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AS
NA .
3~ período: Os Dominantes
1930-1941
LIVRO 1 - EMP. CULTURAIS
TEL. 231.5213
RECIFE
TE L. 271 .3359
UFPE RECIFE
TE L. 221.4249
J. PESSOA TEL. 321 .4930
C. GRANDE
CERTIFICADO DE GARANTIA
PARA DEFEITOS GRÁFICOS Obra n." 10422086 2
Nesta colecção:
Na colecção «Saber»:
Capa: estúdios P. E. A.
© MasperofSeuil, 1983
Execução técnica:
Gráfica Europam, Lda.,
Mira-Sintra- Mem Martin!
CHARLES BETTELHEIM
AS LUTAS DE CLASSES
NA URSS
3. o Período: 1930 -1941
OS DOMINANTES
Tradução do Prof. Dr. Henrique de Barros
PUBLICAÇOES EUROPA-AMÉRICA
INDICE
Pág.
Aviso 17
Abreviaturas dos títulos e das indicações de editores .. . 18
Glossário. das siglas e dos abreviaturas complementares do glossário
que figura no tomo primeiro .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . .. . 19
Primeira parte
O SECRETÁRIO ABSOLUTO E O PROLETÁRIO iDOW
11
Pág.
B) A Constituição de 1936 e o nacionalismo russo 42
C) Nacionalismo, elitismo e nacional-bolchevismo 44
II. A ideologia económica estalinista . . . 48
I. A figura da conspiração . .. 64
II. A ideologia do terror e a formação ideológica soviética 67
III. Os dois códigos da ideologia estalinista 72
1. O código de interpretação . . . . . . . . . . . . . . . 73
2. O código de fidelidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
ANEXO: Serão marxistas os direitos do homem? 81
Segunda parte
OS DOMINANTES ENTRE CÃES E WBOS (1928-1938)
12
Pág.
Pág.
14
Pág.
Quarta parte
ANTES HITLER DO QUE A EMANCIPAÇÃO POPULAR
15
Ptg.
Capítulo III. Os anos do pacto germano-soviético: Agosto
de 1939-Junho de 1941 ... ... ... ... .. . ... 263
I.O entendimento com Hitler e a expansão territorial da
da URSS no Outono de 1939 ... ... ... ... ... ... ... ... ... 264
II. O pacto, a diplomacia soviética e os partidos comunistas .. . 266
III. A expansão territorial da URSS no principio de 1940 ... ... 271
IV. A transformação progressiva das relações germano-sovié-
ticas ... ... ... ... ... ... ... ... ... 274
V. O principio da guerra ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 278
Posfácio
PARA NÃO CONCLUIR
16
AVISO
B -Bolchevique.
EJ- Ekonomitcheskaia Jizn.
IVOVSS -História da grande guerra patriótica (em russo).
KP- Konsomolskcüa Pravda.
KPSS ... - Compilação das resoluções e decisões do partido (salvo indica-
ções em contrário, as páginas indicadas remetem para a edição de
1953, se não a data é precisada entre parênteses).
P-Pravda.
PJ- Partinaia Jizn.
PK- Planovoe Khoziaistvo.
PS- Partinoe Stroitelstvo.
MEW- Marx-Engels Werke (Dietz Verlag).
NKh- Narodnoe Khoziaistvo (anuârio de estatísticas económicas, o ano
é indicado nas notas).
SPR - Spravotchnik Partiinogo Rabotnika.
VI- Voprosy lstorii (revista das questões de história).
VIKPSS- Voprosy lstorii KPSS (questões de história do partido).
Zl- Za Indoustrialisatsiou.
18
GLOSSÁRIO DAS SIGLAS, DOS TERMOS
E DAS ABREVIATURAS COMPLEMENTARES
DO GLOSSÁRIO QUE FIGURA NO TOMO PRIMEIRO
BP- Politburo.
CC - Comité Central.
CCC- Comissão central de controlo (do partido).
Charaga ou charachka-Prisão onde são detidos sábios e investigadores
a fim de prosseguirem o seu trabalho sob o controlo e as directivas
do NKVD.
Gensek- Secretário-geral (do partido).
KPSS - PCUS: Partido Comunista da União Soviética.
NKVD- Comissariado do Interior.
Obkom- Comité regional (do partido).
Orgburo- Comissão de organização (do partido).
PB - Partido bolchevique.
Raikom- Comité do partido para um ralon (distrito).
RAPP- Associação russa dos escritores proletários.
RSFSR - República socialista federativa dos Sovietes da Rússia.
Sovnarkom - Conselho dos Comissários do Povo.
VAPP -Associação pansoviética dos escritores proletários.
VTUZ - Instituto do ensino superior de carácter técnico.
VUZ- Instituto de ensino superior.
Vydvijensty -Promovidos.
19
PRIMEIRA PARTE
O SECRETARIO ABSOLUTO
E O PROPRIETARIO !DOLO
1
Na última parte do vol. 2 desta obra (1923-1930), antecipei-me,
em parte, sobre as transformações da formação ideológica bolchevique
durante os anos 30. Não voltarei aqui à anâlise que, então, apresentei.
Todavia, parece-me, doravante, mais exacto falar de formação ideoló-
gica estalinista, a fim de ter em conta o alcance das transformações
suportadas pela ideologia oficial a partir dos anos 30.
21
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22
I
3
Deixo, evidentemente, de lado o exame da ideologia soviética dos
anos posteriores a 1953. Sobre este assunto, apresentarei somente algumas
breves observações:
a) A ideologia oficial desses anos sofreu sérias transformações mas
nem por isso deixa de constituir um produto da formação esta!inista, já
que os principais temas do estalinismo continuam a actuar;
b) A relação dos dirigentes soviéticos com esta ideologia modificou-se
seriamente. Já não parece que seja ela a ditar as decisões destes ou fâ-lo
sob outras formas: assim, o expansionismo soviético actual estâ mais
directamente ligado às contradições internas do sistema, ao nacionalismo
russo e às aspirações deste a uma vasta hegemonia internacional baseada
numa relação de forças militares favorável à Rússia do que no papel
«revolucionário internacionalista)) que a URSS tentava imaginariamente
desempenhar através da IC. Todavia, sob uma forma transformada, a
ideologia estalinista ainda serve, em grande parte, para «legitimar» a
política aplicada pelos dirigentes soviéticos;
c) Junto dos trabalhadores da URSS, a credibilidade dos temas teó-
ricos da ideologia estalinista já era fraca: no decurso dos liois últimos
decénios, tornou-se quase inexistente.
' Sobre este período, convém, em particular, consultar o livro de
Sheila Fitzpatrick (ed.), Cultural Revolution in Russia, 1928-1931, Bloom-
ington-Londres, Indiana University, 1978.
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CAPITULO I
SECÇÃO I
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AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-PI
des não são encaradas pela ideologia estalinista: para ela, o papel
dirigente do partido resulta, implicitamente, de que este ê por
natureza sempre capaz, e atê o único capaz, de enunciar uma linha
política justa baseada em princípios científicos.
A figura do papei dirigente do partido torna-se cada vez mais
a fórmula ideológica que mascara o surgir de uma nova forma
de Estado. Este Estado ê dirigido não «pelo partido» mas sim por
uma oligarquia políticD"-ideoiógica auto-recrutada (numericamente
muito restrita e que, em certos momentos, pode estar estreita-
mente dependente daquele que se apresenta como o seu chefe).
Nesta forma de Estado, as instâncias «dirigentes>> do partido
intervêm essencialmente para ratificar as decisões da oligarquia
dominante de que dependem. Os membros destas instâncias são
nomeados ou demitidos pelo pequeno círculo dos altos dirigentes.
O partido torna-se, assim, um aparelho através do qual a oligar-
quia domina o Estado. Esta oligarquia a ninguém tem de prestar
contas. Controla todos os aparelhos administrativos e económicos,
todas as «organizações de massa» e mesmo a «vida privada» de
cada qual. Afirma-se detentora da ciência e enunciadora única do
direito. O Estado que ela dirige tende a ser totalitário: tudo lhe
deve estar subordinado, e tudo o que a ele se oponha deve ser
qualificado como actividade inimiga (sob as etiquetas de «inimigo
do povo», de «contra-revolucionárim>, etc.), merecendo pena de
morte, deportação, etc. Esta representação do partido e da sua
relação com o poder, em direito e em saber, está em germe na
ideologia bolchevique mas a prática totalitária do partido desen-
volve-se plenamente na época de Estaline quando a alta direcção
pretende controlar o que cada qual pensa, impor-lhe uma conduta,
fazer dele uma simples peça na «máquina» da sociedade e do Es-
tado. Esta prática totalitária oculta a incapacidade reai do partido
para dominar efectivamente os processos sociais que pretende diri-
gir. Semelhante incapacidade não leva senão a que se tornem mais
violentas as suas tentativas de controlo <<Universal» sobre os apare-
lhos de Estado, sobre o corpo social e sobre os indivíduos.
Embora a figura de «partido dirigente» esteja associada a uma
nova forma de Estado, esta só começa a afirmar-se entre Outubro
de 1917 e o princípio dos anos 30. E no decurso destes últimos anos
que esse Estado de tipo novo toma realmente corpo, dando assim
a ilusão de que a formação soviética dos anos 30 ê ela própria
radicalmente nova, que repousa sobre uma «base económica» não
capitalista. Vimos que esta ilusão não corresponde a nenhuma
realidade. Pode, no entanto, alimentar-se do postulado que pre-
tende estabelecer um laço de necessidade entre o aparecimento de
uma forma estatal nova e o desenvolvimnto de uma «base econó-
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31
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S. A idolatria do Estado
32
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I1
" Sobre este ponto ver o artigo «Estaline e o Estado» no n. • 24 de
Communisme, em particular o parágrafo «Le renforcement maximum de
l'atab, como via para o enfraquecimento deste, p. 33.
'' Cf. Estaline, Balanço do 1. • Plano Quinquenal apresentado ao Ple- .,
nário de 7 de Janeiro de 1933, em Questions du Léninisme, Paris, Ed.
Norman Béthune, 1969, t. 2, p. 595. '
14
Cf. sobre este ponto Sovietskoe gosudartvoi pravo, n.• 4, 1936.
" Cf. N. Timasheff, The Great Retreat, Nova Iorque, E. P. Dutton,
1946, p. 254; este autor cita diversas revistas sov1étacas.
" Citado de N. Timasheff, ibid .• p. 256.
11
Cf. Estaline, Q. L., t. 2, p. 877.
34
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'',
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
~
" Cf. A. Vichinsky, The Law of the Soviet State, edição russa de
1938 aparecida em tradução em Londres, Macmillan, 1948, p. 50; ver
também o prefácio da recolha: Des prisons aux établissements educatifs,
Moscovo, 1934.
" Cf. A. Vichinsky, The Law ... , ob. cit., pp. 49 e 52.
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37
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' CHARI.ES BETTELHEIM
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discurso absolutista e repressivo que é o comentário da prática
efectiva. Esta dupla ideologia é a expressão de uma esquizofrenia
social. Reflecte as contradições profundas de um sistema econó-
~
D) A FORMA ESPECíFICA DA IDOLATRIA ESTALINISTA
~-
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DO ESTADO E DA IDEOLOGIA BOLCHEVIQUE
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dade cujas contradições são imaginariamente «abolidas», de tal
modo que se apresenta como uma totalidade que só «inimigos»
podem pôr em causa. Este poder apresenta-se como universal é
~-
~ dotado do conhecimento e da capaciçlade de exprimir o direito.
" O partido estalinista, incapaz de dominar realmente as forças eco-
s
nómicas e sociais, esforça-se por quebrar tudo o que constitui obs-
.,.,~ táculo às suas decisões, quer os obstáculos venham do povo, quer
;; dos quadros, quer dos saberes concretos e teóricos, quer das regras
., de uma qualquer moral. Este partido existe como uma organização
..
c: que encarna a unidade do povo.
~ A democracia de que se reclama este tipo de poder é a dita-
ii dura do povo. Ela declara estar, por natureza, ao «serviço do povo»
('.
..
.
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" Cf. Claude Lefort, L'Invention démocratique, Paris, Fayard, 1981,
pp. 95 e segs.
38
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30
A afirmação segundo a qual «iâ não hã anti-semitismo» na URSS
permite perpetuar este. Sabe-se que esta afirmação autoriza os tribunais
a condenar por «propaganda anti-soviética» aqueles que assumem o risco
de denunciar as medidas discriminatórias ou as atitudes anti-semitas.
41
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42
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33
Sovietskoe gosudarstvoi pravo, Moscovo, 1948, p. 254.
" Cf. Estaline, W., t. 8, pp. 157 e segs.
'" Este artigo 58 é substituído, após 1958, pela lei sobre os «crimes
de Estado» que torna estes passíveis de sete anos de prisão no mâximo,
eventualmente de cinco anos de deportação.
