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& Construções

PAVIMENTOS DE CONCRETO Instituto Brasileiro do Concreto

RECOMENDAÇÕES DE PROJETO Ano XLIII

E EXECUÇÃO, NOVAS 81
JAN-MAR
2016
ALTERNATIVAS E PERSPECTIVAS ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br

DE APLICAÇÃO

PERSONALIDADE ENTREVISTADA MANTENEDOR PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

JOSÉ TADEU BALBO: BUSCA VENCEDORES DO PRÊMIO CAA EM REGIÕES


POR NOVOS PARADIGMAS SAINT GOBAIN DE ARQUITETURA COSTEIRAS QUENTES
Esta edição é um oferecimento das
seguintes Entidades e Empresas

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2 | CONCRETO & Construções
CONCRETO & Construções
Instituto Brasileiro do Concreto
Organização técnico-científica nacional de defesa
e valorização da engenharia civil

Fundada em 1972, seu objetivo é promover e divulgar conhecimento sobre a tecnologia do concreto e de
seus sistemas construtivos para a cadeia produtiva do concreto, por meio de publicações técnicas, eventos
técnico-científicos, cursos de atualização profissional, certificação de pessoal, reuniões técnicas e premiações.

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da revista CONCRETO & Construções pelo IBRACON, inclusive o Congresso Brasileiro
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técnicas do IBRACON e de até 20% nas  Oportunidade de participar de Comitês Técnicos,
publicações do American Concrete Institute intercambiando conhecimentos e fazendo valer
(ACI) suas opiniões técnicas

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CONCRETO & Construções | 3


u sumário

seções
& Construções & Construções

7 Editorial
8 Coluna Institucional REVISTA OFICIAL DO IBRACON
PAVIMENTOS DE CONCRETO Instituto Brasileiro do Concreto
PAVIMENTOS DE CONCRETO Instituto Brasileiro do Concreto

RECOMENDAÇÕES DE PROJETO Ano XLIII RECOMENDAÇÕES


Revista de caráter científico, tecnoló- DE PRESIDENTE
PROJETO DO COMITÊ Ano XLIII

81 81
9 Converse com IBRACON
E EXECUÇÃO, NOVAS JAN-MAR
gico e informativoEXECUÇÃO,
E NOVAS EDITORIAL
para o setor produ- JAN-MAR
2016 2016
ALTERNATIVAS E PERSPECTIVAS ISSN 1809-7197 ALTERNATIVAS E PERSPECTIVAS
tivo da construção civil, para o ensino à Guilherme Parsekian ISSN 1809-7197

11 Encontros e Notícias
www.ibracon.org.br www.ibracon.org.br

DE APLICAÇÃO DE APLICAÇÃO
e para a pesquisa em concreto. (alvenaria estrutural)

CRÉDITOS 16 Personalidade Entrevistada: ISSN 1809-7197 COMITÊ EDITORIAL – MEMBROS


CAPA Tiragem desta edição: à Arnaldo Forti Battagin
José Tadeu Balbo 5.000 exemplares (cimento e sustentabilidade)
Acabamento de pavimento
de concreto executado 68 Prêmio ANAPRE de Publicação trimestral distribuida
gratuitamente aos associados
à Bernardo Tutikian
(tecnologia)
com pavimentadora.
Planicidade e Nivelamento à Eduardo Millen
ABCP JORNALISTA RESPONSÁVEL (pré-moldado)
105 Mantenedor à Fábio Luís Pedroso - MTB 41.728 à Enio Pazini de Figueiredo
fabio@ibracon.org.br
PERSONALIDADE ENTREVISTADA

JOSÉ TADEU BALBO: BUSCA


POR NOVOS PARADIGMAS
MANTENEDOR

VENCEDORES DO PRÊMIO
SAINT GOBAIN DE ARQUITETURA
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

CAA EM REGIÕES
COSTEIRAS QUENTES
112 Acontece nas Regionais PERSONALIDADE ENTREVISTADA

JOSÉ TADEU BALBO: BUSCA


POR NOVOS PARADIGMAS
MANTENEDOR (durabilidade)
VENCEDORES DO PRÊMIO
SAINT GOBAIN DE ARQUITETURA
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

à Ercio Thomas
CAA EM REGIÕES
COSTEIRAS QUENTES

115 Agenda PUBLICIDADE E PROMOÇÃO


à Arlene Regnier de Lima Ferreira
(sistemas construtivos)
à Evandro Duarte
arlene@ibracon.org.br (protendido)
à Frederico Falconi
PROJETO GRÁFICO E DTP (projetista de fundações)
ESTRUTURAS EM DETALHES à Gill Pereira
gill@ellementto-arte.com
à Guilherme Parsekian
(alvenaria estrutural)

24
à Helena Carasek
Sistema Pavimento Industrial ASSINATURA E ATENDIMENTO
(argamassas)
office@ibracon.org.br à Hugo Rodrigues
(cimento e comunicação)
GRÁFICA

27
à Inês L. da Silva Battagin
Evolução e alternativas em pisos industriais Ipsis Gráfica e Editora
(normalização)
Preço: R$ 12,00
à Íria Lícia Oliva Doniak
(pré-fabricados)

33
As ideias emitidas pelos entre-
Os dez mandamentos do pavimento de concreto vistados ou em artigos assinados
à José Martins Laginha Neto
(projeto estrutural)
são de responsabilidade de seus
à José Tadeu Balbo
autores e não expressam, neces-
sariamente, a opinião do Instituto. (pavimentação)

41 Perspectivas no uso do concreto com fibras à Nelson Covas

© Copyright 2016 IBRACON (informática no projeto


em pavimentos estrutural)
à Paulo E. Fonseca de Campos

46
Todos os direitos de reprodução
Projeto de pavimento de concreto protendido reservados. Esta revista e suas (arquitetura)
à Paulo Helene
para terminal de contêineres partes não podem ser reproduzidas
nem copiadas, em nenhuma forma (concreto, reabilitação)
à Selmo Chapira Kuperman

55
de impressão mecânica, eletrônica,
Low noise concrete pavements ou qualquer outra, sem o consen- (barragens)
timento por escrito dos autores à Andréa Arantes Severi

e editores. (colaboradora da edição)

62 Pervious concrete pavements IBRACON


Rua Julieta Espírito Santo
Pinheiro, 68 – CEP 05542-120
Jardim Olímpia – São Paulo – SP

OBRAS EMBLEMÁTICAS Tel. (11) 3735-0202

69 Desempenho de longo prazo de pavimento


de concreto da Rodovia dos Imigrantes

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Instituto Brasileiro do Concreto

INSTITUTO BRASILEIRO DIRETORA DE MARKETING

79 Pavimento de concreto continuamente armado DO CONCRETO Iria Licia Oliva Doniak


Fundado em 1972
Declarado de Utilidade DIRETOR DE EVENTOS
Pública Estadual | Lei 2538

90
Bernardo Tutikian
Pista experimental da USP em pavimento de 11/11/1980
Declarado de Utilidade
de concreto com armadura contínua Pública Federal | Decreto
DIRETORA TÉCNICA
Inês Laranjeira

95
86871 de 25/01/1982
Concreto autoadensável em regiões costeiras da Silva Battagin

de clima quente DIRETOR PRESIDENTE


DIRETOR DE RELAÇÕES
Julio Timerman
INSTITUCIONAIS

NORMALIZAÇÃO TÉCNICA DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE


Túlio Nogueira Bittencourt
Paulo Helene

107
DIRETOR DE PUBLICAÇÕES
Avanço na normalização técnica brasileira DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE E DIVULGAÇÃO TÉCNICA
de concreto e construções Luiz Prado Vieira Junior Eduardo Barros Millen

DIRETOR 1º SECRETÁRIO DIRETORA DE PESQUISA


Antonio D. de Figueiredo
E DESENVOLVIMENTO
Leandro Mouta Trautwein
DIRETOR 2º SECRETÁRIO
Carlos José Massucato
DIRETOR DE CURSOS
DIRETOR 1º TESOUREIRO Enio José Pazini Figueiredo
Claudio Sbrighi Neto
DIRETORA DE CERTIFICAÇÃO
DIRETOR 2º TESOUREIRO DE MÃO DE OBRA
Nelson Covas Gilberto Antônio Giuzio

6 | CONCRETO & Construções


u editorial

Planos para gestão


do IBRACON
Caro leitor,

N
este primeiro editorial como presidente do u Manter, incentivar e
IBRACON, não poderia inicialmente deixar de agra- promover uma nova
decer ao Conselho Diretor pela confiança deposita- estratégia de Marke-
da. A responsabilidade é grande, mas, com o apoio ting para nossa insti-
da Diretoria e do Conselho Diretor do IBRACON, tuição, que reconhe-
tenho a certeza que iremos levar a frente o Instituto, não obstan- cidamente é a mais importante entidade técnica nacional
te os tempos difíceis que estamos vivendo. voltada à cadeia produtiva do Concreto;
Com relação à nova Diretoria, ressalto que já está em plena u Fortalecer e ampliar os Comitês Técnicos, inserindo-os nos
atividade, com reuniões mensais na sede da ABCP. Objetivan- eventos do IBRACON e de entidades parceiras, promo-
do-se atingir resultados mais eficazes, pretendemos implemen- vendo ainda workshops no sentido de apresentar os resul-
tar uma reestruturação no método de trabalho, com reuniões tados obtidos;
semanais setorizadas com Diretores, de acordo com o assunto u Estreitar e aumentar o relacionamento com entidades
que se pretenda discutir. Pretendemos, com isso, proporcionar parceiras;
maior flexibilidade na rotina dos Diretores, atingindo mais rapida- u Não obstante o Congresso Brasileiro do Concreto (CBC) já
mente os resultados esperados. ter reconhecimento da Comunidade Técnica, pretende-se
A boa receptividade da nova Diretoria demonstrou o quanto se colocar na sua grade sessões técnicas com temas práticos
quer fazer pelo desenvolvimento do Concreto no Brasil, dando e de interesse de Construtoras, atraindo novamente este im-
ênfase a todas as ações que beneficiem os sócios. portante participante da Cadeia Produtiva do Concreto;
Em relação ao plano de ações desta gestão, não obstante ser- u Fortalecer as atividades estudantis, com a criação da di-
mos sempre otimistas com o nosso maravilhoso país, os dias retoria de Atividades Estudantis e sedimentando os Con-
atuais recomendam cautela, pés no chão e sem “reinventar a cursos promovidos durante os eventos do IBRACON e de
roda”. Dizem que o mais difícil de ser executado são sempre outras entidades;
as ações mais simples!! Por isso, transcrevo a seguir a missão u Viabilizar, técnica e economicamente, o processo de Certifi-
do IBRACON que consta em nossos Estatutos, para tomar- cação, mediante sua reestruturação, iniciando, pela Diretoria
mos isto como o nosso plano de ações. de Cursos, o treinamento de potenciais candidatos ao pro-
“O IBRACON tem por missão criar, divulgar e defender o cesso de Certificação;
correto conhecimento sobre materiais, projeto, construção, u Manter, promover e incentivar o lançamento de livros,
uso e manutenção de obras de concreto, desenvolvendo publicações e periódicos, que tanto interesse atraem em
o seu mercado, articulando seus agentes e agindo em nossos associados.
benefício dos consumidores e da sociedade em harmonia Finalizando, não poderia deixar de destacar o 57º CBC recen-
com o meio ambiente” temente realizado em Bonito/MS. O retorno dos cerca de oito-
Para que fazer conjecturas e projetos irreais e inalcançáveis? centos presentes no evento, através da pesquisa respondida por
Vamos implementar ações simples, que atendam à filosofia eles, demonstra que o evento superou as expectativas, seja pelo
contida em nossa missão. tema principal escolhido, seja pelo alto nível técnico das palestras
Inúmeras ações já estão em curso por todas as Diretorias, sem proferidas, destacando-se, ainda, sua perfeita organização.
exceção, sempre com foco na missão do IBRACON, poden- Desejamos que o início desta nova gestão à frente do IBRACON
do-se destacar: coincida com o começo de um ciclo de crescimento para o setor,
u Fortalecimento das Regionais, incentivando-as a promo- com resultados mais positivos para as empresas, criando meios
ver eventos e workshops, dando o suporte técnico e ma- para que essas possam reinvestir em tecnologia e treinamento.
terial necessário;
u Reestruturação no relacionamento com as Regionais, moti- JÚLIO TIMERMAN
vando-as a atrair mais sócios locais; Presidente do IBRACON | Instituto Brasileiro do Concreto

CONCRETO & Construções | 7


u coluna institucional

2016 será um ano difícil?

A
ssim prenunciam os seu mercado, articulando seus
arautos do apoca- agentes e agindo em benefício
lipse. Economistas dos consumidores e da socie-
de grandes corpo- dade em harmonia com o meio
rações, diretores de ambiente, assim o IBRACON
empresas, agências de classifica- continuará sua rota, agora sob
ção de risco indicam um ano com a presidência do eng. Julio Ti-
sérias dificuldades econômicas merman e sua nova diretoria, da
para o Brasil em geral e também qual orgulhosamente, por seu
com sérias dificuldades políticas convite, passo a fazer parte.
para os políticos em particular. Como instituição e com o intuito
Estamos vivendo tempos nunca de não nos abatermos por previ-
antes acontecidos. Não podemos sões ruins, vamos continuar a ter
dizer que já vimos este filme, por- nas publicações um dos veículos
que presidentes e altos executivos principais de divulgação, educa-
de grandes construtoras e políti- ção, informação e boas notícias.
cos sendo presos é uma novida- Só assim e com cada um cum-
de. Juízes corajosos para fazer a prindo com sua função, conse-
justiça prevalecer, um ministério guiremos superar o ano com me-
público atuante e a polícia federal nos dificuldades, até voltarmos a
cumprindo seu dever com a determinação de agora, é ter crescimento e desenvolvimento para todos.
algo inusitado. Peço especial atenção aos leitores, para conferirem os
E isso não é para todos se animarem na suposição de participantes do Comitê Editorial desta revista, sob a pre-
que os ladrões, corruptos, desonestos, efetivamente pa- sidência do prof. Dr. Guilherme Parsekian, com a equipe
garão pelos seus crimes? E daí o medo, que antes não completada com mais profissionais, todos do mais alto
existia, de ir parar atrás das grades não irá impedir novos nível técnico. Com essa equipe, sem dúvida, teremos óti-
delitos? Pois era essa a razão dos crimes: ninguém ia mas edições pela frente!
para a cadeia a não ser o ladrão de maçã da feira. O planejamento geral do ano já está feito, com os temas
Sim, acredito que devemos mais nos animar com o que de capa definidos e com a disposição e comprometimen-
está acontecendo, vendo as coisas boas que estão por to já declarados de todos os integrantes do Comitê em
aí, do que ficarmos nos lamentando atrás das previsões trabalhar em prol dos objetivos do Instituto.
de mau agouro. Um agradecimento que não podemos deixar de fazer, ao
Devemos nos engajar na luta pela decência, honestidade, nosso incansável e competente editor Fábio Luís Pedro-
eficiência, competência. Só assim haverá progresso. so, pessoa sem a qual esta publicação não seria possível.
Com essa visão e com o propósito de cumprir os ob- Acreditemos no futuro, vamos pensar positivo e cumprir
jetivos pelos quais foi criado, quais sejam, atuar na nossas obrigações. O IBRACON continua ao lado de
defesa e valorização da engenharia civil, com objetivo nossa engenharia.
de divulgar a tecnologia do concreto e seus sistemas Feliz 2016 a todos.
construtivos, criar, divulgar e defender o correto co-
nhecimento sobre materiais, projeto, construção, uso ENG. EDUARDO BARROS MILLEN
e manutenção de obras de concreto, desenvolvendo D iretor de publicações técnicas do IBRACON

8 | CONCRETO & Construções


u converse com o ibracon

ENVIE SUA PERGUNTA PARA O E-MAIL: fabio@ibracon.org.br

PERGUNTAS TÉCNICAS u me parece que as normas reco- u necessita-se de um concreto


mendam que 80% dos esforços fluido, auto adensável, coeso,

Qual a especificação e o controle apro- verticais sejam resistidos pelo uniforme que se altere o mínimo

priados para o concreto aplicado a fun- atrito lateral e apenas 20% pelo possível durante o lançamento;

dações, considerando lançamento de fuste comprimido. Muito difícil u para conseguir isso, simplisti-

grande altura em meio fluido (polímero que o fuste suporte tensões atu- camente falando, é preciso de

ou bentonita), ou ainda a concretagem antes superiores a 6MPa. Fiz um uns 450kg de finos por m3, ou

contra o solo, mais especificamente no estudo de uma estaca tipo hélice seja material de Dmax inferior a

caso de estacas escavadas de grande de 22m de profundidade e as ten- 0,150mm que pode ser cimento

diâmetro, com fluido estabilizante, ou sões no concreto, máximas, não (mas seria contra a sustentabi-

estacas hélice-contínua monitoradas? chegaram nem a 3MPa; lidade do planeta) ou areia fina,

CLOVIS SALIONI JUNIOR u nas paredes diafragma o limitador argila, silte, pó calcário, escória

D iretor Presidente da ABEF em geral é o tamanho dos equipa- moída, fly ash, metacaulim, silica
mentos que fazem que as espes- ativa, cal hidratada, certos aditi-

Segundo a norma atual de fundações suras mínimas sejam da ordem de vos espessadores, etc.;

ABNT NBR 6122, o concreto deve ter 30cm (Clam Shell) e 60cm (Hidro- u claro que se for realizado um estu-

consumo mínimo de 400kg por m3 e fresa) até1,40m, creio eu. A resis- do adequado de dosagem é possí-

f ck ≥ 20MPa. Como essa especifica- tência à compressão do concreto vel melhorar ainda mais o concreto

ção contém em si uma incoerência em peças fletidas (paredes dia- usando conceitos de granulometria

técnica grave é preciso atualizar. fragma), em geral, tem pequena contínua, densificação da massa, e

Por um lado essa especificação é importância frente à disposição e outros que reduziriam ainnda mais

muito antiga, da época que não se taxa de armadura; a carência de finos.

falava de sustentabilidade do plane- u em sapatas e tubulões as tensões Portanto porque usar cimento se é

ta, se empregava agregados naturais no concreto ficam limitadas pelas possível usar outros materiais que

(areia grossa lavada de rio e seixo ro- tensões resistentes do solo, ou não poluem a atmosfera ou já a po-

lado) e não existia aditivos e adições. seja, algo sempre inferior a 2MPa, luíram anteriormente durante a fabri-

Por outro lado é muito ruim espe- em geral. Óbvio que no topo, no cação (resíduos industriais) e hoje

cificar o que não se pode medir, e encontro sapata-pilar ou encontro seriam considerados entulhos polui-

até hoje não existe no Brasil nem no sapata-bloco de fundação, onde dores também?

mundo, um método para medir con- pode haver momentos e até tra- Concluindo a idéia é usar da ordem

sumo de cimento no recebimento do ção, pode ser necessário tensões de 200kg de cimento e o restante ou-

concreto fresco. mais elevadas no concreto(?); tros materiais finos.

Portanto o ideal é especificar pro- Resumindo pode-se dizer, que nos Hoje, com o advento da norma de

priedades mensuráveis e deixar por casos gerais, fck= 20MPa é mais que concreto autoadensável ABNT NBR

conta do produtor do concreto quais suficiente para a maioria dos casos 15823, há total possibilidade de es-

os materiais e em que quantidade de fundações (estacas) moldadas pecificar as propriedades mensuráveis

serão utilizados. com concreto no local. de um concreto fresco destinado a es-

Considerações sobre tensões de Considerações sobre procedimento tacas e paredes diafragma (concreta-

compressão no concreto de estacas: executivo: gem submersa em presença de lama).

CONCRETO & Construções | 9


A proposta seria: necessária uma cura mínima da ar- de concreto – Métodos de ensaio) es-
u f ck ≥ 20MPa (ABNT NBR 5738, gamassa. Não tomar esse cuidado teja em Consulta Nacional pela ABNT.
NBR 5739 e NBR 12655); pode levar a deslocamento e desa- O grauteamento imediato pode ser
u concreto autoadensável, com linhamento dos blocos, impedindo uma causa de resultado não espera-
classificação SF2 na ABNT NBR que o prisma tenha a precisão ne- do em ensaio de prisma. Outra causa
15823 e 600mm ≤ Espalhamento cessária para o ensaio. pode ser a expectativa errada de valor
(slump flow) ≤750mm; Vale comentar que tanto na versão de resistência. Espera-se que prismas
u segregação estática, classifica- antiga da norma de ensaio de prisma grauteados de blocos de concreto de
ção SR2 na ABNT NBR 15823 e (ABNT NBR 8215/1983 – Prismas de alta resistência não apresentem o
coluna ≤ 15%; blocos vazados de concreto simples mesmo ganho de resistência em rela-
u concreto autoadensável, classifi- para alvenaria estrutural – Preparo e ção ao prisma oco, do que o espera-
cação PL2 na ABNT NBR 15823 ensaio à compressão – Método de do para blocos de menor resistência.
(Caixa L) (≥0,80) ensaio), quanto na atual norma ASTM Recomendação para especificação
u exsudação total de água ≤ 2% C1314/2014 (Standard Test Method em projeto do prisma grauteado
(ABNT NM 102 - Concreto Fres- for Compressive Strength of Mason- pode ser encontrada na publicação
co. Determinação da exsudação ry Prisms), o prazo mínimo de espera “Parâmetros de Projeto de Alvenaria
de água. Método de Ensaio). de cura do prisma antes do grautea- Estrutural com Blocos de Concre-
mento é especificado em 24 horas. to” (EdUFSCar, 2012), disponível na
PROF. PAULO HELENE, DIRETOR DE RELAÇÕES Na revisão da norma de execução de Comunidade da Construção (http://
INSTITUCIONAIS DO IBRACON E MEMBRO DO alvenaria, ABNT NBR 15961-2/2011 www.comunidadedaconstrucao.
COMITÊ EDITORIAL (Alvenaria Estrutural – Bloco de Con- com.br/) e na editora (www.editora.
creto – Parte 2:Execução e Contro- ufscar.br).
Você saberia me dizer por que a norma re- le de Obra), que incorporou a NBR Resultados de resistência à com-
comenda que o grauteamento do prisma cheio 8215, o comitê entendeu que seria pressão de prismas grauteados ou
para o controle tecnológico da alvenaria benéfico reduzir esse prazo para 16 não grauteados, para várias resis-
ocorra apenas 16 horas após o assentamen- horas, permitindo assim a constru- tências de blocos de concreto, de 5
to? Na realidade, para a execução de corpos ção do prisma de tarde e grautea- a 34 MPa, podem ser encontrados
de prova de prisma cheio na obra, esta prá- mento na manhã seguinte. na dissertação de mestrado “FOR-
tica é às vezes relevada por Engenheiros de Comento ainda que todas normas TES, E. S. Influência do capeamen-
Obras e mesmo responsáveis pelos procedi- com procedimentos para ensaios de to e caracterização da resistência
mentos da Qualidade. Precisava saber se esta elementos de alvenaria estão passan- à compressão de alvenaria estrutu-
prática pode trazer algum prejuízo nos resul- do novamente por revisão e deverão ral de blocos de concreto (Progra-
tados finais dos ensaios. Porque temos vários ser agrupados em um único texto, ma de Pós-Graduação em Estru-
resultados de ensaios, em especial de prisma contendo especificações para en- turas e Construção Civil, UFSCar,
cheio, que aparecem com valores baixos e na saio à compressão, à flexão, à flexo- 2012” disponível para download em
realidade não deveriam ser tão baixos. -compressão e ao cisalhamento em www.ppgeciv.ufscar.br).
ENGª FABIANA CRISTINA MAMEDE paredes e prismas de alvenaria. É
Escritório Pedreira de Freitas provável que quando da publicação GUILHERME A. PARSEKIAN, P rofessor do P rograma

desta Revista, o Projeto ABNT NBR de P ós -Graduação em E struturas e C onstrução C ivil da

Fabiana, antes do grauteamento é 018:600.04-001 (Alvenaria de blocos UFSCar e presidente do Comitê Editorial

10 | CONCRETO & Construções


u encontros e notícias | LIVROS

Alvenaria Estrutural:
cálculo, detalhamento
e comportamento
O livro objetiva esclarecer
dois importantes efeitos
relacionados às paredes de al-
ência profissional em projeto
e execução de edificações em
alvenaria estrutural.
venaria estrutural e que devem Destina-se a engenheiros, ar-
ser considerados nos cálculos quitetos e projetistas de es-
das edificações: o efeito de trutura e de fundações, bem
arco e os esforços resultantes como aos estudantes que
da ação do vento. desejam conhecer mais sobre
Seu autor, José Luiz Pereira, esse sistema construtivo.
é engenheiro civil pela Escola
Politécnica da Universidade de à Informações:
São Paulo, com larga experi- www.piniweb.com.br

A INDÚSTRIA DE ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADAS NO BRASIL


TEM VIABILIZADO IMPORTANTES PROJETOS.

As vantagens deste Eficiência Estrutural;


Flexibilidade Arquitetônica;
sistema construtivo, Versatilidade no uso;
Conformidade com requisitos estabelecidos em normas técnicas ABNT
presente no Brasil há (Associação Brasileira de Normas Técnicas);

mais de 50 anos: Velocidade de Construção;


Uso racional de recursos e menor impacto ambiental.

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CONCRETO & Construções | 11
u encontros e notícias | LIVROS

O mestre da arte de
resolver estruturas
O jornalista
Oliveira
Nildo
lançou
Carlos
recen-
temente o livro “O mestre da
de Arte Contemporânea do Rio
de Janeiro e de outros impor-
tantes marcos da arquitetura e
arte de resolver estruturas: a engenharia brasileiras.
história do engenheiro Bruno Com 200 páginas, o livro traz
Contarini”, pela editora Joseph ainda soluções estruturais
Young Editorial. adotadas por Bruno Contari-
O livro, patrocinado pela ni em suas obras, no Brasil e
Arcelor Mittal, conta a vida des- no exterior.
te engenheiro, que foi um dos
responsáveis pela construção à Informações:
da ponte Rio-Niterói, do Museu www.revistaoempreiteiro.com.br

12 | CONCRETO & Construções


u encontros e notícias | EVENTOS

2º Congresso Brasileiro de Patologia das Construções


A Associação Brasileira de Patolo-
gia das Construções (ALCONPAT
BRASIL), com apoio do Instituto Bra-
de estruturas, com intuito de divulgar
as pesquisas científicas e tecnológicas
sobre estes importantes temas e áreas
cases sobre mecanismos de degradação.
O evento é voltado aos profissionais do
setor construtivo, engenheiros, técni-
sileiro do Concreto (IBRACON), pro- correlatas, as inscrições para o evento cos, pesquisadores, empresários, for-
move, de 18 a 20 de abril de 2016, estão abertas. necedores, investidores e estudantes.
na cidade de Belém, no Pará, o 2° Durante o Congresso serão realizados Nele estarão presentes os diretores do
Congresso Brasileiro de Patologia das três minicursos – Aspectos gerais da vida IBRACON, professores Bernardo Tuti-
Construções (2º CBPAT). útil das estruturas de concreto; Boas práti- kian, Enio Pazini e Paulo Helene.
Fórum de debates sobre o controle da cas de execução das paredes de concre- à Informações:
qualidade, a patologia e a recuperação to com autoadensável; e Diagnósticos e http://alconpat.org.br/cbpat2016/

Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas


O IX Congresso Brasileiro de Pontes
e Estruturas – IX CBPE vai acon-
tecer nos dias 18 e 20 de maio, no Rio
pontes, estádios, edifícios, portos, in-
dústrias, bem como a normalização, a
análise e dimensionamento de estrutu-
jetos no Brasil e na Europa”, juntamente
com outros especialistas no tema.
O evento é promovido pela Associação
de Janeiro. Sob o tema “Rio de Janei- ras de concreto armado e protendido, Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE)
ro – Cidade Olímpica, o evento vai di- entre outras. e pela Associação Brasileira de Enge-
vulgar os trabalhos de pesquisa e de O presidente do IBRACON, Eng. Julio nharia e Consultoria Estrutural (Abece).
aplicação sobre projeto, construção, Timerman, participará da Mesa-Redonda à Informações:
recuperação, reforço e manutenção de “O processo de desenvolvimento de pro- www.cbpe2016.com.br

CONCRETO & Construções | 13


u encontros e notícias | EVENTOS

2ª Conferência Internacional sobre sustentabilidade


do concreto
O rganizada pela Universidade Po-
litécnica de Madri (UPM) e co-or-
ganizada pela Ache, ACI, Alconpat, fib,
do concreto (ICCS16) vai acontecer de
13 a 15 de junho de 2016, em Madri,
na Espanha.
and Experts in Construction Materials,
System and Structures (Rilem), Johan
Vyncle, a presidente-executiva da Abcic,
Rilem e JCI, com a finalidade de discu- Participarão como palestrantes convida- Íria Doniak, e o diretor de relações ins-
tir tecnologias redutoras de impactos dos o presidente do American Concrete titucionais do IBRACON, Paulo Helene.
ambientais, aspectos de durabilidade Institute (ACI), Michael Schneider, o pre- O evento está com as inscrições
de projetos de obras e materiais e es- sidente da Federação Internacional do abertas.
truturas sustentáveis, a 2ª Conferência Betão (fib), Harald Müller, e o presidente à Informações:
Internacional sobre sustentabilidade da International Union of Laboratories www.iccs16.org

Conferência Internacional sobre a Reação Álcali-Agregado


P romovida pelo IBRACON e pela Univer-
sidade Estadual Paulista (UNESP) de
Ilha Solteira, a 15th International Conferen-
turas de concreto em todo o mundo, tra-
zendo perdas na durabilidade e no ciclo
de vida útil dessas estruturas. Com isso,
Entre os palestrantes no evento, estarão
os diretor e ex-presidente do IBRACON,
Cláudio Sbrighi Neto e Selmo Kuperman,
ce on alkali-aggregate reaction (ICAAR) vai espera contribuir com a disseminação de respectivamente.
acontecer em São Paulo, de 3 a 7 de julho. conhecimento sobre a RAA, seus meca- As inscrições para a Conferência estão
A Conferência objetiva apresentar e dis- nismos de deterioração e suas manifesta- abertas e a preços promocionais.
cutir os estudos científicos sobre a reação ções patológicas, bem com a difusão de à Informações:
álcali-agregado (RAA), que afeta as estru- técnicas para sua prevenção e mitigação. http://ibracon.org.br/icaar/

14 | CONCRETO & Construções


u encontros e notícias | EVENTOS

IABMAS 2016
A 8ª Conferência Internacional so-
bre Manutenção, Segurança e
Gerenciamento de Pontes (IABMAS
2016) será realizada em Foz do Igua-
çu, no Brasil, de 26 a 30 de junho
de 2016, sendo organizada pela As-
sociação Internacional para Manu-
tenção e Segurança de Pontes (IA-
BMAS, na sigla em inglês), tendo o pontes, reabilitação e manutenção pontes, reforço de pontes com con-
apoio da Universidade de São Paulo de pontes, aspectos geotécnicos e creto ultra-alto desempenho, entre
(USP). O evento é coordenado pelo estruturais das fundações de pon- outros temas, também vão integrar a
vice-presidente do IBRACON, Prof. tes, entre outros. 17 Sessões espe- Conferência. Nela estarão presentes
Tulio Bittencourt. ciais sobre desafios impostos aos os diretores do IBRACON, professo-
A Conferência será composta por proprietários e operadores pelo en- res Bernardo Tutikian, Enio Pazini,
18 simpósios, que discutirão temas, velhecimento da infraestrutura, co- Luiz Carlos Pinto e Paulo Helene.
como avaliação do ciclo de vida de lapsos repentinos e não esperados, As inscrições para a Conferência es-
pontes em ambientes agressivos normalização da qualidade para pon- tão abertas e a preços promocionais.
com base em seu desempenho, tes rodoviárias, uso de tecnologias Informações:
à
modelagem e monitoramento de da informação pela engenharia de www.iabmas2016.org

CONCRETO & Construções | 15


u personalidade entrevistada

José Tadeu
Balbo

J
osé Tadeu Balbo é engenheiro civil formado em restauração e drenagem da Avenida dos Bandeirantes,
1984, com mestrado e doutorado em Engenharia da Rodovia Régis Bittencourt, dos helipontos dos Palácios
dos Transportes, pela Escola Politécnica da dos Bandeirantes e Boa Vista, dentre inúmeros outros.
Universidade de São Paulo (USP). É Livre
Docente em Projeto e Construção de Optou por seguir a carreira acadêmica, ambiente que lhe
Pavimentos pela USP desde 1999. proporciona buscar, segundo ele, novos paradigmas para
enfrentar os problemas da Engenharia de Transportes,
Em sua carreira profissional, atuou nas empresas sendo atualmente professor da USP e chefe do
Sondotécnica, Setepla e Etep, como engenheiro e Departamento de Engenharia de Transportes
coordenador de projetos, e fundou com colegas a da Escola Politécnica. Como pesquisador, é coordenador
Tecnacon, empresa de consultoria em projetos, que de um projeto de uma pista experimental em concreto
possuía laboratório para ensaios de solos e asfaltos, que continuamente armado, recentemente inaugurada, cujos
prestou serviços para diversas empresas de projeto em resultados devem servir para a normalização e o projeto
São Paulo, além de executar projetos viários, como a estrutural desse tipo de pavimento em nosso país.

IBRACON – Em sua carreira a área de transporte; e, por fim, a optar José Tadeu Balbo – A origem de meu
profissional, logo após se graduar em por seguir a carreira acadêmica, depois interesse por engenharia civil e por
engenharia civil (1984), você optou pela de ter sido engenheiro de projetos infraestrutura de transportes remonta
área da engenharia dos transportes na em empresas como a Sondotécnica, ao início da construção da rodovia
pós-graduação. Conte-nos as razões que Setepla e Etep, considerando ainda sua Castelo Branco em meados dos anos
o motivaram a escolher a profissão de experiência em ter sido sócio-fundador e 1960. Meu saudoso pai era grande
engenheiro civil; em seguida, a preferir diretor técnico da Tecnacon. entusiasta de rodovias e se maravilhava

16 | CONCRETO & Construções


com a obra; viajávamos para o interior foram mais marcantes nesta sua fase tive excelentes lições do engenheiro
paulista com frequência e pude ver de engenheiro de projetos para sua Francisco Sanz-Esteban, antigo
as máquinas operando, os cortes em carreira profissional? Em sua visão presidente da Associação Brasileira de
solos e rochas, as pontes, o asfalto como academia e mercado podem e Cimento Portland (ABCP). O projeto
completando o cenário. Isso tudo me devem estreitar relacionamentos para o experimental de uma pista de concreto
encantava e gostava de brincar com estabelecimento do escopo dos projetos continuamente armado, executado em
carrinhos simulando esse tipo de obra. de pesquisa? janeiro desse ano no campus da USP,
Foi aí que nasceu o gosto pela área. José Tadeu Balbo – Essas experiências é fruto de dois anos de entendimento
Já as experiências em empresas na iniciativa privada me ajudam com vários entes da indústria e da
de projeto e obras rodoviárias me até hoje como educador de jovens construção civil (veja nesta edição
proporcionaram o entendimento engenheirandos. Uma das principais artigo sobre o assunto). A pesquisa
prático do arranjo espacial das tarefas, lições aprendidas foi que a aplicação de infraestrutura de Transportes,
a busca por jazidas de solos, pedras cega de normas copiadas ou traduzidas como é típica em minha carreira
e areias, as usinas misturadoras, o de especificações estrangeiras não conduzir, requer a experimentação
transporte e aplicação dos materiais. era lícita: era preciso desenvolver mais em verdadeira grandeza. Para isso
Também me permitiram o entendimento conhecimento, coisa que naqueles temos que pavimentar e instrumentar
de que esses projetos e obras eram ambientes não se tinha como pista em aeroporto, porto, rodovia ou
multidisciplinares. atividades-fim. Por outro lado, projetos via urbana. Fiz isso inúmeras vezes,
Por sua vez, a fundação de uma como a restauração de trechos da BR- inclusive de início com financiamento
empresa com colegas foi uma busca 153 (SP) e da BR-101 (MG) foram de de agência de fomento, coisa que
por trabalhar em projetos e ensaios fato “escolas de aprendizado”. O mais hoje está muito difícil, por inúmeras
de laboratório de uma maneira marcante foi coordenar o projeto de razões, e não há como não convidar
mais integrada, com finalidades de restauração e reconstrução da Avenida e trazer o setor produtivo para o
proporcionar aos clientes estudos mais dos Bandeirantes, em São Paulo, bem nosso lado. Há na academia quem
aprofundados e realizados com uma como atuar como consultor da obra, não considere isso lícito, mas garanto
visão além da normalização requerida. devido às enormes complexidades de que sempre mantivemos em nosso
Por fim, a escolha da carreira drenagem e de tráfego, em uma época grupo total independência científica
acadêmica se deu quando me ficou que o rodoanel metropolitano ainda era e intelectual, o que, por vezes, não
claro que somente em ambiente de apenas discurso. Propusemos diversas agrada também. Há que conciliar
pesquisa é que se poderia de fato, com soluções de reconstrução, como uso as partes para entendimentos das
o esforço reflexivo e intelectual, buscar de pavimentos de concreto simples no metas e tarefas de cada setor e
a construção de novos paradigmas trecho mais inclinado, onde as trilhas de estabelecimento das parcerias.
para os problemas de engenharia de rodas em revestimentos asfálticos eram
Transportes que me ocupavam. recorrentes, bem como outras soluções IBRACON – Você se dedicou aos temas
em pavimentação semirrígida. dos pavimentos rígidos e semirrígidos

IBRACON – A propósito: quais foram Quanto à atuação em parceria entre a desde o início de suas pesquisas

as principais lições aprendidas pelo indústria e a academia, sou plenamente científicas. O que são os pavimentos
pesquisador das experiências adquiridas favorável e entusiasta desse tipo rígidos e os pavimentos semirrígidos?

nessas empresas? Quais projetos de iniciativa, assunto sobre o qual Por que o estudo científico desses


O PROJETO EXPERIMENTAL DE UMA PISTA DE CONCRETO


CONTINUAMENTE ARMADO, EXECUTADO EM JANEIRO NO CAMPUS
DA USP, É FRUTO DE DOIS ANOS DE ENTENDIMENTO COM VÁRIOS
ENTES DA INDÚSTRIA E DA CONSTRUÇÃO CIVIL

CONCRETO & Construções | 17



O ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DESSAS SOLUÇÕES


[PAVIMENTOS RÍGIDOS, HÍBRIDOS E SEMIRRÍGIDOS] PARA AS
CONDIÇÕES BRASILEIRAS É FUNDAMENTAL PARA TERMOS
RODOVIAS DE MELHOR DURABILIDADE

pavimentos é importante? Quais são suas semirrígidos são aqueles que possuem que podemos fazer para melhorá-las
principais aplicações? revestimento asfáltico e base ou sub- e termos resultados mais positivos no
José Tadeu Balbo – Tradicionalmente, base, ou ambas, com algum material futuro próximo. As aplicações desses
os engenheiros rodoviários entendem estabilizado com ligante hidráulico, tipos de pavimentos são amplas em
por pavimentos rígidos aqueles que não é concreto. O estudo e rodovias, vias urbanas e BRT (Bus
que possuem revestimento em desenvolvimento dessas soluções para Rapid Transit) graças à evolução da
concreto; isso não é completamente as condições brasileiras é fundamental tecnologia de misturas asfálticas de
justificável, pois os blocos de concreto para termos rodovias de melhor elevado desempenho para suportar
intertravados sobre bases granulares durabilidade. Para o tráfego pesado tráfego pesado.
são flexíveis, para exemplificar. temos de pensar em pavimentos de
Prefiro chamá-los de pavimentos concreto ou em pavimentos híbridos. IBRACON – Recentemente tem se
de concreto quando esse material Para situações de médio volume de dedicado ao pavimento de concreto

é seu revestimento. Quando a base tráfego, os pavimentos semirrígidos continuamente armado, com a recém-

é em concreto e o revestimento de hoje necessitam de melhorias inaugurada pista experimental na USP.


algum tipo asfáltico, os pavimentos profundas concernentes às bases O que é o pavimento de concreto
são denominados híbridos e são cimentadas, pois elas têm revelado continuamente armado? Quais suas
também rígidos. Os pavimentos baixa durabilidade; mas há muito o vantagens em relação ao pavimento

de concreto simples e armado? De


CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL DE J. T. BALBO
que forma o pavimento de concreto

continuamente armado pode contribuir

com o mercado de pavimentação

no Brasil? Qual é o propósito da


pista experimental com concreto

continuamente armado da USP? Qual


é sua expectativa de quando e como

os resultados aferidos com a pista

experimental poderão servir de base

para as decisões de mercado quanto

aos melhores tipos de pavimentos a

ser empregados segundo as diferentes

situações de implantação?

