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A BIODIVERSIDADE NO

PARQUE DAS NEBLINAS


A BIODIVERSIDADE NO
PARQUE DAS NEBLINAS
ecofuturo.org.br

Organização: Instituto Ecofuturo


Supervisão: Paulo Groke
Coordenação: Paula Dourado e Raquel Coutinho
Apoio conceitual: Seleção Natural - Inovação em Projetos Ambientais
Texto: Sibélia Zanon
Revisão de texto: Clecy Bortolon
Ilustrações: Paloma de Farias Portela
Imagens: Acervo Ecofuturo, Adventure Camp, Eliza Carneiro, Jefferson Leite,
Juliana Coutinho, Mike May, Seleção Natural e Sergio Zacchi.
Projeto Gráfico: Soma palavra e forma

Mantenedora: Suzano Papel e Celulose

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Zanon, Sibélia
A biodiversidade no Parque das Neblinas / Sibélia Zanon; [organização
Instituto Ecofuturo; coordenação Paula Dourado, Raquel Coutinho; ilustração
Paloma de Farias Portela]. – 1 ed. – São Paulo: Ecofuturo, 2018.

ISBN 978-85-60833-27-6

1. Atividades estudantis 2. Educação ambiental 3. Educação ambiental -


Pesquisa 4. Educação ambiental - Programa Meu Ambiente - São Paulo (SP)
4. Meio ambiente 5. Parque das Neblinas - Bertioga (SP) - História 6. Parque das No meio do caminho tinha uma ponte,
Neblinas - História 7. Parque das Neblinas - Mogi das Cruzes (SP) - História I.
Ecofuturo, Instituto. II. Dourado, Paula. III. Coutinho, Raquel. IV. Portela, Paloma A ponte unia a natureza de fora à natureza de dentro.
de Farias. V. Título. E ali, o coração da floresta se encontrava com o coração do homem.
18-20295 CDD-634.956 Porque do alto da ponte era possível escutar um novo mundo…
Índices para catálogo sistemático: O mundo sussurrado pelas vozes do rio Itatinga e seus habitantes.
1. Parque das Neblinas: Floresta tropical Atlântica: Biodiversidade: História 634.956

3
O
Parque das Neblinas, localizado em Bertioga e Mogi
das Cruzes, no alto da Serra do Mar em São Paulo,
é uma das Unidades de Conservação privadas no

Uma fonte de vida!


Brasil com o maior número de espécies registradas do bioma
Mata Atlântica.
Com 6 mil hectares, o espaço também protege 477
nascentes que dão origem ou contribuem para a formação
dos principais rios da região, como o Itatinga, e desempe-
nha ainda importante papel na contenção dos impactos
relacionados ao crescimento urbano desordenado, prove-
nientes da parte sul do município de Mogi das Cruzes e da
Grande São Paulo.
Reserva ambiental da Suzano Papel e Celulose, o Parque é
gerido pelo Instituto Ecofuturo e abriga mais de 1.250 espé-
cies de fauna e flora identificadas até 2018.

São muitos os números que


podem ser contados.
Mas o que contam os números?
No Parque, números são
6 mil hectares sempre convertidos em
477 nascentes medida de encantamento.
1.250 espécies

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“(…) que a importância “A história do Parque foi
de uma coisa não se construída por várias mãos.”
mede com fita métrica Michele Martins, Coordenadora do
programa Meu Ambiente

nem com balanças nem


barômetros etc. E assim tudo começou… restas em diferentes estágios
Que a importância de regeneração, destinadas
Na década de 1960, a Suza- à conservação e ao desen-
de uma coisa há no Papel e Celulose adqui- volvimento de atividades de
que ser medida pelo riu a propriedade que, mais pesquisa, ecoturismo, educa-
tarde, seria transformada ção ambiental e estratégias
encantamento que a no Parque das Neblinas. No de restauração.
coisa produza em nós.” passado, mesmo antes da
empresa se tornar proprietá-
Mais árvores, mais vidas
Manoel de Barros
ria, grande parte da área era
utilizada para plantação de
Eucalyptus, destinados à pro- Práticas diferenciadas de
dução de carvão e, posterior- manejo têm sido aplicadas
Restauração mente, de celulose e papel. e monitoradas e os resulta- Pioneira:
florestal: prática que A partir de 1988, conceitos dos das pesquisas mostram espécie que primeiro
busca recuperar a ambientais foram adotados que a recuperação natural coloniza um ambiente
integridade ecológica no manejo dos plantios, evi- da vegetação sob o antigo desfavorável à sobrevivência
de um ecossistema, denciando a vocação para plantio de eucalipto ocorre e desenvolvimento da maioria
considerando seus valores a criação de uma Uni­dade intensamente. O eucalipto, das outras espécies.
ambientais, sociais e a de Conservação privada. que no início age como uma
biodiversidade. Ação Em 1999, nasceu o Instituto espécie pioneira e favorece o Poleiro:
de grande importância Ecofuturo que, entre diver- crescimento da floresta nati- estrutura acima do nível do
para o combate às sos projetos, é responsável va, sombreando e funcionan- solo, onde as aves pousam,
mudanças climáticas, para pela idealização e gestão do do como poleiro, gradativa- dormem e dispersam
a proteção de recursos Parque das Neblinas. mente perde espaço para a sementes ingeridas, permitindo
hídricos e conservação Hoje, mais de 5 mil hecta- mata, uma vez que esta se o desenvolvimento das
da biodiversidade. res da reserva abrigam flo- regenera de forma vigorosa. espécies nativas.

