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SUMÁRIO

HISTÓRIA DA SAÚDE BUCAL....................................................................................4


ODONTOLOGIA NO BRASIL.......................................................................................5
Curiosidades ...................................................................................................................11
REORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE BUCAL..........................................12
Plano de Reorganização das ações de saúde bucal na atenção básica.............................13
PLANEJAMENTO EM SAÚDE BUCAL......................................................................20
CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO............................................................................20
EQUIPAMENTOS PARA CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO...............................25
INSTRUMENTAIS ODONTOLÓGICOS.....................................................................29
Materiais de Consumo – Consultório Odontológico ......................................................38
SAÚDE DA FAMÍLIA...................................................................................................47
Atribuições específicas do cirurgião dentista..................................................................48
Atribuições do técnico em higiene bucal.........................................................................49
Atribuições do auxiliar de saúde bucal............................................................................50
CÁRIE................................................................. ...........................................................50
Os dentes estão em processo de desmineralização e remineralização.............................53
ALIMENTAÇÃO X CÁRIE DENTÁRIA....................................................................54
DOENÇAS PERIODONTAIS.......................................................................................55
Causas da doença periodontal.........................................................................................55
CLASSIFICAÇÃO ATUAL DAS DOENÇAS PERIODONTAIS...............................63
O QUE É A ORTODONTIA..........................................................................................64
Como saber se preciso de um Ortodontista? ..................................................................65
Como funciona um tratamento ortodôntico eficaz? .......................................................65
Tempos e fases do seu tratamento ortodôntico...............................................................68
Dúvidas frequentes sobre tratamentos ortodônticos.......................................................72
FLUOROSE DENTÁRIA.............................................................................................77
Como ocorre a fluorose dentária, como o flúor é absorvido pelo organismo? ..............78
Cuidados com o uso de fluoreto e cremes dentais.........................................................79
FORMAS DE TRATAMENTO DA FLUOROSE DENTÁRIA .................................80
CANCER DE BOCA, SAIBA MAIS...........................................................................81
Epidemiologia do Cancer Bucal ...................................................................................82
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CARCINOGÊNESE.......................................................................................................83
Prinipais agentes carciogênicos relacionados ao cancer bucal........................................84
Fatores de risco relacionados ao hospedeiro...................................................................86
Outros fatores de risco.....................................................................................................87
O QUE SÃO AFTAS OU LESÕES BUCAIS? .............................................................90
Como tratar irritações/lesões bucais................................................................................91
ESTOMATITE – INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES ....................................................92
LESÕES BRANCAS DA MUCOSE ORAL.................................................................93
LESÕES VESICO – BOLHAS DA MUCOSA ORAL.................................................97
LESÕES AFTÓIDES...................................................................................................101
LESÕES DA LÍNGUA................................................................................................103
Exames complementares...............................................................................................104
Tratamento................................................................ ...................................................104

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HISTÓRIA DA SAÚDE BUCAL

Para compreender a história, precisamos saber que a Saúde Bucal, ou seja, os cuidados com os
dentes, já existia bem antes da criação da profissão de Cirurgião-Dentista, e que vem sendo
erguida bem antes da fundação da primeira faculdade. Desta forma, os modelos de saúde bucal
são definidos e caracterizados baseando-se nas práticas odontológicas da época em questão, no
contexto social em que estavam inseridos, nos recursos humanos disponíveis, nas tecnologias,
ambientes e resultados obtidos no período que foram criados. São teorias que nos ajudam a
pensar sobre a realidade do ontem e do hoje.

O primeiro modelo ficou conhecido como


Odontologia Artesanal. Era uma prática
rudimentar realizada pelos cirurgiões barbeiros,
além de barba e cabelo ela também faziam
extrações dentárias no meio da feira, entre a
multidão. Como não havia faculdades, os
ensinamentos eram passados de mestre para
aprendiz. A prática era itinerante e meramente
curativa, somente para aplacar a dor.

Em 1841, com o surgimento da primeira faculdade de odontologia, em Baltimore, Estados


Unidos, o modelo passa de artesanal para Odontologia Científica ou tradicional e em 1910, com
o Relatório Flexner passa também a ser chamada Odontologia flexineriana. Segundo Eugênio
Vilaça Mendes (1986) este modelo tem como características o mecanicismo (o corpo humano é
entendido como uma máquina), biologicismo (a odontologia se fundamenta nas ciências
biológicas), especialista (a boca ainda é dividida em partes, dentes, gengiva...), individualista (o
indivíduo é considerado isoladamente), tecnicismo (dependente da técnica), curativismo (centra
sua atenção na cura) e ainda mercantilista (fundamenta-se na venda de serviços). Como essa era
uma prática desenvolvida no setor privado, havia a necessidade de sua ampliação para
apresentação à sociedade civil, para isso teria que haver mudanças nesse modelo.

Dessa premissa surgiu a Odontologia Sanitária/ Social que teve como diferencial a inserção da
odontologia na Saúde Pública, porém, continuou no conceito flexineriano que despertou a
reflexão de que à assistência individual não seria suficiente para atuar neste setor da saúde. A
primeira tentativa se deu nos anos 50, trabalhando dentro das escolas, adotando o modelo
incremental. Dessa forma se conceituou como um modelo excludente, individualista, de
planejamento rudimentar onde, prevenção e cura se desarticulam.

Nos anos 80 e 90, as ações preventivas ganharam prestígio com as importações de tecnologias
preventivas, mas no setor privado essas ações só foram implantadas quando foram
transformadas em lucros. O maior problema foi mesmo no setor público, pois a prática
preventiva foi usada em detrimento de serviços assistenciais dando a prevenção o status de
única.

Um pouco antes, nos anos 70, as críticas ao modelo tradicional fizeram surgir o que chamamos
de Odontologia Simplificada. Tentou-se diminuir o ―supérfluo‖ para
diminuir os custos da assistência, criando-se para isso o conceito de
equipe odontológica e conseqüentemente aumentar a cobertura dos
serviços. Este modelo não deixou de lado o público alvo, que continuou
com os escolares dando ênfase à assistência curativa. Confrontando-se
com a qualidade versus quantidade.

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Nos anos 80, falava-se em Odontologia Integral, que possuía três pilares explicativos. O
primeiro, atitude preventiva, que levava em consideração a integralidade da atenção, segundo, a
simplificação sem exageros, e em terceiro, a desmonopolização do saber, dando lugar a
educação e participação da comunidade.

Com o advento da Reforma Sanitária, reivindicava-se a saúde como um direito de todo e


qualquer cidadão que deveria ser garantido pelo Estado. E para assegurar esse direito, precisava-
se de um modelo de saúde bucal que respeitasse os princípios da universalidade, equidade,
integralidade, descentralização e participação social. Foi então, criada a Saúde Bucal Coletiva.
Um modelo pautado no conhecimento em todos os aspectos, a sociedade na qual foi implantado,
entendendo que o processo saúde-doença tem seus determinantes sócios- culturais que vão além
do biológico. As práticas coletivas em saúde rompem com o isolamento do cirurgião dentista,
deixa de lado à passividade da população, os tornado sujeitos de todo o processo.

Nos dias atuais, a saúde bucal coletiva, vem ganhando espaço e se caracterizando como modelo
vigente, que acompanha toda transformação que a saúde sofreu com a criação do sistema, que
hoje rege a saúde no Brasil.

ODONTOLOGIA NO BRASIL

A História da Odontologia no Brasil. A Odontologia praticada no século XVI, a partir da


descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, restringia-se quase que
só as extrações dentárias. As técnicas eram
rudimentares, o instrumental inadequado e
não havia nenhuma forma de higiene.
Anestesia, nem pensar. O barbeiro ou
sangrador devia ser forte, impiedoso,
impassível e rápido. Os médicos (físicos) e
cirurgiões, diante tanta crueldade, evitavam
esta tarefa, alegando os riscos para o paciente
(possibilidade de morte) de hemorragias e
inevitáveis infecções.

Argumentavam que as mãos do profissional poderiam ficar pesadas e sem condições para
intervenções delicadas. Os barbeiros e sangradores eram geralmente ignorantes e tinham um
baixo conceito, aprendendo esta atividade com alguém mais experiente.

Em 1600, havia no Rio de Janeiro 300 colonos e suas famílias. Por certo deveriam existir
"mestres" de vários ofícios, inclusive mestres cirurgiões e barbeiros, que "curassem de cirurgia,
sangrassem, tirassem dentes, etc."

Para exercer esta atividade os profissionais dependiam de uma licença especial dada pelo
"cirurgião-mor mestre Gil", sendo os infratores autuados, presos e multados em três marcos de
ouro... (segundo a norma da Carta Régia de 25 de outubro de 1448, de El-rei D. Afonso, de
Portugal, dando "carta de oficio de cirurgião-mór destes reinos"). A carta de ofício não se
referia aos barbeiros e sangradores, havendo a possibilidade destes profissionais terem obtido
licença do cirurgião-mór de Portugal.

Somente em 09 de novembro de 1629 houve, através da Carta Régia, os exames aos cirurgiões e
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barbeiros. A reforma do regimento em 12 de dezembro de 1631 determinava a multa de dois mil
réis às pessoas que "tirassem dentes" sem licença. Parece que sangrador e Tiradentes, ofícios
acumulados pelos barbeiros, eram coisas que se confundiam, podendo o sangrador também tirar
dentes, pois nos exames de habilitação tinham de provar que durante dois anos "sangraram" e
fizeram as demais atividades de barbeiro.

Para avaliar o significado e conceito de "barbeiro" temos na quarta edição do Novo Dicionário
da Língua Portuguesa, de Eduardo de Faria, publicado no Rio de Janeiro em 1859:
Barbeiro: s.m. - o que faz barba; (antigo) "sangrador", cirurgião pouco instruído que sangrava,
deitava ventosas, sarjas, punha cáusticos e fazia operações cirúrgicas pouco importantes. -*
Obs.: Nessas cirurgias pouco importantes incluíam-se extrações dentárias.

Em 1728, na França, Piérre Fauchard (1678-1761) com seu livro: Le Chirugien Dentiste au
Traité des Dents, revoluciona a odontologia, inovando conhecimentos, criando técnicas e
aparelhos, sendo juntamente cognominado "o pai de Odontologia Moderna". Nesta época
começava a exploração do ouro no Estado de Minas Gerais, com grande afluxo de interessados
e José S. C. Galhardo é nomeado pela Casa Real Portuguesa, cirurgião-mór deste Estado,
regulamentando os práticos da arte dentária.

Pela lei de 17 de junho de 1782, para uma melhor fiscalização nas colônias portuguesas, em
lugar de físico e cirurgião-mór, foi criado a Real Junta de Proto-Medicato. Constituída de sete
deputados, médicos ou cirurgiões, para um período de três anos,
caberia a estes o exame e a expedição de cartas e licenciamento das
"pessoas que tirassem dentes".

Nas últimas décadas deste século, Joaquim José da Silva Xavier


(1746-1792) praticou a Odontologia que aprendera com seu
padrinho, Sebastião Ferreira Leitão. Seu confessor, Frei Raymundo
de Pennaforte disse sobre ele: "Tirava com efeito dentes com a mais
sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo,
que pareciam naturais".

Nesse período os dentes eram extraídos com as chaves de Garangeot,


alavancas rudimentares, e o pelicano. Não se fazia tratamento de
canais e as obturações eram de chumbo, sobre tecido cariado e
polpas afetadas, com conseqüências desastrosas. A prótese era bem
simples, esculpindo dentes em osso ou marfim, que eram amarrados com fios aos dentes
remanescentes. Dentaduras eram esculpidas em marfim ou osso utilizando-se dentes Humanos e
de animais, retendo-as na boca por intermédio de molas, sistemas usados na Europa. Porém no
Brasil, era tudo mais rudimentar.

Os barbeiros e sangradores aprendiam o ofício com um mais experiente e tinham que provar
uma prática de dois anos sob a vista do mesmo. Após pagar a taxa de oito oitavos de ouro.
Submeter-se-iam a exame perante o cirurgião substituto de Minas Gerais e dois profissionais
escolhidos por este. Aprovados, teriam suas cartas expedidas e licenças concedidas. No final do
século XVIII, mais precisamente em 23 de maio de 1800, cria-se o "plano de exames", um
aperfeiçoamento das formalidades e dos exames.

É encontrado pela primeira vez em documentos do Reino, o vocábulo "dentista". Convém


lembrar que foi criado pelo cirurgião francês Guy Chauliac (1300-1368), aparecendo pela
primeira vez em seu livro "Chirurgia Magna" publicado em 1363.

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Em 07 de março de 1808, fugindo das forças francesas, o príncipe regente D. João VI, sua corte
e a nata da sociedade portuguesa (cerca de 15 mil pessoas) chegavam a Salvador, tornando-se o
Brasil por esta contingência sede do reino. Houve um grande surto de progresso.

No hospital de São José, na Bahia, criava-se a Escola de Cirurgia, graças à interferência do


Doutor José Corrêa Picanço, físico e cirurgião-mór; em nome da Real Junta do Proto-Medicato.
Nada beneficiou os dentistas na ocasião. Picanço, a seguir, não só licenciaram os profissionais
da corte, como sete negros, de baixa classe social, alguns até escravos de poderosos senhores.
Havia nesta época dois ditados populares: "ou casa, ou dente" - ou "ou dente, ou queixo, ou
língua, ou beiço". Indicavam que dado o pouco conhecimento e inabilidade dos "tira-dentes"
ocorria freqüentemente traumatismos nestas regiões.

Para moralizar esta atividade ante as inúmeras queixas contra os profissionais, o cirurgião-mór
determinava em suas "cartas", que o barbeiro poderia exercer a sua arte com restrições, "não
sangrados em ordem de médico ou cirurgião aprovado e não tirando dentes sem ser examinado".
Antes do final de 1808, D. João VI transfere-se de Salvador para o Rio de Janeiro.

Em 07 de outubro de 1809 é abolido a Real Junta do Proto-Medicato, ficando todas as


responsabilidades ao encargo do físico-mór e do cirurgião-mór, com a colaboração de seus
delegados e subdelegados. O físico-mór do Reino era Manoel Vieira da Silva, encarregado do
controle do exercício de Medicina e Farmácia e o cirurgião-mór dos exércitos, José Corrêa
Picanço tinha poderes análogos em relação à cirurgia, controlando o exercício das funções
realizadas pelos sangradores, dentistas, parteiras e algebristas.

Alguns cirurgiões também tiravam "carta de sangria" e indiscutivelmente o povo era


beneficiado. Nesta época o mestre Domingos, "barbeiro" popular no bairro da Saúde, Rio de
Janeiro, se tornou famoso. O negro mestiço exercia sua atividade também na casa de clientes.
Sob o braço levava uma esteira de tábua, que servia de cadeira e uma enferrujada chave de
Garangeot. Dado a manobras intempestivas, algumas vezes extraía também o dente vizinho,
mas cobrava apenas um. Às crianças, sugeriu que o dente extraído fosse jogado no telhado,
dizendo antes e por três vezes: "Mourão, toma teu dente podre e dá cá o meu são".

Havia um crioulo muito habilidoso que esculpia dentaduras em osso e as vendia na


porta das igrejas, após as missas domingueiras. Era só escolher, não só a mais bonita,
como também a que se adapta o melhor possível na boca.

Em 1820, o Doutor Picanço concedeu ao francês Doutor Eugênio Frederico Guertin a


"carta" para exercer sua profissão no Rio de Janeiro. Era diplomado pela Faculdade de
Odontologia de Paris e aqui atingiu elevado conceito, atendendo a maior parte da
nobreza, inclusive D. Pedro II e familiares. Publicou em 1819, 'Avisos Tendentes à
Conservação dos Dentes e sua Substituição', ao que tudo indica a primeira obra de
odontologia feita no Brasil.

Outros dentistas franceses vieram a seguir: Celestino Le Nourrichel, Arson, Emilio


Vautier, Henrique Lemale, Eugênio Delcambre, Júlio De Fontages, Hippólito E. Hallais
(intitulava-se o dentista das famílias), etc, trazendo o que havia de melhor na
Odontologia mundial. Citando, como exemplo, alguns itens dos Honorários de Guertin:

Dentes artificiais de cavalo marinho ou marfim................................4000 réis


Natural...............................................................................................12000 réis
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Incorruptível (porcelana)...................................................................24000 réis

As dentaduras eram constituídas de duas fileiras de dentes, esculpidas em marfim ou


adaptadas em base metálica, sendo as arcadas ligadas por molas elásticas. Em 01 de
junho de 1824, Gregório Raphael Silva, do Rio de Janeiro, recebeu a primeira "carta de
dentista" após a Independência do Brasil.

No dia 30 de agosto de 1828, D Pedro I (1798-1834) suprime o cargo de cirurgião-mór,


cujas funções passaram a ser exercidas pelas Câmaras Municipais e Justiças Ordinárias.
Mais ou menos nesta época, graças ao francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) que
viveu no Brasil de 1816 a 1831, reproduzindo em gravura a vida brasileira durante o
Primeiro Império, Há uma única obra iconográfica do século passado relacionada à
atividade de profissionais que exercita a Odontologia. Denomina-se "Boutiques de
Barbieri" e retrata dizeres: "barbeiro, cabeleireiro, sangrador, dentista e deitão bichas".

Em 1839, é criada por Chaplin A. Harris, em Baltimore, Estados Unidos, a primeira


Escola de Odontologia do mundo: Colégio de Cirurgia Dentária. Foram Também seus
professores: E. Farmly, E. Becker e S. Brown.
Um dentista português, Luiz Antunes de
Carvalho, obteve notoriedade e riqueza,
sendo um dos pioneiros na cirurgia buco
maxilar no Brasil. Em 18 de janeiro de 1832
havia obtido em Buenos Aires o direito de
exercer a profissão. Mudou-se para o Rio de
Janeiro em 1836, sendo o primeiro dentista a
registrar sua "carta" na secretaria da Câmara
Municipal. Ficou famoso na Argentina pela
propaganda em forma de versos e depois em
prosa. Já se fazia marketing. No Brasil foi
mais comedido, mas demonstrando sempre
ser profissional conhecedor e atualizado, publicou no Almanak Administrativo
Mercantil e Comercial: "Luiz Antunes de Carvalho enxerta outros dentes nas raízes dos
podres, firma dentes e dentaduras inteiras, firma queixos, céus da boca, narizes
artificiais e cura moléstias da boca, Rua Larga de São Joaquim,125".

Foi aprovado também na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e o primeiro a se


registrar na Junta de Higiene, criada em 1850, em substituição à fiscalização exercida
pela Câmara Municipal. A partir de 1840 começaram chegar dentistas dos Estados
Unidos e pouco a pouco suplantam os colegas franceses. Luiz Burdell foi o pioneiro,
seguindo-se Clintin Van Tuyl, o primeiro a utilizar clorofôrmio (só em casos
excepcionais) para anestesia, conforme cita em seu livro: "Guia dos Dentes Sãos
publicado em 1849.

O Doutor Whittemore, que se tornou mais tarde o dentista da Corte Imperial, propalava
em 1850 ter recebido "uma porção de clorofôrmio puro para tirar dentes sem dor".
Nenrique C. Bosworth também se destacou.

Em 1850, pelo decreto lei 598 é criada a Junta de Higiene Pública, que possibilitou a
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Medicina uma enorme evolução, principalmente pelas medidas saneadoras. Os três
primeiros dentistas que se registraram: Luiz Antunes Carvalho (1852), Emilio Salvador
Ascagne (1859) e Theotônio Borges Diniz (1860). Mentes mais lúcidas procuravam a
melhoria do ensino e normas um pouco mais criteriosas e moralizadoras àqueles que
desejassem praticar o Medicina e Odontologia.

Através do decreto de 15 de agosto de 1851, os novos estatutos da Faculdade de


Medicina do Rio de Janeiro foram aprovados em 28 de abril de 1854, por proposta de
seu diretor, Doutor José Martins de Cruz Jobim. A nomeação contribuiu para o
desenvolvimento da profissão, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Em
setembro de 1869, graças a João Borges Diniz, surge a primeira revista odontológica:
"Arte Dentária".

Mais dentistas chegam dos Estados Unidos, alguns fugindo da Guerra da Secessão
(1861-1865): Samuel I. Ramo, Carlos Kit, Watt Clinton Green, Prestam A.Rambo, Jonh
William Coachman, William B. Keys, Carlos Keys, etc.. Estes três últimos pertencentes
à mesma família, constituindo-se até hoje no maior contingente de cirurgiões-dentistas
no Brasil (cerca de 120 profissionais de uma só árvore
genealógica).

Com os Estados Unidos liderando a evolução técnica e


científica mundial, era compreensível que muitos
brasileiros para lá se dirigissem a fim de se aperfeiçoar.
O primeiro foi Carlos Alonso Hastings, natural do Rio
Grande, que estudou no Philadélfia Dental College,
radicou-se no Rio de Janeiro e modificou o motor
Weber-Ferry, que ficou conhecido como motor de
Hastings. A seguir viajaram Fio Alves, Também do Rio
Grande, os irmãos Gastal, de Pelotas, Francisco Pereira,
Alberto Lopes de Oliveira (Universidade de Maryland)
e outros.

