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ACREDITO!

Pq a vida fica mais fácil no outro. Não um outro qualquer, pois se isso fosse real na felicidade
não existiria economia e todos dela desfrutariam; se fosse um outro qualquer, a ilusão desse
outro perfeito não nos obrigaria a assistir, todos os dias, os Édipos em andamento, a violação
de tabus e as incorporaões do tótem em busca de uma felicidade que não se apiedou e
distribuiu-se a torto e a direito: a vida dói e tem preço. Então, precisamos de um outro. Que
outro é este? O outro que Groddeck acha certo e seguro estar no imago da mãe? O imago da
mãe é o suficiente para dar andamento ao processo de construção do sujeito que tem as
ferramentas no outro e delas depende para erguer a obra em si? Mas, a criança que ouve e se
debate tem forças para carregar e usar essas ferramentas? ela é capaz (tem potência)? Quem é
esse outro que não é qualquer outro que ergue nossas paredes e derruba nossas resistências?
Da mesma forma que a vida vai penetrando, viciante, dentro da morte preexistente no corpo
para que as mitocondrias passem a produzir energia suficiente para compensar a entropia e o
desamparo, esse outro vai surgindo de algum lugar secreto, de algum universo discreto, de
algum ato falho da vida para se impor magistral diante de nós que, então, somos obrigados a
aceitar a fala singela daquele que não morre no dia 23 de quaisquer setembros: "em última
análise, precisamos amar para não adoecer". Singelo e claro, dr. Freud (jgmoreira)

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