oj de Poetoj el la Spirita
Mondo (Vozes de Poetas do Mundo Espiritual), pelo
médium F. V. Lorenz, e Mediuma Poemaro (Coletâ-
nea de Poesias Mediúnicas), pelo médium P. Carrei-
ro Neto, ambas de edição da Federação Espírita
Brasileira (FEB).
Convém ressalvar, todavia, que três peças cons-
tantes do citado Vo/oj não são propriamente ori-
ginais em esperanto, pois se trata de versões, feitas
pelo Espírito Cruz e Souza, de sonetos por ele an-
teriormente ditados ao Chico Xavier, que figuram
34 208 R e f o r m a d o r • M a i o 2 0 1 0
Vamos finalizar nosso
texto, transcrevendo o belo
soneto:
ESPERANTO
Mensageiro Divino da
[Verdade,
O Esperanto abre as portas
[do futuro,
Apagando o passado horrendo
[e obscuro
Da treva e dissensões da
[Humanidade.
O
Mestre, ao enunciar esse benefício das experiências amo- que nos conduzem à derrota no
significativo ensinamento, rosas que usufruímos? campo de lutas cotidianas.
de inapreciável valor, tam- Ao interpretar o ciúme, o Mentor Ao examinar os relacionamentos
bém registrado no Evangelho de espiritual Emmanuel, esclarece: perturbadores, o Espírito Joanna de
Marcos (7: 18 a 21), espera de nós Ângelis mostra-nos que “o amor é
uma mudança íntima e radical me- – O ciúme, propriamente con- uma conquista do espírito maduro,
diante a purificação do nosso cora- siderado nas suas expressões de psicologicamente equilibrado; usi-
ção, não de reforma externa. A pas- escândalo e violência, é um indí- na de forças para manter os equi-
sagem evangélica impele-nos a pen- cio de atraso moral ou de esta- pamentos emocionais em funcio-
sar sobre o tema do presente artigo, cionamento no egoísmo, dolo- namento harmônico”2 e refere-se às
identificando, nas doenças da alma, rosa situação que o homem so- características daqueles que agem
o momento em que o ciúme conver- mente vencerá a golpes de muito em desacordo com esse amor:
te a palavra em açoite desesperador. esforço, na oração e na vigilân-
O assunto sugere vasta aborda- cia, de modo a enriquecer o seu Os indivíduos de temperamento
gem, mas gostaríamos de nos deter íntimo com a luz do amor uni- neurótico, tornam-se incapazes
em alguns aspectos desse sentimento versal, começando pela pieda- de manter um relacionamento
que tem danificado moralmente de para com todos os que so- estável. Pela própria constituição
muitas almas irmãs que se deixam frem e erram, guardando tam- psicológica, são portadores de
levar pelo receio e pela incerteza nos bém a disposição sadia para coo- afetividade obsessiva e, porque
relacionamentos afetivos entre ca- perar na elevação de cada um.1 inseguros, são desconfiados, ciu-
sais. Como aniquilar o ciúme do co- mentos, por consequência, de-
ração para fugir de aflitivas tenta- Nossas ideias se exteriorizam pressivos ou capazes de inespera-
ções que nos assaltam o pensamento? todos os dias e somos identificados das irrupções de agressividade.
