Você está na página 1de 18

MATERIAL DE APOIO

CIÊNCIAS FORENSES

PROFª MARIA EDUARDA AZAMBUJA AMARAL


Aula 1:

Neste curso vamos procurar entender a conexão que existe entre as áreas de estudo
das ciências forenses e do processo penal.

Ciências Forenses e Processo Penal

As ciências forenses são áreas da ciência aplicada/prática que presta serviço a justiça.
Como unidade, as ciências forenses abarcam uma grande quantidade de ramos científicos,
como a toxicologia forense, a genética forense, a balística, a grafoscopia/documentoscopia, a
perícia contábil, o exame de local de crime, a papiloscopia, a medicina legal, entre outras.
Todas essas áreas do conhecimento prestam serviço à justiça utilizando o conhecimento
científico para analisar vestígios ou elementos materiais que possuem relação com o crime e
que podem, futuramente, auxiliar no convencimento do magistrado. Sobre isto cabem dois
apontamentos:

1. O primeiro é que a prova pericial, em diversos casos, é um dos principais


elementos do conteúdo probatório. Em caso de estupro, por exemplo, a análise de
DNA é amplamente utilizada. As perícias documentais em crimes de falsificação de
documentos. A perícia toxicológica para confirmar a natureza da substância
apreendida. Em todos esses casos a prova pericial desempenha um papel
significante no processo.
2. O segundo ponto é mais sensível. Infelizmente ainda há uma distância muito
significativa entre o campo de fala dos peritos e o campo de fala dos juízes. Isso se
dá devido ao fato de que a formação dos peritos é realizada a partir das ciências
exatas e/ou biológicas. Eles possuem uma formação mais prática, mais direta, mais
analítica. Essa formação possui bases científicas e epistêmicas totalmente
diferente daquelas abarcadas no direito. O direito é muito mais dogmático, menos
prático e mais filosófico, ele reflete mais sobre questões mais abstratas.

Isso resulta, portanto, em laudos periciais que são escritos de maneira direta, prática,
com a informação probabilística apontada brevemente. Quando esses laudos chegam ao
tribunal, não raras são as vezes em que os juízes não entendem bem o que está escrito. E
infelizmente os magistrados não fazem tanta questão de questionar os peritos em juízo a fim
de sanar quaisquer dúvidas associada aos laudos.

Outro problema é que, muitas vezes, algumas informações que seriam imprescindíveis
paro laudo pericial não aparecem no mesmo como, por exemplo, elementos essenciais da
cadeia de custódia da prova. Muitas destas informações seriam de extrema importância para o
contexto processual, principalmente se entendermos que garantias básicas do processo devem
ser asseguradas, como o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Frente a isso, iremos buscar realizar, nesse curso, uma intersecção entre as ciências
forenses e o direito, de modo a aproximar as áreas do conhecimento e a uniformizar alguns
conceitos ainda discrepantes.
Aula 2:

Evolução histórica das Ciências Forenses

O desenvolvimento científico, principalmente do século XIX, foi o que deu início aos
desenvolvimentos mais aprimorados na área das ciências forenses. Esse desenvolvimento
ocorreu em um contexto onde o positivismo e a racionalidade imperavam. Não mais se queria
falar das coisas do espírito, apenas procurava-se tratar daquilo que a racionalidade humana e a
natureza poderiam mostrar ao ser humano. Era uma é época em que se acreditava que as
certezas científicas eram as únicas respostas para qualquer questionamento.

As ciências forenses ​nasceram com a medicina legal, ainda no século XIX, mas poucas
técnicas eram dominadas. Os médicos legais realizavam os exames necroscópicos e conduzam
buscas por elementos diversos que poderiam estar associados ao fato penal, como análise de
instrumentos potencialmente utilizados no crime e evidências extrínsecas ao corpo humano.
Assim, percebe-se que a medicina legal nasce por uma demanda jurídica.