José Tadeu Balbo – Gostaria nesse


ponto que o leitor seja direcionado ao
meu artigo nessa edição, que responde
grande parte dessas importantes
questões. Temos de considerar que
a semente foi plantada no Brasil
para que se comece a empregar tal
Degrau em junta transversal em rodovia tipo de solução. Contudo, não há

18 | CONCRETO & Construções


CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL DE J. T. BALBO
ainda especificação técnica para seu os resultados desses estudos têm

dimensionamento estrutural, o que nos apontado quanto à viabilidade técnica

obriga a reportar-nos ao Mechanistic- e econômica desses pavimentos? Em


Empirical Pavement Design Guide da sua opinião por que o mercado tem

American Association of Highway and usado com parcimônia os agregados

Transportation Officials, como em geral reciclados e alternativos na confecção

os demais países sul-americanos o de pavimentos? O que pode ser feito no


fazem. Para se chegar a um guia de Brasil para mudar este cenário?
projeto nacional para o pavimento José Tadeu Balbo – Sempre que
de concreto continuamente armado, se recicla algum grau de liberdade
teremos um trabalho de pesquisa se perde. No caso dos concretos,
que toma ao menos de 5 a 10 anos, dependendo dos agregados
podendo ocorrer antes por força alternativos, pode ocorrer redução
de condições favoráveis. Contudo, da resistência ou mesmo do módulo
a literatura internacional descreve o de elasticidade (o que pode não ser
desempenho desses pavimentos como indesejável em alguns casos). Os
o melhor comparado a todos os demais. estudos, inclusive com a reciclagem
É empregado em diversos anéis viários e do concreto do pavimento do
rodovias interestaduais (em 40.000 km!) rodoanel metropolitano Mário Covas
nos EUA e também na Europa. Há que em 2010, comprovam ser possível
se considerar que seu custo, segundo ajustar formulações que apresentam
um estudo americano para exemplificar, desempenho semelhante àquela Fissura de retração longitudinal
resultou 46% maior que um pavimento de um concreto novo. Também já em terminal de ônibus
de concreto simples. A espessura de empregamos borracha triturada, escória
concreto não muda basicamente (nos granulada de alto forno, entulho de rodovias e vias urbanas no Brasil são
EUA são empregados preferencialmente construção e de demolição, fresados predominantemente asfálticas. Para se
de 280 a 320 mm com fct,f de 4 MPa), asfálticos, e outros; em concretos ter uma ideia, rodovias em concreto
sendo que o concreto trabalha à fadiga, alternativos para bases de pavimentos construídas na década de 1930 na
pois a densa armadura colocada não de concreto ou asfálticos essas Alemanha começaram a ser recicladas
resiste a esforços de tração pelo fato de soluções se mostraram tecnicamente para a reconstrução de pavimentos
estar posicionada no banzo comprimido justificáveis. Contudo, há restrições de concreto na década de 1990.
do elemento estrutural (placa). econômicas importantes. Por exemplo, Lá, porém, há muitas rodovias em
os fornecedores de borracha triturada concreto, o que abre um mercado.
IBRACON – Outro projeto de pesquisa muitas vezes têm suas plantas a Em estudo que realizamos sobre o
desenvolvido por seu departamento diz distâncias de transporte inviáveis para potencial de emprego de concretos
respeito ao uso de materiais reciclados determinadas obras rodoviárias. Já reciclados de pavimentos para
e de materiais alternativos na produção os fresados asfálticos espacialmente confecção de novos concretos, o que
de concretos para pavimentos. O que são bem distribuídos, pois as frustrou não foi concluir que o agregado


PARA SE CHEGAR A UM GUIA DE PROJETO NACIONAL PARA O


PAVIMENTO DE CONCRETO CONTINUAMENTE ARMADO, TEREMOS UM
TRABALHO DE PESQUISA QUE TOMA AO MENOS DE 5 A 10 ANOS,
PODENDO OCORRER ANTES POR FORÇA DE CONDIÇÕES FAVORÁVEIS

CONCRETO & Construções | 19


CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL DE J. T. BALBO
estacionamentos, capeamentos de

lajes pré-moldadas, ou apenas uma

complementação visando redução

de retração?

José Tadeu Balbo – Temos deficiências


gritantes no que tange à pavimentação
em concreto no Brasil. Começa pelo
fato de não termos consolidado, em
nível federal e estadual, norma de
projeto adequada às condições do
Brasil. Concordo que na urgência
de obras algo tem que ser usado;
porém o “urgente é inimigo do
importante”. O método empregado
para projetos é uma “receita de bolo”
facilmente utilizável por estudantes
secundaristas. Na ausência de
normalização para projeto estrutural,
o que teria de ser empregado, sem
espaço para sofismas, é o Mechanistic-
Empirical Pavement Design Guide da
American Association of Highway and
Espalhamento e adensamento do concreto por pavimentadora pilotada pelo
Prof. Balbo Transportation Officials. Aqui no Brasil
um método parece ser consolidado
reciclado custaria 20% a mais, mas IBRACON – Como consultor de se a espessura do material resulta
sim, que o potencial econômico de projetos de pavimentação em concreto menor, e isso não só para pavimentos
reciclagem de pavimentos de concreto para portos, aeroportos, rodovias e de concreto. Não há certificação para
no Brasil praticamente não justifica pisos industriais, as decisões quanto a mão de obra na grande maioria dos
a importação de recicladoras in situ ao tipo de pavimento empregado, casos e os problemas de execução
de alta tecnologia e capacidade ao projeto e à execução desses são múltiplos. Dessas críticas pode-se
produtiva. Este é um mercado que pavimentos têm sido acertadas? Qual excluir o setor de pisos industriais, que
dificilmente terá futuro. Apenas com sua avaliação das tecnologias de atua para a iniciativa privada e não para
rígidas políticas de emprego de pavimentação atualmente ofertadas no órgãos de governo; isso me faz pensar
agregados reciclados (como nos EUA, mercado nacional, tanto às relativas que “quem é dono cuida”.
onde se exige emprego de frações aos produtos/equipamentos quanto Atualmente se verifica um grande
mínimas de fresados asfálticos para aos serviços? Fibras plásticas são avanço nas tecnologias de
os recapeamentos de rodovias), é que uma alternativa para barras de aço pavimentação asfáltica, com emprego
haverá impulso nesse mercado. em pavimentos, pisos industriais, de novos materiais, como misturas


O POTENCIAL ECONÔMICO DE RECICLAGEM DE PAVIMENTOS


DE CONCRETO NO BRASIL PRATICAMENTE NÃO JUSTIFICA A
IMPORTAÇÃO DE RECICLADORAS IN SITU DE ALTA TECNOLOGIA
E CAPACIDADE PRODUTIVA

20 | CONCRETO & Construções



TEMOS DEFICIÊNCIAS GRITANTES NO QUE TANGE À PAVIMENTAÇÃO


EM CONCRETO NO BRASIL. COMEÇA PELO FATO DE NÃO TERMOS
CONSOLIDADO, EM NÍVEL FEDERAL E ESTADUAL, NORMA DE
PROJETO ADEQUADA ÀS CONDIÇÕES DO BRASIL

permeáveis e stone matrix asphalt. de concreto simples até 20 m ou mas não atendem tecnicamente nem
É conveniente notar que essas mais. Contudo, se o controle de ao tráfego circulante nem às condições
tecnologias já saíram dos laboratórios cura não for rígido o suficiente, extremas de temperatura na região
e estão em uso em pista, agradando pode se configurar a fissura de Nordeste. Há trechos construídos nos
os motoristas por mais que eles retração nessas placas longas, o que quais, após três a quatro anos, há
sejam amantes do concreto. Os afetaria bastante o desempenho do intensa fissuração por fadiga. Na fase
microrrevestimentos asfálticos têm sido sistema. Ademais, elas mesmas têm de construção os maiores problemas se
muito empregados em serviços de sua serventia na fase inicial para o atêm à retração plástica e de secagem,
manutenção. Há intensa normalização controle de fissuras de retração. como era de se imaginar ainda para
na área de pavimentação asfáltica, as condições do litoral do Nordeste.
em especial do DNIT (Departamento IBRACON – Sua intensa participação Também ocorrem casos de juntas e
Nacional de Infraestrutura dos em pesquisas e projetos de recuperação seus componentes não atenderem
Transportes), abrangendo os mais de pavimentos de concreto confere-lhe às especificações de projeto. Muitos
amplos aspectos, como projeto, uma posição privilegiada para fazer um engenheiros do setor rodoviário me
métodos de ensaio, especificações diagnóstico sobre as principais causas da confidenciaram que o pós-venda do
de serviços e de equipamentos, deterioração em pavimentos de concreto, pavimento de concreto é um dos
métodos de avaliação estrutural e bem como um prognóstico das medidas piores e que não há o que fazer. Eu,
funcional, critérios de decisão para técnicas mais promissoras na solução particularmente, acredito que há o
manutenção. Ocorre que na área do dos problemas. Qual é seu diagnóstico que fazer e que podemos alterar
pavimento de concreto a normalização e seu prognóstico em relação aos esse estado de coisas: normalização,
é mínima, estranhamente, para um pavimentos de concreto no país? certificação da mão de obra,
sistema construtivo que apresenta e José Tadeu Balbo – Tenho atendido treinamento adequado de engenheiros
requer inúmeros detalhes e cuidados ao Exército Brasileiro (com CGU - de obra e de projetistas, mudança
construtivos, o que faz, em muitos Controladoria Geral da União, TCU de enfoque para a durabilidade e a
momentos, o engenheiro de obras – Tribunal de Contas da União e visão social do problema (rodovias
ou de projetos, órfão. Temos muita PF – Polícia Federal envolvidos) em são as artérias dos brasileiros),
coisa importante e urgente para fazer, alguns casos de rodovias federais pesquisa, experimentação, busca de
mas já estou convencido a esta altura em concreto no Nordeste Brasileiro. tecnologias alternativas.
que as mudanças trazem receios de Também tenho atendido ao DNIT em
várias naturezas. São razões para a outros trechos da BR-101. Há também IBRACON – Recentemente, você
paralisação que nós encontramos nosso envolvimento com empresas coordenou uma Conferência
nesse aspecto. em alguns trechos, mas em geral Internacional em Melhores Práticas
As macrofibras entraram bastante somos mobilizados após a “maionese para Pavimentos de Concreto, que
forte no mercado de pisos industriais desandar”, razão pela qual conheço trouxe as pesquisas e as tecnologias em

e outros nichos. Resultados profundamente os problemas. As pavimentação de centros de pesquisa e

apresentados no Reino Unido e nos razões para deterioração precoce são desenvolvimento de ponta no mundo. O
EUA comprovam que, para certos recorrentes. Placas de concreto simples que a Conferência apontou em termos
consumos do material, podem ser de 210 a 230 mm de espessura podem de novidades e de melhores práticas em

espaçadas as juntas dos pavimentos viabilizar economicamente a solução, pavimentação em concreto? De que forma

CONCRETO & Construções | 21



OCORRE QUE NA ÁREA DO PAVIMENTO DE CONCRETO A


NORMALIZAÇÃO É MÍNIMA, PARA UM SISTEMA CONSTRUTIVO
QUE REQUER INÚMEROS DETALHES E CUIDADOS CONSTRUTIVOS,
O QUE FAZ O ENGENHEIRO DE OBRAS OU DE PROJETOS, ÓRFÃO

o Brasil poderá se beneficiar do emprego Comissão? Em sua opinião, o que poderia até o quarto ano. Fizemos isso com
dessas novidades e práticas? ser melhorado no currículo das escolas uma redução média de 18% da carga
José Tadeu Balbo – Para o meio de engenharia em relação a informações horária anteriormente dada, para que o
viário urbano a conferência teve muita sobre pavimentos de concreto? estudante de engenharia conseguisse
informação sobre os pavimentos de José Tadeu Balbo – As alterações na a formação básica até o quarto ano.
concreto permeáveis. Além disso, grade de ensino de engenharia da Durante os quatro anos iniciais os
muito se discutiu sobre as ciclovias Escola Politécnica da USP (EPUSP) estudantes devem selecionar nove
e os materiais atinentes a essa foram uma grande paixão no meu disciplinas optativas que podem ser
modalidade de transporte. Reciclagem trabalho acadêmico recentemente. cursadas a livre escolha, inclusive em
também entrou na temática, bem Aprimoramos o Ciclo Básico dos qualquer outro curso de graduação
como as melhorias que se tem engenheirandos, que possui sua última da USP, permitindo uma mobilidade
buscado na Europa em termos do disciplina no terceiro ano do curso. Em altamente salutar do estudante, que
emprego dos pavimentos de concreto contrapartida, os engenheiros, e não agora pode adquirir conhecimentos em
continuamente armados. somente os civis, já têm contato com ao Direito, em Marketing, em Biologia, em
menos uma disciplina de habilitação a Climatologia, onde desejar. O quinto
IBRACON – Como membro da partir do primeiro ano. Há um bloco de ano é um ano de especialização. Nesse
Comissão de Modernização do Curso disciplinas de Ciências de Engenharia último ano o estudante cumpre um
de Graduação em Engenharia Civil e (Mecânica, Fluidos, Geomecânica, bloco de disciplinas fechado que lhe
do Ciclo Básico de Engenharia, quais Ambiente, etc.), que segue até o terceiro permite especializar-se em Construção
têm sido suas principais propostas na ano. As disciplinas de habilitação vão Civil, em Hidráulica, em Estruturas, em
CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL DE J. T. BALBO Transportes e, além disso, o estudante
poderá escolher um quinto ano
especializado, por exemplo, em Energia
(oferecido pela Engenharia Elétrica) ou
em Produção (oferecido pela Engenharia
de Produção), para exemplificar. Isso
nos dá uma perspectiva de termos
egressos com visão mais ampla sobre
sua profissão, sua área, sua cidade,
seus problemas, seu país, seu mundo,
e se quisermos, sobre o Universo para
aqueles que optarem por fazer uma
disciplina em Cosmologia ou Astrofísica.
Essa nova estrutura de cursos,
acreditamos, não apenas coloca um
engenheiro mais aberto para o mercado,
como também aumentará a busca por
vagas na EPUSP. Acredito que essas
Prof. Balbo aponta junta em pavimento de concreto da BR 101 PE mudanças serão baliza futura para

22 | CONCRETO & Construções


CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL DE J. T. BALBO
revisões curriculares de muitas outras são entidades de profissionais que
escolas de engenharia no país. representam profissionais. Elas não
No que tange ao ensino de pavimentos representam setores industriais ou
de concreto, acredito ser a EPUSP comerciais, sindicatos ou associações.
ímpar nesse aspecto. Desde os anos Elas têm a atuação individual de
1990, eu e a Profa. Liedi Bernucci dedicados profissionais da área de
dividimos o ensino de pavimentação. engenharia que se empenham para o
Nosso curso de graduação em bom emprego e difusão tecnológica
pavimentação tem quase 50% dos do material concreto em todas suas
conteúdos dedicados aos pavimentos potencialidades, desenvolvendo
de concreto. Com a nova estrutura tecnologicamente suas aplicações,
curricular, a disciplina obrigatória de sejam esses profissionais projetistas,
pavimentação terá menos espaço fornecedores, construtores ou
não apenas para pavimentação em acadêmicos. As contribuições do
concreto, mas para drenagem de IBRACON são inumeráveis em sua
vias, por exemplo. Todavia, a partir de história e, por isso, prefiro sumarizar
2017, uma disciplina optativa para os a resposta dizendo que não
alunos de graduação que desejarem consigo enxergar a discussão dos
cursar estará ativa: Pavimentação em conhecimentos, sua ampliação e sua
Concreto para Portos, Aeroportos e distribuição no país sem o IBRACON. É
Indústrias, da qual serei o docente um orgulho imenso em minha vida poder
responsável. No tocante à drenagem, dedicar tempo, ainda que possivelmente Fissura de retração transversal
teremos um curso específico para insuficiente, à mais respeitada instituição em rodovia
os alunos de quinto ano que tenham técnico-profissional de engenheiros civis
optado pela formação em Engenharia do Brasil. binoculares. A Astronomia amadora
de Transportes. é uma paixão, concomitantemente
IBRACON – O que gosta de fazer em com leitura de livros de cientistas
IBRACON – Como membro de seu tempo livre? contemporâneos sobre o Cosmo (sugiro
diversas entidades técnicas nacionais e José Tadeu Balbo – Infelizmente no para iniciantes “Masks of the Universe”,
internacionais, tendo exercido o cargo tempo que fiz a graduação na EPUSP Edward Harrison, Cambridge University
de vice-presidente da International Society não existia a EC-3. Não pude frequentar Press). Também aprecio muito música de
for Concrete Pavements (ISCP) e sendo cursos optativos na área de Física, o qualidade, possuindo vários instrumentos
atualmente assessor da presidência no que foi uma pena. Tive que me virar musicais (uma verdadeira banda), sendo
IBRACON, qual sua visão sobre as sozinho, com os conhecimentos de que gosto muito de tocar sintetizadores e
contribuições que podem ser feitas por posicionamento que tínhamos em uma pianos eletrônicos, em especial fazendo
essas entidades para o desenvolvimento época, sem o GPS. Li muitos livros para cover de músicas pop, românticas, bem
do setor? procurar conhecer o Cosmo. E aprendi como órgão, no caso dos clássicos
José Tadeu Balbo – Essas entidades observar o Cosmo, a princípio com do Rock & Roll.


PLACAS DE CONCRETO SIMPLES DE 210 A 230mm DE ESPESSURA


PODEM VIABILIZAR ECONOMICAMENTE A SOLUÇÃO, MAS NÃO ATENDEM
TECNICAMENTE NEM AO TRÁFEGO CIRCULANTE NEM ÀS CONDIÇÕES
EXTREMAS DE TEMPERATURA NA REGIÃO NORDESTE

CONCRETO & Construções | 23


u estruturas em detalhes

O sistema
Pavimento Industrial
LEVON HAGOP HOVAGHIMIAN
PÚBLIO PENNA FIRME RODRIGUES
Associação Nacional de Pisos e
Revestimentos de Alto Desempenho (Anapre)

A
s pessoas têm enorme ou quando vemos uma fissura de problemas específicos, como uma
facilidade de julgar as ordem estrutural, como uma quebra drenagem subsuperficial, camada de
coisas pelo seu exterior de canto de placa, automaticamente bloqueio, etc. e, outras vezes, algu-
e quando se trata de pavimentos o projetista é o alvo das críticas. mas são suprimidas, como o subleito
industriais essa avaliação subjetiva Mas a realidade é outra: o piso de um piso estaqueado. Finalmente,
é ainda mais fácil, pois o que está industrial é um elemento estrutural para completar, temos que olhar o
à mostra é apenas a sua superfície: bastante complexo, composto por piso sob o ponto de vista horizontal
por exemplo, um piso com o RAD diversas camadas superpostas, com- para então vermos outro componente
(Revestimentos de Alto Desempe- postas por materiais bastante dis- muito importante: as juntas.
nho) solto quem é imediatamente tintos, como podemos ver na Figura A falha de um desses componen-
rotulado é o aplicador, quando na 1 e que geralmente é composto de: tes estruturais não é necessariamen-
realidade podem haver outros fa- subleito, sub-base (ou base), barreira te compensada por outro; assim, se
tores importantes que conduzem a de vapor, placa de concreto e reves- o subleito é mal compactado, uma
essa patologia, sem que seja ne- timento. Muitas vezes, outras cama- placa de concreto bem dimensio-
cessariamente culpa da aplicação, das são introduzidas para resolver nada pode romper com carga mui-
tas vezes bem abaixo da prevista
em projeto e, embora o defeito se
apresente de forma estrutural, na
realidade foi causado por uma falha
executiva.
Neste artigo, vamos fazer uma
breve introdução dos principais
componentes do sistema piso
industrial.

SUBLEITO
O subleito é composto pelo ter-
reno de fundação do piso, sendo,
portanto, o solo local. Em países
u Figura 1 de clima quente e úmido como o
Sistema de um piso industrial
Brasil e, portanto, de grande

24 | CONCRETO & Construções


atividade de decomposição de ro-
chas, solos de mesma origem podem
ter comportamentos muito distintos
quando são formados, por exemplo,
na Serra do Mar ou no Planalto Cen-
tral. Portanto, suas propriedades
devem ser previamente conhecidas,
lembrando-se que nem sempre o
mesmo tipo de ensaio é adequado:
solos de natureza laterítica, típicos
de partes bem drenadas de regiões
tropicais úmidas, são melhor carac-
terizados pelos ensaios MCT (de
Miniatura, Compactado e Tropical) u Figura 2
Preparação da sub-base
enquanto que os saprolíticos, oriun-
dos da decomposição in situ de ro-
cha, são caracterizados pela meto- empregadas quando o projeto pre- PLACA DE CONCRETO
dologia tradicional. vê aplicação de RAD ou quando o A placa de concreto é, sem dú-
local apresenta problemas crônicos vida, o elemento estrutural mais im-
SUB-BASE (OU BASE) oriundos de umidade ascendente. portante, pois é ela que vai absorver
A sub-base, que no passado foi De fato, a única garantia de não todos os carregamentos do piso,
muito controversa, hoje é um ele- ocorrência de patologias decorren- transferindo-os para a fundação, de
mento fundamental para o piso, seja tes de umidade, como bolhas, é a modo que esta trabalhe sempre no
sob o ponto de vista estrutural, ho- presença deste componente, mas a regime elástico, isto é, sem defor-
mogeneizando a condição de supor- sua adoção deveria ser generalizada mações permanentes. Além disso, é
te e controlando o bombeamento, por proteger o próprio concreto. a responsável pela ancoragem dos
como funcional, agindo como uma
camada de isolamento, restringindo
a ascensão de umidade, facilitan-
do as aplicações do RAD. Podem
ser cimentadas, como brita gradu-
ada tratada com cimento, concreto
compactado com rolo, solo-cimen-
to, etc., mas mais comuns são as
estabilizadas granulometricamente,
como as britas graduadas.

BARREIRA DE VAPOR
As barreiras de vapor, formadas
por camadas impermeáveis, como
lonas plásticas ou imprimações im- u Figura 3
Lona plástica – barreira de vapor
permeabilizantes, são geralmente

CONCRETO & Construções | 25


são sempre a parte mais fraca e quan- condições de higienização, da re-
do há problemas estruturais, é nela que sistência superficial e mecânica em
eles se manifestam inicialmente. geral, resistência química, facilitam
as demarcações de áreas e a esté-
REVESTIMENTO tica. De um modo geral, os RADS
Os revestimentos de alto desem- se dividem em três grandes grupos:
penho ou RADs têm como objetivo os autonivelantes, os multicamadas
acrescentar características especí- e os argamassados ou espatulados.
ficas ao sistema piso, conforme a As bases químicas adotadas com
necessidade do projeto em questão; maior freqüência são a resina epóxi
entre outros, agregam melhoria das e o poliuretano.

u Figura 4
Construção do piso

revestimentos. Pode ser de concreto


simples ou reforçada, sendo este tipo
o preferido no nosso meio, já que nele
a quantidade de juntas é bem menor.
Os reforçados podem ser com
armaduras de aço, tipo as telas sol-
dadas, fibras ou protendido. Como
o concreto é um material que du-
rante as primeiras idades apresenta
u Figura 5
variações causadas pela retração Junta de piso
hidráulica e de outros tipos impor-
tantes, essas têm que serem con-
sideradas no dimensionamento e
comportamento da placa em serviço
e a tecnologia do concreto é matéria
obrigatória, tanto no projeto como
na execução.

JUNTAS
As juntas são elementos introdu-
zidos para o controle das variações
higrotérmicas do concreto além de
servirem como elementos auxiliares
na execução. Devem apresentar a ca-
racterística de permitir a continuidade u Figura 6
RAD
estrutural do piso, mas, mesmo assim,

26 | CONCRETO & Construções


u estruturas em detalhes

Pisos industriais: evolução


e novas alternativas
PÚBLIO PENNA FIRME RODRIGUES – Engenheiro, DSc
LPE Engenharia e Consultoria

1. INTRODUÇÃO pais tópicos envolvidos na execução equações de clássicas de Wester-

O
s pisos industriais, tam- e controle do pavimento industrial, gaard, limitando-se à máxima tensão
bém conhecidos como abordando o conceito do sistema de tração na flexão na placa de con-
pavimentos industriais, piso, constituído pelo terreno de fun- creto. Westergaard foi o pioneiro no
apresentaram enorme progresso nas dação, base ou sub-base, placa de estudo das placas rígidas apoiadas
últimas décadas e essa evolução de- concreto e, eventualmente, revesti- em meio elástico e, embora para os
ve-se muito à mudança do ponto de mento, e que, se um dos elementos outros tipos de reforços não se em-
vista do usuário sobre o que de fato desse sistema falhar, o todo ficará pregue mais seus modelos, toda a
é um piso industrial. comprometido. conceituação teórica continua calca-
Pode-se defini-lo como sendo o da em seus estudos.
componente da edificação que in- 2. TIPOS DE PISOS As principais vantagens do piso
terfere diretamente no processo in- Pode-se qualificar os pisos quan- de concreto simples são:
dustrial, ou seja, é como fosse um to à fundação – direta ou estaqueado u facilidade de execução;
equipamento, que se não atender às – e ao tipo de reforço estrutural. Nes- u rigidez elevada;
necessidades de uso, irá interferir na te texto, será tratado apenas o piso u dosagem do concreto mais
produtividade da indústria. em fundação direta, abordando os simples.
O mercado de pisos industriais no tipos estruturais: concreto simples, Como desvantagem, pode-se
Brasil em 2011 era de 42 milhões de armado, protendido, reforçado com citar:
metros quadrados, sendo que 60 % fibras e concreto de retração com- u placas de pequenas dimensões,
foram executados sem formalização pensada, apresentando as principais variando de 4 x 4 m a 5 x 5 m;
técnica, isto é, sem que houvesse particularidades de cada tipo, pontos eventualmente, pode ser em-
projeto ou especificação técnica, positivos e negativos. pregada armadura superior para
enquanto 40% foi com formalização controle de retração do concreto,
técnica. 2.1 Concreto simples sem função estrutural,permitindo
Quando se considera apenas os placas de maiores dimensões;
pisos executados com formalização Largamente empregado no pas- u quantidade elevada de juntas,
técnica, cerca de 68% foram com sado no Brasil e ainda muito popu- variando de 0,4 a 0,5 metros de
tela soldada, 19% com fibras de aço, lar nos países da América do Norte, junta por m² de piso;
10% com macrofibras e 3% protendi- é um sistema que emprega apenas u menor controle de fissuração.
dos. Analisando o mercado de 2014 e o concreto como material estrutu-
2015, observa-se uma tendência no ral e, como consequência, o piso é 2.2 Concreto armado
aumento do uso de fibras e proten- mais espesso em relação a outras
dido em detrimento da tela soldada. soluções. Os pisos de concreto armado fo-
Em artigo na edição 45 desta Re- Seu dimensionamento é feito no ram desenvolvidos de maneira inde-
vista, foram apresentados os princi- modelo elástico, com o emprego das pendente por dois engenheiros sue-

CONCRETO & Construções | 27


cos: A. Losberg e G.G. Meyerhof. O u possibilidade de placas de gran- ma jointless, nesse caso com di-
primeiro, engenheiro estrutural, de- des dimensões, como no siste- mensões da ordem de 30 m (as
senvolveu seus estudos na Suécia,
enquanto Meyerhof, da área de me-
cânica dos solos, desenvolveu seus
estudos experimentais nos Estados
Unidos.
Hoje, no Brasil, há dois tipos de
pavimentos armados (Figura 1): com
armadura dupla, que é mais tradicio-
nal e é empregado há vários anos,
e com armadura simples – mas com
função estrutural – posicionada a 1/3
da espessura da placa, a partir da
superfície. O modelo estrutural para
pavimentos com armadura simples é
fruto de extenso trabalho de pesqui-
sa desenvolvido pelo IBTS – Instituto
Brasileiro de Telas Soldadas.
O estudo do IBTS teve como
objetivo elaborar modelo de cálcu- u Figura 1
lo similar ao empregado para fibras Piso armado com tela soldada
de aço, de modo a considerar a ar-
madura superior como material re-
sistente aos esforços gerados pelas
cargas atuantes. Para isso foi me-
dida a resistência residual ou fator
de tenacidade em corpos de pro-
va prismáticos, de acordo com as
normas ASTM 1309 e JSCE – SF
4, variando-se a taxa mecânica da
armadura; no Brasil, é mais empre-
gado o R e,3, que é a relação entre a
resistência residual (ASTM 1609) ou
o fator de tenacidade (JSCE – SF4)
pela resistência à fissuração do
concreto, expresso em % A Figura
2 apresenta a curva R e,3 x Taxa me-
cânica da armadura em corpos de
prova ensaiados de acordo com a
norma JSCE – SF 4.
Para o pavimento com armadura
dupla, o dimensionamento é condu-
zido de acordo com a norma NBR
u Figura 2
6118. As principais vantagens dos
Relação entre o R e3 e a taxa de armadura
pavimentos armados são:

28 | CONCRETO & Construções


dimensões das placas no sistema dos no Brasil, de 20 a 35 kg/m³ a utilização em locais públicos,
convencional são da ordem de 12 (0,25 a 0,45 % em volume), não há como estacionamentos, merca-
a 15 m); praticamente alteração na resistên- dos ou outras áreas sujeitas ao
u permitem grande capacidade cia à flexão do concreto. tráfego de pessoas; o problema
de carga; A tenacidade do concreto com pode ser minimizado pela asper-
u as bordas livres do piso podem fibras de aço é função principalmen- ção de agregados de alta resis-
receber reforço complementar te do fator de forma – razão entre tência, que, em taxas em torno
para o piso suportar o incremento o diâmetro equivalente e o compri- de 5 kg/m², criam camada de 2
de esforços que ocorrem nessa mento – tipo de ancoragem e com- a 3 mm de espessura, afastando
região; primento da fibra (máximo 60 mm). dessa forma as fibras da superfí-
u excelente controle de fissuração; As fibras de aço são regidas pela cie;
u dosagem do concreto mais norma NBR 15530; o leitor pode ob- u limitação da relação entre o com-
simples. ter no site da ANAPRE – Associação primento e a largura da placa,
Como pontos deficitários, podem Nacional de Pisos e Revestimentos devendo ser idealmente de 1:1
ser citados: uma especificação bastante prática a 1: 0,8;
u posicionamento correto da armadura; e útil sobre esse material.Hoje o em- u a dosagem do concreto é mais
u mão de obra adicional de armação. prego das fibras de aço é predomi- trabalhosa em função da influên-
nante nos pisos industriais, notada- cia da fibra na reologia do concre-
2.3 Concreto reforçado mente aqueles voltados para a área to no estado plástico e garantia
com fibras de logística. Seus principais pontos de homogeneidade do concreto;
positivos são: u dificuldade em bombear, devido ao
As fibras como reforço de con- u facilidade executiva; desgaste produzido na bomba e
creto para pisos começaram a ser u boa capacidade de absorção de tubulação;
utilizadas em pisos industriais, ini- esforços; u oxidação das fibras próximas à
cialmente de forma tímida a partir u bom controle de fissuração; superfície.
da década de 1980, mas com mais u permite placas de grandes dimen-
vigor a partir da década de 1990, sões – sistema jointless – mas 2.4 Macrofibras poliméricas
quando um fabricante europeu trou- seu maior uso está em placas va- (fibras plásticas
xe técnicas modernas de dimensio- riando de 10 a 15 m. estruturais)
namento, empregando o conceito Como pontos desfavoráveis, po-
da tenacidade, sem o qual, não é de-se destacar: No final da década de 2010, sur-
possível tirar proveito estrutural das u possibilidade de aparecimento giram em maior profusão no Brasil as
fibras, já que nos teores emprega- de fibras na superfície, limitando fibras plásticas estruturais, denomi-
nadas macrofibras poliméricas, do-
sadas em teores variando de 3 a 6
kg/m³ (0,3 a 0,6 % aproximadamente
em volume para a fibra de polipropi-
leno), e que, à semelhança das fibras
de aço, aumentam a tenacidade do
concreto. No Brasil, ainda não há
norma ABNT para esse tipo de fibra,
o que acaba sendo um limitador im-
a Trançada b Entalhada
portante para a sua utilização.
As macrofibras podem ser fabri-
u Figura 3
cadas por uma gama de polímeros,
Exemplos de macrofibras poliméricas
com características distintas entre

CONCRETO & Construções | 29


si, o que acaba impactando no seu u facilidade no transporte das fibras, Na edição78 desta Revista, foi
desempenho, tornando difícil para o influindo no custo final de obras apresentado artigo específico para
consumidor comparar tecnicamente afastadas dos grandes centros; esse tipo de solução, que pode ser
fibras de diversos fornecedores; a Fi- u facilidade de lançamento por consultado pelos leitores mais inte-
gura 3 apresenta dois exemplos de bombeamento; ressados em pisos protendidos. No
macrofibra. Infelizmente, ainda não u controle razoável de fissuração; Brasil emprega-se quase que exclu-
existe no país laboratórios de ensaio u bom desempenho estrutural; sivamente o sistema de cordoalhas
capazes de realizar ensaios de tena- u é possível emprega-las em não aderidas, que apresentam maior
cidade de maneira rotineira, fazendo sistemas jointless, mas com facilidade e praticidade de execução
com que, na maioria das vezes, o uso de aditivos reduto- do que o sistema com bainhas com
projetista tenha de se fundamentar res ou compensadores de aderência posterior.
em curvas de tenacidade fornecidas retração; As principais vantagens dos pisos
pelo fabricante ou mesmo importa- u não estão sujeitas à oxidação. protendidos são:
dor, e o controle de produção acaba Como destaques negativos, tem-se: u placas de grandes dimensões;
sendo feito apenas pela contagem u seu emprego impõe placas de u excelente controle de fissuração
das fibras. menores dimensões, da ordem de do concreto;
Vários fatores podem afetar o de- 8 a 10 m; u alta capacidade de carga;
sempenho da fibra, como o tipo de u as macrofibras têm como caracte- u facilidade de dosagem e lança-
polímero, fator de forma, ancoragem rística apresentarem – sob tensão mento do concreto.
física, emprego de aditivos promoto- – fluência elevada, sendo que este Como pontos negativos, podem
res da adesão com a matriz e disper- fator depende do tipo de polímero ser elencados:
são da fibra, módulo de elasticidade e do tratamento termo-mecânico u não permitem aberturas no piso
do polímero, a própria manufatura e efetuado durante o processo de após sua execução, limitando seu
os equipamentos empregados, e ou- fabricação; emprego em áreas industriais ou
tros mais. Para tornar o cenário mais u a dosagem do concreto é mais onde possa haver possibilidade
crítico para o consumidor, existem trabalhosa em função da influên- de intervenções no piso;
hoje no país importadores indepen- cia da fibra na reologia do concre- u em áreas de estanterias, é necessá-
dentes que não declaram a marca to no estado plástico; rio levar em consideração no projeto
do produto e adotam nome fantasia, u maior dificuldade de homogenei- a profundidade dos chumbadores e
não havendo garantia de homogenei- zação da macrofibra no concreto; após a execução, deve ser impos-
dade no fornecimento. u dependendo das dimensões e to ao usuário a limitação máxima
O polímero empregado na fabri- maleabilidade da fibra, existe a dos fixadores;
cação das macrofibras precisa ser tendência de ficarem retidas na u embora o piso tenha poucas jun-
álcali resistente, como o polipropile- grade da bomba. tas, elas tendem a apresentar
no, a poliamida e o polietileno. Caso grandes aberturas, dificultando o
o polímero seja desconhecido, é ne- 2.5 Concreto protendido seu tratamento. atualmente exis-
cessário realizar teste de resistência te a possibilidade do emprego de
a álcalis. Recomenda-se que o rece- Os pisos protendidos têm ocupa- adições compensadoras de re-
bimento das fibras seja conduzido de do uma pequena parcela do merca- tração do concreto, minimizando
acordo com a Recomendação ANA- do nacional, mas sempre com bas- esse problema;
PRE CF 001-2011. tante destaque devido à sua principal u em função de grandes áreas
Da mesma forma que as fibras característica, que é a possibilidade concretadas, exigem acurado
de aço, o dimensionamento é feito de execução de placas de grandes planejamento da obra;
tendo como base a tenacidade do dimensões, havendo no país obras u dificuldade de reconstrução par-
concreto. As principais vantagens no com placas da ordem de 10 mil me- cial da placa em função de pro-
emprego da macrofibra são: tros quadrados, sem juntas ativas. blemas durante a execução.

30 | CONCRETO & Construções


residual nas barras, após a retração,
que pode ser utilizada estruturalmente.
O ensaio de expansão, que serve
como balizamento para dimensiona-
mento do piso, é feito com restrição ao
deslocamento, promovida por barra
de aço posicionada no eixo do corpo
de prova prismático. Portanto, quando
compara-se o ensaio de retração (que
é livre) com o de expansão, que é res-
tringido, tem-se que ter em mente que
u Figura 4
Curvas conceituais de expansão (restringida) e retração do concreto os corpos de prova estão submetidos
a condições de ensaio diferentes.
2.6 Concreto de que a retração se desenvolve ao longo Embora tradicionalmente o sis-
retração compensada vários de meses (Figura 4). tema SCC tenha sido desenvolvido
Portanto, é necessário “arma- com o emprego de barras de aço (Fi-
O piso de concreto com retração zenar” a energia de expansão, para gura 6), posicionadas a meia altura
compensada teve seu início na déca- que ela possa ser liberada à medida ou a 1/3 da superfície, existem ex-
da de 1960, com o desenvolvimento que a retração ocorra. Esse efeito é periências bem sucedidas com fibras
por A. Klein de um clínquer expansi- conseguido com a colocação de bar- de aço e até mesmo com macrofibras
vo, que, na fase de hidratação, gerava ras de aço, que irão alongar-se pela poliméricas. Nestes casos, o expan-
quantidade expressiva de etringita. O força de expansão, induzindo nas sor é empregado apenas para reduzir
cimento obtido a partir desse clínquer barras tensão de tração, que é deno- ou eliminar a retração do concreto.
recebeu o nome de cimento tipo K e o minada protensão química. Embora novo no Brasil, o sistema
concreto ficou conhecido como con- À medida que o concreto retrai, ge- já apresenta alguns bons exemplos
creto de retração compensada, mais rando tensão de tração no concreto, que atestam a sua viabilidade. Alguns
conhecido por SCC (sigla em inglês, que é compensada pela protensão quí- desses projetos foram feitos para de-
shrinkage-compensating concrete), mica que é aplicada nas barras, inibindo senvolvimento do sistema e vêm sen-
tendo tido larga aplicação nos EUA. a fissuração. Dependendo do poder de do monitorados; a Argentina é rica em
Hoje, como produção do cimento expansão da adição e do teor empre- exemplos de sucesso empregando
tipo K está bastante restrita, tendo sido gado (Figura 5), ocorrerá uma tensão sistema com barras de aço.
substituído por adições expansivas,
notadamente à base de sulfoalumina-
tos ou óxido de cálcio (supercalcina-
do), este produzido em temperaturas
ao redor de 1500 o C, dosadas no con-
creto em teores de 10 a 20 kg/m³.
Empregada na Argentina há mais
de uma década, só agora a solução
chega ao Brasil. O conceito do sistema
é que o concreto expanda de modo a
compensar parcial ou totalmente a re-
u Figura 5
tração; entretanto, a expansão ocorre
Exemplo de variação da expansão restringida com a dosagem
muito rapidamente, em dias, enquanto

CONCRETO & Construções | 31


u facilidade de lançamento do
concreto.
Como pontos que merecem maior
atenção, têm-se:
u dosagem do concreto mais
complexa;
u necessidade de cura úmida nas
idades iniciais;
u exigem acurado planejamento
da obra.