O decreto nº 8024 de 12 de março de 1881, art. 94 do Regulamento para os exames das


Faculdades de Medicina diz: "Os cirurgiões-dentistas que quiserem se habilitar para o
exercício de sua profissão passarão por duas séries de exames: - O primeiro de
anatomia, histologia e higiene, em suas aplicações à arte dentária. O outro de operações
e próteses dentárias. Ante os fatos narrados, faltava apenas um líder e visionários para
instituir o ensino da Odontologia no Brasil.

Vem na pessoa de Vicente Cândido Sabóoia (1835- ), mais tarde Visconde de Sabóia
que, assumindo a direção da Faculdade de Medicina em 23 de fevereiro de 1880,
resolveu inicialmente atualizar o ensino, tanto material como cientificamente. Logo a
seguir cria o laboratório de cirurgia dentária, encomendando aparelhos e instrumentos
dos Estados Unidos. Com crédito especial obtido na lei 3141 de 30 de outubro de 1882,
monta também o laboratório de prótese dentária.

Pelos decretos 8850 e 8851 de 13 de janeiro de 1883, o cirurgião-dentista Thomas


Gomes dos Santos Filho presta provas em concurso realizado em 22 de maio de 1883 e
é aprovado em primeiro lugar como preparador. De personalidade marcante, a
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odontologia nacional muito deve a ele, principalmente por ter descoberto a fórmula de
vulcanite e em seguida produzi-la. Conseguiu dessa forma suprir a falta de material e
combater os preços abusivos.

Graças ao empenho de Vicente C. F. de Sabóia e Thomas Gomes dos Santos Filho,


houve um novo texto nos Estatutos das Faculdades de Medicina do Império,
denominada Reforma Sabóias, apresentado dia 25 de outubro de 1884 através do
Decreto nº 9311 com seguinte enunciado: "Dá novos Estatutos às Faculdades de
Medicina".

- Usando da autorização concedida pelo art. 2º, Parágrafo 7º, da lei 3141 de 30 de
outubro de 1882: - Hei por bem que nas Faculdades de Medicina do Império se
observem os novos estatutos que com este baixam, assinados por Filippe Franco de Sá;
do Meu Conselho, Senador do Império que assim o tenha entendido e faça executar.
Palácio do Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1884, 63º da Independência e do
Império. Com a rubrica de sua Majestade o Imperador Filippe Franco de Sá.

Pela primeira vez, no art. 1º, vinha consignado que a odontologia formaria um curso
anexo. Assim:

-Art. 1º - Cada uma das Faculdades de Medicina do Império se designará pelo nome da
cidade em que tiver assento; seja regida por um diretor e pela Congregação dos Lentes,
e as comporá de um curso de ciências médicas e cirúrgicas e de três cursos anexos: o de
Farmácia, o de Obstetrícia e Ginecologia e o de Odontologia.

a) Havia apenas as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e de Salvador.

b) Compreende-se porque a primeira Escola de Odontologia de São Paulo , criada em


07 de dezembro de 1900, denominou-se nos primeiros anos , Escola de Farmácia,
Odontologia e Obstetrícia de São Paulo.

No capítulo II, a Sessão IV tem o título: "Do curso de Odontologia" - Art. 9º. Das
matérias deste curso Haverá três séries:

1ª série - Física, química mineral, anatomia descritiva e topografia da cabeça.

2ª série - Histologia dentária, fisiologia dentária, patologia dentária e higiene da boca.

3ª série Terapêutica dentária, cirurgia e prótese dentárias.

Os três primeiros mestres no Rio de Janeiro foram: Thomas Gomes dos Santos Filho ( ),
Aristides Benício de Sá (1854-1910) e Antônio Gonçalves Pereira da Silva (1851-1916)
que prestaram relevantes serviços à Odontologia.

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Curiosidades

O pai de Tiradentes (mártir da inconfidência), também foi


dentista, profissão essa, ensinada para seu filho.

Naquela época era comum ―amarrar na cadeira‖ os braços dos


pacientes que seriam submetidos a uma extração dentária. A
esterilização dos instrumentos eram precariamente feitos,
passando a ponta dos instrumentos sobre a chama de uma
lamparina. Também se fazia atendimento fora do consultório.

A medicação pós extração era feita através de ervas


medicinais que eram fornecidas ao paciente. Normalmente o
dentista possuía em seu consultório, vários vasos com
diferentes tipos de ervas para esse fim, ao qual removia
algumas folhas, que eram dadas ao paciente, para utilização em forma de chá ou como
colutório.

A profissão de dentista no mundo é bastante antiga. Arqueólogos egípcios descobriram


as primeiras três tumbas de dentistas que datam da época faraônica em uma localidade
cerca de 25 quilômetros ao sudoeste do Cairo.

A descoberta foi anunciada pelo Conselho Supremo de Antiguidades (CSA), em


comunicado no qual informa que as três sepulturas foram achadas em escavações feitas
no local monumental de Sakkara, e que datariam do Império Antigo (2575-2150 a.C.).

Essas tumbas pertencem a um rei que governou no final da IV e princípio da V dinastias


faraônicas.

Uma dessas sepulturas, pertencente ao chefe dos dentistas do faraó, E Mery, tem uma
entrada que conduz a um salão retangular similar a um corredor, e que contém duas
pequenas antecâmaras com cenas da vida cotidiana esculpidas em suas paredes,
ressaltou a autoridade egípcia.

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REORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE
BUCAL NA ATENÇÃO BÁSICA
PORTARIA DE NORMAS E DIRETRIZES DA SAÚDE BUCAL

PORTARIA N.º 267, DE 06 DE MARÇO DE 2001. Publicada no Diário Oficial da


União de 07 de Março de 2001, Seção 1, página 67.

O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, considerando a necessidade


de:

Regulamentação da Portaria n.º 1.444/GM, de 28 de dezembro de 2000, que


criou o incentivo de saúde bucal destinado ao financiamento de ações e da
inserção de profissionais desta área no Programa de Saúde da Família (PSF);

Ampliação do acesso da população brasileira às ações de promoção e


recuperação da saúde bucal, bem como de prevenção de doenças e agravos a ela
relacionados;

Melhoria dos índices epidemiológicos de saúde bucal da população;

Inclusão das ações de saúde bucal na estratégia do Programa de Saúde da


Família, como forma de reorganização desta área no âmbito da atenção básica,
resolve:

Art. 1º - Aprovar as normas e diretrizes de inclusão da saúde bucal na estratégia do


Programa de Saúde da Família (PSF). Parágrafo único. As normas e diretrizes de que
tratam este Artigo integram o Plano de Reorganização das Ações de Saúde Bucal na
Atenção Básica, constante do ANEXO 1, que integra esta Portaria.

Art. 2º - Explicitar, no ANEXO 2 desta Portaria, o elenco de procedimentos no âmbito


da saúde bucal, compreendidos na atenção básica, estabelecidos por intermédio da
Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – NOB/SUS 96 – e na Norma
Operacional da Assistência à Saúde (NOAS).

Art. 3º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

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PLANO DE REORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE BUCAL
NA ATENÇÃO BÁSICA

A) INTRODUÇÃO

A universalização do acesso, a integralidade da atenção, a eqüidade, a descentralização


da gestão, a hierarquização dos serviços e o controle social são princípios e diretrizes
constitucionais e legais de funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS – que,
para o seu cumprimento, requerem a reordenação das práticas sanitárias e, por via de
conseqüência, a transformação do modelo de atenção
prevalente.

O Programa de Saúde da Família – PSF – do Ministério da


Saúde envolve um conjunto de ações individuais e coletivas que
tem se mostrado eficaz para a reorganização da atenção básica,
o que possibilita, por conseguinte, o reordena mento dos demais
níveis de atenção do sistema local de saúde.

A necessidade de melhorar os índices epidemiológicos de saúde bucal e de ampliar o


acesso da população brasileira às ações a ela relacionadas – quer em termos de
promoção, quer de proteção e recuperação – impulsionou a decisão de reorientar as
práticas de intervenção neste contexto, valendo-se, para tanto, de sua inclusão na
estratégia de saúde da família.

B) OBJETIVOS

O presente Plano tem por objetivos:

- melhorar as condições de saúde bucal da população


brasileira;
- orientar as práticas de atenção à saúde bucal,
consoante ao preconizado pelo Programa Saúde da
Família;
- assegurar o acesso progressivo de todas as famílias
residentes nas áreas cobertas pelas equipes de saúde da
família às ações de promoção e de prevenção, bem
como aquelas de caráter curativo-restauradoras de saúde bucal;
- capacitar, formar e educar permanentemente os profissionais de saúde bucal
necessários ao PSF, por intermédio da articulação entre as instituições de ensino
superior e as de serviço do SUS;
- avaliar os padrões de qualidade e o impacto das ações de saúde bucal desenvolvidas,
de acordo com os princípios do PSF.

C) BASES PARA REORIENTAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE BUCAL

A inclusão das ações de saúde bucal na estratégia de saúde da família deverá expressar
13
os princípios e diretrizes do SUS e apresentar as seguintes características operacionais:

I. Caráter substitutivo das práticas tradicionais exercidas nas unidades básicas de saúde;
II. Adscrição da população sob a responsabilidade da unidade básica de saúde;
III. Integralidade da assistência prestada à população adscrita;
IV. Articulação da referência e contra-referência aos serviços de maior complexidade do
Sistema de Saúde;
V. definição da família como núcleo central de abordagem;
VI. Humanização do atendimento;
VII. Abordagem multiprofissional;
VIII. Estímulo às ações de promoção da saúde, à articulação intersetorial, à participação
e ao controle social;
IX. Educação permanente dos profissionais;
X. Acompanhamento e avaliação permanente das ações realizadas.

D) ESTRATÉGIAS PARA INCORPORAÇÃO DAS AÇÕES DE SAÚDE BUCAL


NO PSF

1. A inclusão dos profissionais de saúde bucal nas


equipes de saúde da família dar-se- á por meio de duas
modalidades:
1.1. Modalidade I, que compreende um cirurgião
dentista (CD) e um atendente de consultório dentário
(ACD);
1.2. Modalidade II, que compreende um CD, um ACD e
um técnico em higiene dental (THD).

2. A carga horária de trabalho desses profissionais deverá ser de 40 horas semanais.

3. A relação de equipe de saúde bucal – ESB – por equipe de saúde da família basear-
se-á nos seguintes parâmetros:
3.1. Cada ESB deverá atender, em média, 6.900 (seis mil e novecentos) habitantes;
3.2. Nos municípios com população inferior a 6.900 (seis mil e novecentos) habitantes,
deverá ser implantada uma ESB para uma ou duas equipes de saúde da família
implantadas ou em processo de implantação;
3.3. Nos municípios com população superior a 6.900 (seis mil e novecentos) habitantes,
deverá ser implantada uma ESB para cada duas equipes de saúde da família implantadas
ou em processo de implantação.

4. A adequação de espaços para a estruturação dos serviços odontológicos levará em


conta as instalações já existentes e as iniciativas locais de organização dos serviços,
desde que atendam os critérios de referência territorial e a facilidade do acesso da
população;

5. As equipes de saúde da família deverão executar integralmente, no âmbito da atenção


básica, ações de saúde bucal em sua área adscrita e segundo os critérios de

14
territorialização já estipulados;

6. As ações especializadas de saúde bucal deverão ser referenciadas no próprio território


municipal ou no município sede, conforme o Plano Diretor de Regionalização – PDR –
do SUS;

7. Os profissionais de saúde bucal e demais membros das equipes de saúde da família


deverão ter responsabilidade sanitária em relação à população adscrita, desenvolvendo
ações de prevenção de doenças e agravos e de promoção e recuperação da saúde;

8. As ações de promoção e de prevenção no âmbito da saúde bucal serão planejadas e


desenvolvidas de forma interdisciplinar;

9. O registro das atividades de saúde bucal deverá ser feito no Sistema de Informação da
Atenção Básica – Siab –, para fins de planejamento, monitoramento e avaliação das
equipes;

10. O processo de qualificação dos municípios ao incentivo financeiro para as ações de


saúde bucal será objeto de regulamentação da Secretaria de Políticas de Saúde do
Ministério da Saúde.

E) ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL

ATRIBUIÇÕES COMUNS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE BUCAL NO PSF


I. Participar do processo de planejamento, acompanhamento e avaliação das ações
desenvolvidas no território de abrangência das unidades
básicas de saúde da família.
II. Identificar as necessidades e expectativas da população
em relação à saúde bucal.
III. Estimular e executar medidas de promoção da saúde,
atividades educativas e preventivas em saúde bucal.
IV. Executar ações básicas de vigilância epidemiológica em
sua área de abrangência.
V. Organizar o processo de trabalho de acordo com as diretrizes do PSF e do plano de
saúde municipal.
VI. Sensibilizar as famílias para a importância da saúde bucal na manutenção da saúde.
VII. Programar e realizar visitas domiciliares de acordo
com as necessidades identificadas.
VIII. Desenvolver ações intersetoriais para a promoção da
saúde bucal.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO CIRURGIÃO-


DENTISTA (CD)
I. Realizar exame clínico com a finalidade de conhecer a
realidade epidemiológica de saúde bucal da comunidade.
II. Realizar os procedimentos clínicos definidos na Norma
Operacional Básica do Sistema Único de Saúde –
NOB/SUS 96 – e na Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS).
15
III. Assegurar a integralidade do tratamento no âmbito da atenção básica para a
população adscrita.
IV. Encaminhar e orientar os usuários, que apresentarem problemas mais complexos, a
outros níveis de especialização, assegurando o seu retorno e acompanhamento, inclusive
para fins de complementação do tratamento.
V. Realizar atendimentos de primeiros cuidados nas urgências.
VI. Realizar pequenas cirurgias ambulatoriais.
VII. Prescrever medicamentos e outras orientações na conformidade dos diagnósticos
efetuados.
VIII. Emitir laudos, pareceres e atestados sobre assuntos de sua competência.
IX. Executar as ações de assistência integral, aliando a atuação clínica à de saúde
coletiva, assistindo as famílias, indivíduos ou grupos específicos, de acordo com plano
de prioridades locais.
X. Coordenar ações coletivas voltadas para a promoção e prevenção em saúde bucal.
XI. Programar e supervisionar o fornecimento de insumos para as ações coletivas.
XII. Supervisionar o trabalho desenvolvido pelo THD e o ACD.
XIII. Capacitar às equipes de saúde da família no que se refere às ações educativas e
preventivas em saúde bucal.
XIV. Registrar na Ficha D – Saúde Bucal, do Sistema de Informação da Atenção Básica
– Siab – todos os procedimentos realizados.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO TÉCNICO EM HIGIENE DENTAL (THD)


I. Realizar, sob a supervisão do cirurgião dentista, procedimentos preventivos nos
usuários para o atendimento clínico, como escovação supervisionada, evidenciação de
placa bacteriana, aplicação tópica de flúor, selantes,
raspagem, alisamento e polimento.
II. Realizar procedimentos reversíveis em atividades
restauradoras, sob supervisão do cirurgião dentista.
III. Auxiliar o cirurgião dentista (trabalho a quatro
mãos).
IV. Realizar procedimentos coletivos como escovação
supervisionada, evidenciação de placa bacteriana e
bochechos fluorados na Unidade Básica de Saúde da Família e espaços sociais
identificados.
V. Cuidar da manutenção e conservação dos equipamentos odontológicos.
VI. Acompanhar e apoiar o desenvolvimento dos trabalhos da equipe de saúde da
família no tocante à saúde bucal.
VII. Registrar na Ficha D – Saúde Bucal, do Sistema de Informação da Atenção Básica
– Siab – todos os procedimentos de sua
competência realizados.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO
ATENDENTE DE CONSULTÓRIO
DENTÁRIO (ACD)
I. Proceder à desinfecção e esterilização de
materiais e instrumentos utilizados.
II. Realizar procedimentos educativos e preventivos
nos usuários para o atendimento clínico, como
16
evidenciação de placa bacteriana, orientações à escovação com o uso de fio dental sob
acompanhamento do THD.
III. Preparar o instrumental e materiais para uso (sugador, espelho, sonda e demais
materiais necessários para o trabalho).
IV. Instrumentalizar o cirurgião dentista ou THD durante a realização de procedimentos
clínicos.
V. Cuidar da manutenção e conservação dos equipamentos odontológicos.
VI. Agendar e orientar o paciente quanto ao retorno para manutenção do tratamento.
VII. Acompanhar e apoiar o desenvolvimento dos trabalhos da equipe de saúde da
família no tocante à saúde bucal.
VIII. Realizar procedimentos coletivos como escovação supervisionada, evidenciação
de placa bacteriana e bochechos fluorados na Unidade Básica de Saúde da Família e
espaços sociais identificados.
IX. Registrar no Siab os procedimentos de sua competência realizados.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE


(ACS)
I. Desenvolver ações de promoção de saúde bucal e de prevenção das doenças neste
âmbito mais prevalentes no seu território de atuação.
II. Identificar espaços coletivos e grupos sociais para o desenvolvimento das ações
educativas e preventivas em saúde bucal.
III. Registrar no Siab os procedimentos de sua competência realizados.

F) RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS
- MINISTÉRIO DA SAÚDE
I. Regulamentar e repassar os incentivos financeiros para os Fundos
Municipais ou Estaduais de Saúde, segundo as modalidades de
inclusão das ações de saúde bucal no PSF.
II. Estabelecer normas e diretrizes para a reorganização das ações de
saúde bucal na atenção básica por intermédio da estratégia de saúde
da família.
III. Prestar assessoria técnica aos estados e municípios relativa ao processo de
implantação e de gerenciamento da saúde bucal no PSF.
IV. Estabelecer parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde com vistas ao
incremento dos processos de capacitação da equipe e de formação de pessoal auxiliar
em saúde bucal.
V. Elaborar e editar material didático para a capacitação dos profissionais de saúde
bucal e dos agentes comunitários de saúde.
VI. Tornar disponível o Siab como instrumento para monitorar as ações de saúde bucal
desenvolvidas no PSF.
VII. Consolidar, analisar e divulgar os dados relacionados à saúde bucal de interesse
nacional gerados pelo sistema de informação, divulgando resultados obtidos.
VIII. Identificar recursos técnicos e científicos para o processo de controle e avaliação
dos resultados e do impacto das ações de saúde bucal no PSF.

- SECRETARIAS ESTADUAIS DE SAÚDE (SES)


I. Garantir a inclusão das ações de saúde bucal no Plano Diretor de Regionalização –
PDR – do SUS.
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II. Contribuir para a reorganização das ações de saúde bucal na atenção básica por
intermédio da estratégia de saúde da família.
III. Prestar assessoria técnica aos municípios em
todo o processo de implantação, planejamento,
monitoramento e gerenciamento das ações de
saúde bucal no PSF.
IV. Viabilizar, em parceria com o Ministério da
Saúde, a capacitação técnica e a educação
permanente específica em saúde da família para
os profissionais de saúde bucal, por intermédio
dos Pólos de Capacitação, Formação e Educação
Permanente e ou de outras instituições de ensino,
em articulação com as Secretarias Municipais de Saúde (SMS).
V. Viabilizar, em parceria com o Ministério da Saúde, a formação de pessoal auxiliar
em saúde bucal – THD e ACD – para atuar nas equipes de saúde da família, por
intermédio das Escolas Técnicas de Saúde do SUS ou Centros Formadores de Recursos
Humanos e ou de outras instituições formadoras, em articulação com as SMS.
VI. Contribuir na produção e disponibilidade de material didático para capacitação dos
profissionais de saúde bucal e dos agentes comunitários de saúde.
VII. Assessorar os municípios na implantação do Siab.
VIII. Consolidar e analisar os dados relativos à saúde bucal de interesse estadual e
alimentar o banco de dados nacional.
IX. Identificar recursos técnicos e científicos para o processo de controle e avaliação
dos resultados e do impacto das ações de saúde bucal do PSF no âmbito do estado.
X. Promover intercâmbio de informações relacionadas às experiências em saúde bucal
no PSF entre os municípios.

- SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE (SMS)


I. Definir a estratégia de inclusão das ações de saúde bucal nos territórios de
abrangência das equipes de saúde da família.
II. Garantir a infra-estrutura e os equipamentos necessários para a resolubilidade das
ações de saúde bucal no PSF.
III. Assegurar o vínculo dos profissionais de saúde bucal nas equipes de saúde da
família, em regime de 40 horas semanais, por intermédio de contratação específica e ou
adequação dos profissionais já existentes na rede de serviços de saúde.
IV. Considerar o diagnóstico epidemiológico de saúde bucal para a definição das
prioridades de intervenção no âmbito da atenção básica e dos demais níveis de
complexidade do sistema.
V. Definir fluxo de referencia e contra-referência para
serviços de maior complexidade ou de apoio
diagnóstico, considerando o Plano Diretor de
Regionalização do SUS.
VI. Proporcionar, em parceria com a SES, a
capacitação e a educação permanente dos profissionais
de saúde bucal das equipes por intermédio dos Pólos de
Formação, Capacitação e Educação Permanente, das
Escolas Técnicas de Saúde do SUS ou Centros
Formadores de Recursos Humanos e ou de outras
18
instituições de ensino.
VII. Proporcionar, em parceria com a SES, a formação de pessoal auxiliar – THD e
ACD –, por intermédio das Escolas Técnicas de Saúde do SUS ou Centros Formadores
de Recursos Humanos e ou de outras instituições formadoras.
VIII. Tornar disponíveis materiais didáticos para capacitação dos profissionais de saúde
bucal e dos agentes comunitários de saúde.
IX. Alimentar a base de dados do Siab, de acordo com as Portarias que o regulamentam.
X. Utilizar os dados do Siab para o planejamento, o monitoramento e a avaliação das
ações de saúde bucal no âmbito do PSF.

