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AUTORES E AFILIAÇÃO:

Rossano Sehn - Farmacêutico pela Faculdade de Farmácia da UFRGS.

Aline Lins Camargo - Farmacêutica do Centro de Informações sobre Medicamentos, CIM-RS.

Isabela Heineck - Professora adjunta do Departamento de Produção e Controle de


Medicamentos da Faculdade de Farmácia da UFRGS. CIM-RS, Faculdade de Farmácia.

Maria Beatriz Cardoso Ferreira - Professora adjunta do Departamento de Farmacologia do ICBS


da UFRGS.

TEMA GERAL:

Interacções medicamentosas.

TEMA ESPECÍFICO:

Levantamento de interacções medicamentosas em pacientes hospitalizados, através de


programas informáticos.

PALAVRAS-CHAVE:

Interacções medicamentosas; meio hospitalar; farmacocinética; farmacodinâmica; programas


informáticos; prescrições; administração de fármacos.

PERTINÊNCIA DO TEMA TRATADO:

Sendo que a presença de interacções medicamentosas em hospitais é um risco permanente,


urge a necessidade de uma crescente atenção voltada para este contexto, nomeadamente no
que concerne aos meios informáticos que vêm sido implementados, com vista a reduzir as
interacções medicamentosas, através da minimização do erro de medicação, da agilização da
análise das prescrições e da melhor gestão do tempo e gastos inerentes ao período de
internamento.

METODOLOGIA:

- Observação de prescrições médicas, do primeiro dia de internamento, de pacientes que


ingressaram em unidades de internamento de clínica médica no HCPA, nos meses de agosto e
setembro de 2001.

- Foram analisadas prescrições médicas de 40 pacientes, onde 81 variedades de medicamentos


foram encontradas.

- Foram colectadas as variáveis: nome do medicamento, posologia, apresentação


farmacêutica, via e horários de administração.
- Para verificar as possibilidades de interações foram utilizadas 3 fontes bibliográficas
terciárias.

- Classificação das interacções quanto a: Farmacocinética e Farmacodinâmica. Na categoria


“não especificada” ficaram contidas as interacções cujos mecanismos não estão estabelecidos.

- Classificação do impacto das interações sobre o paciente em: graves, moderadas e leves.

- Classificação da velocidade da interacção: de início rápido e tardias.

- Classificação da interacções segundo o conhecimento científico existente: bem


documentadas e documentação insuficiente.

PRINCIPAIS RESULTADOS:

- 25% das prescrições com até cinco medicamentos apresentavam interações medicamentosas
potenciais, assim como 63,6% das que apresentavam de seis a dez medicamentos prescritos e
100% das que continham mais de dez medicamentos prescritos.

- Quanto à gravidade, os seguintes resultados foram encontrados: 37,9% das interações


potenciais foram consideradas leves, 48,4% moderadas e 3,2% graves.

- 46,1% das interacções foram classificadas como farmacocinéticas, 45,3% como


farmacodinâmicas e 8,6% foram classificadas como de mecanismo indefinido.

- Quanto ao grau de conhecimento, 15,3% das interacções são bem estudadas, enquanto que
84,7% necessitam de comprovação.

- Classificação de acordo com o tempo de início: 25% iniciam rapidamente, 58,9% apresentam
início tardio e, para 25,8% das interações, a literatura não estabelece o tempo de início.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES:

- A presença de interacções medicamentosas é um risco permanente em hospitais e a


utilização de programas informatizados parece ser a forma mais efetiva de identificá-las.

- A importância de consciencialização da equipa de profissionais envolvidos nos processos de


prescrição, dispensação e administração dos medicamentos também assume um papel
preponderante na minimização dos riscos decorrentes de eventuais interacções
medicamentosas.

REFLEXÃO CRÍTICA:

- É consensual que existe uma falta de estudos significativa no que às interacções


medicamentosas diz respeito. No entanto, há um sem número de variáveis que podem ser
controladas, tais como a adequação dos horários de administração, o ajuste da dose e a
monitorização do paciente e, também, com a fulcral magnitude que um programa informático
poderá assumir, constituindo um precioso aliado na identificação destas interacções.
- A própria utilização de programas informatizados para a avaliação da prescrição médica
revela-se um instrumento de vital importância neste processo, sem menosprezar o papel do
farmacêutico e dos demais profissionais de saúde envolvidos em controlar e avaliar os
medicamentos prescritos, no hospital, mas, principalmente, aqueles que os pacientes trazem
consigo, já que os programas não podem identificar interacções com estes medicamentos.

- Outro aspecto que importa ressalvar é o facto de que a educação continuada de profissionais
que actuam em hospitais nunca deverá ser subvalorizada, porquanto, o peso desta
componente assume uma extrema importância na redução de interacções medicamentosas,
através da sensibilização dos profissionais para este cenário.

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