6 7
Parque das
O Parque das Neblinas, localizado Neblinas:
6 mil
“Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em
em Bertioga e Mogi das Cruzes, hectares todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro
no alto da Serra do Mar em São
da sombra, e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
Paulo, é uma das Unidades
A razão de existir… abertas para o verde onde cresce a esperança.”
de Conservação privadas
Thiago de Mello
no Brasil com maior Os objetivos de manejo do
número de espécies Parque das Neblinas são:
M Proteger a bacia do rio Ita-
registradas do
tinga, contribuindo para a
bioma Mata conservação dos atributos Apoio à conservação
Atlântica. Mogi das Cruzes físicos e da biodiversidade
da Mata Atlântica; O Parque abriga uma Reserva Parti-
M Difundir conhecimento cular do Patrimônio Natural (RPPN)
por meio de estratégias de de 518 hectares, instituída em 2009 e
comunicação e educação; denominada RPPN Ecofuturo, que fica
M Promover a educação em zona de alto valor de conservação,
ambiental por meio da onde a vegetação nativa se manteve
visitação, do envolvimen- mais preservada.
to em políticas públicas e
do relacionamento com
a comunidade;
M Promover a restauração
ecológica e o manejo sus- RPPN é uma categoria de Unidade de Conservação criada pela
tentável da floresta; vontade do proprietário em caráter perpétuo, instituída pelo poder
M Promover pesquisas cien- público, que implica no compromisso com a conservação da
tíficas relacionadas à natureza. O Brasil conta atualmente com centenas de RPPNs, que
Ma­­ta Atlântica; juntas somam quase 510 mil hectares. Segundo o Instituto Nacional

RPPN
M Inspirar e potencializar as de Pesquisas Espaciais (INPE) e a SOS Mata Atlântica, o Estado
Ecofuturo: ações socioambientais da de São Paulo guarda 22,9% de sua vegetação nativa e a maior
518 hectares mantenedora por meio parte dela está em propriedades particulares. Assim, a criação e
com vegetação dos programas desenvol- manutenção de áreas protegidas são importantes instrumentos
de alto valor de vidos na unidade. para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica.
conservação!

8 9
35

“Quanto mais amor a gente sente


159
ao entrar na floresta, mais
borboletas

244
92
formigas amor a gente recebe dela.”
aves Juliana Coutinho, consultora do
programa Meu Ambiente
aranhas 531 16
74 35

anfíbios e abelhas 55 pesquisas


répteis flora
mamíferos
grandes/
23 espécies ameaçadas
médios
28 18
5 Grau de ameaça:
morcegos
besouros
Criticamente
16 crustáceos
CR em Perigo

Reconhecimento peixes EN Em Perigo

Desde 2006, o Parque é As diversas atividades pro- nidades do entorno, que é


reconhecido como Posto movidas pelo Ecofuturo no uma das premissas da gestão Com a lupa nas mãos Valor de multiplicação VU Vulnerável

Avançado da Reserva da Parque contribuem para a do Parque.


Biosfera do Cinturão Verde conservação da Serra do Mar Há quem diga que conhe- Mas o que todos esses
da Grande São Paulo, paulista, protegendo impor- cer é uma forma de prezar e dados revelam? Eles de­ Curiosidade
pelo Programa Homem e tantes remanescentes flo- Um parque como lar quem preza protege! Além monstram a multiplicação Uma espécie pode ser
Biosfera da UNESCO, em restais, que compõem parte de abrigar espécies emble- da vida. Uma nascente é um enquadrada em onze
função de seus esforços pela do maior contínuo de Mata De acordo com as pesqui- máticas de fauna e flora, o berço de água, um rio é um categorias distintas de acordo
conservação da natureza. Atlântica do Brasil. sas já desenvolvidas, a área Ecofuturo incentiva pesqui- berço de girinos, uma árvo- com o grau do risco de
Atividades de educação protege 23 espécies enqua- sas científicas com o intuito re é um berço de pássaros, extinção em que se encontra,
A Reserva da Biosfera é um ambiental, ações de res- dradas nas categorias Vulne- de inventariar e descrever uma floresta é um berço de como, por exemplo, o muriqui
instrumento de conservação tauração do ambiente com rável (VU) e Em Perigo (EN) novas espécies ainda não onças… E o Parque transbor- (Brachyteles arachnoides),
instituído pela UNESCO para estratégias de desenvolvi- das listas brasileiras de espé- conhecidas pela ciência. da todo esse existir, gerando espécie EN - Em perigo. Por
abrigar uma rede de áreas, mento social, entre outras cies ameaçadas de extin- Na reserva, já foram realiza- benefícios amplos e diversos. convenção, utiliza-se o nome
no globo, de relevante valor iniciativas, propiciam o rela- ção, sendo 13 da flora e 10 dos mais de 55 estudos sobre Multiplica ar, chuva, frutos, em português da categoria e a
ambiental para a humanidade. cionamento com as comu- da fauna. a biodiversidade. vitalidade… encantamento. sigla original em inglês.