G) FINANCIAMENTO DA SAÚDE BUCAL NO PSF


A transferência de recursos federais aos estados e municípios, que compõem o
financiamento tripartite das ações de saúde bucal na atenção básica, vem se efetivando
por meio do Piso de Atenção Básica. A indução do processo de reorganização das ações
de saúde bucal no âmbito da atenção básica – prestada por intermédio do PSF – estará
baseada no incentivo financeiro específico criado para tal (Portaria n.º 1444, de 28 de
dezembro de 2000).

Os municípios que se qualificarem a essas ações receberão incentivo financeiro anual,


por equipe implantada, transferido do Fundo Nacional de Saúde para o Fundo
Municipal ou Estadual de Saúde, em parcelas mensais, correspondendo a 1/12 (um doze
avos), de acordo com a modalidade de inclusão.

Será transferido um incentivo adicional, em parcela única, para aquisição de


instrumental e equipamentos odontológicos. Para fins de orientação dessa aquisição, é
apresentada, a seguir, a relação mínima de equipamentos odontológicos e instrumentais.
No caso da existência desses equipamentos no local destinado ao atendimento, o
incentivo adicional poderá ser utilizado para complementá-los ou ainda para a aquisição
de outros equipamentos e ou instrumentais de uso odontológico que se façam
necessários na atenção básica.

19
PLANEJAMENTO EM SAÚDE BUCAL

Planejar é o ato de analisar o passado, definir o futuro, tomar decisões e torná-las


executáveis, através de elaborações de documentos, realizados pelo gestor, o que
promoverá mudanças da situação atual para a desejada. Para isso, políticas, planos,
projetos, programas, atividades, ações e tarefas são avaliadas e incrementadas, com o
intuito de verificar se os objetivos estão sendo concretizados, indicando métodos mais
eficazes para modificar o funcionamento da saúde.

Para a realização do planejamento de uma área devem-se


acumular informações que se referem aos aspectos históricos,
políticos e culturais de cada população, indicadores como os
econômicos e demográficos, junto com a situação de
saneamento. Será de suma importância realizar o levantamento
sobre os serviços existentes, e o acesso que a população tem a
eles (tanto referente à capacidade econômica, tanto pela localização geográfica), bem o
que esses serviços representam a localidade.

Planejamento em saúde bucal adota as idéias mais recentes apontam para a necessidade
do planejamento de ações bucais, não se limitando apenas ao problema da cárie dentária
ou que sejam planejadas apenas para as crianças. É necessário atividades que
compreendam todos os fatores voltados a saúde bucal, ou no mínimo problemas da
doença periodontal, má oclusão, câncer bucal e, principalmente, fluoretação da água de
abastecimento, voltada para crianças, adultos e idosos.

Tendo necessidade de um bom planejamento assim como uma boa execução dos planos
previstos. Aplicar os programas preventivos, com uma visão geográfica, epidemiológica
e econômica, obtendo desta forma as melhores intervenções a serem feitas em uma
determinada área escolhida. Nessa situação o planejamento deve enfrentar desafios,
analisar interesses contraditórios, e desta forma construir planos e contratos que
modifiquem o campo da saúde bucal da sociedade analisada.

CONSULTÓRIO ODONTOLOGICO

A instalação de um consultório odontológico parece uma tarefa fácil, no entanto esbarra


em normas e regras que devem ser seguidas corretamente para o bom desempenho do
estabelecimento. Existem órgãos que tratam exclusivamente desta normatização, no
qual temos: as secretárias estaduais de saúde e a Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) O cumprimento destas normas é garantia de sucesso profissional,
principalmente para aqueles que estão iniciando sua vida profissional.

20
INTRODUÇÃO

Quantos cirurgiões - dentistas (CDs) recém-formandos nunca tiveram dúvidas sobre


como instalar seu consultório? Com certeza muitos. Ao decidir instalar seu consultório,
poucos imaginaram que teriam tanto trabalho envolvendo as normas e regulamentação
que regem sua instalação.

Para montar um consultório, uma série de requisitos são necessários, não basta ter
simplesmente um CRO e um diploma na mão, necessita-se conhecer um pouco do
caminho das pedras (a burocracia). O recém-formado que desejar montar um
consultório na modalidade individual deve:
1) Ir à prefeitura de sua cidade para fazer o registro de autônomo, mediante pagamento
de taxa, são necessários à apresentação do RG, CPF, IPTU do local onde funcionará o
consultório.
2) Fazer a inscrição no INSS, para ter o número que será utilizado para pagamento
mensal;
3) Alvará de Funcionamento da Vigilância Sanitária Municipal.

Observações:
- Ainda que o mesmo local de trabalho seja compartilhado por mais de um cirurgião
dentista, cada um deverá ter o seu alvará.
- O Responsável Técnico pelo Consultório odontológico deverá ser Cirurgião-Dentista,
com inscrição no Conselho Regional de Odontologia do Estado.
- Em caso de Clínica Odontológica, o Responsável Técnico deverá possuir Certificado
de Responsabilidade Técnica (CRT) fornecido pelo CRO.
4) Alvará de Funcionamento emitido pelo Corpo de Bombeiros
5)- Uso de Solo, na Secretaria de Fiscalização Urbana.
6)- Secretaria Municipal do Meio Ambiente, para obter autorização para colocar placa
externa.
7) Cadastro Nacional de estabelecimento de Saúde – CNES,

21
Para abrir um consultório na modalidade de empresa são necessários:

1) Fazer uma busca do nome escolhido nos cartórios de notas da cidade, para que não se
tenha problemas de empresas homônimas.
2) Elaboração do contrato social, dando entrada em qualquer cartório de notas da
cidade, munido de fotocópias dos RGs e CPFs de cada um dos sócios.
3) Obtenção do CNPJ, através da inscrição na receita federal.
4) Obtenção da Inscrição Estadual.
5) Cadastrar-se na Secretaria Municipal de Finanças, tirar o ISS, (cadastro de empresa).
6) Alvará de Funcionamento da Vigilância Sanitária Municipal.
7) Alvará de Funcionamento emitido pelo Corpo de Bombeiros,
8) Uso de Solo, na Secretaria de Fiscalização Urbana.
9) Secretaria Municipal do Meio Ambiente, para obter autorização para colocar placa
externa.
10) Cadastro Nacional de estabelecimento de Saúde - CNES

Depois de seguidos os requisitos burocráticos para a


instalação do consultório, o recém formado deve
ficar atento a normatização do estabelecimento,
segundo a Lei Federal 8.080, de 1990, que tratam
das condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, como direito fundamental do
ser humano; considerando que nos termos da Lei
Complementar 791, de 9-3-95, compete à direção
estadual do Sistema Único de Saúde estabelecer
normas para o controle das ações e serviços de saúde, foi criada uma normatização para
os estabelecimentos odontológicos no qual:

I) Consultório odontológico tipo I: é o estabelecimento de assistência odontológica


caracterizado por possuir somente um conjunto de equipamento odontológico, podendo
fazer uso ou não de equipamento de Raios X odontológico.

II) Consultório odontológico tipo II: é o estabelecimento de assistência odontológica


caracterizado por possuir somente um conjunto de equipamento odontológico, e que
mantém anexo, laboratório de prótese odontológica, podendo fazer uso ou não de equipa
mento de Raios X odontológico.

III) Clínica odontológica tipo I: é o estabelecimento de assistência odontológica


caracterizado por possuir um conjunto de no máximo 03 consultórios odontológicos,
independentes entre si, com uma área de espera em comum, podendo fazer uso ou não
de equipamento de Raios X odontológico.

IV) Clínica odontológica tipo II: é o estabelecimento de assistência odontológica


caracterizado por possuir um conjunto de no máximo 03 consultórios odontológicos,
independentes entre si, com uma área de espera em comum, e que mantém anexo,
laboratório de prótese odontológica, podendo fazer uso ou não de equipamento de Raios
X odontológico.

22
V) Clínica modular é o estabelecimento de assistência odontológica caracterizado pelo
atendimento em um único espaço com área mínima condicionada ao número e
disposição dos equipamentos odontológicos, podendo fazer uso ou não de equipamento
de Raios X odontológico conforme disposto nesta NT.

VI) Instituto de Radiologia Odontológica: é o estabelecimento de assistência


odontológica caracterizado por realizar apenas tomadas radiográficas intra ou extra
orais, independente do tipo e quantidade de aparelhos de radiação ionizante.

VII) Instituto de Documentação Odontológica: é o estabelecimento de assistência


odontológica caracterizado por realizar tomadas radiográficas intra ou extra orais,
independente do tipo e quantidade de aparelhos de radiação ionizante, além de realizar
moldagens da cavidade bucal, fotografias intra e extra bucais, e outros exames
complementares;

VIII) Policlínica odontológica: é o estabelecimento de assistência odontológica


caracterizado por um conjunto de mais de 03 consultórios odontológicos, independentes
entre si, podendo inclusive manter no seu interior, clínicas modulares, laboratórios d e
prótese odontológica, instituto de radiologia ou documentação odontológica.

XIX) Policlínica de ensino odontológico: é a policlínica caracterizada por desenvolver


atividades voltadas ao ensino odontológico ou pesquisa.

Os procedimentos odontológicos também são normatizados, segundo as seguintes


modalidades:
I) Intra estabelecimento: são aqueles realizados dentro da área física do estabelecimento
II) Extra estabelecimento: são aqueles realizados fora da área física do estabelecimento
com o uso das seguintes unidades:

a) Unidade transportável: instalada em locais previamente estruturados e com


permanência provisória, devendo, para tanto,
apresentar equipamento adaptado e adequado
ao atendimento odontológico;

b) Unidade móvel: caracterizada por ser


instalada sobre um veículo automotor, ou por
ele tracionado;
c) Unidade de atendimento portátil:
caracterizada pelo atendimento de pacientes
com equipamentos portáteis voltadas
principalmente nos casos de impossibilidade
de locomoção do paciente, inclusive nos casos de pacientes hospitalizados. No caso da
realização de procedimentos odontológicos nas modalidades extra estabelecimento é
necessário comunicar ao órgão sanitário competente sobre o tipo de procedimentos
realizados, endereço, e nome dos pacientes.

23
O funcionamento do consultório odontológico, também foi normatizado, de forma
que:

1) Os estabelecimentos de assistência odontológica, somente poderão funcionar depois


de licenciados pelo órgão sanitário competente, na presença física de um Responsável
Técnico, com Termo de Responsabilidade assinado perante o órgão sanitário
competente.

2) A Licença de Funcionamento deverá ser


solicitada ao órgão sanitário competente, uma vez
cumpridas as demais exigências estabelecidas.

3) O Responsável Técnico pelo estabelecimento de


assistência odontológica deverá ser Cirurgião
Dentista, com inscrição no Conselho Regional de
Odontologia.

4) O Responsável Técnico deverá possuir Termo de


Responsabilidade assinado perante o órgão sanitário
competente;

5) O Responsável Técnico deverá estar presente


durante todo o período de atendimento realizado no
estabelecimento;

6) O Responsável Técnico deverá indicar


Responsável Técnico Substituto, caso não esteja
presente durante todo o período de atendimento no estabelecimento;

7) Poderão ser indicados tantos responsáveis substitutos quanto o necessário para


atender os horários e dias de atendimento dos estabelecimentos

8) O Responsável Técnico Substituto deverá ter um Termo de Responsabilidade


assinado perante o órgão sanitário competente.

A norma que regulamenta o planejamento físico de todos os Estabelecimentos


Assistenciais de Saúde (EAS), inclusive consultórios odontológicos, é a Resolução -
RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), no qual define que:

- AMBIENTE - Os consultórios odontológicos devem ter um dimensionamento mínimo


de 9,0 m², sendo que no caso de consultórios coletivos a distância mínima entre cadeiras
deve ser de 1,0m.

- BLINDAGEM DAS PAREDES – Obrigatória em estabelecimentos que utilizam


equipamento do tipo extra oral. No caso dos equipamentos intra-orais, se a sala possuir
paredes de alvenaria e for grande, a blindagem pode ser dispensada. Tudo isto deve ser
avaliado por um físico ou pelo próprio fabricante do equipamento. Esta questão está
24
regulamentada pela Portaria nº. 453, de 01 de junho de 1998 do Ministério da Saúde
―Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e
Odontológico‖.

- LAVATÓRIO – todo consultório deve possuir no mínimo 2 pias, uma para lavagem
de mão e outra para a lavagem de material contaminado.

- INSTALAÇÃO - hidráulicas e elétricas embutidas ou protegidas por calhas ou


canaletas externas, para que não haja depósitos de sujidades em sua extensão.

O cirurgião dentista recém formado deve aprender essas normas, procurar nos órgãos
competentes a regulamentação para a instalação de um consultório, pois, a correto
funcionamento do estabelecimento odontológico proporcionara um melhor atendimento
ao paciente (cliente) e menores transtornos com os órgãos de vigilância sanitária, o que
resultará em melhores lucros e garantia de um trabalho de qualidade e respeito ao
paciente.

EQUIPAMENTOS PARA CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO

Segue abaixo os principais equipamentos, utilizados bem como a função dos mesmos,
para o profissional auxiliar em Saúde Bocal, saber e reconhecer os mesmos é
imprescindível.

CADEIRA

Cadeira onde o paciente deita, ela e ajustável de acordo com a


necessidade.

AUTOCLAVE

Equipamento utilizado para a esterilização dos instrumentais


odontológicos, entre outros.

EQUIPO

Trata-se de um conjunto de componentes, que envolve cadeira,


equipo refleto consept, unidade de água e mocho. Todos em
um único equipamento

MOCHO

Propriamente trata-se da cadeira utilizada pelo dentista, para


realizar sua função.

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CUSPIDEIRA

Recipiente onde o paciente cuspe, durante o processo


odontológico.

REFLETOR

É utilizado para iluminar a boca do paciente durante o


procedimento, facilitando o trabalho do profissional dentista.

APARELHO RAIO X

Aparelho que coleta imagens da estrutura dentária, que irá guiar


o procedimento odontológico a ser seguido.

APARELHO FOTOPOLIMERIZADOR

É uma luz onde irá atingir moléculas da resina composta, ou seja,


em contanto com as paredes da cavidade do dente, onde ira
polimerizá-la, ou seja, endurecer a mesma.

AMALGAMADOR PARA CAPSULAS

Aparelho de uso odontológico misturador de produtos para


homogeneização de amálgama. A amalgama é utilizada nas obturações
dentárias.

CAMARA ESCURA

Utilizada para fazer a leitura das imagens retiradas pelo aparelho de raio
X com base nestas informações e da leitura da mesma que se dará o
procedimento odontológico, este não é um procedimento padrão, apenas
usado em algumas situações.

JATO DE BICARBONATO E ULTRASOM

Utilizado em jateamento de superfícies e também na remoção do tártaro,


o Jato Bicarbonato e Ultrassom possui um sistema eletrônico acoplado a
um transdutor piezoelétrico que transmite a peça de mão movimentos
oscilatórios conjugados, atingindo freqüências na faixa de 29KHz a
32KHz proporcionando vibrações perfeitas no plano longitudinal, sem
26
traumas, sem agressão ao esmalte e sem gerar calor.

COMPRESSOR

Fornece ar a todos os equipamentos que utilizam de ar comprimido para seu


funcionamento

BOMBA A VACUO

Responde a toda função hidráulica para os equipamentos


que necessitam de água para seu funcionamento.

MICROMOTOR

Produto que acoplado ao Contra Ângulo Intra ou Peça Reta Intra de


qualquer marca, possibilita o tratamento clínico odontológico em
diversas especialidades. Utilizado em limpezas, procedimentos gerais,
perfurações e muito mais.

CONTRA-ÂNGULO

Foi desenvolvido para acoplar em qualquer marca de micro motor, o


equipamento é ideal para vários procedimentos odontológicos,
restaurações, implantes entre outros.

NEGATOSCÓPIO

Utilizado para melhor visualização das imagens do raio x, onde o


profissional pode visualizar a imagem durante o processo de trabalho.

BISTURI ELETRÔNICO

Aplicável em cirurgia, periodontia, endodontia, dentística,


semiologia e ortodontia.

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CÂMERA INTRA EXTRAORAL

Utilizada geralmente para demonstrar uma situação ao paciente ou


outro, ideal para momentos de orçamento de tratamento dentário.

DESTILADOR DE AGUA

Proporciona ao profissional produzir sua própria água destilada que será


utilizada durante os procedimentos odontológicos.

CLAREADOR DENTAL

Utilizado no procedimento de clareamento dentário,

IRRIGADOR ORAL,

Propõem a mesma função de um fio dental no entanto faz este


processo apenas com um jato de água.

LAVADORA ULTRASONICA

Foi desenvolvido para atender a importante função da limpeza


dos instrumentos e artigos. Possibilita limpeza eficiente em áreas
de difícil acesso dos instrumentos clínicos, Reduzindo o
consumo de água e o tempo gasto em limpeza. Além disso,
Minimiza o contato do operador com instrumentos
contaminados.

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INSTRUMENTAIS ODONTOLÓGICOS

Os instrumentais em odontologia tem como função possibilitar ao odontólogo


Realizar os procedimentos de atendimento ao paciente.
O auxiliar do cirurgião dentista tem como dever conhecer os instrumentais e suas
Funções, para organizá-los e prover o odontólogo dos mesmos.

INSTRUMENTAIS PARA EXAME CLÍNICO


Os instrumentais para bandeja de exame clínico são :
Bandeja, onde foram depositados os instrumentais para esterilização.

Espelho clínico, permite a visualização das estruturas bucais, constituído de cabo e


espelho.

Sonda exploradora, tem como função detectar falhas na estrutura dental.

Pinça de algodão, tem função de pegar matérias como algodão, brocas, dentre outros.

Escavador de dentina (colher de dentina), auxilia na remoção da dentina cariada.

Espátula nº 1 (espátula de inserção), utilizada na colocação de material na cavidade.

29
INSTRUMENTAIS PARA PROCEDIMENTOS ,instrumentais usados em diversas
especialidades odontológicas.

Seringa Carpule, utilizada para anestesia dentária e na irrigação de canais radiculares.

Espátula 24, usada na manipulação de diversos materiais.

Placa de vidro, base para, com o uso da espátula, manipulação de materiais.

Arco para isolamento absoluto, onde será colocado o lençol de borracha e perfurado com
ao alicate de Ainsworth . Na foto o arco de Yong e o alicate de Ainsworth..

Pinça porta grampo de isolamento e grampo de isolamento, este varia conforme o dente.

Espátula nº7 , usada em diversas aplicações, sendo a mais comum a manipulação de


resina

30
Pote Dapen, recipientes pequenos para colocação de materiais com flúor, resina acrílica, e
outros. Podem ser de vidro, plástico ou silicone.

Cuba metálica, recipientes maiores para colocação de soro, álcool iodado , etc. Variam de
forma e tamanho conforme a aplicação.

Cuba de borracha e espátula, usados para manipular alginato e gesso.Ao lado faca para
cortar gesso

Moldeiras, usadas para se inserir o material de moldagem para ser levado à boca. Na foto
total lisa superior, perfurada inferior e parcial perfurada

31
Bandejas metálicas, base onde são depositados os instrumentais, variam de tamanho
conforme a aplicação.

Colgadura para película radiográfica, usada na revelação da mesma

Prendedor de guardanapo.

INSTRUMENTAIS PARA CIRUGIA ORAL BÁSICA


Cabo de bisturi e bisturi, usado para fazer a incisão do tecido ( cabo e cabo com bisturi
descartável

Destaca periósteo, usado para separar tecidos moles do osso, vários modelos na figura
abaixo o de Molt.

32
Pinça hemostática, para apreensão de vaso e tecidos.

Pinça porta agulha, para apreensão do fio de sutura. Na foto em ordem Matheu, Maio e
CastroViejo.

Tesoura, servem para cortar o tecido humano, bem como fio de sutura e outros, variam de
forma e tamanho dependendo da aplicação. Na foto uma curva e uma para metal.

Pinça de dente de rato, para apreender tecidos.

Pinça de Adson sem dente, para apreender tecidos

Pinça goiva, usada para remoção de osso.

33
Sindesmótomo, usado para separar a gengiva do dente e do osso.

Sugador de sangue, acoplado a bomba, retira líquidos.