43
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t'· CHARLES BETTELHEIM
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46
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dicar: são os «monstros» e os «demónios», as «víboras lúbricas», '
denunciados por Vichinsky e seus colaboradores por ocasião dos
processos de Moscovo. Este «demonismo» não deixa de ter efeito
sobre as camadas .populares ainda submetidas a numerosas supers- .,
tições. Permite denunciar os inúmeros «inimigos do povo» que
se recrutam no seio do próprio povo. 'I
;
4- Uma idolatria do Estado que reveste múltiplos rostos: t
culto do partido e, acima de tudo, do seu chefe; culto da polícia
erigida em «gládio glorioso do proletariado» ou em «protectora
do povo»; a afirmação do «domínio» do partido e do Estado sobre
o desenvolvimento social.
5 -Um discurso sobre as exigências da legalidade socialista,
discurso que se articula -sempre que é possível- com um juri-
dismo minucioso. Este juridismo não exclui um arbítrio completo,
podendo as «confissões» e os «testemunhos» ser arrancados por
todos os meios.
Este discurso sobre a «legalidade>> desenvolve-se principal-
mente na segunda metade dos anos 30 e serve fins múltiplos. No
imediato, permite julgar e condenar membros do partido afir- '\
.;
mando que a lei deve ser igual para todos (quando, até meados
dos anos 30, os membros do partido estavam relativamente prote-
gidos contra as acções da polícia que, para agir contra eles, devia
obter autorização prévia das instâncias superiores do partido).
Mas este «legalismo» contém também, para o futuro, uma pro-
messa de estabilidade e de previsibilidade, promessa à qual os
quadros do partido são particularmente sensíveis à época em que
a legalidade estatal não é respeitada e eles estão constantemente
ameaçados por uma segunda legalidade, a legalidade política,
a do terror inscrito numa legislação de excepção ••.
Assim, durante os anos 30 -ao nível político e jurídico-, -·'
a formação ideológica estalinista representa uma mistura de ele- I
mentos extremamente diversos que permitem a esta formação
ideológica justificar acções altamente contraditórias, e suscitar
ecos em camadas muito diferentes da população que aí podem
encontrar representações e «valores>> familiares, já que elas se
formaram ao longo de séculos de opressão.
47
; .
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SECÇÃO II
,,:,· 48
,
..'
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1. O modo de produção soclallsta
2 A propriedade socialista
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3. A economia planeada
51
" .
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"' As teses sobre as leis económicas de transição tal como são geral-
mente aceites no fim da NEP encontram-se expostas na obra de I. La-
pidus e K Ostrovitianov, Précis d'Écanomie politique (tradução francesa)
Paris, ESI, 1929. As diferentes concepções que aparecem a seguir são
expostas nos trabalhos já citados de B. Chavance (mas mais especial-
mente na sua tese: Les Bases de l'économie politique du socialisme,
Paris-X, 1979, texto policopiado) e de L. Baslé. Ver também A. Smolar,
«L'utopie et la science: l'économie politique dans la version marxienne
du communisme et pendant l'industrialisation», Revue de l'Est, n.• 4,
1974, e Millar, «A Politicai Economy of Socialism in the Marking»,
Soviet Studies. Abril de 1953.
"' Cf. J. Estaline, Les Problemes économiques du socia/isme en URSS,
éditions du PCF, 1952, p. 6.
•• lbid., p. 34.
52
~ ',• '
53
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,.
54
'•
"
CAPíTULO II
O FUNCIONAMENTO DA FORMAÇÃO
IDEOLóGICA ESTALINISTA
'·I
·<,
A análise dos principais temas constitutivos da formação ideo-
lógica estalinista, do seu desenvolvimento e das suas relações
com a prática política sugere, a justo título, que esta formação
ideológica representa uma junção de elementos diversos e con- .)
traditórios cujo papel varia segundo a conjuntura política e -j'
económica. Assim, os temas do estalinismo do periodo da «revo-
lução por cima» são profundamente diferentes dos do estalinismo
consolidado que se instala a partir dos anos 40.
No entanto, a forma cientista e dogmática do discurso esta-
Iinista permite dissimular o carácter heteróclito e móbil da for-
mação ideológica estalinista, cujo modo de funcionamento ele
unifica. Permite aos seus partidários exercer um terror ideológico
(que se apoia no terror puro e simples) e praticar a fuga perante
o real: o discurso estalinista anuncia-se como sendo o da «ciência»;
afirma-se mais verdadeiro do que os próprios factos, do que a
realidade vivida.
SEOÇÃO I
Cientismo e dogmatismo
55
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AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO II
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CHARLES BETTELHEIM
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11
Citado por L Schapiro,
pp. 288-289.
The Communist Party ... , ob. cit., .•
i
'
" Cf. ibid., p. 298.
61
.,
'I
CHARLES BETTELHEIM
,.
gatória e que conduz praticamente a interditar qualquer discussão
aberta sobre um número crescente de problemas.
No entanto, o grau de adesão efectiva ao discurso do partido
é evidentemente de impossível avaliação porque varia de maneira
considerável consoante os temas apresentados pelo partido, os mo-
mentos, as camadas sociais e os indivíduos.
Por outro lado, para aqueles que aderem ao discurso oficial, a
ideia de se afastar deste surge como criminosa: o próprio deste
dogma é afirmar que duvidar é trair 13 ; por isso, quando a dúvida
surge não pode ser confessada.
Para aqueles que queiram estar com o partido, ou não se lhe
opor, é, portanto, necessário que o discurso oficial seja fundamen-
talmente «Verdadeiro» (seja qual for a sua relação com o real),
e é por isso que continua a ser aceite pelos próprios membros do
partido presos ou deportados. Para eles, aderir ao dogma e «iden-
tificar-se com o partido» faz nascer a certeza de que este último
não pode agir senão para o bem, e que o que vai mal não passa
de «acidente». Perante determinado testemunho ou determinada
realidade da vida quotidiana que contradiz o discurso, aquilo que
é entendido ou visto é declarado exterior à realidade soviética, é
a excepção necessária à regra, de onde estas frases típicas:
62
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
.1
mantida, é necessário repetir continuamente tal discurso.
Daqm provêm os ritos que rodeiam a repetição: devem estes
ritos contribuir para mascarar as contradições entre o discurso e a
realidade. Repetições e ritos dão ao discurso uma «carga de rea-
lidade» que ele não contém em si mesmo.
63
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,/'.•
CAPITULO III
A IDEOLOGIA PRATICA DO ESTALINISJ.\W
E OS SEUS EFEITOS SOCIAIS
SECÇÃO I
64
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
I
devida a actividades hostis. Como Engels nota, o medo dessas acti-
vidades hostis gera, em França, em 1793 e até JuU10 de 1794, o
que ele chama «o terror como meio de autoconservação» 2 •
A ideologia estalinista produz formas ainda mais exacerbadas
desta ilusão política. Com efeito, desenvolve-se quando o poder de
Estado está concentrado no seio da direcção de um único partido
imaginariamente investido de certa missão histórica. Além disso,
Jeve este partido desempenhar a sua missão tanto melhor quanto
mais for guiado por uma visão científica do mundo e da história
e tiver à sua testa um homem que é «o chefe do proletariado
mundial» e é dotado de capacidade excepcional («genial») para
aplicar os princípios de uma política justa.
Nestas condições, era inevitável que surgissem de forma obses-
s;va as figuras da conspiração e da sabotagem como explicação da
não realização dos projectos e das promessas de um poder que se
diz e acredita ser todo-poderoso. A crença na sua potência conduz
o poder a imputar as dificuldades e os malogros a conspirações
ou revoltas que o impediriam de cumprir a sua missão histórica.
Daqui provêm o medo e a repressão que castiga resistências reais
ou actos considerados criminosos no próprio momento em que se
produzem (por exemplo, a resistência camponesa à colectivização).
'É, também, a repressão que pune actividades passadas e mais ou
menos imaginárias. 'É o que acontece com a multiplicação, no
decurso da segunda metade dos anos 30, dos processos-espec-
táculos de Moscovo e das inúmeras acções policiais e processos
locais levando à condenação de centenas de milhares de crimino-
sos sem crime. Esta repressão não é apenas o produto das contra-
dições sociais objectivas, da luta para eliminar homens julgados
«incapazes» ou insuficientemente leais, ou de tentativas visando
acalmar o descontentamento dos trabalhadores (aos quais são
apontados os «responsáveis» por uma situação material difícil ou
mesmo insuportável). Estes processos, as prisões e condenações
sem processo provêm igualmente de um fantasma ideológico: o
poder e o seus agentes estão persuadidos de que, se «as coisas
não vão como deveriam ir», tal não se deve nem ao sistema eco-
nómico nem à sua própria política, mas sim à actividade subver-
siva de sabotadores e outros agentes do inimigo. Surge, assim,
uma multidão de «adversários» e fautores de «conspirações>> que
estão votados à morte, à prisão ou à detenção nos campos. O fan-
tasma da multiplicação das conspirações amplia-se nos períodos
de crise económica ou de crise política, invadindo a maior parte dos
~- 3
Cf. o livro de Nicolas Werth, P:tre communiste en URSS sous
Sta/ine, Paris, Gallimard/Julliard, 1981, em particular pp. 269 e segs.
~· • Cf. sobre este ponto o t. I da presente obra, Os Dominados.
'
66
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
'I
I
desenvolveram-se pela primeira vez por ocasião da Revolução
Francesa. Esta «inaugura um mundo onde toda a mudança social
é imputada a forças conhecidas, inventariadas, vivas; como o pen-
samento mítico, ela investe o universo objectivo de vontades
subjectivas [ ... ], isto é, de responsáveis e de bodes expiatórios.
A acção já não encontra ali obstáculos ou limites mas somente
adversários, de preferência traidores ... "»
O bolchevismo já era portador desta concepção jacobina da
história, criticada por Marx e por Engels •; ela é retomada e exa-
cerbada pelo estalinismo que lhe introduz uma carga ideológica
sem precedentes ao fazer funcionar a idolatria do Estado e do
dogmatismo cientista, daqui provindo, ao nível da prática, uma
obsessão igualmente sem precedentes das «conspirações» e dos
«traidoreS)). Pode pensar-se que a inscrição de semelhante obses-
são numa certa tradição ideológica francesa explica que os pro-
cessos e o terror estalinistas hajam sido acolhidos por numerosos
franceses como uma prática política natural, e não como o sinal
do desregramento de um sistema atingido pela «loucura ideoló-
gica)) e atravessando uma crise política grave, cuja aposta é a con-
solidação de uma nova classe privilegiada.
A partir do Inverno de 1936-1937, o terror torna-se uma verda-
deira arma ideológica: já não se trata apenas de eliminar inimigos
reais e supostos, passados ou vindouros. Na impossibilidade de con-
vencer as pessoas de que o sistema edifica um mundo melhor, é
necessário convencê-las de que a sua existência é inevitável e que
todos devem dobrar-se perante ele.
,]
I
SECÇÃO II
A ideologia do terror
e a fo~ão ideológica soviética
A ideologia da conspiração e da traição, o esforço dos diri-
gentes estalinistas para estabelecer um poder ao qual ninguém se
67
CHARLES BETTELHEIM
'
toda a contestação, e mesmo toda a crítica. Paralisa a resistência
dos operários e dos camponeses a uma exploração e a uma opres-
são acrescidas, permite impor aos trabalhadores e aos quadros
constrangimentos e exigências que não poderiam ser suportados
noutras condições, e aos quais eles tentam escapar não por uma
resistência organizada (tornada impossível pela amplitude da re-
pressão policial) mas por múltiplos actos de «desobediência» e de
«indisciplina», que os tornam a todos culpados de alguma infrac-
ção.
Nas condições do terror, o discurso estalinista sobre a «disciplina
de ferro» tem por contrapartida práticas sociais altamente con-
traditórias: a disciplina cega, o servilismo e a «lealdade» pessoais,
mas também a indisciplina, a desobediência, a mentira, a dissimu-
lação e o cinismo. Não são estas práticas meras «sobrevivências
do passado»; são o produto do sistema e fazem integralmente
parte da formação ideológica soviética do período estalinista. Não
só são geradas pelo sistema mas, além disso, este nem sequer
poderia sobreviver sem elas, já que, para funcionar, deve escapar,
em parte, às regras que proclama formalmente. Desta maneira,
alimenta «delitos» e «crimes» que fornecem «razões objectivas» à
perpetuação do terror e à multiplicação das práticas ideológicas
que este faz nascer naqueles que o exercem ou o suportam.
[É igualmente impossível analisar aqui a formação ideológica
soviética da época estalinista (mesmo limitand(}-se aos anos 30)
porque esta é caracterizada por um afastamento extremo das
formas da consciência social'.