Se o sentimento precede, em nós, pelas vibrações que irradiamos. É [...] Creem não merecer o amor
toda e qualquer elaboração de ordem imprescindível, portanto, observar de outrem, e, se tal acontece, as-
mental, por que não conseguimos as condições emocionais que se ori- sumem o estranho comporta-
mantê-los equilibrados, pacifican- ginam de nossas reflexões e racio- mento de acreditar que os outros
do-os, tanto quanto possível, em cínios – nem sempre vigilantes – e não lhes merecem a afeição, po-
C
ada um a seu momento, etária de minhas filhas não é sufi- O trabalhador invigilante do
dentro de sua realidade, po- cientemente harmônica para que bem – “Quando crescer, vou ter
deria fazer uma avaliação eu continue a usá-las, numa tenta- condições de perceber que pode-
pessoal para saber se tudo vai tiva estranha e um tanto ridícula ria ter feito muito mais pelo bem
bem no encaixe ideal entre a de não aceitar a idade que tenho”. do que fiz, e que só não fui mais
idade física e a emocional. O traficante – “Quando crescer, adiante por causa de minhas pró-
Nesse contexto, faço uma leitu- vou compreender que a droga que prias fraquezas não vigiadas,
ra mental, imaginando como seria vendo para alimentar a busca in- dando vazão a vaidades tolas, a
a expressão dos desejos de alguns saciável do prazer egoísta do vi- invejas limitantes e a atritos rui-
desencontrados nesse aspecto. ciado tem a força de uma bomba, dosos, que poderia ter calado na
ao minar a criatividade de toda raiz, mas que permiti floresces-
uma geração, a força produtiva sem e tomassem conta de meus
Talvez as sentenças se revelas- dos jovens e a esperança das co- dias de servidor”.
sem assim: munidades. Vou enfim entender O homem medroso do futuro –
que cada pacotinho de ilusão que “Quando crescer, verei o impacto
O eterno Don Juan – “Quando ofereço aos outros explodirá co- que a falta de coragem de assumir
crescer, vou conseguir ser maduro mo vazio interior, solidão existen- minhas metas de evolução provo-
e profundo em minhas relações, cial e dura cobrança da própria cou em minha condição pessoal.
sem precisar pular de coração em consciência, que me exigirá repor Poderei, então, vislumbrar que ha-
coração para me sentir importan- pedra por pedra tudo que destruí via atalhos que a bondade divina
te ou realizado emocionalmente”. nos corações alheios”. abriu a minha frente, a fim de que
O político corrupto – “Quando O viciado – “Quando crescer, vou eu tivesse alternativas flexíveis pa-
crescer, vou ter a exata noção de enfim aceitar que vivi até agora ra solucionar meus entraves, e
que o dinheiro ilícito que desvio como uma pobre e indefesa criança que acabei desprezando, por pura
para meu bolso é exatamente o que emocional, joguete fácil nas mãos falta de coragem para tomar as ré-
falta para a construção da escola de víboras e vampiros da energia deas de minha própria vida”.
no bairro pobre, do hospital que alheia. Vou finalmente compreen-
atenderia a comunidade carente, der que a força de uma sociedade
da ação pública que ofereceria um consumista e focada na busca in- Minha leitura mental poderia
programa eficiente para os jovens, consequente do prazer a todo custo continuar por muitas e muitas li-
ameaçados pelo tráfico de drogas”. pode ser freada por meu profundo nhas. Mas deixo para que você me
A dondoca renitente – “Quando desejo de me autodescobrir. Foi ajude, acrescentando suas impres-
crescer, poderei compreender que investindo nisso que ganhei for- sões a respeito do que pode acon-
a relação entre meu corpo e as rou- ças para assumir as rédeas de tecer, quando algumas pessoas de-
pas e maquiagem comuns à faixa minhas próprias emoções”. cidirem finalmente amadurecer.
CONSELHO DIRETOR
Presidente: Nestor João Masotti. Vice-presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.
DIRETORIA EXECUTIVA
Diretores: Affonso Borges Gallego Soares, Amaury Alves da Silva, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur do Nascimento, Edna Maria
Fabro, Geraldo Campetti Sobrinho, João Pinto Rabelo, José Salomão Mizrahy, José Valdo de Oliveira, Maria de Lourdes Pereira de
Oliveira, Marta Antunes de Oliveira de Moura, Norberto Pásqua, Rute Vieira Ribeiro, Sady Guilherme Schmidt e Tânia de Souza Lopes.
