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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

A vegetação e o clima da cidade de Curitiba-PR:


uma análise quantitativa nas diferentes
tipologias de floresta urbana
Angeline Martini

Orientadora: Daniela Biondi


Co-orientadores: Demóstenes Ferreira da Silva Filho e Antonio Carlos Batista
INTRODUÇÃO

Falta de planejamento Aumento da


urbano adequado + população = Problemas

Qualidade de vida?
INTRODUÇÃO

Clima urbano
ilhas de calor urbano

Uso da vegetação nas


cidades

Floresta urbana
benefícios
INTRODUÇÃO
➢ Escalas do clima urbano

Macroclima

Mesoclima

Microclima
INTRODUÇÃO

➢ Tipologias de Floresta Urbana:

remanescente florestal área verde com paisagismo arborização de ruas


OBJETIVO GERAL

➢ Analisar quantitativamente a influência da cobertura arbórea no


clima da cidade de Curitiba, com ênfase nas diferentes tipologias de
floresta urbana.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
➢ Determinar a relação entre a quantidade de cobertura arbórea e a
intensidade das ilhas de calor/frescor na escala do clima local;
➢ Caracterizar o microclima das diferentes tipologias de floresta
urbana no verão e inverno;
➢ Analisar a influência das diferentes tipologias de floresta urbana no
microclima, nas estações de verão e inverno;
➢ Determinar o raio e intensidade de influência que as diferentes
tipologias de floresta urbana exercem nos seus arredores e qual
tipologia proporciona maior benefício;
➢ Verificar se o tamanho e a composição das áreas têm relação direta
com o raio e a intensidade de influência;
MATERIAL E MÉTODOS
ÁREA DE ESTUDO
➢ Altitude média de 934,60 m
➢ Clima do tipo Cfb
subtropical úmido mesotérmico
➢ T média = 17,8 ºC
∆T =14,0 °C a 21,7 °C
➢ Precip. anual =1633,61 mm
➢ Cobertura arbórea =
189.826.140,18 m² (43,68%)
➢ 1.082 áreas verdes
➢ Arborização de ruas = 11,4%
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO CLIMA LOCAL
➢ Pesquisa realizada por Leal (2012)
➢Mini-abrigos/ 4 m do solo
➢22 dias e coleta/ 15 minutos
07 a 28 de fevereiro de 2011 (Verão)
04 a 25 de agosto de 2011 (Inverno)
➢ períodos do dia:
manhã (6h00 – 11h45)
tarde (12h00 –17h45)
noite (18h00 – 23h45)
madrugada (00h00 – 05h45)
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO CLIMA LOCAL
➢ quantidade de cobertura arbórea
e de vegetação
➢ imagens de alta resolução espacial
(Grise, 2015)
➢ Satélite GeoEye-1 (janeiro/ 2009)
➢ software Quantum GIS 2.8.6
➢ criação de buffers de 500 m ao
redor dos pontos
➢ classificação da imagem no
software MultiSpec
➢correlação simples e do diagrama
de dispersão - software Excel 2013
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA

Seleção das áreas de interesse - tipologias de floresta urbana:

Remanescente Florestal

Área Verde Antiga

Área Verde Moderna

Arborização de Rua

Árvore isolada
Remanescente Florestal

Parque Barigui Bosque do Papa

Bosque Gutierrez
Área Verde Antiga

Praça Eufrásio Correia (1912) Praça Carlos Gomes (1870)

Passeio Público (1886)


Área Verde Moderna

Praça Alfredo Andersen Praça Nossa Senhora de Salete

Jardinete Henrique Knopholz


Arborização de Rua

Rua Brigadeiro Franco Rua Ângelo Lopes

Rua Guaratuba
Árvore Isolada

Extremosa – Rua Santana, n° 395 Dedaleiro – Brasílio Itiberê, n° 295

Ipê-amarelo
João da Silva Sampaio, n° 648
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Caracterização das 15 áreas selecionadas:
➢ Cobertura arbórea (m²) processamento de imagens
➢ Comprimento da área (m) do Satélite GeoEye-1

➢ Altitude
➢ Iluminação
➢ Tipo de vegetação - nativa ou introduzida
➢ Número total de indivíduos com DAP > 5cm coleta em campo
➢ Altura média das árvores e do dossel
➢ Espaçamento médio entre as árvores
➢ Quantidade de área impermeável
➢ Forma de recobrimento do solo
Fotografia com a lente
➢ fator de visão do céu olho-de-peixe
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Caracterização das 15 áreas selecionadas:

processamento no software RayMan 1.2

Fotografia com a lente


➢ fator de visão do céu olho-de-peixe
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Coleta de Dados Meteorológicos – Ponto Fixo

Verão Inverno
20/02/2014 28/07/2014
Início = 12h
Duração = 48h
Intervalo = 1 min.
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Processamento dos Dados Meteorológicos – Ponto Fixo