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“A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar.”
A Nossa Casa | Arnaldo Antunes

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“A floresta não tem um só olho. Eles são incontáveis. E não são seus olhos, são
olhos que nela se escondem. As folhas escondem olhos. Olhares vagam por entre A floresta é viva
os troncos de gigantescas árvores. Os escuros escondem olhos. São, portanto, Assim como temos atenção para atravessar uma 12,4%
multidões de olhos espalhados nas infinitas faces misteriosas da floresta.” avenida na cidade, também observamos alguns é o que resta da
João de Jesus Paes Loureiro cuidados ao visitar a floresta: um ecossistema vivo, cobertura original
que merece ser respeitado. Os animais se defendem de Mata Atlântica
quando se sentem ameaçados. Eles não têm o instin- no Brasil
to de atacar pessoas, mas sim de se proteger.
Usar roupas e calçados adequados, seguir as trilhas,
observar onde colocar as mãos e abrir os olhos e o
Todas as formas de vida Parque, incluindo mateiros e coração para tudo o que a floresta oferece de lindo
ex-caçadores. O saber práti- são as melhores dicas.
Desde 2002 diversos estu- co é aliado ao saber técnico
dos são realizados no Parque e ambos são potencializados “O ser humano evoluiu nesses ambientes
das Neblinas, aprofundan- pela troca e pela grandiosi- naturais, não temos que ter medo. Há estu-
do o conhecimento sobre dade do ambiente educador. dos que mostram que entrar na floresta é
a Mata Atlântica e sua bio- Assim, os resultados das melhor do que qualquer antidepressivo.”
diversidade e o registro de pesquisas mostram, por João Giovanelli
espécies – incluindo alguns exemplo, como animais e
anfíbios e formigas até plantas usam o espaço:
então desconhecidos para M Onde as aves fazem
a ciência. seus ninhos?
O conhecimento da Os anfíbios e as espécies M Por quais carreiros as an-
biodiversidade é arbóreas se destacam entre tas gostam de transitar? Poderes de regeneração
importante para: os grupos mais estudados na M Quais são os frutos prefe-
• Proteger as espécies e seu área até hoje. ridos do muriqui? Desde o início da expansão agrícola e da urbanização no
patrimônio genético; Durante a realização das Todos os dados ajudam final do século 19, a Mata Atlântica paulista foi intensamente
• Planejar e delimitar pesquisas, acontece uma tro- no aprimoramento da ges- devastada e fragmentada. Segundo a SOS Mata Atlântica, Espécie endêmica:
áreas protegidas; ca de saberes: ao desbravar a tão da reserva e beneficiam hoje restam apenas 12,4% da sua cobertura original no país. espécie de animais ou plantas
• Favorecer ações de mata, o pesquisador técnico ainda outras áreas protegi- Ainda assim, as florestas úmidas, em diversos estágios de que ocorre em uma única região
recuperação dos ambientes conta com a ajuda da comu- das, que podem utilizá-los regeneração, exibem significativa biodiversidade, com ocor- geográfica. Essas espécies são
degradados e seu manejo. nidade local que atua no como referência. rência de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. mais suscetíveis a extinções.

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O Parque das Neblinas revela “Precisamos construir novamente uma relação de carinho e
grande importância hidrológica afetividade com esses cursos d’água, que há mais de 2 bilhões de
para as regiões da Baixada
Santista e do Alto Tietê.
anos servem as formas de vida deste planeta.”
Paulo Groke, Diretor de Sustentabilidade do Ecofuturo
Abriga 463 nascentes Bacia do
Itatinga
que dão origem ao rio
Itatinga e 14 que
integram a bacia
do Alto Tietê.

Música das águas O Parque abriga 463 nas- ele corre para o mar e movi-
centes formadoras da bacia menta a usina hidrelétrica da
O mundo sussurrado pelas do Itatinga, o que represen- Companhia Docas do Esta-
vozes do rio Itatinga e de seus ta aproximadamente 50% do de São Paulo (Codesp),
habitantes… Por suas águas, de sua bacia. Cerca de 14 responsável por fornecer
navegam várias espécies de quilômetros do rio percor- quase 70% da energia do
peixes e mamíferos, como as rem o interior da reserva. porto de Santos, o maior da
lontras (Lontra longicaudis). Há quem diga que floresta América Latina.
Mas nem sempre foi assim. é igual à água. Para que a Ao abrigar, no total, 477
Há um tempo, o rio era atin- água chegue com volume nascentes que dão origem
gido pela degradação devi- e qualidade aos reservató- ou contribuem para forma-
do à atuação de empresas rios que abastecem as ci- ção dos principais rios da
siderúrgicas na área. Estra- dades, é preciso cuidar dos região, o Parque das Nebli-
477 tégias de manejo e conser- mananciais, preservando as nas revela sua importância
nascentes vação desenvolvidas a partir florestas que os cercam, a hidrológica para as regiões
estão dentro de 1988 pela Suzano, e mais mata ciliar dos rios e toda a da Baixada Santista e do Alto
do Parque das recentemente pelo Ecofu- ri­queza local. Tietê. Em Mogi das Cruzes,
Neblinas! turo, recuperam quase que Além da importância do Ita- o Parque tem 14 nascentes
totalmente o rio e a vida que tinga para abastecer os muni- formadoras de importantes
dele depende. cípios da Baixada Santista, afluentes do rio Tietê.