Breve linha do tempo interessante:

● Povos mais antigos, da primeira metade da Idade Média: não conheceram a


medicina legal de maneira aprofundada.
● 1209: a partir da legislação canônica de Inocêncio III, o início da perícia médica.
● Meados de 1500: medicina legal exercida em grande parte do continente europeu​.
● 1575: Ambroise Paré lança o tratado de medicina legal intitulado ​Des Rapports et
des Moyens d’Embaumer les Corps Morts​.
● A partir de então a medicina legal experimentou um desenvolvimento significativo,
sendo, à época, a única ciência dura a cooperar com as ciências jurídicas
● No Brasil, a porta de entrada da medicina forense foi a Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro: primeiro curso prático em meados de 1800.
● 1854: regulamentação da atividade, via Decreto nº 1746, de 16 de abril.
● Oscar Freire de Carvalho fundou o primeiro Instituto de Medicina Legal brasileiro,
em 1922, na cidade de São Paulo.
● Atualmente a perícia médico-legal é exercida pelos Institutos de Medicina Legal, os
quais são oficiais e públicos e pertencem, em sua grande maioria, aos órgãos de
segurança pública.

Com o aprimoramento da medicina legal, novas análises foram desenvolvidas. Assim


nasceu a criminalística: a partir de novos conhecimentos e desenvolvimento de áreas técnicas,
como a física, a química, a biologia, a matemática, a toxicologia. A criminalística surgiu como
uma ciência multidisciplinar e independente.
● O termo “criminalística” foi cunhado por Hans Gross, jurista e criminalista
austríaco, que escreveu sua primeira obra intitulada ​Manual for the Examining
Justice​, em 1893.
● No Brasil, em 1947, no I Congresso Nacional da Polícia Técnica, em São Paulo, a
terminologia ​criminalística​ passou a ser utilizado pelos especialistas da área.
● 1987 no Brasil: lançamento da primeira obra pelo perito criminal do estado de São
Paulo, Benedito Paulo da Cunha, intitulada Doutrina da Criminalística Brasileira.
● A criminalística é uma área ainda muito jovem no Brasil.
● As ciências forenses, portanto, englobam tanto a medicina legal como a
criminalística.
É importante salientar que a ciência pode ser dividida em duas vertentes: a ciência
pura (ou pesquisa científica) e a ciência aplicada.
● Ciência pura busca compreender o mundo físico por si só;
● Ciência aplicada visa utilizar aquilo descoberto na ciência pura a fim de obter um
resultado final.
● A análise forense de evidências físicas é um tipo de ciência aplicada.
Aula 3:
Nomes de importância no contexto forense​:

i) Mathieu Orfila (1787 – 1853): ​espanhol considerado o pai da toxicologia forense. Em


1814 ele publicou o primeiro tratado científico sobre a detecção de venenos e seus efeitos nos
animais.

ii) Alphonse Bertillon (1853 – 1914): Bertillon, um criminologista francês, desenvolveu o


primeiro sistema de identificação pessoal, o sistema antropométrico, que vigorou por mais de
duas décadas. No início dos anos 90 a antropometria foi substituída pela papiloscopia.

iii) Francis Galton (1822 – 1911): o primeiro a estudar as marcas digitais e desenvolver
uma metodologia de classificação das digitais. O seu trabalho descreve os princípios básicos
que constituem o atual sistema de identificação por impressões digitais.

iv) Leone Lattes (1887 – 1954): professor do Instituto de Medicina Forense da


Universidade de Turim, na Itália, Lattes desenvolveu, em 1915, um procedimento
relativamente simples para determinar o grupo sanguíneo de uma mancha de sangue seca.
Essa técnica passou a ser amplamente aplicada em investigações criminais.

v) Calvin Hooker Goodard (1891 – 1955): ​cientista forense e coronel do exército


norte-americano que desenvolveu aa balística forense.

vi) Albert S. Osborn (1858 – 1946): Osborn foi um americano que desenvolveu os
princípios fundamentais do exame documentoscópico.

