Você está na página 1de 10

PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS E FRUTÍFERAS NATIVAS

PARA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL DO BIOMA DA MATA ATLÂNTICA

RESUMO
O bioma da Mata Atlântica apresenta grande diversidade biológica. Com o objetivo de
conservação e recuperação foi implantado um programa de recomposição ambiental desenvolvido
pelo IFC – Campus Santa Rosa do Sul/SC, em parceria com o SICCOB/CREDIJA, a partir da
identificação e caracterização das espécies e das épocas de floração e frutificação visando o
resgate, a produção de mudas, a doação das mesmas e a consequente divulgação de espécies de
mudas florestais para comunidades rurais do Litoral Sul de Santa Catarina. Os frutos e sementes
das espécies florestais nativas frutíferas e não frutíferas foram coletados especificamente nas
matas nativas e da coleção de espécies do referido Campus. A pesquisa ocorreu entre os anos de
2019 e 2023, sendo que os materiais propagativos foram coletados ao decorrer do ano, conforme o
período de frutificação de cada espécie. A propagação foi realizada em casa de vegetação do setor
de Silvicultura do IFC - Campus Santa Rosa do Sul. A semeadura das sementes foi realizada em
vasos plásticos de polietileno contendo 10 litros de substrato, constituído de casca de arroz
parcialmente queimada. Posteriormente realizou-se o transplante destas plântulas em copos de
polietileno transparentes de 0,5 litros. As adubações de manutenção foram realizadas com N, P, K
+ adubações corretivas em solução aquosa. Em parceria com instituições e em conjunto com a
Direção Geral e Coordenação de Extensão do IFC - Campus Santa Rosa do Sul houve posterior
distribuição das mudas, com termo de doação destas espécies às comunidades locais, rurais,
escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e com objetivos educacionais e de preservação
ambiental. Destacou-se a importância destas frutas para as comunidades, como valor alimentício,
fonte de renda, no turismo rural, na comercialização de mudas, frutos, polpas, artesanato e na
preservação ambiental. Foi estudada a época de maturação e coleta de frutos e sementes de 110
espécies, pertencentes a 28 famílias botânicas, nativas da Mata Atlântica. Resultados prévios
mostram a importância e a capacidade destas espécies para recomposição ambiental do bioma
Mata Atlântica. Foram quantificadas e doadas um total de 22.120 mudas de espécies florestais
nativas e exóticas e frutíferas nativas e exóticas.

Palavras chaves: meio ambiente, AMESC, medicincaracterizaçãoalc. mudas, preservação.

INTRODUÇÃO
O bioma da Mata Atlântica apresenta grande diversidade biológica, sendo a mais rica do
mundo pelas suas espécies vegetais. Estão inclusas faixas litorâneas do Atlântico, com seus
manguezais e restingas, florestas de baixada e de encosta da Serra do Mar, florestas interioranas, as
matas de araucárias e os campos de altitude no bioma (MEDEIROS, 2020).
Atualmente, a Mata Atlântica é o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção e com
cerca de 102.000 Km2 da sua área reduzida. A qualidade de vida da população brasileira depende
quase 70% dos componentes inseridos nesse bioma, como nascentes e fontes que abastecem cidades
e comunidades rurais, contribuindo para o clima, temperatura, umidade, chuvas e fertilidade do solo
estarem regulados junto com a vegetação (MEDEIROS, 2020).
Neste contexto, a conservação e a recuperação da mata nativa da Mata Atlântica são
fundamentais. Para isso, existem leis como Unidade de Conservação (SNUC - Lei nº 9.985/2000), e
da recuperação da vegetação nativa se fortaleceu no âmbito nacional nos últimos anos, com a
sanção da Lei da Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012, Código Florestal) e a
implementação dos seus instrumentos, como o Cadastro Ambiental Rural - CAR e os Programas de
Regularização Ambiental - PRAs estaduais (BRASIL, 2020).
Diante disso, programas para recuperação da vegetação nativa cresceu cresceram no
território brasileiro. Esses programas buscam a produção de mudas das espécies nativas, para
posterior reflorestamento. Pouco se conhece sobre as épocas de floração e frutificação das espécies
nativas do bioma da Mata Atlântica, sendo este necessário para a orientação de coleta de materiais
para a propagação dessas espécies (SARTORI et. Al. 2023).
Duas considerações são necessárias, relativas aos usos das espécies. Uma delas refere-se aos
de cunho medicinal. Esse aspecto foi baseado em literatura e, portanto, não necessariamente
coincide com as espécies listadas na Relação de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único
de Saúde (Brasil, 2022), podendo compreender, assim, informações baseadas no conhecimento
popular. Chama-se atenção para que seu uso seja criterioso, atentando-se à conferência do nome
científico da espécie quando do consumo, e de possíveis efeitos colaterais oriundos da forma de
uso.
Outro ponto importante relaciona-se ao uso para restauração ecológica das espécies. Esse
não se encontra indicado para algumas delas, significando somente que podem não ser reconhecidas
para restauração, como um dos usos mais importantes. No entanto, não deve ser desconsiderado o
seu valor intrínseco enquanto espécie nativa, logo, como componente natural e funcional num
ecossistema. (SOUSA et al., 2022).
Portanto, os objetivos do presente trabalho visaram o resgate, a produção de mudas e a
divulgação de espécies florestais e frutíferas nativas para comunidades rurais às comunidades
locais, rurais, escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e com objetivos educacionais e de
preservação ambiental.