7
Ver no t. 1 do presente volume as poucas observações apresen-
tadas sobre esta questão. Acrescentemos-lhes agora: as manifestações das
diversas formas da consciência social esfacelada são particularmente
difíceis de apreender porque estão, em geral, reprimidas. Consegue-se,
no entanto, apanhar-lhes certos traços, através das memórias, das recor-
dações e dos relatos soviéticos e, também, dos escritos de estrangeiros que
permaneceram bastante tempo na URSS, que ali trabalharam e que man-
tiveram contactos prolongados com cidadãos desse país. Certos dos traços
dessas formas esfaceladas da consciência social aparecem também atra-
vés dos escritos publicados na URSS, principalmente entre 1958 e 1965,
num momento em que as normas impostas ao conteúdo das obras lite-
rárias foram um pouco menos severas, em particular para aquelas que
se ocupam do período de antes da guerra. Quase todos estes textos salien-
tam como as formas espontâneas da consciência social são múltiplas e
diversas e estão em contradição com a ideologia oficial. Para disso se
aperceberem, basta ler as poucas obras seguintes: Bielox, A//aire d'habi-
tude, Paris, Julliard, 1969; Ciliga, Dix ans au pays du mensonge décon-
certant, Paris, Champ Libre, 1977; Boris Mojaiev, D'ans la vie de Fédor
•'
"'
68
''
'·
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
I
Na falta de uma análise desta formação ideológica, é indispen-
sável- para apreender certos traços do funcionamento do sistema
estalinista - mostrar alguns aspectos das práticas sociais que eles
ocasionam, em particular ao nível da nova classe dominante, isto
é, daqueles que geram a reprodução das relações sociais funda-
mentais.
Um destes aspectos é a «lealdade exterior incondicional» dos
quadros de cada nível para com os seus superiores. Esta lealdade
e esta incondicionalidade exteriores encobrem relações ideológicas
muito diversas mas a sua existência contribui para a reprodução
de um respeito formal pela hierarquia que é a fonte de uma dis-
ciplina feita de servilismo lembrando as práticas do despotismo
oriental, do qual a sociedade czarista estava longe de se ter liber-
tado. Inicialmente, o bolchevismo havia tentado promover uma
disciplina de outra natureza, mas não o tendo conseguido, o esta-
linismo voltou a dar todo o seu vigor à velha disciplina baseada
na hierarquia e na autoridade que esta confere às pessoas em
função da sua posição. Esta posição é cada vez mais «materia-
lizada» por insígnias, uniformes e outros símbolos do lugar ocupa-
do na hierarquia social e, sobretudo, por múltiplos privilégios
materiais.
No seu romance, L'Affaire ToulaevA, Victor Serge põe nota-
velmente em cena certas manifestações de autoridade: mostra
como se transforma o comportamento de um contabilista soviético,
personagem medíocre e apagada, logo que é promovido a «1. 0
subchefe» e beneficia dos sinais exteriores do seu posto. A des-
crição que dá desta metamorfose merece ser resumida:
«Da sua mesa (insignificante) ... Romachkine (é o nome da
personagem) passava para uma secretária envernizada que enfren-
tava outra semelhante mas maior, a do director das tarifas e salá-
rios do trust. Romachkine passou a dispor de um telefone in-
terno [ ... ] que era também um símbolo inesperado de autoridade.»
Investido de algum poder, Romachkine -personagem até então
tímida- exerce-o sobre os seus subordinados com uma «firmeza
simples e sem apelo». «Descobria [ ...] a autoridade que engran-
dece o homem, cimenta a organização, fecunda o trabalho, eco-
nomiza o tempo, faz baixar os gastos gerais [ ...] .» Faz estas refie-
69
•,"': -.
CHARLES BETTELHEIM
70
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
71
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I''
CHARLES BBTTELHEJM
I
~;
I· Inserem-se estas práticas soc1rus na formação ideológica da
época estalinista, desenvolvendo-se a partir das contradições do
...' sistema e das características da ideologia oficial que submete o
conjunto das transformações e das relações sociais a um duplo
código.
SECÇÃO III
72
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS -IV
1. O código de interpretação
73
···'
CHARLES BETTELHEIM
,E
~·
a fazer dele um sistema totalizante. A linguagem oficial fica, assim,
' subvertida e empobrecida. Produz uma língua morta: uma língua
de madeira portadora de múltiplos mitos. É assim que a indus-
trialização e a colectivização, que são consideradas como origi-
nando abundância de produtos agrícolas e o bem-estar dos cam-
poneses, mas que trouxeram as penúrias, a baixa do nível de vida
dos operários e camponeses e mesmo a fome, não deixam de ser
proclamadas como fonte de uma «vida mais alegre». Ao voltar as
costas ao princípio da realidade e ao usar uma linguagem codificada
que nega esta última, o discurso do partido entra na via de uma
«ficcionização» progressiva que lhe dá um conteúdo cada vez mais
mítico'".
A ideologia estalinista também desenvolve o mito de uma eco-
nomia dominada pelo plano; o mito dos kolkhoúanos que «tomam
em mão colectivamente o seu destino»; o dos operários «entusias-
tas da produção» (simbolizados sucessivamente pelos oudamiki e
pelos stakhanovi~tas); e o mito de uma União Soviética que
«fecunda o progresso» em todos os domínios, conseguindo «trans-
formar a natureza» e «forjar um homem novo» 17 •
Como a realidade opõe incessantes desmentidos a estas afirma-
ções. o partido é conduzido a usar um discurso cada vez mais
mentiroso, a falsificar cada vez mais a realidade e a história, daqui
provinha a reescrita desta última que caracteriza o regime esta-
linista (e pós-estalinista).
Uma vez metida na via da falsificação em grande escala, a
direcção do partido é levada a codificar a quase totalidade do
campo de expressão e a saturar o mais possível o espaço do dis-
curso público porquanto um discurso diferente poderia entrar vio-
lentamente em contradição com a ideologia oficial; quando tal
saturação está mais ou menos obtida, fica praticamente interdita
qualquer expressão coerente às formas espontâneas da cons-
ciência social, o que desencadeia um processo de encerramento
interno 18 e bloqueia a enunciação de um discurso crítico siste-
mático, deixando sem voz as diferentes classes sociais.
...,.,
74
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
2. O código de fidelidade
75
l.
CHARLES BETTELHEIM
77
.
'
CHARLES BETTELHEIM
/
" As descrições destas declarações e provocações, bem como as do
papel das reuniões repetitivas são inúmeras. Não se encontram geral-
mente na literatura «oficial» mas nas recordações daqueles que viveram
e trabalharam na URSS cujas memórias foram publicadas no exterior;
encontram-se também na literatura soviética editada no estrangeiro.
Asstm, o livro já citado de louri Dombrovski, La Faculté de l'inutile,
Paris, Albin Michel, 1979, constitui um testemunho notável sobre o fun-
cionamento da delação e da provocação, que visa surpreender os «pen-
samentos secretos». O livro jâ citado de N. Werth, ~tre communiste ... ,
fornece numerosos exemplos do funcionamento da «polícia do pensa-
mento» na época estalinista; tem o mérito de se apoiar num estudo apro-
fundado de importantes documentos de arquivo.
78
'',.,
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
22
Cf. Victor Serge, Mémoires ... , ob. cit., pp. 280 e segs.
•• Citado por G. Svirski, Les Écrivais de la liberté, ob. cit,, p. 76.
" Sobre o nascimento da concepção estalinista do «realismo socia-
lista» ver as observações de S. Cohen no seu livro Bukharin and The Bol-
chevique Revolution, Nova Iorque, Alfred A. Knopf, 1974, pp. 355-356.
Existe uma tradução francesa nas edições F. Maspero.
79
CHARLES BETTELHEIM
80
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1
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'
ANEXO
1 Cf. sobre este ponto, as minhas observações no vol. 2 desta obra e as obser-
,•
'·'"
CHARLES BETTELHEIM
2
' Cf. Marx, Oeuvres phzlosophzques, Paris, Éditions Costes, 1927, t. 1, pp. 163 e
segs.; cf. também Marx, Oeuvres lll- Philosophie, Paris, Gallimard, «La Pléiade~.
1982, em particular pp. 366-367.
' Cf. p. 195 do t. 1 das Éditions Costes, e pp. 366 e segs. de Marx, Oeuvres III,
ob. czt .
.f. Ver, por exemplo, o que Marx escreve sob o título «Observações sobre a
•
'
'·'
recente regulamentação da censura prussiana», em Oeuvres phzlo:;;:ophiques. t. t.
ob. cit., pp. 120 e segs.; cf. também Oeuvres III- Philosophie, ob. cit., pp. 111
e segs.
15 A este propósito, ver o plano de um trabalho que Marx se propunha fazer
e que devia ser uma «.crítica da política», em MEW, t. 3, p. 537; este texto foi
reproduzido por Maximilien Rubel, em Oeuvres- Economie, t. 2, pp. LXVII-LXIX.
16
Ver a este propósito as observações de Claude Lefort em «Droits de l'homme
et politique», L'Jnvention démocratique. ob. ctt .• pp. 5 e segs.
82
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
7
Quando Marx e Engels participaram nas actividades do movimento operário,
sublinharam sempre, cada vez mais, a importância das liberdades democráticas. Em
1865, num texto destinado ao partido operário alemão, Engels escreve: «0 movimento
operário é impossível sem liberdade de imprensa, sem direitos de coalizão e de reu-
nião» (MEW, t. 16, p. 73). Em 1871, após a experiência da Comuna de Paris, Marx
insistirá mais que nunca sobre os direitos dos cidadãos e sobre a subordinação neces-
sária dos funcionários que não devem ser nomeados mas sim eleitos pelos cidadãos
(cf. K. Marx, La Guerre civile en France, Paris, ES, 1968).
83
SEGUNDA PARTE
85
CHARLES BETTELHEIM
i
r
No entanto, a luta desencadeada pela direcção do partido visa
também outros «alvos», cujas situações e sorte são mais com-
plexas. Trata-se de uma parte dos dirigentes e gestores dos apare-
lhos de Estado e dos seus colaboradores imediatos (directores de
empresas, engenheiros de produção, técnicos superiores) e também
de parte dos intelectuais.
A ofensiva dirigida contra estes «alvos» não é determinada
principalmente pela sua posição nas relações de produção e de
reprodução, mas pelas suas posições ideológicas ou políticas; é em
virtude destas posições que, em parte, são eliminados aqueles que
são declarados como pertencendo à «intelligentsia burguesa».
A amplitude destas operações de eliminação e de «saneamento»
explica-se, em larga medida, pela resistência (prudente, mas real)
que a política de industrialização acelerada e de sobreacumulação
encontra no seio dos quadros (do partido, da economia, da indús-
tria, etc.). Muitos deles julgam perigosos para o futuro do país
ou do regime alguns dos «objectivos», dos planos ou os métodos
que visam atingi-los.
Os dirigentes do partido, que querem dispor de quadros dóceis,
atacam aqueles que tomam uma atitude crítica (ou suposta crítica).
Consideram-nos impregnados de «cultura burguesa» e esforçam-se
por os eliminar para disporem de aparelhos saneados, reestrutura-
dos, renovados e «colocados na forma».
86
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CAPíTULO I
SECÇÃO I
A revolu9ão cultural como «guerra de classe»
87
CHARLES BETTELHEIM
' Cf. a acta desta reunião por B. Olkhovyi, Zadatchi agitatsii pro-
pagandi i kulturnogo stroitelstva, Moscovo, Leninegrado, 1928, citada por
Sheila Fitzpatrick (ed.), (Cultural Revolution in Russia, 1928-1931, ob. cit.,
p. 10).
' Este Comissariado tem, designadamente, a seu cargo os estabele-
cimentos
4
de ensino dos diferentes níveis.
lbid.
• Cf. sobre este ponto Pravda, 10 de Março de 1928, e vol. 2 da
',, presente obra.
88
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89
."' ,_- - ...... ' ,. •'. '
CHARLES BETTELHEIM
'
. esta resolução com a política de promoção extremamente «pru-
dente)) seguida até então, deve constatar-se que se abre uma vira-
gem muito séria na política de formação dos quadros políticos e
técnicos'.
Uma outra resolução, adoptada por um Plenário reunido em
Junho de 1928, precisa esta viragem. Tem por titulo: «A melhoria
na preparação dos especialistas.)) Prevê que o recrutamento dos
engenheiros e dos técnicos se deverá fazer em condições tais que
passe a ser dado um lugar muito mais largo do que anteriormente
aos membros do partido e aos candidatos de origem operária •.
Uma resolução adoptada pelo Plenário de Novembro de 1928
prolonga as duas resoluções precedentes: vista reforçar a base ope-
rária do partido e multiplicar as promoções de quadros saídos das
fileiras •.
A estas resoluções seguem-se medidas que asseguram a apli-
cação das decisões tomadas pelo Plenário de Abril de 1928.
Ê 1i!Ssim que, para facilitar a nomeação para postos com res-
ponsabilidades técnicas de jovens operários e de quadros de base
sem conhecimentos técnicos à partida, são criadas novas «acade-
mias industriais)). Com a mesma finalidade, são abertos numerosos
cursos a tempo parcial para jovens operários e quadros desejosos
de adquirir uma formação especializada ' 0 •
Simultaneamente, a ascensão de quadros e de técnicos mem-
, bros do partido ou de origem operária é celebrada pelos expurgos
"
"( operados nos aparelhos administrativos. Os «elementos burgueses
suspeitos)) são expulsos destes aparelhos, e estes últimos «conso-
t.
lidados)) pela promoção de operários «saídos da fileira)).