Cinzel, utilizado para remoção de osso.

Martelo cirúrgico, utilizado em conjunto com o cinzel.

Lima para osso, utilizada para remodelar o osso.

Cureta para alvéolo, usada para limpar o alvéolo pós extração, na foto a de Lucas.

Afastador, usado para afastar o tecido do campo operatório. Na foto de Farabeuf e de


Mead.

34
Pinça de instrumental, para transferência de material.

Alavancas, usadas nas extrações dentárias. Na foto Apicais e de Seldin.

Fórceps, utilizados nas extrações dentárias. Seguem numeração, nos superiores, incisivos
nº 1, caninos e pré-molares nº 150, molares nº 18R (lado direito) e nº 18L (lado esquerdo).
Nos dentes inferiores, incisivos, caninos e pré-molares nº 151; molares nº 16 ,17,23.
Há ainda fórceps especiais como o de nº69 e 65 e infantis. Na foto nº 150 e 151.

INSTRUMENTAIS PARA PERIODONTIA

Sonda milimetradas, utilizadas para medição do sulco gengival.

Curetas periodontais, utilizadas para retirada de cálculo dentário, a numeração varia de


acordo com a região da arcada. Na foto a de Gracey.

35
Raspadores periodontais, utilizados para retirada de cálculo dentário, a numeração varia
de acordo com a região da arcada.. Na foto Mc Call 1-10 e 11-12.

Gengivótomos, usados para o corte da gengiva. Na foto o de Orbam e o de Kirkland.

INSTRUMENTAIS PARA DENTISTICA

Aplicador de hidróxido de cálcio pasta.

Porta amálgama, usado para colocar o amálgama na cavidade desejada. Na foto o


plástico.

Porta matriz, usado com a matriz metálica.

Condensadores, são utilizados para calcar materiais restauradores na cavidade.

36
Esculpidores, tem função de dar forma as restaurações antes do endurecimento do
material. Na foto o de Holemback.

Brunidor de amálgama, utilizado para brunir o amálgama.

Brocas, podem ser diamantadas ou de aço, usadas para cortar estruturas duras, devendo
ser acopladas no contra-ângulo, alta rotação ou peça reta. São organizadas em catálogos,
sendo as mais usadas as de ponta esférica. Na foto broca para contra-ângulo esférica,
broca para alta rotação esférica, broca para peça de mão e broca diamantada esférica.

INSTRUMENTAIS PARA ENDODONTIA

Limas endodonticas, variam de corte, comprimento (21,25e31 milímetros) e espessura. As


mais finas são a de nº 06,08,10, a partir delas começa as seriadas 1ºsérie( 15-40), 2ºsérie

37
Materiais de Consumo - Consultório Odontológico

Segue abaixo alguns dos principais materiais de consumo odontológico, lembramos que
há outros materiais que variam de acordo com a especialidade odontológica:

IRM (Cimento Provisório); É indicado para restaurações provisórias de


longa espera (até 2 anos), forramento de cavidades sob restauração de
amálgama, material restaurador de dentes decíduos e também usado para
odontogeriatria. Na odontologia geriátrica é um produto ideal devido à
rapidez, à facilidade de manipulação e às propriedades sedativas.
Composição reforçada à base de óxido de zinco e eugenol.

Ionômero de vidro; As principais características do cimento de


ionômero de vidro são: Adesividade à estrutura dental (maior em
esmalte) pela reação de quelação ao cálcio, liberação de íons
flúor (maior no período de geleificação) contribuindo para o
controle da cárie dentária e remineralização do esmalte,
capacidade de se recarregar através de outras fontes de flúor, coeficiente de expansão
térmico semelhante ao dente e biocompatibilidade.

Ao misturar-se o líquido ao pó ocorre a reação de presa do tipo ácido-base formando um


sal de hidrogel, que atua como matriz de ligação. Ocorre um efeito de quelação com o
cálcio e a superfície exposta da estrutura dental tendo assim a adesão.

Resinas (A1, A2, A3, A3, 5, A4, B1, T, 0A2, OA3);

Utilizada para efetuar restaurações, possui ampla variação de modelos


e cores, de acordo com a necessidade no processo odontológico de
restauração.

Pasta de polimento resinas;É um conjunto de pastas indicadas para


o acabamento inicial e polimento preliminar de resinas e outros
materiais restauradores.

Tiras de poliéster;
Utilizadas em isolamento de restaurações interproximais com resina
composta.

Matriz metálica;

Indicado para restaurações classe II com resina composta


fotopolimerizável. Dispositivo mecânico com a finalidade de conferir ao
material restaurador a anatomia natural do dente, além de proteger dos
dentes adjacentes durante os procedimentos de preparo, condicionamento
38
ácido e aplicação do adesivo.

Cunhas de madeira;
As cunhas de madeira TDV, são indicadas para uso geral, em
procedimentos restauradores com a função mecânica de adaptar a
matriz e/ou afastar dentes adjacentes. As cunhas de madeira TDV não
necessitam de recortes ou ajustes e garantem a fixação das matrizes,
proporcionando restaurações livres de excesso subgengival e com
perfeito contorno.

Discos soflex;
Os discos estão disponíveis em duas séries: azul e laranja; Os discos
da série azul são indicados para superfícies labial/bucal/lingual,
superfícies oclusais selecionadas e bordas incisais;Os discos da série
laranja são indicados para áreas interproximais, superfícies
bucal/mesial/distal;Disponíveis em 4 granulações: grossa,média,
fina e superfina;Discos de granulação grossa ou média para
contorno e fina para acabamento;Granulação superfina para obtenção de um excelente
polimento;Indicados para superfícies livres dos dentes (vestibular e lingual).Os discos
são descartáveis. 1/2 pol. = 13 mm 3/8 pol. = 9 mm

Pasta profilática;

Indicada para utilização em procedimentos de limpeza, remoção de


detritos, manchas, p lacas bacterianas e polimento, como parte do
tratamento profissional de profilaxia de cáries e doenças
periodontais.

Flúor tópico;
Remineralização dos dentes após branqueamento.

Flúor verniz;

Para a prevenção de cáries em crianças e adultos, como boa parte


de um programa abrangente de controle; Prevenção de cáries
recorrentes (ou marginais); Prevenção do desenvolvimento de
cáries; Prevenção da descalcificação ao redor dos braquetes nos
aparelhos ortodônticos; Prevenção de cáries de fóssulas e fissuras
(oclusal); Prevenção de outras desmineralizações no esmalte;
Tratamento de lesões incipientes da cárie.

Selante;

Tratamento de hipersensibilidade de raízes expostas;Selante de


fóssulas e fissuras;Estimula a remineralização de mancha
39
branca;Proteção contra cárie ao redor de braquetes ortodônticos.

Paramono;

Material para Desinfecção de Canal Radicular, Como


medicação curativa intracanal, a sua utilização na
concentração apresentada, demonstrou baixas
reações texturais e não mostrou efeitos significativos
sobre a síntese de proteínas, apresentando efeito
antibacteriano de curta duração.
Quantidades mínimas deste produto são bastante
eficazes para a medicação de todo o canal radicular.
A presença da nitrofurazona na fórmula de PARAMONOCLOROFENOL COM
FURACIN, acentua a propriedade antiinfecciosa local.

Tricresol:

O TRICRESOL é usado como curativo de demora na câmara pulpar de dentes


permanentes com necrose pulpar e preparo químico-mecânico incompleto do
canal. Este medicamento propicia a desinfecção do canal, dando condições
para reparar as lesões periapicais.

- Menos tóxico que Formaldeído

Formocresol;

Utilizado como medicação curativa intracanal e em tratamentos


endodônticos de dentes decíduos com a finalidade de mumificar o
tecido pulpar

Tartarite;

Removedor de mancha Tartarite

Bicarbonato de sódio;

Utilizado para profilaxia bucal e remoção total da placa bacteriana

40
Cariostático;

É uma solução que promove a remineralização do esmalte


descalcificado e inibe o processo microbiano na placa dental,
além da formação de complexos protéicos de prata na
superfície do dente. Agente terapêutico capaz de paralisar o
desenvolvimento de lesões cariosas. Utilizado também na
prevenção de cáries secundárias, após restaurações a
amálgama ou blocos fundidos, em fóssulas e fissuras e como
dessensibilizador de dentina. Causa manchas escuras em cáries.

Cimento cirúrgico;

É um cimento que apresenta forma de pasta cirúrgica. Oferece


uma proteção local segura para situações cirúrgicas, mantendo
limpa a ferida. Excelente para adaptar fios de todos os tamanhos
e espessuras. Sua superfície tem textura macia e permite a
aplicação do produto rente aos dentes e a gengiva protegendo o
local traumatizado.

Dycal;

Indicado para o capeamento pulpar e forramento protetor sob


materiais restauradores, cimentos e outros materiais de base.
Biocompátivel, não contém eugenol e não inibe a presa de
resinas autopolimerizáveis ou fotopolimerizáveis. Tem
coloração semelhante à dentina. Fácil de misturar.

Anestésicos

Indicado para procedimentos intermediários, quando se


necessita de controle prolongado da dor, apresentando pouca
ação hemostática. É indicado para a maioria dos pacientes.

41
Anestésico tópico;

Indicado como anestésico na mucosa oral previamente à


anestesia infiltrativa e ainda em procedimentos clínicos como
tomada de impressões, radiografias, posicionamento de próteses
e remoção de tártaro dental.

Agulha Gengival

Usadas para anestesia infiltrativa

Dessensibilizante;

É indicado no tratamento de dentes com sensibilidade

Cimento endodôntico;

É indicado para obturação de canais radiculares.

Cones guta;

Desenvolvidas para atuarem como cones acessórios nas


obturações endodônticas, assim como cones principais,
permitindo que os profissionais tenham maiores e melhores

opções técnicas durante a obturação dos condutos radiculares.

Hipoclorito;

Utilizado no preparo dos canais radiculares, desinfetante e


anticético em procedimentos odontológicos. A Solução de
Milton tem ação de solventes sobre a matéria orgânica,
clareador, desodorizante e atividade antibacteriana.

42
EDTA;

Agente Quelante
O E.D.T.A. TRISSÓDICO Líquido é um produto amplamente
utilizado no preparo das paredes dos canais radiculares, previamente à
obturação.
Atua desmineralizando partículas dentinárias por quelação de íons de
cálcio e magnésio, facilitando sua dissolução e absorção, mostrando-se
como um efetivo agente quelante e lubrificante.
É também efetivo na remoção de raspas dentinárias durante a terapia
periodontal, expondo o colágeno e facilitando a aderência do tecido
conjuntivo tratado na superfície radicular. Este composto descalcifica a
dentina a uma profundidade de 10 a 30 µm em 5 minutos.
A sua solubilidade chega a 30% e o seu ph entre 7,0 e 8,0 é compatível
com os tecidos vivos, conferindo ao produto uma irritação tecidual
praticamente nula.

Clorexidine 0,12%;

Enxaguatório bucal que auxilia na eliminação dos germes


causadores de placa bacteriana, gengivite e mau hálito.
Anticépticos para os microorganismos gram positivos e
negativos e para algumas leveduras.

Clorexidine 2%;

É indicada na assepsia de preparos cavitários, preparos para coroas, inlays,


desinfecção de instrumentos etc;

43
SUGADOR CIRURGICO

Auxilia na sucção de sangue e fluidos no momento de


cirurgias odontológicas, periodontia, implantes e
pequenas cirurgias médicas. Oferece maior segurança nos
procedimentos, diminuindo as chances de contaminação
tanto do profissional como de seus pacientes.

Roletes de algodão;

Indicação para absorção de saliva, afastamento da bochecha


e limpeza bucal.
Produto de uso único (descartável) e não estéril.

Adesivo Single Bond Universal


O Single Bond Universal pode ser utilizado na técnica
adesiva Condicionamento ácido total (com prévio
condicionamento em esmalte e dentina), Autocondicionante (sem
condicionamento ácido) ou Condicionamento seletivo em esmalte.
Você escolhe a forma de aplicação do Single Bond Universal.É
indicado para restaurações diretas e indiretas, sem a necessidade de
aplicação de um primer metálico e silano.

Condicionador Ácido Fosfórico

Ataque ácido em esmalte e/ou dentina a fim de promover a exposição


da trama de colágeno presente na dentina, assim como uma maior
retenção micro-mecânica em restaurações diretas com materiais
resinosos. Também indicado em tratamentos preventivos de selamento
de fóssulas e fissuras.

Amálgama

Alta resistência inicial e final à compressão e expansão adequada o que


assegura uma maior resistência às forças oclusais e um melhor
selamento marginal. Seu rápido endurecimento e sua consistência
semelhante à cera, facilitam em muito a escultura, popularmente e
conhecida como a massa de tom cinza, ou metálica utilizada em
obturações.

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Água para Autoclave

Água destilada para uso no processo de esterilização em autoclave

Fio de Sutura Nylon


Utilizado para realizar os pontos em um processo cirúrgico
odontológico

Abridor de Boca

Auxilia na abertura da boca do paciente, proporcionado maior


conforto e facilitando o desempenho dos procedimentos
odontológicos pelo profissional. O instrumento perfeitamente
encaixado entre a arcada superior e inferior do paciente promove
maior conforto por manter a boca aberta por mais tempo, sem a
fadiga do paciente.

Máscara Cirúrgica Descartável


É utilizada na prevenção de contaminação por bactérias, cor branca.
Tripla camada, com elástico.

Touca Descartável

Produto confeccionado em tecido não tecido, tendo a finalidade de


uso cobrir a região craniana ou couro cabeludo, evitando
contaminações cruzadas, em ambientes hospitalares e ambulatoriais
e clínicas médicas. São todos descartáveis, individuais e de uso
único.

Lima K Série Especial


Indicada para exploração de canais retos.

45
Silicone de Condensação

Silicone de condensação de alta estabilidade dimensional. É a mais


perfeita reprodução de detalhes. Excelente contraste de cor

Algitec
Produto indicado para realizações de impressões das arcadas
dentárias. Indicado em moldagens para próteses fixas e removíveis,
ortodontia e modelos de estudo.

Adesivo Ortodôntico
Para fixação de brackets de metal, plástico, ou cerâmica.

Tubo de Soldagem

Utilizado em aparelhos ortodônticos

Bráquete Metálico

Também utilizado na fixação dos aparelhos ortodônticos

Elástico Intra Oral


Utilizado em tratamentos com aparelhos ortodônticos

Arco Flexy Niti Reverse Curve Redondo

Arcos pré-formados ideais para a abertura da mordida,


controle vertical da oclusão e torques. Apresentam
resiliência muito superior a dos arcos de aço inoxidável,
liberando forças suaves e uniformes para uma rápida
movimentação dental.

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Cera Protetora

Cera protetora contra ulcerações, ou seja, machucados


provocados pelo aparelho ortodôntico.

Pino de Fibra de Vidro

É indicado para reforço de raízes fragilizadas e apoio de


restaurações e coroas protéticas. Para utilização em
canais amplos. Reforpin pode ser utilizado com ou sem o
pino principal (uso conjugado ou exclusivo).

SAÚDE DA FAMÍLIA

A Estratégia de Saúde da Família visa à reorganização da Atenção Básica no país, de


acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde,
CONASS e CONASEMS como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da
Atenção Básica por favorecer uma re-orientação do processo de trabalho com maior
potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de
ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades,
além de propiciar uma importante relação custo-efetividade.

A Equipe de Saúde Bucal na estratégia Saúde da Família representa a possibilidade de


criar um espaço de práticas e relações a serem construídas para a reorientação do
processo de trabalho e para a própria atuação da saúde bucal no âmbito dos serviços de
saúde. Dessa forma, o cuidado em saúde bucal passa a exigir a conformação de uma
equipe de trabalho que se relacione com usuários e que participe da gestão dos serviços
para dar resposta às demandas da população e ampliar o acesso às ações e serviços de
promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, por meio de medidas de caráter
coletivo e mediante o estabelecimento de vínculo territorial.

O processo de trabalho das ESB fundamenta-se nos princípios da universalidade,


eqüidade, integralidade da atenção, trabalho em equipe e interdisciplinar, foco de
atuação centrado no território-família-comunidade, humanização da atenção,
responsabilização e vínculo.

47
Existem três tipos de ESB:

Ações das Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família:

Ações de promoção e proteção de saúde;


Ações de recuperação;
Prevenção e controle de câncer bucal;
Incremento da resolução da urgência;
Inclusão de procedimentos mais complexos na Atenção Básica;
Inclusão da reabilitação protética na Atenção Básica.

Independente da modalidade adotado recomenda-se que os profissionais de Saúde


Bucal, compartilhem a gestão e o processo de trabalho da equipe tendo responsabilidade
sanitária pela mesma população e território que a ESF à qual integra, e com jornada de
trabalho de 40 horas semanais para todos os seus componentes.

Atribuições Específicas do Cirurgião Dentista

- Realizar levantamento epidemiológico para traçar o perfil de saúde bucal da população


adscrita;
- Realizar os procedimentos clínicos definidos na Norma Operacional Básica do
Sistema Único de Saúde - NOB/SUS 96 - e na Norma Operacional Básica da
Assistência à Saúde (NOAS);
- Realizar o tratamento integral, no âmbito da atenção básica para a população adscrita;

48
- Encaminhar e orientar os usuários que apresentam problema complexos a outros níveis
de assistência, assegurando seu acompanhamento;
- Realizar atendimentos de primeiros cuidados nas urgências;
- Realizar pequenas cirurgias ambulatoriais;
- Prescrever medicamentos e outras orientações na conformidade dos diagnósticos
efetuados;
- Emitir laudos, pareceres e atestados sobre assuntos de sua competência;
- Executar as ações de assistência integral, aliado a atuação clínica à saúde coletiva,
assistindo as famílias, indivíduos ou grupo específicos, de acordo com planejamento
local;
- Coordenar ações coletivas voltadas para promoção e prevenção em saúde bucal;
- Programar e supervisionar o fornecimento de insumos para as ações coletivas;
- Capacitar às equipes de saúde da família no que se refere às ações educativas e
preventivas em saúde bucal;
- Supervisionar o trabalho desenvolvido pelo THD e o ACD.

ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO EM HIGIENE BUCAL

1. Realizar a atenção integral em saúde bucal (promoção, prevenção, assistência e


reabilitação) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos
específicos, segundo programação e de acordo com suas competências técnicas e legais;

2. Coordenar e realizar a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos;

3. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os


demais membros da equipe de Saúde da Família, buscando aproximar e integrar ações
de saúde de forma multidisciplinar.

4. Apoiar as atividades dos ACD e dos ACS nas ações de prevenção e promoção da
saúde bucal;

5. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado


funcionamento da USF.

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ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR DE SAÚDE BUCAL

 Sempre sob supervisão do CD ou do TSB:


 Orientar sobre higiene bucal;
 Marcar consultas;
 Preencher e anotar fichas clínicas;
 Organizar arquivo e fichário;
 Controlar o movimento financeiro;
 Revelar e montar radiografias intrabucais;
 Preparar o paciente para o atendimento;
 Auxiliar no atendimento ao paciente;
 Instrumentar o CD ou o TSB junto à cadeira operatória;
 Manipular materiais de uso odontológico;
 Selecionar moldeiras;
 Confeccionar modelos em gesso;
 Aplicar métodos preventivos para controle da cárie dental e executar limpeza,
 Assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental,
 Equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho.

CARIE

A cárie dental durante muito tempo foi, e talvez ainda seja, tratada apenas no sentido
mais estrito da palavra (do latim destruição, decomposição) limitando e o seu
tratamento apenas à remoção do tecido cariado e obturação da cavidade decorrente.

A cárie dental pode ser tida como uma doença típica do homem civilizado e, de maneira
genérica, todo indivíduo adulto durante sua vida é acometido pela cárie dental, datando,
porém, da pré-história o aparecimento da cárie entre os seres humanos.

Num exame de 100 crânios do homem de Neanderthal não se constatou a presença de


cárie, significando não a sua ausência, mas sim uma incidência de cárie apenas
ocasional neste período, restrita a uns poucos espécimes. Porém a partir de um maior
consumo de açúcar por volta de 1665, a incidência de cárie aumentou drasticamente
(Pinheiro, 1983).

Destruição progressiva e localizada dos dentes, principalmente das coroas dentárias;


doença infectocontagiosa que resulta em uma perda localizada de miligramas de
minerais dos dentes afetados, causada por ácidos orgânicos provenientes da fermentação
microbiana dos carboidratos da dieta, seriam outras definições de cárie.

Qualquer que seja a definição de cárie, quando não tratada pode haver progressão
culminando com a destruição quase total do dente e levando à infecção da polpa e
tecidos de suporte, com seqüelas às vezes graves (Burnett et al., 1978; Weyne,1989).

