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Material - Ciências Forenses PDF
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CIÊNCIAS FORENSES
Neste curso vamos procurar entender a conexão que existe entre as áreas de estudo
das ciências forenses e do processo penal.
As ciências forenses são áreas da ciência aplicada/prática que presta serviço a justiça.
Como unidade, as ciências forenses abarcam uma grande quantidade de ramos científicos,
como a toxicologia forense, a genética forense, a balística, a grafoscopia/documentoscopia, a
perícia contábil, o exame de local de crime, a papiloscopia, a medicina legal, entre outras.
Todas essas áreas do conhecimento prestam serviço à justiça utilizando o conhecimento
científico para analisar vestígios ou elementos materiais que possuem relação com o crime e
que podem, futuramente, auxiliar no convencimento do magistrado. Sobre isto cabem dois
apontamentos:
Isso resulta, portanto, em laudos periciais que são escritos de maneira direta, prática,
com a informação probabilística apontada brevemente. Quando esses laudos chegam ao
tribunal, não raras são as vezes em que os juízes não entendem bem o que está escrito. E
infelizmente os magistrados não fazem tanta questão de questionar os peritos em juízo a fim
de sanar quaisquer dúvidas associada aos laudos.
Outro problema é que, muitas vezes, algumas informações que seriam imprescindíveis
paro laudo pericial não aparecem no mesmo como, por exemplo, elementos essenciais da
cadeia de custódia da prova. Muitas destas informações seriam de extrema importância para o
contexto processual, principalmente se entendermos que garantias básicas do processo devem
ser asseguradas, como o direito ao contraditório e à ampla defesa.
Frente a isso, iremos buscar realizar, nesse curso, uma intersecção entre as ciências
forenses e o direito, de modo a aproximar as áreas do conhecimento e a uniformizar alguns
conceitos ainda discrepantes.
Aula 2:
O desenvolvimento científico, principalmente do século XIX, foi o que deu início aos
desenvolvimentos mais aprimorados na área das ciências forenses. Esse desenvolvimento
ocorreu em um contexto onde o positivismo e a racionalidade imperavam. Não mais se queria
falar das coisas do espírito, apenas procurava-se tratar daquilo que a racionalidade humana e a
natureza poderiam mostrar ao ser humano. Era uma é época em que se acreditava que as
certezas científicas eram as únicas respostas para qualquer questionamento.
As ciências forenses nasceram com a medicina legal, ainda no século XIX, mas poucas
técnicas eram dominadas. Os médicos legais realizavam os exames necroscópicos e conduzam
buscas por elementos diversos que poderiam estar associados ao fato penal, como análise de
instrumentos potencialmente utilizados no crime e evidências extrínsecas ao corpo humano.
Assim, percebe-se que a medicina legal nasce por uma demanda jurídica.
iii) Francis Galton (1822 – 1911): o primeiro a estudar as marcas digitais e desenvolver
uma metodologia de classificação das digitais. O seu trabalho descreve os princípios básicos
que constituem o atual sistema de identificação por impressões digitais.
vi) Albert S. Osborn (1858 – 1946): Osborn foi um americano que desenvolveu os
princípios fundamentais do exame documentoscópico.
vii) Walter Cox McCrone (1916-2002): McCrone foi um químico americano considerado o
pai da microscopia. Desenvolveu técnicas de microscopia associadas a outras metodologias
analíticas, com o intuito de examinar vestígios criminais e cíveis.
viii) Edmond Locard (1877 – 1966): foi o fundador e diretor do Instituto de Criminalística
da Universidade de Lyon, local que rapidamente transformou-se em um centro de referência
internacional para estudo e pesquisa em ciência forense. Locard acreditava que quando um
indivíduo entra em contato com um local, ocorre a transferência cruzada de materiais.
Aula 4:
● Princípio da Identificação
Busca definir a natureza físico-química do vestígio (ou da evidência). Em muitos casos,
identificação é um fim em si mesmo. Por exemplo, para alguns tipos de drogas ilícitas, a
identificação é o último processo realizado.
● Princípio da Associação
O princípio da associação aponta que é possível realizar uma inferência acerca do contato
entre a fonte do vestígio e o local (alvo ou suporte) onde o vestígio foi encontrado. Poderia
também ser chamado de Princípio do Contato.
● Princípio da Reconstrução
A reconstrução é dada no espaço e no tempo. A partir desse princípio, tenta-se
responder às questões de "onde?”, “como?” e “quando?". Deve-se ressaltar que o "quando?"
geralmente se refere a um tempo relativo, posto que a dificuldade de afirmar um evento
pretérito a posteriori é bastante elevada.
● Princípio da Análise
Dado princípio diz que a análise pericial deve sempre seguir o método científico. Ou seja, a
análise pericial deve sempre partir de uma análise do método de hipóteses, onde uma será
aceita e a outra será refutada.
● Princípio da Descrição
● Princípio da Documentação
Tal princípio diz que toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento no local
de crime, até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo e
fiel de sua origem.
Aula 5:
● Princípio do Contraditório
O princípio do direito de defesa também deve estar assegurado nos quatro atos do
processo (postulação, admissão, produção e valoração). O direito de defesa deve ser tanto
técnico, como pessoal. A defesa técnica obriga a presença do defensor em todos os atos do
processo, inclusive no que tange à matéria probatória.
A defesa técnica garante que o imputado detenha um defensor qualificado para tal e
assegura a garantia do sujeito e do interesse coletivo da correta apuração do fato. Trata-se de
uma verdadeira condição de paridade de armas, imprescindível para o contraditório.
