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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
NUTRIÇÃO ESPORTIVA

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
NUTRIÇÃO ESPORTIVA

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MODULO I

1 CONCEITOS IMPORTANTES EM NUTRIÇÃO ESPORTIVA


2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO
2.1 GASTO ENERGÉTICO NOS EXERCÍCIOS
3 CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS
4 DIETA E ATIVIDADE FÍSICA

MODULO II

5 NUTRIENTES X EXERCÍCIOS
5.1 CARBOIDRATOS
5.2 ÍNDICE GLICÊMICO
5.3 LIPÍDEOS
5.4 PROTEÍNAS
5.5 VITAMINAS
5.6 MINERAIS
5.7 ÁGUA
5.7.1 Água e Eletrólitos
5.7.2 Desidratação
5.7.3 Termorregulação

MÓDULO III

6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL


7 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS E PRESCRIÇÕES DIETÉTICAS NA
ATIVIDADE FÍSICA
7.1 NUTRIÇÃO NO ATLETISMO
7.2 ALIMENTAÇÃO NA NATAÇÃO

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8 SUPLEMENTAÇÃO
9 REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA
9.1 ÁGUA PURA
9.2 BEBIDAS CONTENDO SÓDIO
9.3 BEBIDAS CONTENDO CARBOIDRATOS E ELETRÓLITOS
ANEXO I
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MODULO I

1 CONCEITOS IMPORTANTES EM NUTRIÇÃO ESPORTIVA

 Processos de digestão, absorção, transporte e excreção

A digestão consiste em várias transformações em sequência, desencadeada


por mediadores químicos, endócrinos e estímulos, desenvolvidos pelo aparelho
digestivo a fim de possibilitar a melhor absorção dos alimentos. É definida como o
conjunto de processos físicos (mastigação, deglutição e movimentos peristálticos)
químicos (ação enzimática) que convertem os alimentos em compostos menores
hidrossolúveis e absorvíveis, ocorrendo no interior do tubo digestivo.

Este processo tem início na boca, onde os alimentos sólidos são reduzidos a
uma massa de menor tamanho, por meio da mastigação (ação trituradora dos
dentes) e salivação, com auxílio da língua. Esses são digeridos ao se misturarem à
saliva e suas enzimas secretadas pelas glândulas salivares. A principal enzima
encontrada na saliva é a amilase salivar, que catalisa a hidrólise de polissacarídeos,
tendo seu pH em torno de 6,4 a 7,5, o que facilita sua ação. Na saliva também se
encontram outras enzimas, como a maltase e catalase, porém, em quantidade
menor. O amido é digerido pela saliva, sendo degradado em oligossacarídeos e
maltose.

E pela deglutição voluntária que o bolo alimentar é conduzido ao estômago.


Nesse órgão, é misturado com fluido ácido e enzimas proteolíticas e lipolíticas. A
regulação da secreção cloridropéptica e o esvaziamento gástrico ocorrem pela ação
de hormônios gástricos (gastrina, enteroglucagon e 5-hidroxitriptamina) e
mediadores químicos do sistema nervoso autônomo (catecolamina e acetilcolina).

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Ainda neste órgão, as glândulas cárdicas e pilóricas produzem um muco que
lubrifica o bolo alimentar e protege a mucosa contra a ação das enzimas gástricas e
do ácido clorídrico. Este ácido facilita a absorção do ferro, torna o pH adequado para
digerir as proteínas, propicia a ativação do pepsinogênio em pepsina, e limita a
fermentação microbiana, agindo contra germes.

Ao deixar o estômago, o quimo chega ao duodeno, sendo que nos primeiros


10cm, ocorrerá a maior parte da digestão. Neste órgão o PH é neutralizado pela
grande secreção das glândulas de Brunner. Essa alteração do PH facilita a imediata
ação das enzimas pancreáticas e ativação do tripsinogênio em tripsina.
Porém, para manter a osmolaridade do quimo semelhante à do plasma, é
necessário que haja fluxos bidirecionais de íons e fluidos entre o meio interno e a luz
intestinal.

As enzimas responsáveis pela digestão e absorção são:

TABELA 1
Local de Enzimas Local de Substrato Produto
atuação produção
Boca Amilase Glândulas Amido Maltose
salivares
Estômago Pepsinogênio Estômago Proteínas Polipeptídeos
Piloro Proteoses
Duodeno Peptonas
Intestino Amilase Pâncreas Amido Maltose
delgado
Lipase Pâncreas Triglicerídios Diglicerídio, ác. graxo
Diglicerídios Monoglicerídio, ác. graxo
Monoglicerídios Ác. graxo, glicerol
Fosfolipase Pâncreas Fosfolipídios Lisofosfatídios, ác graxos,
A2 ác. fosfórico e bases
Colesterol Pâncreas Éster de Colesterol livre

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Esterase colesterol Ác. graxo
Tripsinogênio Pâncreas Proteínas e Peptídios e aminoácidos
Polipeptídios
Maltase Borda em Maltose Glicose
escova
Invertase Borda em Sacarose Glicose e frutose
escova
Lactase Borda em Lactose Glicose e galactose
escova
Aminopeptida Borda em Polipeptídios Peptídios
se escova
Dipeptidase Borda em Dipeptídios Aminoácidos
escova
FONTE: Waitzberg & Linetzky, 2004.

Finalmente o processo de digestão do amido e das proteínas termina com a


ação das enzimas do pâncreas e da borda em escova do intestino delgado. O suco
pancreático tem o objetivo de neutralizar a acidez do bolo alimentar, sendo assim,
seu pH varia de 7,8 - 8,2 devido ao alto teor de bicarbonato. Isso garante a ação das
enzimas pancreáticas que agem em pH ligeiramente alcalino e neutro. As enzimas
encontradas nesse suco são:

 Tripsina;
 Quimotripsina;
 Carboxi e amino-peptidase;
 Amilase pancreática;
 Lípase pancreática;
 Ribonuclease;
 Desoxirribonuclease.

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Por meio de movimentos peristálticos, o alimento transita pelo intestino,
garantindo a digestão e absorção adequadas. Este movimento não promove a
mistura do quimo às secreções digestivas.

O suco intestinal é constituído por um muco responsável pela proteção da


parede intestinal contra uma autodigestão, e por algumas enzimas, sendo seu pH
aproximadamente entre 6,5 e 7,5.

A passagem do quimo do lúmen para o meio interno (absorção), depende do


contato com a superfície da mucosa do intestino. Os diferentes tipos de alimentos
não são absorvidos por igual ao longo do tubo digestivo. Grande parte da absorção
de glicose e aminoácidos ocorre no segmento jejuno-íleo. Já os macronutrientes,
minerais, vitaminas, oligoelementos e a maioria da água são absorvidos antes de
chegarem ao cólon. Neste segmento, são reabsorvidos os eletrólitos e alguns dos
produtos finais da digestão. Os micronutrientes e a água não necessitam de
digestão prévia, sendo absorvidos diretamente. O estômago e o intestino grosso
também participam da absorção da água.

Por meio da veia porta, a maioria dos nutrientes chega ao fígado após serem
absorvidos pelo trato gastrintestinal. No fígado, esses nutrientes poderão ser
armazenados, transformados em outras substâncias ou liberados na circulação.

Terminado este processo, os produtos de excreção são armazenados no


intestino grosso temporariamente, sendo excretados pelo reto e ânus pelo processo
conhecido como defecação.

 Os Nutrientes

Nutrientes são substâncias encontradas na composição dos alimentos, que


exercem importantes funções no organismo como:

 Produção de energia (carboidratos, proteínas e lipídios);


 Construção de tecidos (proteínas);

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 Regulação de funções orgânicas.

Suas principais características são descritas abaixo:

Carboidratos  são substâncias contendo átomos de carbono (C),


hidrogênio (H) e oxigênio (O). São responsáveis por 50 a 70% da energia
proveniente da dieta, efetuando todos os processos biológicos. Depois de ingeridos,
são convertidos em glicose, que irá manter sistema nervoso central e o organismo
em funcionamento. Encontrados em grande quantidade na alimentação, os
carboidratos podem ser armazenados pelo organismo, para serem utilizados quando
necessário. Além de serem utilizados como fontes de energia também possuem a
função de poupar proteína.
Fontes: açúcar, batata, cereais, massas em geral, leguminosas, frutas,
vegetais e arroz.

Proteínas  a proteína é um polímero de elevado peso molecular formada


por um conjunto de aminoácidos que podem estar ligados por formações peptídicas.
Os organismos vivos são formados por 20 tipos de aminoácidos, sendo nove deles
denominados essenciais (valina, leucina, isoleucina, lisina, metionina, treonina,
fenilalanina, triptofano e histidina), já que precisam ser adquiridos por meio da
alimentação, pois nosso organismo não é capaz de sintetizá-los; e 11 são
denominados não essenciais, pois são sintetizados pelo organismo. A proteína está
presente na estrutura de todos os tecidos, formando anticorpos e enzimas,
realizando atividades de coagulação e transporte, mediando quase todas as reações
do organismo, como a contração muscular.
Fontes: carnes em geral, peixes, aves, laticínios, ovos e leguminosas.

Lipídeos  são produtos de origem biológica solúveis em substâncias


orgânicas. Ácidos graxos são ácidos carboxílicos com longas cadeias de
hidrocarbonetos, armazenados na forma de triglicerídeos. Além de serem alimentos
combustíveis, os lipídeos também servem como transportadores de algumas
vitaminas, as quais protegem os órgãos contra choques, e são isolantes térmicos.
Trata-se de um nutriente de alto valor calórico, deve ser consumido em pequenas

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quantidades. São classificados como SATURADOS (apenas uma ligação simples
entre os carbonos) e INSATURADOS (com uma ou mais ligações duplas), que são
subdivididos em poli e monoinsaturados.
Fontes: SATURADOS carnes gordurosas, pele do frango, manteiga,
queijos amarelos, bacon, embutidos, maionese, creme de leite e chantili.
INSATURADOS  óleo vegetal, azeite, margarina, oleaginosas, e alguns poli-
insaturados como ômega -3 e ômega-6 encontram-se em peixes de água fria, como
salmão e sardinha.

Vitaminas e minerais  vitaminas são compostos orgânicos presentes


naturalmente em diferentes quantidades nos alimentos, essenciais para a
manutenção do metabolismo normal, desempenhando específicas funções
fisiológicas. Minerais são elementos com funções orgânicas essenciais que atuam
tanto na forma iônica quanto na constituição de compostos como enzimas e
hormônios. Atuam na regulação do metabolismo enzimático, na manutenção do
equilíbrio acidobásico, da irritabilidade nervosa e muscular e da pressão osmótica,
na transferência de compostos pelas membranas celulares e na composição dos
tecidos orgânicos. Sem esses nutrientes o corpo não consegue absorver, formar,
transportar outros nutrientes. Por serem necessários em pequenas quantidades, são
conhecidas como micronutrientes.