vii) ​Walter Cox McCrone (1916-2002): McCrone foi um químico americano considerado o
pai da microscopia. Desenvolveu técnicas de microscopia associadas a outras metodologias
analíticas, com o intuito de examinar vestígios criminais e cíveis.

viii) Edmond Locard (1877 – 1966): foi o fundador e diretor do Instituto de Criminalística
da Universidade de Lyon, local que rapidamente transformou-se em um centro de referência
internacional para estudo e pesquisa em ciência forense. Locard acreditava que quando um
indivíduo entra em contato com um local, ocorre a transferência cruzada de materiais.
Aula 4:

Princípios das Ciências Forenses

● Princípio da Matéria Divisível


O princípio da matéria divisível diz que a ​matéria se divide em componentes menores
quando uma força suficiente é aplicada. ​Os componentes resultantes da divisão adquirem
características criadas pelo próprio processo de divisão e mantêm as propriedades
físico-químicas do componente maior original.

● Princípio da Transferência de Locard (Princípio da Observação)


O princípio da transferência é, sem a menor dúvida, o mais conhecido popularmente. Ele
diz que “todo o contato deixa uma marca”. Ou seja, esse princípio demonstra que sempre
haverá algum indicativo de quem cometera o delito. Descobrir o autor seria, portanto, função
da investigação criminal.

● Princípio da Identificação
Busca definir a natureza físico-química do vestígio (ou da evidência). Em muitos casos,
identificação é um fim em si mesmo. Por exemplo, para alguns tipos de drogas ilícitas, a
identificação é o último processo realizado.

● Princípio da Classificação e da Individualização


A classificação depende da capacidade de alocar materiais em categorias. Pressupõe-se
que as características de cada categoria sejam conhecidas por parte de quem está realizando a
análise. A individualização visa estabelecer o objeto em si mesmo.

● Princípio da Associação

O princípio da associação aponta que ​é possível realizar uma inferência acerca do contato
entre a fonte do vestígio e o local (alvo ou suporte) onde o vestígio foi encontrado. Poderia
também ser chamado de Princípio do Contato.

● Princípio da Reconstrução
A reconstrução é dada no espaço e no tempo. A partir desse princípio, tenta-se
responder às questões de "onde?”, “como?” e “quando?". Deve-se ressaltar que o "quando?"
geralmente se refere a um tempo relativo, posto que a dificuldade de afirmar um evento
pretérito ​a posteriori ​é bastante elevada.

● Princípio da Análise
Dado princípio diz que ​a análise pericial deve sempre seguir o método científico.​ Ou seja, a
análise pericial deve sempre partir de uma análise do método de hipóteses, onde uma será
aceita e a outra será refutada.

● Princípio da Descrição

O princípio da descrição aponta que ​o resultado de um exame pericial é constante com


relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem ética e juridicamente perfeita​.

● Princípio da Documentação
Tal princípio diz que ​toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento no local
de crime, até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo e
fiel de sua origem​.
Aula 5:

Princípios do Processo Penal importantes à Prova Pericial

● Princípio do Contraditório

O princípio do contraditório pode ser entendido como um método de confrontação da


prova e comprovação da verdade processual, fundado na estrutura dialética do processo.
O ato de contradizer a versão afirmada na acusação é um ato imprescindível em um
contexto acusatório. O juiz deve dar a oportunidade de ambas as partes se manifestarem,
sob pena de parcialidade, uma vez que conheceria apenas metade do que deveria ter
conhecido. Para isso, devem ser criadas condições ideais de fala e oitiva das partes. Em
uma visão bem contemporânea, o contraditório engloba o direito das partes de debaterem
em frente ao juiz.

O contraditório deve ser observado nos quatro momentos da prova:

a) Postulação (denúncia ou resposta escrita): postular a prova em igualdade de


oportunidade e condições
b) Admissão (juiz): na capacidade de impugnar a decisão de provas admitidas
c) Produção (instrução): contraditório manifesta-se na possibilidade de as partes
participarem e assistirem a produção da prova
d) Valoração (na sentença): contraditório manifesta-se através do controle da
racionalidade da decisão (externada pela fundamentação) que conduz à
possibilidade de impugnação pela via recursal.

