Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
O bioma da Mata Atlântica apresenta grande diversidade biológica. Com o objetivo de
conservação e recuperação foi implantado um programa de recomposição ambiental desenvolvido
pelo IFC – Campus Santa Rosa do Sul/SC, em parceria com o SICCOB/CREDIJA, a partir da
identificação e caracterização das espécies e das épocas de floração e frutificação visando o
resgate, a produção de mudas, a doação das mesmas e a consequente divulgação de espécies de
mudas florestais para comunidades rurais do Litoral Sul de Santa Catarina. Os frutos e sementes
das espécies florestais nativas frutíferas e não frutíferas foram coletados especificamente nas
matas nativas e da coleção de espécies do referido Campus. A pesquisa ocorreu entre os anos de
2019 e 2023, sendo que os materiais propagativos foram coletados ao decorrer do ano, conforme o
período de frutificação de cada espécie. A propagação foi realizada em casa de vegetação do setor
de Silvicultura do IFC - Campus Santa Rosa do Sul. A semeadura das sementes foi realizada em
vasos plásticos de polietileno contendo 10 litros de substrato, constituído de casca de arroz
parcialmente queimada. Posteriormente realizou-se o transplante destas plântulas em copos de
polietileno transparentes de 0,5 litros. As adubações de manutenção foram realizadas com N, P, K
+ adubações corretivas em solução aquosa. Em parceria com instituições e em conjunto com a
Direção Geral e Coordenação de Extensão do IFC - Campus Santa Rosa do Sul houve posterior
distribuição das mudas, com termo de doação destas espécies às comunidades locais, rurais,
escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e com objetivos educacionais e de preservação
ambiental. Destacou-se a importância destas frutas para as comunidades, como valor alimentício,
fonte de renda, no turismo rural, na comercialização de mudas, frutos, polpas, artesanato e na
preservação ambiental. Foi estudada a época de maturação e coleta de frutos e sementes de 110
espécies, pertencentes a 28 famílias botânicas, nativas da Mata Atlântica. Resultados prévios
mostram a importância e a capacidade destas espécies para recomposição ambiental do bioma
Mata Atlântica. Foram quantificadas e doadas um total de 22.120 mudas de espécies florestais
nativas e exóticas e frutíferas nativas e exóticas.
INTRODUÇÃO
O bioma da Mata Atlântica apresenta grande diversidade biológica, sendo a mais rica do
mundo pelas suas espécies vegetais. Estão inclusas faixas litorâneas do Atlântico, com seus
manguezais e restingas, florestas de baixada e de encosta da Serra do Mar, florestas interioranas, as
matas de araucárias e os campos de altitude no bioma (MEDEIROS, 2020).
Atualmente, a Mata Atlântica é o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção e com
cerca de 102.000 Km2 da sua área reduzida. A qualidade de vida da população brasileira depende
quase 70% dos componentes inseridos nesse bioma, como nascentes e fontes que abastecem cidades
e comunidades rurais, contribuindo para o clima, temperatura, umidade, chuvas e fertilidade do solo
estarem regulados junto com a vegetação (MEDEIROS, 2020).
Neste contexto, a conservação e a recuperação da mata nativa da Mata Atlântica são
fundamentais. Para isso, existem leis como Unidade de Conservação (SNUC - Lei nº 9.985/2000), e
da recuperação da vegetação nativa se fortaleceu no âmbito nacional nos últimos anos, com a
sanção da Lei da Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012, Código Florestal) e a
implementação dos seus instrumentos, como o Cadastro Ambiental Rural - CAR e os Programas de
Regularização Ambiental - PRAs estaduais (BRASIL, 2020).
Diante disso, programas para recuperação da vegetação nativa cresceu cresceram no
território brasileiro. Esses programas buscam a produção de mudas das espécies nativas, para
posterior reflorestamento. Pouco se conhece sobre as épocas de floração e frutificação das espécies
nativas do bioma da Mata Atlântica, sendo este necessário para a orientação de coleta de materiais
para a propagação dessas espécies (SARTORI et. Al. 2023).
Duas considerações são necessárias, relativas aos usos das espécies. Uma delas refere-se aos
de cunho medicinal. Esse aspecto foi baseado em literatura e, portanto, não necessariamente
coincide com as espécies listadas na Relação de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único
de Saúde (Brasil, 2022), podendo compreender, assim, informações baseadas no conhecimento
popular. Chama-se atenção para que seu uso seja criterioso, atentando-se à conferência do nome
científico da espécie quando do consumo, e de possíveis efeitos colaterais oriundos da forma de
uso.
Outro ponto importante relaciona-se ao uso para restauração ecológica das espécies. Esse
não se encontra indicado para algumas delas, significando somente que podem não ser reconhecidas
para restauração, como um dos usos mais importantes. No entanto, não deve ser desconsiderado o
seu valor intrínseco enquanto espécie nativa, logo, como componente natural e funcional num
ecossistema. (SOUSA et al., 2022).
Portanto, os objetivos do presente trabalho visaram o resgate, a produção de mudas e a
divulgação de espécies florestais e frutíferas nativas para comunidades rurais às comunidades
locais, rurais, escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e com objetivos educacionais e de
preservação ambiental.
METODOLOGIA
A área explorada para a realização do trabalho está localizada na região da AMESC
(Associação de Municípios do Extremo Sul Catarinense), no estado de Santa Catarina, cuja o bioma
é a Mata Atlântica.
Para o presente trabalho, os frutos e sementes das espécies florestais e frutíferas nativas
selecionadas foram coletadas especificamente nas matas nativas locais, em beiras de rio e na
comunidade rural, bem como da área de coleção de espécies nativas localizada no IFC – Campus
Santa Rosa do Sul.