Água  É uma substância polar, formada por oxigênio e hidrogênio,


fundamental para a vida, constituindo aproximadamente 60% do nosso corpo. Atua
em todos os processos realizados no organismo, como a digestão, absorção,
transporte e excreção, de nutrientes, além de ser importante na regulação da
temperatura corporal. Sua ingestão é controlada pela sensação de sede, cujo centro
de controle localiza-se no hipotálamo, ativado com o aumento da pressão osmótica
dos fluidos corpóreos e quando ocorre diminuição do volume extracelular. Sua
eliminação ocorre por meio da urina, suor, fezes e respiração, e por isso deve ser
ingerida regularmente.

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FIGURA 1

FONTE: Disponível em: <http://aguafontedevida.wordpress.com/>. Acesso em: 25/03/2013.

Fibras  são todos os polissacarídeos vegetais da dieta, como a celulose,


hemicelulose, pectinas, gomas e mucilagens, mais a lignina, que não são
hidrolisadas pelas enzimas do trato digestivo humano. São substâncias de
fundamental importância no funcionamento regular do aparelho digestivo,
especialmente do intestino,
Fontes: frutas, verduras e cereais integrais.

 Metabolismo dos nutrientes

a) Metabolismo dos carboidratos:

A digestão dos carboidratos começa na boca, onde a enzima alfa-amilase,


secretada pelas glândulas salivares, degrada o amido em maltoses e maltotrioses.

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No duodeno o quimo recebe a enzima alfa-amilase, produzida pelo
pâncreas, que completa a digestão do amido em maltose.

Já no intestino delgado, as células de borda em escova dos vilos secretam a


maltase, a frutase e a lactase, que degradam os dissacarídeos em seus
componentes monoméricos: glicose, frutose e galactose.

A frutose e a galactose são metabolizadas quase completamente na primeira


passagem pelo fígado, de modo que normalmente quase não são encontradas
quantidades apreciáveis desses monossacarídeos no sangue periférico. Glicose e
galactose são transportadas para o interior da célula com auxílio do sódio, já frutose
independente da entrada deste mineral.
Os dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos que não foram
hidrolisados não são absorvidos e serão, então, metabolizados pelas bactérias
encontradas no segmento inferior do intestino, produzindo ácidos graxos de cadeia
curta, lactato, hidrogênio, metano e dióxido de carbono.

FIGURA 2

FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso


em: 25 mar. 2013.

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b) Metabolismo das proteínas:

As proteínas são sintetizadas constantemente a partir de aminoácidos e


degradadas novamente no organismo, numa reciclagem contínua. Os aminoácidos
não utilizados imediatamente após a síntese proteica são perdidos, já que não
ocorre estocagem de proteínas. Dessa forma, o total de proteínas no corpo de um
adulto saudável é constante, de forma que a taxa de síntese proteica é sempre igual
à de degradação.

Ciclo da ureia

A degradação da proteína leva a uma perda diária de nitrogênio proteico


pela ureia excretada, em quantidade aproximada de 35 a 55g/dia.

Qualquer aminoácido que não seja utilizado pelo organismo é degradado. O


processo de remoção do grupo amino libera amônia, substância extremamente
tóxica, que então é convertida em um composto não tóxico (ureia) excretado pela
urina.

Ou seja, o ciclo da ureia é o principal processo de eliminação de amônia,


tendo início na mitocôndria, necessitando de 4 ATP para excretar, pelos rins, duas
moléculas de amônia na forma de ureia.

O descarte do nitrogênio é feito de duas formas:

1ª – remoção do grupo amino dos aminoácidos, que ocorre por duas vias: a
transdeaminação (transaminação ligada à deaminação oxidativa) e a transaminação

2ª - formação de ureia pelo ciclo da ornitina, que consome 1,5 ATP para
cada molécula de ureia formada.

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Este ciclo ocorre nos hepatócitos, na mitocôndria e no citossol.

No fígado, existe uma enzima chamada glutamato desidrogenase,


encontrada na mitocôndria. Essa enzima é responsável pela incorporação da
amônia como grupo amino no alfa-cetoglutarato, formando o glutamato e o NADPH
é usado como coenzima, com consumo de ATP. Essa mesma enzima utiliza o NAD
como coenzima para catalisar a reação reversa.

FIGURA 3

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.

Balanço Nitrogenado

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Uma forma de estudar a movimentação do nitrogênio e, portanto, o destino
da proteína no organismo, é estabelecer o Balanço Nitogenado (BN). O BN consiste
na diferença entre a quantidade de nitrogênio ingerido e excretado por urina e fezes.
Este valor pode ser negativo quando a quantidade excretada é maior do que a
ingerida, assinalando que o nitrogênio está sendo ingerido em quantidade menor do
que é necessário ou que as perdas de nitrogênio estão elevadas (situações de
infecção).

Proteínas: fonte de aminoácidos

Proteínas exógenas e endógenas são transformadas em aminoácido pela


ação de peptidases.

A digestão das proteínas tem início no estômago, onde o HCL favorece a


hidrólise, desnaturando as proteínas, produzindo aminoácidos e peptídeos grandes.
Porém, a maior parte do processo de digestão proteica ocorre no duodeno e jejuno,
sob ação de proteases pancreáticas. No intestino delgado, enzimas pancreáticas
quebram a proteína em peptídeos que são depois hidrolisados por exopeptidases
em aminoácidos (Aa) e peptídeos menores. Estes peptídeos de cadeia curta podem
ser hidrolisados novamente para Aa nas bordas em escova encontradas nas células
intestinais. Também podem penetrar por difusão na célula intestinal e então, ser
hidrolisados em Aa por peptidases celulares.

Na borda em escova do intestino delgado, as peptidases agem sobre os


polipeptídeos, transformando-os em tripeptídeos, dipeptídeos e Aa. Estruturas mais
simples, os Aa atravessam aos poucos a membrana celular, adentram o citoplasma
e passam para os vasos sanguíneos. Contudo, pequenos peptídeos como os di e
tripeptídeos, também são capazes de ultrapassar de forma intacta a mucosa
intestinal até a circulação sanguínea para serem aproveitados em diversas funções
metabólicas.

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Muitos dos aminoácidos utilizados pelo organismo para a síntese de
proteínas, ou como precursores para outros aminoácidos são provenientes da dieta
ou da renovação das proteínas endógenas:

FIGURA 4

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.

Os aminoácidos podem ser classificados, conforme seu destino, como:

- Glicogênicos  participam da gliconeogênese;


- Cetogênicos  produzem corpos cetônicos;
- Glico-cetogênicos  forma glicose e corpos cetônicos.

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FIGURA 5

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.
.

Alguns aminoácidos

 Fenilalanina:

A enzima fenilalanina hidroxilase converte a fenilalanina em tirosina.


Conhece-se como fenilcetonúria a deficiência dessa enzima ou de sua coenzima,
a tetraidrobiopterina, causando retardo mental, devido ao aumento nos níveis de
fenilalanina e seus derivados (fenilpiruvato, fenillactato e fenilacetato) na circulação
sanguínea.

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FIGURA 6

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.
.

 Tirosina:

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Quando não incorporada às proteínas, a maior parte da tirosina é
transformada em acetoacetato e fumarato. Parte dela é utilizada na formação
das catecolaminas, cujo processo dá origem à di-idroxifenilalanina ou DOPA. Ao
descarboxilar a DOPA, obtém-se a Dopamina, que é transformada
em norepinefrina e epinefrina ou adrenalina na medula adrenal.

FIGURA 7

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.
.

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A tirosinase é uma enzima que participa da conversão da tirosina em
melanina, utilizando a DOPA como cofator interno e tendo a dopaquinona como
produto. Sua deficiência causa o albinismo.

FIGURA 8

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.
.

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 Metionina:

A metionina reage com o ATP formando o composto S-adenosilmetionina.

FIGURA 9

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.

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.

 Cisteína:

A cisteína pode ser sintetizada a partir da metionina. Para isso, é necessária


a presença do cofator vitamina B6. Em pacientes urêmicos, existe uma deficiência
deste cofator, diminuindo a produção de cisteína, elevando-se a concentração de
homocisteína no plasma.

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FIGURA 10

FONTE: Disponível em: <http://www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_aminoacidos.htm>.


Acesso em: 25 mar. 2013.
.

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 Arginina:

Este Aa promove a secreção de hormônios prolactina, insulina, hormônio do


crescimento, fator de crescimento da pituitária. Suplementos de arginina podem
promover a reparação tecidual por aumento da síntese de colágeno e apresentam
ação imunofarmacológica.

 Glutamina:

É formada a partir de ácido glutâmico (glutamato) e da amônia pela enzima


glutamina sintetase. É o Aa livre mais abundante no plasma e compreende cerca de
metade dos Aa circulantes no organismo. É também o maior carreador de nitrogênio
do musculoesquelético para órgãos viscerais, por conter dois grupos amina e a mais
importante fonte de energia para a mucosa intestinal, macrófagos e linfócitos. Sua
suplementação impede a deteriorização da permeabilidade intestinal e mantém a
integridade desse tecido. É metabolizada principalmente no fígado, intestino,
músculo e rins.

c) Metabolismo de lipídeos

No repouso e em exercício prolongado de intensidade leve ou moderada, os


ácidos graxos (AGs) são utilizados como fonte de energia. São armazenados no
tecido adiposo, no musculoesquelético e no plasma na forma de TAGs. Sua

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utilização pelo musculoesquelético depende de sua mobilização, transporte pela
corrente sanguínea e entre as membranas celulares e oxidação nas mitocôndrias.

A lipólise é o processo pelo qual o TAG é convertido em AGs e glicerol,


tendo como resultado a mobilização dos AGs para diversos tecidos do organismo,
como fígado, tecido adiposo e musculoesquelético. A utilização dos AGs oriundos do
tecido adiposo depende da hidrólise dos TAGs nos adipócitos, cujo metabolismo é
controlado pelo sistema nervoso, pela ação de hormônios.
Os principais responsáveis pela estimulação da lipase-hormônio sensível e,
consequentemente, a lipólise, conforme a inibição desse processo pela insulina, ao
estimular a lipogênese, são as catecolaminas, o hormônio do crescimento (GH) e os
glicocorticoides. Contudo, alguns AGs oriundos do tecido adiposo não são liberados
na circulação, podendo continuar no adipócito ao serem reesterificados em TAGs.