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Multiplicar belezas
E
ntrar pelas trilhas e ser
instigado por um gran-
de universo de verdes,
alturas, formatos e texturas.
Respirar profundamente os
aromas e limpar os senti-
dos para todas as novidades
que virão: a natureza con-
vida a apreciar o momento.
A riqueza das mais de 500
espécies de flora encontra-
das no Parque das Neblinas,
representando 87 famílias, é
uma das características do
bioma Mata Atlântica.

531 espécies de flora


87 famílias

Família botânica é um conjunto


de diversos gêneros (reunião
de espécies semelhantes) com
características em comum.
No meio do caminho tinha uma flor, Quando se tem interesse por
identificar uma planta, a família é
Ali, homem e natureza eram contagiados por um só perfume. normalmente o primeiro grupo a
E ninguém ficava imune ao impulso de multiplicar belezas. ser considerado.

18 19
Destaques curiosos “O caminho mais límpido para adentrar o
M O bico-de-papagaio
universo é através de uma floresta selvagem.”
John Muir
ou caetê
(Heliconia velloziana) é
uma espécie endêmica da
Mata Atlântica, que forma
agrupamentos em locais
sombreados com solo
úmido. É bastante utiliza-
da no paisagismo e em
arranjos florais. Já foi alvo Bromélia (Nidularium minutum)
de extrativismo na área. e a orquídea (Pabstia jugosa)
De galhos abertos para o céu
são ameaçadas de extinção
Ricas em simbologia, as árvores M A samambaia-preta
indicam a vida em perpétua (Rumohra adiantiformis) é
evolução e em ascensão para amplamente empregada
o céu. A árvore reúne todos os em arranjos florais, devido
elementos: a água circula em à sua longa durabilidade
sua seiva, a terra integra-se a seu após a coleta. No Brasil,
corpo através das raízes, o ar a extração ocorre quase
lhe nutre as folhas, e dela brota totalmente direto da mata.
o fogo quando se esfregam
seus galhos um contra outro. M A bromélia
Além disso, árvores colocam em (Nidularium minutum) e a
comunicação o subterrâneo, orquídea (Pabstia jugosa)
por meio de suas raízes sempre são encontradas no
a explorar as profundezas onde Parque e estão na lista da
se enterram, com as alturas, flora brasileira ameaçada
por meio dos galhos superiores de extinção por causa
atraídos pela luz do céu. do desmatamento e da
Fonte: Dicionário de Símbolos – coleta indiscriminada para
Jean Chevalier, Alain Gheerbrant Bico-de-papagaio ou caetê (Heliconia velloziana) fins ornamentais. Bromélia (Nidularium minutum)

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90 espécies de orquídeas
24 espécies de bromélias

Afinador de olhar
Ao longo das trilhas, é pos-
sível ver uma grande quanti-
No mínimo, o máximo dade de bromélias e orquí-
A beleza das orquídeas faz com deas sob a copa das árvores,
que elas sejam consideradas nas rochas e até mesmo no
símbolo de perfeição e pureza. solo. Sem roubar nutrientes
Você sabia que a família das ou água, elas usam as árvo-
orquídeas é a mais numerosa res como suporte para obter
de todo o reino vegetal, mais luz, umidade e nutrição.
compreendendo cerca de Afine o olhar para não perder
25 mil espécies? as espécies minúsculas!
No Parque das Neblinas foi As orquídeas são o grupo
encontrada a Barbosella miersii, de maior registro no Parque
considerada a segunda das Neblinas, com 90 espé-
menor orquídea do Brasil. cies identificadas. Já as bro-
Seu tamanho mal ultrapassa mélias enriquecem a flora da
os dois milímetros. reserva com 24 espécies.

22 23
Ei jacutinga,
Oi papagaio,
Tucano e Pavó,
Bico escancarado,
Pode vir esfomeado,
Que juçara tem é aqui!

Nhact! nos meses do inverno, época na Mata Atlântica, a palmeira-


de escassez alimentar na flo- -juçara nasce, desenvolve-se
A quantidade de palmei- resta, usufruem de seus fru- e vive na maior parte do seu
ras-juçara (Euterpe edulis) tos, flores e néctar. A juçara é ciclo à sombra da copa das
Os frutos, flores e existente na floresta poderia uma espécie-chave por forne- outras árvores.Está ameaça-
néctar da palmeira- ser apenas mais um número, cer alimento justamente nes- da devido à destruição de
juçara alimentam mas é um número que faz se período para cerca de 80 seu hábitat e à intensa explo-
cerca de 80 espécies toda a diferença para aves e espécies de animais. Encon- ração ilegal para produção
de animais Palmeira-juçara (Euterpe edulis) roedores que, especialmente trada predominantemente de palmito.

24 25
“As sementes têm o dom de guardar algo mais do
Já foram espalhadas mais
de 7 milhões de semen-
que a própria espécie. Delas um dia podem brotar a
tes, promovendo o repo- melodia de uma voz à sombra de uma árvore, a mímica
voamento da espécie. Boa
parte dessas sementes fo-
prazenteira de um destampar de panelas, e meninos se
ram adquiridas de proprie- lambuzando de fruta no pé.”
tários do entorno, a fim Reni Adriano
de incentivar o envolvi-
mento da comunidade na
conser­­vação ambiental.
Desde o início do Progra-
ma, mais de 30 oficinas de
manejo foram realizadas
com a participação de cerca
de 60 proprietários rurais da
região. Nos encontros são
abordados temas relaciona-
dos à valorização da floresta
e seu uso sustentável, além
da gestão da propriedade.