Ao se planejar o tratamento da cárie dental, o clínico deverá decidir quanto a ser ou não
mais apropriado tentar impedir o progresso da lesão, exilá-la e restaurar a cavidade, ou
extrair o dente.
50
Caso seja adotada a abordagem restauradora, então algum julgamento deverá ser
exercido quanto à extensão do procedimento operatório, o tempo que será necessário e
os materiais restauradores a usar. Dentro desse contexto deveria ficar determinado se o
tratamento é realmente necessário, se ele constitui a maneira mais apropriada de
controle da doença e se ele será empreendido dentro do contexto das necessidades do
paciente, além de ser imprescindível lembrar que apropagação da cárie ocorre de
maneira diferente de acordo com a superfície do dente (Elderton e Mjör,1990; Kidd e
Joyston-Bechal, 1987).

O manejo de pacientes na prática Odontológica envolve a coleta de informações


diagnósticas através do processo clínico em seu todo.

No tratamento e prevenção da cárie, diversos métodos de diagnóstico são usados


servindo ao propósito de determinar a presença da doença e a sua extensão num
paciente suspeito, permitir a escolha da alternativa de tratamento mais indicada,
monitorar o curso da doença, avaliar a eficiência do tratamento e determinar a presença
de fatores que possam favorecer o estabelecimento e a progressão da cárie.

O principal objetivo da coleta de informações diagnósticas é a melhora da saúde, não


levando em conta apenas sintomas ou condições locais (Johnson, 1996; Thylstrup,
Fejerskov, 1988).

Apesar da definição clássica de cárie associar se à dissolução dos tecidos mineralizados


do dente, isto é apenas uma face do processo carioso. Na verdade o processo carioso
apresenta uma dinâmica que, se desmineraliza o dente, também pode remineralizá-lo
frente a condições específicas. Portanto, o processo carioso apresenta naturalmente
momentos de desmineralização e remineralização (Oppermann,1984).

Quando a cárie de esmalte é detectada inicialmente em uma radiografia, praticamente já


existe
O comprometimento da dentina subjacente, caracterizando uma lesão de cárie em
estágio subclínico que não pode ser diagnosticada visual ou radiograficamente (Bjorndal
et al., 1998; Consolaro e Pereira, 1994; Seow, 1997).

Sendo assim, a somatória dos elementos anamnese, exame clínico, exames


complementares, além do raciocínio, levam a um diagnóstico completo. Também é real
a afirmação de que o diagnóstico precoce é de suma importância dentro da
responsabilidade profissional, superada apenas pela responsabilidade preventiva, que
deve ser o primeiro objetivo das ciências que cuidam da saúde do homem (Castro,
1981).

A respeito da etiologia da cárie, a teoria químico-parasitária ou da placa inespecífica,


proposta
Por Miller em 1890, admite que todas as espécies bacterianas localizadas nas superfícies
dentárias são capazes de contribuir para o ataque ácido sobre as superfícies do esmalte.
Como estas bactérias compõem a microbiota dos dentes e, portanto, são encontradas em
51
todos os indivíduos, não há necessidade de se aplicar algum recurso de diagnóstico
bacteriológico que possa identificar os pacientes de acordo com risco.

Sendo assim, não precisa ser empregado qualquer critério de seleção para o tratamento,
desde que a bactéria encontrada em paciente com quadro de cárie aguda seja similar
àquela encontrada em paciente sem lesão de cárie. A principal diferença entre saúde e
doença seria a magnitude dos depósitos de placa.

Como há formação de placa continuamente nas superfícies dentárias, o tratamento deve


ser diário, e como todas as pessoas devem ser tratadas mais ou menos continuamente, é
difícil a adoção de uma conduta antimicrobiana (Loesche, 1993).

Já a teoria da placa específica considera que certos tipos de placa são


odontopatogênicos, porque são colonizados e/ou dominados por um ou mais tipos
bacterianos, capazes de determinar uma quantidade mensurável de cárie dentária. Estas
espécies odontopatogênicas incluem S. mutans e lactobacilos na cárie de superfície
coronária, além do A. viscosus na cárie de superfície radicular. Isto não quer dizer que
estas espécies bacterianas seriam responsáveis por todas as lesões de cárie, mas deixa
claro que seja responsáveis por boa quantidade de lesões de cárie, quantidade esta que
será significativa do ponto de vista
biológico. Neste conceito está implícita a possibilidade de ocorrência de placa sem que
haja doença, significando a presença de placa não dominada pelos organismos
odontopatógenos (Loesche, 1993; Mount e Hume).

52
Os dentes estão em constante processo de desmineralização (perda de minerais) e
remineralização (agregação de minerais).

As bactérias presentes na boca liberam ácidos quando metabolizam os alimentos que


ficam acumulados nos dentes e língua. Isso causa a desmineralização dos dentes.
Na maior parte do tempo, a escovação e a própria saliva garantem a remineralização dos
dentes através da presença do flúor.
- Processo de desmineralização e remineralização dental em equilíbrio:

SOBRE A CÁRIE DENTAL


A cárie dental acontece quando a quantidade e freqüência de alimentos ricos em
sacarose são grandes e a escovação dental é insuficiente ou inadequada.
Ou seja, a cárie ocorre quando a desmineralização dos dentes causada pelos ácidos
liberados por bactérias presentes na boca é maior do que a remineralização obtida pelos
minerais da saliva e pela escovação dentária.
- Processo de desmineralização e remineralização dental em desequilíbrio = CÁRIE

53
ALIMENTAÇÃO X CÁRIE DENTÁRIA

ALIMENTOS
MAIS MENOS CARIOGÊNICOS
CARIOGÊNICOS
Frutas caramelizadas. Todas as frutas frescas e todos os tipos de verduras e vegetais.

Carnes Carnes com Carnes em geral (boi, porco, peixe,


temperos frango).
adocicados, com
cremes, molhos,
etc.
Cereais Bolo, torta, pão Pão e torradas com manteiga, arroz,
doce, bolachas. feijão.
Doces Doces em geral, Chicletes sem açúcar.
balas, confeitos,
sorvetes, chicletes,
chocolates.
Bebidas Refrigerantes em Água mineral, refrigerantes dietéticos,
geral, sucos sucos de frutas naturais sem açúcar,
artificiais, café/chá café/chá sem açúcar ou com adoçante.
com açúcar.
Lanches Pizza, cachorro Pizza, cachorro quente, hambúrguer
quente, sem 'ketchup', ingredientes ou molhos
hambúrguer, todos doces, pipoca
com 'ketchup' e
ingredientes ou
molhos doces,
pipoca doce.

54
DOENÇAS PERIODONTAIS

Doenças periodontais, incluindo gengivite e periodontite, são infecções sérias que, se


não tratadas, podem causar a perda dentária. A palavra periodontal significa literalmente
"ao redor do dente". A doença periodontal é uma infecção bacteriana crônica que afeta
as gengivas e o osso que suporta os dentes.

A doença periodontal pode afetar um ou vários dentes. Esta doença inicia quando a
bactéria presente na placa (película viscosa e incolor que constantemente se forma sobre
os dentes) começa a inflamar a gengiva.

Na forma mais branda da doença, a gengivite, a gengiva se torna vermelha, inchada e


sangra com facilidade. Nesta fase, há pouco ou nenhum desconforto. A gengivite é
causada por higiene oral inadequada, e é reversível com tratamento profissional e uma
boa higiene oral doméstica.

Há indícios que a gengivite não tratada pode evoluir para periodontite. Com o tempo a
placa pode se espalhar e crescer por baixo da gengiva. As toxinas produzidas pela
bactéria da placa irritam a gengiva. Essas toxinas estimulam uma resposta inflamatória
crônica, onde nosso organismo se volta contra si próprio, e os tecidos e o osso que
suporta os dentes são atacados e destruídos. As gengivas se separam dos dentes,
formando bolsas periodontais (espaços entre os dentes e as gengivas) que se tornam
infeccionadas. À medida que a doença (periodontite) avança, as bolsas se tornam cada
vez mais profundas, e mais tecido gengival e osso são destruídos. Este processo
destrutivo apresenta sintomas bastante brandos. Eventualmente, os dentes podem
apresentar mobilidade, e ter de ser extraídos.

Causas da doença periodontal

A causa principal da doença periodontal é a placa bacteriana, película viscosa e incolor


que constantemente se forma sobre os dentes. Entretanto, fatores como os citados a
seguir também podem afetar a saúde de suas gengivas.

Fumo:
Como você provavelmente já sabe, o cigarro está relacionado com muitas doenças
sérias como o câncer, doenças pulmonares, problemas cardiovasculares, assim como
muitos outros problemas de saúde. O que você pode não saber é que os fumantes estão
sob maior risco de apresentar doença periodontal. De fato, estudos recentes
demonstraram que o cigarro pode ser um dos mais importantes fatores de risco no
desenvolvimento e na progressão da doença periodontal.

Genética:
Pesquisas provam que mais de 30% da população pode ser geneticamente susceptível à
doenças gengivais. Apesar de bons hábitos de higiene e cuidado oral, estas pessoas
podem ser seis vezes mais predispostas a apresentarem doenças periodontais. Identificar
55
estas pessoas através de testes genéticos antes mesmo de apresentarem sintomas da
doença, e submetê-las a um tratamento prévio pode ajudá-las a manter seus dentes por
toda a vida.

Gravidez e Puberdade:
Escovar bem os dentes, usar fio dental, uma dieta saudável, e exercícios físicos
regulares são importantes para manter uma boa saúde. No entanto, em determinadas
fases da vida de uma mulher, estes cuidados devem ser redobrados. Fases como a
puberdade e menopausa, ou ainda períodos menstruais e gravidez, são períodos de
intensas alterações hormonais, que podem afetar diversos tecidos em todo o corpo,
inclusive as gengivas. Estas podem se tornar sensíveis e até reagir agressivamente a essa
flutuação hormonal, o que aumentaria a susceptibilidade à doença periodontal. Além
disso, estudos recentes sugerem que mulheres grávidas que apresentam periodontite
estão sob um risco sete vezes maior de ter um parto pré-maturo, e bebês de baixo peso.

Estresse:
Você já deve ter ouvido que o estresse está relacionado com muitas doenças sérias como
hipertensão, câncer, assim como muitos outros problemas de saúde. O que você pode
não saber é que o estresse também é um dos mais importantes fatores de risco no
desenvolvimento e na progressão da doença periodontal. Pesquisas demonstram que o
estresse torna mais difícil para o organismo lutar contra infecções, inclusive as doenças
periodontais.

Medicamentos:
Alguns medicamentos como contraceptivos orais, antidepressivos, anticonvulsivos, e
certos medicamentos para problemas cardiovasculares, podem afetar sua saúde oral.
Assim como você informa ao seu médico sobre os medicamentos que faz uso, você
também deve nos informar sobre os medicamentos em uso.

Parafunção:
Alguém alguma vez já lhe disse que você range seus dentes à noite? Seu maxilar está
dolorido por apertar seus dentes quando você está sob tensão? Apertar ou ranger os
dentes submete os tecidos ao redor dos dentes a um excesso de força e pode acelerar a
destruição dos tecidos periodontais em caso de doença.

Diabetes:
Diabetes é uma doença que altera os níveis do açúcar no sangue. A diabetes se
desenvolve por uma deficiência na produção de insulina (hormônio que é o componente
chave no processo de consumo do açúcar no sangue pelo organismo) ou uma
incapacidade do organismo de utilizar esta insulina corretamente. De acordo com a
Associação Americana de Diabetes, aproximadamente 16 milhões de americanos têm
diabetes; entretanto, mais da metade não foi diagnosticado para esta doença. Se você é
diabético, você tem um risco maior de desenvolver infecções, incluindo as doenças
periodontais. Estas infecções podem diminuir a capacidade de produzir e/ou utilizar a
insulina, o que pode dificultar o controle da diabetes, como também pode tornar a
infecção mais severa do que em indivíduos não diabéticos .

Má Nutrição:
56
Como você já deve saber, uma dieta pobre em nutrientes importantes pode comprometer
o sistema imune e tornar mais difícil para o corpo lutar contra infecções. Já que a
doença periodontal é uma doença infecciosa, a má nutrição pode piorar a condição de
suas gengivas.

Outras Doenças Sistêmicas:


Doenças que interferem com o seu sistema imune podem afetar a sua saúde bucal.

Quando eu devo visitar o dentista?

Se você valoriza sua saúde bucal assim como sua saúde geral, qualquer hora é uma boa
hora para visitar para uma avaliação específica de periodontia. Na maioria das vezes a
doença periodontal somente pode ser diagnosticada através de uma avaliação
profissional precisa. Uma avaliação periodontal pode ser especialmente importante se
você apresentar alguma destas características:

Sinais e sintomas da doença periodontal:

Gengivas que sangram facilmente, durante a escovação ou uso do fio dental.


Gengivas vermelhas, inchadas ou flácidas.
Gengivas que se afastam dos dentes
Mau hálito persistente
Presença de secreção purulenta entre os dentes e as gengivas
Mudança de posição ou mobilidade dentária
Alteração na forma com que seus dentes se encaixam entre si quando você
morde.
Possui um membro da família que tem doença periodontal.

Pesquisas têm demonstrado que bactérias que causam doença periodontal podem ser
transmitidas através da saliva, o que expõe crianças e conjugues ao risco de contrair
doença periodontal. Além disso, a hereditariedade genética também é um fator de risco
para doença periodontal.

Possui problemas cardíacos ou respiratórios, diabetes, ou osteoporose. Pesquisas em


andamento tem demonstrado que a doença periodontal pode ter ligação com as
condições citadas acima. Bactérias associadas à doença periodontal e componentes
inflamatórios podem, através da corrente sangüínea, ser uma ameaça a outras partes do
organismo. Gengivas doentes, organismo doente.

Se seus dentes aparentam estar mais curtos ou o seu sorriso mostra muito a sua gengiva.
Se seus dentes aparentam estar mais longos ou com maior sensibilidade ao frio ou ao
calor.
Presença de manchas ou depósitos de tártaro na superfície de seus dentes,
principalmente próximo à gengiva.
Se você fuma mais de 10 cigarros por dia.

57
Como é feita a avaliação da doença periodontal?

O clínico geral pode detectar a presença de doença periodontal durante uma consulta de
rotina. Porém, um exame completo e específico para determinar a severidade e extensão
da doença é freqüentemente realizado pelos nossos periodontistas. Uma vez que a
avaliação está completa, nossos periodontistas terão as informações necessárias para
desenvolver um plano de tratamento mais adequado para você.

 Sua História Médica


 Sua História Dentária
 Exame Clínico
 Seu Plano de Tratamento

Sua História Médica


Periodontistas irão realizar perguntas sobre sua saúde geral como forma de auxiliar o
diagnóstico e plano de tratamento. Por exemplo, condições de saúde como diabetes ou
gravidez podem predispor o paciente à doença periodontal. Hábitos pessoais como o
fumo, podem agravar a doença periodontal, e certos antibióticos utilizados no
tratamento da infecção periodontal podem interferir com a efetividade de contraceptivos
orais.

Sua História Dentária


Esta parte da avaliação se concentra na sua saúde dentária e tratamentos prévios.
Periodontistas irão obter informações tais como quando sua doença periodontal foi
inicialmente diagnosticada, como ela foi ou vem sendo tratada, e como você vem
cuidando dos seus dentes. Sua motivação, expectativas em relação ao tratamento, e
comprometimento com os hábitos caseiros de higiene bucal também podem afetar o
planejamento de seu tratamento periodontal, e o seu provável resultado final.

Exame Clínico Dentário


Periodontistas irão examinar seus dentes e gengivas detalhadamente para avaliar a
extensão da doença periodontal. Sua gengiva será avaliada em relação ao sangramento,
volume, consistência, e contornos anormais. Seus dentes serão verificados quanto à
mobilidade e sensibilidade. Outros fatores tais como a mordida, podem contribuir para a
condição periodontal e, portanto também são averiguados. Exames radiográficos
completos são freqüentemente solicitados para detectar a situação óssea ao redor dos
dentes. Uma sondagem periodontal abaixo da linha gengival inclui a mensuração e
registro da profundidade dos sulcos ou bolsas ao redor de cada dente. A presença e
profundidade das bolsas periodontais não podem ser vistas ou sentidas. A sondagem é
uma técnica fundamental e indispensável, utilizada para definir a severidade da doença
e determinar seu plano de tratamento.

Sondagem periodontal
Os tecidos gengivais ao redor dos dentes devem ser avaliados clinicamente. Um
instrumento específico, chamado de sonda periodontal milimetrada, é utilizado
rotineiramente para avaliação periodontal. A região conhecida como sulco gengival
compreende o espaço quase "virtual" entre o dente e a gengiva. A sonda periodontal é
introduzida no sulco para medir a profundidade deste espaço. Um sulco saudável mede
58
1 a 3 milímetros. Quando a doença periodontal está presente, este espaço fica mais
profundo (mais de 3 mm) formando bolsas periodontais onde acumulam restos de
alimentos e bactérias. Em casos severos, a profundidade das bolsas podem alcançar 8
mm ou mais.

Radiografias
As radiografias são valiosas ferramentas na avaliação do tecido ósseo de suporte e
possibilitam determinar o nível da altura óssea em relação aos dentes. O exame
radiográfico é uma excelente forma para documentação do nível ósseo através do
tempo. Através de comparação de filmes atuais com filmes mais antigos, é possível
verificar se ocorreram alterações do contorno ósseo. Por essa razão, é fortemente
recomendado o uso de radiografias dentárias quando há suspeita de presença de doença
periodontal.

Plano de Tratamento
Após seu exame, periodontistas irão apresentar opções de tratamento de acordo com a
extensão da doença. O tratamento consiste basicamente de um programa
individualizado de cuidados de higiene oral, terapia mecânica com raspagem supra
gengival e subgengival e alisamento radicular e, em alguns casos, terapia cirúrgica.
Hoje, existem algumas possibilidades de regeneração óssea e recobrimento da raiz
exposta, através de cirurgias plásticas, visando à solução de problemas estéticos. Caso a
doença tenha atingido um grau de severidade que não permita a preservação do dente,
nossos periodontistas irão elaborar um plano de tratamento utilizando implantes
dentários.

A doença periodontal é uma doença comum?

Existem diversas formas de doença periodontal. A forma mais comum é a periodontite


crônica, que pode ocorrer nas primeiras duas décadas de vida, mas geralmente é na
terceira e na quarta década de vida que a prevalência aumenta dramaticamente. Estudos
recentes demonstram que mais de 75% da população adulta possui bolsa periodontal
com profundidade de 4 mm ou mais. Desta população, 8% têm doença periodontal
severa definida como presença de uma ou mais bolsas com profundidade de 7 mm ou
mais.

O que eu devo fazer para prevenir a doença periodontal?

A melhor maneira de prevenir a doença nas gengivas é através de uma boa higiene oral.
Um simples bochecho com água remove alimentos da boca, mas não remove placa
bacteriana. A escovação e o uso do fio dental a cada 12 horas removem placa
bacteriana. Portanto,

» Escove seus dentes duas vezes ao dia, após o café da manhã e a noite, antes de dormir,
com uma escova dentária de cabeça pequena e cerdas macias e retas. Use fio dental e
escovas interdentárias para higienizar os espaços entre os dentes.

59
» Trabalhos protéticos como pontes fixas devem ser higienizados com fio dental e passa
fio para prevenir doença nos dentes de suporte.

» Visite um dentista em intervalos de no máximo 6 meses, isto possibilita o diagnóstico


precoce da doença e permite a remoção de placa bacteriana e cálculo (tártaro).

» Não fume, além de causar câncer, o fumo é um fator de risco para doença periodontal.
Se você é fumante, e tem dificuldade de parar de fumar, tente pelo menos fumar até 10
cigarros por dia. Estudos demonstram que os riscos de doenças associadas ao fumo
aumentam em pessoas que fumam mais do que 10 cigarros por dia.

» tenha uma dieta balanceada, evitando excesso de açúcar entre as refeições para
também prevenir cáries.

Fio Dental
Use fio dental diariamente para remover a placa entre os dentes e abaixo da linha da
gengiva, onde a escova dental não alcança. Use fio dental, uma vez ao dia, antes ou após
a escovação.

» Corte um pedaço de aproximadamente 45 centímetros de fio dental.

» Enrole as pontas nos dedos médios de cada mão, deixando uns dez centímetros entre
os dedos.

» Use os dedos polegares e indicadores para conduzir o fio entre os dentes. Os dedos
que controlam o fio dental não deverão estar separados mais que dois centímetros.

» Insira gentilmente o fio dental entre os dentes, usando um movimento de vai-e-vem, e


curve-o em forma de C contra um dente.

» Deslize o fio levemente para cima e para baixo contra um dente chegando a penetrar
um pouco além da linha da gengiva. Nunca force o fio contra a gengiva, pois ele pode
cortar ou machucar o frágil tecido gengival.

» Utilize uma parte nova do pedaço de fio dental para cada dente a ser limpo.

» Lembre que são duas superfícies que necessitam ser limpas em cada espaço. Repita o
mesmo procedimento para cada lado de todos os dentes.

» Para remover o fio, solte um dos lados, e puxe delicadamente o outro lado, retirando-o
do meio dos dentes.

» Não se esqueça da superfície atrás dos últimos dentes, tanto superiores quanto
inferiores.