Nas fibras musculares de contração lenta, existe maior quantidade de


triacilglicerol intramuscular (TGIM) do que nas de fibras musculares de contração
rápida. Sua mobilização está relacionada ao efeito da atuação da adrenalina sobre
enzimas que atuam na hidrólise, como a lipoproteína lipase (LPL) extracelular.
Os AGs encontrados no plasma situam-se principalmente nos quilomícrons e
nas lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL). Pela LPL, eles são hidrolisados
fora da célula, podendo ser absorvidos pelo tecido adiposo. No entanto, devem se
ligar à albumina no plasma, devido à sua natureza insolúvel, a fim de prevenir a
formação de micelas, que agem como detergentes, causando danos celulares, para
então serem liberados na circulação sanguínea.

Os AGs são transportados pela corrente sanguínea, e em seguida sofrem


oxidação em vários tecidos do organismo, como rins, fígado, tecido adiposo marrom,
coração e, principalmente, no musculoesquelético. Eles conseguem entrar na célula
por meio das proteínas ligantes na membrana celular, e não por difusão simples.

Ao chegarem ao citossol os AGs precisam ser levados para o interior das


mitocôndrias, para que possam realizar a oxidação. Para que isso ocorra, eles
recebem uma coenzima A (CoA), transformando-se em acil-CoA, que é transportado

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por meio das membranas das mitocôndrias pelas enzimas carnitina acil transferase I
e II (CAT I e CAT II), existentes nas membranas externa e interna da mitocôndria,
respectivamente.

Na mitocôndria, pares de carbonos do acil-CoA são retirados pelo processo


de β-oxidação, formando moléculas de acetil-CoA e liberando íons H+, elétrons,
NADH e FADH2 para a cadeia de transporte de elétrons para dar origem ao ATP. No
Ciclo de Krebs o acetil-CoA é metabolizado, gerando CO2 e H2O.

Ao longo do exercício, os ácidos graxos livres (AGLs) são retirados do tecido


adiposo e transportados pelo sangue até o músculo, e então, servirá como
substrato.

Nos exercícios de intensidade baixa, a quantidade de lipídios no mix de


combustíveis oxidados é maior do que nos exercícios de intensidade alta. Nos
exercícios de longa duração de moderada intensidade os resultados são tempo-
dependentes, em que a oxidação de lipídios aumenta e a oxidação de CHO diminui.
Já em exercícios de resistência ocorre uma melhora de fatores que modulam o fluxo
e a capacidade de oxidação dos musculoesqueléticos como:

 A capilarização;
 A ativação enzimática da cadeia oxidativa;
 O transporte dos ags do sangue até o sarcoplasma;
 A disponibilidade e taxa de hidrólise dos tgims;
 A lipólise dos tags no tecido adiposo e circulante;
 O transporte dos ags pela membrana da mitocôndria;
 Adaptações hormonais, principalmente da insulina e catecolaminas.

Durante eventos de endurance em exercícios submáximos, aumenta-se a


oxidação de AGs, sendo que nos primeiros 90 minutos a lipólise é cerca de duas
vezes maior que a oxidação, sendo que no mesmo período, a entrada desses ácidos
no plasma é similar à taxa de oxidação dos mesmos. Aproximadamente duas horas
depois de iniciado o exercício, a concentração no plasma aumenta mais do que a

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taxa de AGs oxidados, sugerindo que estes têm capacidade de suprir as
necessidades que decorrem da ativação muscular.
Dessa forma, os atletas de endurance possuem mais sangue circulante no
tecido adiposo, em resposta à infusão de adrenalina, do que os indivíduos
sedentários.

Após o treinamento de endurance, o aumento na lipólise de TGIM pode ser


responsável pelo aumento de glicerol (em até três vezes), em indivíduos treinados.

 Nutrição no esporte

A alimentação tem a responsabilidade de manter a produção de energia


estável, possibilitando todas as reações orgânicas em nosso corpo e fazendo com
que o crescimento seja possível. Nosso corpo é formado basicamente por água,
proteínas, gordura e minerais. Portanto esses componentes devem ser fornecidos
ao organismo pela alimentação.
Desde o princípio da existência humana, ao surgirem os primeiros atletas
(caçadores e guerreiros), ocorre a procura de alimentos que garantam um
desempenho melhor.
Era comum na Grécia Antiga, a ingestão de grandes quantidades de carnes,
visando aumentar a massa muscular e a força pelos atletas que participavam das
Olimpíadas.

Nutrição Esportiva é a área destinada ao atendimento nutricional de


esportistas e atletas que buscam melhorar seu desempenho físico e otimizar a
recuperação pós-exercício. Para esse cliente, a alimentação deve ser planejada com
atenção especial ao tipo, duração e intensidade de treinamento e exercício,
indicando-se a recomendação pré, durante e pós-exercício/treino, a necessidade de
suplementos esportivos e estratégias de hidratação. Para isso, é necessária a
avaliação física e nutricional detalhada de acordo com a idade, objetivo e
necessidade do cliente, conforme sua prática esportiva.

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Assim, a nutrição esportiva pode contribuir com um programa de exercícios
com objetivo específico, desde a melhoria da saúde até o aumento de força por
exemplo.
Atualmente já está claro que a nutrição pode afetar o desempenho físico e
que, se associada ao potencial genético e ao treinamento adequado, é um fator de
grande importância para o sucesso.

 Desconfortos na competição

O desconforto gástrico é caracterizado por uma perturbação digestiva e


desconforto na região superior do abdome, podendo estar relacionado com os
excessos de alimentos ingeridos.

Os carboidratos são rapidamente digeridos e absorvidos, ficando, portanto


por menos tempo no estômago. Contudo, nem todos os alimentos fontes de
carboidratos são adequados para as refeições pré-treino. Alimentos ricos em fibras,
como frutas, e hortaliças cruas, castanhas, sementes e farelos, são
desaconselháveis, pois podem promover desconforto intestinal, como por exemplo,
o feijão, a cebola, a couve-flor e o nabo, que são formadores de gases. As melhores
fontes de carboidratos, neste caso, são os alimentos ricos em amido, como massas,
pães, tubérculos, arroz, bolos e biscoitos simples.

O processo digestivo pode ser afetado pelo tipo e qualidade da dieta e pela
velocidade com que se ingerem os alimentos.

A causa da dor de barriga no meio dos treinos pode ser pela alimentação
feita antes das atividades por diversos outros fatores, tais como:

 Diminuição na velocidade do esvaziamento gástrico: a prática de


atividade física concentra o fluxo sanguíneo na musculatura tornando o
esvaziamento gástrico mais lento, levando ao desconforto e até dores abdominais;

AN02FREV001/REV 4.0

28
 Aumento na produção de gases: o consumo de alimentos flatulentos
como feijão, couve, pimentão, brócolis, couve-flor, lentilha, milho, pepino, abacate,
melancia, melão e doces podem promover cólica, indisposição e desconforto
intestinal.

Os alimentos cuja digestão é mais fácil são os integrais, não processados


(não industrializados), ricos em fibras, e que não causam sobrecarga no sistema
digestivo, fazendo com que o estômago não precise produzir grandes quantidades
de ácidos para digeri-los.

Porém, a presença das fibras no intestino grosso contribui com a ação das
bactérias, que as transformam em gases (metano) e substâncias nutritivas ao
próprio intestino como os ácidos graxos de cadeia curta. O aumento nessa produção
de gases pode promover desconforto abdominal.

Alimentos processados, gordurosos e a carne vermelha, por exemplo, são


de difícil digestão.
Dependendo do tamanho da refeição e de sua composição, pode levar mais
de 3 horas para ocorrer o esvaziamento gástrico.

Caso seja impossível esperar por mais de 3 horas para terminar a digestão,
é possível prevenir o desconforto gástrico consumindo alimentos pobres em fibras e
ricas em carboidratos. Dessa forma, a refeição pré-treino deve ser suficiente na
quantidade de líquidos, pobre em gorduras e em fibras insolúveis a fim de facilitar o
esvaziamento do estômago, rica em carboidratos de baixo índice glicêmico para
manter a glicemia sendo moderada em proteínas. Quanto mais complexo o
carboidrato maior a necessidade de digestão enzimática, aumentando o tempo de
absorção.

Os tempos de digestão dos alimentos são:

• Gordura  4 a 5 horas;
• Proteína  3 a 4 horas;

AN02FREV001/REV 4.0

29
• Carboidratos  2 a 3 horas (os ricos em fibras, que levam mais tempo).

2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

O corpo humano pode se apresentar em estado de repouso ou de exercício.


A intensidade do exercício é muito baixa ou pouco diferente do repouso, na maior
parte do tempo, porém algumas vezes pode atingir níveis bem elevados. As duas
situações possuem mecanismos fisiológicos capazes de minimizar as alterações do
meio interno, preservando a homeostasia.

Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser divididos em: agudos


imediatos, agudos tardios e crônicos, sendo que os efeitos agudos, também
conhecidos como respostas, ocorrem em associação direta com a sessão de
exercício.

 Agudos imediatos: são observados nos períodos pré-imediato, e pós-


imediato do exercício físico, caracterizados pelos aumentos de frequência cardíaca,
ventilação e sudorese normalmente associados ao esforço.

 Agudos tardios: ocorrem nas primeiras 24 horas após uma sessão de


exercício, identificados na pequena diminuição dos níveis tensionais e na elevação
do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares.

 Crônicos: conhecidos como adaptações, resultam da exposição


regular às sessões de exercício, diferenciando sob ponto de vista morfofuncional um
indivíduo fisicamente treinado de outro sedentário. Exemplo: hipertrofia muscular e o
aumento do consumo máximo de oxigênio.

AN02FREV001/REV 4.0

30
Há diferentes formas de exercício físico, cada uma delas gerando diferentes
efeitos agudos ou crônicos, sendo oportuno sistematizar alguma forma de
classificação, como é colocado a seguir:

Classificações do Exercício Físico

 Considerando a via metabólica predominante:

- Anaeróbico alático  Grande intensidade e curtíssima duração;


- Anaeróbico lático  Grande intensidade e curta duração;
- Aeróbico  Baixa ou média intensidade e longa duração.

 Considerando o ritmo:

- Fixo ou constante  Não se alterna o ritmo ao longo do tempo;


- Variável ou intermitente  Alterna-se o ritmo ao longo do tempo.

 Considerando a intensidade relativa:

- Baixa ou leve  Repouso até 30% do VO2 máximo;


- Média ou moderada  Entre 30% do VO2 máximo e o limiar anaeróbico;
- Alta ou pesada  Acima do limiar anaeróbico.

