Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Curitiba
2012
2
Curitiba
2012
3
(Guimarães Rosa).
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Zenaide Vargas Coelho e José Eustáquio Coelho por todo
amor.
A toda a minha família, sobretudo a Tia Bilia e Tia Celeida pelo eterno
incentivo.
Aos meus amigos, Frederico Natalino, Luiz Bandeira de Mello, Só Adão, Mayke
Moreira, Fernandão Augusto, Lilian Rocha, Tatiana Duarte, Samantha Mitter,
Bastião Nolasco, (trio Tocantins: Deco, Dudu e Eliasar Teixeira), João Carlos
Bandeira dos Santos, Gabriel, e sobretudo ao Julio Lopes por toda a força e
pela Viola (ainda pago você).
Aos meus amigos Rodrigo Leite Souza Enoque, Eric Moreira e Eliasar Junior
por sempre estarem ao meu lado nos momentos mais difíceis.
In memorian de A Tia Nívea Vargas, Tia Nísia Vargas, ao meu Tio João Inácio
da Silva, Manezinh’, Aninha e Luiza Helena Corteletti Caetano, pois “As
pessoas não morrem, ficam encantadas”
6
EPÍGRAFE
RESUMO
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÂO...............................................................................................12
CAPÍTULO I...................................................................................................14
CAPÍTULO II...................................................................................................23
CAPÍTULO III..................................................................................................32
CAPÍTULO IV..................................................................................................40
CONCLUSÃO..................................................................................................46
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA....................................................................47
12
INTRODUÇÃO
1
Técnica estendida.
2
Técnica percussiva.
3
Estas duas obras quando são executas juntas recebem o nome de Danças Percussivas I e II.
Há uma edição do próprio compositor que possui uma detalhada bula que explica
detalhadamente como o intérprete deve executar os efeitos percussivos.
4
A Knife All Blade: Deciding the Side Not to Take. Current Musicology, New York, n°. 67- 68,
p.167-193, Fall-winter 1999.
13
5
O Estudo Percussivo nº 4 é para Viola de orquestra tocada por um violonista, o nº 5, também
para Viola executada por um violonista mais sons eletrônicos, já o nº 7 é para Cello executado
por um violonista.
6
Os efeitos das notas abafadas, a parte do lápis e o wah-wah produzido pela colher são
elucidados na bula anexa a partitura.
7
Coventry, 1943.
14
CAPÍTULO I
8
Brian Ferneyhough (Coventry – 1943). Uma investigação acerca de sua obra, seus
pressupostos teóricos e seus procedimentos composicionais, deverá apontar em que sentido
este autor é atualmente reconhecido como o principal promotor de uma “nova complexidade”.
(KOZU, 2003, P. 6).
“A designação ‘New Complexity’, formulada por Richard Toop em meados da década de 80
para se referir aos compositores da chamada “Escola Britânica” (Brian Ferneyhough, James
Dillon, Chris Dench, Michael Finnissy e Richard Barrett), pode ser considerada apenas como
15
Estrutura secundária
Estrutura terciária
Estrutura terciária
Estrutura terciária
Estrutura quaternária
9
Arthur Kampela é diretamente influenciado pela estética de Ferneyhough, além de ter sido
seu aluno de composição.
10
Ver BOROS, J.; TOOP, R. The Collected Writings of Brian Ferneyhough. Amsterdam:
Harwood Academic Publishers, 1995.
19
Quiáltera primária
Quiáltera terciária
CAPÍTULO II
11
BORTZ, G. Rhythm in the Music of Brian Ferneyhough, Michael Finnissy, and Arthur
Kampela: A Guide for Performers. 115 p. Tese (Doutorado em Música) - Graduate School and
University Center of CUNY, New York, 2003.
12
KAMPELA, A. Micro-Metric Modulation: New Directions in the Theory of Complex Rhythms.
106 p. Tese (Doutorado em Música) – Graduate School of Artes and Sciences, Columbia
University, New York, 1998.
24
= 70 MM
= 87, 5 MM ou 88 MM
13
Se o intérprete possuir um metrônomo fracionado, fica a critério o valor de 87, 5 MM ou 88
MM.
25
Parte A
70 MM x 8 ÷ 5 = 112 MM
Parte B:
70 MM x 7 ÷ 6 = 81, 66666666666667 MM
14
Ver: BORTZ, G. Modulação micrométrica na música de Arthur Kampela. Per Musi, Belo
Horizonte, nº13, p.85-99, Jan/Jun. 2006.