O Programa inclui:

+ de 7 milhões de M Produção de sementes


sementes lançadas Lançando sementes Programa Juçara, realizado e mudas;
desde 2003. O objetivo é M Beneficiamento do
+ de 30 oficinas de A estratégia de manejo do enriquecer a floresta, contri- fruto e produção da
manejo comunitário Parque das Neblinas também buindo para a regeneração polpa alimentar;
envolve a palmeira-juçara. Já da Mata Atlântica, exatamente M Reintrodução de
+ de 60 proprietários pensou em sair por aí lan- por meio da semeadura a lan- palmeiras-juçara em
participantes çando sementes? A imagem ço, em que as sementes são propriedades par­­ticulares
poética é real e faz parte do dispersadas ao acaso no solo. e no Parque.

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Sabor ácido, perfume doce Colhendo frutos!
O fruto do cambuci parece O manejo do cambuci faz
uma nave espacial ou lembra parte das ações que o Eco-
ainda o formato de vasos de futuro realiza junto à comu-
água usados pelos índios. Por nidade, por meio das oficinas
Cambuci (Campomanesia phaea) isso, a fruta era chamada por comunitárias e coletas.
eles de kamu’si, pote de água M As coletas nas proprieda-
72 espécies da família das mirtáceas em tupi-guarani. des do entorno do Parque
O cambuci ocorre nos ocorrem a partir de mar-
estados de Minas Gerais, Rio ço e duram, em média,
de Janeiro e São Paulo. Em 45 dias. Delícia de Parque!
Fruteira da floresta 1906 a fruta deu nome a um M Cerca de 500 kg de cam-
bairro tradicional, o bairro do buci são utilizados anual- Já provou cambuci em
Em muitas florestas do leste do Brasil, a família Cambuci, de tão abundan- mente para consumo geleias, sorvetes, licores e
das mirtáceas é dominante pela riqueza de espé- tes que as árvores eram na na visitação do Parque, na cachaça? E suco de cam-
cies e pelo número de árvores. Algumas das fru- capital paulista. participação em even- buci ou araçá? E pastel­zinho
tas mais brasileiras são desta família: jabuticabas, O cambucizeiro tem vida tos para divulgação do de taioba? Ou ainda juçara
cambucis, pitangas, gabirobas, araçás, goiabas, longa e suas folhas não fruto e para produção em geleias e molhos para 500 kg/ano de cambuci
uvaias… No Parque das Neblinas foram registra- caem, mede de 3 a 5 metros de mudas destinadas à pratos quentes? E se tudo consumidos na visitação
das 72 espécies da família das mirtáceas, tendo o de altura e o tronco sofre educação ambiental. isso acontecer em meio à
cambuci (Campomanesia phaea) papel especial descamamento periódico, M Tem fruta pra todo mun- Mata Atlântica e à beira do
na gastronomia! como ocorre com a maio- do! A colheita é controla- fogão à lenha? É de dar água
ria das plantas da mesma da para que a fauna tam- na boca e uma vontade
família botânica. bém se beneficie. de natureza…

28 29
Q
uando cai a noite, a
cantoria começa. Se
a noite for quente e
chuvosa, a sinfonia aumenta.
São os sapos, rãs e perere-
cas machos tentando atrair
as fêmeas durante épocas
de reprodução. O Parque

Sinfonias
das Neblinas está em uma
das regiões mais ricas em
anfíbios do estado de São

da Floresta
Paulo, sendo a Serra do Mar
conhecida mundialmente
por abrigar grande diversida-
de. Caminhando pelas trilhas,
Perereca-verde (Boana albomarginatus) é fácil encontrar pererecas
empoleiradas nas árvores,
no meio da folhagem, den-
tro do rio e até na correnteza
das cachoeiras.

Na margem do rio tinha uma anta,


Eu olhei para ela,
Ela olhou para mim.
Nos encontramos no espelho do rio,
Para nunca mais nos esquecermos. Girinos do sapo-cururu
Perereca (Boana bischoffi) (Rhinella icterica)

30 31
“Na essência do Parque está a
preocupação e o cuidado
com todas as vidas.”
Michele Martins

Papa-vento (Enyalius iheringii)

Vai chover?
Você sabia que a presença A grande maioria dos anfí-
Sapinho-da-barriga-vermelha de anfíbios indica qualidade bios, que possuem um ciclo
(Paratelmatobius yepiranga) ambiental? O sumiço deles de vida dividido na fase aquáti-
na paisagem revela impac- ca (girino) e terrestre (adulto),
2 espécies novas tos como desmatamento e adota diferentes estratégias
para a ciência: poluição. Para viver, eles pre- na reprodução. No Parque, 16 Até hoje há quem queira
Por mais de dez anos, muitos pesquisadores entraram na cisam de ambiente úmido e modos distintos reprodutivos transformar sapos em príncipes
Sapinho-da- mata à noite, com suas lanternas, explorando a riqueza de anfí- de calor, sendo a mudança foram registrados, represen- e nem desconfia que os sapos
barriga-vermelha bios da região. Durante essas andanças, duas espécies novas de temperatura capaz de dizi- tando 41% do total de modos prestam um grande serviço: eles
(Paratelmatobius para a ciência foram descobertas no Parque das Neblinas: mar espécies. “Eles são mui- conhecidos em anfíbios. Tal comem diversas espécies de
yepiranga) M Sapinho-da-barriga-vermelha (Paratelmatobius yepiranga): to sensíveis às mudanças cli- ciclo de vida permite ainda moscas e mosquitos, inclusive
possui ocorrência confirmada somente no Parque máticas e algumas espécies que eles façam uma impor- os transmissores da dengue e
Sapinho-da- das Neblinas. são capazes de perceber que tante conexão entre a água da malária! Além disso, os sapos
garganta-preta M Sapinho-da-garganta-preta (Adenomera ajurauna): além vai chover muito antes dos e a terra, transferindo, por têm seu encanto… Assim como
(Adenomera ajurauna) do Parque, essa espécie também foi encontrada nos mu- meteorologistas”, conta o exemplo, matéria orgânica os pássaros, cada espécie tem
nicípios de São Paulo e Cubatão. especialista João Giovanelli. entre os dois ambientes. um canto diferente!