 Considerando a mecânica muscular:

- Estático  Não há movimento e o trabalho mecânico é zero;


- Dinâmico  Existe movimento e trabalho mecânico positivo ou negativo.

Os exercícios que envolvem grandes massas musculares como andar,


correr, pedalar ou nadar necessita de uma participação relativamente maior da via

AN02FREV001/REV 4.0

31
aeróbica. Já os esforços com segmentos corporais localizados, tais como a
extensão do cotovelo segurando um peso utiliza maior participação das vias
anaeróbicas.

Caso a duração do exercício ultrapasse dois ou três minutos, a participação


aeróbica predominará, porém se ela durar até dez segundos, predomina a via
anaeróbica alática. Exercícios de alta intensidade que duram entre 20 e 90
segundos utilizam de maneira mais intensa a via anaeróbica lática, causando um
significativo desequilíbrio acidobásico a sensação de esgotamento físico, sendo
raramente realizados espontaneamente pelo homem comum, sendo vistos com
maior frequência nos eventos desportivos de natação, como as provas de 50 e 100
metros e atletismo, nas provas de 2 00, 400 e 800 metros.
Exercícios de intensidade baixa correspondem a esforços de até 30% do
consumo máximo de oxigênio. Nos de intensidade moderada os esforços requerem
entre 30% do consumo máximo de oxigênio e o nível correspondente ao limiar
anaeróbico. Já nos exercícios de intensidade alta a demanda excede o limiar
anaeróbico. Portanto, nos exercícios prolongados, apenas os classificados como de
alta intensidade teriam participação anaeróbica significativa.
Exercícios de ritmo fixo (como caminhada a 10km/h), promovem uma
modificação dos níveis fisiológicos de repouso visando obter novos níveis de
funcionamento, que quando alcançados, tendem a se manter constante ou
praticamente constantes. Já os esforços de ritmo variável como o jogo de tênis,
acarretam grandes variações nas necessidades de ressíntese de ATP, seguindo de
periódicas modificações das variáveis fisiológicas. Estas atividades tendem a usar
inicialmente as vias anaeróbicas alática e aeróbica, sem a participação significativa
da via anaeróbica lática.
Séries de exercícios com grupamentos musculares localizados, como
exercícios abdominais tendem a diminuir a qualidade na execução e fadiga quando
realizados sem interrupções por período superior a cinco ou dez segundos. No
entanto, se for proporcionado um período de um a dois minutos de repouso, eles
podem ser reiniciados com a mesma velocidade, qualidade de execução adequada
e relativa facilidade, já que esse tempo é suficiente para regenerar estoques
intracelulares de ATP e fosfocreatina.

AN02FREV001/REV 4.0

32
Produção de energia

Nos exercícios de potência de intensidade máxima que duram até 30s, o


músculo faz uso das fontes de energia imediatas, designadas por fosfagênios, como
a adenosinatrifosfato (ATP) e a fosfocreatina (CP).

As células possuem mecanismos de conversão de energia, e precisam da


existência de uma substância que tem capacidade de acumular a energia oriunda
das reações exergônicas (que libertam energia). Em seguida, essa mesma
substância tem capacidade de ceder essa energia às reações endergônicas (que
consomem energia). Esta substância é conhecida por ATP, ou adenosinatrifosfato,
um composto químico lábil, que existe em todas as células, sendo uma combinação
de adenina, ribose e 3 radicais fosfato. Os dois últimos radicais fosfato estão ligados
ao restante da molécula por meio de ligações de alta energia, que liberam cerca de
11kcal por mol de ATP, em condições de temperatura e concentração de reagentes
do músculo ao longo o exercício. Portanto, grande parte dos mecanismos celulares
que necessitam de energia para funcionar, geralmente obtém-na via ATP.

Resumindo, após a digestão, os produtos finais dos alimentos são


transportados até às células pela corrente sanguínea e então oxidados. Assim,
liberam energia que será utilizada para formar ATP, mantendo assim um suprimento
permanente dessa substância.

A respiração celular transforma a energia química dos alimentos em uma


forma química de armazenamento temporário (ATP). Nas fibras musculares, por
exemplo, essa energia química armazenada transforma-se em seguida em energia
mecânica, com o deslize dos miofilamentos durante o ciclo contrátil.

AN02FREV001/REV 4.0

33
O ATP acumula a energia liberada pelos compostos mais energéticos,
cedendo-a posteriormente para a formação de compostos menos energéticos ou
para ser usada em contrações musculares, por exemplo.

A principal função dos sistemas energéticos é formar o ATP que será


utilizado na contração muscular, pois o musculoesquelético não é capaz de utilizar
diretamente a energia originada pela quebra dos grandes compostos energéticos
obtidos pela alimentação, como a glicose, os ácidos graxos ou os aminoácidos. Isso
porque nas pontes transversas de miosina, só existe um único tipo de enzima, a
ATPase, que só hidrolisa ATP. Assim, para poderem ser utilizadas na contração
muscular, todas as moléculas energéticas precisam ser previamente convertidas em
ATP.

Contudo, nem toda energia liberada pela hidrólise do ATP é usada na


contração muscular, no deslize dos miofilamentos. Grande parte (cerca de 60 –
70%) é dissipada como calor. Porém este aparente desperdício energético é
fundamental para que o ser humano caracterize-se como um organismo
homeotérmico, ou seja, com temperatura constante, o que lhe permite o
funcionamento durante 24h por dia, já que geralmente o funcionamento enzimático
depende da temperatura corporal. Isso quer dizer que, a maioria do ATP utilizado no
metabolismo humano tem o objetivo de manter a temperatura corporal estável e não
apenas garantir energia para a contração muscular.

Embora o ATP tenha grande importância nos processos de utilização de


energia, ele não é o maior depósito de ligações fosfato de alta energia na fibra
muscular. A CP também possui este tipo de ligações, tendo uma concentração de 4
a 5 vezes maior que a do ATP, sendo possível aumentar as suas concentrações
musculares com a suplementação ergogênica (de creatina) em 10-40%. As
concentrações de ATP e CP no musculoesquelético de um indivíduo sedentário são,
respectivamente, de 6 e 28mmol/Kg músculo.

 Sistema ATP-CP

AN02FREV001/REV 4.0

34
As ligações de alta energia da CP liberam aproximadamente 13kcal/mol
enquanto o ATP libera 11kcal/mol no músculo ativo. A CP não consegue atuar da
mesma forma que o ATP como elemento de ligação para transferir energia dos
alimentos para os sistemas funcionais da célula, mas pode transferir energia em
permuta com o ATP.

Quando a célula possui quantidade extra de ATP, grande parte da sua


energia é utilizada para sintetizar CP, formando um reservatório de energia. Quando
se começa a gastar o ATP na contração muscular, a energia da CP é rapidamente
transferida de volta para o ATP (ressíntese do ATP) e deste para os sistemas
funcionais da célula.

Como a CP possui o maior nível energético proveniente da ligação fosfato


de alta energia, a reação entre a CP e o ATP atinge um estado de equilíbrio, mais a
favor do ATP. Sendo assim, o mínimo gasto de ATP pela fibra muscular utiliza a
energia proveniente da CP para a síntese imediata de mais ATP. Enquanto existir
CP disponível, este processo mantém a concentração do ATP a um nível quase
constante, fato importante, já que a velocidade de grande parte das reações no
organismo depende dos níveis deste composto. Nas atividades físicas, a contração
muscular depende totalmente da constância das concentrações intracelulares do
ATP, já que esta é a única molécula capaz de ser utilizada para a produção do
deslize dos miofilamentos contráteis.

O ATP se mantém a um nível constante nos primeiros segundos de uma


intensa atividade muscular como o sprint, enquanto ocorre um declínio das
concentrações de CP à medida que este vai se degradando rapidamente para a
ressíntese do ATP gasto. Na exaustão, os níveis de ATP e CP são muito baixos,
tornando-os incapazes de fornecer energia para assegurar posteriores contrações e
relaxamentos das fibras esqueléticas ativas. Por este motivo, é limitada no tempo a
capacidade de se manter os níveis de ATP ao longo do exercício de alta intensidade
à custa da energia obtida da CP. Vários autores, afirmam que as reservas de ATP e
CP apenas suprem as necessidades energéticas musculares durante sprints de

AN02FREV001/REV 4.0

35
intensidade máxima até 15s. Porém, estudos mais recentes sugerem que a
importância do sistema alático continua sendo o principal sistema energético mesmo
para esforços máximos que durarem até 30s.

Quando ocorre grande depleção energética, pode haver ressíntese de ATP


muscular, exclusivamente a partir de moléculas de ADP, por meio de uma reação
catalisada pela enzima mioquinase (MK). Mas, em grande parte das reações
energéticas celulares ocorre somente a hidrólise do último fosfato do ATP, sendo
bem mais raras as situações em que aconteça a degradação do segundo fosfato.

 Glicólise (Sistema Anaeróbio Láctico)

A glicólise, ou sistema anaeróbio Láctico é uma via metabólica utilizada por


todas as células do corpo, em que se extrai parte da energia existente na molécula
da glicose, dando origem a duas moléculas de lactato, sem consumo de oxigênio
molecular, sendo por isso denominado fermentação anaeróbica, onde são gerados
dois moles de ATP por cada mol de glicose.
Porém, nas células que possuem mitocôndrias, a glicólise pode ocorrer na
presença de oxigênio molecular, desde que o piruvato produzido não seja reduzido a
lactato. O piruvato então entra na mitocôndria sendo oxidado a dióxido de carbono e
água, produzindo aproximadamente 38 moles de ATP para cada mol de glicose
oxidada.

FIGURA 11

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36
FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso
em: 25 mar. 2013.

A glicólise ocorre em três etapas distintas.

Etapa 1  através da ação da enzima hexocinase, a glicose é fosforilada e


a glicose-6-fosfato (G6P), produzida no citosol, não pode sair da célula, sendo esta
reação irreversível. Quando o fígado precisa fornecer glicose para outros tecidos, a
G6P sofre a ação da enzima glicose-6-fosfatase, que catalisa a reação reversa da
catalisada pela hexocinase.

Em seguida, por meio da enzima fosfoglicose isomerase, a G6P é


transformada no seu isômero frutose-6-fostato ou F6P, que receberá mais um
grupamento fosfato, sendo transformada no composto frutose-1,6-bisfosfato, sendo
também uma reação irreversível, catalisada pela fosfofruto-cinase, uma enzima
alostérica.