CONSELHO FISCAL
Efetivos: César Augusto Lourenço Filho, Ennio de Oliveira Tavares e Sérgio Thiesen. Suplentes: Alamir Gomes de Abreu e Eliphas
Levi Garcez Maia.
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA
Evandro Noleto Bezerra e Jorge Godinho Barreto Nery.
REFORMADOR
Diretor: Nestor João Masotti. Editor: Altivo Ferreira. Redatores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,
Evandro Noleto Bezerra. Secretário: Paulo de Tarso dos Reis Lyra. Gerência: Ilcio Bianchi.
CONSELHO SUPERIOR
Efetivos: Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Alzira Matoso de Abreu, Christodolino da Silva, Clara Lila
Gonzalez de Araújo, Francisco Bispo dos Anjos, Ismael de Miranda e Silva, Jamile Mizrahy, João de Jesus Moutinho, Jorge
Godinho Barreto Nery, José Francisco dos Santos, Lucia Maria Alba da Silva, Luiz Antonio de Moura, Lydia Alba da Silva, Márcia
Regina Pini de Souza, Marco Aurélio Luzio de Assis, Maria da Conceição de Carvalho, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza
Priolli dos Santos Fonseca, Nilton da Costa Pereira de São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Regina Lúcia
de Souza B. Rodrigues, Salim Tannus Feres Neto, Suely Caldas Schubert, Tossie Yamashita, Yola Carvalho Borges de Souza, Orlando
Ayrton de Toledo, Rubens André Gonçalves Dusi e Bittencourt Rezende de Nápoli. Efetivos indicados pelo CFN: Ana Luiza Nazareno
Ferreira, César Soares dos Reis, Darcy Neves Moreira, Divaldo Pereira Franco, Hélio Ribeiro Loureiro, José Raimundo de Lima,
Lacordaire Abrahão Faiad, Sandra Maria Borba Pereira, Sônia Maria Arruda Fonseca e Weimar Muniz de Oliveira. Ex-presidente:
Juvanir Borges de Souza.
Suplentes: Lauro de Freitas Carvalho, Zaira Amarilis da Cruz Silveira, Marlene Silva Duarte, Roosevelt Pinto Sampaio, Aldenice
Cousseiro de Carvalho Filha, Marley de Souza Lopes, Venita Abranches Simões, Eliphas Levi Garcez Maia e Maria Alves da Silva.
Suplentes indicados pelo CFN: Gerson Simões Monteiro, Pedro Valente da Cunha, Miriam Lucia Herrera Masotti Dusi, Eloy
Carvalho Villela e Israel Quirino do Nascimento.
CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL
Entidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita do Estado do Acre; Alagoas – Federação Espírita do Estado de Alagoas;
Amapá – Federação Espírita do Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita do Estado da Bahia;
Ceará – Federação Espírita do Estado do Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita do Distrito Federal; Espírito Santo – Federação
Espírita do Estado do Espírito Santo; Goiás – Federação Espírita do Estado de Goiás; Maranhão – Federação Espírita do Maranhão;
Mato Grosso – Federação Espírita do Estado de Mato Grosso; Mato Grosso do Sul – Federação Espírita de Mato Grosso do Sul;
Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná – Federação
Espírita do Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro – Conselho
Espírita do Estado do Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte – Federação Espírita do Rio Grande do Norte; Rio Grande do Sul –
Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – Federação Espírita Roraimense;
Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo; Sergipe –
Federação Espírita do Estado de Sergipe; e Tocantins – Federação Espírita do Estado do Tocantins.
ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL
Associação Brasileira de Artistas Espíritas; Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo; Associação Brasileira de Esperantis-
tas-Espíritas; Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas; Associação Médico-Espírita do Brasil; Cruzada dos Militares Espíritas;
e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.
