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Equipe Editorial
Ficha Catalográfica
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Queridos zeladores do Plantio da União,
Nosso querer com a produção deste material é disponibilizar essas boas
práticas agroflorestais que nos convidam a conhecer as dinâmicas com que Deus,
com sua superior sapiência, rege toda a natureza.
Peço a todos que se inspirem no sábio Rei Inca, “vamos experimentar”
implantar esse reconhecido conhecimento onde ele ainda não é praticado,
confiando neste trabalho que vem de encontro com as diretrizes do
Departamento de Plantio e Meio Ambiente da UDV.
Um bom plantio a todos e que a colheita seja farta.
Luz, Paz e Amor.
M. Saulo A. C. Teixeira
Coordenador Regional - DPMA 9ª Região
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Apresentação
“Vejo na terra, plantio e colheita,
Vejo no mundo um prenúncio de paz”. Marinês
Foto: https://dpma2.udv.org.br/
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“Não jogue fora as sementes
guarde pra mim por favor. Vou transformar as sementes
numa semente de amor”.
(Majó)
Com esse sentimentos de amor, elaboramos esse Caderno 1, de outros que virão,
para estudos a respeito do plantio do Mariri e da Chacrona em Sistemas Agroflorestais.
Nos próximos cadernos iremos tratar assuntos que são necessários para continuar
esses estudos, tais como:
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Dessa forma, a intenção dos conceitos, informações e experiências que serão
apresentados nos cadernos de estudos dessa coleção é para que alimente discussões e
amplie os horizontes para que juntos possamos:
E para reforçar e ampliar esses estudos, quem ainda não visitou a Plataforma on-
line do Departamento do Plantio e Meio Ambiente (dpma2.udv.org.br), convidamos para
acessar o site para conhecer as orientações e as recomendações que foram construídas
com amor para todos os Caianinhos!
Foto: https://dpma2.udv.org.br
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1. Biodiversidade da Floresta
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2. Floresta Cultivada
Florestas clímax, consideradas intocadas pelo ser humano até pouco tempo,
podem ter sido sistemas florestais plantados e manejados por povos que nos
antecederam. O conhecimento de práticas milenares possibilitou trabalharem em
harmonia ao equilíbrio dinâmico existente, assim como, nas florestas naturais.
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3. Aprendendo com a Floresta
Bebendo dessa fonte, Ernst Götsch, suíço erradicado na Bahia, relata sua
experiência com os indígenas da Costa Rica. Mostraram a ele que a queda natural de
folhas de uma grande árvore possibilita a entrada da luz solar e o plantio de culturas de
ciclo rápido embaixo dela.
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Além dos eventos terem sido importantes como promoções para arrecadar
recursos ao Centro, a troca de experiências entre os participantes e a riqueza de
informações trazidas por Ernst foram importantes nesse movimento de formação de
plantadores no âmbito do Centro.
Nas próximas páginas vamos navegar por esses princípios tratados no curso.
São ideias que podem nos aproximar da compreensão do ambiente natural onde
encontramos o Mariri e a Chacrona. E, ao longo desse e dos outros cadernos,
incluiremos o conhecimento de pesquisas e experiências a respeito da importância de
criar ambientes biodiversos e bem estruturados para não termos necessidade do uso
contínuo e intenso de insumos externos.
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4. Princípios Inspirados na Floresta
As ideias que serão expostas para buscar respostas para essas duas perguntas
são informações que devem ser examinadas e aprofundadas para depois poderem ser
adaptadas e aplicadas para a realidade de cada Plantio do Centro.
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Dentro dessa definição precisamos compreender, numa perspectiva mais ampla,
o que é diversidade de espécies e a importância do manejo. Esses dois elementos são
essenciais para que os Plantios, dentro dos princípios da dinâmica da vida, reflitam o
equilíbrio e a resiliência, característicos de uma Floresta Natural.
Estruturação do solo;
Interação das plantas e das ervas com a Luz do Sol (fotossíntese) nos
diferentes estratos preenchidos no espaço por copas e folhas;
Quem quiser conhecer os diferentes tipos e definições utilizadas na literatura para Sistemas
Agroflorestais pode consultar o livro:
“Restauração Ecológica com Sistemas Agroflorestais: como conciliar conservação com
produção. Opções para Cerrado e Caatinga”(2016),
em que um dos autores desse material é um sócio da União, Maurício Rigon Hoffmann.
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4.1. Estruturação do SOLO
O que prevalece são indicativos de que 86% dos solos da Amazônia são de baixa
qualidade. Então o que justifica a riqueza e biodiversidade florestal? A alta capacidade
de ciclagem de nutrientes provenientes da produção e decomposição da serrapilheira.