27
a b
= 112 MM = 81,66666666666667 MM
a b
= 56 MM = 93,333...... MM
Parte a:
70 MM x 4 ÷ 5 = 56 MM
Parte b:
70 MM x 4 ÷ 3 = 93, 333............. MM
15
Para uma melhor compreensão dos cálculos ver, BORTZ, tese de doutorado capítulo 4.
28
70 MM x 5 ÷ 4 = 87, 5 MM
87.5 MM x 6 ÷ 4 = 131, 25 MM
Este procedimento pode ser aplicado em toda a obra. Vamos nos dirigir
ao c.9, Ex. 26 a seguir. Nele há um compasso 5/4, a setas indicam aonde se
encontram os tempos, cinco ao todo. No primeiro tempo há uma quiáltera
primária (7:4), no segundo há uma semínima não quiálterada, no terceiro
tempo, em sua primeira parte há uma colcheia não quiálterada, já na segunda
parte há uma quiáltera primária (3). No quarto tempo há uma quiáltera primária
(5:4) e dentro desta há duas quiálteras secundárias (5) e (3). Por fim, encontra-
16
The main characteristic of a ratio is to promote a kind of speed enhancement. A sudden shift
in perspective from the neutral or metronomic level of rhythmic reference.(tradução minha)
29
se quinto e último tempo, o qual será o foco. Nele há uma quiáltera primária
(5:4) e duas secundárias (3) e (5:3). Atente-se para esta última estrutura
secundária (5:3), círculo em vermelho.
70 MM x 9 ÷ 7 = 90 MM
90 MM x 5 ÷ 4 = 112, 5 MM
112, 5 MM x 3 ÷ 2 = 168, 75 MM
17
Vale ressaltar que é aconselhável arredondar o valor somente quando for o valor final. Neste
caso, 112, 5 MM, é o resultado da quiáltera primária, que será utilizado para encontrarmos o
valor da terciária, por isso mantêm valor fracionado.
31
70 MM x 8 ÷5 = 112 MM
112 MM x 7 ÷ 4 = 196 MM
196 MM x 5 ÷ 2 = 245 MM
Para a última quiáltera (3), basta o intérprete refletir que ela deve ser
executada na velocidade de 245 MM.
CAPÍTULO III
18
In addition to conventional quaver – or semiquaver-based metres (5/8, 11/16 e etc.),
“irrational” time-signatures such 2/10, 1/12 or 3/24 are used on pages 25-28. These metres are
derived by the same principle as conventional ones, that is, as divisions on the semibreve: thus
2/10 signifies a bar composed of two beats, each of which is equal to one tenth of a semibreve.
The “irrational” metres stand therefore in either quintuplet or triplet relationship to the
conventional metre and are proportionately faster. While the overall tempo of the work may to
some extent be regarded as a matter of choice, relationships between the tempi within must be
strictly observed, and metre changes interpreted precisely. Metronome markings always apply
to normal quaver values.
34
2/10
Ex. 31 - Dois décimos da quiáltera (10:8)
Observe que há uma quiáltera (10:8) com seus 2/10 circulados, as duas
primeiras colcheias da estrutura.
19
Em outras obras do mesmo período, Kampela também utiliza os compassos não integrais,
como em Phalanges para Harpa solo. No Percussion Study IV (EXOSKELETON) de 2003, ele
utiliza os “compassos não-integrais”, não obstante com uma notação diferente. No c.2 da obra
encontram-se o compasso 3/5, com esta notação.
20
I prefer the use of the word "non-integral" instead of "irrational" to define the types of metric
materials that are expressed through fractional numbers and cannot be expressed as an
integer-ratios such as (5:4), expressed fractionally as 4/5, (30:16) = 16/30, (7:5) = 5:7, etc.
Below, a short definition of non-integral numbers.
1.1 We call z an integer if it is one of (....-2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ......). Note: Integers are either
natural numbers, negatives or natural numbers, or 0.
1.2 We call x a rational number if it can be expressed as x = p/q where p and q are integers.
Examples of irrational numbers are 1/2, 3 (= 3/1), -5, 1/3, 11111111111111.... (= 1/9), etc.
1.3 We call y irrational if it cannot be expressed as a quotient of two integers. Examples: pi = 3.
14159265.....; e = 2. 71828.....; the square root of 2 = 1. 414213562.....; etc.
1.4 Rational numbers come in two varieties: a) Integral (e.g., 3 or 6), or b) Non-integral (e.g.,
5/6 or 7/9).