FIGURA 12

AN02FREV001/REV 4.0

37
FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso
em: 25 mar. 2013.

Etapa 2  a frutose-1,6-bisfosfato dá origem a uma molécula de di-


idroxiacetona fosfato e uma molécula de gliceraldeído-3-fosfato (GAP) pela ação da
aldolase. A di-idroxiacetona fosfato sofre ação da triose fosfato isomerase, sendo
convertida em gliceraldeído-3-fosfato.

FIGURA 13

AN02FREV001/REV 4.0

38
FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso
em: 25 mar. 2013.

Etapa 3  a enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase age sobre o GAP


produzindo o 1,3-bisfosfoglicerato, tendo o NAD (Nicotinamida adenina di-
nucleotídeo) como coenzima.
O composto 1,3-bisfosfoglicerato possui alto potencial energético permitindo
a produção de ATP na reação seguinte, tendo como catalisadora a enzima
fosfoglicerato cinase. A outra reação que sintetiza ATP transforma fosfoenolpiruvato
em piruvato pela ação da piruvato cinase, sendo uma reação também irreversível.

FIGURA 14

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FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso
em: 25 mar. 2013.

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FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso
em: 25 mar. 2013.

A produção de ATP por meio do metabolismo aeróbio, pela quebra da


glicose, divide-se em três etapas:

1ª etapa  Glicólise – ocorre no citoplasma, gerando 2 ATPs + 2 piruvato +


2 NADH, com oxigênio suficiente. O ácido pirúvico entra na segunda etapa (Ciclo de
Krebs).

2ª etapa  Ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico – ocorre na matriz


mitocondrial, onde o ácido pirúvico é convertido em acetil-CoA, que é fracionado,
formando 2 ATPs + 8 NADH + 2 FADH2, sendo os dois últimos direcionados para a
última etapa (Cadeia Respiratória).

FIGURA 15

AN02FREV001/REV 4.0

41
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&q=enderg%C3%B3nicas&bav=on.2,or.r_qf.&bvm=bv.44158598,d.eWU&biw=1440&bih=771&um=
1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=jHFQUYq0D5DU9ASjq4GYBQ#um=1&hl=pt-
BR&tbm=isch&sa=1&q=ciclo+de+krebs&oq=ciclo+de+krebs&gs_l=img.3..0l8j0i24l2.15401.17722.0.18
167.14.13.0.1.1.0.197.1634.5j8.13.0...0.0...1c.1.7.img.dKgYwBipt9g&bav=on.2,or.r_qf.&bvm=bv.4415
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ebs%3B250%3B250>. Acesso em: 25 mar. 2013.

3ª etapa  Cadeia Respiratória – ocorre na crista mitocondrial. Os 8 NADH


e os 2 FADH2 liberam seus elétrons (H+) ricos em energia, produzindo 3 ATPs por
cada NADH e 2 ATPs por cada FADH2. Os elétrons liberados originam 30 ATPs
provenientes do NADH, sendo 2 da cadeia respiratória e 8 do ciclo de Krebs (10

AN02FREV001/REV 4.0

42
NADH x 3) e somados a 4 ATPs provenientes do FADH2, sendo 2 da cadeia
respiratória x 2, obtém-se 34 ATPs.

Sendo assim, a degradação total de uma molécula de glicose, produz 38


ATPs, sendo 2 da glicólise, 2 do ciclo de Krebs e 34 da cadeia respiratória.

- Gliconeogênese

É a biossíntese de glicose a partir de substâncias como lactato, glicerol,


oxaloacetato, aminoácidos e também alguns carboidratos. Ocorre no citosol,
utilizando várias enzimas da glicólise, porém na direção inversa.
A glicólise dá origem a 2 ATPs por cada molécula de glicose oxidada,
enquanto a gliconeogênese consome 6 ATPs.

FIGURA 16

FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso


em: 25 mar. 2013.

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Pela ação da piruvato carboxilase na presença de dióxido de carbono, o
piruvato é transformado em oxaloacetato na mitocôndria, uma vez que não pode ser
transformado em fosfoenolpiruvato (PEP) por ação da piruvato cinase. Este
composto não pode passar pela membrana interna da mitocôndria, contudo pode ser
convertido em malato (produto da redução do oxaloacetato), que se desloca para o
citosol, onde é oxidado e transformado em oxaloacetato. O oxalacetato é
transformado em fosfoenolpiruvato (PEP), tendo como catalisadora da reação à
enzima fosfoenolpiruvato carboxicinase, encontrada tanto na mitocôndria como no
citosol.

FIGURA 17

FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso


em: 25 mar. 2013.

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FIGURA 18

FONTE: Disponível em: <www.ufpe.br/dbioq/portalbq04/metabolismo_de_carboidratos.htm>. Acesso


em: 25 mar. 2013.

Esforços de alta intensidade com duração entre 30s e 1min como uma
corrida de 400m, por exemplo, recorrem a um sistema energético distinto,
caracterizado por uma grande produção e acumulação de ácido láctico. Por isso, as
modalidades que requerem este tipo de esforços são habitualmente chamadas de
lácticas, uma vez que a produção de energia no músculo é proveniente do rápido
desdobramento dos hidratos de carbono armazenados como glicogênio, em ácido
lático. Ou seja, trata-se de um processo anaeróbio que ocorre no citosol das fibras
esqueléticas, em que a molécula da glicose é degradada anaerobicamente a ácido
pirúrvico ou láctico, sendo muito ativo no musculoesquelético. Este processo,
conhecido como glicólise, conta com um conjunto de 12 reações enzimáticas para
degradar o glicogênio a ácido láctico, possibilitando a rápida conversão de uma
molécula de glicose em 2 de ácido lático, formando concomitantemente 2 ATP (ou
seja, estes compostos são produzidos em uma relação de 1:1), sem a utilização do
O2.

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45
Devido a isso, um corredor de 400m deve desenvolver ao máximo, no
treinamento, tanto a capacidade para formar ácido láctico, como a de correr em altas
velocidades tolerando as acidoses musculares extremas, já que o pH muscular pode
declinar de 7.1 para 6.5 no final de um sprint prolongado.

Em atletas de elite, observam-se as maiores concentrações sanguíneas de


lactato, em especialistas de 400-800m, que atingem com frequência lactatemias na
ordem das 22-23mmol/l. Esses atletas procuram aumentar a sua potência láctica
devido a maior produção de energia daí resultante, pois quanto mais ácido láctico
formarem, naturalmente, maior formação de ATP consegue obter por esta via. Dessa
forma, a produção do ácido láctico acaba sendo um mal menor e inevitável ao se
recorrer a este sistema energético.

Os músculos dos velocistas particularmente possuem grande atividade


glicolítica, por possuírem um grande percentual de fibras do tipo II (de contração
rápida). Sabe-se que a glicólise é a principal fonte de energia nas fibras tipo II
durante o exercício intenso. Durante uma corrida de 400m, por exemplo,
aproximadamente 40% da energia produzida provêm da glicólise. Entretanto, as
grandes quantidades de ácido láctico que se acumulam no músculo ao longo deste
tipo de exercício, causam uma intensa acidose (liberação de H+) conduzindo a uma
progressiva fadiga.

 Oxidação (Sistema Aeróbio)

Estudos apontam que esforços contínuos que duram entre 1 e 2 min, do


ponto de vista energético, são supridos, de forma equivalente, pelos sistemas
anaeróbio (fosfagênios e glicólise) e aeróbio, significando que a produção de
aproximadamente metade do ATP ocorre fora da mitocôndria e a outra parte no seu
interior.

Já em exercícios que duram mais que 2 minutos, a produção de ATP é


assegurada maioritariamente pela mitocôndria, sendo esses esforços conhecidos
como oxidativos ou aeróbios.

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46
A produção de energia aeróbia na célula muscular deriva da oxidação
(formação de ATP na mitocôndria na presença de oxigênio) da glicose (HC) e dos
lipídeos (AG) na mitocôndria, sendo pouco significativa a contribuição energética da
oxidação das proteínas (aminoácidos). Sendo assim, as atividades físicas que
ultrapassam 2 minutos dependem absolutamente da presença e utilização do
oxigênio no músculo ativo.

Já a oxidação permite a continuação do catabolismo da glicose a partir do


piruvato, bem como dos AG e dos aminoácidos, diferente da glicólise, que utiliza
exclusivamente glicose.
Dos grupos de compostos energéticos adquiridos pela alimentação
(carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos), somente os carboidratos podem ser
utilizados para a produção rápida de energia sem recorrer à utilização de oxigênio
(glicólise), o que ocorre durante as atividades de máxima intensidade com duração
de 30 segundos a 1 minuto.

Com relação às atividades diárias, grande parte é suprida pelo metabolismo


aeróbio, sendo a maior parte do gasto energético muscular proveniente da oxidação
mitocondrial dos ácidos graxos livres (AGL). Embora a produção energética seja
assegurada em 40% pelos carboidratos e em 60% pelos lipídeos em repouso, em
repouso o cérebro é o maior consumidor de carboidratos do organismo, consumindo
aproximadamente 5g de glicose por hora. Nesta ocasião os AGL asseguram quase
totalmente as necessidades energéticas musculares.

Assim, as exigências para atividades rotineiras como dormir ou estar


sentado em frente a um computador, dependem da produção de ATP na mitocôndria
na presença de oxigênio e não do metabolismo anaeróbio pelo catabolismo
mitocondrial lipídico.

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TABELA 2
Característica ATP - CP Ácido Lático Aeróbico
carboidratos,
Combustível Fosfato de alta
carboidratos gorduras e
utilizado energia
proteínas
Localização Sarcoplasma Sarcoplasma Mitocôndria
depleção de
Fadiga devido à... depleção de fosfato acúmulo de lactato
glicogênio
Capacidade: muito limitada limitada sem limite
Homem 8 - 10 Kcal 12 - 15 Kcal >90.000 Kcal
Mulher 5 - 7 Kcal 8 - 10 Kcal >115.000Kcal
Força: muito alta
alto/ moderada moderada/baixa
16-20 Kcal/min 12-15Kcal/min
Homem 36-40 Kca/min
12-15 Kcal/min 9-12 Kcal/min
Mulher 26-30Kcal/min
Intensidade: muito alta alta/moderada moderada /baixa
% máximo > 95% F.C.M. 85%-95 F.C.M. <85% F.C.M.
Tempo para muito curto: curto/médio: médio/longo :
fadiga de 1- 15 seg. de 45 - 90 seg de 3-5 min.
Atividades:

corrida <100 m 400-800 m >1500 m


natação < 25 m 100-200 m > 400 m
ciclismo <175 m 750-1500 m >3000 m
remo < 50 m 250-500 m >1000 m
FONTE: Disponível em: <http://www.cdof.com.br/nutri2.htm>. Acesso em: 25 mar. 2013.