METODOLOGIA
A área explorada para a realização do trabalho está localizada na região da AMESC
(Associação de Municípios do Extremo Sul Catarinense), no estado de Santa Catarina, cuja o bioma
é a Mata Atlântica.
Para o presente trabalho, os frutos e sementes das espécies florestais e frutíferas nativas
selecionadas foram coletadas especificamente nas matas nativas locais, em beiras de rio e na
comunidade rural, bem como da área de coleção de espécies nativas localizada no IFC – Campus
Santa Rosa do Sul.
As espécies selecionadas para a pesquisa foram escolhidas de acordo com a ocorrência e
origem no bioma Mata Atlântica.
A pesquisa ocorreu entre os anos de 2019 e 2023, sendo que os materiais propagativos eram
coletados ao decorrer do ano, conforme o período de frutificação de cada espécie, de acordo com
experiência empírica de moradores da comunidade e com a utilização de conteúdos técnicos
publicado por Schwirkowski (2018).
A determinação dos períodos de maturação ocorreu conforme a ocorrência de floração e
frutificação no período de estudo, de 2019 a 2023. De janeiro de 2021 a janeiro de 2023 foi possível
acompanhar a visitação dos locais de exploração das espécies nativas arbóreas, em trilhas que foram
percorridas a cada 21 dias. Para a construção das tabelas foram feitas médias da data de ocorrência
de frutificação das espécies. Assim, foi possível relacionar a época de frutificação das espécies aos
respectivos meses do ano.
Com a prática foi possível coletar sementes oriundas do bioma da Mata Atlântica de
espécies florestais presentes nas matas e em pátios residenciais, que foram devidamente registradas
de acordo com os locais de coletas. Posteriormente, em casa de vegetação do setor de Silvicultura
do IFC - Campus Santa Rosa do Sul, localizado na comunidade de Vila Nova, no município de
Santa Rosa do Sul/SC, foi realizada a lavagem e secagem das sementes à sombra, para posterior
semeadura das mesmas em vasos de polietileno de 10 litros e preenchidos com substrato constituído
de casca de arroz parcialmente queimada e irrigadas manualmente com regador.
Quando as plântulas atingiam o tamanho de 10 a 15cm de altura, estas eram repicadas
em copos plásticos brancos, de 0,5 litros, furados na base com dois furos, preenchidos com
substrato constituído da mistura de 15% de argila, 35% de cinzas de cascas de arroz, 35% de turfa e
15% de esterco de gado peneirado. Estas embalagens foram colocadas em bancadas de concreto
suspensas e irrigadas manualmente e/ou por ascensão capilar. Para cada 100 litros de substrato foi
feita a adição de 150g de Calcário Dolomítico, misturado ao substrato. Na sequência foi feita a
diluição de 20g de Cloreto de Potássio, 40g de Ureia e 600g de Superfosfato Triplo em 10L de
água, que foi adicionada e misturada homogeneamente ao substrato.
O adubo para a adubação de manutenção foi composto de 600g de Fosfato Natural, 40g
de Ureia e 20g de Cloreto de Potássio, adicionados em 10 litros de água. Para cada copo plástico foi
aplicada superficialmente a dose de 20 ml por muda, feita normalmente no outono e na primavera.
As plantas espontâneas foram controladas com uso da casca de arroz carbonizada, colocando
5,0cm acima do substrato. Em parceria firmada com a Instituição SICCOB/CREDIJA, esta forneceu
os copos plásticos, bem como da estrutura de ambiente protegido para produção das mudas. As
doações de mudas foram realizadas em conjunto com a Coordenação de Extensão do IFC – Campus
Santa Rosa do Sul, com termo de doação e posterior distribuição e divulgação destas espécies nas
comunidades rurais do Litoral Sul de Santa Catarina, escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e
com objetivos educacionais e de preservação ambiental, contendo informações de locais, solos e
espaçamentos de plantio adequados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi estudada a época de maturação e coleta de frutos e sementes de 43 espécies, pertencentes
a 21 famílias botânicas, nativas da Mata Atlântica. A Figura 1 ilustra sementes e frutos coletados
para propagação e figura 2 ilustra a doação e instrução de plantio em escolas da AMESC.