3. CONCLUSÃO
Embora seja possível considerar
os diversos tipos de pisos industriais
como equivalentes, existem aplica-
ções que podem ser mais adequa-
das para uma solução e não tão boa
u Figure 6 para outras.
Barras de aço sendo posicionadas com o avanço da concretagem
O Quadro 1 procura orientar,

As vantagens do piso com con- u excelente controle de fissuração sem a intenção de ser assertivo e

creto de retração compensada são: do concreto; de limitar a discussão do tema, os

u execução de placas de grandes u juntas com pequena abertura; usos mais adequados para cada

dimensões; u bom desempenho estrutural; uma delas.

u Quadro 1 – Sugestão de uso dos diversos tipos de pisos

Macrofibra Retração
Tela Fibra metálica Protendido
polimérica compensada
Garagem corporativa ++ ++ +++ x x
Garagem residencial ++ x +++ x x
Cargas elevadas +++ ++ + +++ ++
Industrial +++ ++ ++ x ++
Logística ++ +++ +++ +++ +++
Supermercados +++ + +++ ++ +++
+++ Excelente; ++ Bom; + Razoável; x Baixa viabilidade.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] ANAPRE: O Mercado de Pisos Industriais no Brasil. Associação Nacional de Pisos e Revestimentos. São Paulo, 2012.
[02] Rodrigues, P. P. F.: Pisos industriais: conceitos e execução. CONCRETO & Construções, Ano XXXIX, nº 45. IBRACON, São Paulo, 2007
[03] Rodrigues, P. P. F.: Pisos industriais protendidos com cordoalha engraxada. CONCRETO & Construções, Ano XLIII, nº 78. IBRACON, São Paulo, 2015
[04] Rodrigues, P. P. F.: Manual de Pisos Industriais: fibras de aço e protendido. Ed. PINI, São Paulo, 2010.
[05] ACI 360R-06: Design of Slabs on Grade. American Concrete Institute Committee 360, EUA 2006.
[06] ACI 223R-10: Guide for the Use of Shrinkage-Compensating Concrete . American Concrete Institute Committee 223, USA 2010.

32 | CONCRETO & Construções


u estruturas em detalhes

Os dez mandamentos do
pavimento de concreto
MARCOS DUTRA DE CARVALHO – Engenheiro
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

A
partir da experiência nacio- a boa técnica da pavimentação rígida, quência ou uma lista de procedimentos
nal e internacional adquirida podendo ser despretensiosamente e atitudes sem os quais o bom resulta-
desde a execução do pri- chamados de “Os dez mandamentos do esperado, sem dúvida, não será al-
meiro pavimento de concreto, em Bel- do pavimento de concreto”. cançado. E tudo depende de pessoas,
lefontaine, Ohio (EUA), em 1893, além Os passos necessários e funda- ou melhor, de profissionais compromis-
da visão específica e da experiência da mentais para que se obtenha o sucesso sados, conforme descrito a seguir.
ABCP sobre o assunto, destacam-se desejado nas obras de pavimentação
aqui os princípios básicos que regem de concreto é traduzido como uma se- 1º MANDAMENTO

“Elaborar um bom projeto executivo


de pavimentação, a partir de estudos
detalhados de tráfego e da fundação”

O processo de execução de um pa-


vimento de concreto deve estar calca-
do num projeto executivo de pavimen-
tação. Esse projeto deve contemplar as
etapas descritas a seguir:
a) estudos geotécnicos;
b) estudos de tráfego;
c) estudos de geometria e traçado da
via ou rodovia;
d) estudos de drenagem superficial,
subsuperficial e profunda;
e) memória de cálculo do pavimento
com definição dos tipos, caracterís-
ticas tecnológicas e espessuras das
camadas constituintes da estrutura;
f) projeto geométrico planialtimétrico,
com todas as informações topográ-
ficas necessárias à perfeita locação
da obra;
g) projeto geométrico de distribuição
de placas e detalhamento dos tipos
u Figura 1
de juntas:
Projeto geométrico de distribuição de placas
– planta, na escala 1:250 ou

CONCRETO & Construções | 33


condições de:
– qualidade do produto final;
– facilidades operacionais;
– menor custo por metro cúbico
de concreto.
O cálculo do traço do concreto levará
em consideração os seguintes aspectos:
– especificações do concreto;
– resistência à tração na flexão;
– relação água/cimento;
– abatimento do tronco de cone;
– diâmetro máximo do agregado;
– teor de ar incorporado;
– teor de argamassa;
– tempo de pega do cimento;
u Figura 2 – caracterização dos materiais;
Detalhe do projeto geométrico, mostrando os distintos tipos de juntas – compatibilidade entre aditivo e
cimento;
1:500, com todos os dados de máxima do agregado graúdo e – equipamentos de dosagem e mistura;
topografia necessários à perfeita teor de argamassa; – tempo de mistura;
locação das juntas no campo; – plano de controle tecnológico – equipamentos de transporte e lan-
– desenhos específicos com de- do concreto no estado fresco e çamento do concreto;
talhes dos tipos de juntas; endurecido, ressaltando se aí o – distância e tempo de transporte;
– seções transversais típicas do controle do abatimento e do teor – equipamento a ser utilizado na exe-
pavimento com indicações de de ar (estado fresco) e o controle cução do pavimento;
drenagem superficial, subsuper- das resistências mecânicas e da – espessura do pavimento;
ficial e profunda; espessura das placas; – sistema de cura;
h) recomendações de execução e de i) notas de serviço e quantitativos de – condições climáticas regionais.
controle de obra, com as especifica- pavimentação. No caso do concreto simples, ci-
ções dos materiais utilizáveis - com As Figuras 1 e 2 ilustram um projeto tam-se ainda:
relação ao concreto simples, são geométrico de distribuição de placas, a) o concreto deverá ser dosado por
fundamentais os seguintes itens: mostrando os distintos tipos de juntas. método racional, de modo a obter-
– espessura das placas, definida -se, com os materiais disponíveis,
em projeto; 2º MANDAMENTO uma mistura fresca, de trabalhabili-
– resistência característica à tra- dade adequada ao processo cons-
ção na flexão (fctM,k), medida aos “Dosar adequadamente o concreto trutivo empregado, e um produto
28 dias, definida como sendo a simples e o concreto compactado com rolo endurecido compacto, de baixa per-
resistência de projeto (eventual- (se houver), a partir do estudo minucioso meabilidade e que satisfaça às con-
mente essa idade poderá ser dos seus materiais constituintes”. dições de resistência mecânica esta-
estendida para 60 ou 90 dias, belecidas no projeto do pavimento;
dependendo da obra); Os principais objetivos dessa fase b) a consistência é determinada pelo

parâmetros de dosagem do dos estudos técnicos são: ensaio de abatimento do tronco de
concreto, como relação água/ a) garantir a qualidade desejada do cone, segundo a norma ABNT NBR
cimento, abatimento, consumo concreto; NM 67:2011 – Concreto - Deter-
mínimo de cimento, teor máxi- b) avaliar dentre as alternativas de ma- minação de consistência pelo aba-
mo de ar incorporado, dimensão teriais a que apresenta as melhores timento do tronco de cone, com

34 | CONCRETO & Construções


130 kg/m3, dependendo dos mate- – produtos de cura;
riais utilizados e da resistência mecâ- – material selante e corpo de apoio;
nica especificada em projeto, e deve- – películas isolantes e impermeabili-
rá ser definido quando da dosagem zantes aplicadas sobre a sub-base;
do concreto compactado com rolo; – aço.
d) o concreto compactado com rolo, É importante ressaltar que qualquer
depois de compactado e nivelado mudança dos materiais no decorrer da
na cota de projeto, deverá atingir um obra deverá ser notificada à empresa ge-
grau de compactação mínimo de renciadora, de modo que providências
100%, considerada a energia normal possam ser tomadas no sentido de garan-
de compactação. tir a qualidade do produto final acabado.
Os concretos deverão ser dosados Caso seja necessário, tanto o con-
u Figura 3 em laboratórios especializados e poste- creto simples quanto o concreto com-
Ensaio de resistência à tração
riormente ter seus traços ajustados no pactado com rolo (se houver) deverão
na flexão do concreto
campo, se necessário. ter seus traços ajustados, tendo em vista
eventuais mudanças no fornecimento
valores situados geralmente entre 3º MANDAMENTO dos materiais, levando-se em conta que
20 mm e 70 mm, dependendo do a produção do concreto é feita em usinas
equipamento a ser utilizado na obra; “Especificar os materiais dosadoras e misturadoras, e o transpor-
c) teor de ar incorporado ao concreto a serem utilizados na obra” te em caminhões basculantes, conforme
é determinado pelo método presso- ilustrado na Figura 4.
métrico, conforme a norma ABNT Depois de realizados os estudos
NBR NM 47:2002 Concreto fresco tecnológicos, os materiais a serem uti- 4º MANDAMENTO
lizados na obra deverão ser claramente
- Determinação do teor de ar pelo
especificados, quais sejam: “Definir os equipamentos
Método Pressométrico, com valores
– cimento (tipo e classe); a serem utilizados na obra”
geralmente situados entre 2% e 4%.
– agregado miúdo (areia);
No caso do concreto compacta-
– agregado graúdo (brita); Os equipamentos a serem utilizados
do com rolo, como camada de sub-
– aditivos;
-base, citam-se:
a) o concreto a ser compactado por meio
de rolos compressores (CCR) se desti-
na à execução de sub-base e deverá
ser dosado por método racional, de
modo a obter-se, com os materiais
disponíveis, uma mistura fresca, de
trabalhabilidade adequada para ser
compactada com rolo, resultando num
produto endurecido com grau de com-
pactação e resistência mecânica esta-
belecidas no projeto do pavimento;
b) deverá ser determinada, em labora-
tório, a umidade ótima que permita
obter a massa específica aparente
máxima seca, considerada a ener-
gia normal de compactação;
u Figura 4
c) o consumo de cimento geralmente
Produção do concreto em usina dosadora e misturadora
está compreendido entre 80 kg/m3 e

CONCRETO & Construções | 35


na execução do pavimento de concreto mento superficial e de vassouras de Escolha do terreno para o canteiro
simples deverão ser capazes de produzir piaçava para a texturização do con-
um produto final acabado de alta qualida- creto. A produtividade típica desse de A escolha do terreno para a ins-
de, com a produtividade esperada. equipamento varia entre 40 m2/hora e talação do conjunto para produção e
Os equipamentos podem ser clas- 50 m2/hora. controle tecnológico de concreto deve
sificados em equipamentos de grande, observar as seguintes prioridades:
médio e de pequeno porte, em função 5º MANDAMENTO a) fluxo de recebimento dos materiais
da sua produtividade. a serem utilizados;
Os equipamentos de grande por- “Definir a logística da obra” b) fluxo de saída dos caminhões para
te são as vibroacabadoras de fôrmas a frente de serviço;
deslizantes, com produtividade maior A definição da logística da obra é c) planta planialtimétrica do terreno.
ou igual a 400 m2/hora, acompanha- fundamental para o sucesso da em- Sempre que possível, a opção deve
das de usinas dosadoras e mistura- preitada, compreendendo desde a ser por terrenos planos, preferencialmen-
doras de concreto, necessárias para instalação do canteiro de obras e da te com geometria retangular, de forma a
garantir o fornecimento de material à usina de concreto até o transporte e permitir no mínimo dois acessos distintos.
frente da vibroacabadora; também, é a descarga do concreto à frente do Na impossibilidade de locação em
comum o emprego de texturizadoras e equipamento. área plana, a melhor opção é a de área
aplicadoras automáticas de produtos O planejamento da instalação do constituída por até três platôs, de forma
de cura. canteiro de obras deve ser realizado a possibilitar a instalação por conjuntos
As vibroacabadoras podem execu- com base em informações específicas ou blocos operacionais.
tar pavimentos com larguras de 2,0 m fornecidas pelo cliente e pelo projetista.
até 16,0 m, em uma única passada, A título de exemplo, citam-se as infor- Locação dos equipamentos
dependendo do modelo. mações básicas para a implantação do no canteiro
Os equipamentos de médio porte canteiro de uma usina dosadora e mis-
operam sobre fôrmas fixas, com dispo- turadora de concreto, quais sejam: Recomenda-se considerar a loca-
sitivos de adensamento e acabamento a) extensão do trecho; ção dos blocos operacionais em áreas
superficial constituídos de cilindros gi- b) locais possíveis de instalação do que permitam livre circulação de veícu-
ratórios; necessitam de adensamento equipamento: los, tendo em vista a necessidade de
manual complementar do concreto, – plantas do trecho, com acessos; operação independente e constante
com vibradores de imersão, à frente – inspeção prévia dos locais. das linhas de transporte de agregados,
do equipamento. c) facilidades possíveis de fornecimen- cimento, água, aditivos e concreto, in-
O emprego de desempenadeiras to dos seguintes itens: cluindo a passagem deste pelo labora-
manuais metálicas (floats) e vassouras – energia elétrica; tório de controle tecnológico.
de piaçava para a texturização super- – água; A casa de comando da central deve
ficial é clássico. Têm produtividade – alojamento; ser locada de forma a permitir:
típica variando entre 100 m2/hora e – refeições; – fácil acesso;
150 m /hora.
2
– óleo diesel; – ampla visão do carregamento de
Os equipamentos de pequeno – equipamentos para preparo concreto;
porte são constituídos de réguas vi- do local; – visão do pátio de agregados.
bratórias, treliçadas ou não, operando – materiais de suporte, para ins- Finalmente, é importante cuidar da
sobre fôrmas fixas, sendo necessário talação: cimento, areia, brita, logística do transporte do concreto da
também o emprego de vibradores de concreto etc.; usina até a frente de serviço, de modo
imersão para o adequado adensamen- d) volume mínimo a ser executado a minimizar percursos e tempo de via-
to do concreto. Também é clássico o diariamente; gem, bem como aquele de manobra e
emprego de desempenadeiras ma- e) datas limites do cronograma para descarga do concreto à frente do equi-
nuais metálicas (floats) para o acaba- instalação e início das atividades. pamento vibroacabador.

36 | CONCRETO & Construções


e o perfil longitudinal projetado.
A camada de sub-base, definida no
projeto, será executada de acordo com
prescrições especiais nele fornecidas.
Em qualquer caso, deverá ser infensa
aos fenômenos de expansibilidade e de
bombeamento, entendido este como a
expulsão, sob a forma de lama fluida, e
de baixo para cima, de solos finos plás-
ticos porventura existentes no subleito
do pavimento de concreto.
As sub-bases podem ser granula-
res ou tratadas com ligantes hidráulicos
ou betuminosos. São os seguintes os
tipos mais usuais de sub-bases utiliza-
u Figura 5
Plano Cotado da sub-base de concreto compactado com rolo – Exemplo das na pavimentação rígida:
de quadro de espessuras corrigidas das placas de concreto simples, – sub-base de concreto compactado
necessário ao ajuste das cotas de projeto no campo com rolo (CCR);
– sub-base de brita graduada tratada
6º MANDAMENTO atendendo às normas e especificações
com cimento (BGTC);
dos organismos oficiais, como o De-
– sub-base de solo-cimento (SC);
“Detalhar os procedimentos de partamento Nacional de Infraestrutura
– sub-base de solo melhorado com
execução e de controle da fundação de Transportes (DNIT), por exemplo.
cimento (SMC);
(subleito e sub-base)” São consideradas operações de
– sub-base de brita graduada simples
preparo da fundação as correções da
(BGS).
Deve-se cuidar para que a funda- camada superficial do subleito e os
De qualquer forma, tanto os pro-
ção do pavimento seja bem executada acertos do leito resultantes das opera-
cedimentos de regularização e confor-
e controlada, conforme as especifica- ções de terraplenagem. Consistirão na
mação do subleito quanto aqueles de
ções de projeto. substituição de solos inadequados e
execução e controle da sub-base de-
Nessa fase, deve-se cuidar para na remoção de blocos de pedra ou raí-
verão estar de acordo com as normas
que o sistema de drenagem subsuper- zes, pedaços de madeira ou quaisquer
brasileiras vigentes, atendendo sempre
ficial e profunda (se houver) seja execu- outros materiais putrescíveis, bem
às especificações de projeto.
tado adequadamente, de acordo com como raspagens e aterros que visem
É de fundamental importância o rigoro-
o projeto executivo de engenharia e colocar o leito de acordo com o greide
so controle topográfico da camada de sub-
-base, elaborando-se o chamado Plano
Cotado da sub-base, de forma a permitir
a correção no campo das cotas de execu-
ção da camada final, garantindo-se, assim,
a espessura de projeto do pavimento de
concreto, conforme ilustrado na Figura 5.
É recomendável que o rigoroso
a b
controle topográfico da obra, com a
elaboração do Plano Cotado, como
u Figura 6 mencionado, seja aplicado a todas as
Distribuição (a) e espalhamento do concreto compactado com rolo com
camadas constituintes do pavimento,
vibroacabadoras de asfalto (b)
desde o subleito.

CONCRETO & Construções | 37


controle da resistência à tração na flexão
do concreto no estado endurecido, bem
como da consistência e do teor de ar in-
corporado do concreto no estado plásti-
co. Também, o controle da espessura do
concreto simples, definida no projeto, é
u Figura 7 crucial para a manutenção da desejada
Compactação do concreto condição estrutural do pavimento ao lon- u Figura 8
compactado com rolo Cura do concreto compactado com
liso vibratório go do período de utilização. Finalmente,
rolo com pintura betuminosa
deve-se garantir que o equipamento vi-
(emulsão asfáltica)
broacabador promova o completo aden-
7º MANDAMENTO samento do concreto, sem a ocorrência pas da execução (Figura 9).
de “ninhos” ou “brocas” no pavimento.
“Detalhar os procedimentos de execução Com relação à condição funcional, 8º MANDAMENTO
e de controle do concreto simples, que traduz o conforto de rolamento
com foco na durabilidade (condição proporcionado pela superfície do pa- “Executar a obra dentro dos padrões
estrutural) e no conforto de rolamento vimento acabado, esta é diretamente de qualidade exigidos”
(condição funcional) do pavimento” afetada, de forma negativa, pelos fato-
res descritos a seguir, no caso da exe- Mostram-se, a título de exemplo, os
Deverão ser detalhados os procedi- cução com vibroacabadoras de fôrmas passos necessários à boa execução de
mentos de execução e de controle de deslizantes: um pavimento de concreto com vibroa-
obra, de acordo com o tipo de equi- – paradas do equipamento vibro­ cabadoras de fôrmas deslizantes:
pamento a ser utilizado. No caso geral acabador; a) para garantia da produtividade é
das obras de grande porte, como as – irregularidade da sub-base; necessário que haja frente de ser-
pavimentações rodoviárias, por exem- – desalinhamento ou catenárias nas viço, com camada de sub-base
plo, os equipamentos recomendados linhas-guia; acabada, curada (quando cimen-
são as vibroacabadoras de fôrmas – excesso de concreto à frente da vi- tada) e nivelada na cota de projeto;
deslizantes, abastecidas por usinas do- broacabadora; não deve haver obstáculos laterais
sadoras e misturadoras de concreto, – grandes variações na consistência e limitadores de altura no curso da
transportáveis, com capacidade nomi- do concreto (abatimento); vibroacabadora;
nal mínima compatível com a produtivi- – variações nas características tecno- b) o concreto deverá ser produzido em
dade desejada (no mínimo 120 m3 por lógicas do concreto;
hora). O emprego de distribuidoras de – desuniformidade nos procedimen-
concreto à frente da vibroacabadora tos de mistura, transporte e lança-
pode ser considerado como um recur- mento, adensamento e acabamen-
so para agilizar a execução, aumentan- to do concreto;
do a produtividade do conjunto. – desuniformidade no avanço do
O objetivo do detalhamento minu- equipamento;
cioso dos procedimentos de execução – equipamento sujo e sem manutenção;
e de controle de obra é garantir a exce- – equipe não treinada, desmotivada e
lência da condição estrutural e funcio- sem compromisso com a qualidade
nal do pavimento. do pavimento acabado.
Com relação à condição estrutural, Em resumo, pode-se dizer que a u Figura 9
ou seja, à capacidade do pavimento palavra chave para a obtenção de um Execução de pavimento de
suportar as cargas solicitantes ao lon- concreto com vibroacabadora
pavimento de concreto confortável é
de fôrmas deslizantes
go do período de projeto, é primordial o a UNIFORMIDADE em todas as eta-

38 | CONCRETO & Construções


usinas dosadoras e misturadoras, de – se a espessura de concreto relação à pressão que ela exerce
grande capacidade, transportáveis e aplicada for menor que a espe- sobre o concreto fresco e à dis-
instaladas estrategicamente no can- cificada em projeto, a estrutura tância mínima a ser mantida das
teiro de obras; essas usinas deverão fica comprometida, gerando bordas do pavimento, de modo
dispor de dispositivos eletrônicos custos elevados de reparação a evitar a ocorrência de depres-
para controle da dosagem e pesa- desses trechos; sões ou abatimentos junto a es-
gem dos materiais, incluindo os adi- – por outro lado, se a espessura sas bordas;
tivos, capazes de produzir concretos de concreto aplicada for maior – desempenadeiras metálicas
homogêneos e com as característi- que a especificada em projeto, de cabo longo (rodos de corte)
cas especificadas em projeto; ocorrerá desperdício de con- e de cabo curto, menores, são
c) é recomendável que a vibroacaba- creto, com consequente eleva- empregadas para o acabamen-
dora opere a uma velocidade míni- ção dos custos de execução do to junto às bordas ou locais que
ma de 0,7 m/min, evitando-se ao pavimento; necessitem de alguma correção;
máximo que o processo seja inter- f) o concreto deve ser lançado de ma- – para o acabamento das bor-
rompido, sob pena de afetar o con- neira uniforme pelo caminhão bas- das propriamente ditas, as cha-
forto de rolamento do pavimento: culante, evitando-se a formação de madas desempenadeiras de
– deve-se dispor de uma quan- pilhas de concreto muito altas; borda curva são muito úteis;
tidade de caminhões bascu- – nessa fase deve-se evitar que o i) após o adensamento do concreto
lantes suficiente para a alimen- próprio concreto ou o caminhão deve-se proceder rapidamente à
tação da vibroacabadora sem basculante desloquem as barras texturização e à aplicação do pro-
que haja interrupção na execu- de transferência pré-colocadas; duto de cura química, na taxa espe-
ção do pavimento; – é importante que se garanta a cificada em projeto:
– os dispositivos de transferência constância do abastecimento de – é desejável a utilização de tex-
de carga devem ser colocados concreto à frente a vibroacabadora; turizadora e sistema de asper-
com agilidade, atendendo ao po- g) o adensamento do concreto é feito são de produto de cura química
sicionamento definido em projeto; pela bateria de vibradores de imer- mecanizado para que se evite,
d) para a garantia da qualidade da su- são, com o auxílio de régua “tam- especialmente em dias quentes,
perfície acabada e do conforto de per”, frontal, ou régua oscilante o aparecimento de fissuras cau-
rolamento, as linhas-guia, respon- transversal, traseira, dependendo sadas pelo fenômeno da retra-
sáveis pelo controle planialtimétrico do tipo de equipamento: ção plástica;
da vibroacabadora, devem estar – é necessário que os vibrado- – é importante que o proces-
perfeitamente alinhadas através res de imersão estejam corre- so de texturização e cura seja
de controle topográfico, evitando- tamente posicionados e com a executado adequadamente. O
-se a ocorrência de catenárias: A vibração adequada ao tipo de produto de cura deverá atender
vibroacabadora deverá estar per- concreto utilizado; à norma ASTM C 309-11  Stan-
feitamente ajustada e calibrada e – cuidados especiais devem ser dard specification for liquid mem-
os operários orientados para evitar tomados com os vibradores junto brane – forming compounds for
o deslocamento das linhas-guia às formas laterais, evitando-se, ali, curing concrete;
pré-posicionadas; o excesso ou a falta de vibração; j) terminada a aplicação do produto
e) é importante que se tenha um con- h) o acabamento do concreto é dado de cura química, o pavimento deve
trole rígido das cotas de projeto pela desempenadeira mecânica ser protegido para que a superfície
(sub-base e placas de concreto do (auto float) ou pela mesa acabadora do concreto fresco não seja danifi-
pavimento), de modo a evitar que a (float pan), dependendo do tipo de cada pela ação de transeuntes, veí-
camada final do pavimento tenha equipamento: culos ou animais;
espessura menor ou maior que a – a desempenadeira mecânica l) a abertura de juntas deve ser exe-
projetada: deverá estar bem regulada com cutada tão logo a resistência do

CONCRETO & Construções | 39


recomendações do fabricante
com relação ao material selante.
Nessa fase é importante ressaltar a
importância de uma equipe bem treina-
da e imbuída do espírito da busca da
excelência.

u Figura 10 9º MANDAMENTO u Figura 12


Adensamento do concreto é Cura química mecanizada
feito com o auxílio de vibradores
de imersão
“Gerenciar a obra “
da vontade e do comprometimento de
todos os envolvidos na obra (cliente,
concreto permita o tráfego do equi- É de fundamental importância o
projetista, construtor e gerenciador) na
pamento de corte e a serragem sem adequado gerenciamento da obra, feito
busca dessa excelência, associados
desprendimento de material: por empresa competente e especial-
ao emprego dos recursos tecnológicos
– deve-se ter um controle rígi- mente contratada para esse fim.
adequados e disponíveis.
do do tempo e profundidade de Caberá à empresa gerenciadora
Portanto, cuidar para que as em-
corte, a fim de evitar o apareci- analisar todos os dados e relatórios ge-
presas envolvidas comprometam-se
mento de trincas estruturais; rados pelo controle tecnológico da obra,
com a qualidade é, além de despertar a
– é necessário ainda que haja bem como gerar toda a documentação
vontade, criar ferramentas que estabe-
equipamentos em quantidade su- técnica de acompanhamento da obra,
leçam o compromisso entre elas, o que
ficiente para a execução dos ser- necessária à comprovação da adequa-
pode ser feito através de contratos de
viços, além de equipamentos para ção do produto final acabado às exigên-
prestação de serviços bem elaborados.
substituição em caso de pane, cias de projeto. Em resumo, caberá à
Finalmente, cabe ressaltar a impor-
bem como os insumos necessá- gerenciadora aprovar ou rejeitar a obra,
tância das PESSOAS envolvidas no
rios ao processo de corte de jun- por partes e, no final, como um todo.
processo:
tas, como discos de serra e forne- É de fundamental importância o
– são pessoas que projetam;
cimento de água e energia elétrica; controle da espessura do pavimento de
– são pessoas que executam;
– não pode haver falha logísti- concreto acabado, o que deve ser feito
– são pessoas que controlam;
ca nesse processo; por medidas topográficas, a partir do
– nada acontece se as pessoas não
– as juntas deverão ser se- Plano Cotado, como já mencionado, e
fizerem as coisas acontecerem;
ladas conforme os fatores de medidas diretas de espessura nas bor-
– as pessoas são as principais com-
forma definidos em projeto e as das do pavimento.
modities desse negócio*.

10º MANDAMENTO

“Cuidar para que as empresas


envolvidas na obra comprometam-
se com a excelência da qualidade do
produto final acabado”

Esse último mandamento ou dogma


é na verdade um resumo dos anterio-
res, associado aos termos vontade e
compromisso.
u Figura 11 u Figura 13
Sem dúvida, a excelência da quali-
Acabamento do concreto Serragem das juntas
dade de um pavimento rígido é função

* Trabalho extraído, atualizado e editado da Prática Recomendada PR-5 da ABCP, da série Pavimento de Concreto, de título “Os Dez Mandamentos da
40 | CONCRETO & Construções Pavimentação Rígida”, de autoria do engenheiro Marcos Dutra de Carvalho, especialista em projeto e tecnologia do pavimento de concreto e responsável
pelo Núcleo de Especialistas em Pavimentação da ABCP
u estruturas em detalhes

Perspectivas para o uso


do concreto com fibras
para pavimentos
ANTONIO DOMINGUES DE FIGUEIREDO
RENATA MONTE
Depto. de Engenharia de Construção Civil
Universidade de São Paulo

1. INTRODUÇÃO desse problema está vinculada ao sionamento de qualquer elemento

A
evolução do concre- restrito número de laboratórios ca- estrutural com o uso do CRF. No
to reforçado com fibras pacitados para a realização de en- entanto, isto vem atrelado, necessa-
(CRF) no Brasil ainda está saios específicos de caracterização riamente, a um maior rigor no nível
aquém do nível técnico das aplica- do CRF. Outro problema é a carên- de controle de qualidade do material
ções observadas em outros países. cia de normas nacionais focando o estrutural.
Na Europa, o CRF já é utilizado há CRF. Nesta situação, as inovações
algum tempo para lajes ou pavimen- obtidas recentemente se restringem 2. NOVO CÓDIGO MODELO fib
tos elevados tendo as fibras como à disponibilização de novas fibras Na concepção do Código Modelo
único material de reforço. No Brasil, no mercado. Mesmo assim, devido fib 2010 (FIB, 2013) o foco de análise
a principal aplicação ainda são os à insuficiência de controle tecnoló- do comportamento básico do CRF
pavimentos industriais apoiados em gico, as novidades que surgem vêm está na capacidade de absorção de
solo. Esta solução é sempre vincu- acompanhadas de dúvidas quanto esforços pós-fissuração. São previs-
lada de alguma forma às facilidades ao seu real desempenho estrutural. tos dois tipos de comportamento bá-
executivas que o uso do CRF pos- No sentido de mitigar este pro- sico. No primeiro, chamado de amo-
sibilita, como o fato de dispensar o blema, ocorreu recentemente a lecimento ou softening, associado a
processo de instalação da armadura instalação de um Comitê Técnico um volume de fibras abaixo do volu-
convencional. Além disso, o uso do CT303 IBRACON/ABECE: Uso de me crítico, a resistência pós-fissura-
CRF permite a entrada de caminhões Materiais não convencionais para ção do material é inferior à resistên-
betoneira para o lançamento direto Estruturas de Concreto, Fibras e cia da matriz. Por consequência, a
do concreto no local de aplicação. Concreto Reforçado com Fibras. capacidade de absorção de esforços
Um problema frequente relacio- Este comitê foi iniciado pela ABE- diminui com a fissuração da matriz e
nado ao uso do CRF para pavimen- CE (Associação Brasileira de Enge- o aumento da abertura da fissura (Fi-
tos está no controle reduzido ou nharia e Consultoria Estrutural) que gura 1a). Nesta condição ocorre ape-
nulo das características estruturais publicou uma recomendação de nas uma fissura no compósito uma
do material. Apesar do reduzido ní- projeto para aplicações estruturais. vez que a tensão no material diminui
vel de demanda estrutural dos pa- Esta recomendação foi baseada nas com o seu surgimento e ampliação.
vimentos, a ausência de estudos novas propostas do Código Modelo O outro comportamento previsto é
de dosagem e do controle regular fib 2010 (FIB, 2013), que traz uma aquele em que o material apresenta
das características do CRF gera um concepção que possibilita maior fle- uma resistência pós-fissuração su-
caráter empírico à aplicação. Parte xibilidade aos projetistas no dimen- perior à da matriz, (Figura 1b). Esta

CONCRETO & Construções | 41


como valores correspondentes ao
ELS (fR1) e ao ELU (f R3), pode-se obter
a equação constitutiva base para o
dimensionamento de estruturas com
CRF. Os gráficos que definem essas
equações estão representados na Fi-
gura 4 para os comportamentos de
softening e hardening.
Para o caso de softening, a defi-
nição da lei constitutiva σ-ε é base-
u Figura 1 ada na identificação da abertura de
Comportamentos básicos do CRF segundo a concepção do fib Model Code fissura w e no correspondente com-
2010 (adaptado de di Prisco et al., 2010)
primento característico estrutural do
elemento em análise l cs. A idéia é co-
condição, denominada endureci- abertura de fissura ou CMOD, quais
nectar as relações constitutivas (σ-
mento ou hardening, está vinculada sejam CMOD1 = 0,5mm, CMOD2 =
ε) com a mecânica da fratura (σ-w).
à múltipla fissuração do material. O 1,5mm, CMOD 3 = 2,5mm e CMOD4
Assim, toma-se l cs como o espaça-
dimensionamento para um ou outro = 3,5mm, respectivamente. Estes va-
mento das fissuras (multifissuração
comportamento irá depender do tipo lores de resistência residual são en-
para o caso de o volume de fibras
de elemento estrutural. Assim, no tão associados ao Estado Limite de
ser superior ao crítico) que pode
caso de pavimentos, em que há uma Serviço (ELS) e Estado Limite Último
também ser considerado como o
redundância estrutural relacionada (ELU) em função do nível de aber-
vão do prisma quando usada aná-
à possibilidade de redistribuição de tura de fissura. A partir do valor da
lise plana (di PRISCO et al., 2010).
esforços no elemento, é adequa- resistência à tração da matriz e das
Assim tem-se a relação ε = w/l cs para
do pensar num comportamento de resistências residuais estabelecidas
softening.
O novo Código Modelo fib ado-
tou o ensaio tradicional de flexão
em prismas definido pela norma eu-
ropeia EN14651:2007. Esse método
é baseado na flexão de prismas com
entalhe inferior e carregados com
apenas um cutelo superior conforme
o apresentado na Figura 2. A partir
desse ensaio é possível obter uma
curva de carga versus abertura de
fissura obtida com um transdutor
CMOD (Crack mouth opening dis-
placement) (Figura 3). Nessa análise
se pode avaliar a resistência residu-
al, tanto para baixos como para al-
tos níveis de abertura de fissura.
As resistências residuais, obtidas
pelo método EN14651:2007, corres-
u Figura 2
pondentes aos valores f R1, f R2, f R3, f R4, Esquema de ensaio de flexão em prismas com entalhe adotado pela norma
são definidas para quatro níveis de EN14651:2007

42 | CONCRETO & Construções


forma fica clara a necessidade de
controle e parametrização do CRF
de modo a verificar as premissas
de projeto.

3. O CONTROLE DO CRF
PARA PAVIMENTOS
Os programas de controle de
qualidade do concreto deveriam ser
algo básico e de total domínio da
comunidade técnica de uma região
u Figura 3 onde se executem obras de respon-
Curva padrão para medida de resistência residual pós-fissuração no ensaio
sabilidade. Nas últimas edições do
de flexão em prismas com entalhe adotado pela norma EN14651:2007
Congresso Brasileiros do Concreto,

a obtenção das equações constitu- função da relação f R3k/f R1k. O valor do IBRACON, foram relatados traba-

tivas do material, sendo que ε ELS = de f R1k pode variar de 1 MPa a 8 lhos que demonstraram claramente

CMOD 1/l cs e ε ELU = Wu/l cs, sendo que MPa e a relação f R3k/f R1k pode se cir- o risco de baixa qualidade de en-

Wu seja considerado de modo a 1% cunscrever nos seguintes intervalos saios sendo realizados por laborató-

≤ ε ELU ≤ 2%. de classificação: rios nacionais. Há um número muito

Há também uma classifi- u a, se 0.5 ≤ f R3k/f R1k ≤ 0.7; reduzido de laboratórios acreditados

cação do comportamento do u b, se 0.7 ≤ f R3k/f R1k ≤ 0.9; pelo INMETRO para a realização do

CRF quanto à tenacidade pre- u c, se 0.9 ≤ f R3k/f R1k ≤ 1.1; ensaio de compressão axial. Isto é

vista pelo Código Modelo. Nele u d, se 1.1 ≤ f R3k/f R1k ≤ 1.3; prejudicial para a fundamentação da

o ELU, correspondente ao f R3k, u e, se 1.3 ≤ f R3k/f R1k. tecnologia do concreto estrutural no

pode ser relacionado com o ELS, Além disso, é estabelecida a re- país. Se esta condição difícil ocorre

correspondente ao f R1k, através da lação mínima f R3k/f R1k ≥ 0,5 o que para um ensaio simples como o de

relação f R3k/f R1k. Ou seja, são esta- configura uma resistência residual determinação da resistência à com-

belecidas categorias de compor- mínima no ELU que é a metade da pressão, para o controle da tenaci-

tamento residual (a, b, c, d, e) em resistência residual no ELS. Dessa dade é ainda mais crítica. Estudos
anteriores demonstraram que o en-
saio de determinação da tenacidade
a b através do tradicional método JSCE
SF4:1984, realizado com o mesmo
concreto em quatro laboratórios
distintos, foi problemático em ter-
mos de reprodutibilidade. Ressalte-
-se que esse ensaio tem uma con-
cepção menos sofisticada do que o
ensaio EN14651:2007 e, principal-
mente, é muito limitado para análi-
se das capacidades resistentes no
u Figura 4 ELS e ELU. A isso se soma o fato
Gráficos representativos das equações constitutivas para o de que esse ensaio exige um siste-
dimensionamento de elementos com CRF apresentando comportamento ma fechado de controle de deforma-
de softening (a) e hardening (b) segundo o fib Model Code
(di Prisco et al., 2010) ção, ou seja, a deformação imposta
no ensaio deve ser controlada pelo

CONCRETO & Construções | 43


deslocamento medido no corpo de
prova. Isto implica na capacitação
dos laboratórios com equipamentos
mais sofisticados do que aqueles
atualmente disponíveis nessas em-
presas. Desta forma, o ensaio de
EN14651:2007 necessita de maio-
res investimentos e cuidados, além
de pessoas qualificadas para con-
duzi-lo. Consequentemente, haverá
maiores dificuldades para se encon-
trar laboratórios qualificados para a
sua adequada execução.
a b
O desafio futuro para a tecnologia
do CRF no Brasil será então desen-
u Figura 5
volver modelos de dimensionamento Ensaio Barcelona em execução (a) e o corpo de prova após o ensaio (b)
e controle compatíveis e, principal-
mente, aplicáveis de maneira confiá-
do comportamento pós-fissuração, dimentos de ensaio. Para as fibras
vel. Neste sentido, alguns estudos já
outros terão que ser desenvolvi- sintéticas, a pesquisa realizada por
estão sendo feitos tentando-se rela-
dos para o estabelecimento de um Estrada et al. (2015) apresenta pro-
cionar o comportamento mecânico
programa adequado de controle de cedimentos para a caracterização
do CRF, avaliado em prismas, com os
qualidade. Entre eles está o controle geométrica deste material. Estudos
obtidos com outros ensaios mais sim-
da fibra que, para o caso da fibra de abordando a caracterização mecâ-
ples, como é o caso do ensaio Bar-
aço, a norma NBR 15530:2007 es- nica das fibras estão sendo finali-
celona (PUJADAS et. al., 2013). Este
tabelece alguns requisitos e proce- zados e deverão compor parte das
ensaio consiste no puncionamento de
um cilindro e o controle do desloca-
mento do pistão, conforme o ilustrado
na Figura 5.
Os resultados do ensaio Barcelona
podem ser correlacionados aos obti-
dos no ensaio de tração na flexão. Um
exemplo deste tipo de correlação é
apresentado na Figura 6 onde se pode
observar uma ótima correlação. Com
isso, é possível realizar ensaios corri-
queiros para controle de qualidade uti-
lizando o ensaio Barcelona, deixando
ensaios mais complexos, como o pre-
conizado pela EN14951:2007, para as
atividades de dosagem e qualificação
do CRF.
u Figura 6
Regressões lineares entre as tenacidades médias dos ensaios
4. O CONTROLE DA FIBRA
JSCE-SF4 (0 ≤ d ≤ 2) e Barcelona (0 ≤ TCOD ≤ 4) para a fibra de aço
E DO SEU CONSUMO (Adaptado de Monte; Toaldo; Figueiredo, 2014)
Além dos ensaios de controle