A palavra de ordem «vermelho e perito)) é, assim, colocada na
ordem do dia, ao mesmo tempo que são modificadas as condições
de admissão e os programas dos estabelecimentos de estudos supe-
riores (em particular, das escolas de engenheiros). Uma nova polí-
tica de recrutamento dos alunos e dos estudantes é, pois, aplicada,
concedendo forte prioridade aos candidatos comunístas ou «saídos
' Cf. KPSS, vol n, pp. 380 e segs., mais especialmente pp. 385 a 388.
Os factos aqui lembrados foram analisados em pormenor por Sheila
Fitzpatrick, em Education and Social Mobility in the Saviet Union, 1921-
1934, Cambridge UP, 1979; e por Kendal E. Bailes, Technology and
Society under Lenin and St'alin, Princeton UP, 1978.
• Cf. KPSS, vol. n ob. cit., pp. 398 e segs.
• lbid., pp. 420 e segs.
'" Cf. S. Fitzpatrick, «Stalin and the Making of a New Elite», Slavic
Review, Setembro de 1979, p. 382; e, do mesmo autor, Education and Social
Mobility ... , ob. cit.; ver também P. M. Mikhailov, «lz Istorii deiatelnosti
Kom partii ... », VI KPSS, n.• lO, 1976, pp. 76-86.
90
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
" Cf. S. Fitzpatrick, «Stalin and the Making of a New Elite», art.
cit., p. 384. O autor cita documentos de arquivo (TsGAOR, f. 5451, op. 15,
d. 785, p. 65, VTs SPS. Sector dos quadros industriais) e duas outras
fontes: S. Fedinkin, Sovietskaia vlast i bourgouaznie spetsialisty, Moscovo,
1965, p. 243, e B. S. Telpukhovskü, VI KPSS, n.• 8, 1976, p. 93.
92
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
93
CHARLES BETTELHEIM
94
•.
17
Em 1927, cerca de dois terços dos quadros da indústria e metade
dos quadros do aparelho do partido são de origem operária. Ver Kom-
munist v sostave apparata gosutchjdenii i obchtchestvennykh organizatsii,
Moscovo, 1929, p. 25, cit. por S. Fitzpatrick, «Stalin and the Making of
a New Elite», art. cit., p. 381, n.• 25.
" Segundo um recenseamento efectuado em 1928, menos que 1 o/o
(8396) dos membros do partido concluíram estudos superiores, e cerca
de metade deste fraco contingente ocupa funções puramente administra-
tivas. Somente 7,8% dos comunistas que terminaram estudos superiores
possuem diplomas técrucos. Em 1928, havia apenas 138 engenheiros
comunistas a trabalhar em empresas industriais. Sobre estes pontos ver:
Sotsialnyi i natsionalnyi sostav VKP (b), Moscovo, 1928, p. 41; Kom-
munist v sostave apparato ... , ob. cit., p. 15; Partiinia Jizn (mais adiante
PJ), n.• 21, 1977, p. 30; e Molotov, em Krasnoestudentchestvo, Outubro,
1928, p. 21, cit. por S. Fitzpatrick, art. cit,, p. 378.
10
Cf. XV Congresso do PC (b) da URSS, BE, Paris, 1928, p. 55.
96
'1', ,_
SECÇÃO II
99
,,,,·t-
~Í''
'· " Estas observações são desenvolvidas por J. Sapir na sua tese já
' citada.
" No livro de A. Ciliga, Dix ans au pays du mensonge déconcertant,
ob. cit., encontra-se uma notável descrição das relações ideológicas domi-
nantes no seio de diferentes categorias de estudantes «saídos da classe
operária» (cf. ob. cit., pp. 86 a 90)
100
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO III
101
CHARLES BETTELHEIM
(
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
20
dutos e da distribuição, responsabilidade na alta dos preços, etc. •
IÉ na mesma época (Novembro-Dezembro de 1930) que decorre
o processo público do pretenso «partido industrial» (Prompartiia)
no decurso da qual cerca de 1000 especialistas são postos em causa.
Oito técnicos superiores são acusados de formar o «comité exe-
cutivo» deste partido. «Confessam» ter organizado a subversão,
a sabotagem e a espionagem por instigação de embaixadas estran-
geiras, entre elas a da França. A maior parte são condenados à
morte, mas o TsiK comuta estas condenações, o que é sinal de
certa alteração no seio da direcção quanto à maneira de tratar os
antigos especialistas. Esta alteração está ligada à penúria crescente
de «especialistaS)) na ocasião em que a indústria se desenvolve e
os grandes estaleiros se multiplicam. Com efeito, os especialistas
condenados, embora geralmente conservados prisioneiros, são, do-
rava:lte, muitas vezes reagrupados e são-lhes atribuídas -sob a
direcção dos órgãos de segurança- tarefas que correspondem
mms ou menos à sua e~pecialidade. Esta primeira utilização de
engenheiros, de técnícos e de cientistas (por exemplo, microbiólo-
gos) em trabalhos a efectuar num quadro de encarceramento cons-
titui a pré-história da charaga 27 •
Alguns meses após o processo do Prompartiia -em Março
de 1931- abre-se o processo público do pretenso «Bureau federal
do CC do partido menchevique». A maior parte dos inculpados
ocupa funções importantes no Gosplan, no Gosbank e no Comis-
sariado do Comércio. Outros são teóricos marxistas (é o caso de
I. I. Roubine '') ou escritores. São acusados de ter constituído uma
«frente única» com o TKP e o «partido industrial» e de ter «sabo-
tado» os planos económicos ao proporem «objectivos demasiado
fracos». Os acusados «Confessam» tudo o que lhes é censurado,
incluindo terem organizado contactos com os antigos grupos de
oposição no seio do partido bolchevique, com a oposição de «di-
reita» e com os trotskistas (como Riazanov, então director do
Instituto Marx-Engels-Lénine). São condenados a penas de cinco
a dez anos de prisão 29 •
103
CHARLES BETTELHEIM
105
•"•'· :{
I
•
••
CAPíTULO II
AS PRIMEIRAS TENTATIVAS
DE «ACERTAR O PASSO» DO PARTIDO
PELO DO GRUPO DIRIGENTE
106
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV ;;
SECÇÃO I
2
Sobre estes diferentes pontos, ver o vol. 2 da presente obra.
' No presente volume, como nos precedentes, a atenção incide sobre
os momentos essenciais do processo de transformação do partido. Não
,)
se encontrará, p01s, aqui, uma «htstória do partido» que exigma desen-
volvimentos mmto mais longos. As obras htstóncas sobre o partido bol- '
chevique não faltam Entre outras podem citar-se: Pterre Broué, Le parti
bolchevique, Paris, Êditions de Minuit, 1963; L. Schapiro, The Commu-
nist Party ... , ob. cit.; T. H. Rigby, Communist Party Membership in the
URSS 1917-1967, Princeton UP. 1968. Quanto às obras soviéticas, só são
utilizáveis, sob condição de serem decifradas, Já que tran•formam ou
ocultam os factos segundo as necesstdades da linha política do momento.
107
f,-C( ,,t.,' "!l•,;_T" .~ 1'
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'
CHARLES BETTELHEJM
• Cf. Estaline, W, t. 11, pp. 332 e segs.; este texto foi publicado pela
primeira vez em 1949. -
• Cf. Estaline, Q. L., pp. 331 e segs.
• Cf. Estaline, Q. L., p. 399.
7
Cf. KPSS, vol. 11, ob. cit., p. 445, e L. Schapiro, The Communiste
Party ... , ob. cit., pp. 378 e 648.
• Com efeito, as sanções tomadas anteriormente contra outros diri-
gentes como Linoviev, Trotski e 'Kamenev, embora utilizando abusiva-
mente a etiqueta de «actividade faccionai», visavam tomadas de posição
mais nitidas e com difusão mmto mais larga no partido do que ab tomadas
de posição muito «prudentes» dos três.
JCB
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO IJ
-~
que recai sobre certos antigos bolcheviques e SR 11 •
I
u Encontrar-se-á no livro de A. Ciliga, Dix ans au pays du men-
songe déconcertant, ob. cit., pp, 203 e segs. e 249 e segs., uma visão de
conjunto sobre a repressão política dos anos 30, sobre as condições de
detenção e sobre as principais concepções das diferentes correntes ideo-
lógicas.
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109 ,.,l
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;i CHARLES BETTELHEIM
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L
' Embora os «desviacionistas» do partido já sejam acusados de
«agentes)) dos inimigos de classe, são, no entanto, considerados
como sendo-o «objectivamente»; não são, por isso, tratados como
•:
elementos «Conscientemente hostis>> e «a soldo» do inimigo, o que
acontecerá mais tarde.
Nem por isso deixa de verificar-se uma viragem muito impor-
tante em 1929, a qual se acentua em 1930. Até Junho de 1930,
ainda se encontram na imprensa traços dos protestos de certos
·quadros, em particular daqueles que não aceitam ser acusados
por Estaline e pelo BP de não terem aplicado correctamente a
linha do partido durante o Inverno de 1929-1930, e de se terem
deixado levar pela «vertigem do sucesso)) '', alguns destes quadros
chegam a pôr em causa o conteúdo das directivas dadas anterior-
mente pelo CC (que os incitavam a agir com uma brutalidade
que depois lhes será censurada). Os outros vão até mais longe,
deixando entender que as medidas de «retirada)) decididas em
Fevereiro-Março de 1930 têm carácter «direitista))". No fim de
Maio, um editorial da Pravda põe praticamente termo a tais
tomadas de posição, declarando constituírem elas uma tentativa
que visa «desacreditar a direcção Ieninista do partido)) 14 •
Não obstante, ainda se vêm manifestar abertamente outros
desacordos com a política seguida pela direcção do partido. É assim
que, durante a preparação do XVI Congresso, são oficialmente
publicadas «folhas de discussão» que põem em causa o que se
convencionou chamar a «linha geral>>. A 28 de Junho de 1930,
põe-se brutalmente termo à discussão: quando aparece na Pravda
o que parece bem ter sido a última crítica aberta dirigida ao CC.
Nesta época, Trotski constata que a direcção do partido estabelece
o princípio da sua «infalibilidade» 15•
SECÇÃO II
110
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
111
CHARLES BETTELHEIM
,,
•·'
o carácter não plenamente socialista dos kolkhozes, Lomanidzé
põe em causa a afirmação oficial segundo a qual o país entrou
no «período do socialismo>> 19•
Estas declarações e os contactos e conversações que Syrstov
e Lomanidzé teriam tido com outros membros do partido são
apresentados como uma «conspiração», o que dá origem a uma
intensa campanha ideológica 20 • A questão termina pela expulsão
do Syrstov e Lomanidzé dos organismos dirigentes de que eram
membros '', em particular do CC.
Do outro ponto de vista das condições de funcionamento do
partido, esta questão marca uma data, já que -pela primeira
vez- membros do CC dele são excluídos não em reunião ple-
nária (isto é, por um corpo relativamente numeroso e único habi-
.. litado pelos estatutos a efectuar exclusões) mas com violação dos
f estatutos, numa sessão conjunta do BP e do CC (quer dizer, por
um grupo restrito de altos dirigentes) 22 • Pouco antes da realização
desta sessão, a 20 de Novembro de 1930, havia sido publicada na
'•, Pru:vda uma «autocrítica» de Boukharine; esta «autocrítica>> com-
,· porta um ataque contra Syrstov e Lomanidzé, e praticamente
I serve de prelúdio à expulsão de Rykov do BP (em Dezembro
de 1930) e à substituição por Molotov à testa do Sovnarkom da
URSS. Todavia, no fim de 1930, o secretário-geral ainda não está
apto a tratar como «inimigos de classe» aqueles que não se dobram
silenciosamente à sua autoridade. Ainda menos o estará no
decurso dos três anos seguintes, durante os quais é obrigado a
bater em retirada; tomará a desforra a partir de Dezembro de
1934.
19
Estas formulações são só conhecidas por citações que delas são
feitas em textos que as atacam (cf. R. W. Davies, ob cit., p. 376).
" Combina-se esta campanha com outra, conduzida, a partir de
Setembro de 1930, contra numerosos especialistas que haviam ocupado
funções Importantes no Gosplan, no Comissariado para a Agricultura, no
Comissariado para o Comércio, etc. Entre eles, figuram personalidades
como os economistas Chayanov, Kondratiev, Bazarov e Groman. A im-
prensa denuncia a participação da maior parte destes especialistas em
<<Organizações contra-revolucionárias» e em «actos de sabotagem» do
abastecimento. No decurso dos processos que ocorrem ulteriormente,
alguns fazem longas «confissões» e são acusados de serem «organizado-
res da fome e agentes do imperialismo».
" Outros membros do partido, acusados de terem estado em con-
tacto com Syrstov e Lomanidzê e de participação na «connspiração•
destes sofrem também diversas sanções. Mas, nessa época ainda se
não trata de sanções penais. Lomanidzê, com efeito, é nomeado secretário
do partido em Magnitogorsk e, como se sabe, reaparece em 1934 no
XVII Congresso do partido.
" Cf. R. W. Davies, ob cit., p. 377.
112
-,
!
