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DIÁRIO DE APRENDIZADO

Local: HOSPITAL REGIONAL - Albert Sabin


Data: 30/06/2020
Prof.ª: Lucielle Lírio Nonnenmacher
Aluna: Raquel Medeiros Teixeira Kuster

DEFINIÇÃO DA ATIVIDADE

Emergências Abdominais

1. DEFINIÇÃO

O trauma abdominal é o sofrimento resultante de uma ação súbita e violenta,


exercida contra o abdome por diversos agentes causadores: mecânicos, químicos,
elétricos e irradiações (RIBAS-FILHO et al 2008, p.170).
O manejo adequado do paciente traumatizado grave está na dependência de
vários aspectos básicos, como o atendimento pré-hospitalar eficiente, uma sala de
emergência equipada e apropriada e a disponibilidade de exames complementares, além
do recurso humano especializado e experiente, que é o fator diferencial nesse tipo de
situação. (PROTOCOLOS EMERGÊNCIA E URGÊNCIA, 2017, p. 45).

De acordo com Advanced Trauma Life Support (ATLS) (2012, p.123) durante a
avaliação primária de doentes que sofreram trauma fechado, a avaliação da circulação
inclui o pronto reconhecimento de possível hemorragia, como aquelas que podem
ocorrer no abdome e na pelve. Feridas penetrantes no tronco (entre o mamilo e o
períneo) também devem ser consideradas causas potenciais de lesões intraperitoneais. O
mecanismo de trauma, as forças de lesão, a localização do ferimento e o estado
hemodinâmico do doente determinam a prioridade e o melhor método de avaliação do
abdome e da pelve.
.
2. TIPOS DE EMERGÊNCIAS RELACIONADAS AO ABDÔMEN

Classifica-se esse trauma em dois tipos principais – aberto ou fechado. No aberto


existe solução de continuidade da pele; enquanto que no fechado, também denominado
contusão abdominal, a pele está íntegra, sendo que os efeitos do agente agressor são
transmitidos às vísceras através da parede abdominal, ou se dão por contra golpe ou
desaceleração. Por sua vez, os traumatismos abertos são subdivididos em penetrantes e
não penetrantes na cavidade abdominal (RIBAS-FILHO et al 2008, p.170).

1) Trauma Contuso ( “Fechado“)


Em pacientes com trauma abdominal contuso, os órgãos mais
frequentemente lesionados são o baço (40% a 55%), fígado (35 a 45%) e intestino
Delgado (5% a 10%). Além disso, existe a incidência de 15% de hematoma
retroperitoneal em pacientes que são submetidos a laparotomia por trauma
abdominal contuso.
2) Trauma Penetrante
As lesões por armas brancas atravessam as estruturas abdominais adjacentes e
mais comumente envolvem o fígado (40%), intestino delgado (30%), diafragma (20%) e
colón (15%). Lesões por arma de fogo podem causar lesões intra-abdominais baseados
em sua trajetória, efeito de cavitação e possivelmente fragmentação do projeto. As
lesões por arma de fogo mais comumente causam lesão no intestino delgado (50%),
colón (40%), fígado (30%) e em estruturas vasculares abdominais (25%)
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO, 2018, P.22).
Os pacientes vítimas de trauma abdominal apresentam grande instabilidade
hemodinâmica nas primeiras 24 horas o que acaba culminando em uma elevada taxa de
mortalidade (ZORZETO et al, 2012, s.p). O mecanismo de trauma, as forças de lesão, a
localização do ferimento e o estado hemodinâmico do doente determinam a prioridade e
o melhor método de avaliação do abdome e da pelve (ADVANCED TRAUMA LIFE
SUPPORT (ATLS), 2012, p. 127).
Segundo Ribas-Filho et al. (2008, p.172) quando há instabilidade
hemodinâmica, sinais de peritonite, lesões penetrantes ou distensão abdominal, o
diagnóstico pode ser feito mais rapidamente, porém algumas vezes são necessários
exames complementares.
Segundo Pimentel et al. (2015, p. 259) o diagnóstico preciso e oportuno de lesão
intraabdominal contusa é um dilema.
No trauma abdominal contuso, o indicador mais confiável de sangramento
intraabdominal é a presença de choque de origem não explicada. Isso testifica a
necessidade de reconhecer seus sinais precoces como a taquicardia (ZORZETO et al,
2012, s.p). Em sua pesquisa Pimentel et al (2015, p. 262) pode verificar que os
pacientes, vítimas de trauma abdominal contuso, que vão para laparotomia exploradora
instáveis hemodinamicamente tem 2,4 vezes maior chance de óbito do que aqueles sem
alterações circulatórias, sendo um fator de risco para mortalidade.