O princípio do contraditório está intimamente relacionado à prova e, portanto, ao


laudo emitido pelos peritos criminais. Tanto no que tange à admissão, à produção e à
valoração da prova.

● Princípio do Direito de Defesa

O princípio do direito de defesa também deve estar assegurado nos quatro atos do
processo (postulação, admissão, produção e valoração). O direito de defesa deve ser tanto
técnico, como pessoal. A defesa técnica obriga a presença do defensor em todos os atos do
processo, inclusive no que tange à matéria probatória.

A defesa técnica garante que o imputado detenha um defensor qualificado para tal e
assegura a garantia do sujeito e do interesse coletivo da correta apuração do fato. Trata-se de
uma verdadeira condição de paridade de armas, imprescindível para o contraditório.

Por outro lado, a defesa pessoal ou autodefesa é a possibilidade de o sujeito passivo


resistir à pretensão acusatória. Existe a autodefesa positiva, que consiste no agir, no declarar,
em participar de acareações, reconhecimentos, etc. Há, também, a autodefesa negativa, que
consiste em um não fazer, como, por exemplo, não produzir provas contra si mesmo.

Para tentar assegurar ambos os princípios, doutrinadores brasileiros, como Antônio


Magalhães Scarance Fernandes e Aury Lopes Jr., entendem que existem alguns direitos em
relação a prova pericial:

● Requerer a sua produção


● Apresentar quesitos com antecedência mínima de 10 dias da realização da perícia
● Se possível, pela natureza do ato, acompanhar a colheita de elementos pelos peritos
● Manifestar-se sobre a prova, podendo requerer nova perícia, sua complementação ou
esclarecimento dos peritos;
● Indicar assistente técnico que elaborará parecer sobre a pericia realizada
● Obter uma manifestação do juiz sobre a prova pericial realizada

Sabe-se que dificilmente todos esses requisitos são assegurados durante um processo,
entretanto, seria de extrema importância que tais cuidados fossem tomados. A negação
injustificada de algum desses direitos configuraria cerceamento de defesa, e, portanto,
nulidade do processo.
Aula 6:

A perícia frente à legislação brasileira

A perícia criminal integra a estrutura jurídico-normativa brasileira, estando prevista no


Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.689/1941).

Primeiramente trataremos dos peritos. O perito criminal é um agente do estado, ou


seja, ele ingressa na carreira via concurso público. Ele está sujeito à disciplina judiciária e é
considerado um auxiliar da justiça, sendo necessário que mantenha a imparcialidade, sob pena
de suspeição pelos mesmos critérios de suspeição dos juízes.

Art. 112, CPP.​ O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça
e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção,
a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo
estabelecido para a exceção de suspeição.

Art. 254, CPP.​ O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer
das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

CAPÍTULO II
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL
Do Art. 158 até 184 (Exame Pericial)

Art. 158, CPP​. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar
de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 159, CPP​. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
Art. 564, CPP​. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto
no ​Art. 167​;
Art. 167, CPP​. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 169, CPP​. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos.
Parágrafo único.​ Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art. 170, CPP.​ Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Aula 7:

Diferenciação de vestígio, evidência e indício

No âmbito das ciências forenses, há alguns termos que merecem atenção e


esclarecimento. Vestígios, indícios e evidências são alguns desses.