44 | CONCRETO & Construções


recomendações a serem publicadas do maior ou menor nível de respon- ser obtido através da realização do
pelo CT303. sabilidade estrutural, sem dúvida. ensaio Barcelona, sem tantas difi-
Além da caracterização do mate- Mas não é aceitável a aplicação do culdades como as existentes nos
rial, a determinação do teor de fibra CRF sem qualquer controle. Para o ensaios de tenacidade à flexão.
incorporado ao concreto é funda- pavimento, é fundamental que haja Dessa maneira, nos trabalhos do
mental. Isto já foi analisado para o um estudo prévio de dosagem que comitê CT303 deverão ser aborda-
caso do estado endurecido (KALIL et garanta que o reforço de fibras seja dos temas muito importantes para
al., 2010), mas precisa receber aten- suficiente para atender às exigên- especificação do CRF. Nessa es-
ção para o caso do estado fresco. cias de resistência pós-fissuração. pecificação, se houver a adoção da
Neste caso, ensaios mais sofistica- filosofia empregada pelo fib Model
5. COMENTÁRIOS FINAIS dos podem ser de grande valia para Code 2010 (FIB, 2013), o que é já
Há uma tendência internacional otimização do dimensionamento do uma tendência demonstrada pela
de busca de consenso e de emba- reforço e, assim, minimização de ABECE, haverá uma maior probabi-
samento técnico científico que po- custos associados à produção do lidade de êxito. Essa especificação
tencializem o uso do CRF como ma- material. No entanto, parece razo- irá depender também da definição
terial estrutural. Esta tendência está ável conceber um sistema de con- de métodos de ensaio confiáveis,
muito direcionada ao novo fib Model trole simples no qual se verificaria a que possam avaliar as resistências
Code 2010 (FIB, 2013) e irá permear qualidade da matriz a partir de um residuais no ELS e ELU, o que impli-
as mais distintas aplicações do CRF ensaio de caracterização mecânica ca dizer que não deve haver instabi-
seja qual for o tipo de fibra utiliza- (como é o caso da determinação lidade na fase pós-pico prejudican-
do. Assim, será possível minimizar da resistência à tração na flexão) do a medida da resistência residual
o grau de desconfiança que o meio em conjunto com a execução de para baixos níveis de abertura de
técnico tem para esta aplicação e um ensaio de controle do teor de fissura, o que é um problema preo-
possibilitar um incremento nas pos- fibras efetivamente incorporadas cupante há bom tempo. Finalmente,
sibilidades de aplicação em pavi- na matriz. Esse poderia ser consi- deverá se procurar qualificar o meio
mentos e outros tipos de estruturas. derado um nível mínimo de contro- técnico nacional, especialmente os
Vale ressaltar que qualquer apli- le para pavimentos de menor res- laboratórios de controle, de modo
cação estrutural do CRF exige um ponsabilidade estrutural. Por outro a garantir suporte adequado para o
nível de controle de qualidade mí- lado, o aumento do nível de rigor uso do CRF como material estrutural
nimo. O nível do rigor irá depender nesse processo de controle poderia confiável.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 15530: fibras de aço para concreto. Rio de Janeiro, 2007. 7p.
[02] DI PRISCO, M.; PLIZZARI, G.; VANDEWALLE, L. Fiber reinforced concrete in the new FIB model code. Proceedings of the Third International Congress and Exhibition
Fib “Think Globally, Build locally”. In: 3° FIB INTERNATIONAL CONGRESS, 2010, Washington, p. 1-12.
[03] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 14651. Test method for metallic fibre concrete - Measuring the flexural tensile strength (limit of proportionality
residual). European Standard. 2007. 20p.
[04] ESTRADA, A. R. C.; GALOBARDES, I.; REBMANN, M. S.; MONTE, R.; FIGUEIREDO, A. D. Geometric charactarization of polymeric macrofibers. Revista IBRACON de
Estruturas e Materiais, v. 8, p. 644-668, 2015.
[05] FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON – FIB. Fib Model Code for Concrete Structures 2010. Switzerland, 2013. 402p.
[06] JSCE - JAPAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS. Method of tests for flexural strength and flexural toughness of steel fiber reinforced concrete. JSCE-SF4. Concrete
Library of JSCE. Part III-2 Method of tests for steel fiber reinforced concrete. 1984. p.58-61.
[07] KALIL, R. Z., ESCARIZ, R. C., FIGUEIREDO, A. D. Elaboração de método de ensaio para determinação do teor de fibras em concreto endurecido. In: 52o. Congresso
Brasileiro do Concreto, 2010, Fortaleza. Instituto Brasileiro do Concreto - IBRACON, 2010.
[08] MONTE, R.; TOALDO, G. S.; FIGUEIREDO, A. D. Avaliação da tenacidade de concretos reforçados com fibras através de ensaios com sistema aberto. Matéria (UFRJ),
v. 19, p. 132-149, 2014.
[09] PUJADAS P., BLANCO A., CAVALARO S.H.P., de la FUENTE A., AGUADO A. New Analytical Model to Generalize the Barcelona Test Using Axial Displacement. Journal
of Civil Engineering and Management. Vol. 19, n. 2, 2013

CONCRETO & Construções | 45


u estruturas em detalhes

Projeto de pavimento em
concreto protendido para
um terminal de contêineres
MATEUS BERWALDT SANTOS – Professor Mestre
Instituto Federal Sul-Riograndense (IFSUL)

MAURO DE VASCONCELLOS REAL – Professor Doutor


ANTÔNIO MARCOS DE LIMA ALVES – Professor Doutor
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

1. INTRODUÇÃO cargas: contêineres, stackers e guin- ção de água, o que provoca a perda de

O
s pavimentos portuários dastes de pórtico sobre pneus (RTGs). partículas finas, tornando a sub-base
geralmente estão sujeitos a Os tipos de pavimentos tradicional- mais recalcável. Desse modo, a ação
cargas elevadas e o dina- mente utilizados em portos são: pedra das rodas dos veículos poderá cau-
mismo das movimentações nos portos natural, concreto compactado a rolo, sar tensões maiores no pavimento na
cria dificuldades para obras de manuten- placas de concreto, concreto armado e proximidade das juntas. Além disso, a
ção. Por isso, as soluções de pavimenta- blocos intertravados de concreto. grande intensidade das cargas em um
ção devem ter resistência e durabilidade. Os pavimentos de concreto podem terminal portuário exige placas de maior
As cargas variam em geometria fornecer excelente desempenho, sob espessura e, muitas vezes, requer o
e intensidade, conforme a finalidade grande variedade de condições opera- uso de elevada taxa de armadura.
do terminal portuário. No caso de um cionais. No entanto, as juntas de dilata- No pavimento rígido em concreto pro-
terminal de contêineres como de Rio ção relativamente próximas constituem tendido, os esforços de tração são con-
Grande, destacam- se as seguintes pontos por onde pode ocorrer infiltra- trolados pela protensão, a qual comprime
o concreto, criando nele uma reserva de
tensão que permite uma redução sensí-
vel na espessura da placa. A placa assim
comprimida se constitui num pavimento
praticamente impermeável e sem trincas.
As juntas de dilatação, maior fonte de
quebras na placa convencional, podem
ser distanciadas até 150 m uma da outra
(SCHMID, 2005).
A protensão constitui um método
eficiente para diminuir o número de jun-
tas e reduzir o risco de fissuração na
placa. Assim, a protensão prolonga a
vida útil do pavimento, além de permitir
u Figura 1
Pátio do Tecon de Rio Grande – RS a redução da espessura da placa.
Este trabalho tem como objetivo

46 | CONCRETO & Construções


estudar a alternativa da laje de concreto
protendido para pavimentos portuários.
Para isso apresenta um exemplo de di-
mensionamento, para o terminal de con-
têineres de Rio Grande (Tecon). Também
foram desenvolvidas planilhas eletrôni-
cas para o projeto, as quais permitem
variar espessura da laje de concreto, fck,
armadura ativa e propriedades da sub-
-base, permitindo encontrar a solução
mais vantajosa. Os modelos de cálculo u Figura 2
e as planilhas foram verificados por meio Perdas de protensão no cabo devido ao atrito (linha azul) e a acomodação
das ancoragens (triângulos)
da comparação dos seus resultados
com resultados de um projeto apresen-
tado por VASCONCELOS (1979). instante t0, logo após a liberação dos ponde ao retorno dos cabos devido à
macacos hidráulicos e a transferência acomodação das ancoragens. Deve
2. METODOLOGIA DE PROJETO da força de protensão para o concreto. ser retirado do catálogo do fabricante
DE PAVIMENTO EM CONCRETO dos equipamentos. Através da análise
PROTENDIDO 2.2.1.1 Perdas por atrito entre da figura 2, é possível trabalhar a equa-
O dimensionamento do pavimento o cabo de protensão ção 2 deixando explícito o valor de xr.
deve ser realizado para dois casos- e a bainha
-limite, ou seja, para o ponto onde a E p . A p .d .l
xr = [3]
compressão no concreto será mínima As perdas por atrito entre o cabo de 2.DPatr
devido às perdas de protensão, o meio protensão e a bainha podem ser calcu-
da placa (L/2), e para o ponto onde a ladas pela equação fornecida pela NBR Como um pavimento em concre-
compressão no concreto será máxima, 6118 (2014): to protendido geralmente possui um
ponto de repouso (xr). comprimento grande, a acomodação
DPatr = Pi [1 - e - ( mSa + Kx ) ] [1] das ancoragens não provoca perda
2.1 Cálculo da força de de protensão no meio da placa, pois o
protensão inicial atrito entre cabo e bainha impede que
2.2.1.2 Perdas por acomodação isso ocorra. A perda máxima de proten-
Trata-se da força máxima de tração das ancoragens são por acomodação das ancoragens
nos cabos de protensão, antes da libe- ocorre nas extremidades da placa e
ração dos macacos hidráulicos e que Quando os macacos de protensão pode ser calculada pela equação 4.
aconteça qualquer perda de protensão. são retirados ocorre a acomodação
Deve ser calculada com base nos limi- das ancoragens. Com isso, o cabo tem
D Panc , máx = 2 .[ Pi - P ( xr )] [4]
tes previstos na NBR 6118 (2014) em um movimento no sentido contrário ao
relação às tensões de escoamento e da protensão, então acontece uma di-
ruptura do aço utilizado. minuição na força de protensão até o
ponto de repouso (xr). Para determinar 2.2.1.3 Perdas por encurtamento
2.2 Situação no meio da placa a posição deste ponto, podemos usar elástico do concreto
a seguinte relação, conforme a figura 2:
2.2.1 Perdas imediatas da força Na protensão com aderência
E p . A p .d = Área do triângulo [2] posterior, quando um cabo do pavi-
de protensão
mento é tracionado, ocorre uma de-
São aquelas que acontecem no Na equação 2, o valor de δ corres- formação no concreto, ou seja, um

CONCRETO & Construções | 47


encurtamento, o que alivia a tensão nos 2.3 Situação no ponto de repouso
L
cabos anteriormente tracionados. Des- Fa = .(g .h).m [14]
2
se modo, apenas o último cabo não tem A sequência de cálculo é a mesma
perda de protensão por encurtamento utilizada no meio da placa. Porém no Onde: Fa é a força de atrito; µ é
elástico. O valor médio é dado por: cálculo das perdas por atrito, é preciso o coeficiente de atrito entre a placa e
a p .(s c , p 0 g ).( n - 1) usar o valor de xr. a sub-base; γ é o peso específico do
Ds p = [5]
concreto protendido; e h é a espessu-
2.n
2.4 Cálculo do alongamento ra do pavimento.
Onde: σ c , p 0 g é a tensão inicial no dos cabos
concreto ao nível do baricentro da ar- 2.6 Combinações para o cálculo
madura ativa, devido à protensão si- Durante a operação de protensão, os do momento de fissuração
multânea de n cabos e a carga perma- cabos sofrem um alongamento, o qual é
nente (peso próprio). função da força de tração e do módu- O momento de fissuração deve ser
lo de elasticidade. O valor desse alon- calculado para duas situações-limite. Em
æ 1 e 2p ö M g .e p
s c , p 0 g = Pa ç + ÷- [6] gamento é uma medida importante na ambas são consideradas a protensão ini-
ç Ac I c ÷ Ic
è ø execução da protensão, pois determina cial e as perdas imediatas e progressivas.
quando a força de tração de projeto foi A diferença é que na Situação A, é levado
2.2.2 Perdas progressivas da força atingida. Para calcular o alongamento, em conta o gradiente de temperatura e,
de protensão podemos utilizar a seguinte relação: na Situação B, o atrito com o solo. Esses
dois fatores não devem ser considerados
Além das perdas imediatas, também juntos, porque quando o gradiente pro-
E p . A p .DL = Área do trapézio até L/2 [12]
ocorrem perdas de protensão ao longo voca tração nas fibras inferiores da placa,
do tempo. As causas são: retração e o atrito com a sub-base irá se opor a isto,
fluência do concreto e relaxação do aço A área em questão pode ser obtida provocando compressão que está a fa-
de protensão. Conforme a NBR 6118 na figura 2. Trabalhando a equação 12 vor da segurança.
(2014), as perdas progressivas de pro- pode-se deixar explícito o valor de ΔL.
tensão devem ser calculadas de acordo 2.7 Cálculo do momento de
com equação 7. Sendo que as equa- (2.Pi - DPatr ).L fissuração do pavimento
DL = [13]
ções de 8 a 11 fornecem parâmetros. 4.E p .Ap
Quando o momento de serviço atinge
Ds p (t , t0 ) =
o valor do momento de fissuração, a tra-
- e cs (t , t0 ).E p -a p .s c, p 0 g .j (t , t0 ) - s p 0 .c (t , t 0 ) [7] 2.5 Atrito com a sub-base ção máxima no concreto terá atingido o
c p + c c .a p .h .r p valor da resistência à tração do concreto
Se o atrito com a sub-base atingir na flexão. Portanto o pavimento estará
valores elevados, pode consumir até sujeito à abertura de fissuras. O dimen-
c (t , t 0 ) = - ln[1 - Y (t , t 0 )] [8] toda a força de protensão no meio sionamento deve ser feito para evitar
da placa. Para que isto não ocorra é isso. As equações 15 a 19 são usadas
preciso limitar o comprimento do pa- para obter o momento de fissuração. O
c c = 1 + 0,5j (t , t 0 ) [9] vimento. SCHMID (2005) afirma que cálculo deve ser feito para o meio da pla-
o comprimento ideal está entre 100 e ca e ponto de repouso, considerando as
150 metros. O valor do coeficiente de Situações A e B (SANTOS, 2015).
c p =1+ c(t,t0 ) [10] atrito também precisa ser reduzido, o
que geralmente é feito com o uso de é s p¥ s c, p 0 g ù
1 + 2.ê +a p. ú.r p + 2a p .d .r p
Ac um filme plástico entre o pavimento e a ê f ct , f
ë f ct , f ûú
h = 1 + e 2p [11] xr = [15]
Ic sub-base. A força do atrito é calculada é s p¥ s c, p 0 g ù
2 + 2.ê +a p. ú.r p + 2a p .r p
através da equação 14.
ëê f ct , f f ct , f ûú

48 | CONCRETO & Construções


2.9.2 Correção no valor de a
x r = x r .h [16] E I = k I .E cs [21]

b=a para a ³ 1,724h [24]


f ct , f
2.9 Cálculo do efeito da carga
Ecs [17]
cr = dos veículos
(h - xr ) b = 1,6a 2 + h 2 - 0,675h
[25]
para a < 1,724 h
A tensão devido à carga dos veícu-
k I = x 2 (3 - 2x ) + (1 - x ) 2 . los é calculada através das equações de
é s p¥ s c, p0 g ù Westergaard, as quais permitem determi- 2.9.3 Cálculo das tensões
(1 + 2x ) + 12 ê +a p . ú. nar os esforços em três regiões do pa-
ëê f ct , f f ct , f ûú
vimento: interior (spi), borda (spb) e canto
1ö [18] 0, 275 P
æ
r p .ç d - ÷.(1 - x )+ 12 .a p . (spc). A tensão que o veículo-tipo provoca s Pi = .(1 + u ).
è 2ø no interior do pavimento é utilizada no di- h2
[26]
æ 1ö mensionamento, as demais servem para é æ E cs .h 3 ö ù
r p (d - x ).ç d - ÷ êlog çç ÷ - 0, 436 ú
è 2ø 4 ÷
fazer reforços localizados nas bordas e êë è k .b ø úû
cantos do pavimento (SANTOS, 2015).

M r = k I .I c .E cs .c r 0,529 .P.(1 + 0,54 .u )


[19] 2.9.1 Raio do círculo equivalente (a) s Pb = .
h2
[27]
é æ E cs .h 3 ö ù
Com a equação 15, é obtida a Nos cálculos, a área de contato do êlog çç ÷ - 0,71ú
4 ÷
posição da linha neutra, em relação pneu com o pavimento é representa- ëê è k .b ø ûú
ao limite superior da seção do pa- da por um círculo, cujo raio é função
vimento. A equação 17 determina a da carga na roda e da pressão de en- é æ b ö 0,6 ù
3P
curvatura da seção que corresponde chimento do pneu. O que determina a s Pc = - ê1 - ç ÷ ú [28]
h2 ëê è l ø ûú
ao momento de fissuração. A rigi- existência de um ou dois pneus relevan-
dez adimensional é calculada com a tes é a distância entre os pneus mais
equação 18. O momento de fissura- próximos. Se a distância for menor que 2.9.4 Momentos devido à carga
ção é obtido com a equação 19. O o raio de rigidez médio multiplicado por dos veículos

detalhamento e as deduções destas 1,5, então o veículo possui dois pneus


equações encontram-se em SAN- relevantes; caso contrário, terá apenas
TOS (2015). um. Isto se deve a sobreposição dos M P = s P .W [29]
esforços de flexão provocados por car-
2.8 Cálculo do raio de rigidez gas próximas (RODRIGUES, 2006).
relativa do pavimento L.h 2
W= [30]
2.9.1.1 Situações com 6
O raio de rigidez relativa é relação um pneu relevante
entre a rigidez da placa e a rigidez
Pd
do subleito. Indica a distância em re- a= [22] 2.10 Efeito do gradiente térmico
pp
lação a carga para que aconteça a na placa
inversão do momento fletor. Deve ser
calculado para as quatro situações 2.9.1.2 Situações com A diferença de temperatura entre
descritas em 2.7. dois pneus relevantes a face superior e a inferior da placa
provoca o surgimento de um gradien-
E I .h 3 0,8521.Pd Sd æ Pd ö
1/ 2
l=4 [20]
a= + çç ÷ [23] te térmico, que tende a causar curva-
12.(1 - v 2 ).k pp p è 0,5227 p ÷ø turas na placa. Porém, o peso próprio

CONCRETO & Construções | 49


provoca o surgimento de momentos 2.11.3 Coeficiente mínimo de segurança (1979), o coeficiente de segurança
que reestabelecem a forma plana e o à fissuração mínimo contra fissuração precisa ser
aparecimento de tensões de fle- 1,25. Este valor foi alcançado nas
xão. A equação 31 foi desenvolvida Conforme a NBR 6118 (2014), as Situações A e B, do exemplo realiza-
por Westergaard e permite calcu- resistências no estado-limite de serviço do pelo autor, como podemos ver na
lar o momento devido ao gradiente (ELS) não necessitam de minoração; Tabela 3.13.
térmico. portanto, o coeficiente de ponderação No modelo de cálculo proposto
das resistências ( γ m ) é igual a 1,0. neste trabalho, o referido coeficiente
Ecs .h 2 .a.DT Neste trabalho o γ m equivale ao γ fis . mínimo é 1,0, o que está de acordo
M DT = [31]
12(1 - n ) com a NBR 6118 (2014), como foi
2.12 Verificação da carga explicado no item 2.11.3. Porém, o
2.11 Determinação da segurança uniformemente distribuída exemplo de dimensionamento da bi-
à fissuração bliografia, quando solucionado atra-
Segundo RODRIGUES (2006), o vés do modelo, ficou com os coefi-
A segurança contra fissuração é momento negativo que as cargas distri- cientes abaixo no mínimo, conforme a
indicada pelo coeficiente γ fis , o qual buídas produzem nos corredores supe- tabela 3.20. No entanto, isso se deve
é uma relação entre o momento de ra o momento positivo que ocorre sob a dois fatores justificáveis.
fissuração e o momento de serviço. as cargas. De acordo com a largura O primeiro é que VASCONCELOS
O coeficiente deve ser verificado do corredor, pode ocorrer a superpo- (1979) utilizou o método de Pickett e
para as situações A e B. Segundo a sição dos momentos negativos e esta Ray para determinar o momento devido
NBR 6118 (2014), o coeficiente de será máxima para a largura de 2,2 l . A aos veículos, este método é baseado
ponderação das ações para o esta- carga máxima admissível no pavimento nas Cartas de Influência e não pode ser
do limite de serviço ( γ f ) é 1,0, salvo rígido pode ser calculada, por meio da programado em uma planilha eletrôni-
exigência em contrário, expressa em equação 33. ca. Neste trabalho, foram utilizadas as
norma específica; portanto, não é equações de Westergaard, determi-
f ct , f
necessário ponderar o valor do mo- q adm = 1,03. . h.K [33] nando o momento devido aos veículos.
gc
mento de serviço. Com o uso das equações foram encon-
A norma americana UFC 4-152-01 trados momentos maiores.
M fis
g fis = [32] (2012) prevê uma carga distribuída de O segundo é que neste trabalho
M ser foram utilizadas as fórmulas da NBR
47,9 kN/m² devido a contêineres.
6118 (2014) para calcular a resistên-
2.11.1 Situação A 3. VERIFICAÇÃO DO MODELO cia à tração na flexão ( f ctf ) . Com es-
DE CÁLCULO sas fórmulas, foi encontrado um valor
O momento de serviço é a soma do O modelo de cálculo proposto foi menor para esta resistência do que o
momento devido à carga dos veículos verificado por meio do exemplo de valor apresentado por VASCONCE-
e do momento devido ao gradiente tér- dimensionamento de pavimento para LOS (1979).
mico. Já, o momento de fissuração é o aeroporto apresentado por VASCON- Contudo, se no modelo de cálculo
menor entre os calculados em 2.7 para CELOS (1979). As tabelas 3.1 a 3.6 forem empregados os momentos soli-
a Situação A. exibem os dados iniciais do referido citantes de VASCONCELOS (1979), os
autor e as tabelas 3.7 a 3.13 mostram coeficientes de segurança à fissuração
2.11.2 Situação B os resultados encontrados por ele. passam a valer 1,11 para a Situação A
Nas tabelas 3.14 a 3.20 estão os re- e 1,01 para a Situação B; portanto, os
O momento de serviço é devido so- sultados obtidos mediante o modelo dois estão acima de 1,00 e o pavimen-
mente à carga dos veículos. Já o mo- de cálculo proposto. to atende às exigências da NBR 6118
mento de fissuração é o menor entre os De acordo com o método de (2014), quanto ao estado limite de for-
calculados em 2.7 para a Situação B. cálculo usado por VASCONCELOS mação de fissuras.

50 | CONCRETO & Construções


3.1 - DADOS GEOMÉTRICOS 3.2 - DADOS DA CARGA
Espessura do pavimento (h) [m] 0,18 Carga no pneu mais carregado [kN] 450
Largura da faixa de concretagem [m] 7,50 Pressão de enchimento dos pneus [MPa] 1,3
Comprimento entre juntas [m] 115,00 Peso máximo da aeronave [kN] 3000

3.3 - DADOS RELATIVOS AO CONCRETO 3.4 - DADOS DO AÇO DE PROTENSÃO


Peso específico (Ɣ) [kN/m³] 24 Diâmetro [mm] 14
Resistência à tração na flexão (módulo de 5,5 Limite de escoamento (f pyk ) [MPa] 800
ruptura) [MPa] Resistência à tração (f ptk) [MPa] 1050
Módulo de elasticidade à compressão (E cc) 35 Módulo de elasticidade (E p) [GPa] 205
[GPa] Limite técnico de fluência [MPa] 700
Módulo de elasticidade à tração (E ct) [GPa] 11,7 Ondulação inevitável dos cabos [rad/m] 0,00873
Coeficiente de Poisson (n) [adm.] 0,15 Coef. de atrito entre cabo e bainha (f) [adm.] 0,22
Coeficiente de retração final (e cs,8 ) [adm.] 0,00015 Número de cabos na faixa de concretagem 25
Coeficiente de fluência ( f ) [adm.] 2,5 Retorno cabo acomodação da anc. (d) [m] 0,002

3.5 - DADOS RELATIVOS À SUB-BASE 3.6 - DADOS FÍSICOS DE NATUREZA TÉRMICA


Coeficiente de atrito entre a sub-base e o 0,6 Variação de temperatura ao longo da 0,5
pavimento (µ) [adm.] espessura [°C/cm]
Coeficiente de recalque da sub-base (K) 200 Coeficiente de dilatação térmica do concreto 0,00001
-1
[MPa/m] (a) [°C ]

u Tabelas de 3.1 a 3.6


Dados iniciais de VASCONCELOS (1979)

3.1 Dados iniciais de 4.1 Dados iniciais calque do solo apresenta resultados
VASCONCELOS (1979) menos expressivos.
Tabelas de 4.1 a 4.6 – Dados iniciais
Tabelas de 3.1 a 3.6 – Dados iniciais 5. CONCLUSÕES
de VASCONCELOS (1979) 4.2 Resultados Neste artigo foi apresentado um
modelo para dimensionar pavimentos
3.2 Resultados de VASCONCELOS Tabelas de 4.7 a 4.13 – Resultados em concreto protendido, sendo que
(1979) para pavimento portuário as equações estão de acordo com a
última versão da NBR 6118. As pla-
Tabelas de 3.7 a 3.13 – Resultados 4.3 Estudos paramétricos nilhas de cálculo apresentadas per-
de VASCONCELOS (1979) mitem analisar os resultados de cada
Na figura 3 são testadas variáveis de etapa com agilidade, servindo como
3.3 Resultados do modelo projeto para avaliar a influência de cada ferramenta de auxílio para o dimen-
de cálculo uma sobre os momentos de fissuração sionamento. Além disso, foi realizado
e de serviço, ou seja, sobre o desem- um exemplo completo de dimensio-
Tabelas de 3.14 a 3.20 – Resultados penho do pavimento. Como referência namento de pavimento para o Tecon
do modelo de cálculo foi escolhida a Situação A, no meio da de Rio Grande, demonstrando que o
placa, do projeto de pavimento para o uso da protensão em pavimentos por-
4. PROJETO DE PAVIMENTO Tecon. Cada gráfico estuda a influência tuários é viável.
PORTUÁRIO de apenas uma variável, de forma que O modelo de cálculo e suas pla-
As tabelas 4.1 a 4.13 apresentam todas as demais estão de acordo com nilhas foram verificados por meio do
a aplicação do modelo de cálculo ao o dimensionamento apresentado nas projeto de pavimento para aeroporto
pátio do Tecon de Rio Grande. Após tabelas 4.1 a 4.13. apresentado na bibliografia. A veri-
uma visita ao Tecon e consultas em Os métodos mais eficientes para ficação demonstrou que o modelo
manuais de fabricantes, foi constatado ampliar a capacidade de carga do é eficiente, pois apresenta resulta-
que o veículo com a maior carga por pavimento são: aumentar a espes- dos próximos nas diferentes etapas
roda é o Stacker SWV 4531 TB6, uma sura da placa e a taxa de armadura, de cálculo.
empilhadeira produzida pela empresa os quais trazem grandes ganhos. Já A perda de protensão devi-
Konecranes. aumentar o fck ou o coeficiente de re- do ao atrito com a sub-base é

CONCRETO & Construções | 51


3.7 - CÁLCULOS INICIAIS 3.10 - MOMENTO DE FISSURAÇÃO
Tensão inicial de protensão (s pi) [MPa] 700 Seção Situação P [kN/m] EIa [kN/m²] Mr [kN.m]

8
Área de aço de protensão (A p) [cm²/m] 5,13 Meio da A 293,70 22,4 42,80
Força inicial de prot. na extremidade [kN/m] 359,30 placa B 144,70 20,6 36,30
nc = Ecc/Ect 3,0 Ponto de A 317,90 22,7 43,90
Ponto de repouso [m] 18,00 repouso B 271,20 22,0 41,90
Alongamento dos cabos para cada lado (Dl) [m] 0,186 Raio de rigidez médio ( l ) [m] 0,48

3.8 - PERDAS NO MEIO DA PLACA 3.11 - EFEITO DOS VEÍCULOS


Total de perdas imediatas [kN/m] 37,40 Tensão no interior da placa (sPi) [MPa] 5,30
Total de perdas progressivas [kN/m] 28,20 Momento no int. da placa (MPi) [kNm/m] 28,60
Força de atrito com a sub-base (Fa) [kN/m] 149,00

3.9 - PERDAS NO PONTO DE REPOUSO 3.12 - MOMENTO DEVIDO AO GRADIENTE TÉRMICO


Total de perdas imediatas [kN/m] 11,70 MDT [kNm/m] 6,00
Total de perdas progressivas [kN/m] 29,20
Força de atrito com a sub-base (Fa) [kN/m] 46,70

3.13 - SEGURANÇA À FISSURAÇÃO


Coeficiente mínimo de seg. contra fissuração 1,25
(gfis) [adm]
SITUAÇÃO A SITUAÇÃO B
Momento solicitante total [kNm/m] 34,60 Momento solicitante total [kNm/m] 28,60
Momento de fissuração (Mfis) [kNm/m] 42,80 Momento de fissuração (Mfis) [kNm/m] 36,30
Coeficiente de seg. fissuração (gfis) [adm] 1,24 Coeficiente de seg. fissuração (gfis) [adm] 1,27

u Tabelas de 3.7 a 3.13


Resultados de VASCONCELOS (1979)

3.14 - CÁLCULOS INICIAIS 3.17 - MOMENTO DE FISSURAÇÃO


Tensão inicial de protensão (s pi) [MPa] 703,5 Seção Situação P [kN/m] EIa [kN/m²] Mr [kN.m]
8

Área de aço de protensão (A p) [cm²/m] 5,13 Meio da A 280,97 42,71 38,33


Força inicial de prot. na extremidade [kN/m] 360,99 placa B 131,93 38,19 28,98
nc = Ecc/Ect 1,0 Ponto de A 308,69 43,42 40,12
Ponto de repouso [m] 16,79 repouso B 265,17 42,32 37,39
Alongamento dos cabos para cada lado ( Dl) [m] 0,186 Raio de rigidez médio ( l ) [m] 0,567

3.15 - PERDAS NO MEIO DA PLACA 3.18 - EFEITO DOS VEÍCULOS


Total de perdas imediatas [kN/m] 45,78 Tensão no interior da placa (s Pi) [MPa] 6,36
Total de perdas progressivas [kN/m] 34,23 Momento no int. da placa (MPi) [kNm/m] 34,35
Força de atrito com a sub-base (F a) [kN/m] 149,04

3.16 - PERDAS NO PONTO DE REPOUSO 3.19 - MOMENTO DEVIDO AO GRADIENTE TÉRMICO


Total de perdas imediatas [kN/m] 16,25 MDT [kNm/m] 9,11
Total de perdas progressivas [kN/m] 36,04
Força de atrito com a sub-base (F a) [kN/m] 43,53

3.20 - SEGURANÇA À FISSURAÇÃO


Coeficiente mínimo de seg. contra fissuração 1,00
(gfis) [adm]
SITUAÇÃO A SITUAÇÃO B
Momento solicitante total [kNm/m] 43,46 Momento solicitante total [kNm/m] 34,35
Momento de fissuração (M fis) [kNm/m] 38,33 Momento de fissuração (M fis) [kNm/m] 28,98
Coeficiente de seg. fissuração (gfis) [adm] 0,88 Coeficiente de seg. fissuração (gfis) [adm] 0,84

u Tabelas de 3.14 a 3.20


Resultados do modelo de cálculo

52 | CONCRETO & Construções


4.1 - DADOS GEOMÉTRICOS 4.2 - DADOS DA CARGA
Espessura do pavimento (h) [m] 0,20 Carga uniforme distribuída [kN/m²] 40
Largura da faixa de concretagem [m] 20,00 Carga no eixo duplo mais carregado [kN] 1043,00
Comprimento entre juntas [m] 120,00 Distância de centro a centro entre os pneus 0,57
Número de cabos na faixa de concretagem 96 do eixo duplo [m]
Diâmetro da bainha [m] 0,030 Carga no eixo simples mais carregado [kN] 958,00
Cobrimento da armadura em relação a face 0,070 Largura do eixo simples [kN] 2,91
inferior da placa [m] Pressão de enchimento dos pneus [MPa] 1,0
Número de cabos por bainha 2

4.3 - DADOS RELATIVOS AO CONCRETO 4.4 - DADOS RELATIVOS AO AÇO DE PROTENSÃO


Peso específico (Ɣ) [kN/m³] 25 Área da seção de uma barra [mm²] 100,9
Resistência característica à compressão (f ck) 35 Limite de escoamento (f pyk ) [MPa] 1710
[MPa] Resistência à tração (f ptk) [MPa] 1900
Coeficiente de Poisson (n) [adm.] 0,20 Módulo de elasticidade (E p) [GPa] 202
Coeficiente de retração final (e cs,8 ) [adm.] 0,00023 Coeficiente de atrito entre cabo e bainha ( µ) 0,20
Coeficiente de fluência ( f ) [adm.] 1,7 [adm.]
Tipo de agregado: Digite: 1 para granito ou 1 Coeficiente de perdas provocadas por 0,0020
gnaisse; 1,2 para basalto ou diabásio curvaturas não intencionais (K) [1/m]
Tipo de cimento: Digite: 0,38 para CPIII ou IV; 0,25 Coef. de relaxação do aço ( y 1000) [%] Seção 1,90
0,25 para CPI ou II; 0,20 para CPV-ARI do meio da placa
Dias entre a concretagem e a protensão (j) 1 Coef. de relaxação do aço ( y 1000) [%] Seção 2,50
[núm.] do ponto de repouso

4.5 - DADOS RELATIVOS À SUB-BASE 4.6 - DADOS FÍSICOS DE NATUREZA TÉRMICA


Coeficiente de atrito entre a sub-base e o 0,6 Variação de temperatura ao longo da 50
pavimento (µ) [adm.] espessura [°C/m]
Coeficiente de recalque da sub-base (K) 160 Coef. de dilatação térmica do concreto ( a ) 0,00001
[MPa/m] -1
[°C ]

u Tabelas de 4.1 a 4.6


Dados iniciais

4.7 - CÁLCULOS INICIAIS 4.10 - MOMENTO DE FISSURAÇÃO


Tensão inicial de protensão (s pi ) [MPa] 1402,20 Seção Situação P [kN/m] EIa [kN/m²] Mr [kN.m]
8

Área de aço de protensão (A p) [cm²/m] 4,84 Meio da A 534,71 35,28 48,54


Força inicial de prot. na extremidade [kN/m] 679,11 placa B 354,71 34,03 39,96
nc = Ecc/Ect 1,00 Ponto de A 570,89 35,50 50,31
Ponto de repouso [m] 21,42 repouso B 506,64 35,12 47,24
Alongamento dos cabos para cada lado ( Dl ) [m] 0,393 Raio de rigidez médio ( l ) [m] 0,624

4.8 - PERDAS NO MEIO DA PLACA 4.11 - EFEITO DOS VEÍCULOS


Total de perdas imediatas [kN/m] 79,91 Tensão no interior da placa (s Pi) [MPa] 5,39
Total de perdas progressivas [kN/m] 64,49 Momento no int. da placa (M Pi) [kNm/m] 35,96
Força de atrito com a sub-base (F a) [kN/m] 180,00

4.9 - PERDAS NO PONTO DE REPOUSO 4.12 - MOMENTO DEVIDO AO GRADIENTE TÉRMICO


Total de perdas imediatas [kN/m] 31,84 MDT [kNm/m] 12,25
Total de perdas progressivas [kN/m] 76,38
Força de atrito com a sub-base (F a) [kN/m] 64,25

4.13 - SEGURANÇA À FISSURAÇÃO


Coeficiente mínimo de seg. contra fissuração 1,00
( gfis) [adm]
SITUAÇÃO A SITUAÇÃO B
Momento solicitante total [kNm/m] 48,21 Momento solicitante total [kNm/m] 35,96
Momento de fissuração (M fis) [kNm/m] 48,54 Momento de fissuração (M fis) [kNm/m] 39,96
Coeficiente de seg. fissuração (gfis) [adm] 1,01 Coeficiente de seg. fissuração (gfis) [adm] 1,11

u Tabelas de 4.7 a 4.13


Resultados para pavimento portuário

CONCRETO & Construções | 53


70 65

60 60

50 55

40 50

30 45

20 40
Ap/m
(cm²/m)
10 35
14 16 18 20 22 h (cm) 2 3 4 5 6 7 8

Mr [kNm/m] Mser [kNm/m] Mr [kNm/m] Mser [kNm/m]

54 56

52 54

50 52

48 50

46 48

44 46

42 k 44 fck
120 140 160 180 200 (MPa/m) 30 35 40 45 50 (MPa)
Mr [kNm/m] Mser [kNm/m] Mr [kNm/m] Mser [kNm/m]

u Figura 3
Influência de variáveis de projeto nos momentos de fissuração e de serviço

função do peso próprio do pavimen- os quais trazem grandes ganhos. Já a proposta deste artigo de um pavi-
to e do coeficiente de atrito, de modo aumentar o fck ou o coeficiente de re- mento protendido na espessura de
que a força de protensão não inter- calque do solo apresenta resultados vinte centímetros e sub-base de CCR
fere nessa perda. Portanto, quan- menos expressivos. de dez centímetros seja competitiva
to menor for a força de protensão O pavimento atual do Tecon de financeiramente. Além de trazer van-
adotada, maior será a perda percen- Rio Grande é formado por blocos in- tagens, como controle da fissuração e
tual devido ao atrito com a sub-base. tertravados de concreto de alta resis- fechamento das juntas de construção,
Os métodos mais eficientes para tência, com uma sub-base de concre- o que evita a percolação de água e
ampliar a capacidade de carga do to compactado a rolo (CCR), a qual perda de partículas finas da sub-base
pavimento são: aumentar a espes- possui espessura de quarenta centí- e do subleito, aumentando a vida útil
sura da placa e a taxa de armadura, metros. Dessa forma, é provável que do pavimento.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento: NBR-6118 (versão corrigida). Rio de Janeiro, 2014.
[02] RODRIGUES, P. P. F.. Pavimentos industriais de concreto armado: projeto e critérios executivos. São Paulo, IBTS, 2006.
[03] SANTOS, M. B.. Utilização de concreto protendido em pavimentos portuários. Rio Grande, FURG, 2015. Dissertação de Mestrado em Engenharia Oceânica.
Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande – RS, 2015.
[04] SCHMID, M. T.. Pavimentos rígidos em concreto protendido. 2.ed. Curitiba, Rudloff, 2005.
[05] UNITED FACILITIES CRITERIA. UFC 4-152-01 with Change 1, Design: Piers and Wharves. Washington D.C., 2012.
[06] VASCONCELOS, A. C.. Documentário sobre pavimentos de concreto protendido para aeroportos e rodovias. São Paulo, IBRACON, 1979.

54 | CONCRETO & Construções


u estruturas em detalhes

Low-noise
concrete pavements:
the European practice
LUC RENS – Consulting Engineer | Managing Director
FEBELCEM - EUPAVE

1. INTRODUCTION However, when it comes to traf- Durably quieter, in other words, is

C
ontrolling traffic noise fic noise, it is more efficient to ad- the goal.
has become an increas- dress the problem at its source by This paper will show that concrete
ingly important priority in using quieter pavement. That is why pavements are not as noisy they are
recent decades. The European Union the development of alternative types often perceived; it will provide ex-
addressed the general issue of envi- of pavement and surface finishing amples of techniques to ensure low-
ronmental noise in a 2002 European currently remains highly relevant. noise concrete pavements and will
directive known as the “Environmen- The goal is the reduction of the tyre- look at case studies and real data
tal Noise Directive (END)”. The mem- pavement noise generated by the in- showing concrete’s performance.
ber states were asked to draw up teraction between tyres and the road
noise maps and to take steps to pre- surface, which is the primary cause 2. GENERAL INFORMATION
vent and mitigate the harmful effects of traffic noise. At the same time, it ON TRAFFIC NOISE
of the noise, with particular focus on is also important that other essential
busy roads and railways, in densely characteristics of the road structure 2.1 About sound and traffic noise
populated areas, and in proximity to and the surface are preserved, for
sensitive sites such as hospitals and example, the smoothness and skid Traffic noise encompasses sound
schools. Steps have already been resistance of the road surface, but from various types of sources, which
taken in various countries includ- also its durability. Finally, it is im- are usually divided into the following
ing the installation of noise barriers portant for a quiet pavement to re- categories:
along highways. main intact for as long as possible. u propulsion: motor, exhaust and
other components of the vehi-
cle’s drive mechanism;
u interaction tyre-road surface:
known as tyre-pavement noise;
u aerodynamic sound: caused by
the wind turbulence around the
vehicle.
The type of vehicle and its speed
play an important role. For passen-
ger cars, the tyre-pavement noise
will outweigh the propulsion sound
u Figure 1
once a speed has been reached of
Examples of noise barriers along highways
around 30 km/h. For trucks, this

CONCRETO & Construções | 55


level is only reached from approxi-
mately 75 km/h due to the greater
contribution of propulsion noise.
Aerodynamic sound only becomes
significant at very high speeds
(above 120 km/h). For electric cars,
the propulsion sound is almost to-
tally eliminated and the tyre noise
will be dominant, also at low speeds.
The graphs in Figure 2 pres-
ent the total A-weighted level of
both the rolling noise and propul- u Figure 2
sion noise components, as well Propulsion noise, rolling noise and total noise as a function of vehicle
speed for light and heavy duty vehicles ((VAN BLOKLAND et al. (2009))
as the total sound power, as a
function of vehicle speed. The
2.2 Interaction tyre-pavement over, the sound is further increased
curves show the linear relation for
by the ‘horn effect’, vibrations and
propulsion noise and the logarithmic
Of course, both the type of tyre resonance.
relation for rolling noise. In addi-
and the pavement play a role in
tion, these relationships have been
their mutual interaction. It should be 2.3 How is traffic
established for constant speed on
borne in mind that both elements are noise measured?
a non-sloped surface. In practice
not only designed with a low tyre-
this means that in urban areas with
pavement noise in mind, but first In Europe, the Statistical Pass
mixed traffic and a lot of accelerat-
and foremost, for good traffic safety By Method or the Close Proximity
ing/decelerating manoeuvres, the
and a favourable price/lifespan ratio. Method are generally used.
influence of the pavement surface
Various mechanisms are involved in With the Statistical Pass By
and thus the rolling noise becomes
the creation of the tyre-pavement Method (SPB, ISO 11819-1), the
less relevant. Other measures in
noise generated by the interaction of traffic noise is measured from the
the field of traffic management such
the tyres of a vehicle with the pave- side of the road for a large quan-
as speed limits and traffic flow con-
ment (hammer effect, air pumping, tity of passing vehicles, whereby a
trol become of higher relevance in
‘stick-slip’ - and ‘stick-snap’). More- distinction can be made between
those cases.

u Figure 3
Noise measurement with from left to right: SPB – CPX – OBSI (HAIDER (2010); AWV, Belgium;
RASMUSSEN (2008)).)

