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Universidade de Brasília - UnB Departamento de História – HIS

Disciplina: História Contemporânea I Código: 139165


Professor: Virgílio Arraes Turma: B
Nome: Rebecca Mª Q Ribeiro Matrícula: 13/0061654

Fichamento V

Ao final do século XVIII e durante o século XIX, a Europa assistiu a uma enorme produção
artística. Essa difusão aconteceu entre diversas nações (Rússia, Polônia, Escandinávia) e
também de específicos gêneros como a literatura (romances) e a música (óperas) – o que se
traduzia na importância que a cultura popular tinha nas expressões artísticas. Os artistas
dessa época sentiam-se particularmente influenciados pelos assuntos públicos e inspirados
pelas revoluções que o período assistira. Essas influências tornavam-se mais patentes em
lugares onde havia forte presença de movimentos nacionais, buscava-se então a afirmação
de uma cultura nacional frente às torrentes de influências estrangeiras. O afloramento dessa
cultura nacional e sua difusão concentravam-se, claramente, nas classes superiores/médias;
e somente alcançariam o grande público ao serem usadas por movimentos políticos.
O ‘movimento’ que se tornaria associação imediata do século XIX no âmbito das artes é o
romantismo. Surgiu nas primeiras décadas desse século (apesar de que, após tentativas de
pontuar seus elementos formadores, podem-se notar características românticas em artistas
desde a Revolução Francesa) na maior parte da Europa e também nos Estados Unidos, mas
no período de 1830-1848 tornou-se extremamente influente, e padronizou o gosto e o
padrão artístico da classe média no decorrer do XIX. É difícil, no entanto, balizá-lo em
definições rígidas; mas a afirmação passível acerta desse estilo certamente encontra-se no
combate a apatia, ao “meio-termo”, portanto um movimento de extremos. Não se pode
caracterizá-lo enquanto um movimento “antiburguês” simplesmente; pois, havia elementos
revolucionários que atraiam os românticos. Nem como revolucionários; pois havia
elementos burgueses e capitalistas que os repugnavam. O descontentamento presente em
sua ‘filosofia’ tratava-se, portanto, da insatisfação e revolta com os interesses egoístas que
testemunhavam da sociedade ao seu redor. Anteriormente, os artistas procuravam voltar
suas produções para o alento e o patrocínio público. Porém, a partir dessa percepção de
uma sociedade cinza e apática, os jovens – os gênios mal compreendidos pela mesma –
desejavam chocá-la e projetar seus sentimentos mais profundos e mais confusos; ainda que
pudessem não ser vistos. Para os românticos, os homens encontravam-se alienados.
A partir dessa reflexão sobre o estado desumano da sociedade, os românticos então
depositaram suas esperanças e utopias no elo perdido homem-natureza, a volta dessa união
natural traria o sossego e a paz que a alma humana necessitava. A busca desse equilíbrio
poderia direcionar-se por três caminhos: a Idade Média, o homem primitivo e a Revolução
Francesa. A primeira, com seus mistérios e contos de fadas, seria o paraíso perdido para
esses opositores da sociedade burguesa. Esse ideal medieval, a idade de ouro, encontrou
especial repercussão e significado na Alemanha – frente seus castelos mais facilmente
idealizáveis (Grimm e seus Contos de Fadas); assim também como os misticismos
orientais. O homem primitivo simbolizava a virtude, a tradição e a simplicidade buscada
pelos românticos. A associação com sociedades primitivas não foi uma invenção do
romantismo. Porém, nesse período, foi focada a importância desta “característica primitiva”
enquanto componente virtuoso dos costumes e da alma do povo, vide a propulsão que o
folclore e mitologias testemunharam. A Revolução Francesa teve seu momento de impacto
negativo na Europa, mas a partir do momento que a sociedade que a sucedeu parecia ainda
mais negativa e vazia, os românticos voltaram-se para os ideais revolucionários e aplicaram
a ela uma imagem de liberdade contra a opressão social do momento. E, com base nessa
reconstrução da revolução (visão romântica), muitos artistas tornaram-se influentes na
política. O período assistiu então uma intensa relação da literatura e do jornalismo, e os
artistas eram, então, profetas e filósofos.
Durante a afluência do movimento romântico, sua consequência mais visível no campo das
artes foi a aliança entre e a mesma e o compromisso social. Portanto, a “função social”
adquirida pela produção artística era o bem da humanidade e o bem das nações. Após as
experiências de 1848, as esperanças depositadas no homem se esvaecem e então a função
puramente estética da arte entrou em voga novamente.

HOBSBAWM, E. – As Artes. IN: A Era das Revoluções, 1789-1848. 25 ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2012.

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