3. PAPEL DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO A UMA EMERGÊNCIA


ABDOMINAL E PRINCIPAIS CUIDADOS DE ENFERMAGEM

O profissional que atua na unidade de emergência tem como função obter a


história do paciente, fazer o exame físico, executar o tratamento, aconselhando e
ensinando a fazer a manutenção da saúde (BERTOZZI, 2011, s.p).
Dessa forma, é imprescindível que a equipe de saúde conheça os pontos
fundamentais para um atendimento eficiente ao traumatizado, entre estes pode-se
destacar: o atendimento de emergência, que começa antes da chegada da vítima, com
preparo individual da equipe, gerenciamento de recursos humanos e materiais, atuação
conjunta interdisciplinar e condições de trabalho( ARAUJO 2012, s.p).
Por isso a constante atualização destes profissionais, é necessária, pois,
desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar
em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos
(WEHBE; GALVÃO, p. 88).
O sucesso no manejo do trauma abdominal é caracterizado pela eficiência da
abordagem inicial que permite instituir o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno
das lesões intra-abdominais, quando presentes (RIBAS-FILHO et al 2008, p.170).
A preocupação inicial da avaliação de um paciente com trauma abdominal não é
estabelecer um diagnóstico preciso da lesão, e sim determinar se existe lesão intra-
abdominal. O objetivo imediato em tal avaliação é garantir a sobrevida, deve-se
determinar as condições das vias aéreas e manter permeabilidade total, estabilizar
coluna cervical, atentar-se à respiração e ao padrão respiratório. A avaliação da
circulação é fundamental, bem como a avaliação neurológica e exposição (A/B/C/D/E)
(THOMAZ 2018, P. 89).
O exame físico abdominal deve ser realizado de forma meticulosa, sistemática e
em uma sequência padrão: inspeção, ausculta, percussão e palpação. Deve ser seguido
pela análise da estabilidade pélvica, bem como dos exames da uretra, do períneo, do
reto, da vagina e dos glúteos. Os resultados, sejam eles positivos ou negativos, devem
ser documentados cuidadosamente no prontuário do doente (ADVANCED TRAUMA
LIFE SUPPORT (ATLS), 2012, p. 127.).
De acordo com Thomaz (2018, P. 91) após a avaliação primária, devemos
proceder da seguinte maneira, conforme protocolo da instituição:
- Realizar a monitorização do paciente, atentando-nos aos sinais vitais.
- Instalar oxigenoterapia, máscara de oxigênio, atentando-nos à saturação do
oxigênio, à frequência respiratória e ao padrão respiratório.
- Garantir acesso venoso calibroso para coleta de exames laboratoriais e
manutenção para reposição de volume e hemoderivados, se necessário. Encaminhar
amostra de sangue para banco de sangue.
- Realizar a sondagem gástrica e vesical do paciente, atentando nos às
características dos débitos.
- Realizar curativo para conter sangramento e, se necessário, realizar
empalamento do objeto – fixação, por meio de curativos, do objeto que penetrou o
tecido. (Nunca retirar o objeto, apenas em ato cirúrgico).
- Encaminhar paciente para exames.
- Preparar paciente para cirurgia.
- Preparar material e circular procedimento médico invasivo.
- Atentar à dor, à náusea, ao vômito.
- Atentar à distensão abdominal.
- Atentar à FC e ao ritmo.
- Atentar à FR, ao padrão respiratório e à saturação de oxigênio.
- Atentar à pressão arterial, aos sinais de débito cardíaco diminuído.
- Medicar conforme prescrição médica.
- Realizar sistematização da assistência de enfermagem.
APRENDIZAGEM A PARTIR DA ATIVIDADE

a) O que você enquanto acadêmico aprendeu mediante a atividade solicitada. etc..

Aprendi que, as prioridades iniciais no atendimento ao paciente com trauma


abdominal são: a manutenção da via aérea pérvia, com controle da coluna cervical, além
da avaliação da respiração e controle da hemorragia são fundamentais e cruciais para a
sobrevida destes pacientes. E que o sucesso na manipulação do trauma abdominal é
determinado pela habilidade no atendimento inicial que possibilita definir o diagnóstico
prévio e o tratamento adequado das lesões intra-abdominais, quando presentes.
Também pude aprender que, na avaliação de doentes com trauma fechado a
observação da circulação compreende na verificação de possível hemorragia como
aquelas que podem ocorrer no abdômen e na pelve, no trauma fechado os órgãos mais
afetados são o baço, fígado, intestino delgado e rins, mas isto varia da energia cinética
que aconteceu no momento do trauma. Já relacionado ao trauma penetrante pude
aprender que ocorrem em sua maioria por arma de fogo ou arma branca e os órgãos
mais atingidos normalmente são o intestino delgado, mesentério, fígado, cólon e baço.