Nos sistemas agroflorestais quanto mais adensado os Plantios mais materiais para
compor a serrapilheira serão fornecidos ao solo. Quanto mais cobertura pelas podas
constantes, menos problemas com erosão, mais retenção de umidade e um ambiente
mais estruturado com a presença da microvida (micro-organismos, microfauna)
responsável pela ciclagem dos materiais da serrapilheira.
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Na Floresta Amazônica o percentual de fungos é maior do que de bactérias, sendo
os fungos seres vivos que podem formar associações com as raízes das plantas
constituindo as micorrizas. Da parte dos fungos formam-se finos filamentos de células
denominadas hifas que podem alcançar minerais em pequenos espaços existentes entre
partículas de solo, não acessado pelas raízes das plantas devido ao tamanho das
mesmas serem maiores e não passarem entre essas partículas.
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4.2. Diferentes ESTRATOS da copa das plantas e das ervas
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Na imagem seguinte, as plantas ocupam espaços diferentes em relação à altura
(vertical), possibilitando maior difusão da Luz do Sol para chegar às folhas de todas as
plantas, ocasionando maior produção de matéria orgânica num mesmo espaço de área
horizontal, quando comparado à imagem anterior. O espaço engloba um número maior
de plantas, sendo ocupado de forma mais eficiente com as copas das árvores em
diferentes alturas, ou seja, diferentes estratos. Dessa forma, a diversidade de espécies
se faz presente com a troca de nutrientes suprindo necessidades distintas de cada ser
vivo presente e que se complementam.
Emergente
Alto
Médio
Baixo
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4.3. SUCESSÃO de espécies vegetais
Quando uma árvore grande cai na floresta abre um espaço chamado clareira.
Nesse local existem muitas sementes dormentes e outras de germinação e crescimento
rápido levadas ao local por animais, insetos, vento. As plantas crescem todas juntas,
cada qual no seu ritmo e conforme as necessidades de maior ou menor incidência solar.
As pioneiras são as primeiras espécies que despontam, tem um ciclo de vida
curto e ajudam a “criar” as secundárias iniciais. Por sua vez, essas outras criam
ambientes mais adequados para o crescimento das plantas secundárias tardias e das
clímax. Todas crescem juntas, cada qual no seu ritmo, e cada uma cumprindo sua
função no sistema, tais como:
De sombreamento para outras que necessitam crescer com menos luminosidade
possam se desenvolver abaixo destas;
De abrir caminho, descompactando e modificando a estrutura física do solo a partir
de suas raízes para facilitar o estabelecimento das raízes de outras plantas;
Da interação com a microvida do solo e troca de nutrientes modificando o meio
químico e biológico para disponibilizar recursos que outras plantas de crescimento
mais lento necessitam.
Todos esses eventos, em que cada planta contribui com suas características
próprias para a modificação do ambiente, oferecem condições mais adequadas para que
as plantas que têm um ciclo mais longo possam continuar sua jornada por muitos anos.
Essas plantas de ciclo mais longo registram em seus anéis de crescimento informações
climáticas importantes do meio em que estão inseridas, podendo viver algumas
centenas de anos.
Desta forma, para que esse elo em prol da vida se estabeleça ao longo do
tempo realizamos o plantio de todas as espécies que são importantes para o sistema
agroflorestal ao mesmo tempo. Contando, também, com o movimento da natureza em
que o vento, animais, pássaros, insetos participam desse processo trazendo espécies
que se agregam para compor os sistemas.
Nosso papel é conhecer essas plantas, estudá-las e aprender com elas para
que possamos permitir que se desenvolvam e cumpram seu papel dentro dos sistemas.
O livro ‘Agricultura Sintrópica segundo Ernst Götsch’, escrito por José Fernando dos
Santos Rabello e Daniela Ghiringhello Sakamoto, traz importantes conceitos e informações
para quem quiser aprofundar mais o conhecimento dos princípios agroflorestais.
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5. Sistemas Agroflorestais
Lembrando que o foco principal é o Mariri e a Chacrona! Por isso devemos incluir
nos desenhos plantas tutoras do Mariri e que sombreiam a Chacrona, com as espécies
lenheiras.
Usamos estacas e mudas para plantas com determinado objetivo e função dentro
dos sistemas. Seguem alguns exemplos: a estaca de mandioca (Manihot esculenta) é
uma planta de raiz tuberosa proporcionando a aeração do solo e inocula os fungos
que irão se associar às raízes das sementes germinadas formando
as micorrizas e ampliando, assim, a área de absorção de nutriente
pela planta; a muda de abacaxi (Ananas sp) oferece um
ambiente sombreado e propício para as sementes
germinarem e se criarem; mudas de eucalipto
desenvolvem-se rápido trazendo informação de
crescimento para todo sistema.
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Esperamos que esse primeiro caderno contribua para
a busca do aprofundamento dos estudos e
aprimoramento das práticas em sistemas
agroflorestais nos nossos Plantios!