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Contração muscular

A especialidade do musculoesquelético é a transformação de energia


química em energia mecânica, sendo este órgão desenvolvido para otimizar esta
função usando um conjunto de proteínas relacionadas com o movimento.
O musculoesquelético é formado por células alongadas, multinucleadas
conhecidas por fibras musculares. Nessas fibras existem actina e miosina, proteínas
contráteis que formam os filamentos finos e grossos respectivamente, dispostos
paralelamente nas miofibrilas das fibras. As miofibrilas também estão arranjadas
paralelamente, apresentando um padrão de bandas escuras e claras dispostas em
série, o que dá a característica de estrias às fibras desses músculos. Esta aparência
estriada se deve à birrefringência diferente das proteínas contrateis.
A banda clara é conhecida por banda-I, devido à isotropia (I) da região da
miofibrila dada pelos filamentos finos, já a banda-A, é assim conhecida por sua
anisotropia(A), formada por filamentos grossos intercalados aos finos. Denomina-se
sarcômero a unidade contrátil, e seus limites laterais são dados pelos discos Z,
formados por alfa-Actinina, onde os filamentos finos, a Tinina e a Nebulina se
prendem. O sarcômero é delimitado por duas linhas Z, separadas por duas banda-I
e uma banda-A.

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49
FIGURA 19

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/fisiologia/contracao-muscular/>. Acesso em: 25


mar. 2013.

O fornecimento direto de energia utilizada na contração muscular é de


responsabilidade do ATP. Na presença de ATP, as Miofibrilas isoladas podem ser
contraídas e durante a contração a banda I diminui de comprimento enquanto a
banda A o mantém. As bandas Z então se aproximam e assim, os sarcômeros se
encurtam.
Quando falta ATP, a miosina e a actina continuam ligadas. Já quando existe
ATP ocorre hidrólise de sua molécula liberando energia que será utilizada para
movimentar a junção miosina/actina. Isso sugere que a contração muscular ocorra
por meio do deslizamento de dois filamentos um sobre o outro, sem alterar suas
estruturas, composição química ou comprimento.
Na contração muscular isotônica o comprimento do sarcômero diminui, e os
filamentos se encontram no centro da banda H, ponto em que se observa tensão
máxima e os filamentos não tem como deslizar mais, atingindo uma situação
isométrica. Já com relação à contração isométrica, onde não ocorre a diminuição do
comprimento do músculo, a energia que o ATP libera não pode ser transformada em

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50
trabalho por conta da incapacidade de deslizar mais os filamentos sobre os outros e
ocorre produção somente de calor mas de trabalho não.
Assim, podemos definir a contração como a ativação das fibras musculares
com a tendência destas se encurtarem. Ocorre com o aumento do cálcio citosólico,
que dispara diversos eventos moleculares, que causam a interação entre miosina e
actina, fazendo com que essa última, deslize sobre os filamentos, grosso e os
sarcômeros encurtem-se em série.

2.1 GASTO ENERGÉTICO NOS EXERCÍCIOS

Há um sistema de classificação conhecido como Compêndio de Atividades


Físicas, em que as atividades são agrupadas conforme seus objetivos e intensidade
expressa em valores de METs (Múltiplos da Taxa Metabólica de Repouso), onde 1
MET (consumo de O2 em repouso) = 3,5 mL O2/kg peso corporal/min, oferecendo
flexibilidade para se determinar o custo energético. Contudo, diversos fatores podem
limitar seu uso, mas apesar disso, é bastante útil para classificação de atividades
físicas tanto para fins de pesquisa, quanto para fins educacionais e de uso clínico.

Este sistema foi baseado primeiramente nos dados publicados previamente,


podendo não refletir com exatidão o custo energético de todas as atividades. Os
valores são médias, dessa e forma, eles não consideram a realização das atividades
com mais ou menos vigor, dependendo da pessoa. Somando-se a isso, os valores
de MET de algumas atividades não foram obtidos por meio de medidas diretas do
consumo de oxigênio, e sim a partir do custo energético de atividades com padrões
equivalentes de movimento. Assim, as estimativas podem não ser tão precisas com
relação aos valores médios do MET.

Variações individuais nos padrões de movimento, esforço, ritmo, idade e


gênero, podem afetar o gasto energético das atividades. O Compêndio não
considera as diferenças individuais na eficiência de movimentos. Porém, as
variações na descrição das atividades podem ser diminuídas se as pessoas forem

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51
instruídas sobre como classificar corretamente o gasto energético de suas
atividades, tendo uma padronização nas técnicas de coleta dos dados, e
entrevistadores treinados.

O cálculo do gasto energético a partir dos METs é realizado multiplicando-se


o peso corporal em Kg, pelo valor do MET e pela duração da atividade. Por exemplo,
pedalar em uma intensidade equivalente a 6 METs, gasta 6 Kcal.Kg -.h-1, ou seja,
uma pessoa de 70 Kg, pedalando por 30 minutos, irá gastar o seguinte: (6 METs X
70 Kg) X (30min/60min) = 210 Kcal. Dividindo-se 210 Kcal pelos 30 minutos de
atividade, obtém-se 7 Kcal.min-1

TABELA 3
Compêndio De Atividades Físicas
ATIVIDADE DESCRIÇÃO METs

Pedalando, BMX ou em montanhas 8,5


Pedalando < 10 mph, geral, lazer, p/ trabalhar ou
divertir. 4,0
Pedalando, 10-11,9 mph, lazer, lento, esforço leve
Pedalando, 12-13,9 mph, lazer, esforço moderado
Pedalando, 14-15,9 mph, competição, lazer, rápido
esforço vigoroso 6,0
Pedalando, 16-19 mph, competição sem ensaio ou
ensaio > 19 mph, muito rápido, competição em geral 8,0
Pedalando > 20 mph, competindo
Ciclismo Pedalando monociclo 10,0

12,0

16,0

5,0

Pedalando bicicleta ergométrica, geral 5,0


Pedalando bicicleta ergométrica, 50 W, esforço muito
leve 3,0
Exercício de Pedalando bicicleta ergométrica, 100W, esforço fraco
Pedalando bicicleta ergométrica, 150W, esforço
condicionamento
moderado
Pedalando bicicleta ergométrica, 200W, esforço 5,5
vigoroso
Pedalando bicicleta ergométrica, 250W, esforço muito 7,0

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52
condicionamento vigoroso
Calistenia (exercícios de flexão com os braços, etc.)
pesado, esforço vigoroso 10,5
Calistenia, exercícios domésticos, esforço de leve à
moderado, geral (por exemplo, exercícios com as
costas), levantando e abaixando no chão.
Treinamento em circuito em geral 12,5
Levantamento de pesos (pesos livres, equipamento
tipo Nautilus ou universais), fisiculturismo ou
treinamento de força, esforço vigoroso
Exercícios gerais em clubes para manutenção da 8,0
saúde
Esteira e escada ergométrica, geral
Remo fixo ergométrico, geral
Remo fixo, 50 W, esforço leve 4,5
Remo fixo, 100W, esforço moderado
Remo fixo, 150W, esforço vigoroso
Remo fixo, 200W, esforço muito vigoroso
Dar aulas de ginástica aeróbia
8,0
Hidroginástica, calistenia na água
Levantamento de pesos (Nautilus ou tipo Universal) 6,0
esforço leve ou moderado, sessões leves em geral

5,5

6,0

9,5

3,5

7,0

8,5

12,0

6,0

4,0

3,0

Aeróbia, ballet ou moderno, “Twist” 6,0


Aeróbia em geral
Dança 6,0
Aeróbia de baixo impacto
Aeróbia de alto impacto
Geral

AN02FREV001/REV 4.0

53
De salão, rápido (discoteca) 5,0
De salão, lento (dançar com música lenta)
7,0

4,5

5,5

3,0

Pescaria em geral 4,0


Pescar nas margens de rios, andando
Pescar assentado no bote 5,0
Pescar nas margens de rios, parado em pé
Caçar com arco e flecha 2,5
Caçar em geral
Pescaria e Caça Atirar com pistola, na posição de pé 3,5

2,5

5,0

2,5

Varrer carpetes e pisos em geral 2,5


Fazer limpeza pesada (lavar carros, lavar janelas,
arrumar depósitos), esforço vigoroso 4,5
Limpar a casa, geral
Limpeza leve (tirar pó, usar aspirador de pó, coletar
lixo), esforço moderado
Lavar pratos de pé, geral 3,5
Cozinhar, assentado ou de pé, ou de forma geral
Servir refeições, incluindo colocar a mesa 2,5
Descarregar sacolas de compras em supermercados
Carregar sacolas de compras escada acima
Fazer compras em supermercado, andando
Passar roupas 2,3
Atividades Fazer lavagem de roupas, utilizando máquinas de
lavar roupas 2,5
domésticas
Arrumar cama
2,5
Brincar assentado com crianças, esforço leve
Brincar de pé e parado com crianças, esforço leve
2,5
Brincar com crianças, andando/correndo, esforço
moderado 8,0
Brincar com crianças, andando/correndo, esforço
vigoroso 2,3
Cuidar de criança, dar banho, vestir, alimentar, às
vezes carregar, esforço leve 2,3
Cuidar de criança estando de pé, dar banho, vestir,
alimentar, às vezes carregar, esforço leve 2,3

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54
2,0

2,5

2,8

4,0

5,0

3,0

3,5

Conserto de carro em geral 3,0


Trabalho de carpintaria em geral
Pintar paredes fora da casa 3,0
Pintar paredes dentro de casa, remodelando
Reparos domésticos Serviços de bombeiro em geral 5,0

4,5

3,0

Estar deitado tranquilamente, assistindo TV 0,9


Estar assentado tranquilamente, escutando música,
assistindo TV ou um filme no cinema 1,0
Dormir
Inatividade/descanso Falar ao telefone

0,9

1,0

Limpar a terra usando ancinho 5,0


Plantar sementes de modo geral
Plantar muda de árvores 4,0
Aplicar fertilizantes nas plantas, andando
Regar plantas, de pé ou caminhando 4,5
Jardinagem Jardinagem de forma geral
2,5

1,5

5,0

Jogar cartas ou outro tipo de jogo, assentado 1,5


Diversos
Ler livros, jornais ou revistas, assentado
Fazer trabalhos manuscritos, assentado

AN02FREV001/REV 4.0

55
Estudar, assentado, incluindo ler e/ou escrever 1,3
Estar assentado assistindo aulas, fazendo anotações
Ler estando de pé 1,8