56 | CONCRETO & Construções


ter able to isolate the tyre-pavement u porosity: a maximum content
noise for separate measurement. of empty space (up to 20% or
Since CPX and OBSI measure- more), which enables sound to
ments take place very close to the be absorbed, insofar as the pores
tyre, they will result in high values of remain open at the surface;
noise levels. Obviously, those are u limited stiffness of the surface
not the noise levels to which humans layer.
are being exposed in real life. This In optimising a quiet pavement
should be kept in mind when read- surface, if possible, various fac-
ing the case studies, further on in tors should be taken into account
this paper. at once. Moreover, no concessions
u Figure 4 should be made in the durability of
Positive vs. negative texture 3. BASIC RULES FOR the pavement. In addition, a solu-
A QUIET PAVEMENT tion with long-term noise perfor-
passenger cars and trucks. The following factors have an in- mance should be preferred to sur-
With the Close Proximity Method fluence on the tyre-pavement noise: faces deteriorating after few years.
(CPX, ISO/CD 11819-2) it is chiefly u good smoothness of the road Similar to wearing surfaces of po-
the tyre-pavement noise that is mea- with the absence of bumps or ir- rous asphalt, it is possible to build
sured by attaching a microphone regularities in the surface (which surfaces of porous (or very open)
close to the test tyre. These tyres is also called “megatexture”); concrete. By leaving out the sand
are usually mounted on an acous- u a homogenous but non-sys- component in the composition, ac-
tically insulated trailer. The type of tematic distribution of small ag- cessible gaps are created between
test tyre that is used will obviously gregates, up to 10mm on the the coarse aggregates. In order to
play an important role in determining surface (which is considered as achieve better adhesion between
the results. “macrotexture”). The air is able the stones, polymers may be added.
In the United States, the On to escape between the gaps in Very open concrete is comparable
Board Sound Intensity (OBSI) meth- the aggregate. Important note: to very open asphalt: there is great
od is often used (Ref. 5), which is a perfectly flat surface is not potential for noise reduction and
somewhat comparable to the CPX. low-noise; water-spray is eliminated. However,
Instead of sound pressure, however, u it is better to have a negative tex- there are also downsides: there is a
sound intensity is measured by us- ture than a positive one (see Fig- risk of clogging and the surface is
ing two microphones which are bet- ure 4);

u Figure 6
Two slipform pavers laying a
u Figure 5 double-layered jointed plain
Coarse concrete 0/40 or 0/32, left, based on porphyry aggregates, concrete pavement on the A1,
and right, based on crushed gravel near Vienna

CONCRETO & Construções | 57


produces a very shallow texture that
is effective in terms of tyre-pavement
noise but can lead to problems con-
cerning skid resistance. That is why,
for the past few years, the technique
of double-layer exposed-aggregate
concrete has been applied.
In Belgium, a first step in improv-
ing the exposed aggregate concrete
was the reduction of the maximum
u Figure 7 aggregate size from 31.5 to 20 mm.
Grading curve of a concrete mix with a Dmax of 20 mm and a higher dose Moreover, the proportion of fine
of small aggregates (4 to 8mm) for a low-noise single layered
aggregate, measuring from 4 to
exposed-aggregate concrete pavement
6.3mm (or 8mm), was increased to
a minimum of 20% (or 25%) of the
prone to ravelling (aggregates com- only durable polish-resistant stones mixture of sand and gravel. In this
ing loose from the surface). with a maximum aggregate size of 6 way, the larger stones sink and the
to 11 mm are used. Since the top smaller ones rise during the vibration
4. LOW-NOISE EXPOSED layer mixture consists exclusively of of the concrete. After exposing the
AGGREGATE CONCRETE small aggregates, these will emerge aggregates by brushing, the smaller
The technique of aggregate ex- densely distributed on the surface aggregate will lie on the surface and
posure is today the most frequently after compaction of the concrete form the proper macro texture for a
used surface finishing method on and washing out of the surface. quiet concrete pavement. The same
concrete motorways in Europe. It The first applications on Austrian technique can also be applied for a
offers a comfortable surface com- highways date back to 1990. Since maximum aggregate size of 14 mm.
bining a good skid resistance with a then, a significant part of the high- By further optimising the com-
low rolling noise. way network has been constructed position (high content of fine ag-
In the late 1970s, in Belgium, in this way. gregate) and a better application
surface finishing by chemically ex- In Germany, for many years, the technique (modern slipform pavers),
posed aggregate concrete was in- concrete road surfaces were finished it has been possible to further re-
troduced. The aim was above all to with a dragged burlap cloth. This duce the tyre-pavement noise of a
achieve skid resistance, but tyre-
pavement interaction noise was not
yet a criterion. The concrete compo-
sition consisted of large aggregates
(32 to 40 mm) which were exposed
on the surface. These were highly
noisy pavements and are no longer
applied today.
In Austria, the fine exposed ag-
gregate concrete was optimised as
the surface layer of a double-layer u Figure 8
jointed concrete pavement. The bot- E17 De Pinte – Kruishoutem: single-layer exposed-aggregate
tom layer (15 to 20 cm thick) may concrete 0/20
Noise levels measured with CPX at 80 km/h: 98.5 dB(A) for a truck
contain larger stones up to 31.5 mm, tyre and 99.1 dB(A) for a passenger car tyre
while for the top layer, (5cm thick)

58 | CONCRETO & Construções


single-layer solution to approximately (SMA-C). The average noise level for The double-layer process, simi-
99 dB(A), which brings it into a com- SMA-C, calculated from a total of 70 lar to the Austrian technique but
parable category as a stone mastic measurements, both newer and older applied for continuously reinforced
asphalt with aggregates of 10 mm pavements, was 99.6 dB(A). concrete pavement (CRCP), has
also been used in Belgium. Noise
measurements show that the noise
level drops another 0.5-1 dB(A).
In 2011, the Flemish Agency for
Roads and Traffic acquired a CPX-
trailer aiming for a systematic ex-
ecution of noise measurements on
motorways and regional roads. In
Wallonia measurements were also
u Figure 9 done on newly built road sections.
E313 Herentals-Grobbendonk: double-layer exposed-aggregate concrete
The diagram in Figure 10 gives an
with top layer 0/6.3
Noise levels measured with CPX act 80 km/h: 98.5 dB(A) for a truck tyre overview of the results of a series of
and 98.5 dB(A) for a passenger car tyre measurements on concrete roads
(CPX with SRTT-tyre for light vehi-
cles at 80 km/h in dB(A); measure-
ments done in 2011-2012, in 2013
for N19g).
The red bars represent trans-
versely grooved surfaces, the blue
are single layered and the green
double-layered exposed-aggregate
concrete surfaces.
These measurements show that
low-noise concrete surfaces are
perfectly possible, both in a single
and a double layer concept. The
noise performance of the surface
of a double-layered CRCP is equiv-
u Figure 10
alent to that of a stone mastic as-
Results of noise measurements on Belgian motorways
phalt wearing course. For a SMA
with aggregates of 10 mm, the
average noise level for newly built
pavements (maximum 2 years old
- CPX with SRTT-tyre for light vehi-
cles at 80 km/h in dB(A)) amounts
to 98.7.
It should be noted that for the dif-
ferent types of exposed aggregate
concrete surfaces, the skid resis-
tance requirements were easily met,
u Figure 11
both for the new and the older ones
Longitudinal tining of fresh concrete in Illinois, U.S.
((BRIESSINCK & RENS (2009)).

CONCRETO & Construções | 59


5. OTHER LOW-NOISE SURFACE
FINISHING TECHNIQUES

5.1 Longitudinal tining

In the U.S.A., other finishing tech-


niques are used as well. In many states,
fine longitudinal grooves are applied to
the fresh concrete with a comb. This
also produces good results in terms of u Figure 12
noise and skid resistance, as long as Detail of the micro-milled surface and view of the motorway in Leon,
the process is carefully applied. This Spain (IECA)
technique is not being used in Europe.

5.2 Micro-milling

Micro-milling (or fine milling) is


a surface restoration technique us-
ing conventional cold mills of which
the cutting teeth are more closely
spaced on the milling drum.
Although it is mostly used on sec-
ondary roads, micro-milling can be u Figure 13
an alternative on motorways as well.
Detail view of the diamond ground surface and texture of the “Geseke
access road” in Germany (S. Riffel (2014))
This was the case in Leon (Spain).
Acoustic characteristics have not
been measured but based on earlier tigate the different surface character- Grooving and Grinding Association
trial sections in Belgium, the rolling istics of the diamond ground texture (IGGA) has developed a smoother
noise level is about 1dB higher com- (Ref. 12). The surface was finished and even quieter surface, socalled
pared to a diamond ground surface. with a longitudinally aligned ground “Next Generation Concrete Surface”
texture whereby two different groove (NGCS). A thin layer of concrete
5.3 Diamond grinding spacing distances (blade spacing 2 surface is removed through the
mm and 3 mm / blade width 3,2 mm /
The technique of longitudinal tin- grinding depth 3mm) were implement-
ing of the hardened concrete, known ed. Measurements with the CPX-trail-
as “diamond grinding” is also often er revealed excellent results : as low
used. This technique has already as 94,9 dB(A) for the 2mm texture.
been used frequently in several Repeated measurements in 2013
countries for the restoration of ex- showed virtually unchanged noise lev-
isting concrete surfaces. This can els (95,2 dB(A)), confirming the high
result in tyre-pavement noise levels durability of the ground texture.
that are even lower than for exposed
aggregate concrete. 5.4 Next Generation Concrete
In 2009 a trial section in CRCP was Surface (NGCS) u Figure 14
“NGCS” (International Grooving
built in Germany, the “Geseke access and Grinding Association)
road” pilot project, in order to inves- In the U.S., the International

60 | CONCRETO & Construções


and a surface in double-layered po- design and construction of trans-
rous concrete. This structure results port infrastructure.
in extremely low noise levels: 6 dB(A) Modern road surfaces in jointed or
less than the Dutch reference surface continuously reinforced concrete with
(densely graded asphalt). In addition, a fine-grained exposed-aggregate sur-
the durability of the noise character- face are competitive in terms of rolling
istics is very good : only 0.6 dB(A) noise with the dense asphalt surfaces.
decrease in noise reduction after The durability of the noise level is an ex-
u Figure 15
Porous surface of Modieslab 5 years, which is much better than tra advantage of concrete pavements.
other comparable surfaces. In urban areas with mixed traffic
grinding process and longitudi- In 2007, Dr. Robert O. Rasmussen (passenger cars, buses, vans etc.)
nal grooves are installed. It is de- from the Transtec Group (Texas, U.S.) driving at variable speed, the contri-
scribed as the quietest non-porous was the leader of a research team that bution of the rolling noise becomes
concrete surface. In Europe there did measurements all over Europe secondary. Traffic management
are also plans for trial sections in and the United States. His conclusion measures may be a better solution
order to be able to assess the per- was clear: “As can be seen, the OBSI to reduce the environmental noise.
formance of this technique on an level for the porous concrete surface Finally one should keep in mind that
existing concrete surface. on the Modieslab is very low – just noise is not the only design criterion for
over 96 dB (A). This makes it the low- road pavements. Its relevance should
5.5 The porous surface est level of all of the concrete pave- be defined depending on context and
of “Modieslab” ment surfaces measured so far by the environmental conditions. Road safety
CP Tech Center team”. and the closely linked characteris-
“Modieslab” is a modular pave- tic of skid resistance remain a prior-
ment system, developed in the Neth- 6. CONCLUSIONS ity. In order to make the right choice
erlands as a part of the Dutch “Roads In the past there was hardly any of pavement, a global evaluation is
to the Future” programme. It con- attention paid to noise and traffic needed taking into account the dura-
sists of precast concrete slabs with noise in particular. Today it has be- bility, the life cycle cost and the surface
a base layer in conventional concrete come an important criterion in the characteristics.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] M. Briessinck (AWV), L. Rens (FEBELCEM). Oppervlakkenmerken van hedendaagse betonverhardingen (Surface characteristics of today’s concrete pavements).
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Netherlands, 2012.

CONCRETO & Construções | 61


u estruturas em detalhes

Pervious concrete
pavements: materials,
drainage characteristics
and structural issues
MATTHEW OFFENBERG
W. R. Grace

1. INTRODUCTION Kingdom in 1852 [ACI 522R-10 - Re- today in North America. Since the

W
ith the convergence of port on Pervious Concrete], it wasn’t 1970’s it has been used for pavement
sustainable construction, used in North America until the fol- applications. In 1975, a patent was is-
increasing stormwater lowing century (Figure 1). The old- sued for this application in the United
regulation, and developing technology, est known pervious concrete in North States [MEDICO, J. Porous Pavement.
pervious concrete is experiencing signif- America dates back to about 1928 United States Patent 3870422 A.
icant growth as a pavement material in [SEEGEBRECHT, G. Reinforcing Steel USPTO. Washington, DC, USA. Mar
the United States (US). Now, since the in Pervious Concrete. Concrete Interna- 11, 1975]. This has been extended to
development of new test methods spe- tional. Farmington Hills, MI, USA, 2015] include sidewalks, parking lots, and
cifically for pervious concrete, we can at the Rosehill Cemetery in Chicago, Il- nature trails in current applications.
better characterize the performance of linois where it was used in decorative The construction methods for per-
the finished product through several cri- walls around the property. Interestingly, vious concrete are somewhat different
teria. This paper will examine how those much of this pervious concrete that is from those employed in the construc-
test methods can help a concrete pro- still standing contains reinforcing steel. tion of ordinary concrete flatwork [OF-
ducer select the optimal raw materials. Later, as documented in Engineering FENBERG, M.. Producing Pervious
Additionally, drainage properties will be News Record in 1939 [ENGINEERING Pavements. Concrete International.
discussed with respect to construction NEWS RECORD (ENR). A Low-Cost Farmington Hills, MI, USA. March 2005,
technique and maintenance. Structural Concrete Building], pervious concrete Vol. 27, No. 3. pp 50-54. 2005]. With
issues will further be examined with a was again used in structural wall con- this material, it must be compacted af-
focus on testing. Rather than present- struction, but this application was for a ter placement to improve the ultimate
ing new research, this paper will review building that was to serve as a plumb- strength and raveling resistance; how-
the literature and discuss the state of ing and electric shop in Washington ever, too much compaction will tighten
the technology and industry. State. Pervious concrete was selected the voids thus slowing the flow of storm-
to reduce the risk of fire, as opposed to water through the section. Critical to
1.1 History of pervious concrete a wood-framed building, and reduced achieving success in pervious concrete,
in North America formwork requirements. then, is optimizing the density – that is
No longer used for vertical con- finding a balance between strength and
While there is evidence of pervious struction or structural applications, permeability. As compaction increases,
concrete construction in the United pervious concrete is used for flatwork the strength of the pavement increases

62 | CONCRETO & Construções


and the permeability decreases [FCPA ing pervious concrete [NRMCA 2007 2. STANDARDIZED TEST
1990 – Pervious Pavement Manual]. - Text Reference for Pervious Concrete METHODS FOR PERVIOUS
While there are a number of means and Contractor Certification, Publication CONCRETE
methods for achieving compaction, the 2ppcrt], and developed presentations With ASTM subcommittee C09.49
art of the contractor is to use his specif- and hands-on demonstrations to ac- developing standardized test methods
ic equipment to work with the concrete company a classroom session. With for pervious concrete, the goal was
to achieve an optimal density. three levels of certification, the program to ensure that stormwater and zoning
accommodates contractors of all ex- regulators, property owners and specifi-
1.2 Growth of pervious concrete perience levels to prepare or enhance ers had a way to verify that constructed
their skills for the jobsite. As of this writ- pavements would perform as designed.
In the US, pervious concrete has ing, over 10,000 individuals have been Research shows that one key indica-
seen significant growth since 2001, trained through this program, globally. tor of quality is concrete density [FCPA
both in the marketplace and in the re- In 2007, ASTM created a subcom- 1990, Offenberg 2011]. The first pri-
search community. Historically, there mittee under its Concrete and Ag- ority, then, was to document tests for
are a few key milestones that have each gregates committee, designated as fresh and hardened density.
contributed to the interest in this tech- C09.49. This group was to standardize The earliest specifications for pervi-
nology. The introduction of the ACI, test procedures for pervious concrete. ous concrete included testing the fresh
NRMCA, and ASTM committees each Task groups were formed to work density as an indicator of concrete qual-
had a significant impact on the adop- on testing: fresh density, hardened ity. If the concrete was batched and
tion of pervious concrete. density, surface permeability, flexural mixed consistently load-to-load, then
First, in 2001, the American Con- strength, compressive strength, and the density of the fresh concrete should
crete Institute (ACI) launched commit- raveling resistance. Since its inception, be similar. These early documents re-
tee 522 on pervious concrete. This C09.49 has released four standard test quired jigging the concrete as a means
group was tasked with collecting and methods, and updated versions total- of consolidation.
documenting the world’s knowledge ing nine documents. ASTM’s C09.49 task group, led by
on the topic, and eventually develop- With ACI giving information to speci- Michael Davy, evaluated six different
ing guide specifications for pavement fiers so they could design pervious con- methods for compaction of a fresh con-
applications [ACI 2013]. The industry crete pavements correctly; the NRMCA crete sample in a cylindrical container
celebrated the release of the first guide certifying contractors to help them build with a capacity of 7.0 +/- 0.6 L [0.25
for pervious concrete in 2006, but more high-quality pervious concrete pave- +/- 0.02 ft3]. These included: No com-
important, this group brought together ments; and ASTM showing the world paction, rodding as described by ASTM
all of the minds working on pervious how to ensure the pervious pavement C 138, jigging as described by ASTM
concrete in North America. So, the was built to specification, the industry C 29, 20 drops of the Proctor Hammer,
contractors and concrete producers was well positioned for growth. and five and ten drops of the Marshall
could network with the engineers and
researchers. This brought about an ex-
plosion of research and knowledge on
the topic.
Then, in 2004, the National Ready
Mix Concrete Association (NRMCA)
launched a program to begin certify-
ing individual contractors in the art of
pervious concrete. The certification
program used the knowledge gathered
u Figure 1
by the ACI committee to develop a
Timeline of pervious concrete history in the United States
book to teach contractors about plac-

CONCRETO & Construções | 63


from the tire/pavement interaction. The
ASTM subcommittee fine-tuned a lab-
oratory-based procedure described by
Offenberg [2011] to measure the rav-
eling resistance potential of a pervious
concrete mixture. Today, the subcom-
mittee has a task group to standardize
a procedure for measurement of ravel-
ing resistance of hardened pavements.
With raveling being so critical, there
is little need to measure the strength
of the concrete in the pavement. Re-
sults to do so, either for compressive
or flexural strength, have failed to pro-
duce repeatable, reliable test meth-
ods. However, the subcommittee
u Figure 2 sees a time in the future when raveling
Pervious concrete pavement
is well understood and strength will
become a necessary design element
Hammer. Today, the specification, C quickly water passes through. Re- of heavier pavements. To this end,
1688, allows for either the use of the searchers have described methods the subcommittee is working on a test
Proctor Hammer or the Marshall Ham- for measuring the permeability (also method to measure flexural strength
mer due to the low variability in results. referred to as hydraulic conductivity or of pervious concrete.
A method for hardened density infiltration rate) of pervious concrete, Now that the existing and develop-
measurement was described by Mon- both for cylindrical specimens [Neithal- ing test methods for pervious concrete
tes [2005]. Another task group work- ath 2003] and full pavement systems, have been described, we can examine
ing under ASTM C09.49, led by Walter including all layers from the surface to how they impact pavements in practice.
Flood IV, refined this technique and for- the subgrade [Chopra 2011]. From a
malized it as ASTM C 1754. This test practical perspective, the ASTM sub- 3. RAW MATERIAL SELECTION
uses cores extracted from the pervious committee was interested in a test that The challenge for any concrete pro-
concrete surface. Cores are weighed could measure surface infiltration over ducer is selecting the best raw materials
submerged and after oven drying to the life of the pavement to determine and combinations to produce a high-
determine the density. Two drying when maintenance might be neces- quality pervious concrete pavement.
temperatures are allowed, depending sary. Based on a procedure described In the early days of pervious concrete
on how quickly the results are needed. by Montes [2006], Heather Brown’s (before 2011), producers had no guid-
However, the density generated from task group optimized this to work with ance on which raw materials helped
the higher drying temperature may not low-cost, easily obtainable materials in make good hardened concrete. They
be compared to the density generated ASTM C 1701. could put up lab batches, and lay down
from the lower drying temperature, and The balance to permeability of a per- test panels, but they really had no easy
vice versa. The results are used as a vious concrete pavement is strength. system for identifying which of their lo-
quality check on the contractor to prove While with plain concrete, we are usu- cally available raw materials might make
that the concrete placed is of sufficient ally interested in flexural strength for the best finished pavement. With the
density to maintain durability through pavement design, the critical failure introduction of ASTM C 1747 in 2011,
the design life. mode of these pervious pavement sys- concrete producers were given a labo-
Obviously, one of the key attributes tems is raveling – a failure where the ratory test to compare raw materials
of a pervious pavement system is how aggregate breaks loose at the surface and combinations.

64 | CONCRETO & Construções


C 1747 is commonly referred to as would be wise to choose mix B based blow counts for compaction. One
the ‘raveling potential test’. In brief, a on raveling potential. While there still would expect concrete with low blow
set of three cylinders, 100 mm tall by isn’t guidance on what is an appropriate counts to discharge from a mixer truck
100 mm diameter (4” tall by 4” diam- maximum upper limit for mass loss, the with greater ease, and to compact in
eter) is cast to the design density of the range of results seen is roughly 20% to the field with fewer passes – both im-
concrete mixture. To achieve this, the 100% [ASTM 2010]. The average result portant metrics for contractors as they
material is weighed into the empty cyl- from the ASTM round robin, for mix- impact productivity of the crew. Simi-
inder mold to match the design density, tures with 20% voids was about 39%. lar to mass loss, however, there isn’t
then it is compacted by dropping and An example of this is seen in Offen- yet guidance on specification limits for
with a Marshall hammer using however berg [2011a]. The concrete producer Marshall hammer blows either for mix-
many blows it takes to compact the had four coarse aggregates available ture qualification or for quality control on
mass down to the 100 mm (4”) height. for production. Concrete batches were the jobsite. In the future, as the industry
The cylinders are cured in the covered made in the laboratory with a single gathers data on this metric and how it
mold for seven days. After the curing source of coarse aggregate used in impacts project success, specification
period, the cylinders are weighed, and each batch, four batches in total. The limits will follow.
then all three cylinders are put together volume of coarse aggregate and ce-
into a Los Angeles machine for 500 ment was held constant for each batch, 4. DRAINAGE PROPERTIES
revolutions. After tumbling, any parts as were the water to cementitious ma- Pervious pavement systems are
larger than 25 mm (1”) diameter are terials ratio, admixture dosage, and void designed to move stormwater from
weighed. The mass loss is calculated content. Comparing the average mass the surface to the subgrade layers
as the initial weight less the final weight, loss between two duplicate batches al- and drainage structures. When de-
divided by the initial weight. lowed the producer to select the best scribing the drainage properties of the
With ASTM C 1747 test, two key available coarse aggregate for addition- pavement, it is important to separate
results are obtained: mass loss and al testing (Table 1). the drainage properties of the con-
number of blows of the Marshall ham- There are many variables that could crete layer from the drainage prop-
mer. Lower mass loss is an indicator be evaluated through this testing be- erties of the system which includes
of better raveling resistance. Consid- yond simply coarse aggregate or SCM the surface, subbase, and subgrade.
ering the blow count of the Marshall selection. It could also be used to eval- Typically, the total system will drain
hammer, lower numbers indicate more uate admixtures or admixture combina- stormwater at a slower rate than the
workable mixtures. tions, sensitivity to void content, aggre- pervious concrete layer.
Mass loss is best used to com- gate blends, and impacts of fiber. While the permeability of the con-
pare raw materials during the mixture Similarly, the fresh properties of vari- crete layer impacts the permeabil-
proportioning phase of a project. One ous mixtures can be evaluated through ity of the total system (especially if the
would use this test to see which raw
material might perform best before go-
u Table 1 – Results of C 1747 raveling potential testing (Offenberg 2011a)
ing to production. Key to comparing
raw materials is keeping mixture pro-
Average
portions volumetrically identical; there- Aggregate Initial Final Mass loss
mass loss
fore, void volume and paste volume 5021.0 2338.9 53.4% –
Texas 57
must be kept constant. For example, a 5021.2 1564.8 68.8% 61.1%
producer might have three supplemen- 5021.3 3092.5 38.4% –
Texas 7
5020.9 3105.6 38.1% 38.3%
tary cementitious materials from which
to choose. If in testing similar mixtures 4810.1 3041.6 36.8% –
Medford 8
4810.4 3020.4 37.2% 37.0%
by C 1747, mix A had 35% mass loss,
4727.0 2193.8 53.6% –
mix B had 23% mass loss, and mix C York PG
4729.1 2050.0 56.7% 55.1%
had 29% mass loss, then the producer

CONCRETO & Construções | 65


surface was sealed in construction), tential of a pervious concrete mixture claim if the pavement were to become
the permeability of the subgrade usu- prior to construction, we don’t have clogged either by other trades, during
ally has the largest impact on the an equivalent, standardized, labora- construction, or by outside influences
drainage rate of the system. For the tory test to quantify the drainage po- after construction. The ASTM sub-
engineer or the regulator, it is impor- tential at the same point in the project. committee expects to change the sig-
tant to know the drainage rate of the ASTM C 1701 was designed to nificance and use of this test to allow it
pervious concrete system to know measure the drainage rate (permea- to be used to prove that the contractor
that it is functioning as designed. For bility) of the concrete layer. However, installed the material properly.
the concrete contractor, it is important even this has limitations. If the system
to know the infiltration rate of storm- is saturated, stormwater can back up 5. STRUCTURAL ISSUES
water at the pavement surface, imme- into the pervious concrete layer. When Vertical and horizontal applications
diately after curing, to know that the testing, this mound of stormwater can need to be considered separately
pavement was installed correctly. produce artificially low drainage rates when considering structural issues
When considering just the con- through the pavement. This is why C with pervious concrete. While the
crete layer in the system, the rate of 1701 includes the text, “Do not repeat history and oldest applications of the
surface infiltration will be impacted this test more than twice at the same material were in structural walls, the
by the gradation of the coarse aggre- location on a given day.” body of work today is primarily in non-
gate, the maximum aggregate size, When this test was developed, the structural applications.
the design density of the pavement, ASTM group thought it was best to be The biggest difference in perfor-
the relative density achieved during used only to measure reductions in mance between pervious concrete
construction, the vertical porosity dis- surface infiltration to help owners de- and plain concrete comes from con-
tribution [Haselbach 2006], and the cide on proper maintenance. As the solidation. Both types of concrete
amount of clogging by foreign materi- industry has evolved, contractors have require densification to develop their
al. Of these, the first three factors are begun to use it to protect their inter- maximum strength. However, in nor-
impacted by raw material selection by ests and prove the pavement surface mal concrete, aggregates are well
the concrete producer. Whereas, we drained well immediately after cur- graded and there is paste between
have C 1747 to test the raveling po- ing. This would protect them from a the aggregates, which allows the
concrete to flow when vibratory en-
ergy is applied in the form of rodding
or mechanical vibration. This flowing
property is what allows plain concrete
to be consolidated to a consistent,
repeatable density. With pervious
concrete, however, there are no fine
aggregates and only a thin coating of
paste exists between the coarse ag-
gregate particles, so this flow does
not occur when the concrete is vibrat-
ed. The only way to get repeatable
and predictable density is to apply a
repeatable amount of compactive en-
ergy [Offenberg 2008].
For vertical applications, typically
walls, pervious concrete is not used
u Figure 3
in the US, today. In the future, pervi-
Structural cracking in a pervious concrete pavement without raveling
ous concrete may return to vertical

66 | CONCRETO & Construções


applications, but before this happens, design tools for plain concrete would has not yet identified a good, repro-
the bond and development of steel re- work well for pervious concrete. The ducible combination of these. Final-
inforcement to pervious concrete needs author has witnessed both, pave- izing standardized strength testing is
to be studied, tested, and quantified to ments that crack and fail structurally a critical step to enabling engineers to
assure adequate performance of struc- before raveling (Figure 3), and pave- analyze and design pervious concrete
tural members. The fatigue behavior of ments that ravel before cracking; with from a structural perspective for both
pervious concrete in non-pavement ap- the latter being the more commonly pavements and vertical applications.
plications would need to be studied as seen failure. So, we know that pave-
pervious concrete is expanded to struc- ments can be designed and built to 6. CONCLUSION
tural works. Further, analysis of pervious withstand raveling, but we don’t have Looking at the future of the indus-
concrete with respect to other material the tools to do so today. Once we try, from a testing perspective, there
properties, including creep, shrinkage, have a good field test for measur- is still work to do to help advance
and modulus of elasticity, would also be ing raveling resistance, then we can this technology. We need research-
needed. Existing structures would need better understand how raw material ers’ help to develop standardized test
to be studied to understand what was characteristics and construction tech- methods for flexural strength, raveling
done right in design and construction. niques impact this critical property of resistance in the field, and permeabil-
We can look to the structural engineers the material. ity in the lab. Once we have these
to tell us what else we need to know Conventional test methods to test methods, producers will better be
before they can comfortably design per- measure the strength, either com- able to select raw materials based on
vious concrete structures. Lastly, how- pressive or flexural, of pervious con- these properties that will benefit the
ever, the industry would need to develop crete have proved to be unreliable as drainage properties and pavement
compaction techniques to develop the the results are erratic. When casting structural designs.
uniform, optimum compaction required test specimens, it is critical to apply Considering vertical structural ap-
to develop the strength needed to pro- consistent compaction to samples, plications, the market will decide if
tect life and property. between labs and operators, to get there is value in conducting the vast
Research has shown that the fa- consistent compaction and consistent amount of research necessary to use
tigue behavior of pervious concrete results. The ASTM subcommittee pervious concrete for walls for build-
in pavement applications is similar to has examined a number of compac- ings, earth retaining walls, sound
that of plain concrete pavements [Ta- tion techniques and specimen sizes, walls, or any other applications the
mai 2004]. If raveling didn’t exist, the shapes, and loading schemes, but designers can dream up.

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Presentation. Proceedings of the 2011 International Concrete Sustainability Conference, Boston, MA, USA. 14PP. 2011.
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of Porous Concrete in Japan, Proceedings of the JCI Symposium on Design, Construction, and Recent Applications of Porous Concrete, Japan Concrete Institute,
Tokyo, Japan. 2004.

CONCRETO & Construções | 67


u entidades da cadeia

Prêmio Anapre de Planicidade


e Nivelamento com
inscrições abertas
C
om o objetivo de reco- Planicidade e Ni- dos ao idc, como
nhecer o executante de velamento de pi- critérios para o
piso industrial em con- sos de concreto desempate.
creto com o maior índice de planici- vem ganhando A premiação vai
dade e nivelamento, o Prêmio Ana- importância quan- acontecer na Con-
pre de Planicidade e Nivelamento do avalia e com- crete Show South
está com as inscrições abertas até prova o grau de America 2016, de
30 de junho. expertise em que 24 a 26 de agosto,
Podem participar do concurso, as se encontram as em São Paulo. O
empresas executoras de pisos, se- empresas brasi- vencedor receberá
diadas no Brasil, com obras constru- leiras desse seg- um troféu e uma
ídas entre 1º de junho de 2015 e 30 mento”, avaliou viagem, incluindo
de maio de 2016, que atendam cer- Ariovaldo Paes hospedagem, para
tas condições, como: área mínima de Junior, presidente da Anapre e coor- participar do World of Concrete 2017,
1500 metros quadrados; construídas denador técnico do Prêmio. de 16 a 20 de janeiro, em Las Vegas,
no sistema mestra úmida, régua vi- As inscrições para a 8ª edição Estados Unidos, sendo esta uma
bratória ou Laser Screed; com proje- do Prêmio devem ser feitas pela in- oportunidade para que ele participe da
tos especificando os Valores Gerais ternet, no site www.anapre.org.br/ Premiação Golden Trowel, organizado
de Planicidade e Nivelamento (Nº F) premio2016. Além de preencher o pela entidade Face Company, criado-
e os Valores Mínimos Locais de Pla- formulário de inscrição, o candidato ra do sistema FNumber e certificado-
nicidade e Nivelamento; com 100% deve anexar os documentos reque- ra dos pisos mais planos e nivelados
de sua área medida e avaliada em ridos pelo Regulamento do Prêmio, do mundo.
conformidade com os critérios e pro- disponível no site da Anapre. “O número de prêmios obtidos por
cedimentos da norma ASTM E 1155- Vence o concurso o executor que empresas brasileiras no Golden Tro-
96; entre outras. obtiver o maior Índice de Desempe- wel, nos últimos anos, coloca nosso
O Prêmio foi instituído em 2009 nho Construtivo (idc), calculado pela país como referência em qualidade
pela Anapre – Associação Nacio- soma dos Índices Globais de Planici- de acabamento de pisos industriais
nal de Pisos e Revestimentos de dade e Nivelamento (NFG), corrigida na América Latina. Na última edição,
Alto Desempenho, que reúne as pelo coeficiente executivo (Qe), que tivemos o orgulho de assistir à pre-
empresas do segmento de pisos e define o grau de dificuldade do aca- miação de duas empresas brasilei-
revestimentos no país, para dar vi- bamento executivo, e pelo coeficiente ras executoras de pisos de concreto
sibilidade às empresas executoras de área construída (Qa), que estabe- pertencentes ao quadro associativo
de pisos de qualidade, com resul- lece a regularidade construtiva. Ha- da ANAPRE e que também foram
tados admiráveis de planicidade e vendo empate, considera-se o peso ganhadoras do último Prêmio ANA-
nivelamento. individual de acabamento do piso e a PRE de Planicidade e Nivelamento”,
“Ano a ano o Prêmio Anapre de média diária de concretagem, soma- comentou Ariovaldo.

68 | CONCRETO & Construções


u obras emblemáticas

Desempenho de longo prazo


do pavimento de concreto
da Rodovia dos Imigrantes
OCTAVIO DE SOUZA CAMPOS – Engenheiro Civil
ANA LUISA ARANHA – Engenheira Civil
Agência Reguladora de Transportes de São Paulo – Artesp

SANTI FERRI – Professor/Engenheiro


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) / Artesp

1. INTRODUÇÃO/HISTÓRICO possui um volume de tráfego bastan- Em 1998, o Estado de São Paulo,

A
Rodovia dos Imigrantes te elevado, contendo um percentual através de seu programa de conces-
(SP 160) interliga a re- expressivo de caminhões. sões, delegou a administração da Ro-
gião metropolitana de São Originalmente, a Rodovia dos Imi- dovia dos Imigrantes por um prazo de
Paulo ao Porto de Santos, o maior e grantes foi aberta ao tráfego em 1976 20 anos à Ecovias, um grupo empre-
mais importante da América do Sul, com as três faixas da pista norte, sarial privado.
passando, também, pelas indústrias construídas em concreto de cimento Um ano mais tarde, em 1999, as
petroquímicas de Cubatão. A rodovia Portland (CCP) no trecho da Serra. faixas da pista sul no trecho da Serra

u Figura 1
Segmento estudado da rodovia SP 160 - Subida da Serra (fonte: Google Earth®)

CONCRETO & Construções | 69


foram construídas, também em con-
creto de cimento Portland.
Esse estudo tem por objeto a ava-
liação do desempenho das faixas 1,
2 e 3 da pista norte da rodovia dos
Imigrantes. Uma vez que o tráfego de
caminhões é proibido na pista sul por
questões de segurança, ela não foi in-
cluída nesse estudo. O segmento da
rodovia compreendido nessa avalia-
ção é ilustrado na Figura 1.

2. PROJETO DE PAVIMENTO
Considerando-se o ambiente em
que a rodovia e seus diversos túneis
foram implantados, com um subleito
bastante fraco e um elevado volume
de precipitação (em média 4.000 mm/
ano, com umidade média do ar próxi-
ma a 80%), a solução técnica mais vi-
ável foi a construção de um pavimen-
to de concreto de cimento Portland.
O projeto se baseou no método da
PCA (Portland Cement Association)
de 1966 e seus parâmetros básicos
são os apresentados a seguir:
u Índice de suporte do subleito:
CBR=4%;
u Módulo de reação do subleito:
k=6,6 kgf/cm2/cm (66 MPa/m);
u Fator de segurança de carga: u Figura 2
FS=1,2; Tabela de dimensionamento original, preparada pela DERSA (Pitta, 1976)
u Espessura das placas de concre-
to: 22,5cm; u Sub-base 1: 10cm de espessura, dovia dos Imigrantes foi concedida
u Resistência à tração na flexão: tratada com cimento e resistência e passou a ser administrada pela
4,5MPa; à compressão de 4,5MPa; Ecovias.
u Dimensões das placas: 6,0 x 3,5 m; u Sub-base 2: 7cm de camada A Figura 2 mostra a tabela de di-
u Reforço das juntas: Barras Dowel granular; mensionamento, parte integrante da
de 1” (0.50m de comprimento a u Ano de abertura ao tráfego: 1976; documentação original sobre a cons-
cada 0,35m); Barras de conexão u O percentual de fadiga para o ele- trução da rodovia dos Imigrantes,
de 1/2” (0,70m de comprimento a vado tráfego projetado foi de 45%, preparada pela Dersa (Pitta, 1976).
cada 0,70m); na época. A Figura 3 mostra a distribuição
u Membrana plástica entre a superfície A rodovia foi construída pela Der- percentual da infraestrutura do pavi-
da placa e a sub-base para evitar sa, uma empresa pública/privada e mento (terraplenagem, túneis ou pon-
aderência (Polietileno flexível, com esteve sob sua administração até tes) para o segmento estudado da
espessura entre 0,2 mm e 0,3 mm); 1998. A partir desse ponto a Ro- rodovia (km 59 até o km 41).