32 33
No Parque das Neblinas tem:
Capivara: maior roedor do mundo
Anta: maior mamífero terrestre da América do Sul
Bichanos “pesos-pesados” dam no plantio, ao dispersar Muriqui: maior primata das Américas
sementes de tamanho gran-
Assim como acontece com de e por longas distâncias. Onça-parda: segundo maior felino das Américas
os anfíbios, a presença de
mamíferos de grande porte
é um importante indicador Elas saem bem na foto
ambiental. Como a deman-
da por alimento é alta, eles Muitos confessam ter
precisam de grandes exten- medo de onça, mas tudo
Ranhuras e pegadas sões de hábitat para viverem. indica que ela também tem
de onça-parda Desmatamento e fragmen- medo de gente… A onça-
tação da floresta podem -parda (Puma concolor) já
impactar diretamente a vida foi filmada pelas câmeras do
de alguns deles. As antas e as Parque diversas vezes. Inclu-
onças-pardas são registradas sive as imagens já detecta-
frequentemente no Parque ram diferentes animais, ou
das Neblinas! seja: tem mais de uma onça
Estes animais são “pesos- passeando por aqui! Difícil é
-pesados” em tudo o que fa- ver o bichano ao vivo porque
zem: eles consomem gran- além de ter hábitos notur-
des quantidades de biomassa nos, ele é um animal solitário
animal e vegetal, controlando e reservado.
populações de espécies que, Além das câmeras que
em outras circunstâncias, do- vivem flagrando as bonito-
minariam os ambientes. Ao nas, é possível ver as suas
promover este equilíbrio, eles pegadas nas margens do rio
abrem espaço para que a ri- e ranhuras que deixam nos
queza de espécies da floresta troncos das árvores, ao afia-
Onça-parda (Puma concolor)
se expresse. Além disso, aju- rem as garras.

34 35
Anta: ameaçada
de extinção na
Mata Atlântica

Anta (Tapirus terrestres)


Não se sabe bem ao certo
porque a palavra “anta” passou
a ser usada de maneira pouco
elogiosa entre os humanos.
Essa anta não tem nada de bobinha Pode ser porque seus olhos
são pequenos e a vista não
É bem difícil ver uma anta (Tapirus terrestres), mas no Parque é privilegiada e, quando
Veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) das Neblinas elas deixam suas pegadas, além das imagens que assustadas, elas correm pela
são captadas pelas câmeras instaladas em pontos estratégicos mata não se importando com
da mata. Esses animais gostam muito de nadar e de andar fora o que vem pela frente. Porém,
O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) é outro que das trilhas convencionais com seus filhotes, que, por sinal, são existem cinco espécies de
sai bem na foto, mas já foi observado também ao vivo várias bem bonitinhos e têm nas pintas o efeito de camuflagem. A antas no mundo e nenhuma
vezes na reserva. Ele costuma ser visto sozinho e tem hábitos anta é uma espécie ameaçada na Mata Atlântica por ter sido delas está destruindo seu
diurnos e noturnos. Por ser presa da onça-parda, a espécie muito caçada. Isso pode também justificar elas aparecerem próprio hábitat. Não seria esse
anda bem atenta por aqui! pouco: aprenderam ao longo do tempo a se proteger. um sinal de esperteza?

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4 espécies:
Sagui-da-serra-escuro
Muriqui-do-sul
M Muriqui-do-sul Macaco-prego
(Brachyteles arachnoides): Bugio
ameaçado de extinção, é
encontrado nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil.
Esta espécie está em de-
clínio populacional, sen-
do classificada como Em
Perigo (EN), por causa da
fragmentação das florestas
e da caça. Restam aproxi-
madamente apenas 1.300
Muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides)
indivíduos na natureza.