➢ panorama geral das diferentes tipologias de floresta urbana


➢ delineamento estatístico em blocos ao acaso
➢ Comparação das médias - SNK a 95% de significância.
➢ Análise realizada também para cada estação
➢ Determinação dos valores máximos e mínimos e amplitude.
➢ Gráficos do comportamento das variáveis ao longo do período de coleta
➢ Análise das diferenças (comparação com o SIMEPAR) – dia/noite
teste SNK 95%
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Coleta de Dados Meteorológicos – Transectos Móveis

Miniestações
Kestrel®

Temperatura (°C)
UR (%)
Vel. Vento (m/s²) Transecto total = 500 m
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Coleta de Dados Meteorológicos – Transectos Móveis

➢ Cada tipologia em um dia


➢ Fevereiro (verão) = 13h/12h
➢ Julho (inverno) = 12h
➢ 4 Repetições
➢ Intervalo = 1 min.
MATERIAL E MÉTODOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA
Processamento dos Dados Meteorológicos – Transectos Móveis

➢ Os dados do interior das tipologias de floresta urbana foram comparados


com os valores obtidos nos respectivos trajetos percorridos - teste t a 99%
de significância - Verão/inverno.
➢ Determinação do raio e intensidade de influência das diferentes
tipologias de floresta urbana no entorno imediato.
RESULTADOS
INFLUÊNCIA DA FLORESTA URBANA NO CLIMA LOCAL
➢ Vegetação x temperatura
Cobertura arbórea Cobertura vegetal

Correlação simples = -0,71 Correlação simples = -0,77


RESULTADOS
INFLUÊNCIA DA FLORESTA URBANA NO CLIMA LOCAL
➢ Vegetação x temperatura
Cobertura arbórea

Manhã Tarde Noite Madrugada

Cobertura vegetal

Manhã Tarde Noite Madrugada


RESULTADOS
INFLUÊNCIA DA FLORESTA URBANA NO CLIMA LOCAL
➢ Vegetação x umidade relativa
Cobertura arbórea Cobertura vegetal

Correlação simples = 0,33 Correlação simples = 0,42


RESULTADOS
INFLUÊNCIA DA FLORESTA URBANA NO CLIMA LOCAL
➢ Vegetação/temperatura
Cobertura arbórea Cobertura vegetal

y = -2E-11x2 + 4E-06x + 18,064 y = -8E-12x²+3E-06x+18,012


R² = 0,65 R² = 0,71

1 m2 = 2,96 x10-7 °C 1 m2 = 1,44 x10-7 °C


0,1 °C = 338.138,43 m2 0,1 °C = 696.174,96 m2
RESULTADOS
INFLUÊNCIA DA FLORESTA URBANA NO CLIMA LOCAL
➢ Vegetação/temperatura
Cobertura arbórea Cobertura vegetal
RESULTADOS
CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE MONITORAMENTO MICROCLIMÁTICOS
REMANESCENTE ÁREA VERDE ÁREA VERDE ARBORIZAÇÃO DE ÁRVORE
FLORESTAL ANTIGA MODERNA RUA ISOLADA
>densidade de sub-bosque > Porte - DAP e altura > altura
< DAP

Parque Barigui Passeio Público Praça N. Sra de Salette Rua Brigadeiro Franco Extremosa
> DAP e altura >Porte - DAP e altura > número de indivíduos
< densidade de sub-bosque < número de indivíduos < porte

Bosque João Paulo II Praça Eufrásio Correia Praça Alfredo Andersen Rua Ângelo Lopes Dedaleiro
>número de indivíduos > número de indivíduos > DAP
< porte e cobertura < porte

Bosque Gutierrez Praça Carlos Gomes Jardinete Henrique Knopholz Rua Guaratuba Ipê-amarelo
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Panorama geral das variáveis meteorológicas

Remanescente Florestal: 1- Parque Barigüi; 2 - Bosque Gutierrez; 3 - Bosque João Paulo II; Área Verde Antiga: 1 - Passeio Público;
2 - Praça Eufrásio Correia; 3 - Praça Carlos Gomes; Área Verde Moderna: 1- Praça N. Sra. de Salette; 2 - Praça Alfredo Andersen; 3
- Jard. Henrique Knopholz; Arborização de Rua: 1 - Rua Brigadeiro Franco; 2- Rua Ângelo Lopes; 3 - Rua Guaratuba; Árvore
Isolada: 1 - Lagerstroemia indica; 2 - Lafoensia pacari; 3 - Handroanthus chrysotrichus;
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Panorama geral das variáveis meteorológicas

Remanescente Florestal: 1- Parque Barigüi; 2 - Bosque Gutierrez; 3 - Bosque João Paulo II; Área Verde Antiga: 1 - Passeio Público;
2 - Praça Eufrásio Correia; 3 - Praça Carlos Gomes; Área Verde Moderna: 1- Praça N. Sra. de Salette; 2 - Praça Alfredo Andersen; 3
- Jard. Henrique Knopholz; Arborização de Rua: 1 - Rua Brigadeiro Franco; 2- Rua Ângelo Lopes; 3 - Rua Guaratuba; Árvore
Isolada: 1 - Lagerstroemia indica; 2 - Lafoensia pacari; 3 - Handroanthus chrysotrichus;
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Valores extremos das variáveis meteorológicas
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Comportamento periódico das variáveis meteorológicas
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Comportamento periódico das variáveis meteorológicas