70 | CONCRETO & Construções


a b

u Figura 3
Extensões por tipo de
infraestrutura abaixo do
pavimento (km 59 ao km 41,
Pista Norte - SP 160)

3. PROJETO DE REABILITAÇÃO
O segmento em estudo, com- c d
posto por pavimento de concreto de
cimento Portland, passou por duas
u Figura 4
grandes intervenções de reabilitação/ Serviços de reabilitação realizados: (a) selagem de trincas com grouting;
conservação especial, tal como ilustra (b) reparo localizado; (c) e (d) reconstrução de placas
a Tabela 1.
Os dois serviços de conservação ros: reconstrução de placas. A Figura 6 ilustra a variação sa-
especial consistiram das seguintes A Figura 4 exemplifica algumas das zonal do VDMc na pista norte ao lon-
soluções: técnicas de reabilitação utilizadas. go dos meses e anos de operação
u Placas com fissuras de retra- da Concessionária desde o ano de
ção plástica e fissuras lineares 4. TRÁFEGO 2004, quando foi iniciado o processo
com médio e alto grau de seve- No início das contagens automá- de contagem automatizada por laços
ridade: selagem de trincas com ticas realizadas por laços contado- contadores.
“grouting”; res, no ano de 2004, o volume diário A Figura 7, por sua vez, ilustra a
u Placas com degrau de junta, pe- médio de veículos comerciais (VDMc) variação horária do VHM (volume ho-
quenos reparos, quebras localiza- era da ordem de 3.700 veículos na rário médio) de veículos comerciais
das, quebra de canto e esborci- pista norte da Rodovia dos Imigran- referente ao ano de 2014 e a Figura
namento de juntas: execução de tes. Atualmente, o VDMc é da ordem 8 ilustra a variação sazonal dos vo-
reparos localizados; de 5.500 veículos (referente ao ano lumes de tráfego. Verifica-se a maior
u Placas bailarinas e grandes repa- de 2014). incidência de veículos comerciais

u Tabela 1 – Serviços de conservação especial

Executada em
Rodovia Item de serviço Investimento
Início Fim
Recapeamento/restauração pista
SP 160 05011001 Descendente/ascendente – km 40+000 ao km 60+000 01/04/2003 23/12/2003
São Bernardo do Campo / São Vicente – 1ª Intervenção
Recapeamento/Restauração pista
SP 160 05011002 Descendente/ascendente – km 40+000 ao km 60+000 26/05/2006 22/12/2008
São Bernardo do Campo / São Vicente – 2ª Intervenção

CONCRETO & Construções | 71


(média de cerca de 300 veículos co-
merciais por hora) no período matinal
entre 6 h e 9 h da manhã. Interessante
notar que neste período pode haver o
efeito do empenamento térmico devi-
do à incidência de radiação solar no
pavimento de concreto nos segmen-
tos sobre terraplenagem.
O tráfego acumulado para esse
pavimento foi estimado de acordo
com o procedimento de projeto para
determinação de N da AASHTO (AAS-
THO, 1993). O resultado obtido para
o tráfego real acumulado até o ano de
2015 foi de N=1.84x108.
Os dados de entrada para esse
u Figura 5 cálculo foi obtido através de con-
Quantidade de placas reparadas – 1ª e 2ª intervenções de conservação tagens de campo: (i) quantidade
especial (Pista Norte) Nota: número estimado de placas entre o km 59
de veículos comerciais obtidos por
e o km 41 da pista norte é 14.320
contagem automática e (ii) dados da

u Figura 6
Variação sazonal (mês a mês) do VDM comercial na pista norte – SP 160

72 | CONCRETO & Construções


estação de pesagem localizada no A Figura 9 ilustra os dados acumu- por pesagens entre abril/2014 até
km 56 da rodovia. lados por classe de eixo, fornecidos junho/2014.

u Figura 7
Variação horária média dos volumes de veículos comerciais – Pista Norte – SP 160

u Figura 8
Variação semanal média dos volumes horários de veículos comerciais – Pista Norte – SP 160

CONCRETO & Construções | 73


Densidade acumulada (%)

u Figura 9
Dados provenientes da estação de pesagem do km 56

A comparação entre o tráfego acu- ponível, a taxa de crescimento estima- avaliado através de levantamentos
mulado real e o tráfego estimado no da para o tráfego foi de 4% ao ano. anuais de IRI – International Roughness
projeto original é ilustrada na Figura 10. Index (ASTM, 2008) e o índice de
Durante os anos em que a contagem 5. DESEMPENHO DO PAVIMENTO condição de pavimentos (Pavement
automática de veículos não estava dis- O desempenho do pavimento foi Condition Index PCI).

u Figura 10
Tráfego acumulado durante o período de operação

74 | CONCRETO & Construções


Para a avaliação do desempenho esses segmentos homogêneos duran- estrutura abaixo do pavimento para
do pavimento, foram utilizados valores te os anos de operação e a Figura 12 as faixas 1 e 3. Ressalta-se que nos
médios para segmentos homogêneos ilustra sua evolução estatística. anos de 2003 e 2008 a rodovia pas-
de um quilômetro de extensão. A Fi- A Figura 13 mostra a evolução sou por processos de conservação
gura 11 mostra a evolução do IRI para estatística do IRI, dividida por infra- especial, e em 2010 o pavimento

u Figura 11
Evolução do IRI por segmento homogêneo – Faixas 1, 2 and 3, respectivamente

CONCRETO & Construções | 75


sofreu intervenção para a correção Os gráficos das Figuras 11 e 12 IRI superior a 2,69 m/km durante os
do IRI nas regiões de terraplena- mostram que o pavimento, de 39 anos anos de serviço. Esses segmentos
gem. No Estado de São Paulo, o IRI de idade, possui um bom desempe- foram submetidos a correções de ir-
admissível é de 2,69 m/km para as ro- nho. De acordo com os gráficos, ape- regularidade dentro de 90 dias.
dovias concedidas. nas alguns segmentos apresentaram A média global do valor de IRI

u Figura 12
Evolução estatística do IRI – Faixas 1, 2 and 3, respectivamente

76 | CONCRETO & Construções


esteve superior a 2,69 m/km no ano 6. CONCLUSÃO volume de precipitação;
de 2003. Nesse ano ocorreu a pri- O pavimento de concreto de ci- u a boa resposta do método de
meira intervenção de conservação mento Portland, objeto desse estu- dimensionamento adotado, que
especial, 27 anos após o início da do, foi implementado para um perí- considera apenas o consumo
operação da rodovia. Um ano após odo de projeto de 15 anos. 37 anos à fadiga.
essa intervenção, um levantamento após sua construção, o pavimento Outro aspecto importante está
de irregularidade mostrou que todo o apresenta boas condições estrutu- relacionado ao alto padrão de quali-
pavimento apresentava IR inferior ao rais e vem tendo um bom desem- dade e controle tecnológico aplicado
limite de 2,69 m/km. penho, respeitando os limites de pela Dersa na época da construção
A Figura 13 mostra que os pavimen- irregularidade (IRI) e de condições da rodovia. Esse controle permitiu a
tos dentro dos túneis apresentaram de superfície (PCI) na maioria dos detecção do potencial para reações
melhor desempenho e os pavimento segmentos avaliados em campa- álcali – agregado (RAA). Uma vez
nas seções de terraplenagem apresen- nhas periódicas de monitoramen- identificado o problema, foi possível
taram deterioração mais rápida após a to. Mesmo tendo sido submetido atuar na prevenção dessas reações
primeira intervenção de conservação a um tráfego total entre 5 e 6 ve- através da seleção do cimento Por-
especial, principalmente na faixa 3. zes superior àquele para o qual foi tland de alto-forno para a construção
Uma análise posterior, em termos projetado, o pavimento apresentou do pavimento.
do índice de condições do pavimento necessidade de manutenção relati- Mesmo não havendo dados dis-
(Pavement Condition Index – PCI), foi vamente baixa. poníveis na época, é bastante no-
realizada para os mesmos segmentos Algumas premissas do projeto do tável que, em 1999, época do início
homogêneos nos anos de 2012 ao pavimento que devem ter contribuído dos levantamentos de condições
ano de 2014. para seu bom desempenho são: feitos pela concessionária e antes
De acordo com a Figura 14, o índi- u sub-base não erosiva, o que elimi- de qualquer intervenção de conser-
ce PCI esteve sempre acima do limite na o fenômeno de bombeamento, vação especial, o pavimento tenha
inferior igual a 60 na escala PCI, indi- que não foi observado durante sua apresentado excelentes condições
cando boas condições do pavimento. vida de serviço; de conservação.
A Figura 14 também demonstra que u segunda sub-base drenante, que Considera-se, também, que as
uma manutenção para correção das não permitiu o desenvolvimento práticas de manutenção relatadas
placas deterioradas foi executada en- de pressões neutras devidas à in- nesse estudo, combinadas com a ve-
tre 2013 e 2014. filtração de água, dado o elevado locidade com a qual a concessionária

a b

u Figura 13
Evolução estatística do IRI por infraestrutura do pavimento: (a) faixa 1; (b) faixa 3

CONCRETO & Construções | 77


concluiu serviços prioritários, devem 7. AGRADECIMENTOS do de São Paulo e à Concessioná-
ter contribuído decisivamente para o Agradecemos à Artesp - Agência ria Ecovias pelo apoio na elaboração
bom desempenho demonstrado. Reguladora de Transportes do Esta- deste trabalho.

u Figura 14
Evolução do PCI por segmento homogêneo – Faixas 1, 2 e 3, respectivamente

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E1926 - 08 Standard Practice for Computing International Roughness Index of Roads from Longitudinal
Profile Measurements. West Conshohocken, PA, 2008.
[02] AASHTO. American Association of state Highway and Transportation Officials. Guide For Design Of Pavement Structures. 1993.
[03] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 060/2004 – PRO: Pavimento Rígido – Inspeção Visual – Procedimento. Rio de Janeiro:
IPR, 2004.
[04] ______. DNIT 062/2004 – PRO: Pavimento Rígido – Avaliação Objetiva – Procedimento. Rio de Janeiro: IPR, 2004.
[05] PITTA, M. R. Os pavimentos rígidos na Rodovia dos Imigrantes – justificativa, concepção e prática de projeto e dimensionamento. 1º Seminário DERSA – Rodovia
dos Imigrantes. São Paulo,1976.

78 | CONCRETO & Construções


u pesquisa e desenvolvimento

Pavimento de concreto
continuamente armado com e
sem controle ativo de fissuras
ANNE BEELDENS – Pesquisador senior LAMBERT HOUBEN – Professor adjunto LUC RENS – Engenheiro consultor
Centro de Pesquisas em Estradas Belgas DONGYA REN – Doutorando Febelcem
FERNANDO FRANÇA DE MENDONÇA FILHO
Mestrando (tradutor)
Delft Universidade de Tecnologia

1. INTRODUÇÃO mento. O comprimento de emenda das estar a uma profundidade de 90±10

E
ste trabalho aborda o com- barras da armadura longitudinal depende mm abaixo da superfície do pavimento,
portamento de fissuras de da classe do concreto e do diâmetro das o que significa que existe sempre um
pavimentos de concreto con- barras e varia de 500 mm a 700 mm. O cobrimento de concreto de pelo menos
tinuamente armados (PCCA), testados espaçamento de centro a centro das bar- 70 mm nas barras. Nas seções de tes-
em seções de duas rodovias (E17 e ras da armadura transversal é 700 mm. te na Bélgica, discutidas neste trabalho
E313) na Bélgica e uma sessão de tes- No passado, a armadura longitudi- (rodovias E17 e E313), o centro da ar-
te na rodovia A50 nos Países Baixos. nal era posicionada a uma profundida- madura longitudinal está a uma profun-
O PCCA é caracterizado pela au- de mediana da camada de concreto. didade de 90 mm abaixo da superfície
sência de juntas transversais, onde as Existe, no entanto, uma forte tendência do pavimento. No entanto, na seção
fissuras de retração são controladas pela de posicionar a armadura mais acima holandesa de teste (rodovia A50), a ar-
elevada taxa de armadura longitudinal, na camada de concreto para reduzir madura longitudinal está na metade da
criando um padrão de fissuras finas es- a abertura de fissuras na superfície do profundidade da camada de concreto.
paçadas. O diâmetro das barras de aço pavimento. As especificações do Minis- Atualmente, aplica-se uma camada
da armadura longitudinal é 20 ou 16 mm. tério dos Transportes e Meio Ambiente intermediária de concreto asfáltico en-
A Figura 1 dá um exemplo de layout da holandês, em suas especificações de tre a camada de base e a placa de con-
armadura de acordo com as especifi- 2014, determinou que o centro das creto do PCCA. Como vantagens desta
cações do Ministério dos Transportes e barras da armadura longitudinal deve camada, pode-se citar:
Meio Ambiente holandês de 2014 (DUT-
CH MINISTRY FOR TRANSPORT AND
THE ENVIRONMENT: Specifications for
design of continuously reinforced con-
crete pavements). Consiste de armadura
longitudinal e armadura transversal que é,
em sua maioria, instalada em um ângulo
de 60° com o eixo da via. Neste exem-
plo, o espaçamento de centro a centro
das barras da armadura longitudinal é
u Figura 1
180 mm e as barras mais externas são
Exemplo do layout da armadura para PCCA em mm
posicionadas a 70 mm do fim do pavi-

CONCRETO & Construções | 79


u fornecer uma camada resistente à simples, e, então, a taxa de armadura a taxa de armadura longitudinal depen-
erosão abaixo do PCCA, visando longitudinal é calculada ou escolhida de da classe do concreto (ver Tabela 1).
reduzir o risco de punchouts; para limitar a abertura da fissura para Baseado em observações in situ
u fornecer uma superfície nivelada, um máximo de 0,4 mm. Para rodovias, dos padrões de fissuração durante a
que permite que a armadura seja a espessura placa de PCCA é usual- última década, a taxa de armadura lon-
posicionada corretamente; mente de 250 mm. gitudinal adotada nos Países Baixos e
u assegurar uma ligação uniforme na Bélgica é substancialmente maior
com o PCCA, visando contribuir 2. PROCESSO DE FISSURAÇÃO do que as taxas apresentadas na Ta-
para o desenvolvimento de um pa- EM PCCA bela 1 e também um pouco maior do
drão regular de fissuras. O PCCA possui grande extensão e, que as taxas exigidas por cálculos de
A Figura 2 mostra a armadura po- portanto, sempre está sujeito ao apa- acordo com o VENCON2.0. A Tabela
sicionada no topo da camada inter- recimento de fissuras de retração de- 2 apresenta taxas de armadura longi-
mediária de concreto asfáltico de uma vido ao endurecimento do concreto e tudinal atualmente recomendadas para
seção de teste na rodovia E17, em De também as variações de temperatura rodovias pelo Ministério dos Transpor-
Pinte (Bélgica), construída em agosto no concreto (parcialmente) endurecido. tes e Meio Ambiente da Holanda, onde
de 2011. As deformações e curvaturas resultan- uma camada de asfalto poroso (AP) é
A classe de concreto adotada va- tes da retração (e mudanças de tem- aplicada na superfície do PCCA para
ria: nos Países Baixos utiliza-se con- peratura) são altamente restringidas reduzir o ruído, a propagação de detri-
creto C30/37 ou C35/45 e na Bélgica, pelo atrito do pavimento de concreto tos e o spray.
concreto C35/45 (o primeiro e segun- com a camada subjacente. Isso resulta
do números se referem ao valor ca- em tensões de tração no pavimento de 3. PADRÃO DE FISSURAÇÃO
racterístico de resistência à compres- concreto que aumentam com o tempo. E POSSÍVEIS DANOS EM PCCA
são aos 28 dias em cilindros e cubos, Fissuras transversais ocorrem se essas SEM MEDIDAS DE CONTROLE
respectivamente). tensões superarem a resistência à tra- DE FISSURAÇÃO
Por razões econômicas, o PCCA ção do concreto.
tem sido adotado em vias de alto vo- Um dos modelos para descrever 3.1 Padrão de fissuração
lume de tráfego pesado (Figura 3). A o processo de fissuração no PCCA na Rodovia E17
vida útil de projeto considerada está é conhecido como Tension Bar Mo-
entre 30 a 40 anos. Nos Países Bai- del. Este modelo foi inicialmente de- Como exemplo, o desenvolvimento
xos e na Bélgica, a espessura do con- senvolvido por NAOKOWSKI (1985) do padrão fissuração no PCCA da rodo-
creto em um PCCA é calculada como e descreve a interação entre aço e via E17 (Bélgica) será apresentado. As
se fosse um pavimento de concreto concreto devido à restrição das de- três seções de teste de PCCA, com di-
formações. Isto resulta em uma so- ferentes taxas de armadura longitudinal
lução analítica, tanto para o compri-
mento de transferência quanto para a
abertura da fissura, para um padrão
de fissuras ainda não completamen-
te desenvolvido. Esse modelo está
inserido no VENCON2.0, o método
de projeto estrutural holandês atual
para pavimentos de concreto simples
e para pavimentos de concreto conti-
u Figura 2 nuamente armado. O VENCON2.0 e o
Armadura para PCCA em seção Tension Bar Model são explicados em u Figura 3
de teste na rodovia E17 PCCA na rodovia E313
HOUBEN et al. (2007).
(De Pinte, Bélgica) (Herentals, Bélgica)
Para prevenir o escoamento do aço,

80 | CONCRETO & Construções


(Tabela 3), descritas neste trabalho, são
parte de um trecho de 11 km da rodovia u Tabela 1 – Porcentagem mínima de reforço longitudinal para evitar
escoamento das barras de aço
E17, que foi reconstruída em agosto de
2011. O antigo pavimento de concreto
Classe do concreto C25/30 C30/37 C35/45 C45/55
simples foi reciclado, aplicado com base
ωo,min (%) 0,38 0,43 0,47 0,54
e sub-base para o novo PCCA (Figura
4). Entre a base de concreto compacta-
fissuras é de 1,17 m, 1,27 m, e 1,01 número de fissuras próximas e consi-
do de 150 mm e o PCCA de 250 mm,
m para as seções de teste 1, 2 e 3, derável número de fissuras espaçadas.
uma camada intermediária de concreto
respectivamente. As Figuras 7-b, 7-c O risco de fissuras próximas está na
asfáltico de 50 mm foi aplicada. A clas-
e 7-d mostram o desenvolvimento da ocorrência de punchouts. O risco de
se do concreto é C35/45 e as barras da
distribuição do espaçamento de fis- fissuras espaçadas é a abertura des-
armadura longitudinal possuem um diâ-
suras nas seções de teste 1, 2 e 3, sas fissuras, o que reduz a eficiência
metro de 20 mm e um cobrimento de
respectivamente, desde o momento de transferência de carga entre elas
concreto de 80 mm. A seção de teste
de construção. No padrão de fissuras e permite a penetração de água (com
1 é a estrutura usualmente empregada
completo, 979 dias após a construção, sais de degelo, se aplicável) no PCCA
para PCCA na Bélgica.
a porcentagem de espaçamentos de e a corrosão da armadura. No caso de
Na E17 diferentes tipos de fissuras
fissuras menores que 0,6 m é 53,6%, uma camada superior de concreto as-
transversais podem ser observados
44,4% e 50,3% para as seções de tes- fáltico no PCCA, o risco é a reflexão das
(Figura 5-esquerda), assim como uma
te 1, 2 e 3, respectivamente. Por outro fissuras do PCCA.
enorme variação no espaçamento de
lado, a porcentagem de espaçamento Além do espaçamento entre fissu-
fissuras (Figura 5-direita).
de fissuras maior que 2,4 m é 17,9%, ras, a abertura de um número limitado
O padrão de fissuras foi investiga-
17,4% e 10,8% para as seções de tes- de fissuras foi medida esporadicamen-
do regularmente durante os primeiros 4
te 1, 2 e 3, respectivamente. te (REN et al., 2013) a alguns milímetros
dias e noites após construção e outras
Isso significa que a porcentagem abaixo da superfície do PCCA com um
5 vezes no período de outubro de 2011
de espaçamento de fissuras no interva- microscópio digital (Figura 8-esquerda),
a abril de 2014. A Figura 6 apresenta o
lo desejável de 0,6 a 2,4 m é apenas junto com a temperatura na superfície
desenvolvimento do padrão de fissuras
28,5%, 38,5% e 38,9% para as se- do PCCA, medida através de um ter-
no tempo nas 3 subseções de teste,
ções de teste 1, 2 e 3, respectivamen- mômetro infravermelho. Além disso,
cada uma com 100 m de comprimento,
te. Então todas as 3 seções de teste alguns dias após a construção (antes
na rodovia E17. A Figura 6 mostra o pa-
de PCCA na rodovia E17 têm grande da construção da sarjeta de concreto
drão de fissuras medido 4 dias depois
da construção (22 de agosto de 2011),
60 dias após a construção (18 de outu-
u Tabela 2 – Recomendação da taxa de armadura longitudinal em rodovias
bro de 2011) e 223 dias após a cons- nos Países Baixos
trução (28 de março de 2012, após um
inverno severo com temperaturas che- Classe de concreto C25/30 C30/37 C35/45 C45/55
gando quase a -20°C), segundo REN ωo (%) 0,7 0,7 0,7 0,75
et al. (2013).
A Figura 7-a mostra o desenvol-
vimento do espaçamento médio de u Tabela 3 – Detalhes de projeto das 3 seções de teste de PCCA na E17
fissura nas 3 seções de teste desde
a construção. O padrão de fissuras é Seção de teste Localização (km) Reforço longitudinal
definido quando o espaçamento mé- 1 44,7-45,2 0,75%
dio de fissuras se mantém constante 2 45,2-46,2 0,70%
após 20 meses (incluindo 2 invernos 3 46,2-46,7 0,65% + 20 kg/m3 fibras de aço
severos). O espaçamento médio de

CONCRETO & Construções | 81


ao longo da borda do pavimento), a
variação na abertura de fissuras du-
rante o dia foi medida na superfície dos
pavimentos e em duas posições na
borda dos pavimentos com um LVDT
em pinos fixados (Figura 8-centro e Fi-
gura 8-direita).
Alguns dados característicos sobre
abertura de fissura e temperatura são
fornecidos na Tabela 4 e na Tabela 5,
respectivamente, que mostra que a
u Figura 4 abertura absoluta das fissuras é pe-
O pavimento de concreto simples existente (esquerda) e o novo PCCA quena. A Tabela 5 não apenas mostra
(direita) na E17 que a mudança da abertura da fissura
durante um dia (quente) é consideravel-
mente grande, mas também que a mu-
dança da abertura nas fissuras diminui
com a profundeza abaixo da superfície
do pavimento devido a uma mudança
de temperatura menor com o incre-
mento de profundidade, a presença de
armadura longitudinal e o atrito com a
camada inferior de concreto asfáltico.

u Figura 5 3.2 Punchout


Fissuras em Y (esquerda) e aglomerado de fissuras com espaçamento
próximo (direita) na E17
Punchout é um tipo de defeito estru-
tural que pode aparecer entre fissuras
transversais próximas umas das outras
no PCCA. Desta forma, o PCCA passa
a ser composto por vigas de concreto e
não placas. O processo é descrito, em
a
parte, matematicamente por CHEN et
al. (2014):
u água penetra na estrutura do pavi-
mento através das fissuras transver-
sais e causa perda de aderência entre

b
o concreto e a camada subjacente;
u as deflexões dessas vigas de con-
creto devido às cargas de tráfego
causam esmagamento da superfí-
cie da base, resultando em muitas
c partículas finas, que, então, são,
junto com água, bombeadas para
u Figura 6 fora através de fissuras transversais
Desenvolvimento do padrão de fissuras em 3 subseções de teste ou através de uma junta longitudinal
na rodovia E17

82 | CONCRETO & Construções


mal selada ou ao longo da borda do raco crescente sob a borda desta a carregamentos na borda do topo
pavimento; viga de concreto, resultando em da viga na direção transversal (Figu-
u o bombeamento resulta em um bu- tensões de tração na flexão devido ra 9-esquerda);
u quando esses esforços superam
a resistência à tração na flexão do
concreto, então uma fissura lon-
gitudinal ocorrerá (Figura 9-centro
e direita);
u o resultado é um bloco de concreto
que então é empurrado para baixo
pelo tráfego ou mesmo pode ser
a b deslocado para fora do pavimento,
deixando um grave buraco.
Punchouts ocorreram em PCCA
belgas que foram construídos na déca-
da de 1980. Nesse período a camada
intermediária de concreto asfáltico en-
tre o PCCA e a base de cimento não foi
aplicada por razões econômicas. Em
c d PCCA construídos depois de 1995, a
camada intermediária de concreto as-
u Figura 7 fáltico foi aplicada e observam-se pou-
Espaçamento médio de fissuras (a) e distribuição de frequência cumulativa cos punchouts nestes pavimentos.
do espaçamento de fissuras (b,c,d) nas 3 seções de teste na E17

u Figura 8
Medida da abertura da fissura na superfície do PCCA por um microscópio digital (esquerda) e medida da mudança
na abertura da fissura na borda do PCCA por LVDT (centro e direita)

u Tabela 4 – Abertura das fissuras na superfície em seção de teste 1 na E17

Temperatura da Número Abertura da fissura (mm)


Idade
superfície do
(dias) Fissuras Leituras Média Máximo Minímo Desvio padrão
pavimento (°C)
4 30,3 8 40 0,169 0,22 0,10 0,043
223 8,8 14 42 0,117 0,30 0,03 0,076

CONCRETO & Construções | 83


u Tabela 5 – Mudanças na abertura de fissuras (mm) com temperatura em seção de teste 1 na E17 3 dias após construção

Profundidade Número da fissura


Mudança de
abaixo da
temperatura Média
superfície do 1 2 3 4 5 6 7
(°C)
pavimento (mm)
0 22,0 - 30,2 0,132 0,202 0,328 0,182 0,190 0,170 0,206 0,201
30 – 0,136 0,212 0,222 0,195 0,154 0,127 0,158 0,172
90 1
– 0,131 0,178 0,192 0,161 0,133 0,084 0,102 0,140
1
Posição da armadura longitudinal

u Figura 9
Esquema de tensões de carregamentos de tráfego em fissuras transversais próximas (esquerda) e punchouts
(centro e direita) (KOHLER, 2005)

3.3 Aparecimento de fissuras de concreto asfáltico denso, 250 mm um espaçamento médio de fissuras de
de base granular e 250 mm de uma ca- 1,92 m, que é consideravelmente alto.
Nos Países Baixos, uma cama- mada de areia como sub-base sobre o 27% dos espaçamentos de fissura ti-
da “silenciosa” deve ser aplicada em terreno natural. nham um máximo de 0,6 m, enquanto
rodovias e, na prática, isso significa As- Em 9 de novembro de 2013, foi vis- por outro lado, 32% dos espaçamen-
falto Poroso (AP). Se a camada de AP é toriada uma seção de 100 m. A tem- tos de fissuras eram maiores que 2,4
construída no topo de um PCCA, então peratura ambiente nesse dia estava m, com máximo acima de 6 m. 15 das
existe o risco do aparecimento de fissu- em torno de 5°C. Um total de 52 fissu- 52 fissuras, ou seja, aproximadamente
ras, principalmente devido a mudanças ras foram observadas, o que significa 30% apareceram no AP (Figura 10).
na abertura de fissuras no PCCA com a
temperatura.
Normalmente, desgaste é o tipo
de defeito dominante no AP. Este, no
entanto, não foi o caso na rodovia A50
(Eindhoven); ao invés disso, surgiram
fissuras. O pavimento, construído em
2004/2005, consiste de 70 mm de
camada dupla de AP, 250 mm PCCA
(classe de concreto C35/45, 0,67% de
taxa de armadura longitudinal a meia u Figura 10
Aparecimento de fissuras no revestimento de AP na A50 em 9 de novembro
profundidade da camada de concreto),
de 2013
60 mm de uma camada intermediária

84 | CONCRETO & Construções


Em 9 fissuras, cilindros foram extraí- turas de fissura na A50 (0,67% de taxa da fissura. Para este caso específico,
dos e a abertura das fissuras foi medida de armadura longitudinal) depois de 8 incluindo a camada dupla de AP, o apa-
no topo, meio e fundo do cilindro por anos estão um pouco maiores que as recimento de fissuras ocorreu quando
meio de microscópio digital. Os resul- na E17 (0,75% de taxa de armadura a abertura de fissura no topo ou meio
tados são mostrados na Tabela 6. A longitudinal) após 7 meses (Tabela 4). da camada de PCCA é maior que 0,25
abertura de fissura geralmente é menor A Figura 11 apresenta a abertura mm ou a soma dos espaçamentos nos
no centro do cilindro, ou seja, na posi- da fissura versus a soma dos espaça- dois lados da fissura são maiores que
ção da armadura longitudinal. As aber- mentos de fissuras em ambos os lados 3,2 m (isto é, o espaçamento de fissura
é maior que 1,6 m).

u Tabela 6 – Abertura de fissura dos 9 cilindros na A50 em 9/11/13; Em 2014 a pista de AP na A50 foi
temperatura ambiente 5°C fresada em 35 km e substituída por
uma camada intermediária para ab-
Abertura da fissura (mm) Soma do espaçamento Aparecimento sorção de esforços (SAMI – Stress
Número
de fissuras em ambos os de fissuras Absorbing Membrane Interlayer), além
do cilindro topo meio fundo lados da fissura (m) no AP
de uma camada dupla de AP.
1 0,35 0,25 0,35 5,90 sim
2 0,23 0,30 – 4,25 não
4. PADRÃO DE FISSURAS EM
3 0,29 0,10 0,25 3,85 sim
PCCA COM CONTROLE ATIVO
4 0,55 0,30 0,41 4,00 sim DE FISSURAS
5 0,35 0,30 0,30 4,00 sim Conforme apresentado anterior-
6 0,18 0,18 0,20 3,15 não mente, as fissuras muito próximas e
7 0,20 0,17 0,29 2,45 não também muito distantes em PCCA
8 – 0,28 0,34 3,25 sim podem ocasionar efeitos prejudiciais
9 0,32 0,26 0,33 – sim à durabilidade do pavimento. Medidas
para o controle do padrão de fissuras,
portanto, podem contribuir substancial-
mente para a durabilidade do PCCA.
O projeto de reconstrução da ro-
dovia E313 foi executado em 2012.
A Figura 12 mostra o layout da seção
de teste na E313, que foi construída
de acordo com as recomendações
técnicas atuais na Bélgica: PCCA de
250 mm sobre uma camada interme-
diária de 50 mm de concreto asfáltico
e uma base de concreto compactado
com rolo de 150 mm. A taxa de ar-
madura longitudinal foi de 0,75% e a
posição da armadura longitudinal é 90
mm abaixo da superfície do pavimen-
to. Além disso, devido às exigências
de redução de ruído e considerações
u Figura 11 de ordem econômicas, a placa de
Abertura de fissura em 9 cilindros na A50 em 9 de novembro de 2013 concreto foi executada em duas ca-
versus a soma de espaçamentos das fissuras em ambos os lados da fissura;
madas. A espessura da camada supe-
temperatura ambiente 5°C
rior (superfície de agregados exposta,

CONCRETO & Construções | 85


tamanho do agregado pórfiro 0-6,3
mm) e da camada inferior (tamanho do
agregado de calcário 0-31,5 mm) é de
50 mm e 200 mm, respectivamente. A
camada superior foi despejada fresca
sobre a camada inferior ainda fresca.
A classe de concreto é C45/55 para
a camada inferior e C35/45 para a ca-
mada superior.
O PCCA foi construído em duas fa-
ses: primeiro a faixa esquerda mais a
parte esquerda da faixa de caminhões
e, depois, a parte direita da faixa de ca-
minhões mais a faixa de emergência.
Como mostrado na Figura 12, durante
o endurecimento do concreto, foram
u Figura 12
executados cortes parciais, por meio de
Layout das faixas de veículos na rodovia E313 em Herentals (Bélgica),
serragem do concreto, na superfície no com os cortes parciais nas bordas externas do pavimento; medidas em mm
lado externo da placa. A abertura des-
ses cortes foi de 400 mm e o espaça-
mento de 1,20 m. Os cortes foram ser- A seção de teste de 500 m, com Para a seção de teste com corte de 60
rados imediatamente após a limpeza da corte de 30 mm, foi construída em julho mm, 99% das fissuras que ocorreram
superfície do pavimento, geralmente em de 2012, enquanto a seção de teste de durante os 4 primeiros dias, ocorre-
torno de 16 horas após a concretagem. 1100 m com corte de 60 mm, foi cons- ram em um corte e 21,3% dos cor-
O projeto da rodovia E313 possui truída em setembro de 2012. As visto- tes se propagaram em fissuras. Essa
duas seções de teste de controle de rias de espaçamento de fissuras foram porcentagem rapidamente aumentou
fissuras (Figura 13). Durante a primei- realizadas por vistorias visuais manuais: para 61,9% em dois meses depois da
ra fase do projeto de reconstrução, a caminhada ao longo da faixa de emer- construção.
profundidade do corte foi de apenas 30 gência, registro de posição e formato Depois disso, os efeitos dos cortes
mm, que é aproximadamente um oita- das fissuras e definição da categoria de para indução de novas fissuras se tornou
vo da espessura do pavimento de con- cada fissura. A influência das cargas do pequeno, já que a porcentagem aumen-
creto. Subsequentemente, para avaliar tráfego no desenvolvimento de fissuras tou apenas para 66,6% depois do pri-
o efeito da profundidade do corte na não está inclusa nesta pesquisa. Aber- meiro inverno (severo), 6,5 meses após
efetividade da indução de fissuras, a tura de fissuras foram medidas na su- a construção. Isso indica que o corte
profundidade foi aumentada para 60 perfície do pavimento com um micros- parcial na superfície induz fissuras es-
mm durante a fase seguinte do projeto. cópio digital, com uma resolução de pecialmente sob o corte durante idades
Deve ser mencionado que o momen- 0,01 mm. A vistoria do padrão de fissu- iniciais do pavimento, que estão normal-
to da serragem do corte de 60 mm foi ras foi realizada várias vezes durante os mente dentro dos dois primeiros meses
algumas horas antes da serragem do 4 primeiros dias após a construção e, após construção. No entanto, os cortes
corte de 30 mm. Uma seção de teste além disso, em 2, 6,5, 12,5 e 18 meses permanecem efetivos depois disso. Por
de 500 m na faixa externa com corte após a construção da seção de teste, exemplo, 43 de um total de 98 novas fis-
de 30 mm e uma seção de teste de com cortes de 60 mm. suras formadas (aproximadamente 45%)
1100 mm, também na faixa externa, A Tabela 7 mostra a efetividade estavam localizadas nos cortes durante
com corte de 60 mm, foram escolhidas da indução de fissuras nas seções de um período entre 65 e 204 dias, com a
para vistoria regular de fissuras desde a teste com diferentes profundidades de seção de teste com corte de 60 mm.
concretagem do pavimento. serragem dos cortes na Rodovia E313. Depois do primeiro inverno na seção de

86 | CONCRETO & Construções


u Figura 13
Espaçamento (esquerda), largura (meio) e profundidade (30 ou 60) (direita) das serragens na superfície das seções
de teste na rodovia E313 na Bélgica; medidas em mm

teste com corte de 60 mm, 78,3% das os primeiros meses com a diminuição camada superior da E313, em contras-
fissuras se localizavam nos cortes, en- de temperatura, enquanto bem poucas te com o concreto mais grosso (0-20
quanto isso esse valor é menor para cor- novas fissuras ocorreram durante meses mm) da E17.
tes de 30 mm de profundidade, 56,5%. mais quentes. Figuras 15-b e 15-c mostram o
Isso indica que o entalhe com maior pro- Em contraste com a rodovia E17 desenvolvimento da abertura de fissu-
fundidade é mais efetivo em iniciar fissu- (Figura 5), a maioria das fissuras apre- ras no tempo desde a construção do
ras nos locais designados. No entanto, é sentadas nas seções da rodovia E313 PCCA na rodovia E313. Após 20 me-
reforçado que o momento da serragem e, especialmente, as fissuras que se ses, a seção de teste com corte de
do corte de 60 mm de profundidade foi iniciaram nos cortes, na superfície, são 60 mm tem apenas 14% de fissuras
mais cedo que a serragem do corte de bem retas e perpendiculares ao eixo da próximas umas das outras e 11% de
30 mm. Em ambas as seções, fissuras via (Figura 14). Uma das razões para fissuras bem distantes. Para a seção
rapidamente se desenvolveram durante isso é o concreto fino (0-6,3 mm) na de teste com corte de 30 mm, essas

u Tabela 7 – Porcentagem de fissuras iniciada no local dos cortes na rodovia E313 na Bélgica

Nº de Porcentagem de fissuras em categoria (%)


Nº de Nº de Efetividade
Profundidade Comprimento Idade fissuras Distância do corte mais próximo (m)
cortes fissuras dos cortes
do corte (mm) da seção (m) (dias) nos cortes
(N1) (N2) N3/N1 (%)
(N3) 0 0-0.2 0.2-0.4 0.4-0.6

60 1100 1 897 1 1 0,1 100 0 0 0


– – 2 – 73 71 7,9 97,3 0 0 2,7
– – 3 – 163 161 17,9 98,8 0 0 1,2
– – 4 – 193 191 21,3 99,0 0 0 1,0
– – 65 – 664 555 61,9 83,6 2,4 7,7 6,3
– – 204 – 762 597 66,6 78,3 3,8 9,8 8,1
– – 378 – 775 606 67,6 78,2 3,8 9,9 8,1
– – 555 – 803 628 70,0 78,2 3,6 10,1 8,1
30 500 123 422 417 245 58,1 58,8 9,4 15,8 16,0
– – 262 – 497 281 66,6 56,5 8,7 17,5 17,3
– – 436 – 502 285 67,5 56,8 8,5 17,2 17,5
– – 613 – 505 286 67,8 56,6 8,7 17,2 17,5

CONCRETO & Construções | 87


porcentagens foram de 29,6% e 4,5%,
respectivamente.
A Figura 15-a mostra o desenvolvi-
mento do espaçamento médio de fissu-
ras em duas seções de teste na E313
desde a construção, assim como o
espaçamento de fissuras médio na se-
ção 1 da E17; todas essas 3 seções de
teste possuem 0,75% de taxa de arma-
dura longitudinal. O padrão de fissuras u Figura 14
nas duas seções de teste na E313 está Fissuras retas no corte (esquerda) e entre dois cortes (direita) na seção de
completo, isto é, o espaçamento médio teste com cortes parciais na superfície na rodovia E313 na Bélgica
entre fissuras permanece constante e
também por volta de 20 meses depois nores nas seções com cortes na E313 mente armados (PCCA) estão sen-

da construção (incluindo 2 invernos se- comparadas com a seção 1 na E17. do cada vez mais adotados quando

veros), o espaçamento médio de fissu- construímos ou reconstruímos pavi-

ras é de 1,35 m para a seção de teste 5. CONCLUSÕES mentos para vias de tráfego pesado.

com corte de 60 mm e 1,00 m para a Pavimentos de concreto continua- Considera-se essencial para um bom

seção de teste com corte de 30 mm.


A Figura 15-d e a Tabela 8 mostram
a comparação de padrões de fissuras
na seção de teste sem controle ativo
de fissuras na rodovia E17 e na seção
de teste com controle ativo de fissu-
ras na rodovia E313. Em todas essas
seções de teste, a classe de concreto
é C35/45, a espessura do concreto é
250 mm e a taxa de armadura longitu- a b
dinal é 0,75%. As seções de teste com
cortes serrados, principalmente de 60
mm, na E313, têm uma distribuição de
espaçamento de fissuras muito melhor
que a seção de teste na E17.
Finalmente, a Tabela 9 mostra a
comparação da abertura de fissuras na
seção de teste 1 na rodovia E17 e nas
duas seções de teste na rodovia E313,
em ambos dias de verão e inverno. O c d
efeito da temperatura do pavimento na
abertura das fissuras é óbvio: no inver-
u Figura 15
no as aberturas das fissuras são maio- Distribuição de frequência cumulativa do espaçamento de fissuras em
res que no verão. Levando a tempera- seções de teste na E313 (b,c), espaçamento médio de fissuras nas
tura do pavimento em conta, pode se seções de teste E17 e E313 (a) e comparação da distribuição cumulativa
do espaçamento de fissuras nas seções de teste E17 e E313 após 20
concluir que em ambos a abertura mé-
meses, incluindo 2 invernos (d); as setas representam a porcentagem do
dia das fissuras e o desvio padrão da espaçamento de fissuras no intervalo ideal de 0.6 – 2.4 m (Bélgica)
abertura de fissuras são um pouco me-

88 | CONCRETO & Construções


u Tabela 8 – Comparação do padrão de fissuras nas seções de teste nas rodovias
E17 e E313 após aproximadamente 20 meses (incluindo 2 invernos)

Distribuição do espaçamento de fissuras (%) Espaçamento


Seção PCCA são necessários para um padrão
Rodovia de fissuras
de teste ≤ 0,6 m 0,6-2,4 m ≥ 2,4 m de fissuras otimizado. Apesar do PCCA
médio (m)
E17 1 51,8 29,4 19,8 1,18 na rodovia E313 ainda estar nas primei-
E313 Cortes de 60 mm 14,0 75,0 11,0 1,35 ras idades (construído em 2012), o pa-

– Cortes de 30 mm 29,6 65,9 4,5 0,99 drão de fissuras superior, com grande
maioria dos espaçamentos de fissuras
desempenho a longo prazo (30-50 em abertura de fissura elevada e mu- no intervalo desejável de 0,6 – 2,4 m
anos) um padrão de fissuras otimizado, danças significativas de abertura devi- e aberturas de fissura pequenas, como
o que significa não apenas aberturas de do a mudanças de temperatura). Uma um resultado da aplicação de cortes
fissura limitadas (menores que 0,4 mm), taxa de armadura longitudinal adequa- por meio de serragem parcial na su-
mas também poucas fissuras próximas da (0,70% a 0,75% da área da seção perfície, promete um bom desempenho
(que podem resultar em punchouts) e transversal) e uma camada interme- estrutural a longo prazo e, portanto, é
poucas fissuras distantes (que resultam diária de concreto asfáltico abaixo do um tipo de pavimento durável.

u Tabela 9 – Efeito da temperatura do pavimento na abertura das fissuras na superfície do pavimento nas seções de teste
na Bélgica, medidas por um microscópio óptico

Temperatura Abertura das fissuras (mm)


na superfície Número de
Rodovia Seção de teste
do pavimento fissuras Média Máximo Mínimo Desvio padrão
(°C)
E17 1 30,3 8 0,169 0,22 0,10 0,036
– – 2,2 10 0,312 0,35 0,19 0,087
E313 Cortes de 60 mm 20,5 17 0,152 0,31 0,10 0,032
– Cortes de 60 mm 8,0 12 0,201 0,27 0,14 0,034
– Cortes de 30 mm 21,0 11 0,198 0,22 0,13 0,035
– Cortes de 30 mm 4,2 11 0,232 0,32 0,13 0,044

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] CHEN, L.; ZOLLINGER, D.G.. Characterization of Sustainability Related Considerations for CRC Pavement Design. 8th International DUT-Workshop on Research and
Innovations for Design of Sustainable and Durable Concrete Pavements, Prague, Czech Republic, 20-21 September 2014.
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[03] HOUBEN, L.J.M.; LEEST, A.J. van; STET, M.J.A.; FRÉNAY, J.W.; BRAAM, C.R.. The Dutch Structural Design Method for Plain and Continuously Reinforced Concrete
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[08] REN, D.; HOUBEN, L.J.M.; RENS, L.; BEELDENS, A.. Active Crack Control for Continuously Reinforced Concrete Pavements in Belgium through Partial Surface
Notches. Transportation Research Record No. 2456, Transportation Research Board, Washington, D.C., 2014.
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through partial surface notches. 8th International DUT-Workshop on Research and Innovations for Design of Sustainable and Durable Concrete Pavements, Prague,
Czech Republic, 20-21 September 2014.