A expressão “cada macaco no


Sagui-da-serra-escuro Cada macaco no seu galho confirmação do registro Muriqui, venha aqui! extinção. Na reserva, o muri- seu galho” faz todo sentido
e Muriqui-do-sul: no Parque porque ele foi qui prefere áreas isoladas, porque eles costumam
ameaçados de extinção No Parque das Neblinas visto apenas rapidamente. O Parque das Neblinas é principalmente nas encostas defender seu território.
foram encontradas quatro Outras espécies de saguis, território de atuação do Plano íngremes da serra, em áreas Algumas espécies vivem em
espécies de macacos: sagui- que normalmente não fa- de Ação Nacional (PAN) para próximas ao Parque Estadual bandos e não compartilham
-da-serra-escuro, muriqui, riam parte desta região, a conservação do muriqui, da Serra do Mar. o galho com macacos de
macaco-prego e bugio. também já foram observa- coordenado pelo ICMBio. O Delícias preferidas da espé- outra espécie. Contudo há
das em áreas vizinhas e sua Plano tem como objetivo cie: folhas, frutos verdes e exceções… alguns admitem
M Sagui-da-serra-escuro distribuição ampliada no aumentar o conhecimento e maduros, brotos de árvo- no mesmo galho espécies de
(Callithrix aurita): espécie Brasil ocorre por causa da a proteção das populações res, sementes, néctar, casca tamanho menor, aceitando
ameaçada de extinção. degradação das florestas dessa espécie para reduzir de árvores, cipós, orquídeas os macaquinhos como se
Sua presença demanda ou por introdução humana. sua categoria de ameaça de e bromélias. fossem filhotes.

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Myotis albescens: o
primeiro registro no
estado de São Paulo
foi realizado na área
do Parque das Neblinas

Noitada na floresta
Se à noite a música é dos
sapos, o céu é dos morce-
gos… e eles são importantes Navegando pelas águas
em muitas funções: poliniza- Piabinha (Coptobrycon bilineatus)
ção, dispersão de sementes, Os ambientes aquáticos do
predadores de invertebrados Parque abrigam uma riqueza
e de pequenos vertebrados. de espécies de peixes bastan- 16 espécies de peixes
A maioria dos morcegos te peculiar. Nas águas cristali- 4 ameaçadas de extinção
encontrados no Parque das nas, de elevada beleza cênica,
Neblinas se alimenta de fru- foram registradas 16 espécies
Eptesicus furinalis tos. Há espécies raras, difí- de peixes, sendo 4 ameaça- Raridade de piabinha
ceis de serem capturadas, das de extinção. O fato de
A espécie Coptobrycon bilineatus, conhecida tam-
como Mimon bennettii e 25% das espécies identificadas
bém como piabinha ou piquira-de-duas-listras,
Eptesicus diminutus. A espé- serem ameaçadas, todas elas
tem registros recentes apenas no rio Itatinga, no
cie Myotis albescens tam- com distribuição restrita aos
interior do Parque das Neblinas. A espécie é classi-
bém foi registrada na reserva, rios de cabeceira das bacias
ficada como Vulnerável (VU) e explora as margens
sendo este o primeiro regis- do Itatinga, Tietê e Paraíba
e o meio do rio em locais de água corrente, prin-
tro feito no estado de São do Sul, ressalta a importân-
cipalmente nos trechos mais transparentes e frios.
Paulo, já que a mesma havia cia da conservação da área
A piabinha, protegida na reserva, é um pequeno
sido encontrada somen- para este grupo. As águas da
peixe que gosta de rios encachoeirados no interior
te na região Sul do país. O reserva são também hábitats
de florestas preservadas.
Brasil possui a terceira maior de ótima qualidade para
variedade de morcegos mamíferos como as lontras
Molossus molossus do planeta. (Lontra longicaudis).

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“Rio, pão líquido,
andar em procissão de espumas
Alimento de lendas, poesia
– piracema de ânsias,
preamares, sílabas.”
João de Jesus Paes Loureiro

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Tiê-sangue
(Ramphocelus bresilius)

Tangará-dançarino (Chiroxiphia caudata)

No Parque pode-se pra-


Espie aqui! ticar birdwatching, que é a
observação de aves em seu
As 244 espécies de aves ambiente natural sem inter-
já registradas na área des- ferir no comportamento ou
pertam o interesse dos visi- território. Um observador
tantes. Dessas, 25 ocorrem registra em média, a cada três
somente na Mata Atlântica. dias na reserva, 87 espécies,
Seja pelas cores e comporta- podendo observar até 72 em
mento atraentes, por ocupa- uma só manhã! Para ajudar
rem diversos espaços ou por no reconhecimento, ao lon-
244 espécies de aves
estarem ativas durante o dia, go dos trajetos são encontra-
25 endêmicas da as aves são muito conheci- das placas informativas, com
Mata Atlântica das por nós. curiosidade sobre a fauna. Saíra-sete-cores (Tangara seledon)

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Araponga (Procnias nudicollis)

Jacutinga (Aburria jacutinga)

M A saracura-do-mato (Aramides saracura) é uma das espé-


cies mais fáceis de observar no Parque, principalmente ao
longo das estradas e perto dos rios.
M O pitiguari (Cyclarhis gujanensis) e o tangará-dançarino
(Chiroxiphia caudata) já foram registrados em grande quan-
tidade, sendo bem fácil observá-los ao longo das trilhas. “A maneira de dar canto às
M O pavó (Pyroderus scutatus) é uma espécie considerada
Vulnerável (VU) e é raro observá-lo.
palavras o menino aprendeu
M A jacutinga (Aburria jacutinga) é uma ave grande que se com os passarinhos.”
Pica-pau-de-cabeça-amarela alimenta de frutos e de insetos que procura no solo. Um Manoel de Barros
(Celeus flavescens) Beija-flor-rubi (Heliodoxa rubricauda) de seus frutos preferidos é o da palmeira-juçara.