Figura 1 e 2: Frutos e sementes coletados de espécies pertencentes à Mata Atlântica, para


produção de mudas, no IFC – Campus Santa Rosa do Sul/RS, de 2019 a 2023.

Fonte: DUARTE, M. M (2023).

Na Tabela 1 é possível verificar as famílias, os nomes científicos, os nomes comuns e os


meses de maturação de frutos e sementes. Durante 2019 a 2023 foram produzidas e doadas um total
de 22.120 mudas de espécies florestais nativas e exóticas e frutíferas nativas e exóticas.
Dentre as principais espécies florestais e frutíferas nativas propagadas no IFC - Campus
Santa Rosa do Sul destaca-se a família das Anonnaceae com 2.772 mudas destacando-se a Annona
mucosa - fruta do conde e Fabaceae com 2.505 mudas doadas destaca-se o Inga laurina - Inga
branco com 1.265 mudas produzidas e doadas.
Tabela 1: Famílias, nomes científicos, nomes comuns e quantidades de mudas de espécies florestais
e frutíferas nativas produzidas e doadas entre os anos de 2019 a 2023, no IFC – Campus Santa Rosa
do Sul/SC.
N° de Doações
Família Nome Científico Nome Popular 2019 2020 2021 2022 2023 Total
Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira Pimenta 30 30 1
Anacardiaceae Schinus molle L. Aroeira Salsa 12 1 13 2
Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira vermelha 2 18 20 3
Annonacea Annona cacans Araticum Cagão 46 28 40 50 164 4
Annonacea Annona glabra Araticum do brejo 161 56 30 11 84 342 5
Annonacea Annona montana Graviola montana 289 95 140 62 213 799 6
Annonacea Annona mucosa Fruta do Conde 346 112 120 67 242 887 7
Annonacea Annona reticulata Fruta da Condessa 3 42 8 53 8
Annonacea Annona rugulosa Cortiça 39 28 61 29 127 284 9
Annonacea Annona sylvatica Araticum do morro 234 3 6 243 10
Araucariaceae Araucaria angustifolia Pinheiro Brasileiro 80 2 4 86 11
Araucariaceae Araucaria angustifolia Araucária 2 2 12
Arecaceae Euterpe edulis Palmeira Juçara 87 3 90 13
Arecaceae Butia odorata Butiá 11 11 14
Bignoniaceae Handroanthus heptaphyllus Ipê rosa 136 1 16 41 194 15
Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus Ipê roxo 5 5 10 16
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia Jacarandá mimoso 20 1 10 31 17
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia Jacarandá mimoso 20 1 10 31 18
Boraginaceae Cordia magnoliifolia Guamirim 50 31 81 19
Clusiaceae Garcinia gardneriana Bacupari 195 70 253 57 211 786 20
Combretaceae Terminalia catappa Sete copas 1 26 28 55 21
Erythroxylaceae Erythroxylum deciduum Cocão 26 26 22
Euphorbiaceae Alchornea sidifolia Tapiaguaçu 5 8 8 21 23
Euphorbiaceae Alchornea triplinervica Tanheiro 25 2 27 24
Fabaceae Hymenaea sp. Jatobá 2 2 25
Fabaceae Inga edulis Ingá Cipó 29 81 6 116 26
Fabaceae Inga laurina Ingá Branco 326 103 297 75 464 1265 27
Fabaceae Inga marginata Ingá feijão 189 28 138 3 60 418 28
Fabaceae Inga vulpina Ingá anão 68 27 189 51 145 480 29
Fabaceae Inga sessilis Ingá ferradura 4 4 30
Fabaceae Schizolobium parahyba Guapuruvu 10 3 13 14 40 31