Sabe-se que dificilmente todos esses requisitos são assegurados durante um processo,
entretanto, seria de extrema importância que tais cuidados fossem tomados. A negação
injustificada de algum desses direitos configuraria cerceamento de defesa, e, portanto,
nulidade do processo.
Aula 6:
Art. 112, CPP. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça
e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção,
a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo
estabelecido para a exceção de suspeição.
Art. 254, CPP. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer
das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
CAPÍTULO II
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL
Do Art. 158 até 184 (Exame Pericial)
Art. 158, CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar
de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
Art. 564, CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto
no Art. 167;
Art. 167, CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 169, CPP. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art. 170, CPP. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Aula 7:
● Perícia em local de crime: para a criminalística, o local de crime, ou local, é toda área
física ou virtual na qual tenha ocorrido um fato que possa assumir a configuração de
infração penal, estendendo-se ainda a qualquer local que possua vestígios
relacionados à ação criminosa.
● Medicina legal: é a área das ciências forenses que tem a função de investigar as
formas de danos ou alterações que atingem os seres humanos. Depende do
conhecimento da medicina e é realizada por médicos.
● Antropologia forense: a antropologia forense analisa restos humanos parcial ou
totalmente esqueletizados. O objetivo principal é oferecer um perfil bioantropológico
individual (sexo, ancestralidade, faixa etária, faixa de estatura etc). É uma das áreas da
identificação humana.
● Odontologia legal: como o próprio nome diz, utiliza dos conhecimentos do campo da
odontologia para atender as demandas legais em auxílio à justiça e à administração.
Vem ganhando muita notoriedade nas ciências forenses, principalmente em casos de
desastre em massa. O exercício está regulado pela Lei Federal 5081/66.
● Psicologia e Psiquiatria forense: associado à análise das características psicológicas do
suposto infrator. Por exemplo, se o criminoso tinha discernimento ou autocontrole
quando da ação, se possuía algum transtorno mental – associado à culpabilidade e à
dosimetria da pena. Muito difícil e subjetiva a análise.
● Papiloscopia: o estudo das impressões digitais como identificador. É quase tão antigo
quanto a sociedade humana.
● Balística forense: é o segmento da criminalística dedicado à apreciação
técnico-científica de vestígios e de indícios relacionados direta ou indiretamente à
utilização de armas de fogo e de suas munições.
● Química forense: é a área da criminalística que se encarrega de analisar, classificar e
identificar os elementos e/ou substâncias encontradas em locais de ocorrência de um
delito ou que podem estar relacionadas a este.
● Biologia forense: conjunto de técnicas e conhecimentos das ciências da vida (biologia)
aplicados à análise de vestígios biológicos, a fim de analisar, identificar e caracterizar a
natureza desses vestígios. As principais áreas são a hematologia forense (vestígios
relacionados ao sangue), citologia forense (relaciona-se à identificação a nível celular),
tricologia forense (avalia pelos e fibras), entomologia forense (uso do conhecimento
acerca da biologia dos insetos para auxiliar a resolução criminal), botânica forense
(estudo das estruturas, fisiologia e história natural da diversidade das espécies de
plantas – ecologia e palinologia) e genética forense (utiliza conhecimentos de genética
e técnicas de biologia molecular para auxiliar na análise criminal).
● Perícia ambiental: abarca uma grande quantidade de técnicas de análises para apurar
e auxiliar na análise de possíveis crimes praticados contra o meio ambiente.
Usualmente é formado por uma equipe multidisciplinar: agrônomo, biólogo, geólogo,
etc.
● Engenharia legal: utiliza do conhecimento de engenharia para auxiliar na análise de
supostas condutas. Há análises de estruturas de engenharia, como prédios,
construções, bem como de automóveis, transferência de energia (em casos de furto de
energia, por exemplo), etc.
● Acidentes de Trânsito: é outra perícia complexa e que requer um conhecimento muito
interdisciplinar. É preciso ter um conhecimento extremamente técnico de todas as
variáveis possíveis.
● Informática forense: como o próprio nome diz, é a perícia realizada em dados
armazenados em dispositivos eletrônicos (tablets, computadores, smartphones).
Muito importante devido ao grande crescimento do uso do ambiente virtual e dos
crimes que vem ocorrendo nesse novo ambiente. Diversas extorsões, fraudes, roubos,
explorações etc., ocorrem na rede mundial de computadores e, por isso, a perícia de
informática se faz tão essencial.
● Perícias em Áudio e Imagens
● Documentoscopia/Grafoscopia
● Contabilidade Forense: analisa balanço financeiro, entrada e saída de caixa. Também
muito importante no atual contexto social. Pode estar associada à perícia de
informática, posto que grande parte dos dados hoje em dia são armazenados no meio
digital.
Aula 9:
Objetivos da perícia
Alguns doutrinadores da área das ciências forenses indicam que existem três objetivos
principais:
Cadeia de Custódia
Como salientado por Lopes Jr. e Alexandre Morais da Rosa, “a preservação das fontes
de prova é, portanto, fundamental, principalmente quando se trata de provas cuja produção
ocorre fora do processo, como é o caso da coleta de DNA, interceptação telefônica, etc.
Trata-se de verdadeira condição de validade da prova”. Ou seja, a preservação desses
elementos probatórios possui a sua origem no seio do inciso LVI do Art. 5o da Constituição
Federal.
Aula 10:
https://www.estadao.com.br/noticias/geral,serial-killer-procurada-por-15-anos-na-ale
manha-pode-nunca-ter-existido,345511
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2008/nov/09/germany-serial-killer
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7341360.stm
https://www.iso.org/news/2016/07/Ref2094.html
Aula 11:
http://www.amandaknoxcase.com
https://www.netflix.com/br/title/80081155