O vestígio é todo objeto ou evidência física, instrumento, mancha, marca, rastro ou


sinal que tenha sido produzido por ocasião do cometimento ou que tenha relação com o fato
supostamente delituoso. Após os ensaios laboratoriais, os peritos saberão da importância
daquele vestígio. Ao final dos exames, apenas os vestígios que realmente possuem relação
com o fato delituoso serão aproveitados pelos peritos. Se o vestígio tiver relação com o fato
ocorrido, ele torna-se uma evidência. A evidência “é o vestígio que, após as devidas análises,
revela, técnica e cientificamente, a sua relação com o fato”. Ambas terminologias são
aglutinadas e recebem o nome de indícios pelo Código de Processo Penal. O Art. 239, do CPP
diz que “considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o
fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.
Aula 8:

Breve resumo das diversas áreas da Criminalística

● Perícia em local de crime: para a criminalística, o local de crime, ou local, é toda área
física ou virtual na qual tenha ocorrido um fato que possa assumir a configuração de
infração penal, estendendo-se ainda a qualquer local que possua vestígios
relacionados à ação criminosa.
● Medicina legal: é a área das ciências forenses que tem a função de investigar as
formas de danos ou alterações que atingem os seres humanos. Depende do
conhecimento da medicina e é realizada por médicos.
● Antropologia forense: a antropologia forense analisa restos humanos parcial ou
totalmente esqueletizados. O objetivo principal é oferecer um perfil bioantropológico
individual (sexo, ancestralidade, faixa etária, faixa de estatura etc). É uma das áreas da
identificação humana.
● Odontologia legal: como o próprio nome diz, utiliza dos conhecimentos do campo da
odontologia para atender as demandas legais em auxílio à justiça e à administração.
Vem ganhando muita notoriedade nas ciências forenses, principalmente em casos de
desastre em massa. O exercício está regulado pela Lei Federal 5081/66.
● Psicologia e Psiquiatria forense: ​associado à análise das características psicológicas do
suposto infrator. Por exemplo, se o criminoso tinha discernimento ou autocontrole
quando da ação, se possuía algum transtorno mental – associado à culpabilidade e à
dosimetria da pena. Muito difícil e subjetiva a análise.
● Papiloscopia: ​o estudo das impressões digitais como identificador. É quase tão antigo
quanto a sociedade humana.
● Balística forense: ​é o segmento da criminalística dedicado à apreciação
técnico-científica de vestígios e de indícios relacionados direta ou indiretamente à
utilização de armas de fogo e de suas munições.
● Química forense: é a área da criminalística que se encarrega de analisar, classificar e
identificar os elementos e/ou substâncias encontradas em locais de ocorrência de um
delito ou que podem estar relacionadas a este.
● Biologia forense: ​conjunto de técnicas e conhecimentos das ciências da vida (biologia)
aplicados à análise de vestígios biológicos, a fim de analisar, identificar e caracterizar a
natureza desses vestígios. As principais áreas são a hematologia forense (vestígios
relacionados ao sangue), citologia forense (relaciona-se à identificação a nível celular),
tricologia forense (avalia pelos e fibras), entomologia forense (uso do conhecimento
acerca da biologia dos insetos para auxiliar a resolução criminal), botânica forense
(estudo das estruturas, fisiologia e história natural da diversidade das espécies de
plantas – ecologia e palinologia) e genética forense (utiliza conhecimentos de genética
e técnicas de biologia molecular para auxiliar na análise criminal).
● Perícia ambiental: ​abarca uma grande quantidade de técnicas de análises para apurar
e auxiliar na análise de possíveis crimes praticados contra o meio ambiente.
Usualmente é formado por uma equipe multidisciplinar: agrônomo, biólogo, geólogo,
etc.
● Engenharia legal: ​utiliza do conhecimento de engenharia para auxiliar na análise de
supostas condutas. Há análises de estruturas de engenharia, como prédios,
construções, bem como de automóveis, transferência de energia (em casos de furto de
energia, por exemplo), etc.
● Acidentes de Trânsito: ​é outra perícia complexa e que requer um conhecimento muito
interdisciplinar. É preciso ter um conhecimento extremamente técnico de todas as
variáveis possíveis.
● Informática forense​: como o próprio nome diz, é a perícia realizada em dados
armazenados em dispositivos eletrônicos (tablets, computadores, smartphones).
Muito importante devido ao grande crescimento do uso do ambiente virtual e dos
crimes que vem ocorrendo nesse novo ambiente. Diversas extorsões, fraudes, roubos,
explorações etc., ocorrem na rede mundial de computadores e, por isso, a perícia de
informática se faz tão essencial.
● Perícias em Áudio e Imagens
● Documentoscopia/Grafoscopia
● Contabilidade Forense: ​analisa balanço financeiro, entrada e saída de caixa. Também
muito importante no atual contexto social. Pode estar associada à perícia de
informática, posto que grande parte dos dados hoje em dia são armazenados no meio
digital.
Aula 9:

Objetivos da perícia

Alguns doutrinadores da área das ciências forenses indicam que existem três objetivos
principais:

1. Verificar o que aconteceu (a existência do crime)


2. Identificar quem o cometeu (individualização do autor do crime)
3. O ​modus operandi​, ou seja, como deu-se a dinâmica criminal.

Entretanto, é importantíssimo entender que, na realidade, alguns destes pontos são


sensíveis. A perícia criminal não deve/nem pode possuir como objetivo principal confirmar a
existência do crime, individualizar o autor do crime e/ou como a dinâmica criminal se deu. A
perícia criminal deve ter claro que o seu papel no contexto jurídico-penal é auxiliar no
convencimento do magistrado a partir da produção de uma prova técnica, científica.
Imaginemos, por exemplo, uma análise de DNA de um vestígio de calcinha em um suposto
crime de estupro. A análise a ser realizada é o exame comparativo de DNA, ou seja, procurar
identificar se a amostra coletada do imputado e aquela presente no vestígio possuem
similitudes. O máximo que um exame pericial pode dizer a probabilidade de aquela amostra
encontrada no vestígio ser do imputado dada as condições específicas. Ou seja, um laudo
pericial nunca poderá afirmar que aquele imputado é o agressor (ou o criminoso).

Portanto, o objetivo da perícia é basicamente levar informações técnicas e científicas à


corte para que, em um conteúdo probatório mais robusto, o juiz possa formar o seu
convencimento acerca do caso. A prova pericial não pode ser a única prova em um processo
criminal, nem mesmo ser considerada a rainha das provas sem qualquer análise crítica de
como esta foi produzida, por exemplo. Para isso, precisamos tratar de um assunto bastante
delicado neste contexto que é a cadeia de custódia da prova pericial.

Cadeia de Custódia

A Cadeia de Custódia é possui sua importância na manutenção e documentação da


história cronológica de um vestígio. Procura manter o princípio das mesmidade. A
possibilidade de reconstrução de um caminho percorrido por um elemento probatório é de
extrema importância para a aplicação do contraditório judicial.

Nas palavras de Knijnik, “o exame da cadeia de custódia é extremamente importante,


haja vista que, não raramente, um objeto de prova poderá e deverá circular entre várias
instâncias examinatórias, trafegando por diferentes órgãos, inclusive de polícia judiciária ou
inspeção sanitária, até aportar no processo através de relatórios descritivos e interpretativos”.

Para Geraldo Prado, no âmbito do processo penal constitucional “deve-se interrogar


sobre os caminhos percorridos para o acesso aos meios e fontes de prova”.

Como salientado por Lopes Jr. e Alexandre Morais da Rosa, “a preservação das fontes
de prova é, portanto, fundamental, principalmente quando se trata de provas cuja produção
ocorre fora do processo, como é o caso da coleta de DNA, interceptação telefônica, etc.
Trata-se de verdadeira condição de validade da prova”. Ou seja, a preservação desses
elementos probatórios possui a sua origem no seio do inciso LVI do Art. 5​o da Constituição
Federal.
Aula 10:

Casos Famosos: O Fantasma de Heilbronn

https://www.estadao.com.br/noticias/geral,serial-killer-procurada-por-15-anos-na-ale
manha-pode-nunca-ter-existido,345511

https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2008/nov/09/germany-serial-killer

http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7341360.stm

https://www.iso.org/news/2016/07/Ref2094.html
Aula 11:

​Casos Famosos: Amanda Knox

http://www.amandaknoxcase.com

https://www.netflix.com/br/title/80081155

Você também pode gostar