Fabaceae Anadenanthera macrocarpa Angico Vermelho 2 2 32
Fabaceae Delonix regia Flamboyant 22 22 33
Fabaceae Paubrasilia echinata Pau-Brasil 41 41 34
Fabaceae Caesalpinia pluviosa Sibipuruna 2 50 2 5 59 35
Fabaceae Delonix regia Flamboyant 22 6 11 39 36
Fabaceae Bauhinia variegata Pata de vaca 3 3 37
Fabaceae Hymenaea courbaril Jatobá 1 1 38
Fabaceae Enterolobium contortisiliquum Timbaúva 1 1 39
Fabaceae Calliandra dysantha Caliandra 10 10 40
Fabaceae Cassia ferruginea Chuva de ouro 2 2 41
Fagaceae Castanea sativa Castanha portuguesa 25 25 42
Fagaceae Vitex megapotamica Tarumã 57 30 25 58 170 43
Fagaceae Castanea sativa Castanha portuguesa 43 43 44
Lamiaceae Vitex megapotamica Tarumã 17 17 45
Lauraceae Persea americana Abacateiro 151 9 4 164 46
Lauraceae Nectandra lanceolata Canela branca 9 8 17 47
Lauraceae Cinnamomum verum Canela 47 48 95 48
Lythraceae Punica granatum Romã 1 1 49
Magnoliáceas Magnolia ovata Baguaçú 18 3 30 14 65 50
Malvaceae Pachira glabra Castanha do Maranhão 186 33 149 35 378 781 51
Malvaceae Ceiba speciosa Paineira 10 2 15 22 49 52
Meliaceae Cabralea oblongifoliola Canjerana 9 3 12 53
Moraceae Ficus guaranitica Figueira Branca 3 18 21 54
Moraceae Moringa oleífera Acácia Branca 20 20 55
Moraceae Ficus guaranitica Figueira Branca 25 25 56
Moraceae Ficus glabra Figueira Brava 40 40 57
Moraceae Maclura tinctoria Tajuva 6 6 58
Moraceae Artocarpus heterophyllus Jaca 1 10 5 16 59
Moraceae Morus spp Amora preta 1 1 60
Moraceae Morus nigra Amora nativa 41 41 61
Moraceae Maclura tinctoria Taiúva 9 10 19 62
Myristicaceae Virola bicuhyba Bicuíba 44 3 10 57 63
Myristicaceae Virola bicuhyba Bicuiba 12 12 64
Myrtaceae Acca sellowiana Feijoa 1 1 65
Myrtaceae Campomanesia malifolia Guabiroba folha de maçã 162 162 66
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa Guabiroba alaranjada 364 105 256 24 197 946 67
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa Guabiroba do litoral 48 48 68
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa Guabiroba jubá 17 17 69
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa Guabiroba 204 204 70
Myrtaceae Eugenia brasiliensis Grumixama 267 115 468 53 259 1162 71
Myrtaceae Eugenia candolleana Ameixa da Mata 12 45 440 23 304 824 72
Myrtaceae Eugenia involucrata Cereja do mata 314 40 276 32 358 1020 73
Myrtaceae Eugenia multicostata Pau-alazão 189 72 285 26 166 738 74
Myrtaceae Eugenia pyriformis Uvaia 267 77 123 5 71 543 75
Myrtaceae Eugenia uniflora Pitanga vermelha 327 55 135 41 221 779 76
Myrtaceae Myrcianthes pungens Guabiju 26 104 233 48 239 650 77
Myrtaceae Myrciaria floribunda Cambuim 65 12 8 2 87 78
Myrtaceae Plinia cauliflora Jaboticaba 196 54 290 29 235 804 79
Myrtaceae Plinia edulis Cambucá 80 34 280 43 94 531 80
Myrtaceae Psidium acutangulum Araçá Pera 184 32 9 225 81
Myrtaceae Psidium cattleyanum Araçá amarelo 206 32 290 32 325 885 82
Myrtaceae Psidium cinereum Araçá yací 243 243 83