1,8

1,8

1,8

Tocar acordeom 1,8


Tocar violoncelo
Regência 2,0
Tocar bateria
Tocar flauta (assentado) 2,5
Tocar trompa
Tocar piano ou órgão 4,0
Tocar trombone
Tocar trompete 2,0
Tocar violino
Tocar instrumentos de sopro de madeira 2,0
Tocar guitarra popular, assentado
Tocar guitarra de pé em bandas de rock 2,5
Execução musical Tocar em bandas marciais, andando
3,5

2,5

2,5

2,0

2,0

3,0

4,0

Panificação em geral 4,0


Carpintaria em geral
Trabalhar em mina de carvão, geral 3,5
Reforma de construções
Trabalho de eletricista e bombeiro 6,0
Atividade rural: dirigir trator
Atividade rural: alimentar pequenos animais 5,5
Atividades Atividade rural: alimentar gado
Ocupacionais Atividade rural: tirar leite de vaca manualmente 3,5
Atividade rural: tirar leite de vaca mecanicamente
Bombeiro em geral (apagar incêndio) 2,5
Lenhador: cortar madeira c/machado, rapidamente
Lenhador: cortar madeira c/machado, lentamente 4,0
Lenhador: trabalho geral
Plantar com as mãos (florestas) 4,5
Andar a cavalo: galopando
Andar a cavalo: trotando

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56
Andar a cavalo: passeando 3,0
Operar equipamento pesado/automático
Atividade policial: dirigir trânsito, de pé 1,5
Atividade policial: dirigir uma viatura
Atividade policial: fazer uma prisão 8,0
Reparar calçados de forma geral
Trabalho de escritório em geral (assentado) 17,0
Participar de reuniões em geral, conversando
Trabalhos leves, na posição de pé (balconistas em 5,0
geral)
Trabalhos leve/moderado na posição de pé (conserto 8,0
de peças, reparo de peças de automóveis
empacotar etc.) cuidar de pacientes (enfermaria) 6,0
Trabalhos pesados, na posição de pé (levantar mais
que 20 Kg) 8,0
Alfaiataria em geral
6,5
Dirigir caminhão, carregando/descarregando
Digitar máquina elétrica/manual ou em computador
2,6
Caminhar no trabalho, menos de 2 milhas/h (no
escritório ou laboratório), muito lento 2,5
Caminhar no trabalho, 3 milhas/h, no escritório,
velocidade moderada, sem carregar nada nas mãos 2,5
Caminhar no trabalho, 3,5 milhas/h, no escritório,
velocidade rápida, sem carregar nada nas mãos 2,0
Caminhar, 2,5 milhas/h, devagar e carregando objetos
leves nas mãos (menos que 10 Kg) 8,0
Caminhar, 3,0 milhas/h, moderadamente e carregando
objetos leves nas mãos (menos que 10 Kg) 2,5
Caminhar, 3,5 milhas/h, rapidamente e carregando
objetos leves nas mãos (menos que 10 Kg) 1,5
Caminhar, descer escadas ou ficar parado,
carregando objetos pesando entre 12-25 Kg 1,5
Caminhar, descer escadas ou ficar parado,
carregando objetos pesando entre 25-35 Kg 2,5
Caminhar, descer escadas ou ficar parado,
carregando objetos pesando entre 35-50 Kg
Caminhar, descer escadas ou ficar parado, 3,0
carregando objetos pesando 50 Kg ou mais
Trabalhar em teatro, encenando ou nos bastidores
* Operar máquinas
* Controlador de qualidade
*Trabalhar em forno de tratamento térmico (trabalho 4,0
físico intermitente)
* Operar prensas leves de forjamento
* Servente de pedreiro
* Pedreiros 2,5
*Mecânicos industriais
* Azulejista 6,5
* Carregador de caixas de laranjas
* Bombeiro hidráulico 1,5
*Carregador de sacas de mantimentos
2,0

AN02FREV001/REV 4.0

57
3,5

4,0

3,0

4 ,0

4,5

5,0

6,5

7,5

8,5

3,0

2,6

3,3

3,4

3,7

5,0

5,2

5,4

AN02FREV001/REV 4.0

58
6,5

7,0

7,5

8,1

Combinação trote/caminhada (componente trote/10 6,0


min
Trote em geral
Correr, a 5 milhas/h (12 min.milha-1 )
Correr a 5,2 milhas/h (11,5 min.milha-1 ) 7,0
Correr a 6,0 milhas/h (10 min.milha-1 )
Correr a 6,7 milhas/h (9 min.milha-1 ) 8,0
Correr a 7,0 milhas/h (8,5 min.milha-1 )
Correr a 7,5 milhas/h (8,0 min.milha-1 ) 9,0
Correr a 8,0 milhas/h (7,5 min.milha-1 )
Correr a 8,6 milhas/h (7,0 min.milha-1 ) 10,0
Correr a 9,0 milhas/h (6,5 min.milha-1 )
Correr a 10 milhas/h (6,0 min.milha-1 ) 11,0
Correr a 10,9 milhas/h (5,5 min.milha-1 )
Correr em trilhas (“cross-country”) 11,5
Correr em geral
12,5
Correr no lugar
Correr escada acima
13,5
Corrida Correr em pista de corrida, treinando
Correr, treinando, empurrando cadeira de rodas 14,0

15,0

16,0

18,0

9,0

8,0

8,0

15,0

10,0

8,0

Estar de pé, estando pronto para dormir, geral 2,5


Estar assentado no toalete
Tomar banho (assentado) 1,0
Cuidados Pessoais
Vestir/despir (de pé ou assentado)
Comer (assentado) 2,0
Estar de pé inclinado p/ escovar dentes, barbear, lavar
as mãos, maquiar

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59
2,5

1,5

2,5

Atividade Sexual Passiva, esforço leve, beijar, abraçar 1,0

Arco e flecha (não p/ caça) 3,5


Basquete, jogo
Basquete, geral 8,0
Basquete em cadeira de rodas
Bilhar 6,0
Boliche
Boxe no ringue, geral 6,5
Jogos infantis (brincadeiras de roda, quatro cantos,
brincar em balanços, etc.) 2,5
Dar treinamento de futebol, futebol americano,
basquete, natação, etc. 3,0
Jogar dardos
Competição de futebol americano 12,0
Futebol americano, geral
Jogar disco (“frisbee”), geral 5,0
Golf, geral
Handball, geral
Handball, time
4,0
Andar a cavalo
Judô, jujitsu, karatê, tae kwan dô, kick boxing
Esportes Motocross
Polo 2,5
Frescobol, geral
Escalar pedras, p/ cima 9,0
Saltar corda, depressa
Saltar corda, moderadamente, geral 8,0
Saltar corda, lentamente
Futebol, competitivo 3,0
Futebol, lazer, geral
Squash 4,5
Tênis de mesa, ping pong
Tai chi 12,0
Tênis, geral
Tênis, duplas 8,0
Tênis, sozinho
Voleibol, competitivo em ginásio 4,0
Voleibol, não competitivo, times com 6-9 pessoas
Voleibol de praia 10,0
Luta livre (um tempo =5 min)
4,0

8,0

AN02FREV001/REV 4.0

60
7,0

11,0

12,0

10,0

8,0

10,0

7,0

12,0

4,0

4,0

7,0

6,0

8,0

4,0

3,0

8,0

6,0

Caminhar carregando mochila nas costas, geral 7,0


Carregando um neném ou peso de até 7 Kg, em
terreno plano ou escada abaixo 3,5
Carregando peso escada acima, geral
Carregando de 0,5 a 7 Kg, escada acima
Carregando de 8,0 a 12 Kg, escada acima
Carregando de 13 a 24 Kg, escada acima 9,0
Carregando de 25 a 37 Kg, escada acima
Carregando acima de 38 Kg, escada acima 5,0
Escalar montanha com carga de 0 a 4,5 Kg
Caminhada Escalar montanha com carga de 5 a 10 Kg 6,0
Escalar montanha com carga de 11 a 21 Kg
Escalar montanha com carga igual ou acima de 22 Kg 8,0
Descer escadas
Marchar rapidamente, como marcha militar 10,0
Andar a menos de 2 milhas/h, terreno plano; caminhar
12,0
dentro de casa, muito devagar
Andar a 2 milhas/h, no plano, passo lento em
7,0
superfície firme
Andar a 2,5 milhas/h superfície firme 7,5
Andar a 2,5 milhas/h em declive

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61
Andar a 3,0 milhas/h, no plano, passo moderado, 8,0
superfície firme
Andar a 3,5 milhas/h, no plano, passo rápido, 10,0
superfície firme
Andar a 3,5 milhas/h em aclive 3,0
Andar a 4,0 milhas/h, no plano, passo muito rápido,
superfície firme 6,5
Andar a 4,5 milhas/h, no plano, passo muitíssimo
rápido, superfície firme 2 ,0
Andar por prazer, no intervalo de trabalho; passear
com cachorro
Andar em pista de grama
Andar indo p/ o trabalho ou escola 2,5

3,0

3,0

3,5

4,0

6,0

4,0

4,5

3,5

5,0

4,0

Canoagem em passeios no campo 4,0


Canoagem, remando a 2-3,9 milhas/h, esforço leve
Canoagem, remando a 4-5,9 milhas/h, esforço 3,0
moderado
Atividades Aquáticas Canoagem, remando a mais de 6 milhas/h, esforço 7,0
vigoroso
Canoagem, por prazer, geral
Velejar, usando veleiro, “windsurf”, geral
Velejar competindo 12,0

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62
Esquiar na água
Surfar com prancha
Mergulhar com scuba, geral 3,5
Nadar estilo livre, rápido, esforço vigoroso
Nadar estilo livre, lento, esforço leve a moderado 3,0
Nadar estilo costas, geral
Nadar estilo peito, geral 5,0
Nadar estilo golfinho, geral
Nadar estilo crawl, lento, cerca de 50 m.min-1, esforço 6,0
leve a moderado
Nadar estilo crawl, rápido, cerca de 70 m.min-1, 3,0
esforço vigoroso
Nadar em rios, lagos ou oceanos 7,0
Nadar por diversão, geral
Nado sincronizado 10,0
Polo aquático
8,0
Voleibol aquático
8,0

10,0

11,0

8,0

11,0

6,0

6,0

8,0

10,0

3,0

FONTE: Compendium of Physical Activities: classification of energy costs of human physical activities.
Med. Sci. Sport. Exerc. 25(1): 71-80, 1993. * Fonte: Caderno Ergo n° 9: Resultados de Pesquisa:
Capacidade aeróbia de trabalhadores brasileiros e correlação com a carga de trabalho físico que
executam. Belo Horizonte, 1984.