As espécies selecionadas para a pesquisa foram escolhidas de acordo com a ocorrência e
origem no bioma Mata Atlântica.
A pesquisa ocorreu entre os anos de 2019 e 2023, sendo que os materiais propagativos eram
coletados ao decorrer do ano, conforme o período de frutificação de cada espécie, de acordo com
experiência empírica de moradores da comunidade e com a utilização de conteúdos técnicos
publicado por Schwirkowski (2018).
A determinação dos períodos de maturação ocorreu conforme a ocorrência de floração e
frutificação no período de estudo, de 2019 a 2023. De janeiro de 2021 a janeiro de 2023 foi possível
acompanhar a visitação dos locais de exploração das espécies nativas arbóreas, em trilhas que foram
percorridas a cada 21 dias. Para a construção das tabelas foram feitas médias da data de ocorrência
de frutificação das espécies. Assim, foi possível relacionar a época de frutificação das espécies aos
respectivos meses do ano.
Com a prática foi possível coletar sementes oriundas do bioma da Mata Atlântica de
espécies florestais presentes nas matas e em pátios residenciais, que foram devidamente registradas
de acordo com os locais de coletas. Posteriormente, em casa de vegetação do setor de Silvicultura
do IFC - Campus Santa Rosa do Sul, localizado na comunidade de Vila Nova, no município de
Santa Rosa do Sul/SC, foi realizada a lavagem e secagem das sementes à sombra, para posterior
semeadura das mesmas em vasos de polietileno de 10 litros e preenchidos com substrato constituído
de casca de arroz parcialmente queimada e irrigadas manualmente com regador.
Quando as plântulas atingiam o tamanho de 10 a 15cm de altura, estas eram repicadas
em copos plásticos brancos, de 0,5 litros, furados na base com dois furos, preenchidos com
substrato constituído da mistura de 15% de argila, 35% de cinzas de cascas de arroz, 35% de turfa e
15% de esterco de gado peneirado. Estas embalagens foram colocadas em bancadas de concreto
suspensas e irrigadas manualmente e/ou por ascensão capilar. Para cada 100 litros de substrato foi
feita a adição de 150g de Calcário Dolomítico, misturado ao substrato. Na sequência foi feita a
diluição de 20g de Cloreto de Potássio, 40g de Ureia e 600g de Superfosfato Triplo em 10L de
água, que foi adicionada e misturada homogeneamente ao substrato.
O adubo para a adubação de manutenção foi composto de 600g de Fosfato Natural, 40g
de Ureia e 20g de Cloreto de Potássio, adicionados em 10 litros de água. Para cada copo plástico foi
aplicada superficialmente a dose de 20 ml por muda, feita normalmente no outono e na primavera.
As plantas espontâneas foram controladas com uso da casca de arroz carbonizada, colocando
5,0cm acima do substrato. Em parceria firmada com a Instituição SICCOB/CREDIJA, esta forneceu
os copos plásticos, bem como da estrutura de ambiente protegido para produção das mudas. As
doações de mudas foram realizadas em conjunto com a Coordenação de Extensão do IFC – Campus
Santa Rosa do Sul, com termo de doação e posterior distribuição e divulgação destas espécies nas
comunidades rurais do Litoral Sul de Santa Catarina, escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e
com objetivos educacionais e de preservação ambiental, contendo informações de locais, solos e
espaçamentos de plantio adequados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi estudada a época de maturação e coleta de frutos e sementes de 43 espécies, pertencentes
a 21 famílias botânicas, nativas da Mata Atlântica. A Figura 1 ilustra sementes e frutos coletados
para propagação e figura 2 ilustra a doação e instrução de plantio em escolas da AMESC.
23
20
16
15
15 14
11 11
10 9
5 5 5
5
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano
Fonte. Os autores.
CONCLUSÃO
5 AGRADECIMENTOS
BRASIL. Ministério da Saúde. Plantas Medicinais de Interesse ao SUS – Renisus. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/ composicao/sctie/daf/pnpmf/ppnpmf/plantas-medicinais-de-
interesse-ao-sus-2013-renisus. Acesso em: 02 jun. 2022.
BRASIL. MINESTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Mata Atlântica. 2020. Disponível em:
https://www.mma.gov.br/biomas/mata-atl%C3%A2ntica_emdesenvolvimento. Acesso em: 07 maio
2020.
CARVALHO, P. E. R. Espécies Arbóreas Brasileiras. Embrapa: araticum-cagão - Annona cacans.
Brasília: Embrapa, 2003. v. 1, p. 151-158. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/231663/1/Especies-Arboreas-Brasileiras-vol-
1-Ariticum-Cagao.pdf. Acesso em: 24 maio 2023.
MACHADO, M. S. et al. Fenologia da frutificação de espécies vegetais nativas e a restauração
florestal no arquipélago de Fernando de Noronha, PE, Brasil. 2013. Disponível em:
http://www.lerf.eco.br/img/publicacoes/2013hv40n3p473-483.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
MEDEIROS, J. D. Mata Atlântica: biodiversidade. Biodiversidade. 2020. Disponível em:
https://apremavi.org.br/mata-atlantica/biodiversidade/. Acesso em: 06 maio 2020.
MUNIZ, H. J. T. Colecionando Frutas. Edição do Autor, 2019. 2 v.
Sartori, I.A. et. al. Produção de mudas para recomposição de áreas e educação
ambiental. Extensão Tecnológica. Revista de Extensão do Instituto Federal Catarinense.
Blumenau.SC. V.11, nº 19 jan-jul 2023. DOI: https://doi.org/10.21166/rext.v10i19.
https://publicacoes.ifc.edu.br/index.php/RevExt/issue/view/114. Acesso 06 outubro de 2023.