Myrtaceae Psidium guajava Goiaba do pará 412 63 255 65 335 1130 84
Myrtaceae Psidium guajava Goiaba comum 1 9 10 85
Myrtaceae Psidium guajava Goiaba tailandesa 9 9 86
Myrtaceae Psidium longipetiolatum Araçá vermelho 169 84 254 49 275 831 87
Myrtaceae Syzygium malaccense Jambo vermelho 8 2 20 15 45 88
Myrtaceae Myrcia glabra Uvá vermelho 20 20 17 57 89
Myrtaceae Psidium guajava Goiaba comum 12 12 90
Myrtaceae Eugenia suberosa Guamirim cascudo 12 12 91
Myrtaceae Eugenia punicifolia Murta Vermelha 20 16 36 92
Myrtaceae Myrcia hebepetala Aperta goela 10 10 93
Myrtaceae Syzygium malaccense Jambo vermelho 10 10 94
Myrtaceae Gomidesia fenzliana papaguela 7 7 95
Punicaceae Myrciaria glazioviana Cabeludinha 72 2 20 20 114 96
Rosaceae Eugenia uniflora Pitanga preta 204 61 140 68 299 772 97
Rosaceae Eriobotrya japonica Nêspera 5 1 6 98
Rubiaceae Punica granatum Romãzeira 5 5 99
Rutaceae Eriobotrya japonica Nêspera 219 5 1 225 100
Sapindaceae Matayba intermedia Cambuatá 2 8 10 101
Sapindaceae Matayba intermedia Cambuatá 64 64 102
Sapindaceae Allophylus edulis Chal Chal 16 16 103
Sapindaceae Dimocarpus longan Olho de dragão 4 4 104
Sapindaceae Cupania oblongifolia Camboatá 17 17 105
Sapotaceae Posoqueria latifolia Baga de macaco 62 19 15 4 35 135 106
Sapotaceae Mimusops coriacea Abricó-da-praia 64 35 25 25 27 176 107
Solanaceae Physalis piruviana Físalis 40 40 108
Solanaceae Acnistus arborescens Fruta do sabiá 5 5 109
Urticaceae Cecropia obtusifolia Embaúba 5 5 110
7424 1890 5590 993 6223 22120
Fonte: Os autores.
Dentre as principais espécies florestais e frutíferas nativas propagadas no IFC - Campus
Santa Rosa do Sul destaca-se a família das Anonnaceae com 2.772 mudas destacando-se a Annona
mucosa - fruta do conde e Fabaceae com 2.505 mudas doadas destaca-se o Inga laurina - Inga
branco com 1.265 mudas produzidas e doadas.
A principal família em destaque é a Myrtaceae com produção e doação de 12.038 mudas
com destaque para as espécies Goiaba do para (Psidium guajava) e Grumixama (Eugenia
brasiliensis), com produção e doação de 1130 e 1162 mudas, respectivamente. Também oriundas da
família Malvaceae preponderantemente da espécie denominada Castanha do Maranhão (Pachira
glabra), com 781 mudas produzidas entre 2019 e 2023. Na sequência destaca-se a família
Sapotaceae, constituída de quatro espécies que, somadas, proporcionaram a produção e doação de
311 mudas, com maior ênfase à espécie denominada Abricó da Praia (Mimusops coriácea).
Já como quarta família destacada cita-se a Bignoniaceae, constituída de quatro espécies que,
somadas, proporcionaram a produção e doação de 201 plantas, das quais destaca-se a espécie
denominada Ipê Rosa, com 156 mudas produzidas e doadas.
De acordo com as observações levantadas a campo verificou-se que a maioria das espécies
estudadas frutificaram nos meses de novembro, dezembro e janeiro e, em contrapartida, nos meses
de maio a julho houve os menores índices de frutificação (Gráfico 1).