CAPITULO ill
A «RETIRADA» DOS ANOS 1931 A 1934
SEOÇÃO I
1
Cf. Spravotchmk partiinogo rabotnika (mais adiante SPR), n.' 8,
pp. 385 e segs. É neste texto que é feita referência à decisão de Outubro de
1930 (cf. S. FJtzpatrick, Education and Social Mobility in the Soviet Union,
1921-1934, ob. cit., p. 212, n."' 5 e 6, p. 315. Ver também K. E. Bailes,
Technology and Society under Lenine and Sta/ine, ob. cit., onde se acha
uma interpretação desta decisão que diverge da que é proposta por
Fitzpatrick).
' A decisão do VSNKh é assinada por Kossiov e está datada de 25
de Junho de 1931 (cf. S. Fitzpatnck, Education ... , ob. cit., p. 212 e n." 6
e 7, p. 315).
' Os VUZ e os VTUZ são institutos de ensino superior, tendo os
primeiros carácter menos técnico do que os segundos.
4
Cf. S. Fitzpatrick, Education ... , ob. cit., pp. 213 e 218-219; ver
também Za lndoustrializatiou (Zl), 2 de Setembro de 1931; e Vetchernaiá
Moskva (VM), 23 de Junho e 10 de Agosto de 1932,
' O número total de VUZ e de VTUZ cai de 719 em 1932-1933 para
594 em 1933-1934. O número dos seus estudantes cai de 233 000 para
188 000. Em 1934 somente 40% dos alunos destes estabelecimentos pro-
vêm das faculdad~s operárias (rabfaks); em 1938, esta proporção cai para
22,9'% (cf. ibid., n.'' 55 a 57, p. 318). S. Fitzpatrick cita principalmente
Kulturnoe Stroitelstvo, Moscovo, 1940; e N. de WJtt, Eáucation and PtO-
fessional Employment in the URSS, Washington D. C., 1561.
114
-.- ~ ~ ..' ~.
7
' Cf. S. Fitzpatrick, Education ... , ob. cit., pp. 212 e 213, e n.• 8.
A situação agrava-se ainda mais em 1933 e 1934 com a fome. Nesse
momento, os estudantes mais pobres ou não tendo relações com os meios
privilegiados são frequentemente obngados a abandonar os estudos supe-
riores; é o caso particular da Ucrânia onde a fome se manifesta dura-
mente. Nesta República, os estudantes têm de despender, em 1933, 72
rublo' por mês para a sua alimentação quando as suas bolsas vão de 55 ~ '
!
a 90 rublos. Além disso, a corrupção nas cantinas é tal que as rações
recebidas pelos estudantes são muito insuficientes (informações provindas
A
de documentos de arquivo citados por Vladimir F. Bachevói, «Deiatelnost ~:J
K P (b) UKr v oblasti podgotovki kadrov ... v period vtoroi piatilekti»,
Leninegrado, 1966 (Biblioteca Lenine, de Moscovo), p. 160, citado de
Kendall E. Bailes, Technology and Society under Lenine and Stalin, ob.
cit., p. 247).
• Cf. Sobranie Zakonov (SZ), 19 de Julho de 1932.
• Cf. K. Bailes, Technology ... , ob. cit., p. 249.
10
Ibid., pp. 173 e segs.
u S. Fitzpatrick, Education .. . , ob. cit., p. 209.
115
•••« n,-";-:"'" ,,- - ' ... -
r "i-r
CHARLES BETTELHEIM
r
f As medidas acabadas de descrever são oficialmente justificadas
pelas necessidades da produção. Desempenham estas, sem dúvida,
certo papel no abandono da política anterior mas não o explicam
inteiramente, já que a política doravante seguida constitui uma
verdadeira viragem e comporta outros aspectos que dizem res-
peito à literatura e à arte.
" Cf. Annie Cohen-Sola!, Paul Nizan, Paris, Grasset, 1980, p. 170;
e Journal de Moscou, de 16 de Maio e de 18 de Agosto de 1934.
" Cf. S. Fitzpatrick, «Culture and Politics under Stalin: a Reapprai-
sai», in Slavic Review, Junho de 1976, pp. 211 e segs.
14
Cf. S. Fitzpatrick, Cultur'al Revolution in Russia, ob. cit., pp. 37-38.
116
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''~ ..,
SECÇÃO II
.,
CHARLES BETTELHEIM
t
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'f.
«práticos» idos directamente da fábrica como sobre o dos ope-
rários formados pelas escolas superiores, o que, na realidade,
anuncia o papel cada vez mais reduzido desta formação para os
operârios.
Um segundo tema do discurso trata da luta contra o iguali-
r tarismo que é apresentada como dizendo respeito, antes de tudo,
aos trabalhadores manuais. Estaline declara que «não se pode
',,,•• tolerar que um operário da siderurgia receba tanto como um
,,,,ç varredor» e denuncia os «niveladores [que] ... não estão de acordo
\
com esta tese» ••. Os factos não tardam a mostrar que, na rea-
lidade, a denúncia do igualitarismo deve beneficiar particular-
mente os quadros da economia e da indústria cujos rendimentos
~ são aumentados ao mesmo tempo que o são os seus poderes
' sobre os trabalhadores.
Na realidade, antes mesmo de ser pronunciado o discurso
acima citado, era aprovado um decreto secreto, datado de 10 de
Junho de 1931, que visava «melhorar as condições de vida dos
engenheiros e técnicos» e «realçar-lhes a autoridade» 17• Concede
este decreto aos engenheiros e aos técnicos um certo número de
direitos até então reservados aos operários da indústria; especifica
também que, em matéria de alojamentos, eles terão direito a um
~'
.. «suplemento de espaço». Todavia, em 1932, a maioria dos salários
ainda se situa no interior de um leque indo de 100 a 500 rublos,
e os vencimentos acima de 500 rublos são raros 18 • Neste mesmo
; ano, é tomada uma importante medida: a supressão do partmax
! (tecto dos rendimentos dos assalariados do partido) por uma deci-
'
são datada de 8 de Fevereiro de 1932 '"· Permite isto que os qua-
dros membros do partido percebam rendimentos cada vez mais
elevados, quando anteriormente aqueles salários não deviam ser
superiores, em princípio, aos de um operârio médio.
Globalmente, 1931 é o ano de uma viragem séria. Desenha-se
,,,, cada vez mais um corte entre duas políticas: a que prevalece
entre 1928 e 1931, periodo durante o qual predomina uma política
r
de aspecto «obreirista», marcada por um «igualitarismo», aliás
bastante vago, e pelo acento colocado na «promoção operária»;
.. Q. L., p. 519.
7
' Cf. VKP, 162, p. 63, citado por M. Fainsod, Smolensk à l'heure
de Staline, Paris, Fayard, 1958, pp. 352-353.
"' Cf. J. Frieman, De la Sainte Russie à l'URSS, Paris, 1938, p. 111.
•• Cf. Roy Medvedev, Le Stalinisme, ob. cit., p. 590.
118
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
e, por outro lado, a política dos anos seguintes, a partir dos quais
esta «promoção» abranda fortemente, e em que os quadros, quer ;,
sejam antigos quer novos, são objecto de uma «solicitude» que
multiplica poderes e privilégios em seu favor.
Deste modo, os quadros que têm um certo nivel de «respon-
sabilidade» formam cada vez mais nitidamente uma nova classe
de exploradores que usufrui de condições de vida mais ou menos
«burguesas», ao mesmo tempo que se estabelecem entre os seus
membros relações hierárquicas que lembram as da velha Rússia;
esta evolução acentuar-se-á na segunda metade dos anos 30.
SECÇÃO III
1. O «caso» Rioutlne
120
,. • ~ ·~· r • • ~ ~('t. ~.-':!',~ ~,'A;"','f-;'··. ~·~"
·~\
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
121
CHARLES BETTELHEIM
" Encontra-se uma boa exposição das posições tomadas por Ordjo-
nikidzé sobre a política industrial e os quadros no livro de K. E. Bailes,
Technology ... , ob. cit. Ver também um testemunho interessante das ati-
tudes de Ordjnonikidzé e da situação da indústria no livro de V. A.
Kravchenko, J'ai choisi la liberté, Paris, :&litions Self, 1947, reed. O.
Orban, 1980.
" Cf. Materialy k otchetou Ts K K V K P (b) XVI Sezdou VKP (b),
Moscovo, 1930; extractos deste texto são citados por S. Fitzpatrick em
«Stalin and the Making ... », art. cit., pp. 388-389. Ver também a obra jâ
citada de K. E. Bailes, Technology ... , ob. cit.
" Nomeado para dirigir o Gosplan, tem o encargo de elaborar mas
não de aplicar os planos. Membro do partido desde 1904 (Kouibytchev
nasceu em 1888), entra no BP, em 1927. Morre em 1935 (julga-se que
os acusados do «processo Boukharine» o tenham assassinado).
122
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
31
Cf. o discurso de Molotov no Plenário de Dezembro de 1930 em
V barbe Za sotsialism, Retchi i Stati, 2. • edição, Moscovo, 1935, pp. 63-64.
" Cf. ZI, 2 de Fevereiro de 1931, p. 2. Nesta conferência parti-
cipam numerosos «especialistas burgueses». Ê-lhes mesmo concedido lugar
de honra.
" Cf. ZI, de 12 de Março, 26 de Abril e 4 de Junho de 1931, entre
outros.
"' Ver o t. 1 do presente volume, Os Dominados.
123
CHARLES BETTELHEIM
" Cf. KPSS ... , pp. 741 e segs_; e H. Carrêre d'Encausse. Staline,
ob. cit., p. 43. A seguir a este saneamento, que decorre entre 1 de Junho
e 30 de Novembro de 1933, 22% dos membros do partido são excluídos,
mas os efectivos reduzem-se em 33 q'o, sem dúvida por motivo de nume-
rosas saídas voluntárias (cf. ibid., p. 43) .
., Kirov nasceu em 1886, pertence ao aparelho do partido desde 1910
,, e é o organizador no Exército Vermelho durante a guerra civil. Em 1927,
.',, após a derrota da nova oposição, torna-se L" secretário em Leninegrado
(a maior região industrial do país} e membro suplente do BP.
124
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
125
., '
r
'
r CHARLES BETTELHEIM
i
,j:,
,. pleta» e que todas as oposições estão vencidas e dispersas ••. O Con-
gresso adopta formalmente uma linha política que leva muitos a
• esperarem o abandono das medidas de repressão maciça e brutal
aplicadas desde há anos e a passagem a um esforço «razoável» de
industrialização. Por isso, após o Congresso, opositores que ainda
não haviam «aderido» fazem declarações de concordância e são
reintegrados no aparelho do partido e do Estado. Tal é o caso de
Christian Rakovski, antigo porta-voz da oposição de «esquerda>>,
e de numerosos outros membros desta oposição libertados da prisão
ou da deportação e que aceitam a linha oficialmente adoptada
pelo Congresso 40 •
Esta linha constitui, na realidade, uma derrota para Estaline,
Molotov, Kaganovitch e seus partidários, e uma vitória para Or-
djonikidzé e Kirov que praticamente agiram combinados •"_
As divergências entre Molotov e Ordjonikidzé sobre a política
industrial apareceram abertamente perante o Congresso.
Assim, no relatório que apresenta, Molotov defende uma linha
«superindustrial»; propõe uma taxa anual média de quase 19%
durante o 2. 0 Plano Quinquenal 42 e aumentos de produção muito
elevados para numerosos ramos industriais 43 •
Estas propostas suscitam a oposição de Ordjonikidzé. Com
efeito, contrariamente a todos os usos, Ordjonikidzé intervém no
decorrer do XVII Congresso, para sugerir que a taxa de cresci-
mento prevista para a produção industrial durante o 2." Plano Quin-
quenal fosse de 16,5% ••. Pede também que sejam reduzidos os
«objectivos» de produção de um certo número de indústrias, em
particular a fundição, o aço e a electricidade 45 •
" Cf. Estaline, W, t. 13, pp. 353 e segs, XVII Sezd VKP (b),
Steniotchet, Moscovo, 1934.
40
Ver Francis Conte, Christian Rakovski (1873-1941)- Essais de
biographie politique. tese, Bordeus-Ill (ref. Bibliotheque de la Maison
des Sciences de l'homme: TH 545).
41
Uma acção comum semelhante parece ter-se realizado no BP,
desde há pelo menos três anos, quando Estaline já não podia contar com
uma maioria constante no organismo e devia entender-se com Kirov e
Ordjonikidzé, do que provavelmente provinha o carácter ambíguo e con-
tradltóno de certas intervenções de Estaline entre 1931 e o fim de 1934
(data do assassinato de Kuov). Não se se trata aqui senão de uma hipó-
tese; contmuando inacessíveis os debates no seio do BP, numerosos índices
tendentes a confirmar a hipótese são referidos por diversos autores,
designadamente por K. Bailes, em Technology ... , ob. cit., pp. 275 e segs.
" Cf. XVII Sezd VKP (b), Moscovo, 1934, p. 354.
" Cf. Em ibid., o relatório de Molotov e o de Kouibychev.
44
XVII Sezd ... , ob. cit., p. 435.
.. ~ lbid., pp. 435-436.