Noite Noite

Noite Noite
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Comportamento periódico das variáveis meteorológicas
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Diferenças microclimáticas entre as tipologias
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Diferenças microclimáticas entre as tipologias
RESULTADOS
ANÁLISE DO MICROCLIMA DA FLORESTA URBANA
➢ Influência das características físicas
RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA URBANA NO MICROCLIMA
➢ Interior da área/rua adjacente
RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA
➢ Influência das URBANA
características NO MICROCLIMA
físicas
➢ Interior da área/rua adjacente
RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA
➢ Influência das URBANA
características NO MICROCLIMA
físicas
➢ Raio de Influência no entorno imediato
REMANESCENTE FLORESTAL ÁREA VERDE ANTIGA ÁREA VERDE MODERNA ARBORIZAÇÃO DE RUA
Temperatura (°C)

Umidade Relativa (%)


RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA URBANA NO MICROCLIMA
➢ Raio de Influência no entorno imediato
ÁRVORE ISOLADA

Temperatura (°C)

Umidade Relativa (%)


RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA
➢ Influência das URBANA
características NO MICROCLIMA
físicas
➢ Raio de Influência no entorno imediato
RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA URBANA NO MICROCLIMA
➢ Intensidade de Influência no entorno imediato
REMANESCENTE FLORESTAL ÁREA VERDE ANTIGA ÁREA VERDE MODERNA ARBORIZAÇÃO DE RUA ÁRVORE ISOLADA

Temperatura (°C)

Umidade Relativa (%)


RESULTADOS
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE
FLORESTA
➢ Influência das URBANA
características NO MICROCLIMA
físicas
➢ Influência das características físicas no potencial de
arrefecimento
CONCLUSÃO
• A floresta urbana proporciona microclimas mais agradáveis, com menores
valores de temperatura e maiores valores de umidade relativa.
• Este efeito além de existir no interior das áreas de floresta urbana,
estende-se para o entorno imediato, apresentando diferenças de acordo
com tipologia.
Influência da floresta urbana no clima local
• Aproximadamente 65% da variação da temperatura na área urbana foi
explicado pela quantidade de cobertura arbórea e 71% pela cobertura
vegetal.
• Para a redução de 1°C da temperatura são necessários acrescentar
3.381.384,32 m² de cobertura arbórea na cidade ou 6.961.749,64 m² de
cobertura vegetal.
O microclima das tipologias de floresta urbana
• O microclima do Remanescente Florestal foi estatisticamente distinto das
demais tipologias – com menor média de temperatura e a maior média de
umidade relativa.
CONCLUSÃO
• Árvore Isolada foi a tipologia que apresentou maior média de temperatura
e a Área Verde Antiga a menor média de umidade relativa.
• Os valores máximos e mínimos das variáveis meteorológicas foram
condizentes com os valores médios apresentados.
• A análise do comportamento periódico permitiu verificar que as
diferenças entre as tipologias foram mais acentuadas durante o dia e
menos expressivas à noite.
• A temperatura no Remanescente Florestal e Área Verde Moderna
apresentaram médias inferiores às registradas pela estação oficial na
estação do verão.
Influência das diferentes tipologias de floresta urbana no microclima
• Foram encontradas diferenças estatísticas entre o microclima interno e
externo às tipologias de floresta urbana
• No transecto percorrido, a temperatura foi em média 2,3 °C mais elevada
do que no interior das tipologias, a umidade relativa foi menor em 4,6
unidades e a velocidade do vento 0,2 m/s² maior.
CONCLUSÃO
• A maior diferença de temperatura e umidade relativa entre o ambiente
interno e externo foi encontrada no Remanescente Florestal e a menor na
Arborização de Ruas.
• O raio de influência que a floresta urbana exerceu no seu entorno foi de
200 m, excluindo-se a tipologia Árvore Isolada
• No verão o raio de influência é maior do que no Inverno.
• O Remanescente Florestal foi o que exerceu influência microclimática a
uma distância maior, seguido pela Área Verde Moderna, Área Verde Antiga,
Arborização de Rua e Árvore Isolada.
• A intensidade de influência que a floresta urbana exerceu na temperatura
do ar a 50 m de distância foi de 0,66 °C, a 100 m foi 0,45 °C, a 150 m foi
0,34°C e a 200 m foi 0,30°C, sendo sempre mais intensa no verão.
• Dentre os elementos de composição das áreas, verificou-se que o número
e a densidade de indivíduos foram os elementos que exerceram maior
influência no microclima, bem como no efeito de arrefecimento.
CONCLUSÃO
_______________________
• Por fim, os resultados encontrados enfatizam a importância da floresta
urbana, em todas as suas formas (tipologias) para a cidade de Curitiba,
pois foi comprovado quantitativamente que a cobertura arbórea
proporciona melhores condições climáticas, tanto na escala local como
microclimática.
CURIOSIDADE SOBRE A PESQUISA

Vídeo

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