É normal a ocorrência de pequenos sangramentos no começo do uso do fio dental. Com


a freqüência do uso, ele deve passar. Se isto não ocorrer, procure um dentista.

60
Escova Dental
Ao contrário do que se pode pensar, escovar os dentes não é tão simples. Apesar de
fazer isso todo o dia tem muita gente que não sabe escovar os dentes corretamente.
Alguns conselhos úteis devem ser seguidos:

A maioria dos dentistas concorda que a escova dental com cabeça pequena e cerdas
macias é a melhor para a remoção da placa bacteriana e dos resíduos de alimentos.

Troque sua escova freqüentemente. Se as cerdas de sua escova estão viradas ou


desgastadas, compre uma nova. Uma escova gasta não irá limpar seus dentes
adequadamente. Normalmente, uma escova dificilmente dura mais de 3 meses, quando
usada corretamente.

Escove seus dentes pelo menos três vezes ao dia: após as refeições e antes de deitar.
Uma escovação adequada deve durar, no mínimo, dois minutos, isto é, 120 segundos! A
maioria dos adultos não chega nem próximos a este tempo. Para ter uma idéia do tempo
necessário para uma boa escovação, use um relógio na próxima vez que escovar os
dentes.

» Segure a escova gentilmente em um ângulo de 45 graus e escove com movimentos


que vão da gengiva à ponta dos dentes.

» Faça movimentos horizontais curtos com as cerdas entre a gengiva e o dente por toda
arcada dentária, por dentro e por fora.

» Escove a parte interna dos dentes da frente usando a escova no sentido vertical.

» Escove a superfície de mastigação dos dentes de trás com movimentos para frente e
para trás.

» Fique por volta de 10 segundos em cada região que deve cobrir no máximo dois
dentes.

Doença periodontal e mau hálito

A halitose, nome científico do mau hálito, é uma condição que afeta milhões de pessoas
em vários países. A halitose não é uma doença, mas sim um sintoma de má higiene
61
bucal ou de alguma doença na sua boca ou algum problema em seu organismo. O fato é
que este é um problema que pode dificultar, ou até mesmo destruir, relacionamentos
pessoais. E, na maioria das vezes, os portadores de halitose não costumam perceber o
mau cheiro.

Cerca de 85% a 90% dos casos de halitose se origina na boca, um local onde vivem
centenas de espécies diferentes de bactérias. Estas bactérias digerem substâncias que
quando degradadas liberam mau cheiro.

Estudos recentes em pessoas saudáveis com halitose mostraram que o principal fator
responsável pela halitose não é a placa bacteriana, como se pensava, mas a área mais
posterior da língua, no fundo da cavidade oral. Esta região recebe um fluxo diminuído
de saliva e contém grande número de pequenas invaginações, nas quais as bactérias
podem se instalar e digerir proteínas de restos alimentares aí retidos e as contidas no
muco oriundo dos seios da face. Cerca de 25% da população urbana possui um
gotejamento imperceptível dos seios da face na direção da faringe (gotejamento pós-
nasal), como resultado de alergias, poluentes químicos e processos inflamatórios das
mucosas nasais e dos seios da face (sinusites). Existem pessoas que apresentam fissuras
na parte superior da língua, onde também pode acumular microorganismos, podendo
causar halitose. Neste tipo de língua fissurada, a escovação leve e diária é indicada.

A segunda maior causa de halitose de origem bucal é a doença periodontal,


principalmente a periodontite, onde formam bolsas periodontais, localizadas entre o
dente e a gengiva, com inflamação dos tecidos que unem os dentes ao osso. Essas bolsas
acumulam colônias de bactérias que se alimentam de proteínas do sulco gengival, da
saliva e de carboidratos, gerando compostos orgânicos e sulfurados voláteis
responsáveis pelo odor desagradável do hálito.

Outras causas de halitose incluem: inflamações das fossas nasais; processos infecciosos
localizados nas amídalas e fatores que diminuem o fluxo salivar, tais como jejum
prolongado, desidratação, respiração bucal, falar por muito tempo, ar condicionado,
estresse e centenas de medicamentos. O cigarro pode provocar halitose porque resseca a
boca, piora as condições das gengivas, aumenta o gotejamento pós-nasal e deixa um
resíduo que perverte o aroma bucal. Raríssimas vezes o estômago ou outras partes do
aparelho digestivo estão envolvidos na halitose.

Existe tratamento para o mau hálito?


Sim. Após um diagnóstico adequado, no qual é possível identificar a origem do
problema, o periodontista poderá recomendar o melhor tratamento, caso o foco da sua
halitose esteja na sua boca.

62
CLASSIFICAÇÃO ATUAL DAS DOENÇAS PERIODONTAIS

I. Doenças Gengivais

• A. Doenças Gengivais induzidas por placa:


– Gengivite associada exclusivamente à placa
– Doenças gengivais modificadas por fatores sistêmicos
– Doenças gengivais modificadas por medicamentos
– Doenças gengivais modificadas deficiências nutricionais

• B. Lesões gengivais não induzidas por placa:


– Doenças gengivais de origem bacteriana específica
– Doenças gengivais de origem viral
– Doenças gengivais de origem fúngica
– Doenças gengivais de origem genética
– Manifestações gengivais de condições sistêmicas
– Lesões traumáticas
– Reações de corpo estranho
– Não especificadas

II. Gengivite
- Inflamação da gengiva. (Carranza, 2007).
Fator etiológico Primário:
- Placa bacteriana ou biofilme dentário é o único desencadeador da gengivite.
- O cálculo dentário é a placa bacteriana calcificada, no entanto ele não origina a gengivite.
No entanto, deve-se removê-lo, porque as bactérias fixam-se na sua superfície.
Características clínicas:
- Sangramento a sondagem e, às vezes, espontâneo.
- Hiperplasia gengival (aumento de volume) sem perda óssea. Isso é o que caracteriza a falsa
bolsa.
- A consistência da gengiva passa a ser flácida.
Plano de tratamento:
- Raspagem + OHB
- Reavaliação
- Controle e manutenção

II. Periodontite
‖É definida como uma doença inflamatória dos tecidos de suporte dos dentes, causada por
microorganismos específicos, resultando em uma destruição progressiva do ligamento
periodontal e osso alveolar, com formação de bolsa, retração gengival ou ambas.‖ (Carranza,
2007).
A característica clínica que diferencia a periodontite da gengivite é a presença de perda de
inserção clinicamente detectável. Esta característica é freqüentemente acompanhada pela
formação de bolsa periodontal e mudanças na densidade e altura do osso alveolar subjacente.
Plano de tratamento:
- Raspagem + PROF + OHB
63
-Antibioticoterapia
- Tratamento não cirúrgico
- Reavaliação
- Cirurgia
- Controle e manutenção

III. Abscesso gengival


- Lesão localizada em nível de gengiva livre ou marginal.
- Sintomatologia dolorosa.
- Rápida expansão na gengiva marginal ou papila interdental
- Etiologia: penetração de agentes irritantes no sulco gengival (ex. fio dental, impacção de
alimentos ou material de prótese ou de ortodontia).
Características clínicas: edema na margem gengival ou papila, coloração avermelhada,
superfície lisa e brilhante, dor e desconforto, secreção purulenta.
Tratamento: drenagem, remoção do agente irritante.
- Drenagem, remoção do agente irritante
- Tratamento periodontal básico (RACR + PROF + OHB)
- Terapia cirúrgica

IV. Abscesso Peri coronário


Inflamação no capuz Peri coronário.
- O tratamento imediato restringe-se a irrigar o local com soro fisiológico ou clorexidina
0,12% e o paciente fazer bochechos com água morna e sal.
- Antibioticoterapia é indicada para casos severos.
- Após os sintomas agudos serem eliminados, o tratamento será a remoção do capuz gengival
ou a exodontia do dente.

O QUE É A ORTODONTIA?

Ortodontia é uma especialidade odontológica que corrige a posição dos dentes e dos ossos
maxilares posicionados de forma inadequada. Dentes tortos ou dentes que não se encaixam
corretamente são difíceis de serem mantidos limpos, podendo ser perdidos precocemente,
devido à deterioração e à doença periodontal. Também causam um estresse adicional aos
músculos de mastigação que pode levar a dores de cabeça, síndrome da ATM e dores na
região do pescoço, dos ombros e das costas. Os dentes tortos ou mal posicionados também
prejudicam a sua aparência.

O tratamento ortodôntico torna a boca mais saudável, proporciona uma aparência mais
agradável e dentes com possibilidade de durar a vida toda.

O especialista neste campo é chamado de ortodontista. Os ortodontistas precisam fazer um


curso de especialização, além dos cinco anos do curso regular.

64
Como saber se preciso de um ortodontista?

Apenas seu dentista ou ortodontista poderá determinar se você poderá se beneficiar de um


tratamento ortodôntico. Com base em alguns instrumentos de diagnóstico que incluem um
histórico médico e dentário completo, um exame clínico, moldes de gesso de seus dentes e
fotografias e radiografias especiais, o ortodontista ou dentista poderá decidir se a ortodontia é
recomendável e desenvolver um plano de tratamento adequado para você. Se você apresenta
algum dos problemas abaixo, pode ser um candidato para o tratamento ortodôntico:

Sobremordida, algumas vezes chamada de "dentes salientes" — este problema é


caracterizado por um excesso vertical da região anterior da maxila e/ou uma sobre-
erupção dos dentes dessa região. Nos casos de Sobremordida, os dentes anteriores
superiores recobrem quase 100% dos dentes inferiores, conferindo um sorriso
desagradável e problemas mastigatórios. Os dentes inferiores podem, inclusive, estar
tocando no palato e na gengiva do arco superior.
Mordida cruzada anterior — uma aparência de "bulldog", quando a arcada inferior
está projetada muito à frente ou a arcada superior se posiciona muito atrás.
Mordida cruzada — ocorre quando a arcada superior não fica ligeiramente à frente
da arcada inferior ao morder normalmente.
Mordida aberta— espaço entre as superfícies de mordida dos dentes anteriores e/ou
laterais quando os dentes posteriores se juntam.
Desvio de linha mediana — ocorre quando o centro da arcada superior não está
alinhado com o centro da arcada inferior.
Diastema — falhas, ou espaços, entre os dentes como resultado de dentes ausentes ou
dentes que não preenchem a boca.
Apinhamento —ocorre quando existem dentes demais para se acomodarem na arcada
dentária pequena.

Como funciona um tratamento ortodôntico eficaz?

Diversos tipos de aparelhos, tanto fixos como móveis, são utilizados para ajudar a
movimentar os dentes, retrair os músculos e alterar o crescimento mandibular. Estes aparelhos
funcionam colocando uma leve pressão nos dentes e ossos maxilares. A gravidade do seu
problema é que irá determinar qual o procedimento ortodôntico mais adequado e mais eficaz.

Aparelhos fixos podem ser:

Aparelho fixo —este é o tipo mais comum de aparelho; consiste de bandas, fios e/ou
braquetes. As bandas são fixadas em volta de vários dentes ou um só dente, e
utilizadas como âncoras para o aparelho, enquanto que os braquetes são presos na
parte externa do dente. Os fios em forma de arco passam através dos braquetes e são
ligados às bandas. Apertando-se o arco, os dentes são tracionados, movendo-se
gradualmente em direção à posição correta. Os aparelhos fixos são geralmente
apertados a cada mês para se obter os resultados desejados, que podem ocorrer no
prazo de alguns meses até alguns anos. Atualmente eles são menores, mais leves e
exibem bem menos metal que no passado. Podem apresentar cores vivas para as
crianças, bem como estilos mais claros, preferidos por muitos adultos.
65
Aparelho fixo especial — utilizados para controlar o hábito de chupar o dedo ou a
língua "presa", estes aparelhos são fixados aos dentes através de bandas. Por serem
muito desconfortáveis durante as refeições, devem ser utilizados apenas como um
último recurso.
Mantenedor de espaço fixo — se o dente de leite é perdido precocemente, um
protetor de espaço é utilizado para manter este espaço aberto até que o dente
permanente nasça. Uma banda é cimentada ao dente próximo ao espaço vazio e um fio
é estendido até o dente do outro lado do espaço.

Aparelhos móveis incluem:

Niveladores — uma alternativa para os aparelhos convencionais para adultos,


niveladores em série estão sendo utilizados por um número crescente de ortodontistas
para mover os dentes da mesma forma que os aparelhos fixos, mas sem os fios de aço
e os braquetes. Os niveladores são virtualmente invisíveis e removíveis para que o
usuário possa se alimentar, escovar os dentes e passar o fio dental.
Mantenedores de espaço móveis —estes aparelhos têm a mesma função que os
mantenedores fixos. São feitos com uma base acrílica que se encaixa sobre a
mandíbula e têm braços de plástico ou arame entre determinados dentes que devem ser
mantidos separados.
Aparelhos reposicionadores de mandíbula — também chamados de talas, estes
aparelhos podem ser utilizados no maxilar superior ou mandíbula, e ajudam a "treinar"
a mandíbula a fechar em uma posição mais favorável. São utilizados para disfunções
da articulação temporomandibular (ATM).
Amortecedores de lábios e bochechas — são destinados a manter os lábios e
bochechas afastadas dos dentes. Os músculos dos lábios e bochechas podem exercer
pressão sobre os dentes e os amortecedores ajudam a aliviar esta pressão.
Expansor palatino — um mecanismo utilizado para alargar o arco da mandíbula
superior. Consiste em uma placa de plástico que se encaixa sobre o céu da boca. A
pressão externa aplicada sobre a placa por meio de parafusos força as juntas dos ossos
do palato a se abrirem para os lados, alargando a área palatina.
Contentores móveis — utilizados no céu da boca, estes aparelhos de contenção
previnem que os dentes voltem à posição anterior. Podem também ser modificados e
utilizados para evitar que a criança chupe o dedo.
Aparelho extra bucal — com este aparelho, uma faixa é colocada em volta da parte
de trás da cabeça, e ligada a um elástico na frente, ou um arco facial. Este aparelho
retarda o crescimento da maxila e mantém os dentes posteriores onde estão, enquanto
os dentes anteriores são empurrados para trás.

Mordida cruzada
Mordida aberta Apinhamento
anterior
66
Crossbite Overbite

67
Tempos e Fases de Seu Tratamento Ortodôntico

O tempo de tratamento ortodôntico depende de vários fatores, como: biótipo, idade,


sexo, tipo de má oclusão e vários outros fatores. Após a realização de exames
complementares é possível fornecer uma previsão do tempo de tratamento para cada
caso em particular. Os tempos de tratamento variam, mas pode ser concluído entre 18 e
30 meses. No caso de adultos, o tratamento pode ser um pouco mais longo, pois os
ossos faciais já cessaram de crescer.

O seu tratamento de Ortodontia será dividido basicamente em três fases básicas:

I) Instalação do Aparelho
II) Manutenção
III) Contenção

Instalação do aparelho, em 5 passos:

1. Primeiro, você deverá realizar a Documentação Ortodôntica em um Instituto


Radiológico especializado Esta parte é fundamental
para a qualidade do seu tratamento, pois apenas em posse da Documentação
Ortodôntica seremos capazes de diagnosticar com precisão o seu caso e, assim,
oferecer-lhe a melhor solução;

2. Em seguida, apresentará a você um informativo contendo:


Diagnóstico resumido de seu caso, uma ou mais opções de tratamento e prognóstico do
tratamento.

3. Aprovado o tratamento, o paciente ou os responsáveis pelo paciente deverá assinar


uma autorização de tratamento. O tratamento só poderá ser iniciado após a autorização.
Este é um procedimento "de praxe", indicado pelas mais respeitadas entidades de
Ortodontia do nosso país e do mundo, e visa proteger tanto o profissional quanto o
paciente.

4. Em casos de aparelho removível, poderá ser necessária uma nova moldagem dos
dentes do paciente para confeccionar o modelo chamado "de trabalho" será enviado para
um laboratório de prótese para a confecção do aparelho.

-
5. Por fim, será feito a instalação do aparelho, Nesta
- consulta serão feitos -
os ajustes iniciais do aparelho e será marcada uma nova consulta para algum ajuste que
ainda seja necessário. No caso da montagem do aparelho fixo, serão necessárias
algumas consultas para a instalação dos brackets (peças coladas aos dentes) e bandas
(anel metálico que é colocado ao redor dos dentes de trás da boca).

68
Colagem de braquetes

Bandas nos dentes


Aparelho totalmente montado
posteriores

Colagem dos braquetes

Nos primeiros dias, é normal que o paciente estranhe um pouco o aparelho.


Normalmente o prazo de adaptação inicial é de uma semana.

Você poderá escolher sua cor preferida para o elástico do aparelho fixo ou a cor do
aparelho removível e da caixinha aonde você irá guardá-lo.

A Manutenção:

Nesta fase é que o aparelho que foi instalado começa a funcionar. Você precisará
comparecer ao Consultório 1 a 2 vezes por mês. Mas cada visita sua será
fundamental para vermos se tudo vai bem, para corrigirmos alguns detalhes do seu
aparelho e fazer os ajustes necessários. Esperamos que todas as suas visitas sejam
agradáveis e que a sua convivência com as pessoas da nossa equipe seja bastante
gratificante!

A Contenção:

Depois de corrigida a posição dos dentes, é necessário mantê-los imobilizados durante


um determinado tempo. Seu organismo formará osso em volta dos dentes que foram
movimentados estabilizando-os em sua nova posição. A contenção é feita através de um
aparelho removível instalado na arcada superior e um aparelho removível ou fixo na
arcada inferior, dependendo do tipo de má oclusão. O uso correto dos aparelhos de
contenção é fundamental para manutenção dos resultados obtidos.
69
O tempo de manutenção varia de paciente para paciente e depende do tipo de tratamento
que foi executado, mas em média gira em torno de 6 meses o dia inteiro e 6 à noite para
arcada superior. Na arcada inferior a contenção pode precisar ficar de 6 meses até 5
anos no caso dos contensores fixos. Este tipo de contensor fica "colado por trás dos
dentes e não é visível por fora da boca.

Alguns movimentos de dentes tem uma alta tendência a recidiva, ou seja, os dentes
tendem a voltar a posição original e mesmo após removida a contenção alguns dentes
podem mudar de posição.

Aparelho de contenção superior Contenção inferior

Como higienizar meu aparelho ortodôntico?

70
A limpeza é dificultada durante o tratamento ortodôntico. Por isso é necessário que se
siga as orientações do seu ortodontista para evitar lesões de cárie e inflamações
gengivais durante o tratamento ortodôntico.

1) No lado de fora de todos de todos dentes e


no lado de dentro dos dentes de Trás, posicione
a escova num ângulo de 45o na linha da
gengiva e faça pequenos movimentos de vai-e
vem.

2) Introduza as cerdas da escova entre os dentes


e o fio metálico.Faça isto com as pontas viradas para baixo e depois para cima.

3) Na parte de dentro dos dentes da frente, use a


escova na vertical com movimentos para cima e
para baixo.

4) Escove a parte de cima da língua.

71
5) Você pode usar uma escova interdental, limpando os espaços entre os dentes e ao
redor do aparelho ortodôntico.

6) Após as refeições, além da escovação, limpe os dentes com um fio dental de ponta
regida ou utilize fio normal com a ajuda de um passa-fio. Não utilize palitos de dentes,
eles podem danificar o aparelho ortodôntico.

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE TRATAMENTOS ORTODONTICOS


Como o aparelho fixo funciona?

O aparelho fixo movimenta os dentes pela aplicação de força. A peça que é colada no
dente é chamada de bracket, é ele que permite que o ortodontista aplique uma
determinada força nos dentes através dos arcos e acessórios. O arco é aquele fio
metálico que passa pelos brackets e é o principal responsável pela movimentação
dentária. Os arcos podem ter calibres diferentes e ser de ligas metálicas diferentes
também, dependendo da função. As ligaduras são aquelas borrachinhas coloridas que
servem para fixar o arco aos brackets que por sua vez estão colados nos dentes. É assim
que o arco movimenta os dentes. Usando acessórios (molas e elásticos) e dobras no
arco, o ortodontista consegue fazer com que os dentes se movimentem, corrigindo os
problemas estéticos e funcionais da boca.

72
Abaixo você pode ver o aparelho fixo em detalhes:

Imagens do aparelho fixo

Aparelho Fixo Visão Lateral Aparelho Fixo Visão Frontal Aparelho Fixo Visão Oclusal

Qualquer pessoa pode fazer esse tipo de tratamento?

É necessário apenas que a pessoa tenha boa saúde bucal, sem cáries ou problemas
periodontais (sangramento gengival, por exemplo). Se uma pessoa precisa de tratamento
ortodôntico, ela deve antes fazer uma consulta com um dentista clínico para avaliar a
saúde da boca.

Que exames eu preciso fazer para iniciar o tratamento?

Isso depende do ortodontista, mas geralmente são pedidas radiografias e fotografias da


face e da dentição, além dos modelos em gesso das arcadas. Você faz toda esta
documentação ortodôntica em um único lugar que é indicado pelo seu ortodontista.