126
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
127
/'
:· CHARLES BETTELHEIM
f:':,
I~ quecimento incontestável das posições de Estaline. Este é forçado
a compromissos e acha-se colocado na defensiva ' 0 •
O enfraquecimento da posição do secretário-geral traduz a
extrema gravidade da crise atravessada pela sociedade e a eco-
nomia soviéticas e as divergências que opõem o grupo dirigente
formado em redor de Estaline e outros membros da alta direcção
do partido, como Ordjonikidzé e Kirov.
Estas divergências não incidem apenas sobre os objectivos a
atingir no decurso do 2. Plano Quinquenal (objectivos que Ordjo-
0
128
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
"' Cf. L. Schapiro, The Comunist Party ... , ob. cit., pp. 401-402; ver
também a tradução francesa deste livro editado por Gallimard; cf. Igual-
mente R. Medvedev, Le Stalinisme, ob. cit., pp. 204-205 e 214.
" Cf. Estaline, Q. L., t. 2, p. 593.
" Ibid., Estaline jâ havia formulado a mesma tese em 1930, no XVI
Congresso do partido; estâ ligada à ideia de que «quanto mais progride
o socialismo», ma1s a luta de classe se torna «encarniçada», o que, em
termos prâticos, implica um endurecimento da repressão e do terror do
Estado.
130
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
••1 Cf. Kirov, Stati i retchi, Moscovo, 1934, pp. 116 e segs.
• lbid., pp. 133-134.
131
CHARLES BETTELHEIM
132
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
133
CAPíTULO IV
O ENDURECIMENTO DA DITADURA
DO GRUPO DffiiGENTE SOBRE O PARTIDO
E SOBRE OS QUADROS
(DEZEMBRO DE 1934-VERAO DE 1936)
SECÇÃO I
134
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
135
CHARLES BBTTELHEIM
3
Sobre estes pontos, cf. Pravda, de 2 de Fevereiro de 1935, e L. Scha-
piro, The Communist Party of the Saviet Union, ob. cit., pp. 406-407, que
descreve a instalação dos órgãos de repressão que entrarão em acção em
1937. Ver as honras que lhe serão prestadas em Julho de 1937 (em ibid.,
pp. 425-426).
4
Ibid., p. 407, e Pravda, de 1 de Março de 1935.
' Cf. Pravda, de 9 de Março de 1935.
• Cf. L. Schapiro, ibid., p. 407, e nota 3 de pp. 115-116.
v I. A. Serov nasceu em 1905, adere ao partido em 1926 e frequenta
uma escola militar.
• Cf., sobre este ponto, K. Bailes, Technology ... , ob. cit., pp. 281-282,
que utilizou, designadamente, um memorial redigido por um agente do
NKVD refugiado no Oeste e que trabalhava com Serov. Este memorial
(Na sloujbe u Stalina) figura nos arquivos da Universidade de Columbia.
136
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
137
CHARLES BETTELHEIM
11
Cf. P. Broué, Le Parti bolvhevique, ob. cit., p. 354, e os documen-
tos de arquivo citados em M. Fainsod, Smolensk ... , ob. cit., pp. 407 e segs.
" Cf. KPSS .. ., vol. 2, pp. 822 e segs.
" Assim, a partir da Primavera de 1935, o número dos prisioneiros
políticos aumenta rapidamente. São estes submetidos a um regime cada
vez mais severo: os poucos «direitos» que ainda lhes eram concedidos são
abolidos (cf. I. Deutscher, ob. cit., p. 284).
" Cf. o discurso de 4 de Maio de 1935, em QL, t. 2, pp. 724-725.
138
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
139
CHARLES BETTELHEIM
140
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
141
CHARLES BETTELHEIM
142
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SEOÇÃO II
O desencadeamento e o desenvolvimento do terror
em grande escala contra os quadros
(Verão de 1936-fins de 1938)
143
CHARLES BETTELHEIM
144
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
.,
O terror continua a abater-se sobre os quadros. No entanto, 'i
está um tanto ou quanto «recentrado» e atinge, sobretudo, os
antigos membros do partido. A realização do segundo «grande
processo de Moscovo», que decorre de 23 a 30 de Janeiro de 1937,
ajuda esta «recentragem» já que o principal acusado é Piatakov 37
(ainda membro do CC algumas semanas antes, aderente ao partido
desde 1917 e que desempenhara um papel eminente durante a
guerra civil "), e ao seu lado estão Radek (personalidade impor-
tante da IC) e dezasseis outros acusados que são, na sua maioria,
velhos bolcheviques.
No processo de Janeiro de 1937, não figuram altos dirigentes
do partido (como em Agosto de 1936). Ele é essencialmente
dirigido contra velhos bolcheviques que ocupam postos impor-
tantes na economia, mas a vaga de repressão que desencadeia
estende-se rapidamente aos quadros industriais: é o verdadeiro
sinal do grande expurgo que se abaterá sobre estes últimos,
embora continuando a atingir antigos membros do partido e a
manter a atmosfera de terror no seio do qual decorrem inúmeros
«processos locaiS)) instruídos segundo o modelo do processo centraL
A significação e o alcance do processo de Janeiro de 1937
são claros para Ordjonikidzé, defensor dos quadros industriais
cuja presença lhe parece indispensável ao funcionamento mais ou
menos regular da indústria e ao desenvolvimento desta. Nos dias
seguintes ao processo, as divergências entre Estaline e Ordjoni-
kídzé conduzem a um confronto aberto. Ordjonikidzé a protestar
junto de Estaline contra a prisão de seus próximos colaboradores,
as buscas operadas pelo NKVD nos seus próprios serviços e a
prisão do seu irmão mais velho. Trata-se de uma verdadeira
disputa que opõe Ordjonikidzé a Estaline. Defende este último
as prerrogativas do NKVD; afirma que ele próprio não poderia
opor-se a uma busca nos seus próprios gabinetes. Algumas horas
mais tarde, após esta discussão, a 18 de Fevereiro de 1937,
Ordjonikidzé suicida-se com um tiro de revólver ••.
146
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
., Sobre este discurso, ver Estaline, Oeuvres, t. xrv, pp. 128 e segs.
e 152 e segs.
" Ibid., p. 129.
" Cf. relatório de 3 de Março de 1937, em Estaline, Oeuvres, t. XIV,
p. 128.
•• Cf. o discurso de encerramento do Plenário, em ibid., pp. 161-162.
147
CHARLES BETTELHEIM
\
poder, ou aqueles que denunciam antigos opositores, já que pode
encontrar-se aí «Uma maneira de cobrir inimigos actuais».
~ ... Tais formulações multiplicam os «alvos» da repressão para
além de todos os limites anteriores.
Uma passagem essencial do discurso de 3 de Março é aquela
que designa como alvo da repressão já não (como em 1928-1931)
os antigos especialistas mas os quadros em funções, incluindo os
que se mostram dedicados ao partido e à sua direcção. Aquele
relatório estabelece também uma distinção entre os «antigos
trotskistas», que podiam ser reconhecidos pelas suas ideias e decla-
rações, e aqueles a que Estaline chama os «trotskistas actuais»
cuja actividade cumpre «desmascarar» porque, diz ele, se dissi-
mulam, as mais das vezes, recorrendo ao «louvor obsequioso
e servil» e mesmo à denúncia hipócrita do trotskismo ••.
Estaline indica também que é necessário «conduzir a luta
contra os camaradas que subestimam [ ... ] as forças e a impor-
tância da sabotagem» 41 •
O relatório de 5 de Março tende a alargar ainda mais a frente
de saneamento e de repressão atacando as «cumplicidades» que
podem criar-se (e que se criam efectivamente) entre certos mem-
bros do partido. O relatório acusa, com efeito, numerosos dirigentes
e militantes responsáveis de formarem, na sua localidade, na sua
província, ou na sua região, <mma pequena família de homens
~ próximos uns dos outros», um «cartel cujos membros se esforçam
~ por viver em paz, por não se prejudicarem uns aos outros e em
',, enviar ao centro, de tempos a tempos, relatórios vazios de sen-
i.
~ .. tido e nojentos sobre os sucessos realizados» ••.
Estes dois relatórios de Estaline estão, portanto, na origem
de novas vagas de repressão e de terror que se abatem sobre
dirigentes acusados de todas as espécies de malfeitorias, incluindo
o «descuido po.Jítico>>.
Os militantes são, com efeito, incitados a apresentar denúncias,
'·· a fim de provarem a sua «clarividência>> ou, mais simplesmente,
para se não arriscarem a serem eles próprios acusados de subes-
timarem as «actividades inimigas».
148
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
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153
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO III
154
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
155
CHARLES BETTELHEIM
2. Os aspectos qualitativos
156
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
pelas suas «falhas» quando os planos que devem executar não são
«realizados» ou as normas de produção não são respeitadas em
qualidade e em quantidade 70 ,
Quanto aos artistas, escritores e cientistas, o que é posto em
causa são as suas «concepçõeS)), ao serem acusados de defender
pontos de vista «estranhos)) ou mesmo hostis ao marxismo. Estas
acusações atingem muito particularmente os autores que se afas- -.,,
tam das normas do «realismo socialista», tais como foram defi-
nidas pelo partido.
Todavia, os principais «alvos» do terror são, sobretudo, os admi-
nistradores, técnicos e engenheiros. Os seus casos dão origem a
processos em quase cada República, região ou rdion. A alguns
destes processos, a imprensa muitas vezes nem sequer se refere.
A maior parte destas operações policiais ou judiciárias são efec-
tuadas em completa violação das regras processuais fixadas pelo
próprio poder.
O terror, aliás, parece obedecer a um «plano)): no decurso de
certos meses, são especialistas, funcionários ou empregados afec-
tados a um mesmo ramo de actividade que, através de todo o pais,
são processados por motivos aproximadamente semelhantes. As-
sim, como indica R. Medvedev, no decurso do segundo trimestre
de 1937, em centenas de Rciiony e dezenas de regiões decorrem
processos nos quais os principais acusados são funcionários res-
ponsáveis pela agricultura. Os motivos da acusação são sempre
mais ou menos os mesmos: «sabotadores direitistas anti-soviéticos)),
ou «violadores da legalidade socialista, trotskistas e direitistas)),
etc. No que respeita aos quadros (civis e militares) são, simulta-
neamente, quadros do mesmo nível (secretários do partido do
ralkom ou presidentes do Soviete de rdion ou directores de SMT)
que são presos ou acusados através do país inteiro. São sucessiva-
mente atingidos administradores e quadros (e, bem entendido,
também, simples trabalhadores) da agricultura, da indústria, do
comércio, dos transportes, etc. 71 • A partir de 1937, o próprio
NKVD sofre diversos expurgos sangrentos.
A amplitude do terror exercido sobre os quadros, como a do
terror em geral, põe numerosos problemas; em particular o dos
seus «objectivos», da sua «intencionalidade» ou do carácter «incon-
trolado» que o processo terrorista tende a assumir progressiva-
mente, tornando, de algum modo, «loucos» (em particular pelo
medo que eles próprios sentem) aqueles que dirigem o processo.
70
Cf. G. T. Rittersporn, Conflits ... , tese citada, pp. 118-II9.
., Cf. R. Medvedev, Le Stalinisme, ob. cit., pp. 284-286.
157
CHARLES BETTELHEIM
-
0
72
A questão da «loucura» de Estaline foi muitas vezes evocada.
No seu Relatório Secreto, Khrouchtchev fala da «loucura das grandezas»
de Estaline, da sua megalomania, etc. Está fora de dúvida que o poder
cada vez mais incontrolado de que dispõe o secretário-geral e a adulação
(produto de uma estrutura burocrática) de que está rodeado originam
nele «perturbações psíquicas». Diversos índices sugerem que médicos do
Kremlin ob~ervaram tais perturbações e que alguns deles (os Drs Plet-
nev e Lévine) assumiram o risco -que lhes custou a vida- de dar
conhecimento das suas observações a membros do grupo dirigente. É esta,
ao que parece, uma das razões pelas quais J agoda, que havia sido um dos
confidentes dos médicos de Estaline, foi «liqmdado» por ocasião do grande
processo de 1938. B. Souvarine foi um dos primeiros. no Ocidente, a ser
informado deste diagnóstico dos médicos do Kremlin (cf. o seu artigo
«Le grand secret du Kremlin», em Est-Ouest, Novembro de 1953, repro-
duzido parcialmente na mesma revista a 31 de Dezembro de 1979).
158
TERCEIRA PARTE
CAPíTULO I
SEOÇÃO I
A renovação da direcção do partido
e dos seus quadros
1
Cf. R. Medvedev, Le Stalinisme, ob. cit., p, 241; e Stephen F.
Cohen. nb. czt., p. 341.
' Stephen F. Cohen, ob. cit., p. 341.
3
Cf. a lista dos membros do BP em diferentes datas e as indicações
relativas à respectiva sorte em L. Schapiro, The Communist Party ... ,
ob. cit., pp. 648-649. No que se refere à sorte dos membros do Comité
Central saído do XVII Congresso, cf. Slava L., The Origins and Conse-
quences of the Purge of the Fui/ Members of the 1934 Central Committee
of the CPSU, Indiana, Ph. D. Diss.