CONCRETO & Construções | 89


u pesquisa e desenvolvimento

Pavimento de concreto
com armadura contínua: o
experimento USP e parceiros
JOSÉ TADEU BALBO
Universidade de São Paulo

1. INTRODUÇÃO 2. ENTENDIMENTO DO PRINCÍPIO de seu endurecimento (retração de se-

D
iversas rodovias cons- DE FORMAÇÃO DE JUNTAS DE cagem) é muito crítica para grandes áre-
truídas nas duas últimas CONTRAÇÃO E SEUS as e volumes expostos ao clima durante
décadas no Brasil, com PROBLEMAS TÍPICOS sua construção; e que não há maneira
solução em pavimento de concreto Os pavimentos de concreto simples de controlar a ocorrência de tal fenô-
simples, vem apresentando desem- são moldados in loco para a constru- meno, embora esse possa ser mitigado
penho insatisfatório, induzido por ção de rodovias, corredores de ônibus, com diversas tecnologias disponíveis,
aspectos de projeto em várias nu- pistas e pátios aeroportuários, portos, da mais simples às mais rebuscadas em
ances (tal como método de dimen- pisos industriais, estacionamentos, aspectos de química tecnológica.
sionamento inadequado), bem como dentre outras aplicações. É reconheci- A serragem de juntas nos pavimen-
por falhas construtivas, estas em sua damente uma solução de pavimenta- tos de concreto simples (PCS) constitui
maior parte relacionadas às juntas de ção de grande durabilidade especial- a técnica cabal para controle das fissu-
contração exigidas por esse tipo de mente para suportar o tráfego pesado. ras de retração. Em geral, com um ser-
solução. Esse estado de coisas tem Sua durabilidade é indiscutível, desde viço esmerado e consciente do ponto
origem em diversas fases do proces- que a obra seja resultado de um projeto de vista de engenharia, o que requer
so que até hoje parecem serem mal consciente e amadurecido, que envolva controle de qualidade do processo de
compreendidas pelos vários agentes os aspectos mecânicos que permeiam modo constante pelos engenheiros e
envolvidos. Não querendo nos furtar o comportamento dessas placas com encarregados de obras, essas juntas
aqui de esclarecimentos sobre essas juntas e barras de transferência, consi- são eficientes. É possível, todavia, que
sérias questões, a questão da pavi- deradas aí as respostas às cargas am- ao longo de anos, possam paulatina-
mentação em concreto com elimina- bientais e do tráfego. Infelizmente esse mente causar desconforto ao rolamento
ção de juntas de contração em pla- quadro se aplica muito bem à Alema- de veículos, caso ocorram escalona-
cas parece ser o aspecto mais crucial nha, por exemplo, e não tem sido re- mentos ou degraus nelas. A ausência de
para a reflexão de uma tecnologia trato das obras rodoviárias brasileiras. esclarecimento sobre a questão entre os
alternativa. Este artigo discute a con- Outra exigência para se alcançar atores das obras, que em geral não re-
cepção do projeto de pavimento de essa durabilidade, que deve ser conside- cebem treinamento e certificação, sem
concreto continuamente armado (ou rado como o aspecto mais crítico simul- eximir de responsabilidade os engenhei-
com armadura contínua), as parcerias taneamente com o processo de fadiga ros responsáveis, tem gerado mazelas
estabelecidas para a pesquisa e os do concreto, são as juntas de indução que se repetem em obras de pavimen-
aspectos executivos da pista experi- de fissuras de retração, denominadas tação rodoviária do “Oiapoque ao Chuí”.
mental construída em janeiro de 2016 simplesmente por juntas de contração. As causas mais comuns para fa-
no campus da Universidade de São Os engenheiros devem entender que lhas na construção dessas juntas, que
Paulo, na capital. essa propriedade do concreto na fase resultam na ocorrência da fissura de

90 | CONCRETO & Construções


retração fora de seu domínio a partir do fície. O aperfeiçoamento dessa tecnologia
fundo de seu entalhe, são conhecidas: foi batizado por “continuously reinforced
atraso na serragem (falta de controle do concrete pavement”, o que pode ser livre-
processo), pequena profundidade de mente traduzido para a língua portuguesa
serragem (falta de controle de qualida- por “pavimento de concreto com arma-
de), posicionamento indevido das bar- dura contínua” (PCAC) ou “continuamen-
ras de transferência de cargas (falta de te armado” (PCCA), em uma tradução
controle de processo), aderência par- ipsis literis.
cial ou total das barras de transferência Esse tipo de pavimento serve atual-
de carga em ambos os lados (o que mente cerca de 40.000 km de rodovias
poderia ser evitado em todas as obras interestaduais (US-I) nos Estados Uni-
empregando-se a técnica comum de dos da América, tendo migrado prin-
engraxar as barras completamente, cipalmente para a Bélgica e a Holan-
não apenas sua metade, dirimindo in- da nos anos 1960, países nos quais o
certezas na qualidade do processo). PCCA é empregado em extensões que
Essas falhas na ocorrência da fis- superam a malha rodoviária brasileira
sura de retração comprometem, logo em PCS (cerca de 2.000 km). Na Ale-
de início, o comportamento estrutural manha foi a solução mais empregada
PCCA nos anos 1960 (fonte: Roesler,
de placas pois as respostas estruturais modernamente para a construção de 2005)
mostram-se diferentes daquelas nor- plataformas ferroviárias para trens de
malmente empregadas como premis- alta velocidade, que exigem estruturas No Brasil sua primeira aplicação
sas para o cálculo estrutural. com deslocamentos plásticos verticais viária ocorreu em 2010, como experi-
ou horizontais minimizados ao longo mento, com placas curtas no campus
3. O CONCEITO DO EMPREGO de sua utilização. Nos demais países da USP em São Paulo. As quatro pla-
DE ARMADURA CONTÍNUA europeus seu emprego é limitado, com cas de 50 m não puderam reproduzir as
COM ABANDONO DE JUNTAS alguns casos na França e na Espanha e condições de fissuração encontradas
DE CONTRAÇÃO pequena extensão total na Itália. na literatura técnica internacional, tendo
Desde a década de 1930 começou-
-se a testar o emprego de um pavimento
de concreto que dispensasse as juntas de
contração, posto que naqueles primór-
dios eram comuns as fissuras de retração
descontroladas por falhas na execução
de juntas. Assim, não seriam necessárias
a colocação de barras de transferência de
carga (exceto no caso de juntas de cons-
trução de fim de turno de trabalho) e a
serragem de juntas para a indução de fis-
suras, criando-se um sistema “let it crack”.
Armaduras contínuas dispostas no banzo
comprimido da inicialmente “grande placa
de concreto”, com taxas variando entre 0,5
e 0,7%, fariam o controle da abertura das
fissuras de retração, minimizando-as, além
de servirem como elementos de transfe-
rência de esforços verticais sobre a super- PCCA em ferrovia Hanover-Berlim em 2011 (gentileza: Bernhard)

CONCRETO & Construções | 91


quatro seções de PCCA, no caso, de
u Ficha técnica
curta extensão, rompendo-se com a tra-
dição rodoviária no exterior. Conscientes
Escavação, transporte do material escavado,
Construtora OAS das necessidades de melhorias para
compactação do subleito e da base granular
Fornecimento de brita graduada simples para Serveng Mineiração corredores urbanos de ônibus (transpor-
a base Construtora Norberto Odebrecht te público), os docentes do Programa
Fornecimento de imprimação betuminosa de Pós-Graduação em Engenharia de
da base e de formas de madeira incluindo Prefeitura do Campus da Capital da USP
Transportes da Escola Politécnica da
montagem
USP empenharam-se para os primei-
Fornecimento de vergalhões comuns e
Votorantim Siderurgia ros testes, visando extensões típicas de
galvanizados
Fornecimento de zinco para galvanização Votorantim Metais paradas de ônibus urbanos, situações

Galvanização de vergalhões Bosch em que pavimentos asfálticos e mesmo


pavimentos de concreto simples, muitas
Fornecimento de desmoldante para formas e
produto de cura para aspersão na superfície Grace vezes, não são os mais adequados. O
do concreto Prof. Marco Antonio de Aguirra Massola,
Fornecimento de arames galvanizados Morlan Arames e Telas então prefeito do campus da USP em
Fornecimento de CP II e CP IV Votorantim Cimentos São Paulo, proporcionou a possibilida-
Fornecimento de agregados virgens e reciclados de de vários estudos de pavimentação
Engemix
e produção e transporte dos concretos
com a reconstrução da Av. Prof. Almeida
Montagem das armaduras, adensamento, Prado, entre o terminal de ônibus e o
Engenharia de Pisos
acabamento e cura do concreto
monumento a Ramos de Azevedo. Além
Departamento de Engenharia de Transportes
Projeto e coordenação dos pavimentos em blocos intertravados
Escola Politécnica da USP
na maior parte do trecho, quatro seções
de PCCA foram construídas com varia-
ocorrido fissuras com espaçamento mé- processo de construtivo de aeroportos, ção nas taxas de armaduras transver-
dio de cerca de 3 m na maioria dos ca- rodovias e corredores de ônibus urba- sais em cada uma delas. Estudos sobre
sos ou maiores. O experimento foi reali- nos ou BRT. Essa experiência foi relata- esses experimentos são disponíveis na
zado para o entendimento do emprego da em artigo de uma edição anterior da Revista Concreto e Construções e na
dessa tecnologia em paradas de ônibus revista Concreto e Construções. Revista RIEM, ambas do IBRACON.
urbanas ou rurais, tendo apresentan- As experiências no exterior comu-
do excelente desempenho das fissuras 4. CONCEPÇÃO DO PROJETO mente relatam os padrões de fissu-
(sem sua degradação) até o momen- EXPERIMENTAL – TESTES ração encontrados nesses pavimen-
to. Contudo, não permite apresentar ANTERIORES E AMPLIAÇÃO tos, que funcionam fissurados, e isto
um quadro para o comportamento do DA PESQUISA é de fundamental importância para o
PCCA em clima tropical que refletisse o No ano de 2010 foram construídas leitor compreender o conceito de PCCA

u Figura 1
Seção transversal do PCCA concebido com 200 m de extensão contínua

92 | CONCRETO & Construções


e para não ocorrerem juízos de valor
equivocados sobre essa fissuração de
retração. O padrão de fissuração está
bem descrito para países de clima tem-
perado e depende de uma série de
fatores, como tipo de cimento, tipo de
agregado, taxa de armadura longitudi-
nal, condições ambientais predominan-
tes durante a construção, tipos de ba-
ses (asfáltica causa menos fissuração,
por exemplo). O espaçamento entre fis-
suras é fundamental para a modelagem
numérica dessas estruturas, pois não
há método mecanicista de dimensiona-
mento genérico e aplicável a todas con- Disposição das armaduras contínuas
dições. Essa consciência há décadas
leva à pesquisa de pavimentos de con- ternativas urbanas e rurais, com tráfego da de ônibus Psicologia II, era necessá-
creto específica para as condições bra- de veículos comerciais, para a implan- ria a escavação do pavimento existente
sileiras, o que normas e procedimentos tação do projeto. O projeto básico do já bastante deteriorado. Essa tarefa foi
importados não possuem competência PCCA ficou estabelecido como apre- organizada pela Construtora OAS, bem
e abrangência para tratar. sentado na Figura 1. como a recompactação do subleito e
Isso encaminhou para a necessi- a compactação da base em brita gra-
dade de construção de placa longa, 5. HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO duada simples (BGS). A imprimação da
que tivesse ao menos 150 m para DAS PARCERIAS – UM base (com emulsão asfáltica) e a coloca-
proporcionar uma fissuração coerente EMPREENDIMENTO INÉDITO ção de fôrmas ficou a cargo da Prefeitu-
com a realidade construtiva rodoviária NA PESQUISA RODOVIÁRIA ra do Campus da Capital. O fornecimen-
(a produção diária de faixas de pavi- Em meados de 2014, representantes to de BGS para execução da base teve
mentação). Para tanto, foi concebido do Instituto de Metais não Ferrosos (ICZ), a parceria da Serveng Mineração e da
um trecho experimental de 200 m de juntamente com a Votorantim Metais e Construtora Noberto Odebrecht.
extensão, que seria inicialmente cons- a Votorantim Siderurgia, que haviam se O desmoldante para as fôrmas foi
truído ou em grande avenida, ou em interessado pela concepção das seções fornecido pela Grace, bem como o pro-
corredor de ônibus ou em rodovia, ou experimentais construídas na USP em duto de cura do concreto. A Votorantim
mesmo em aeroporto, se possível fos- 2010, procuraram o Departamento de metais forneceu o zinco para galvaniza-
se. Tratativas para implantação desse Engenharia de Transportes da EPUSP, ção que, por sua vez, ocorreu na em-
trecho experimental tiveram início em quando então teve início uma parceria, presa Bbsoch em Jundiaí. A Votorantim
2012, buscando-se possível interesse que acabou trazendo vários interessa- Siderurgia forneceu os vergalhões de
para pavimentação de corredores ur- dos para a viabilização de um projeto de aço em parte cru e em parte galvani-
banos. Em 2013/2014 a Confederação grande porte, que se daria ou em área ru- zados. A Votorantim Cimentos forne-
Nacional dos Transportes selecionou ral ou urbana. Por diversas razões o pro- ceu os cimentos CP II F 40 e CP IV 32
esse projeto (dentre outros) de interes- jeto foi viabilizado no campus da USP em RS. A Engemix forneceu os agregados
se para rodovias e buscou inicialmente São Paulo, sendo que sua implantação virgens e reciclados para a confecção
financiá-lo no que tange à contrata- ocorreu em janeiro de 2016. das misturas de concreto, por ela mes-
ção de pesquisadores; por entraves Para a implantação da faixa de ôni- mo executadas. A Engenharia de Pisos
legais tais financiamentos não foram bus de 3,4 m de largura, paralela à Raia executou a instalação de armaduras e
autorizados pela Advocacia Geral da Olímpica da Cidade Universitária (Av. o adensamento e acabamento do con-
União (AGU). Buscou-se então por al- Prof. Mello Moraes), com início na para- creto com sua equipe.

CONCRETO & Construções | 93


guirão sobre a pista ao longo dos próxi-
mos meses e anos serão:
u Comportamento de fissuração de
retração em função das variáveis de
projeto;
u Análise de transferência de car-
gas entre fissuras por método não
destrutivo;
u Análise de variabilidade de espessu-
ra de concreto e de posicionamento
do aço por meio de tomografia com
ondas de baixa frequência;
u Análise de requisitos de desempe-
nho do concreto, incluindo medi-
Aspecto superficial após texturização do concreto das de módulo de elasticidade, em
amostras coletadas bem como por
É importante notar que todos os meia seção empregando vergalhões co- retroanálises de deformações cau-
parceiros tinham interesse no projeto muns (ambos com 20 mm e aço CA-50). sadas por cargas de impacto;
e entenderam perfeitamente a necessi- A concretagem se deu de modo contínuo u Análise de aberturas de fissuras ao
dade do experimentalismo em situação e sem paradas no dia 27 de janeiro, con- longo de estações climáticas;
real de emprego do PCCA. Os parcei- sumindo aproximadamente 10 horas. u Instrumentação de pista com strain
ros tinham inclusive interesses distintos, Empregou-se régua vibratória para gages para análise de respostas
porém complementares, com efetiva o acabamento superficial. A cura foi das estruturas a cargas rodoviárias
participação no projeto. Como na mo- realizada com a aplicação de duas ca- típicas;
ral final de uma das fábulas de Esopo: madas de filme de produto com base u Análise de aderência dos aços aos
“Não se pode construir uma sociedade parafínica, espaçadas de quatro horas, concretos empregados;
se não existirem interesses comuns”. que foi protegida por manta plástica em u Análise de irregularidade superficial
toda a extensão. Após isso, por três ao longo dos anos;
6. CONSTRUÇÃO DA dias, três vezes ao dia, a superfície foi u Análise dos efeitos da texturização
PISTA EXPERIMENTAL umedecida com aspersão de água de com vassouras na irregularidade
A construção da pista experimental reuso. A liberação ao tráfego local foi longitudinal;
com PCCA reproduzindo processo cons- prevista para trinta dias após a concre- u Modelagem numérica do experi-
trutivo rodoviário ocorreu em 26 e 27 de tagem. Cada uma das quatro seções mento e calibração de modelos de
janeiro de 2016. Na semana anterior ha- de 50 m emprega um diferente concre- cálculo de tensões em função dos
via sido realizada a escavação do pavi- to, resultante de combinação dos ci- padrões de fissuração ocorridos;
mento asfáltico deteriorado, a recompac- mentos (CP II e CP IV) e dos agregados u Análise de corrosão de armaduras.
tação do subleito e a exceção da base (parcialmente reciclados ou virgens). A transferência do conhecimento
em BGS. Após a colocação das fôrmas, para a sociedade será possível com o
as armaduras continuamente dispos- 7. RESULTADOS FUTUROS estabelecimento de critério de projeto
tas foram instaladas, com meia seção ESPERADOS estrutural para PCCA, nas condições
empregando aço galvanizado e outra Os estudos e pesquisas que se se- ambientais brasileiras.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Salles, L. S. ; Balbo, J. T. . Análise Comparativa da Eficiência de Transferência de Cargas em Pavimentos de Concreto Simples d Continuamente Armados. Concreto
& Contrução, v. 79, p. 48-58, 2015.

94 | CONCRETO & Construções


u pesquisa e desenvolvimento

Concreto autoadensável
em regiões costeiras
de clima quente
CARLOS F. A. CALADO – Doutorando | AIRES CAMÕES – Professor-Doutor
CTAC, Universidade do Minho - Portugal

PAULO HELENE – Professor-Doutor


Universidade de São Paulo (USP)

1. INTRODUÇÃO Para os construtores aplicarem de água e modificadores de viscosi-

O
concreto autoadensável SCC nas suas obras, o tempo dis- dade, enquanto que os superplastifi-
(CAA no Brasil e SCC in- ponível entre o início da mistura e a cantes têm efeitos sobre a dispersão
ternacionalmente) já vem conclusão do adensamento nas fôr- de partículas de cimento por meio de
sendo aplicado há aproximadamente mas, quando então se inicia a cura, repulsão estérica e/ou eletrostática,
20 anos e vem se tornando alternativa representa um importante desafio a com características de elevada redu-
tecnicamente viável para aplicação em ser atendido. O SCC, para a manu- ção de água. A adsorção do aditivo
lugar do concreto convencional vibrado tenção da autoadensabilidade, ne- pode estender a manutenção da flui-
(CC). Atualmente, constata-se que os cessita atender os requisitos de flui- dez através da dispersão das partícu-
estudos sobre o SCC avançaram muito dez, capacidade de preenchimento, las de cimento, mas a concentração
e já é possível responder a quase todas capacidade de passagem e resistên- de íons sulfato, proveniente do gipsita
as indagações acerca do comporta- cia à segregação. O tempo inicial de que controla a pega do cimento, na
mento do SCC frente ao CC, vantagens pega, juntamente com a consistência solução pode ajudar a reduzir a in-
e possíveis desvantagens nos aspectos e coesividade do concreto fresco, tensidade desse efeito estérico do
técnicos de aplicação e utilização. determinam o tempo de duração em polímero. A temperatura mais eleva-
No entanto, Rich et al [1] estuda- que a mistura permanece num perío- da provoca rápida taxa de hidratação
ram a aceitação do SCC entre os em- do de dormência, plástica e trabalhá- inicial, conduzindo a uma distribuição
presários da construção civil do Reino vel, podendo ser manuseada e aplica- não uniforme dos produtos de hidra-
Unido e concluíram que as pesqui- da no canteiro de obra. Para regiões tação dentro da pasta. Então, o con-
sas, à época, desenvolviam estudos com clima seco e temperatura mais creto aplicado e curado a alta tem-
específicos do material em questão, elevada, caso da região de Recife peratura endurece mais rápido, mas
sem apresentar outros benefícios e (Pernambuco, Brasil), o tempo dis- apresenta resistências menores em
conceitos aos construtores, a exem- ponível para aplicação do SCC fresco relação aos aplicados e curados em
plo de como, quando e onde aplicar pode ser reduzido com relação a ou- temperaturas mais baixas. [2,3,4].
SCC, importando para a tomada de tros tipos de regiões [2]. A durabilidade do concreto sofre
decisão dentro do planejamento do O CAA obtido na região de Recife influências adversas que envolvem o
processo, bem como o tempo de provém de composições que asso- transporte de fluidos e gases através
construção. Ou seja, o SCC deveria ciam conteúdo de adições minerais dos poros do concreto, além de outros
ser visto como um método e não ape- com os aditivos plastificantes. Os fatores, como relação água/cimen-
nas como mais um material. plastificantes são aditivos redutores to, temperatura, grau de hidratação,

CONCRETO & Construções | 95


adições minerais, porosidade capi-
u Tabela 1 – Tipos de pastas e concretos aplicados em Lab_P e Lab_AP
lar e permeabilidade [2,5]. A região
metropolitana do Recife, cidade lito-
Pasta SCC e Concretos aplicados
rânea, capital do estado de Pernam-
Pasta CAA – (CV+MK+SP+P+A) CAA L-AP3 – (CII+Ar+B1+SP+A)
buco, com 3,9 milhões de habitantes
CAA L-P – (CV+MK+Ar+B1+B2+SP+P+A) CC L-P – (CV+MK+Ar+B2+P+A)
(julho/2014), combina condições es-
CAA L-AP1 – (CII+Ar+B2+SP+P+A) CC L-AP4 – (CII+Ar+B2+SP+P+A)
pecialmente agressivas para estrutu-
CAA L-AP2 – (CIV+Ar+B2+SP+P+A) CC L-AP5 – (CIV+Ar+B2+SP+P+A)
ras de concreto armado, tais como:
Onde: CV = cimento CP-V ARI; CII = cimento CP-II F 32; CIV = cimento CP-IV 32 RS; A = água; SP = superplastificante;
valores médios anuais para tempera- P = plastificante; MK = metacaulim; Ar = areia; B1 = brita 12.5mm; B2 = brita 19.1mm.
tura máxima igual a 29,1oC, umidade
relativa do ar igual a 79,8%, precipi- região de Recife, de modo a demons- concreto endurecido, em duas fren-
tação pluviométrica de 2.417,6mm, trar que, apesar das condições locais tes de trabalho: (1) em laboratório de
horas de sol igual a 2.550,7h, além desfavoráveis, é viável a aplicação de pesquisa (L-P); (2) no laboratório do
da atmosfera marinha em face de SCC em regiões costeiras de clima canteiro de obra da Arena Pernam-
estar situada ao bordo do oceano. quente, desde que o SCC seja enten- buco (L-AP), localizado na região me-
Trata-se, portanto, de um ambiente dido e consumido como um processo, tropolitana do Recife, inaugurada em
propício para a deterioração preco- e não apenas como um novo material. 2013, e onde foram aplicados 23.200
ce por despassivação e corrosão das m3 de SCC, e 34.800m3 de CC.
armaduras. A quantidade das obras 2. PROCEDIMENTO Na pesquisa aqui apresentada,
de concreto que não atingem a idade EXPERIMENTAL através de ensaios em pasta repre-
prevista no projeto tende a ser mais sentativa de concreto fresco, SCC e
elevada, caso medidas mitigadoras 2.1 Método de dosagem, ensaios CC, buscou-se obter indicadores do
não sejam adotadas nas etapas de aplicados, constituintes tempo disponível de trabalhabilida-
projeto, execução e manutenção [6]. e composições de para execução das operações de
Dessa forma, o presente artigo obje- concretagem em diferentes tempera-
tiva apresentar estudos em concretos e Os estudos se desenvolveram a turas (25oC, 32oC, 38oC e 45oC).
em pasta de SCC e de CC, representa- partir de um conjunto de ensaios apli- Os ensaios aplicados à pasta
tivas daquelas usualmente aplicadas na cados em pastas, concreto fresco e de SCC e concretos frescos foram:

u Tabela 2 – Quadro resumo dos ensaios aplicados, composições, temperaturas e idades

Ensaio Composição Temperatura (ºC) Idade (dias)


AV Pasta CAA 25, 32, 38, 45 Inicial
REp Pasta CAA 25, 32, 38, 45 Inicial
CM Pasta CAA 25, 32, 38, 45 Inicial
Es e t500 CAA L-P; CAA L-AP1;CAA L-AP2; CAA L-AP3 32 Inicial
At CC L-P; CC L-AP4; CC L-AP5 32 Inicial
RC CAA L-P; CAA L-AP1; CAA L-AP2; CAA L-AP3; CC L-P; CC L-AP4; CC L-AP5 32 3, 7, 14, 28, 56, 90
IC CAA L-P; CC L-P 32 28, 90
AB CAA L-P; CAA L-AP1; CC L-P; CC L-AP4 32 28, 90
AC CAA L-P; CC L-P 32 28, 90
REc CAA L-P; CC L-P 32 3, 7, 28, 56, 90
IV CAA L-P; CAA L-AP1; CC L-P; CC L-AP4 32 28, 90
CA CAA L-P; CC L-P 32 28, 90

96 | CONCRETO & Construções


u Tabela 3 – Composições da pasta CAA (SCC) e dos concretos aplicados em (L-P) e (L-AP)

Pasta CAA CC CAA CC


Constituintes Unid
CAA L-P L-AP1 L-AP2 L-AP3 L-AP4 L-AP5
CP-V ARI g 459,8 419 416 – – – – –
CP-II F 32 g – – – 499 – 532 451 –
CP-IV 32 RS g – – – – 525 – – 476
Metacaulim g 40,2
36 36
– –
– –

Areia g – 947 661 856 778 732 815 681
Brita 12.5mm g – 227 – – – 778 – –
Brita 19.1mm g – 529 1028 830 798 – 917 946
Água g 225,3 205 203 199 236 215 180 214
Superplastificante g 5,7 5 – 4,49 5,25 3,76 1,80 1,90
Plastificante g 4,6 4,2 2,6 2,99 4,20 – 2,71 3,81
Relação (a)/l (1)
– 0,451 0,45 0,45 0,40 0,45 0,40 0,40 0,45
Relação (a+aq)/l (2)
– 0,471 0,471 0,455 0,414 0,468 0,411 0,409 0,462
Relação (SP+P)/a (3)
– 0,046 0,045 – 0,038 0,040 0,025 0,027
Relação (SP)/a (4)
– – – – – – 0,017 – –
Relação (P)/a ) (5
– – – 0,013 – – – – –
fck MPa – 40 40 40 40 40 40 40
Espalhamento mm – > 700 – > 700 > 700 > 700 – –
Abatimento mm – – 120±20 – – – 140±20 140±20
(1)
Relação água/ligante, onde ligante = cimento + adição metacaulim; (2) Relação (água+aditivo químico)/ligante; (3) Relação (superplastificante+plastificante)/água;
(4)
Relação (superplastificante)/água; (5) Relação(plastificante)/água

Agulha de Vicat (AV); Resistividade bem como as diferentes temperaturas e armazenados em câmara úmida até o
elétrica em pastas (REp); Cone Mar- idades de cada uma das composições, momento de realização dos ensaios. A
sh (CM); Espalhamento (slump-flow) em cada um dos ensaios. câmara úmida foi mantida à temperatu-
(Es) e t500; Abatimento (slump) (At). A Tabela 3 apresenta as composi- ra de (27 ± 2)oC, com umidade relativa
Os ensaios aplicados aos concretos ções da pasta CAA (SCC) e dos con- do ar superior a 95%. Já os CPs CAA
endurecidos, envolvendo os temas cretos, SCC e CC, aplicados nos en- L-AP1, CAA L-AP2, CAA L-AP3, CC
de resistência e durabilidade, na tem- saios no laboratório de pesquisa (L-P) L-AP4 e CC L-AP5, foram conservados
peratura de 32 C, foram: resistência
o e no laboratório do canteiro de obra em área coberta do laboratório da obra,
da Arena Pernambuco (L-AP).
mecânica à compressão (RC); difu- protegida com uma lona para evitar a
são de íons cloreto (IC); absorção de perda de água e, 24h após a concre-
2.2 Obtenção dos corpos
água por capilaridade (AB); ascensão tagem, os CPs foram desmoldados,
de prova utilizados nos
capilar (AC); resistividade elétrica em quando então receberam a identifica-
ensaios da pesquisa
concreto (REc); índice de vazios (IV); e ção e foram conservados nos tanques
carbonatação acelerada (CA). A pasta de cura até a idade de rompimento.
Os corpos de prova (CPs) foram
de SCC e os diferentes tipos de con-
obtidos em atendimento à ABNT NBR
cretos estão indicados na Tabela 1. 2.3 Normas aplicadas para
5738:2015 quanto ao procedimento
A Tabela 2 apresenta os ensaios apli- a realização dos ensaios
para moldagem e cura. Após essa eta-
cados na pesquisa, para a pasta SCC e
pa, os CPs CAA L-P e CC L-P foram
as composições de concreto adotadas, As pastas e os concretos fres-

CONCRETO & Construções | 97


u Figura 1 u Figura 2
Tanque para cura dos CPs Tanque de água e hidróxido de cálcio

cos tiveram as temperaturas con- 2.4 Procedimento do ensaio raturas escolhidas. Dessa forma,
troladas, para assegurar os valores de resistividade elétrica a presente pesquisa desenvolveu
propostos de 25 C, 32 C, 38 C e
o o o
em pastas um aparato muito simples e de
45 C, seja através de resfriamento
o
fácil implementação em cantei-
ou aquecimento dos constituintes e O ensaio buscou avaliar o com- ro de obra, com objetivo de aferir
da mistura. Os concretos endureci- portamento da passagem de cor- o tempo de início de pega de um
dos foram ensaiados à temperatura rente elétrica no fluido cimentício concreto através da medida da re-
média de 32 C. A Tabela 4 expõe os
o
durante um tempo determinado, sistividade elétrica, conforme com-
experimentos realizados e as normas bem como as variações de resul- provado nos estudos de Zongjin
de referência. tados para as diferentes tempe- et al. (2007) [8]. As Figuras 3 e 4

u Tabela 4 – Normas aplicadas para a realização dos ensaios

Ensaio Normas aplicáveis


NBR NM 43:2003
Agulha de Vicat
NBR NM 65:2003
Resistividade elétrica NBR 9204:2012
Pastas e
concretos frescos Cone de Marsh NBR 7681-2:2013
NBR NM 33:1998 (obtenção das amostras)
Espalhamento e t500 NBR 15823-2:2010
NBR 15823-1:2010 (avaliação dos resultados)
NBR 5738:2003
Resistência mecânica à compressão
NBR 5739:2007
Difusão de íons cloreto ASTM C1202:1997
Absorção de água por capilaridade e ascensão capilar NBR 9779:2012
Concretos endurecidos
RILEM TC154-EMC (2003) CEB
Resistividade elétrica
Bulletin D’Information no 192 (1989)
Índice de vazios NBR 9778:2009
Carbonatação acelerada RILEM TC056-CPC-18 (1988)

98 | CONCRETO & Construções


u Figura 3 u Figura 4
Aparato para realização dos ensaios Diagrama elétrico esquemático

mostram o aparato e o esquema do onde foi possível avaliar diferenças mento, abatimento e t500, respectiva-
diagrama elétrico aplicado. de trabalhabilidade entre o CAA e mente. Apresentam-se, também, as
CC (composições das Tabelas 2 e 3) perdas percentuais de desempenho
3. RESULTADOS com o aumento da temperatura, para relativamente à temperatura padrão,
A Tabela 5 apresenta os resulta- o mesmo tempo inicial de medição considerada igual a 32oC.
dos dos ensaios de Agulha de Vi- após mistura. A Tabela 6 apresenta os resultados
cat, Resistividade elétrica e Cone As Figuras 5 a 8 apresentam gráfi- dos ensaios de Resistência mecânica
de Marsh. Esses ensaios permitiram cos de resistividade elétrica da pasta à compressão (RC), e dos ensaios de
avaliar a trabalhabilidade do CAA CAA ao longo do tempo, obtidos atra- durabilidade: Difusão de íons cloreto
através do desempenho da pasta vés dos ensaios de Vicat, Resistivida- (IC), Absorção de água por capilari-
CAA (C+MK+SP+P+A) com o au- de e Cone de Marsh, nas temperatu- dade (AB), Ascensão capilar (AC), Re-
mento da temperatura e do tempo ras de 25 C, 32 C, 38 C e 45 C.
o o o o sistividade elétrica em concreto (REc),
decorrido após início da mistura. A As Figuras 9, 10 e 11 apresentam Índice de vazios (IV) e Carbonatação
Tabela 5 apresenta ainda os resulta- gráficos de perda de desempenho em acelerada (CA), para concreto endu-
dos dos ensaios de Espalhamento função da temperatura, calculados recido, conforme Tabela 2.
(slump-flow) e Abatimento (slump), a partir dos resultados de espalha- A Figura 12 apresenta o gráfico

u Tabela 5 – Resultados de Vicat, Resistividade, Cone Marsh, Espalhamento e Abatimento

Temperatura (ºC)
Resultados Composição Unid
25 32 38 45
Ti(V)/Tf(V) Pasta CAA (h) 6,15/8,92 5,54/8,07 3,88/5,74 3,31/4,89
Ti(R)/Tf(R) Pasta CAA (h) 3,1/4,7 2,72/3,91 2,41/3,26 2,40/3,24
T(CM) Pasta CAA (h) 2,0 1,5 1,25 1,25
V(Es) CAA (mm) 728 725 717,5 713
V(At) CC (mm) 120 118 115 112
V(t500) CAA (s) 1,80 1,78 1,72 1,69
Ti(V) = tempo de início de pega por Vicat; Tf(V) = tempo de fim de pega por Vicat; Ti(R) = tempo de início de pega por Resistividade; Tf(R) = tempo de fim de pega por Resistividade; T(CM) = tempo
de ensaio em que a pasta deixou de fluir pelo Cone Marsh; V(Es) = valor medido do espalhamento; V(At) = valor medido do abatimento; V(t500) = valor medido do tempo t500.