Como os brackets são colados nos dentes?

Eles são colados com um material muito parecido com aquele usado para fazer
restaurações da cor dos dentes: a Resina Composta. E a colagem não causa nenhum
dano ao esmalte dos dentes.

O arco é colocado no mesmo dia da colagem dos brackets?

O ideal é que sim, para que o aparelho fique mais confortável. O ortodontista coloca o
arco na posição e fixa aos brackets com as ligaduras de borracha.

73
Todo aparelho precisa das borrachinhas para prender o arco?

Não, existem os brackets auto-ligados que dispensam as ligaduras elásticas, pois o


próprio bracket possui uma pequena peça metálica que fixa o arco:

Eu posso ter cáries ou manchas nos dentes por causa do aparelho?

Se houver cuidado com a higiene, não há problemas, basta seguir as orientações do seu
ortodontista e usar corretamente a escova e o fio dental. A limpeza é mais difícil durante
o tratamento, mas só depende de você ter os dentes sempre limpos e a gengiva livre de
sangramentos desagradáveis.

O importante é limpar bem em volta dos brackets dando uma atenção especial à área
mais próxima à gengiva. Siga as instruções abaixo:

Higiene Bucal

Use a escova de maneira que Use a escova inter-dental Passe o fio dental pelo arco
as cerdas entrem nos para fazer a limpeza entre e limpe a face do dente
intervalos do aparelho fixo os brackets próxima à gengiva

Ele machuca muito?

No início, enquanto as bochechas e lábios ainda não se acostumaram com ele, pode ser
necessário usar a cera de proteção para evitar aftas. Ela impede que os brackets fiquem
em atrito com a mucosa bucal. Depois do primeiro mês, geralmente a mucosa se adapta
e o incômodo termina. Há ainda a situação em que os brackets são colados, mas o arco
não é colocado. Neste caso, a boca pode se machucar mais. Abaixo, imagens
demonstram a aplicação da cera:

Proteção das Mucosas

A cera protetora pode ser Faça uma pequena bolinha Se for necessário use um
usada para evitar o com um pedaço do bastão de bastão inteiro para proteger
aparecimento de aftas cera da caixinha uma área maior
74
Em média, quanto tempo dura o tratamento?

Normalmente dura em torno de dois anos, podendo variar de acordo com o caso. O
prazo do tratamento só pode ser definido com precisão após a avaliação do ortodontista.

É verdade que se eu tiver consultas a cada quinze dias o tratamento avança mais rápido
do que se as consultas forem mensais?

Ao movimentar os dentes, precisamos respeitar os limites biológicos para evitar lesões


nas raízes. Se a solução fosse diminuir os intervalos entre as consultas, todos os
ortodontistas estariam terminando seus casos em um ano ou menos. O importante é
obter o resultado dentro do prazo proposto no início do tratamento e que este resultado
tenha estabilidade. Consultas quinzenais ou mensais vão variar de acordo com o
ortodontista, com o problema do cliente e com o estágio em que o tratamento se
encontra.
Por que algumas pessoas precisam extrair um ou mais dentes antes do tratamento
ortodôntico?

Simplificando, podemos dizer que as extrações são recomendadas quando não há osso
suficiente para acomodar todos os dentes. O ortodontista vai decidir extrair ou não,
dependendo do estudo do caso que é feito na documentação ortodôntica (radiografias,
modelos, etc.). Extrair dentes é um ótimo recurso quando bem indicado, mas, se for mal
planejado, pode comprometer o resultado. Por outro lado, não fazer as extrações quando
é necessário também pode levar o tratamento ao fracasso.

Imagens de um caso com extrações de pré-molares superiores, que estão marcados com
o X vermelho

75
Nas imagens, as setas azuis mostram o espaço fechado depois das extrações

Os dentes podem sair da posição depois que o aparelho fixo é removido? Eu vou
precisar de aparelho móvel?

No momento em que cliente e ortodontista concordam que o resultado final foi


alcançado, o aparelho fixo é desativado por aproximadamente seis meses a fim de
permitir a recomposição do osso em torno das raízes dos dentes. Após este período, ele
é removido e substituído pela placa de contenção (na arcada superior), que deverá ser
usada para dormir durante um ano. Mais do que "segurar" os dentes no lugar, a placa de
contenção serve como um gabarito da sua arcada ao final do tratamento. Se algum
tempo depois ela não se adapta normalmente à sua boca, é por que alguma coisa saiu do
lugar, certo? Nesta situação, o cliente vai entrar em contato com o ortodontista e marcar
uma consulta o mais rápido possível para diagnosticar a causa do problema. Mas é
importante frisar que a estabilidade do resultado é obtida com o aparelho fixo, a placa
de contenção é um instrumento de controle do cliente.

A contenção inferior é fixa e colada por trás dos caninos inferiores mantendo os dentes
firmes na posição já que esta área é bem mais instável que a superior.

Também é muito importante fazer ao menos uma consulta anual com o seu ortodontista
para monitorar a estabilidade do caso e evitar surpresas desagradáveis como dentes
saindo da posição.

Abaixo, imagens demonstram o uso da placa de contenção superior:

Contenção pós-tratamento

A placa de contenção superior Placa de contenção superior Contenção inferior fixa


é um aparelho removível. posicionada na boca. colada de canino a canino

76
FLUOROSE DENTÁRIA

A partir do final do século XIX dentistas chamaram a atenção para populações restritas
com mancha mento dos dentes com coloração marrom. Descobriram que a causa deste
defeito nos dentes estava associada à presença natural de flúor na água de abastecimento
público e ao mesmo tempo em que estas populações tinham um baixo índice de cáries.
Desde então milhares de conferências e estudos científicos são desenvolvidos para
entendermos os mecanismos de ação do flúor e seu efeito na prevenção de cárie, ação
sistêmica e ação tópica de flúor, a distribuição do flúor no corpo humano, ingestão
apropriada do flúor nos dias atuais e o seu risco de toxicidade.

E O QUE É FLUOROSE DENTAL?


A fluorose dental é um defeito estético no esmalte sob forma de estrias, pontos ou
manchas na cor branco-opaco até amarelo ou marrom provocadas pelo excesso de flúor
ingerido durante longos períodos (toxicidade crônica).

77
Ocorre durante a odontogênese ou processo de formação dos dentes. Este processo
inicia a partir do 1º trimestre de gravidez, quando se inicia a mineralização dos incisivos
decíduos, até aproximadamente os 8 anos de idade, quando se formam os segundos
molares permanentes. Sua severidade e distribuição depende da concentração do
flúor, durante quanto tempo foi ingerido, estágio de formação do esmalte e de
variações individuais em relação à suscetibilidade. Porém outros fatores também
importantes influenciam a severidade da fluorose como: estado nutricional, baixo peso
corporal, períodos de crescimento e remodelamento ósseo, altitude e alteração da
atividade renal.

COMO OCORRE A FLUOROSE, COMO O FLÚOR É ABSORVIDO PELO


ORGANISMO?
Quando uma solução fluoretada passa pela boca, uma parte interage com as estruturas
dentais por contato e uma pequena parte é absorvida através da mucosa bucal. Da
quantidade ingerida, no trato gastrointestinal sua absorção ocorre principalmente no
estômago. A quantidade e a composição dos alimentos no estômago no momento da
ingestão do flúor determinarão a quantidade e o índice de absorção do flúor. Se o
estômago estiver preenchido com alimentos parte do flúor será excretado nas fezes e
não será absorvido. Mas se qualquer forma de flúor for ingerida com estômago vazio,
geralmente haverá completa absorção. Outra porção do flúor cai na corrente sangüínea,
deposita-se nos tecidos mineralizados do corpo principalmente nos ossos. Finalmente, o
restante é excretado pela urina, fezes e suor e uma pequena quantidade retorna à
cavidade bucal, através da saliva e fluido gengival.

No Brasil, uma grande parcela da população tem contato com o flúor através da forma
sistêmica (fluoretação da água de abastecimento público, do leite, do sal, medicamentos
com flúor, alimentos e bebidas com alto teor de flúor) e da forma tópica (cremes
dentais, géis e fluoretos como soluções para bochechos). Com tantas fontes de flúor ao
alcance da população se faz necessário um controle e monitoramento das empresas que
fornecem e distribuem a água e através da vigilância sanitária critérios rígidos no
controle dos alimentos e bebidas que contenham flúor.

A AÇÃO TÓXICA DO FLÚOR PODE SER DIVIDIDA EM DUAS SITUAÇÕES:


AGUDA OU CRÔNICA
A toxicidade aguda ocorre quando uma grande quantidade de flúor é ingerida de uma só
vez. Preocupamos-nos portanto com os riscos que as crianças podem correr se alguns
cuidados não são tomados. Então vejamos: para maior segurança foi sugerido dose de
segurança, chamada de dose provavelmente tóxica. Esta dose estimada em 5,0mgF/K.

A toxicidade crônica acontece quando pequenas quantidades de flúor (dpt= 0,05 a 0,07
mgF/kg/dia) sistêmico ou tópico ocorrem durante longos períodos causando o mancha
mento do esmalte ou fluorose dental. O período de desenvolvimento em que os dentes
estão mais sujeitos à fluorose parece ser entre 22 e 26 meses de idade perdurando o
risco até 5,5 anos de idade. Nem todos os dentes são igualmente afetados pela fluorose
dentária. Os dentes menos afetados são os incisivos e primeiros molares permanentes,
ao passo que os pré-molares e outros molares permanentes são os mais gravemente
78
afetados.

CUIDADOS COM O USO DE FLUORETOS E CREMES DENTAIS


Crianças menores de 5 anos de idade ainda têm dificuldades em controlar a deglutição,
logo também não sabem enxaguar, cuspir ou expectorar corretamente. Nessa faixa etária
as crianças ingerem cerca de 30% da quantidade do creme dental usado. Se escovarmos
de 2 a 3 vezes ao dia e a quantidade de creme dental for maior do que uma ervilha, esta
quantidade é de risco considerável para fluorose. Não esquecendo que além do creme
dental ingerido também temos o consumo da água fluoretada e outras fontes.

No Brasil todos os dentifrícios devem conter uma concentração mínima de 600 ppm de
flúor pelo prazo de 1 ano, a partir da data de fabricação. A maioria dos cremes dentais
contém entre 1000 e 1500 ppm de flúor e estão sob vigilância sanitária.

Segundo pesquisas o uso de dentifrícios fluoretados antes de dois anos de idade é


responsável por 72% dos casos de fluorose. Por este motivo os pais devem
supervisionar na escovação tanto a limpeza como a quantidade de creme dental
utilizado.

Atualmente recomenda-se utilizar o creme dental com flúor uma vez ao dia na
quantidade de um grão de arroz com a presença dos molares decíduos em boca, o que
ocorre por volta dos 18-24 meses da criança. Mas estando a criança com uma
alimentação equilibrada e assistida pelo dentista esta poderá utilizar o creme dental sem
flúor até que o profissional indique o momento de trocar para o creme dental com flúor.
Desta forma a criança correrá menor risco de fluorose.

79
FLUOROSE DENTÁRIA

A descoloração excessiva dos dentes, prejudicando acentuadamente


a estética do sorriso, tem mais incidência nos dentes permanentes
afetando sobremaneira as crianças, e se prolonga nos adultos jovens
e adultos, por falta de orientação e tratamento adequado para
solucionar os danos nos dentes permanentes.

Essa descoloração, que se caracteriza pelos tons que se estende do branco ao marrom,
podendo chegar a manchas pretas, são evidências de alteração estrutural nas células de
formação dos dentes, particularmente as células que compõem o esmalte dental, a esse
processo patológico denominamos, FLUOROSE DENTAL.

Particularmente essa patologia no esmalte dental está relacionada à


ingestão excessiva de flúor nos primeiros anos de vida, o esmalte
apresenta além das manchas acima citadas, uma porosidade
superficial característica e uma descamação superficial dessas células formadoras.

Alterações emocionais também são observadas no comportamento das crianças e adultos


afetadas pela FLUOROSE DENTAL, o estresse emocional, constrangimento e perda da auto-
estima.

Pesquisas recentes apontam também que a taxa de fratura óssea nas crianças com
FLUOROSE DENTAL, são maiores que as taxas observadas em crianças sem FLUOROSE
DENTAL.

FORMAS DE TRATAMENTO DA FLOROSE DENTÁRIA

Atualmente técnicas modernas de tratamento têm oferecido considerável conforto estético e


emocional aos pacientes acometidos pela FLUOROSE DENTÁRIA.

O tratamento, nos casos mais leves de alterações na cor do esmalte, conforme ilustrado nas
fotos, nesses casos de leve alteração da cor, podemos iniciar com um leve desgaste com
brocas de baixíssima abrasividade dessa região com alteração de cor e depois de adequado
tratamento da superfície desgastada fazermos a aplicação de resinas
com maior composição de sílica , componente básico da porcelana
que confere ao dente bons resultados estéticos e estruturais.

Nos casos onde a FLUOROSE DENTÁRIA, se apresenta com grau


que pode variar de média a severa intensidade. Optamos pela
aplicação dos chamados laminados cerâmicos, recobrindo
totalmente a superfície coronária afetada, com excelente resultado
estético.

80
CÂNCER DE BOCA: SAIBA MAIS

Ao contrário de certas neoplasias malignas que só se tornam perceptíveis ao atingir


grandes extensões, o câncer bucal por ser um tumor praticamente externo, pois ocorre
de forma localizada no epitélio que reveste toda a mucosa oral, é passível de ser
detectado tanto pelo paciente, através do auto-exame, como pelo profissional durante o
exame clínico de rotina, viabilizando-se, assim, o diagnóstico precoce e o tratamento
com o mínimo de seqüelas. O diagnóstico precoce do câncer bucal interfere de forma
decisiva na efetividade dos recursos terapêuticos e no tempo de sobrevida do paciente.
Quando a neoplasia da cavidade da boca é detectada em sua fase inicial, o índice de
sobrevida aumenta de forma considerável. O diagnóstico na fase inicial da doença,
combinado com um tratamento adequado, parece ser o método mais eficaz para o
controle do câncer bucal.

No Brasil, 50 a 60% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço comparecem para a
primeira consulta sem possibilidades de tratamento cirúrgico, restringindo, assim, a
utilização de uma das armas mais eficientes no tratamento desta doença.

A American Cancer Society estima que para tumores menores que 1,5cm de diâmetro a
taxa de sobrevivência em cinco anos é de 59%, enquanto para tumores maiores de
3,0cm esta taxa é apenas de 17%. Além disso, o preço pago pelos pacientes que
conseguem sobreviver é a mutilação, na grande maioria das vezes com seqüelas difíceis
de serem solucionadas em curto prazo, dificultando com isso a reintegração social do
paciente.

CONCEITOS

Tumor pode ser empregado para designar qualquer proliferação anormal de


tecido seja ela benigna ou maligna.

Neoplasia é conceituada, pela maioria dos tratados de patologia, como sendo


uma massa anormal de tecido, sem nenhum propósito e autônoma, cujo
crescimento ultrapassa os limites dos tecidos normais, e persiste, da mesma
maneira excessiva, após a cessação dos estímulos que produziram a mudança.

Tumor benigno é uma proliferação anormal e ilimitada de células (neoplasia),


semelhantes as do tecido de origem, que permanece restrita ao seu local de
origem, ou seja, não invade e nem destrói o tecido normal vizinho e também não
se espalha para locais distantes do corpo. Exemplos: papiloma, fibroma, lipoma
etc.

Tumor maligno refere-se à proliferação anormal e ilimitada de células


(neoplasia), diferentes das células de origem, capaz de invadir, tanto o tecido
normal circunvizinho destruindo-o, como se espalhar pelo corpo através do
sistema circulatório ou linfático (metástases). Ex: carcinomas, sarcomas,
leucemias, linfomas etc.

O termo câncer é a tradução latina da palavra grega carcinoma que significa: crustáceo,
81
caranguejo. Foi usado pela primeira vez por Galeno (138-201 DC) ao observar um
tumor de mama feminina; a deformidade e o intumescimento das veias da região
causado pela doença era de tal ordem que lembrava, de forma figurada, a imagem de um
caranguejo.

EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER BUCAL

Morbidade

O câncer bucal é o sexto tipo de câncer mais comum em todo mundo com uma
participação aproximada de 6% dos casos de câncer diagnosticados anualmente. A taxa
de incidência desta doença vem caindo em alguns países, mas apresenta uma grande
variabilidade mundial, sendo quase o dobro em países desenvolvidos em relação aos
países em desenvolvimento.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima para o ano de 2005 que, no Brasil,
devem ocorrer 467.440 casos novos de câncer, considerando todos os tipos e as diversas
localizações. Neste universo, o câncer bucal tem uma participação aproximada de 3%,
já que 13.880 pessoas deverão desenvolver a doença.

Mortalidade

Com relação à mortalidade, os dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da


Saúde indicam que no ano de 2002, 13% dos óbitos em geral ocorreram por conta das
neoplasias malignas, ou seja, 128.162 mortes. A categoria câncer de lábio, cavidade
oral e faringe teve uma participação de 4% em relação aos óbitos por neoplasia
malignas totalizando 5.100 casos.

Gênero

Existem diferenças marcantes na incidência do câncer bucal segundo o gênero, sendo o


masculino o mais afetado. Em países em desenvolvimento, esse tipo de câncer
representa o quinto mais freqüente na população masculina, e o sétimo na feminina. No
sul da Ásia, é o primeiro câncer em incidência entre os homens. Estimativas do INCA
para o Brasil em 2005 apontam que o câncer bucal deverá ser o 6o câncer mais freqüente
no homem e o 8o na mulher.
Mundialmente, a razão de gênero é de 2:1, enquanto que na América do Sul essa razão é
de 3:1. No Brasil, com relação ao gênero verifica-se uma razão de 2,6 casos em homens
para 1,0 caso em mulheres. No passado, esta relação já foi bem maior atingindo uma
proporção ao redor de 5:1. Atualmente, verifica-se um estreitamento dessa relação, é
provável que isto se deva a incorporação, pelas mulheres, de certos hábitos que eram um
―privilégio‖ dos homens, como o fumo e o álcool.

Idade

O fator idade é fundamental no estudo do câncer bucal, uma vez que aumenta as
possibilidades de contato e o tempo de exposição aos agentes carcinogênicos à medida
que o indivíduo avança em idade.
82
O câncer, em geral, é uma doença de meia-idade e idade avançada, sendo raro nas
crianças e adultos jovens. No Brasil, ao se analisar a distribuição por faixa etária,
verifica-se que sua concentração está acima dos 40 anos. No Estado de São Paulo numa
série histórica de 1975 a 1984, a análise dos coeficientes de mortalidade por câncer
bucal ajustados pela mortalidade geral, revela que a faixa etária de maior percentual
(15,16%) foi a de 50 a 54 anos, seguida pela de 55 a 59anos, com 13,66%.

Pesquisas realizadas nesse campo levam a acreditar que no futuro poderá haver uma
ampliação das faixas etárias para os casos de câncer bucal no Brasil, em particular em
São Paulo, por se tratar de uma cidade de alto risco em relação aos agentes
carcinogênicos.

As neoplasias malignas da cavidade da boca continuam sendo mais freqüentes na quinta


e na sexta década de vida, mas, têm mostrado uma tendência de crescimento em idades
menos avançadas. O câncer da cavidade oral e da faringe em adultos jovens, até 40
anos, apresenta prognóstico ruim, com uma média de sobrevivência de 3 anos em 17%
dos casos.

CARCINOGÊNESE

O câncer é uma doença multifatorial, na verdade o seu aparecimento depende da


interação, durante um período de tempo variável, de uma série de fatores, alguns de
natureza genética, outros ambientais. Os estágios mais importantes desse processo são:
a indução, promoção e a progressão.

Na fase de indução ou iniciação, as agressões promovidas pelos carcinógenos primários


são dirigidas contra o DNA genômico acarretando alterações das bases que formam esta
estrutura levando a mutações gênicas. As células cujo material genético foi alterado
passam a receber instruções erradas para as suas atividades.Essas alterações gênicas
ocorrem pela ativação dos proto-oncogenes em oncogenes e inibição de genes
supressores de tumor, em especial o p53, responsável pela estabilidade genômica,
controle da proliferação celular, reparo do DNA e apoptose. Este evento de indução se
processa de forma rápida, tem caráter irreversível e é dose dependente, embora sem um
limiar mensurável.

Na fase de promoção os carcinógenos secundários ou oncopromotores atuando sobre a


célula induzida incrementam a proliferação celular – este aumento da atividade pode
fazer com que se alterem outros mecanismos da função celular como a diferenciação -, a
célula mutante então é transformada em célula maligna de forma lenta e gradual. Para
que estes fenômenos aconteçam, é necessário um tempo relativamente longo, pois a
repetição ou a continuidade da exposição ao agente, é essencial, embora não tenha um
caráter cumulativo. Caso haja a interrupção da exposição, o processo torna-se
reversível, ou seja, cessando os estímulos à proliferação, diminuem as possibilidades
para que ocorra a transformação celular, uma vez que em situação de não divisão, o
DNA é bastante estável. No entanto, ao se reproduzir, a célula previamente induzida,
pode desrespeitar pelo menos alguns dos controles reguladores de crescimento que
operam as células normais dos tecidos, como resultado, surgirão células com uma maior
83
autonomia, que seletivamente superam suas progenitoras, podendo dar origem a um
clone de células neoplásicas com potencial invasivo e metastático.