162
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
163
CHARLES BETTELHEIM
'-
~·
SECÇÃO II
164
' '' - ''"I,- n~~v" ":'"", i"""~'fi.~J ~'}:~
,.,
165
CHARLES BETTELHEIM
166
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV )
SECÇÃO III
,. Ver, sobre este ponto, Merle Fainsod, Smolensk ... , ob. cit., p. 249,
que refere a directiva de 28 de Abril de 1933. Este autor indica que, na
organização de Smolensk, entre 1933 e 1934, os efectivos operários do
partido estão a recuar em cerca de 20% e que o mesmo acontece com
os efectivos classificados sob a rubrica «Empregados e diversos» (ibid.,
pp. 251 a 262; cf. também PS, n. • 9, Maio de 1936, p. 56).
167
CHARLES BETTELHEIM
168
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
'I
direito de contestar. O papel de semelhante «guia» é essencial num 'j
169
:• CHARLES BETTELHEIM
170
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
'l
durante a NEP, mas toma toda a sua força durante os anos 30.
Alguns números permitem ilustrar esta evolução: ao passo que,
nos seis anos seguintes à Revolução de Outubro, se reúnem 6 con-
gressos do partido, 5 conferências e 79 plenários do CC, nos seis
anos após a morte de Lénine, só há 4 congressos, 5 conferências
e 43 plenários; posteriormente, entre 1934 e 1953, reúnem-se ape-
nas 3 congressos, 1 conferência e 23 plenários 24 •
Todavia, o facto de que o aparelho supremo de Estado conti-
nua a ter a forma de partido comporta, evidentemente, alcance
politico e consequências práticas: realização de reuniões, as «elei-
ções» (formais) dos delegados ao congresso e às «instâncias diri-
gentes», a «aprovação» pelo voto dos relatórios e das propostas
dos dirigentes. Estas práticas simbólicas desempenham papel de
«legitimação».
O carácter simbólico destas práticas não exclui, todavia, em
situações de crise, que a sua manutenção possa impor certos limi-
tes àqueles (ou àquele) que estão (está) no vértice do aparelho.
É assim que, em diferentes momentos, Estaline teve de con-
temporizar e ter mais ou menos em conta «reservas» ou opiniões
diferentes de membros do BP ou do CC que pertenciam ao grupo
dirigente. As flutuações observadas, em 1937, no papel que deviam
exercer as denúncias emanadas da base no desenvolvimento da
repressão, testemunham, ao que parece, os efeitos que a existência
de práticas de consulta podem ter em situação de crise.
Além disso, após a morte de Estaline, a existência da forma
partido dá possibilidade de resolver alguns problemas de direcção
no seio das instâncias «de decisão colectiva)).
No entanto, como regra geral, no fim dos anos 30, a situação
é tal que o único «centro de decisãO>) é o chefe do grupo dirigente
que impõe, doravante, a sua ditadura sobre o partido de maneira
autocrática. É este o dispositivo central da «ditadura do proleta-
riadO)) de que o partido é considerado o instrumento. Esta ditadura
exerce-se de maneira brutal, ao mesmo tempo sobre as massas
populares e sobre a nova classe dominante (que garante a repro-
dução das relações de dominação e de exploração): «funcionários
do capital>) e funcionários dos aparelhos administrativos, policiais
e ideológicos de todas as espécies que, todos eles, têm de subme-
ter-se a essa forma específica de opressão generalizada.
171
... j -~:.;-~ .... \•"
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~
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••
t·
CAPITULO II
O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO-
-SUJEIÇÃO DA NOVA CLASSE DOMINANTE
SEOÇÃO I
'.
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
I
também eles, são identificados com «agentes do inimigo». Um
elemento real desta «luta de classe imaginâria» é o combate do
grupo dirigente para impor a sua ditadura sobre o partido, sobre
os quadros e, bem entendido, sobre o conjunto da população (cuja
falta de «disciplina» se considera reveladora da influência da ideo-
~ logia «inimiga»). Outro elemento real desta luta imaginâria é o
t
11' facto de os quadros do partido e dos aparelhos de Estado forma-
'· rem efectivamente uma nova classe dominante, embora o seja
r,.
:·
devido ao lugar que tal classe ocupa nas relações de produção e
de reprodução. A luta travada contra aqueles que pertencem a
esta classe em nada modifica essas relações sociais nem as funções
,... daqueles que asseguram a sua reprodução.
'l,•, Os efeitos desta luta de classe imaginâria são também uma
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•
r
!l,
3. o sistema da «charaga»
.•,.
~.
~
tidos prisioneiros são, muitas vezes, melhor tratados do que os
cidadãos livres. Em Le Premier Cercla, Soljénitsine descreveu o
funcionamento de uma charaga •. Este sistema existiu desde o prin-
"'~
;,
cípio dos anos 30: nele eram obrigados a trabalhar os especialistas
~··· condenados po·r «sabotagem\ condenação esta que, muitas vezes,
mais não era do que um pretexto para os isolar. No fim dos anos
30, principalmente na época em que Béria dirige o NKVD, o sis-
r· tema da charaga toma grande dimensão. Nesse momento, não são
~;'
~
apenas alguns especialistas que são presos: serviços inteiros de
174
' - ., . · ....:~,..~---j-'•:• ..... ,,,
175
CHARLES BETTELHEIM
176
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
" Cf. Mark Popovski, URSS- La Science manipulée, ob. cit., pp. 94
e segs.
" lbid., pp. 193 e segs.
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO ll
178
,,
13
Cf. Marx, em MEW, t. 23, p. 249.
14
Cf. Marx, Das Kapital, MEW, t. 25, pp. 392-394; e ES, livro 3,
t. 2, pp. 43-46
" Cf. K. Marx, Le Capital, ES, t. 2, p. 10.
180
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
181
/
I-
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO III
182
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183
CHARLES BETTELHEIM
184
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
185
CHARLES BETTELHEIM
186
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
187
CAPíTULO III
SEOÇÃO I
189
-~ ....,._,. { -"
--·
CHARLES BETTELHEIM
' Sobre estes diferentes pontos, ver o vol. 1 da presente obra, pp. 134
e segs., e o vo!. 2, pp. 199 e segs. e pp. 205 e segs.
' O «triângulo» ou, em russo, triougolnik, é, por vezes, também
designado pela palavra troika. Pode ex1s!Ir ao nível da oficma (cf. Mary
Mac Auley, Labour Disputes in Russia, Oxford, 1969, p. 28, n.• 3).
• Cf. sobre este ponto A. Baykov, Soviet Economic System, Cambri-
dge, 1950, p. 115.
• TPG, 2 de Fevereiro de 1928.
7
Cf. A. Baykov, ob. cit., p. 116.
190
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
191
CHARLES BETTELHEIM
192
·.
10
Sobre estes diferentes pontos, cf. PS, Junho de 1932, p. 5, Dezem-
bro de 1932, p. 47, Agosto de 1933, p, 39; Direktivy KPSS I Soviets kovo
pravitelstvo ohoziaistvennym voprosam, 4 vol., Moscovo, 1957-1958, vol. II,
pp. 372-377, e J. Azrael, Managerial Power and Soviet Politics, Cam-
bndge (Mass.), 1966, p. 93.
" Cf. XVII Sezd VKP (b), Moscovo, p. 619.
" Cf. ibid., pp. 522-533.
13
Estaline, QL, t. 2, p. 708.
H /bid., p, 712-713.
" Sobre estes diferentes pontos, cf. KPSS, t. 5 (1971), pp. 150 e segs.;
cf. também Partinoe Stroitelstvo, n.•• 7, 17 e 32, 1934.
" Cf. o relatório de Estaline ao XVII Congresso, QL, t. 2, p. 666.
" Cf. KPSS, t. 5 (1971), pp. 165-166.
18
Cf. G. Bienstock et a!., Management ... , ob. cit., p. 18; e M. Fain-
sod, How Russia is Ruled, ob. cit., pp. 170-177.
194
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
195
\-;.-
CHARLES BETTELHEIM
196
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
" Cf. Report of the Court Proceedings in the Case of the Anti-Soviet
Trotskyist Centre, Moscovo, 1937.
" Deve sublinhar-se que, após o XVIII Congresso e pondo de parte
as últimas repercussões, que ocorrem no princípio de 1941, a composição
do corpo dos admimstradores mdustriais permanecerá notavelmente está-
vel. Ao morrer Estaline, em 1953, a maioria daqueles que, então, ocupam
posições na direcção da indústria já ah se encontravam há dez anos
(cf. I. R. Azrael, ob. cit., p. 107).
.., Encontrar-se-á o texto francês deste relatório em Notes et Études
documentaires, 12 de Setembro de 1952, pp. 12 e segs. O texto citado
encontra-se a p. 24.
197
CHARLES BETTELHEIM
27
Cf. os artigos 27 e 61 dos estatutos adoptados pelo XVIII Con-
gresso, KPSS, t. 5 (1971), pp. 388 e segs.
" Jdanov, relatório ao XVIII Congresso, ob. cit., pp. 25 e 26.
" I bid., p. 26.
198
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
199
CHARLES BETTELHEIM
200
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
" Cf. Air Enthusiust, vol. I, p. 252, cit. por J. Sapir, ob. cit., p. 518.
" Cf. ibid.
202
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇAO II
204
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
" Cf. Estaline, Q. L., ob. cit., p. 884. Texto revisto a partir do ori-
ginal russo (Pravda, 11 de Março de 1939, reproduzido em Estaline, Sotchi-
nenia, XIX (1934-1939), Stanfonl, 1967, p. 398.
" Cf. o relatório de Molotov sobre o III Plano Quinquenal, em
La Correspondance Internationale, 11 de Abril de 1939, p. 395 .
., Com efeito, a categona de «intelligentsia», utilizada frequente-
mente na URSS no decurso dos anos 30, é uma categoria vaga que en-
globa todos aqueles que não são nem operários nem camponeses. Pode
distinguir-se uma «intelligentsia» no sentido restrito (que engloba escrito-
res, arllstas e sábios, o pessoal qualificado, os engenheiros, os técnicos e
os quadros - ITC -, os altos funcionários e dirigentes das empresas admi-
nistrativas e instituições diversas, os membros do vértice dos aparelhos
dirigentes); e uma <<intelligentsia>> no sentido lato que compreende também
os pequenos e médios funcionários e empregados dos diferentes aparelhos
(cf. M. Lewin, <<L'Etat, et les classes sociales en URSS ... )), art. cit.,
pp. 18-19). As estatísticas soviéticas apresentam frequentemente em con-
junto os números relativos a estes diferentes grupos, a fim de mostrar que
existe uma «intelligentsia)) tão numerosa quanto possível, mas a intelligen-
205
CHARLES BETTELHEIM
Ftecrutatnento de Recrutamento
Nov.1936 a Mar. 193>1 de 1929
81,2 41,0
Operários ............................ . 17,2 15,2
Camponeses ........................ .
«lntelhgentsia», empregados e 1,7 43,8
funcionários ..................... .
206
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
207
CHARLES BETTELHEIM
47
Posteriormente, a direcção do partido esforçar-se-á por encobrir
esta transformação tentando obter um recrutamento operário e camponês
suficientemente numeroso para que os produtores directos estejam pre-
sentes em número bastante nas suas fileiras e para que o partido possa
continuar a prevalecer-se do título de «partido dos trabalhadores» ou «da
classe operária». Este recrutamento, porém, não se faz sem dificuldade,
já que os operários que não querem fazer carreira (e é a imensa maioria)
se recusam a entrar no partido Frequentemente, só se decidem a fazê-lo
quando submetidos a fortes pressões. Por exemplo, um operário pode gra-
tificar o chefe da organização do partido para não ser inscrito neste (cf.
Chronique des petits gens d'URSS, ob. cit., p. 141).
208
CAPíTULO IV
A ESPECIFICIDADE
DA NOVA CLASSE DOI.HNANTE
SECÇÃO I
212
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO 11
214
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
L A momenklattn'M
215
CHARLES BETTELHEIM
216
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
11
Cf. H. Carrere d'Encausse, Staline, L'Ordre par la terreur, ob. cit.,
p. 91.
217
-,
CHARLES BETTELHEIM
218
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
SECÇÃO III
219
CHARLES BETTELHEIM
220
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
221
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO IV
" No seu livro: Pays de l'Est, vers la crise généralisée, Lyon, Fédérop,
1979, Jacques Sap1r md1ca a JmportâncJa que reveste, em certos momen-
tos, o recurso às «carreiras cruzadas» (ob. cit., p. 209).
223
CHARLES BETTELHEIM
vidades. Para limitar este «bloqueio da informação», a direcção
do partido dispõe de uma outra rede de informaçães (e de infor-
madores): a rede dos agentes da polícia política. Controla esta,
ao mesmo tempo, os quadros dos aparelhos de Estado e os do
partido, o que deveria impedir conluios entre uns e outros 21 •
No entanto, fora dos períodos de intensa repressão policial, todos
estes controlos não têm senão uma reduzida eficácia. Aliás, nos
períodos de forte repressão, a «eficácia» da duplicação dos con-
trolos é limitada pela rivalidade policial (que «descobre» «desobe-
diências» inexistentes) e pela paralisia das iniciativas que a dupli-
cação gera.