CONCRETO & Construções | 99


u Figura 5 u Figura 6
Resultados pasta CAA para 25ºC Resultados pasta CAA para 32ºC

u Figura 7 u Figura 8
Resultados pasta CAA para 38ºC Resultados pasta CAA para 45ºC

u Figura 9 u Figura 10
Espalhamento Abatimento

100 | CONCRETO & Construções


u Figura 12
Gráfico dos resultados de resistência à compressão conforme Tabela 6

90 dias, conforme houve redução do tempo de traba-


apresentado na lhabilidade disponível. Essa redução
Tabela 6. se deu pelo aumento da tempera-
O gráfico da tura e também do tempo decorrido
Figura 14 apre- após mistura dos constituintes. A
u Figura 11 senta o compa- pasta de CAA aplicada nos ensaios
Ensaio t 500 rativo dos resulta- era uma pasta com uso conjunto de
dos de ensaios de aditivos químicos plastificante e su-
dos resultados de resistência à com- durabilidade para perplastificante, com adição de me-
pressão dos sete tipos de composi- as mesmas idades ensaiadas de 28 e tacaulim, com relação água/ligante
ções de concreto, quatro de CAA e 90 dias, conforme apresentado na Ta- de 0,451 e (água+aditivo químico)/
três de CC, conforme os ensaios de bela 6. Observe-se que a relação CC/ ligante de 0,471. Seria possível con-
resistência aplicados ao concreto CAA foi superior a 1,0 para todos os siderar que a redução dos tempos
endurecido. As curvas de tendência ensaios de durabilidade, tanto aos 28 disponíveis de trabalhabilidade da
foram obtidas simplesmente ajustan- dias quanto aos 90 dias, com exceção pasta e dos concretos se deu por
do-se aos resultados experimentais do ensaio de resistividade elétrica. consequência da perda de de-
apresentados na Tabela 6. sempenho dos aditivos químicos
O gráfico da Figura 13 apresenta 4. CONCLUSÕES com o tempo e com o aumento da
a correlação dos resultados de resis- Os resultados apresentados na temperatura.
tência à compressão com os resulta- Tabela 5 e visualizados nos gráficos Verificou-se, também, que os re-
dos de resistividade elétrica nas mes- apresentados nas Figuras 5 a 11 per- sultados de tempo de início de pega
mas idades ensaiadas: 3, 7, 28, 56 e mitiram concluir que, efetivamente, por Vicat se aproximaram mais dos

u Tabela 6 – Resultados dos ensaios de resistência e durabilidade para concreto endurecido

Ensaios
Idade
Comp. Resist. Durabilidade
(dias)
RE (MPa) IC (Coulomb) AB (%) AC (%) REc (kΩ.cm) IV (%) CA (mm)
CAA – L-P 3 33,98 – – – 11,0 – –
CAA – L-P 7 36,19 – – – 17,8 – –
CAA – L-P 14 44,69 – – – – – –
CAA – L-P 28 45,86 900 8,22 10,7 37,3 13,07 8,75
CAA – L-P 56 51,24 – – – 53,6 – –
CAA – L-P 90 53,88 828 4,88 7,5 64,8 8,86 5,75

CONCRETO & Construções | 101


u Tabela 6 – Resultados dos ensaios de resistência e durabilidade para concreto endurecido (continuação)

Ensaios
Idade
Comp. Resist. Durabilidade
(dias)
RE (MPa) IC (Coulomb) AB (%) AC (%) REc (kΩ.cm) IV (%) CA (mm)
CC – L-P 3 32,32 – – – 9,7 – –
CC – L-P 7 33,03 – – – 16,5 – –
CC – L-P 14 40,39 – – – – – –
CC – L-P 28 42,69 1517 8,36 20,0 34,2 14,97 13,97
CC – L-P 56 43,80 – – – 45,0 – –
CC – L-P 90 47,83 1250 5,85 13,3 60,4 10,24 8,87
CAA 7 40,0 – – – – – –
L-AP1 28 50,0 – 8,50 – – 8,99 –
CAA 7 39,4 – – – – – –
L-AP2 28 49,8 – – – – – –
CAA 7 41,6 – – – – – –
L-AP3 28 50,5 – – – – – –
CC 7 38,7 – – – – – –
L-AP4 28 48,6 – 8,92 – – 10,59 –
CC 7 34,2 – – – – – –
L-AP5 28 47,5 – – – – – –

indicadores de perda de trabalha- de início e fim de pega obtidos através tudo desenvolvido por Zongjin et al.
bilidade obtidos por Resistividade de Vicat com os resultados de resisti- (2007) [8].
(mudança acentuada de declividade vidade elétrica em pasta, usando um As Figuras 5 e 6 mostraram que,
da curva nos gráficos das Figuras 5 aparato original e simples, passível de para as temperaturas de 25 e 32oC
a 8) e Cone de Marsh (tempo T(CM), aplicação em laboratório de canteiro respectivamente, os indicadores de
onde a pasta deixou de fluir) para as de obra, mostrou-se compatível com fluidez por Marsh e início de pega por
temperaturas mais elevadas, de 38 e os demais resultados de ensaios em Resistividade aconteceram quando a
45 C. O indicador de desempenho do
o
pasta, a exemplo do Cone de Marsh. pasta ainda não havia manifestado a
Cone de Marsh foi o de menor tempo Dessa forma, comprovou-se o es- alteração marcante na mudança de
com relação aos indicadores de Vicat
e Resistividade para as quatro tempe-
raturas ensaiadas. O segundo menor
tempo foi obtido pelos indicadores
de Resistividade, ficando por último
os indicadores de Vicat. Os tempos
de início e fim de pega do ensaio de
Agulha de Vicat são referenciados
para pastas de consistência normal,
cimento e água. A presença dos adi-
tivos químicos demonstrou que esses
tempos são afetados, o que foi con-
firmado pelos indicadores de Resisti-
vidade e Cone de Marsh. Ressalte-se u Figura 13
Correlação entre resistividade elétrica e resistência à compressão
que a correlação entre os resultados

102 | CONCRETO & Construções


agregados finos, provocando aumen-
to no resultado final da resistência do
CAA com relação ao CC.
Como expõe a Tabela 6, em todos
os ensaios de durabilidade o SCC
apresentou desempenho um pouco
superior ao CC.
As Figuras 13 e 14 confirmaram a
expectativa do aumento da resistên-
cia com o aumento da idade do con-
u Figura 14 creto, bem como dos indicadores de
Comparativo entre resultados de ensaios de durabilidade para CAA e CC durabilidade, devido à diminuição da
porosidade, associada à contínua hi-
comportamento da resistividade, en- peratura, de fato provocou as maiores dratação do cimento.
quanto que o início de pega de Vicat reduções dos indicadores de desem- Para difusão de íons cloreto, quan-
aconteceu quando a curva de resisti- penho de trabalhabilidade. Assim, to maior a carga passante em Cou-
vidade já havia sofrido forte alteração pode-se recomendar aos construto- lombs, maior será a penetração de
de comportamento. Por outro lado, res que adequem o tempo necessário íons cloreto, o que acarretará redução
as Figuras 7 e 8 mostraram que, para para a realização de todas as etapas da durabilidade do concreto e suas
as temperaturas de 38 e 45 oC res- de concretagem ao tempo efetiva- armaduras. Esse melhor desempe-
pectivamente, os indicadores de flui- mente disponível, com base nos es- nho do SCC pode ser explicado pelo
dez por Marsh e início de pega por tudos de composições de pastas e material apresentar-se melhor selado
Resistividade mantiveram o mesmo concretos para uso no estado fresco. internamente que o CC. Os ensaios
comportamento, enquanto que o Quanto à Tabela 6 e à Figura 12, de absorção de água por capilarida-
início de pega por Vicat aconteceu considerando-se a idade de referên- de, ascensão capilar e índice de va-
exatamente no tempo em que a cur- cia de 28 dias, foi possível estabelecer zios mostraram que o CAA ou SCC
va de resistividade sofreu a forte alte- a média fc28 = 49,04 MPa para as qua- se apresentou mais denso, homogê-
ração de comportamento, passando tro composições de CAA e a média neo, e menos poroso que o CC nas
para trecho ascendente de elevada fc28 = 46,26 MPa para as três compo- primeiras idades, com possibilidade
inclinação. sições de CC, representando melhor de manutenção dessa tendência ao
As Figuras 9, 10 e 11 mostraram desempenho de resistência de 6% do longo da vida útil dos concretos nas
graficamente que, para o tempo ini- CAA em relação ao CC. Analisando- idades mais avançadas.
cial, sem acréscimo do tempo após -se as sete composições apresenta- O melhor desempenho do SCC no
mistura, variando apenas a tempe- das na Tabela 3, verificou-se que as ensaio de Resistividade Elétrica pode
ratura, houve indicativo de pequena composições adotadas para CAA e ser também explicado pela microes-
perda de desempenho nos ensaios CC guardaram certa similaridade e trutura mais densa ou por uma maior
de Espalhamento, Abatimento e utilizaram os mesmos constituintes, perda de umidade ao longo do tempo,
t500. Possivelmente os aditivos quí- tendo evidência a maior quantidade decorrente de uma maior porosidade
micos não haviam perdido desem- de aplicação dos aditivos químicos interconectável (menor durabilidade).
penho apenas com o acréscimo de no CAA com relação ao CC. Assim, Já o ensaio de carbonatação acele-
temperatura. poderia ser estabelecida a hipótese rada, ao demonstrar melhor indicador
Dessa forma, verificou-se que a de que os aditivos tenham contribu- de durabilidade para o CAA, pode-
temperatura reduziu o tempo dispo- ído para uma maior densificação da ria confirmar que o SCC apresenta
nível de trabalhabilidade. No entanto, matriz ligante ou tenham melhorado a maior empacotamento das partículas,
a variável tempo decorrido após mis- hidratação do cimento, além do fato resultando em menor porosidade e
tura, associada ao acréscimo da tem- do CAA conter maior quantidade de estrutura de poros mais finos, como

CONCRETO & Construções | 103


também faz com que a rede de po- que houve indicadores positivos de te mais agressivo, tanto nos aspec-
ros seja mais intrincada, dificultando a viabilidade técnica da aplicação de tos de trabalhabilidade do concreto
penetração do CO2. SCC em lugar de CC, mesmo em re- fresco, quanto nos aspectos de re-
Finalmente, os estudos, ensaios giões costeiras de clima quente, que sistência e durabilidade do concreto
e resultados obtidos, demonstraram representam ambiente naturalmen- endurecido.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] RICH, D., WILLIAMS, D., GLASS, J., GIBB, A. and GOODIER, C., To SCC or Not To SCC? UK Contractor’s Views. Theme: Production and Placement of SCC - 6th
International RILEM Symposium on Self-Compacting Concrete and the 4th North American Conference on the Design and Use of SCC, 26 to 29 September, 2010,
Montreal, Canada. (Pg. 669 – 676).
[02] Soroka, I. (2004) Concrete in Hot Environments, Published by E & FN Spon, an imprint of Chapman & Hall, 2-6 Boundary Row, London SE1 8HN, UK, pp. 179-200.
[03] Camões, A. (2005) Influência da presença de adições minerais no comportamento do betão fresco em composições com incorporação de superplastificantes.
Revista de Engenharia Civil-Universidade do Minho, N. 23, pp. 19-30.
[04] Ghafoori, N.; Diawara, H. (2010) Influence of temperature on fresh performance of self-consolidating concrete. Construction and Building Materials, N. 24, pp.
946-955.
[05] De Schutter, G. (2012). Durability. Proc. of Joint IBRACON-RILEM Course on SCC. 54o IBRACON, Maceió, Brazil, October.
[06] Pade, C.; Kaasgaard, M.; Jönsson, U.; Munch-Petersen, C. (2013) Comparison of durability parameters of self-compacting concrete and conventional slump
concrete designed for marine environment. Proc. of Fifth North American Conference on the Design and Use of Self-Consolidating Concrete, Illinois, USA, May
12-15.
[07] Boggio, A. J. (2007) Estudo Comparativo de Métodos de Dosagem de Concretos de Cimento Portland. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: PPGE/UFRGS.
[08] Zongjin, L.; Xiao, L.; Wei, X. Determination of Concrete Setting Time Using Electrical Resistivity Measurement. Journal of Materials in Civil Engineering 2007.19:423-
427.
[09] Tutikian, Bernardo & Dal Molin, Denise. CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL. São Paulo, Pini, 2008, ISBN 978-85-7266-211–6, catálogo remissivo 08-08836CDD-
620.136, código engenharia: 620.136.

104 | CONCRETO & Construções


u mantenedor

Prêmio Saint-Gobain de
Arquitetura – Habitat
Sustentável anuncia vencedores

E
m sua terceira edição, Criada em 2013, a premiação de construção para estimular a
o Prêmio Saint-Gobain reconhece os trabalhos de maior criatividade e as possibilidades
de Arquitetura – Habitat destaque que focam aspectos técnicas dos profissionais do se-
Sustentável anunciou os melhores econômicos, sociais e ambien- tor em desenvolver projetos que
projetos em arquitetura, urbanis- tais, constituindo-se em soluções combinam eficiência energética,
mo, design de interiores, enge- e práticas inovadoras. “Esta pre- consumo responsável de recursos
nharia e tecnologia da construção, miação reforça para o merca- naturais, assim como o bem-estar
entre os 796 projetos inscritos. do a importância dos materiais e conforto dos seus usuários”,

u Categoria Profissional/
Arquitetura de Interiores
CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

u Categoria Profissional/
u Categoria Profissional/ Modalidade Residencial
Modalidade Empresarial

1º lugar
1º lugar e Melhor dos Melhores Projeto: Habitação Estudantil
Projeto: Aliah Hotel Profissional: Marcelo Consiglio Barbosa
Profissional: João Paulo Payar Escritório: Barbosa & Corbucci Arquitetos
Escritório: Arkiz Associados

2º lugar 2º lugar
Projeto: Complexo Multiuso Projeto: Habitat Belagua 1º lugar
Profissional: Celso Rayol Profissional: Christian Renato D’Abruzzo Projeto: Reforma Residência Urbana
Escritório: Cité Arquitetura Escritório: Intrio Arquitetos Sustentável Manduri
Profissional: Lucas Buitoni

2º lugar
Projeto: Restaurante Olga Nur
Profissional: Paula Zasnicoff Cardoso

CONCRETO & Construções | 105


u Categoria Profissional/
Modalidade Institucional
u Categoria Estudante

1º lugar Projeto: Habitação Emergencial para


Projeto: Edifício anexo do BNDES Refugiados em Clima Quente e Seco
Profissional: Daniel de Barros Gusmão Estudante: Fábio Jessé Manuela
Escritório: Daniel de Barros Gusmão Arqui- Orientadora: Cristienne Magalhães
tetos Associados Pereira Pavez
Instituição: Centro Universitário Tupy
2º lugar (Unisociesc)
Projeto: Uma Escola Urbana Sustentável
Profissional: João Batista Martinez Corrêa
Escritório: JBMC Arquitetura e Urbanismo

avaliou o presidente da Saint-Go- novas edificações ou reformas de lidade da Categoria Profissional e


bain para Brasil, Argentina e Chile, quaisquer tipo). Já, na categoria o melhor projeto na Categoria Es-
Thierry Fournier. Estudante, pode participar uni- tudante. Por fim, entre os proje-
A premiação é dividida nas ca- versitários dos cursos brasileiros tos que classificados em primeiro
tegorias Profissional e Estudante. de graduação em arquitetura e lugar, a Comissão de Premiação
Na categoria Profissional, pode engenharia civil, com trabalhos fi- escolheu o mais representativo
participar escritórios ou profis- nais de graduação ou trabalhos de sob o aspecto da inovação para
sionais graduados, de forma indi- conclusão de curso, aprovados ou a sustentabilidade, para ser eleito
vidual ou em equipe, nas moda- não em banca examinadora. como o “Melhor dos Melhores”.
lidades Residencial (projetos de O julgamento dos projetos ins- A premiação aconteceu no úl-
arquitetura para edificações de critos aconteceu em duas etapas. timo dia 05 de março, oferecendo
uso residencial ou misto), Empre- Na primeira, a Comissão de Sele- aos primeiros colocados da Cate-
sarial (projetos de arquitetura para ção, que foi integrada pelo arqui- goria Profissional R$ 20 mil, tro-
edificações de uso comercial, teto premiado pelo IBRACON em féu e diploma, e R$ 10 mil para
serviço ou industrial), Institucio- 2015 como destaque do ano, Na- os segundos colocados nesta ca-
nal (projetos de arquitetura para dir Mezerani, selecionou sete pro- tegoria. O ganhador da Categoria
edificações institucionais, como jetos finalistas para cada modali- Estudante recebeu um MacBook
hospitais, museus, órgãos públi- dade, totalizando 28 projetos para Pro, troféu e diploma. Já, o Me-
cos, entre outras, e projetos de a Categoria Profissional e sete lhor dos Melhores foi premiado
urbanismo ou infraestrutura para para a Categoria Estudante. Na com uma viagem para a França,
áreas urbanas) e Arquitetura de segunda etapa, a Comissão esco- para conhecer o Domolab, cen-
Interiores (projetos de arquitetura lheu e classificou os dois melhores tro de inovação do Grupo Saint-
de interiores desenvolvidos para projetos finalistas em cada moda- -Gobain.

106 | CONCRETO & Construções


u normalização técnica

Avanços na Normalização
Técnica Brasileira de Concreto
e Construções
ENGª INÊS BATTAGIN
Superintendente do ABNT/CB-18 e diretora técnica do IBRACON

N
esta primeira edição de
2016 da Revista Concreto e
Construções do IBRACON
apresenta-se um resumo dos trabalhos
de normalização concluídos em 2015
e o estágio de desenvolvimento de al-
guns projetos de normas de interesse.
Vale sempre lembrar que as Normas
Técnicas são elaboradas pela socieda-
de para uso dessa mesma sociedade,
consistindo em valiosas ferramentas
de trabalho, pois textos de normas pa-
dronizam procedimentos, facilitam a
verificação de requisitos, diminuem a
variabilidade, promovem a segurança e Teste de permeabilidade de bloco de concreto

também a melhoria da qualidade, com


consequente redução de custos e au- u no desenvolvimento dos Projetos tidas no site da ABNT (http://abnt
mento da produtividade, gerando con- de Norma, no âmbito das Comis- catalogo.com.br/), valendo lembrar os
dições ideais para o entendimento en- sões de Estudo da ABNT; convênios firmados entre a entidade
tre produtores, consumidores e demais u pelo envio de sugestões aos Proje- com outros organismos, como SEBRAE,
intervenientes no processo construtivo. tos de Norma na Consulta Nacio- CREA e CAU, que possibilitam a aqui-
Para atingir a meta de mais de 500 nal, no site da ABNT (http://www. sição das Normas Técnicas com des-
Normas Brasileiras publicadas em abntonline.com.br/consultanacional/). contos expressivos (50% a 66%, de-
2015, muitas pessoas se mobilizaram De forma a apresentar um resumo pendendo do convênio).
e atuaram nas Comissões de Estudo dos principais temas tratados no âm-
da ABNT, representando empresas, bito do concreto e suas aplicações, a 1. NORMAS BRASILEIRAS
entidades e organismos que acreditam relação de Normas Brasileiras apresen- PUBLICADAS EM 2015
que a sociedade se fortalece ao esta- tada a seguir é apenas um extrato do
belecer os requisitos técnicos para total de documentos publicados em ABNT NBR 16416:2015
produtos e serviços. 2015, das quais se faz uma síntese com Pavimento permeável de concreto
Os interessados podem participar comentários para incentivar o meio téc-
dos trabalhos de normalização em dois nico a conhecê-las e aplicá-las. Essa Norma estabelece os requisi-
momentos principais: Mais informações podem ser ob- tos mínimos exigíveis às atividades de

CONCRETO & Construções | 107


projeto, especificação, execução e ma- fresco e endurecido, bem como de-
nutenção de pavimentos permeáveis termina como devem ser realizados os
de concreto, construídos com revesti- procedimentos de recebimento e acei-
mentos de peças de concreto intertra- tação do concreto.
vadas, placas de concreto ou pavimen- A Norma é aplicável a concretos
to de concreto moldado no local. normais, pesados e leves, destinados
Trata-se de importante contribuição à execução de estruturas moldadas na
ao planejamento de áreas de circulação obra, estruturas pré-moldadas e com-
de pedestres e veículos, visando aten- ponentes estruturais pré-fabricados
der a demandas de órgãos públicos na para construções.
busca de soluções para problemas de A versão de 2015 traz os seguintes
drenagem nas cidades. aperfeiçoamentos:
u identifica de forma mais clara os
ABNT NBR 15805:2015 procedimentos de recebimento do
Pisos elevados de placas de concreto na obra no estado fresco
concreto – Requisitos e procedimentos e a aceitação definitiva do concreto
a partir dos resultados de ensaios
Essa Norma estabelece os requisi- realizados no estado endurecido;
Equipamento extrator de testemunhos
tos, os métodos de ensaio e as con- u inclui referência a normas novas, de estruturas de concreto
dições de recebimento do sistema como a ABNT NBR 7680-1 (Con-
de piso elevado de placas concreto. creto - Extração, preparo, ensaio e destinada à determinação da resistência
Aplica-se a pisos em áreas externas e análise de testemunhos de estrutu- à compressão e a segunda à resistência
internas, sendo que nesta última condi- ras de concreto); à tração na flexão dos testemunhos ex-
ção (áreas internas), deve também ser u atualiza referências antigas, que esta- traídos de estruturas de concreto.
verificada a ABNT NBR 11802. belecem adequadamente as caracte- A versão de 2015, traz os seguintes
No desenvolvimento da ABNT NBR rísticas e propriedades dos insumos aperfeiçoamentos:
15805 foram considerados os requi- para preparação do concreto; u estabelece como deve ser realizada
sitos de desempenho da ABNT NBR u contém recomendações e cuidados a análise detalhada dos resultados
15575 (Edifícios habitacionais – Desem- a serem considerados para elemen- de resistência à compressão dos
penho), de forma a gerar um conteúdo tos estruturais sujeitos à ação de testemunhos de estruturas, preven-
atual e compatível com as exigências águas agressivas (notadamente fun- do correções nos resultados para
de projetistas e construtores. dações ), complementando os requi- possibilitar sua comparação com
Cumpre ressaltar que o sistema de sitos de durabilidade já incluídos em os dados obtidos a partir de corpos
pisos elevados permite a melhor com- versões anteriores da Norma. de prova moldados, em função das
patibilização de instalações (elétrica, alterações sofridas pelo testemunho
hidráulica, telefonia, internet e outros), ABNT NBR 7680:2015 devido ao processo de extração;
facilitando sua manutenção. Concreto – Extração, u determina como calcular a resistên-
preparo, ensaio e análise de cia à compressão a ser considerada
ABNT NBR 12655:2015 testemunhos de estruturas para a avaliação da segurança es-
Concreto de cimento Portland de concreto trutural, referenciando normas de
– Preparo, controle recebimento projeto para essa verificação;
e aceitação Essa Norma estabelece os requisitos u estabelece como calcular a resis-
exigíveis para os processos de extração, tência à compressão a ser conside-
Esta Norma estabelece os requisi- preparo, ensaio e análise de testemu- rada para verificação do atendimen-
tos para composição, preparo e con- nhos de estruturas de concreto. É divi- to aos critérios estabelecidos nos
trole das propriedades do concreto dida em duas Partes, sendo a primeira pedidos de concreto;

108 | CONCRETO & Construções


u traz diretrizes para aceitação defini-
tiva do concreto, conforme prevê a
ABNT NBR 6118 (Projeto de estru-
turas de concreto).

ABNT NBR 16372:2015


Cimento Portland e outros
materiais em pó – Determinação da
finura pelo método de permeabilidade
ao ar (método de Blaine)

Essa Norma estabelece o método


de ensaio para a determinação da su-
perfície específica do cimento Portland
e outros materiais em pó por meio do
permeabilímetro de Blaine.
A nova versão, prevê a possibilida-
Ponte Itapaiúna sobre o Rio Pinheiros, recém-construída: a inspeção contínua
de de calibração da célula do aparelho e manutenção preventiva são requisitos normativos para manter seu bom
de ensaio sem a utilização do mercúrio desempenho. Construtora Noberto Odebrecht

(metal pesado), considerando as exi-


gências legais e as limitações para seu truturas viárias, bem como normas de trutivo e a implantação de barreiras de

uso em laboratórios, em todo o territó- outros países e normas brasileiras que concreto para segurança no tráfego.

rio nacional. estabelecem critérios de durabilidade O Projeto ABNT NBR 14885 faz
das estruturas de concreto. parte de um conjunto maior de docu-

2. PROJETOS DE NORMAS A partir do cadastro inicial da obra de mentos, relacionados na ABNT NBR

EM DESENVOLVIMENTO arte de engenharia (OAE) foi estabelecido 15486 (Segurança no tráfego – Dispo-
um roteiro para o acompanhamento de sitivos de contenção viária – Diretrizes

Projeto ABNT NBR 9452 sua vida útil, com inspeções rotineiras que de projeto e ensaios de impacto), que

Inspeção de pontes, viadutos visam possibilitar a realização de interven- está em fase final de aprovação no âm-

e passarelas de concreto – ções para correção de processos degene- bito do ABNT/CB-16 (Comitê Brasileiro

Procedimento rativos ainda em estágio inicial e também de Transporte e Tráfego).


avaliações e intervenções específicas para Esse trabalho teve como base Nor-

Já aprovado para ser publicado casos de ações extraordinárias. mas de outros países (especialmente

como Norma Brasileira, este Projeto foi O aumento da vida útil das estru- Comunidade Europeia, Estados Unidos

elaborado pela ABNT/CEE 169 (Comis- turas e a redução dos custos de ma- e Chile), estando alinhada às premissas

são de Estudo Especial de Inspeções de nutenção corretiva são alguns dos internacionais de construção e implan-

Estruturas de Concreto), com o apoio benefícios que certamente virão da im- tação de barreiras de concreto e aten-

do ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro de plementação dos procedimentos pre- de às exigências de segurança impos-

Cimento, Concreto e Agregados), e es- vistos neste documento. tas pelos órgãos brasileiros.

pecifica os requisitos exigíveis na realiza-


ção de inspeções em pontes, viadutos Projeto ABNT NBR 14885 Projeto ABNT NBR 9062
e passarelas de concreto e na apresen- Segurança no tráfego — Barreiras Projeto e execução de estruturas
tação dos resultados dessas inspeções. de concreto pré-moldadas de concreto –
O trabalho considerou os procedi- Procedimento
mentos adotados pelos órgãos nacio- Essa Norma especifica os requisitos

nais que realizam a inspeção das es- mínimos exigíveis para o projeto cons- A revisão da ABNT NBR 9062

CONCRETO & Construções | 109


Projeto ABNT NBR 19783
Aparelhos de apoio de elastômero
fretado – Especificação e métodos
de ensaio

Esta Norma estabelece os requisi-


tos para aceitação ou rejeição de apa-
relhos de apoio de elastômero fretado
e os métodos de ensaios de compres-
são, distorção e deslizamento.
Encontra-se em fase adiantada de
desenvolvimento o Projeto de Revi-
são da Norma, considerando novas
tecnologias e avanços no campo dos
aparelhos de apoio para estruturas de
concreto, com base especialmente
na Norma Europeia EN 1337 sobre
o tema.
Estruturas pré-moldadas de concreto na construção de shopping

Projeto 18:600.04-001
estabelece os requisitos para o pro- rede dupla. Esse Projeto está em
Alvenaria de blocos de concreto –
jeto, a execução e o controle de es- Consulta Nacional (http://www.abnt
Métodos de ensaio
truturas de concreto pré-moldado, online.com.br/consultanacional/).
armado ou protendido e se aplica
Este Projeto de Norma estabele-
também às estruturas mistas ou Projeto ABNT NBR 15116 ce o procedimento de preparo e os
compostas. Distingue os elementos Agregados reciclados de resíduos métodos de ensaio de elementos em
pré-moldados dos pré-fabricados,
sólidos da construção civil – alvenaria construídos com blocos de
estabelecendo condições específi-
Utilização em pavimentação e concreto (prisma, pequena parede e
cas de projeto, produção e controle
preparo de concreto sem função parede), submetidos a esforços de
de execução. O Projeto de Revisão
estrutural – Requisitos
está em Processo de Consulta Na-
cional (http://www.abntonline.com.
A necessária atualização do conte-
br/consultanacional/).
údo desta Norma, em função da nova

Projeto 18:600.19-001 legislação e do acentuado crescimen-


Painéis pré-moldados de concreto to do setor de reciclagem, tem trazido
importantes questões para a mesa de
Estabelece os requisitos e pro- discussões. A Comissão de Estudo,
cedimentos a serem atendidos no que congrega representantes de to-
projeto, na produção e na montagem das as classes de representação, tem
de painéis de parede pré-moldados buscado um entendimento harmônico
de concreto, com ou sem função dos problemas e caminhado no senti-
estrutural, classificados em função do do desenvolvimento de um traba-
de sua seção transversal em maci- lho que premie a técnica e possibilite a
ços, alveolares, reticulados mistos, melhoria contínua do aproveitamento
sanduíche, nervurados ou de pa-
dos resíduos. Ensaio em parede de blocos de concreto

110 | CONCRETO & Construções


compressão axial, cisalhamento, fle- vido especialmente às questões da sua publicação, a Norma Brasileira
xão e flexo-compressão. sustentabilidade. de aditivos para concreto teve seu
A decisão de agrupar os ensaios O conhecimento das caracterís- processo de revisão iniciado neste
de alvenarias de blocos de concre- ticas do meio onde será implantada primeiro trimestre de 2016 e deve
to visa facilitar o controle de obras e uma construção permite medidas de ser atualizada com base nas novas
homogeneizar procedimentos, além prevenção mais efetivas e a garantia tecnologias.
de atualizar o conteúdo técnico das de prazos de vida útil elevados. Paralelamente, a Comissão de
normas atualmente em vigor. Especialmente no caso de es- Estudo do ABNT/CB-18, responsável
Alguns pontos foram revistos nos truturas enterradas, sujeitas à ação por esse trabalho, tem a incumbên-
procedimentos de ensaios, como a de águas agressivas, a ABNT NBR cia de analisar e preparar sugestões
inclusão da apresentação de gráfi- 12655 traz requisitos de composição para o Projeto de Norma Internacio-
cos de tensão vs deformação, e não para o concreto e indica ensaios ain- nal (ISO) sobre o tema, também em
força vs deslocamento, em diferen- da não normalizados no Brasil. fase inicial de elaboração.
tes ensaios. No ensaio de prisma foi Os ensaios em desenvolvimen-
incluída a necessidade de molhar os to pela Comissão de Estudo de En- Projeto 18:600.25-001
vazados dos blocos antes de even- saios Químicos e Físico-Químicos (CE
Galeria técnica pré-fabricada
tual grauteamento e de cobrir a face 18:100.03) do ABNT/CB-18, visam
em concreto para
superior de cada exemplar com filme cobrir a lacuna existente e aplicam-se
compartilhamento de
plástico logo após sua execução. principalmente a águas externas à es-
infraestrutura e ordenamento
trutura, que podem intensificar desgas-
do subsolo – Requisitos e
Projetos de Norma de Ensaios tes prematuros ou reações deletérias.
métodos de ensaios
Químicos e Físico Químicos de
água visando a Durabilidade Projeto ABNT NBR 15823
Este Projeto de Norma, em fase
do Concreto Concreto autoadensável
inicial de desenvolvimento, estabe-
lece os requisitos mínimos exigíveis
A durabilidade das estruturas de Após cinco anos de sua publica-
para fabricação, controle da qua-
concreto é tema de diversas Normas ção, as Normas Brasileiras de con-
lidade e aceitação de peças pré-
Brasileiras, mas deve ter seu esco- creto autoadensável estão em pro-
-fabricadas em concreto para exe-
po ampliado nos próximos anos de- cesso inicial de revisão no âmbito do
cução de galerias técnicas visando
Comitê Brasileiro de Cimento, Con-
o ordenamento compartilhado ou
creto e Agregados, ABNT/CB-18.
Com a publicação da Prática Re- não do subsolo, pela implantação

comendada IBRACON de Concreto de infraestrutura de serviços públi-

Autoadensável em 2015 (trabalho cos ou privados, relacionados com

desenvolvido pelo Comitê Técni- telecomunicação, telefonia, fibra óti-


co de Concreto Autoadensável do ca, água fria, eletricidade e demais
IBRACON, CT 202), muitas informa- serviços correlatos.
ções foram já compiladas, facilitando Vale salientar a importância de
o processo de revisão da ABNT NBR considerar, na fase de elaboração
15823, composta atualmente por do projeto, a compatibilidade de
seis Partes. compartilhamento em uma rede ou
galeria técnica dos diferentes servi-
Projeto ABNT NBR 11768 ços e seus respectivos espaços ocu-
Aditivos para concreto pados (posicionamento), de forma a
facilitar processos de implantação e,
Teste da capacidade passante do
concreto autoadensável Tendo completado cinco anos de especialmente, manutenção.

CONCRETO & Construções | 111


u acontece nas regionais

Workshop sobre concreto reforçado com fibras


O Comitê Técnico IBRACON/ABECE
303 - Uso de Materiais não con-
u Tabela 1 – Programação

vencionais para Estruturas de Concreto,


Palestra Ministrante
Fibras e Concreto Reforçado com Fibras
Caracterização e especificação de fibras Antonio Figueiredo
vai realizar o 1º Workshop sobre Con- destinadas ao reforço de concreto POLI/USP
creto Reforçado com Fibras (CRF) para
O CRF como material estrutural e diretrizes Marco Carnio
aplicações estruturais no dia 08 de abril, de projeto FEC/PUC CAMPINAS – EVOLUÇÃO Engenharia
na Escola Politécnica da Universidade de Métodos de ensaio para a caracterização Renata Monte
São Paulo (USP). Seu objetivo é aprofun- do CRF como material estrutural POLI/USP

dar o conhecimento sobre as tendências Carlos Máximo Aire


A experiência normativa do CRF na América
UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA
em normalização do CRF e divulgar as do Norte
DE MÉXICO
atividades desenvolvidas pelo Comitê. Giovanni Plizzari
A experiência normativa do CRF na Europa
O evento é voltado aos profissionais de UNIVERSITY OF BRESCIA/ITÁLIA
empresas envolvidas com projeto, execu- Perspectivas do uso de macrofibras poliméricas Dean Forgeron
ção de obras e fornecimento de materiais, para reforço do concreto VIAPOL

bem como pesquisadores interessados Perspectivas do uso de fibras de vidro Fábio Saráo
para reforço do concreto OWENS CORNING
no CRF. Veja programação na tabela 1.
Perspectivas do uso de fibras de aço Gelmo Chiari
O evento é gratuito e as ins- para reforço do concreto BELGO BEKAERT
crições devem ser feitas no site Horizontes da normalização do CRF no Brasil Mesa-redonda
www.abece.com.br .

Atividades na Bahia
A Regional do IBRACON na Bahia vai
realizar, por meio do Laboratório de
Argamassas da Escola Politécnica da Uni-
tecnológico do concreto com vistas a as-
segurar a qualidade, resistência e durabili-
dade das estruturas de concreto armado.
tência, cujo objetivo é testar a habilida-
de dos competidores na preparação de
concretos coloridos e resistentes.
versidade Federal da Bahia, de 16 a 20 de No evento será promovido um con- Na Regional está programado tam-
maio, a 4ª Semana “Pensando em Concre- curso entre estudantes de Engenharia bém o 6º Seminário de Materiais de
to”, que vai discutir e divulgar as pesquisas Civil na Bahia nos moldes do Concurso Construção da Escola de Engenharia
relacionadas à tecnologia do concreto, Técnico COCAR do IBRACON – Con- da Universidade Católica de Salvador
com ênfase na especificação e no controle curso Concreto Colorido de Alta Resis- (UCSAL), que objetiva divulgar aos es-
tudantes e profissionais a importância
da correta e sustentável aplicação dos
materiais de construção, bem como
disseminar o conhecimento de normas
técnicas relacionadas.
O local do 6º Seminário será no
campus Pituaçu da UCSAL. A data
será em breve divulgada.
Os eventos são voltados para em-
presários e profissionais de Engenharia
Civil e Arquitetura, técnicos e estudan-
tes da área.

112 | CONCRETO & Construções


Seminário Paranaense de Obras Civis
C om a participação de mais de
1200 profissionais e estudantes,
a Regional do IBRACON no Paraná
foi a demonstra-
ção pelo arquiteto
norte-americano,
realizou a segunda edição do Semi- Julio Collado, da
nário Paranaense de Obras Civis (2º Trimble, do “Laser
SPOC), de 01 a 04 de março, no au- Sanner – As Built”,
ditório do Instituto de Engenharia do equipamento que
Paraná. O 2º SPOC foi idealizado pelo mapeia e analisa
Grupo IDD e contou com o apoio do informações com-
Instituto de Engenharia do Paraná, plexas rapidamen-
Sinduscon do Paraná e IBRACON. te, melhorando a
Foram 12 palestras, três debates e eficiência do pro- Prof. César Daher em momento de sua palestra no 2º SPOC
duas mesas-redondas voltados aos cesso construtivo.
temas “Estruturas”, “Concreto e Pa- “Foram quatro dias intensivos nos debateram sobre as possibilidades
tologia”, “BIM” e “Arquitetura”, que quais foram tratados temas polê- técnicas para o enfrentamento da cri-
trouxeram palestrantes de renome na- micos e atuais da engenharia e da se que estamos passando”, avaliou
cional e internacional, para comparti- arquitetura. Estiveram presentes re- o diretor de planejamento do IDD e
lhar ideias e debater temas atuais da nomados profissionais do mercado diretor técnico regional do IBRACON,
construção civil. Ponto alto no evento e da academia, que apresentaram e Eng. César Daher.

Mais do que obras,


construímos parcerias
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Uma parceria de verdade é construída com confiança. TRANSPORTE


No conhecimento que gera alta performance,
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CONCRETO & Construções | 113
Concursos Técnicos IBRACON
O Instituto Brasileiro do Concreto -
IBRACON organiza anualmente
Concursos Técnicos para os estudan-
competição saudável entre os cursos
de engenharia do Brasil e do exterior.
Em breve serão disponibilizados no site
jetória retilínea. Por sua vez, o Cocar
testa a habilidade dos competidores
na preparação de concretos resisten-
tes de Arquitetura, Engenharia Civil e www.ibracon.org.br os Regulamentos tes e coloridos de corpos de prova
Tecnologia. Seu objetivo é incentivar os do 23º Concurso Aparato de Proteção cúbicos com 10 cm de aresta. Por
alunos a pôr em prática o que aprende- ao Ovo (APO), 13º Concrebol, 3º Con- fim, o Ousadia provoca os estudantes
ram nas salas de aula por meio de uma curso Colorido de Alta Resistência (Co- a elaborarem um projeto básico de
car) e 9º Concurso Ousadia. uma obra que seja um marco arqui-
O APO desafia o estudante a tetônico para a região onde acontece
projetar e construir um pórtico as edições do Congresso Brasileiro
de concreto armado, que seja do Concreto, fórum nacional de de-
capaz de resistir ao impacto bate sobre a tecnologia do concreto e
vertical de uma carga dinâmi- seus sistemas construtivos.
ca crescente. Já, o Concrebol A premiação dos vencedores neste
espera que os alunos constru- ano vai acontecer no Minascentro, em
am uma bola (esfera) de con- Belo Horizonte, no Jantar de Confra-
creto leve, com dimensões ternização do 58º Congresso Brasileiro
pré-estabelecidas, resistente, do Concreto, que ocorrerá de 11 a 14
homogênea e que role em tra- de outubro.

Revista CONCRETO & Construções


A revista CONCRETO & Construções é o veículo impresso oficial do IBRACON.

De caráter científico, tecnológico e informativo, a publicação traz artigos, entrevistas,


reportagens e notícias de interesse para o setor construtivo e para a rede de ensino e pesquisa
em arquitetura, engenharia civil e tecnologia.

Distribuída em todo território nacional aos profissionais em cargos de decisão, a revista é a


plataforma ideal para a divulgação dos produtos e serviços que sua empresa tem a oferecer ao
mercado construtivo.

PARA ANUNCIAR Formatos e investimentos


Tel. 11- 3735-0202 Formato Dimensões R$
arlene@ibracon.org.br 2ª Capa + Página 3
42,0 x 28,0 cm 9.650,00
Página Dupla 42,0 x 28,0 cm 8.550,00
4ª Capa 21,0 x 28,0 cm 6.530,00
2ª, 3ª Capa ou Página 3
21,0 x 28,0 cm 6.290,00
Periodicidade Trimestral 1 Página
Número de páginas 104 (mínimo) 21,0 x 28,0 cm 5.860,00
2/3 de Página Vertical
Formato 21 x 28 cm 14,0 x 28,0 cm 4.390,00
Papel Couché 115 g 1/2 Página Horizontal
21,0 x 14,0 cm 3.190,00
Capa plastificada Couché 180 g 1/2 Página Vertical
10,5 x 28,0 cm 3.190,00
Acabamento Lombada quadrada colada 1/3 Página Horizontal
Tiragem 5.500 exemplares 21,0 x 9,0 cm 2.750,00
Distribuição Circulação controlada, auditada pelo IVC 1/3 Página Vertical
7,0 x 28,0 cm 2.750,00
1/4 Página Vertical
10,5 x 14,0 cm 2.380,00
fissionais e o ramo
Consulte o perfil dos pro Encarte Sob consulta
do mailing: Sob consulta
de atuação das empresas
on. org .br (link “Pu blicações”)
www.ibrac
114 | CONCRETO & Construções
u agenda

IX Congresso de Pontes e Estruturas

à Data: 18 a 20 de maio
à Local: Rio de Janeiro – RJ
à Realização: Abece/ABPE
6ª Brazil Road Expo
à Informações: www.abece.org.br

à Data: 29 a 31 de março
à Local: São Paulo Expo Exhibition
à Realização: Clarion
Construction Expo 2016
à Informações: www.brazilroadexpo.com.br

à Data: 15 a 17 de junho
à Local: São Paulo Expo Exhibition
à Realização: Sobratema
Feicon Batimat 2016
à Informações: www.sobratema.org.br

à Data: 12 a 16 de abril
à Local: Anhembi – São Paulo
à Realização: Reed Exhibitions Alcantara Machado
7º Congresso Brasileiro do Cimento
à Informações: www.feicon.com.br

à Data: 20 a 22 de junho
à Local: Maksoud Plaza – São Paulo
88º Encontro Nacional da Indústria à Realização: ABCP/SNIC

da Construção à Informações: www.7cbci.com.br

à Data: 11 a 13 de maio
à Local: Foz do Iguaçu – PR 8ª Conferência Internacional sobre
à Realização: CBIC
Manutenção, Segurança e Gerenciamento
à Informações: www.cbic.org.br/enic
de Pontes
à Data: 26 a 30 de junho
à Local: Foz do Iguaçu – PR
2º Congresso Brasileiro de Patologia à Realização: IABMAS

das Construções à Informações: www.iabmas2016.org

à Data: 18 a 20 de abril
à Local: Belém – Pará
à Realização: Alconpat Brasil
International Conference on
à Informações: http://alconpat.org.br/cbpat2016/ alkali-aggregate reaction

à Data: 3 a 7 de julho
à Local: São Paulo – SP
à Realização: IBRACON

à Informações: http://ibracon.org.br/icaar/

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Ponto de encontro dos profissionais e das
EMPRESAS BRASILEIRAS DA CADEIA PRODUTIVA DO CONCRETO

Apresentação de trabalhos técnico-científicos

TEMAS COTAS DE PATROCÍNIO E EXPOSIÇÃO


„ Gestão e Normalização „ Excelentes oportunidades para divulgação,
„ Materiais e Propriedades promoção e relacionamento
„ Projeto de Estruturas „ Espaços comerciais na XII Feira Brasileira das
„ Métodos Construtivos Construções em Concreto (Feibracon)
„ Análise Estrutural „ Palestras técnico-comerciais no Seminário
„ Materiais e Produtos Específicos de Novas Tecnologias
„ Sistemas Construtivos Específicos „ Inscrições gratuitas no evento
„ Sustentabilidade

Informações e prazos para submissão Sobre os Planos de Investimento, informe-se: Tel. (11) 3735-0202 ou e-mail:
www.ibracon.org.br arlene@ibracon.org.br

R E A L I Z A Ç Ã O

Rua Julieta do Espírito Santo Pinheiro, nº 68 – Jardim Olimpia www.ibracon.org.br


CEP 05542-120 – São Paulo – SP – Brasil facebook.com/ibraconOffice
Telefone (11) 3735-0202 | Fax (11) 3733-2190
twitter.com/ibraconOffice
116 | CONCRETO & Construções

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