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Patinho (Platyrinchus mystaceus) Quer as aves perto de você?
Na mata, alguns obser-
vadores têm um segredo
para atrair as aves: por meio
Diversidade colaborativa de aparelhos sonoros, eles
Olhos e ouvidos atentos perto do Centro de Visi- reproduzem os seus pia-
tantes: por ali é comum ver bandos mistos de aves dos. A técnica é chama-
buscando alimento. da de playback e deve ser
Participam dos bandos até 15 espécies diferentes, usada com cuidado para
sendo 8 mais comuns: não estressá-las.
• Saíra-lagarta (Tangara desmaresti), Já na sua casa, é possível
• Saíra-sete-cores (Tangara seledon), fazer com que o ambiente
• Sanhaço-de-encontro-amarelo seja propício para elas! Tem
(Tangara ornata), uma praça por perto? Uma
• Ferro-velho (Euphonia pectoralis), varanda no apartamento?
• Sanhaço-de-encontro-azul Ou um pouco de espaço
(Tangara cyanoptera), no quintal? Faça uma pes-
• Tiê-preto (Tachyphonus coronatus), quisa das espécies floríferas
• Limpa-folha-testa-baia (Philydor rufum), e frutíferas do seu bioma
• Tiê-de-bando (Habia rubica). mais apreciadas pelas aves
e plante algumas. Elas virão,
pode crer! Surucuá-de-peito-azul (Trogon surrucura)

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No Parque das Neblinas
já foram catalogadas:
Borboleta (Morpho epistrophus catenaria) 159 espécies de formigas
35 espécies de borboletas
28 espécies de besouros
Abelha nativa sem ferrão 16 espécies de abelha

“Cada animal, até mesmo


Tamanho não é documento de todas as plantas floríferas
o ínfimo inseto, tem sua dependem deles para a po-
razão de ser no mundo! Todos Insetos, como formigas, be- linização! Quando um in-

eles contribuem, com sua


souros, abelhas, vespas e bor- seto deixa de existir, causa
boletas, compõem o maior um desequilíbrio na cadeia
espécie, para que o equilíbrio grupo de animais do planeta: alimentar. Algumas espécies
na natureza nunca seja três vezes maior que todos
os outros grupos reunidos.
ajudam com a dispersão de
pólen, o controle de pragas,
perturbado!” Eles têm grande importância o aumento da fertilidade do Besouro-rola-bosta
Roselis von Sass ecológica, pois dois terços solo, e tanto mais… Besouro-serra-pau (Cerrambycidae) (Dichotomius aff. laevicollis)

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Borboleta (Danaus plexippus)

Aranha (Polybetes sp.)

Super-formigas
As formigas têm capacidades singulares. São muito fortes e conse-
guem carregar objetos mais pesados do que elas mesmas. Já obser-
vou um grupo delas carregando folhas muito maiores do que o Aranhas inéditas ser que parte das registradas
seu tamanho? no Parque seja nova para a
O Parque das Neblinas é uma das localidades mais ricas em formigas As aranhas, assim como ciência. Foram identificadas
da região do Alto Tietê: os sapos, prestam serviços 92 espécies, grande parte
• Megalomyrmex sp. n.: espécie identificada no Parque das Neblinas indispensáveis: comem uma delas inofensiva para os se-
e ainda não descrita formalmente pela ciência. grande quantidade de in- res humanos! Isso indica que
• Cylindromyrmex brasiliensis: nos estudos da região do Alto Tie- setos, ajudando no contro- a fama de serem perigosas
tê, só foi encontrada no Parque das Neblinas. Espécie predadora le ecológico. Elas existem confere apenas quando res-
especializada em cupins, ela faz ninhos em cavidades, cascas de há mais de 300 milhões de trita a algumas delas. Além
troncos em decomposição e em cupinzeiros. anos e compõem um dos disso, há espécies com im-
• Acromyrmex rugosus rochai: espécie pouco estudada pela ciência, mais diversificados e abun- portância para a saúde públi-
que na região foi encontrada apenas debaixo do solo. dantes grupos de animais. ca, como a aranha-armadeira
Como as aranhas são ainda (Phoneutria sp.), registrada 92 espécies de aranhas
pouco inventariadas, pode no Parque das Neblinas.

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Inspirações da floresta
Sentir a natureza entrar
pelo corpo em forma de ar
puro; em forma de surpresa,
ao olhar um inseto novo; em
forma de arrepio, ao sentir a
água gelada do rio; em forma
de silêncios preenchidos pe-
los sons da mata… tudo isso
nos sugere um sentido de
unidade, de pertencimento,
um sentido de teia, que tudo
abrange e conecta.
A floresta inspira:
M Vitalidade e força, nas
ranhuras da onça;
M Vigilância, no olhar
atento da ave;
M Poder de multiplicar,
na polinização;
M Doçura, na produção
do mel;
M Generosidade, na árvore
carregada de frutos;
M Movimento, nas
águas incansáveis;
M Reverência pela
sua grandiosidade;
M …

E você? Qual inspiração a


floresta lhe traz hoje?

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O Instituto Ecofuturo, mantido pela Suzano,
contribui para transformar a sociedade por meio
da conservação ambiental e promoção de leitura.
Desde 1999, mantém projetos relacionados ao
fortalecimento da prática de leitura, universalização
de bibliotecas e conservação do meio ambiente.
ecofuturo.org.br

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