O sistema que acaba de ser descrito resulta da acuidade das
contradições sociais, incluindo contradições internas na burguesia
do partido. Deu nascença a interpretações da realidade soviética
que me parecem discutíveis. Uma destas interpretações pretende
que, na URSS (e nos países que têm igual estrutura política), o
Estado teria desaparecido: trata-se da tese que, de maneira pro-
blemática, T. Lowit propõe nos seus já citados trabalhos, parti-
cularmente no artigo: «Haverá Estados na Europa de Leste?» ••.
Afigura-se-me que o descrito por T. Lowit não permite concluir
no sentido do desaparecimento do Estado mas antes no do exer-
cício do poder de Estado pelo partido presente no conjunto dos
aparelhos. O Estado impõe sempre o seu poder coercivo sobre
as classes dominadas e sobre os próprios membros da classe
dominante, mas modifica profundamente a forma sob a qual este
poder se impõe. Quando esta nova forma de dominação está
plenamente desenvolvida, isto é, quando a direcção do partido
domina a população através do conjunto dos aparelhos e, espe-
cialmente, através do sistema policial e do terror, está-se em
presença de um poder totalitário. Os diferentes aparelhos de
Estado continuam a ser o suporte de interesses contraditórios;
provém daqui, precisamente, a necessidade em que se encontra
a direcção política do partido de multiplicar os controlos para
tentar dominar o funcionamento de taís aparelhos.
O partido constitui, portanto, um aparelho separado dos
outros, colocado acima deles e que se esforça por os dominar
através de uma luta e de esforços constantes. Tende, assim, a
constituir um «aparelho de Estado supremo», o que faz dele não
um «Partido-Estado» mas sim um partido de Estado.
224
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO V
226
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
ANTES HITLER
DO QUE A EMANCIPAÇÃO POPULAR
1
Esta observação também é válida para os anos anteriores a 1930,
incluindo os da vida de Lenine, como mostram, entre outras, as decisões
diplomáticas soviéticas e as da IC respeitantes à Turquia, em 1921, e à
China, em 1927 e 1930. O PCC é um dos raros partidos que resistem
mais ou menos a essa subordinação porque experimenta directamente o
expansionismo e o colonialismo grande-russos nas suas fronteiras, desig-
nadamente na Ásia Central. Escapa a esta subordinação a partir de 1935,
quando Mao Tsé Tung assume a sua direcção (sobre estes pontos cf.
F. Claudin, La Crise du mouvement communiste, t. I, Paris, Maspero,
1972, em particular pp. 142 a pp. 189 e pp. 285 a pp. 346).
229
CHARLES BETTELHEIM
230
CAPíTULO I
O PERíODO 1928-1934: A DENúNCIA DOS PAíSES
DA «ENTENTE» E A LUTA CONTRA
O «SOCIAL-I<'ASCISMO»
231
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO I
A luta contra o «social-fascismo»
232
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
!233
CHARLES BETTELHEIM
7
Cf. Max Beloff, The Foreign Policy of Soviet Russia, Londres,
Oxford, UP, vol. I, 1947, pp. 32 e segs.
' Declaração de Lenine, 22 de Setembro de 1920, citada por J. P.
Faye; ob. cit., p. 9.
Cf. Die Rote Falzne, n." 144, 26 de Junho de 1923; e Ruth Fischer,
Stalin and the German Communist, Francoforte, 1950, pp. 339-343.
234
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO II
10
Cf. Estaline, W, t. 12, p. 263.
u Cf. B. Ponomarev et al (eds.), History of Soviet Foreign Policy
1917-1945, Moscovo, 1969, p. 287.
" Cf. 1zvestia, 26 de Junho de 1931.
235
CHARLES BETTELHEIM
O PCA, pela sua parte, segue a via traçada pela IC, opõe-se a
toda acção comum com os socialistas, ao mesmo tempo que apoia
greves animadas pelos nazis para limitar a audiência da ADGB (a
CGT alemã ligada ao partido socialista). Nesta ocasião, Outono
de 1932, E. Thaelmann fala de uma «frente única de classe com
os proletários nazis» ".
Na situação assim desenvolvida, o partido nazi (NSDAP) apro-
xima-se do poder, embora a sua influência eleitoral recue em
Novembro de 1932, por ocasião das segundas eleições do ano. A 30
de Janeiro de 1933, Hindenburg chama Hitler para a Chancelaria.
É o princípio do III Reich. A 27 de Fevereiro, arde o Reichstag,
em seguimento de uma provocação nazi, o que permite instaurar
um regime de terror em nome da «protecção do povo e do Estado».
Milhares de militantes e de operários são presos. A imprensa comu-
nista, socialista e do centro é interdita; os partidos, à excepção
do nazi, são colocados na ilegalidade e o NSDAP organiza novas
«eleições» que lhe asseguram uma câmara dos deputados às suas
ordens. No entanto, ainda em Maio de 1933, a direcção do PCA
declara: «0 proletariado não perdeu nenhuma batalha, não sofreu
nenhuma derrota [ ... ] Trata-se apenas de uma retirada momen-
tânea 15 .»
" Cf. Trotski, Écrits III, p 64, citado em F. Oaudin, ob. cit., p. 187.
" Cf. Margaret e Buber-Neumann, La Révolution mondi'ale, Paris,
1971! p. 298.
' lbid., pp. 300-301.
236
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
237
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO III
239
CAPíTULO II
240
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
4
A estenografia dos debates do Congresso (XVII Sezdj fala de
aplausos (p. 129) e a Pravda, 31 de Janeiro de 1934, p. 2, de aplausos
prolongados.
• XVII Sezd VKP (bj, Moscovo, 1934, pp. 127-129, citado por
S. Cohen, Boukharine, [ ... ], ob. cit., pp. 360-361.
242
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO I
A ideologia nacionalista
e a politica exterior da URSS
243
CHARLES BETTELHEIM
244
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
SECÇÃO II
245
CHARLES BETTELHEIM
246
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
SECÇÃO III
247
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248
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249
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250
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
251
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252
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
253
CHARLES BETTELHEIM
254
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
SECÇÃO IV
255
CHARLES BETTELHEIM
43
Cf. o artigo de Krivitsky, «Stalin's Hand in Spain», Saturday Even-
ing Post, 15 de Abril de 1939. No seu livro, I was a Staline's Agent,
Krivitsky mostra que a presença da URSS em Espanha era elemento de
uma manobra destinada a alcançar um dos objectivos essenciais da polí-
tica soviética: celebrar um pacto com a Alemanha (cf. ob. cit., pp. 98-99).
.. Cf. o livro de Krivitsky, ob. cit., p. 120.
256
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
258
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
259
CHARLES BETTELHEIM
260
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
261
CHARLES BETTELHEIM
!262
CAPíTULO III
1
Cf. Jacques Martin, ob. cit., pp. 87 e segs., que cita o protocolo
secreto de 23 de Agosto e apresenta extractos dos ulteriores acordos
germano-soviéticos que também colocam a Lituânia na esfera de influência
soviética.
263
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO I
164
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
265
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SECÇÃO II
268
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
269
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270
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
SECÇÃO III
271
CHARLES BETTELHEIM
272
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
17
Sobre a guerra da Fmlândia, cf. ibid., pp. 78-79; e Jacques Martm,
ob. cit., pp. 92 e segs.
" Cf. David J. Dallin, Soviet Russia's Foreign Policy 1939-1942,
New Haven, 1942, p. 259, citado por R. G. Wesson, ob. cit., PP. 145-146.
" A. Werth, ob. cit., t. 1, p. 86.
SECÇÃO IV
275
CHARLES BETTELHEIM
'" Cf. Nazi Saviet Relations, Washington, 1948, pp. 238-239; Decla-
raçõf"s de Ribbentrop em Nuremberg, acta do processo, vol. x, pp. 328-
329. citado por Jacques Martin, ob. cit., p. 99.
'" Cf. R. G. Wesson, ob. cit., p 153.
" Desde 1931, quando o Japão agrediu a China, e mais ainda desde
1935, quando o exército japonês invade a China do Norte, desenvolve-se
tensão entre a URSS e o Japão, cujas tropas se defrontam várias vezes
quando a URSS abandona, em 1937, a «política de apaziguamento» que
havia sido a sua até então. As tropas soviéticas obtêm, ahâs, sucessos
R76
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
277
CHARLES BETTELHEIM
SECÇÃO V
O princípio da guerra
278
I
J
279
CHARLES BETTELHEIM
31
Cf. Estaline, Oeuvres, t. XVI, ob. cit. p. 15.
" Cf IVOVSS, Moscovo, 1960, p. 47:5.
" Entre as diversas descrições desta impreparação para a agressão
(ocorrida quando as tropas soviéticas se dispersavam para ocupar novos
território,), devem mencionar-se as que se encontram na obra de Piotr
Grigorenko, Stalin et la Deuxieme Guerre mondiale, ob. cit., designada-
mente pp 11 R c segs.
" Cf. TVOVSS; A. Werth, ob. cit., t. 1, pp. 128 a 136; P. Broué
ob. cit., p. 417.
280
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS- IV
281
CHARLES BETTELHEIM
282
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
283
POSFÁCIO
PARA NAO CONCLUm
286
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
agentes locais do MVD são, então, colocados sob a autoridade formal dos
Comités executivos dos Sovietes de região. Em 1966, Brejnev reconstitui
um ministério pansoviético da Preservação da Ordem Pública; em Novem-
bro de 1968, volta a dar-lhe o nome de MVD. Os poderes deste ministério
e os do KGB voltam a crescer regularmente após 1965, sem que, todavia,
retomem a amplitude que tinham no fim da era estalinista.
' Ver, por exemplo, o que escreve a este respeito Efim Etkind em
Dissident malgré /ui, ob. cit., livro no qual o autor relata alguns dos pro-
cessos e das condenações arbitrârias que ocorreram entre 1963 e 1974.
290
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
291
- ' ' . ---
CHARLES BETTELHEIM
• Cf. sobre este ponto, H. Carrere d'Encausse, ob. cit., pp. 292 e
302-}03.
291
CHARLES BETTELHEIM
294
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
C) A politica de desanuviamento
296
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
CHARLES BETTELHEIM
298
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
299
CHARLES BETTELHEIM
301
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CHARLES BETTELHEIM
303
CHARLES BETTELHEIM
304
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
306
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
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AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
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CHARLES BETTELHEIM
310
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
312
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
A) As crises económicas
313
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CHARLES BETTELHEJM
314
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
a) AS CRISES CíCLICAS
315
••r" '1, -,,,
CHARLES BETTELHEIM
316
AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
Taxa de crescimento anual do PNB
(Percentagem)
317
CHARLES BETTELHEIM
" Cf. Nil Eberstadt, «The Health Crisis in the USSR». The New
York Review of Books, 19 de Fevereiro de 1981. Encontra-se também
um estudo sério destes problemas em «Aspects de Ia santé publique en
URSS» em Problémes économiques et sociaux, Documentation française,
28 de Dezembro de 1981. Ver também Dr. Knauss, Médecine en URSS.
Paris, Belfond, 1982, e os estudos de Murray Fisbach citados em Le
Monde, 9 de Novembro de 1982.
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AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
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CHARLES BETTELHEIM
B) A crbe ideológica
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AS LUTAS DE CLASSES NA URSS-IV
•• Borissov, que havia sido preso em 1964, por ter criado um círculo
de estudos marxistas clandestino, esteve então num hospital psiquiátrico
durante três anos. Após a sua primeira libertação é de novo preso em
1969, como membro de um grupo de defesa dos Direitos do Homem.
Conhece de novo o hospital psiquiátrico até 1974. Após a fundação do
SMOT, é preso em Março de 1980 e expulso da URSS em Junho do
mesmo ano (cf. Chronique des petites gens de l'URSS, ob. cit., p. 19).
•• Sobre este ponto, Heléne Carrêre d'Encausse, Le Pouvoir confis-
qué, ob. cft., pp. 271-272
323
CHARLES BETTELHEIM
32-1
' - -
~
como era; faz isto também parte de uma crise ideológica cujo
alcance não deve ser subestiinado.
C) A crise politica
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BIBLIOGRAFIA DOS PRINCIPAIS ARTIGOS E LIVROS
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CBA.RLES BETTELHEIM
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Izveatia
lzveatia Narkomtrouda
Machinoatroenie
Partinoe Stroltelavo (PS)
Planovoe Khoziaia:tvo (PK)
Pravda
Sobranie Ouzakonenii
Sobranie Zakonov
Sotsi'alistitcheskoe Selskoe Khoziaistvo
Sotsialistitcheskoe Zemledelie
Savietskoe gosudarstvo i pravo
Sovietskdia Ioustizia
Troud
Voprosy lstorii (VI)
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fazer quando ele aconte·
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nheiro? Que deve fazer se
ouvir um intruso? Em férias, que deve fazer para
que o ladrilo pense que você está em casa? Como
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tra violaçlles? Como proteger os seus filhos da dro·
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• 2. o Período: 1923-1930
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ESTUDOS E DOCUMENTOS
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