1.5 Therefore, a non-integral rational number is a rational number x that cannot be expressed
as an integer. We also call such numbers fractional. (tradução minha)
36
2/5 x =
Compasso não-integral
21
Ver BORTZ, 2003, p.65
38
70 MM x 5 ÷ 4 = 87,5 MM.
70 MM x 11 ÷ 8 = 96, 25 MM.
22
Ver BORTZ tese de doutorado, página 65: Capítulo 4 – Estratégia 3: encontrando a nova
velocidade metronômica nos compassos irracionais. Chapter 4 – Strategy 3: Finding New
Metronome Markings in Irrational Meters.
39
Compasso não-integral
= 96,25 MM
70 MM x 7 ÷ 4= 122, 5 MM
CAPÍTULO IV
O escultor diz que não pode fazer uma estátua sem fazer, ao mesmo
tempo, um número infinito de desenhos, devido ao número infinito de
perfis, que são dimensões contínuas. Respondemos que este número
infinito pode ser reduzido a duas meias figuras, uma da vista posterior
e outra da anterior. Se estas duas metades estiverem bem
proporcionadas, ambas constituirão a figura em pleno relevo, e se
todas as suas partes tiverem o relevo adequado, elas
corresponderão, por si mesmas e sem qualquer trabalho posterior, ao
número infinito de perfis que o escultor afirma precisar desenhar.
23
Depoimento pessoal de Arthur Kampela.
24
Ver VARGAS, 2012, p.177.
42
60 MM x 7 ÷ 6 = 70 MM
O foco deste modelo será a quiáltera (3:2). Atente-se que dentro dela há
três tempos, cada um com uma figura rítmica dispare. No primeiro há duas
colcheias, no segundo uma quiáltera secundária (5:4) e no terceiro uma
quiáltera secundária (6:4). Observe o Ex. 46 adiante:
Observe que foi extraída uma parte do Ex. 45, a quiáltera primária (7:4)
e a parte “não-integral” 9/11. O próximo passo é “cancelar” a quiáltera primária
25
Vale ressaltar que o andamento referencial do Percussion Study IV (EXOSKELETON) é 60
MM para a semínima, razão pela qual é utilizado na operação.
43
70 MM x 6 ÷ 4= 105 MM.
semicolcheias
O intérprete pode estender este raciocínio para toda a obra, como para
os outros Percussion Study da série. Vimos que a peça em questão possui
uma escrita complexa; no entanto, o ritmo pode ser maleável, plástico,
modelado e esculpido. De acordo com SCHICK (1994, p.133), é preciso aceitar
que a imprecisão rítmica faz parte do processo de aprendizagem e da
performance. O que nos guia durante uma audição, ou uma performance, é a
nossa intuição e ouvidos, ou seja, nosso lado humano-musical. A nossa
intuição que deve conduzir a travessia durante o processo de aprendizagem,
mesmo em obras que possuam ritmos complexos. “De acordo com Henry
46
CONCLUSÃO
26
“According to Henry Cowell, any three-level nested tuplet could be accurately produced if a
performer would simply devote fifteen minutes a day, for five months to such matters” .
http://www.opusklassiek.nl/componisten/ferneyhough_feller.pdf, acessado em 15/07/2012.
47
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
__________. A Knife All Blade: Deciding the Side Not to Take. Current
Musicology, New York, n°. 67- 68, p.167-193, Fall-winter 1999 .
__________. Estudo Percussivo II. Manuscrito do autor. 1993. 1 partitura (16
p.). Violão solo. Manuscrito do autor.
__________. Estudo Percussivo IV (Exoskeleton). Manuscrito do autor.
2003.1 partitura (4 p.). Viola de Orquestra.
LESTER, J. Notated and heard meter. Perspectives of New Music,
Washington, v. 24, n° 2, p.116-128, Spring-Summer, 1986.
MENEZES, F. Música Maximalista: ensaios sobre a música radical e
especulativa. São Paulo: Editora UNESP, 2006.
___________. Atualidade Estética da Música Eletroacústica. São Paulo:
Editora Unesp, 1999.
ROSA, J. G. No Urubuquaquá no Pinhém. Rio de Janeiro: Nova fronteira,
2001.
SCHICK, S. Developing an interpretative context: learning Brian Ferneyhough’s
Bone Alphabet. Perspectives of New Music, Washington, v.32, n° 1, p.132-
153, Winter, 1994.
VARGAS. D. A complexidade rítmica no Estudo Percussivo II de Arthur
Kampela. Per Musi, Belo Horizonte, nº 26, p.170-180, Julho/Dezembro. 2012.
WEBERN, A. O caminho para a música nova. São Paulo: Novas Metas,
1984.
WITTKOWER, R. Escultura. São Paulo: Martins Fontes, 1989.