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63
3 CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

Taxa Metabólica Basal (TMB)

A taxa metabólica basal (TMB) é definida como a quantidade de energia que


o organismo necessita para manter suas funções vitais.

Desde o século XIX, o cálculo da TMB é realizado por meio da determinação


da quantidade de calor que o organismo produz (calorimetria direta) ou pelo cálculo
de calor indiretamente (calorimetria indireta) por meio do consumo de oxigênio (VO2)
e excreção de gás carbônico (VCO2). Contudo, apenas após um estudo de Harris &
Benedict, em 1919, é que ocorreu uma tentativa de sistematização das informações
existentes sobre o metabolismo basal ao se desenvolver equações de predição da
TMB, a partir de medidas de antropometria, uma vez que a calorimetria não era
muito disponível.
Mediante alteração de orientação para estimar as necessidades energéticas
humanas, da ingestão para o gasto energético sugerida pela Food and Agriculture
Organization/World Health Organization/United Nations University tornaram-se
necessárias atualizações das informações existentes relacionadas ao metabolismo
basal, revendo as equações de predição da TMB. Em seguida, diversos estudos
vêm demonstrando que a maioria das equações tende a superestimar a TMB em
muitas populações, em especial, as que vivem nos trópicos.

A TMB é o principal componente do gasto energético diário. Com relação ao


total de energia gasta ao longo do dia, esta taxa pode ter uma representação de
50% em indivíduos muito ativos fisicamente e de 70% em indivíduos mais
sedentários. Tanto para o nível individual quanto para o nível populacional, a TMB é
a base para o estabelecimento das necessidades energéticas.

AN02FREV001/REV 4.0

64
Existem algumas equações para o cálculo da TMB, sendo que:

 Harris & Benedict (1919) superestimou a TBM em 17%;


 FAO/WHO/UNU (1985) em 13,5%;
 Schofield (1985) em 12,9%;
 Henry & Ress (1991) em 7,4%.

As equações sugeridas por Harris & Benedict (1919) não são as mais
indicadas para a estimativa da TMB tanto em mulheres norte-americanas quanto
latino-americanas. As equações de Henry & Rees (1991) foram desenvolvidas para
populações tropicais, fornecendo estimativas menores do que aquelas derivadas de
populações europeias e norte-americanas.

Seguem abaixo equações utilizadas para o cálculo da TMB:

 Harris-Benedict (1919)

Homens: TMB = 66,47 + (13,75 . P*) + ( 5,00 . A*) - (6,76 . I*)


Mulheres: TMB = 655,1 + (9,56 . P*) + ( 1,85 . A*) - (4,68 . I*)

* P = Peso em Kg/ *I = Idade em anos/ *A = Altura em cm

 FAO/WHO/UNU (1985)

AN02FREV001/REV 4.0

65
TABELA 4
Idade Gênero Feminino Gênero Masculino
18 a 30 anos 14,7 x P + 496 15,3 x P + 679
30 a 60 anos 8,7 x P + 829 11,6 x P + 879
+ de 60 anos 10,5 x P + 596 13,5 x P + 487
P = peso corporal em kg

 Schofield (1985)

TABELA 5
Idade Gênero Feminino Gênero Masculino
3 a 10 anos [0,085 x P + 2,033] x 239 [0,095 x P + 2,110] x 239
10 a 18 anos [0,056 x P + 2,898] x 239 [0,074 x P + 2,754] x 239
18 a 30 anos [0,062 x P + 2,036] x 239 [0,063 x P + 2,896] x 239
30 a 60 anos [0,034 x P + 3,538] x 239 [0,048 x P + 3,653] x 239
P = peso corporal em kg

 Henry & Rees (1991)


TABELA 6
Idade Gênero Feminino Gênero Masculino
3 a 10 anos [0,063 x P + 2,466] x 239 [0,113 x P + 1,689] x 239
10 a 18 anos [0,047 x P + 2,951] x 239 [0,084 x P + 2,122] x 239
18 a 30 anos [0,048 x P + 2,562] x 239 [0,056 x P + 2,800] x 239
30 a 60 anos [0,048 x P + 2,448] x 239 [0,046 x P + 3,160] x 239
P = peso corporal em kg

 Cunningham (1991)

GEDR = 370 + 21,6 (Massa livre de gordura corporal)

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66
Ex. Para um homem de peso = 70kg com 21% de gordura corporal. Massa
Livre de Gordura (MLG) seria 55,3 kg e seu GEDR então, seria de: 370 + 21,6 (55,3)
= 370 + 1194,48 = 1564,48 kcal

Contudo, para o cálculo do gasto energético total dos indivíduos com


atividade moderada/intensa e muito intensa, têm-se como ponto de partida as
tabelas da FAO/OMS/ONU de 1985, em que a recomendação é que o gasto
energético total (GET) seja calculado como múltiplos do metabolismo basal,
considerando a idade, o sexo e, principalmente, a atividade física desenvolvida.

Gasto Energético Total

Após calcular a TMB, aplica-se a fórmula para estimar o Gasto Energético


Total (GET):

GET= TMB X FA
(FA = Fator Atividade)

TABELA 7
Fator Atividade, de acordo com o sexo (FAO/OMS de 1985):
ATIVIDADE MENINOS MENINAS HOMENS MULHERES
(ADOLESCENTES) (ADOLESCENTES)
Leve 1,6 1,5 1,55 1,56
Moderada 2,5 2,2 1,78 1,64
Intensa 6,0 6,0 2,10 1,82
FONTE: Oliveira, Dutra, 1998.

Deve-se destacar a necessidade de escolher com equilíbrio os fatores de


atividade física, considerando a intensidade e o tipo de exercício (força ou
resistência), e suas peculiaridades gerais e individuais.

Contudo, para uma estimativa mais precisa, pode-se utilizar o cálculo por
meio dos METs, como visto anteriormente.

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Uma vez calculado o GET do atleta ou desportista, o passo seguinte é
distribuir o valor calórico total nas refeições diárias.

4 DIETA E ATIVIDADE FÍSICA

A alimentação possui um relevante papel na atividade física, uma vez que


prepara o organismo para a realização do esforço, à medida que fornece os
nutrientes necessários que variam conforme o tipo de exercício e o objetivo
almejado como perda de peso ou ganho de massa muscular, por exemplo.

Observa-se com frequência a preocupação de desportistas e atletas com a


alimentação, em busca de um maior desempenho em suas atividades.

Atletas necessitam de mais calorias e fluidos do que os desportistas e as


pessoas menos ativas, no entanto, as recomendações de proteínas, vitaminas e
minerais são relativamente iguais às de pessoas não tão ativas.

Nutrição e exercício físico são fatores interligados no que diz respeito à


composição do organismo, à competência muscular, à capacidade respiratória e
cardiovascular. O desempenho atlético é determinado pelas características
qualitativas, quantitativas, psicológicas e de tempo relacionadas à ingesta de
alimentos e líquidos.

O consumo de energia é significativamente aumentado conforme o exercício


praticado, dependendo também do nível, duração e intensidade da atividade, e das
características do atleta, como sexo, raça, idade, compleição física e estado de
maturação.

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Esportes que realizam contrações musculares repetitivas, como a corrida
utiliza mais energia que os esportes que mantêm a contração muscular.

Indivíduos ativos necessitam diariamente de:

 60% a 70% de carboidratos;


 20% a 25% de gorduras;
 1,2g a 2,0g de proteínas por quilo de peso corporal.

Já os menos ativos necessitam de:

 50% a 60% de carboidratos;


 20% a 30% de gorduras;
 0,8g a 1,2g de proteína por quilo de peso corporal.

Por conta de alterações fisiológicas ou especificidades do esporte, os atletas


de ambos os sexos, podem ter necessidades nutricionais muito especiais.
Atletas jovens do sexo feminino podem sofrer alterações fisiológicas,
reprodutivas e psicológicas, se não possuírem alimentação adequada, o que pode
impactar no desempenho físico. Além de distúrbios causados pela desnutrição,
decorrentes da excessiva preocupação com a manutenção do peso e a ingestão
inadequada de calorias e outros nutrientes, atletas mulheres possuem uma ingestão
insuficiente de ferro e cálcio e, às vezes, de ambos. O estado deficiente de ferro,
acompanhado pela anemia, é mais comum entre as atletas mulheres, especialmente
aquelas já maturadas e que menstruam. As vegetarianas ou aquelas que reduzem o
consumo de carne vermelha ao máximo podem desenvolver anemia e até
amenorreia. Já o consumo insuficiente de alimentos fonte de cálcio como os
laticínios, pode acarretar redução da densidade deste mineral nos ossos, conhecida
como osteopenia/osteoporose.
No caso de atletas do sexo masculino, observam-se menos problemas de
distúrbios alimentares ou associados à desnutrição. Da mesma forma, deficiências
de cálcio e ferro são pouco diagnosticadas entre homens, porém no caso do ferro, a
deficiência pode não estar sendo investigada adequadamente, principalmente em

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atletas adolescentes, cujas necessidades de ferro é maior por conta da demanda do
tecido muscular que cresce rapidamente. Esses atletas também podem desenvolver
anemia ferropriva caso não consumam carnes ou alimentos fontes de ferro em
quantidades suficientes. Geralmente, atletas do sexo masculino possuem tendência
a irregulares hábitos alimentares, com a inclusão de muitos lanches, que não
necessariamente conduz à ingestão inadequada de macronutrientes, porém,
contribui para um consumo insuficiente de micronutrientes por conta do número
limitado da escolha de alimentos. Em vários casos, os atletas apresentam um baixo
consumo de frutas e vegetais, e, sendo estes grandes fontes de vitaminas B e C e
muitos elementos traços, aumenta-se o risco de se desenvolver um estado
nutricional deficiente em relação às vitaminas e minerais.
Assim, pode-se dizer que a nutrição é um importante fator na otimização do
desempenho atlético, reduzindo a fadiga, e com isso permitindo que o atleta treine
por mais tempo ou que se recupere mais rapidamente entre as seções de
exercícios, uma vez que a nutrição adequada também otimiza os depósitos de
energia para a competição, que pode ser o diferencial entre o primeiro e o segundo
lugar, tanto nas atividades de resistência quanto de velocidade.
Além disso, a nutrição também é importante para a saúde geral do atleta, já
que reduz as possibilidades de enfermidades que possam diminuir os períodos de
treinamento podendo tornar a carreira do atleta mais curta.

FIM DO MÓDULO I

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