Gráfico 1: Número de espécies florestais e épocas de frutificação das mesmas, de acordo


com observações periódicas realizadas no interior da Mata Atlântica do litoral
Sul de Santa Catarina, entre 2021 e 2023. IFC – Campus Santa Rosa do Sul.
30
27
26
25
Númeor de espécies coletadas

23

20
16
15
15 14
11 11
10 9

5 5 5
5

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses do ano

Fonte. Os autores.

Hipotetiza-se que a maior incidência de chuvas e de altas temperaturas entre novembro ae


janeiro aumente a atividade metabólica das plantas, por desencadearem a evolução reprodutiva das
plantas, com a floração e posterior frutificação. Entretanto, nos períodos de frio e de seca,
preponderante caracterizados entre os meses de maio a julho, as plantas retardam seu
desenvolvimento, economizando reservas, já que sua taxa fotossintética também é diminuída.
A exploração e pesquisa local desse fator é extremamente importante para identificar os
momentos mais adequados para a coleta de sementes e de produção de mudas em viveiros visando a
posterior distribuição à comunidade para reflorestamento de nascentes e áreas degradadas.

CONCLUSÃO

O estudo e a produção de mudas, a partir de 110 espécies nativas florestais nativas e


frutíferas nativas e exóticas, relacionaram-se a 28 famílias botânicas.
Outrossim, verificou-se que no período de novembro a janeiro houve maior taxa de
maturação dos frutos, enquanto a menor taxa ocorreu entre maio e julho.
É visível a capacidade dessas espécies como opções viáveis para a recomposição ambiental
do bioma Mata Atlântica, também como valor alimentício, fonte de renda, no turismo rural, na
comercialização de mudas, frutos, polpas, artesanato e na preservação ambiental .
Ao total foram quantificadas e doadas 22.120 mudas de 2019 a 2023, às comunidades rurais
do Litoral Sul de Santa Catarina, escolas e órgãos públicos sem fins lucrativos e com objetivos
educacionais e de preservação ambiental, contendo informações de locais, solos e espaçamentos de
plantio adequados.

5 AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal Catarinense - Campus Santa Rosa do Sul, pelos recursos


disponibilizados, bem como à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), pela bolsa institucional
disponibilizada e que contribuíram no desenvolvimento da presente trabalho. Ao
SICOOB/CREDIJA pelos recursos e parceira na colaboração do projeto.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Plantas Medicinais de Interesse ao SUS – Renisus. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/ composicao/sctie/daf/pnpmf/ppnpmf/plantas-medicinais-de-
interesse-ao-sus-2013-renisus. Acesso em: 02 jun. 2022.
BRASIL. MINESTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Mata Atlântica. 2020. Disponível em:
https://www.mma.gov.br/biomas/mata-atl%C3%A2ntica_emdesenvolvimento. Acesso em: 07 maio
2020.
CARVALHO, P. E. R. Espécies Arbóreas Brasileiras. Embrapa: araticum-cagão - Annona cacans.
Brasília: Embrapa, 2003. v. 1, p. 151-158. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/231663/1/Especies-Arboreas-Brasileiras-vol-
1-Ariticum-Cagao.pdf. Acesso em: 24 maio 2023.
MACHADO, M. S. et al. Fenologia da frutificação de espécies vegetais nativas e a restauração
florestal no arquipélago de Fernando de Noronha, PE, Brasil. 2013. Disponível em:
http://www.lerf.eco.br/img/publicacoes/2013hv40n3p473-483.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
MEDEIROS, J. D. Mata Atlântica: biodiversidade. Biodiversidade. 2020. Disponível em:
https://apremavi.org.br/mata-atlantica/biodiversidade/. Acesso em: 06 maio 2020.
MUNIZ, H. J. T. Colecionando Frutas. Edição do Autor, 2019. 2 v.
Sartori, I.A. et. al. Produção de mudas para recomposição de áreas e educação
ambiental. Extensão Tecnológica. Revista de Extensão do Instituto Federal Catarinense.
Blumenau.SC. V.11, nº 19 jan-jul 2023. DOI: https://doi.org/10.21166/rext.v10i19.
https://publicacoes.ifc.edu.br/index.php/RevExt/issue/view/114. Acesso 06 outubro de 2023.

SCHWIRKOWSKI, P. (comp.). Lista de Espécies Vegetais da Mata Atlântica Floresta


Ombrófila Mista (Mata de Araucária) e Floresta Ombrófila Densa. 2018. Disponível em:
https://sites.google.com/site/florasbs/home. Acesso em: 20 maio 2020.
SOUSA, L. P. et al. Árvores nativas para sistemas agrícolas sustentáveis e para restauração
ecológica na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2022.
78 p. (Documentos / Embrapa Clima Temperado, ISSN 1806-9193;525).

Você também pode gostar