Ademais pude observar que é primordial durante a avaliação da vitima observar


sinais de presença hematomas, palidez, sudorese, dor localizada ou não no abdômen,
lembrando sempre que a cinemática do trauma poderá auxiliar muito na conduta a ser
realizada bem como sobre as principais necessidades do paciente traumatizado.

b) O que você quanto acadêmico aproveitou do conteúdo solicitado no trabalho.

Pude observar nas diversas leituras realizadas que, é de suma importância a


atuação do enfermeiro no atendimento ao paciente com trauma abdominal onde o
mesmo deve atuar de maneira ativa sempre atento e participativo na prevenção de
agravos decorrente do trauma.
APROFUNDAMENTO DA APRENDIZAGEM: (Aqui deve ser colocado algo além
da pesquisa que o professor solicitou que faça parte do contexto do trabalho porem não
foi solicitado. EX: algum exame especifico, curiosidade , tecnologias relacionadas.
Todo conteúdo do trabalho deve conter citação com a referência)

Síndrome compartimental

Você já ouviu falar sobre síndrome compartimental abdominal? Essa


complicação é comum e o enfermeiro deve estar atento aos sinais e sintomas para que a
intervenção seja rápida, não colocando em risco a vida do paciente.
Síndrome compartimental abdominal pós-traumática pode ocorrer pelo edema
dos tecidos intra-abdominais, causando assim o aumento da Pressão Intra-abdominal
(PIA). O aumento dessa pressão leva à diminuição da perfusão dos tecidos, podendo
ocorrer até a necrose tecidual. Um dos cuidados de enfermagem para reconhecer essa
complicação seria atentar-se ao exame físico, ao estado desse abdome, que geralmente
fica muito tenso e distendido, como: alterações das pressões das vias aéreas; dispneia,
ventilação inadequada, hipoxemia e oligúria. Deve-se avaliar a PIA, sendo normal de 10
a 15 mmHG; níveis acima de 30 mmhg exigem intervenções imediatas, como a
Peritoneostomia (abertura do peritônio deixando a cavidade aberta com a bolsa de
Bogotá). Sabemos que o índice de mortalidade é muito alto nesses casos (THOMAZ
2018, P. 93 e 94).

Figura 01: Peritoneostomia: Bolsa de Bogotá

Fonte: Disponivel em https://>bestpractice.bmj.com/topics>acesso em: 16 de jun. 2020.


REFERÊNCIAS

Advanced Trauma Life Support. Suporte Avançado de Vida no Trauma ATLS. Nova
Edição Copyright © 2012 American College of Surgeons 633 N.

PROTOCOLOS EMERGÊNCIA E URGÊNCIA. Especialidades Cirúrgicas V. 03


Hospital Central Do Exército. Agosto/2017

RIBAS-FILHO, Jurandir Marcondes; MALAFAIA, Osvaldo; FOUANI, Marcelo


Morikuni; JUSTEN Marcel da Silva, PEDRI, Lucas Eduardo; DA SILVA; Letícia
Mayer Alves; MENDES, João Felippe. Trauma abdominal: estudo das lesões mais
frequentes do sistema digestório e suas causas. ABCD, arq. bras. cir. dig.,  São
Paulo,v.21, n.4, p.170174, Dec. 2008.http://dx.doi.org/10.1590/S010267202008000400
004. 

Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Diretrizes Clínicas. Atendimento ao


Paciente Politraumatizado. Ano 2018.
THOMAZ, Márcia Cristina Aparecida. Urgência e emergência em enfermagem. Editora
e Distribuidora Educacional S.A. Londrina PR, 2018.

WEHBE, Grasiela; GALVAO, Cristina Maria. O enfermeiro de unidade de emergência


de hospital privado: algumas considerações. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão
Preto,  v. 9, n. 2, p. 86-90,  Abr. 2001.

ZORZETO, Miriam Esther Oliveira; OLIVEIRA Marta Lenir Bonifácio; ANA, Lúcia
Gomes; BRASILEIRO, Marislei Espíndula. A importância da atuação do enfermeiro
na prevenção de complicações decorrentes do trauma abdominal fechado. Revista
Eletrônica de Enfermagem [serial on-line] 2012 ago-dez 1(1) Available from:
http://www.ceen.com.br/revista eletrônica.

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