Ato Público Em Defesa da Vida tou com a atuação de Roberto Versiani e José Luiz
O Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Dias, da equipe da Secretaria-Geral do CFN. Infor-
Brasil Sem Aborto realizou no dia 20 de março, no mações: <www.feees.org.br>.
centro de São Paulo, o 4o Ato Público Em Defesa da
Vida. A Marcha reivindicou a não aprovação do Minas Gerais: Homenagens a Chico Xavier
Projeto de Lei 1.135/91 que, se aprovado, permitirá O Estado natal de Chico Xavier sediou vários even-
o aborto no Brasil até o nono mês de gravidez. tos alusivos ao Centenário de Nascimento de Chico
A Federação Espírita Brasileira (FEB), foi repre- Xavier. Nos dias 2 e 3 de abril, foi inaugurado um
sentada por Clodoaldo de Lima Leite. Informações: Memorial anexo ao Centro Espírita Luiz Gonzaga,
<www.brasilsemaborto.com.br>. em Pedro Leopoldo, e ocorreram palestras pelo dire-
tor da FEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho, e por
Amazonas: Congresso Espírita em Terezinha de Oliveira (SP). Marta Antunes de Moura
homenagem a Chico Xavier representou a FEB, no dia 2, na sessão especial no
A Federação Espírita Amazonense promoveu o 4o Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, e, no dia 6 de
Congresso Espírita do Amazonas, em Manaus, de 2 abril, na Sessão Solene em homenagem ao médium,
a 4 de abril, com o tema central “Chico Xavier – o na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte. No dia
Apóstolo do Bem e da Paz”. O evento fez parte das 2, Marival Veloso de Matos proferiu palestra come-
comemorações do Centenário de Nascimento de Chi- morativa na sede da União Espírita Mineira, em Belo
co Xavier e contou com palestras proferidas por Horizonte. Informações: <www.uemmg.org.br>.
Alberto Almeida (PA), Suely Caldas Schubert (MG),
André Luiz Peixinho (BA) e Sandra Borba (RN). Rio de Janeiro: Homenagem a
Informações: <www.feamazonas.org.br>. Chico Xavier
Em comemoração ao Centenário de Nascimento de
Reino Unido e Suíça: Workshops sobre Chico Xavier, a Assembleia Legislativa do Estado
Mediunidade do Rio de Janeiro promoveu, no Plenário do Palácio
A diretora da Federação Espírita Brasileira, Marta Tiradentes, no dia 5 de abril, sessão solene em home-
Antunes de Oliveira de Moura, e Ruth Guimarães, nagem ao médium mineiro e ao Dia do Livro Espírita,
integrante da equipe das Comissões Regionais do oficializado em 18 de abril, data da publicação de
Conselho Federativo Nacional (CFN), estiveram dis- O Livro dos Espíritos. Informações: <www.ceerj.org.br>.
correndo sobre a mediunidade nos dias 6 e 7 de
março, em Londres, numa promoção da União Bri- São Paulo: Vários eventos sobre
tânica de Sociedades Espíritas. Em seguida, cum- Chico Xavier
priram programação similar em Centros da Suíça, A União das Sociedades Espíritas do Estado de São
a convite da União dos Centros de Estudos Espíri- Paulo (USE) promoveu eventos simultâneos em ho-
tas da Suíça. Informações: <bussevents@gmail.com>, menagem ao Centenário de Chico Xavier em:
<www.spiritismus.ch>. Araçatuba, Bauru, Ribeirão Preto, São José dos
Campos, São Paulo e Sorocaba. No dia 11 de abril,
Espírito Santo: Encontro de Trabalhadores das 10h às 11h, cada uma dessas Regionais da USE
A Federação Espírita do Estado do Espírito Santo sediou evento aberto à participação popular, com
promoveu o Encontro de Trabalhadores Espíritas, apresentações artísticas, palestras curtas e depoimen-
nos dias 27 e 28 de março, em Vitória. O evento con- tos. Informações: <www.use-sp.com.br>.