Na fase de progressão, é quando ocorre a transformação maligna propriamente dita,


este estágio se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células
alteradas. A taxa de crescimento acelerada e a autonomia crescente dessas células fazem
com que o tumor cresça por infiltração progressiva, invada e substitua os tecidos de
áreas subjacentes, não reconheça os limites anatômicos das estruturas e pode ainda, por
disseminação linfática, sangüínea ou mesmo pelos espaços perineurais, provocar
neoplasias a distância, formando as metástases e eventualmente levar o indivíduo à
morte.

Os fatores de natureza física, química ou biológica que tenham potencial para provocar
alterações no genoma ou incrementar a proliferação celular são denominados de
carcinógenos ou cancerígenos. Estes podem ser classificados como iniciador, se causa
dano genético nas células, e promotor, se estimula a taxa de crescimento celular. São
denominados de carcinógenos completos, se atuam, de forma conjunta, como iniciador e
promotor.

Contrapondo-se às agressões, existem mecanismos naturais de defesa que protegem o


indivíduo evitando a ocorrência de doenças, inclusive os cânceres. Na grande maioria
das vezes, as alterações celulares produzidas ao longo da vida do indivíduo são
interrompidas ou, até mesmo, se o dano for significativo, a célula alterada é eliminada.
Os mecanismos que concorrem para esse feito e que variam de indivíduo para indivíduo
são: a integridade do sistema imunológico, a capacidade de reparo do DNA danificado
por carcinógenos, e a ação de enzimas responsáveis pela transformação e eliminação de
substâncias cancerígenas. Havendo a supressão de algum desses mecanismos, implica
num aumento do risco de câncer.

PRINCIPAIS AGENTES CARCIOGÊNICOS RELACIONADOS AO CÂNCER


BUCAL

Tabaco

A relação entre o tabaco e o câncer foi estabelecida há mais de 200 anos, sendo hoje
considerado como o principal agente carcinogênico, que pode aumentar sobremaneira o
risco do indivíduo aos cânceres de pulmão, laringe, cavidade oral, faringe, esôfago,
pâncreas e bexiga.
O tabaco é um carcinógeno completo, porque tanto tem a capacidade de lesar o DNA
celular, através das substâncias genotóxicas produzidas pela sua combustão, induzindo a
efeitos mutagênicos, como estimula a proliferação celular pela sua ação irritativa. Já
foram identificadas no tabaco e na fumaça que desprende dele por volta de 4.700
substâncias tóxicas, das quais 60 apresentam ação oncogênica conhecida, dentre elas, os
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, isolados das fases gasosa e particulada do
fumo, os quais se constituem num dos principais elementos com poderes carcinogênicos
indutores. Além desses, as nitrosaminas voláteis e aromáticas, formadas através de
aditivos químicos na cultura do tabaco e no ato de fumar também exercem ações
carcinogênicas.
84
Com relação ao câncer bucal, há que se destacar, ainda, o efeito promotor da injúria
térmica provocada na mucosa oral decorrente da combustão do tabaco, principalmente
nos fumantes de cachimbo, cigarro de palha e naqueles que tem o hábito de fumar
invertido. Embora, no Brasil, o hábito de fumar invertido não seja comum, constata-se
em populações que adquiriam esse hábito um aumento na incidência de leucoplasia em
palato e câncer na mesma região – a brasa do cigarro pode atingir 884o C e a sua
proximidade com a mucosa oral causa danos significativos. Também deve ser
considerada nesta questão a injúria mecânica derivada do atrito constante do papel,
estrias da palha e boquilha do cachimbo na semimucosa labial.

Álcool

A maneira como o álcool atua na produção do câncer não está completamente


esclarecida, no entanto, é indiscutível que esta substância desempenha uma ação
irritativa local pelo contato direto do etanol e seus metabólitos, os aldeídos, com a
mucosa oral, estimulando a proliferação celular. Um outro aspecto que tem sido
considerado é o poder desidratante e solvente do álcool facilitando a entrada e a ação
agressora de outras substâncias, por exemplo, aquelas provenientes do tabaco. Os
efeitos indiretos provocados pelo álcool, também têm sido estudados na carcinogênese,
em especial o imunossupressor e o nutricional, este último conseqüente da cirrose
hepática e da subnutrição comuns nos indivíduos alcoólicos, os quais se refletem na
constitucionalidade dos tecidos deixando-os mais frágeis e vulneráveis às ações dos
carcinogênicos.

A concentração do álcool nas bebidas fermentadas é menor que nas bebidas destiladas.
A cerveja apresenta cerca de 5% de álcool, a cachaça 50%, o whisky 40%, o vinho 18%.
Portanto, bebedores de cachaça possuem maior risco de dano celular que os bebedores
de cerveja. O alcoólatra em relação aos pacientes que bebem ocasionalmente possui 15
vezes mais risco de aparecimento de câncer de boca.

Há alguns anos os epidemiologistas verificaram que a associação do hábito de fumar e


ingerir bebidas alcoólicas aumenta o risco do desenvolvimento do câncer bucal, ou seja,
pior que o efeito carcinogênico isolado promovido pelo álcool ou pelo tabaco, é a
associação dessas substâncias. Estima-se que quando o álcool e tabaco estão associados,
o risco relativo é potencializado, em até 141,6 vezes mais, quando o consumo dessas
substâncias é alto e prolongado.

Radiações

A radiação ionizante é um dos carcinógenos que tem a propriedade de lesar diretamente


o DNA celular, induzindo a mutações gênicas, levando a transformação celular.

Uma forma de radiação ionizante a que o homem se expõe é aquela emanada por
aparelhos de raios-x, o qual é submetido algumas vezes de forma excessiva. A
radioatividade decorrente de explosões nucleares constitui-se num sério risco à
humanidade, haja vista os efeitos devastadores ocasionados na população de Nagasaki e
Hiroshima, por ocasião da explosão da bomba atômica.
85
A radiação solar, embora não ionizante, desempenha um importante papel
carcinogênico para os casos de câncer de pele e lábio, em especial naqueles indivíduos
de pele clara. Sabe-se que os raios médio ultravioleta (UVB), componentes dos raios
solares, cujo comprimento de onda oscila entre 290 a 320 nanômetros, têm ações
eritematosas, congestivas e carcinogênicas.A exposição repetitiva ao sol sem a devida
proteção pode, depois de 15 a 30 anos, ou até menos, levar ao aparecimento de lesões
hiperqueratóticas, que podem desenvolver câncer de pele e na semimucosa de lábio
inferior.O uso de protetores solares e a não exposição ao sol entre as 10h e 16h, período
onde há uma grande concentração desses raios, constituem-se formas elementares de
prevenção ao câncer de pele e lábio inferior .

Vírus

Com relação ao câncer bucal, diversos vírus já foram sugeridos como portadores de
potencial oncogênico, destacando-se dentre eles o vírus do herpes simples (HSV) e mais
recentemente o vírus do papiloma humano (HPV). Embora não haja comprovação para
se afirmar que exista esta associação, colecionam-se indícios de que o HPV pode
desempenhar um papel importante na carcinogênese bucal principalmente quando
associado a outros fatores como o fumo, álcool e imunodeficiências.

Sabe-se que o HPV replica-se na camada basal do epitélio e o acesso para esta região
mais profunda é feito através de lesões e/ou abrasões que ocorrem na superfície
epitelial. Embora mais de 100 tipos de HPV já tenham sido identificados, os tipos 6, 11,
16 e 18 são os apresentam uma maior relação com a carcinogênese. A ação dos HPV 16
e 18, por exemplo, está associada às oncoproteínas E6 e E7, as quais agem seqüestrando
e degradando proteínas supressoras de tumor como a p53 e a pRb, respectivamente.

FATORES DE RISCO RELACIONADOS AO HOSPEDEIRO

O termo fator de risco refere-se ao perigo ou à probabilidade de perigo, e pode ser


entendido como o fator que possibilita ou é responsável pelo dano.

Fatores genéticos

O estudo do fator genético envolvendo o câncer de boca é pouco discutido na literatura.

No entanto, quando há história familiar de câncer, os fatores genéticos devem ser


considerados como os mais prováveis responsáveis pelo risco. Esses fatores quando
associados aos hábitos de vida, como o tabaco e o álcool, podem interagir e aumentar o
risco para o câncer bucal. A grande dificuldade dos estudos é conseguir separar a
influência da hereditariedade e dos fatores ambientais compartilhados.

Estado nutricional

Deficiências nutricionais constituem fator importante na ocorrência de câncer bucal.

Um dos indicativos de qualidade de vida é sem dúvida o grau de nutrição. Uma


86
alimentação balanceada, isto é, equilibrada nos seus constituintes energéticos,
construtores e reguladores, é fundamental para uma vida saudável. O excesso, a falta ou
defeito no metabolismo de qualquer nutriente seja carboidrato, lipídio, proteína,
vitamina ou mineral, pode ser prejudicial ao organismo, podendo levar a alterações
constitucionais dos tecidos, deixando-os mais susceptíveis à ação dos carcinogênicos.

Estudos têm comprovado que de 2 a 5% do oxigênio que respiramos se transformam em


radicais livres, e estes têm sido implicados com diversas doenças degenerativas,
inclusive o câncer. As únicas substâncias que podem quebrá-los são as vitaminas E, C e
betacaroteno, por este motivo o consumo de verduras e frutas cítricas tem sido
recomendado na prevenção do câncer.

Imunodeficiências

Estudos têm apontado, que o estado de imunodeficiência está relacionado com o


aumento de ocorrência de câncer de uma maneira geral. É antiga a citação da literatura,
que pacientes submetidos a transplantes de órgãos, e por conseqüência, medicados por
longo tempo com drogas imunossupressoras, têm risco aumentado para desenvolver
cânceres, inclusive da cavidade bucal. Com o aparecimento da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS), tem-se constatado que cerca de 4% desses
pacientes desenvolvem carcinoma espinocelular na boca, o que é significativamente
maior do que o risco da população, que está em torno de 0,008%. O sarcoma de Kaposi,
neoplasia maligna rara, que se origina a partir das células endoteliais, teve a sua
incidência bastante aumentada com o advento da AIDS, onde 30% dos pacientes
desenvolvem este tumor, sendo que a metade dessas lesões se expressa na cavidade
bucal.

OUTROS FATORES DE RISCO

Condições cancerizáveis

Condição cancerizável, é sempre relativa a uma situação sistêmica. Essas alterações


aumentam o risco do indivíduo ao câncer bucal, quer pelas suas características de
promover uma redução das defesas imunológicas do indivíduo, como as relatadas nas
imunodeficiências, ou por fragilizar os tecidos induzindo alterações na mucosa bucal,
em especial as atróficas, como acontece nas deficiências nutricionais tanto por carência
como por defeito no metabolismo, nas anemias, na diabetes etc...

Lesões cancerizáveis

São alterações teciduais que podem se transformar em tumor maligno a qualquer


momento, mas que podem permanecer no estágio não maligno por um tempo
indefinido, e até mesmo nunca se transformar, principalmente se for evitado estímulos
nocivos sobre o tecido já doente.

O tratamento deve ser adequado às necessidades de cada caso em particular, tendo por
base os resultados esperados de tempo e qualidade de sobrevida. Cada vez mais o
paciente tem participado da decisão terapêutica após esclarecimento dos riscos e
87
benefícios de cada uma das alternativas de tratamento.

O estadiamento clínico é a verificação da doença antes de se empreender o tratamento


do paciente e tem por finalidade a escolha da terapêutica mais adequada.

O sistema de estadiamento usado no Brasil é o mais conhecido e foi desenvolvido pela


União Internacional Contra o Câncer (UICC) e pela American Joint Committee (1997).
Ele é conhecido como sistema TNM, onde T significa tumor primário; N, linfonodos
regionais; e M, metástase distante.

A classificação que se segue é aplicada para os casos de carcinoma epidermoide da


cavidade bucal:

T - Tumor primário

T1S - Carcinoma in situ

T1 - Tumor (medindo 2 cm ou menos em seu maior diâmetro)

T2 - Tumor (medindo mais de 2 e menos de 4 cm em seu maior diâmetro)

T3 - Tumor (medindo mais de 4 cm em seu maior diâmetro)

N - Linfonodos regionais

N0 - Linfonodos cervicais (clinicamente não palpáveis ou palpáveis sem suspeita de


metástases)

N1- Linfonodos cervicais (homolaterais ou bilaterais com suspeita de metástases)

N2 - Linfonodos clinicamente palpáveis (suspeita de metástases)

M - Metástases à distância

MO - Metástases à distância

M1- Evidência clínica ou radiográfica de metástases

Para carcinomas espinocelulares do estádio clínico I, as taxas de sobrevida em cinco


anos obtidas com tratamento cirúrgico ou com radioterapia são semelhantes. Nesses
casos, a escolha do método de tratamento depende das expectativas do paciente e dos
resultados funcionais que podem ser alcançados.

A radioterapia, apesar de oferecer o mesmo resultado oncológico, associa-se a


complicações importantes em longo prazo como a xerostomia, cáries de irradiação,
osteoradionecrose. Prefere-se a cirurgia nestes casos. Para tumores do estagio II, opta-se
88
pela cirurgia, enquanto para os tumores mais avançados (estádios III e IV) ressecáveis
associa-se a cirurgia à radioterapia.

Cirurgia

O tratamento cirúrgico envolve duas entidades: a lesão primária e os linfonodos


cervicais. De uma forma geral, o tratamento cirúrgico é indicado em algumas
circunstâncias:

• neoplasias malignas que não são radiossensíveis;

• casos de recorrência ao redor de áreas irradiadas;

• situações em que as seqüelas do tratamento por radiação possam ser maiores do que as
causadas pela cirurgia;

• neoplasias que envolvam tecido ósseo, linfonodos e glândulas salivares.

A cirurgia apresenta a vantagem de tornar possível o exame detalhado das margens da


lesão, o que permite determinar o momento de término do tratamento. Se a lesão for
removida cirurgicamente com margens adequadas, é razoável esperar-se pela cura do
paciente.

Entretanto, o tratamento cirúrgico apresenta a desvantagem de sacrificar estética e


funcionalmente importantes estruturas, como lábios, língua, mandíbula e, em alguns
casos especiais, o globo ocular. Por esse motivo, os tumores de localização intra-oral
toleram uma remoção de cerca de um a dois centímetros de largura, ao passo que em
outras localizações os tumores malignos permitem remoções de grandes extensões.

Para os casos com linfonodos cervicais metastáticos sempre se associa o esvaziamento


cervical radical (clássico ou modificado). Em casos de tumores com alto risco de
metastatização (risco de falso-negativos superior a 20%), mas sem metástases
clinicamente detectáveis, indica-se tratamento eletivo do pescoço. Nesses casos
utilizam-se os esvaziamentos cervicais seletivos do tipo supraomohióideo.

O tratamento de tumores da cavidade oral teve grande impulso com o desenvolvimento


de retalhos miocutâneos e reconstruções com enxertos microcirúrgicos revascularizados
ampliaram as possibilidades de reabilitação após grandes ressecções com segurança e
permitem reconstrução de grandes defeitos em um único tempo cirúrgico.

89
O QUE SÃO AFTAS E LESÕES BUCAIS?

O que são lesões bucais?

São inchaços, manchas ou feridas em sua boca, nos lábios ou na língua. Há vários tipos
de feridas e de enfermidades bucais. As mais comuns são as aftas, o herpes simples, a
leucoplasia (placa branca) e a candidíase (sapinho). Estes problemas serão abordados
abaixo. Se encontrar uma ferida em sua boca, não se preocupe. Cerca de um terço de
toda a população sofre ou sofrerá com isso em algum momento da vida. Contudo, as
irritações e inflamações bucais podem ser muito dolorosas e interferir na fala e na
mastigação. Qualquer ferida que persista durante uma semana ou mais deve ser
examinada pelo seu dentista. Às vezes, é recomendável que se faça uma biópsia
(retirada de tecido para ser examinado) para que se possa detectar a causa da ferida, e
para que se possa eliminar a possibilidade de doenças sérias como o câncer e AIDS.

Como saber se tenho uma ferida ou uma lesão bucal?

Os seguintes sinais podem indicar a existência de uma ferida ou lesão bucal:

Aftas são inflamações pequenas e brancas cercadas por uma área avermelhada.
As aftas não são contagiosas, mas muitas vezes são confundidas com herpes,
causado por um vírus contagioso. As aftas ocorrem dentro da boca,
principalmente em mucosa, enquanto o herpes aparece no lado de fora da boca,
por exemplo, no canto dos lábios. As aftas podem sumir e reaparecer. Podem
também ser pequenas ou grandes e aparecer agrupadas ou isoladas. As aftas são
comuns e recorrentes. Embora sua causa seja incerta, alguns especialistas
acreditam que estão ligadas a problemas do sistema imunológico, a bactérias ou
a vírus. Fatores tais como o estresse, trauma, alergias, cigarro, deficiências de
ferro ou vitaminas e tendências genéticas também tornam a pessoa mais
susceptível às aftas.
O herpes simples ou herpes labial se apresenta em grupos de bolhas dolorosas
que aparecem ao redor dos lábios e, às vezes, debaixo do nariz e ao redor do
queixo. Essas bolhas são causadas por um tipo de vírus e são altamente
contagiosas. A primeira infecção muitas vezes aparece em crianças, às vezes até
sem sintomas e pode ser confundida com um resfriado ou uma gripe. Uma vez
que a pessoa é infectada, o vírus permanece no corpo, causando, de tempos em
tempos, ataques recorrentes. Em algumas pessoas, porém, o vírus permanece
inativo.
A leucoplasia tem uma aparência esbranquiçada e pode aparecer no lado interno
da bochecha, na gengiva ou na língua. Muitas vezes é associada ao fumo, ao uso
de tabaco de mascar, embora outras causas incluam também dentaduras mal
ajustadas, dentes quebrados e mordidas na bochecha. Se considerarmos que mais
ou menos 5% dos casos de leucoplasia se tornam câncer* é possível que seu
dentista recomende uma biópsia. A leucoplasia muitas vezes desaparece quando
se abandona o tabaco.
90
A candidíase (ou sapinho) é uma infecção fúngica causada por cândida
albicans. Pode ser reconhecida por sua cor branca, amarelada ou avermelhada
nas superfícies úmidas da boca. Os tecidos situados sob a mancha podem ficar
muito doloridos. A candidíase é comum em pessoas que usam dentaduras, em
recém-nascidos, em pessoas debilitadas por alguma doença e cujo sistema
imunológico não funcione de maneira adequada. Também são susceptíveis
pessoas que se queixam de boca seca que acabaram de fazer, ou estão fazendo,
tratamentos com antibióticos. Adote uma dieta equilibrada, com pouco açúcar e
pouco amido. Coma os alimentos com açúcar e amido durante as refeições e não
como "lanchinhos", para minimizar o número de vezes que seus dentes estão
expostos ao ácido.

Como tratar irritações/lesões bucais?

O tratamento varia de acordo com o tipo de problema. Para os tipos mais comuns,
descritos acima, os tratamentos são os seguintes:

Aftas — quase sempre desaparecem depois de 7 a 10 dias, e as erupções


recorrentes são as mais comuns. Para um alívio temporário, pode se aplicar
pomadas analgésicas. A lavagem com enxagüantes anticépticos pode ajudar a
reduzir a irritação. Às vezes, prescreve-se antibióticos para reduzir uma infecção
secundária.
Herpes simples — as bolhas geralmente desaparecem em uma semana. Como
não existe cura para as infecções herpéticas, as bolhas podem reaparecer em
momentos de instabilidade emocional, exposição ao sol, alergias ou febre.
Anestésicos tópicos podem proporcionar um alívio temporário. Os
medicamentos antivirais, vendidos com receita médica, podem reduzir este tipo
de infecção. Consulte seu médico ou dentista.
Leucoplasia — o tratamento começa com a remoção dos fatores que causam as
lesões. Para alguns pacientes isto significa deixar de usar tabaco. Para outros,
significa remover as dentaduras mal ajustadas e substituí-las por dentaduras
apropriadas. Seu dentista fará o acompanhamento do tratamento, com exames
em intervalos de três a seis meses, dependendo do tipo, local e tamanho da lesão.
O tratamento da candidíase — consiste em controlar as condições que causam
o seu aparecimento.
o É importante limpar as dentaduras para evitar os problemas causados por
elas. Remover as dentaduras antes de dormir também pode ajudar.
o Se a causa for um antibiótico ou um anticoncepcional oral, a redução da
dose ou a mudança do tratamento podem ajudar.
o Produtos que substituem a saliva deixam a boca mais úmida.
o Medicamentos contra fungos podem ser usados quando a causa principal
é inevitável ou incurável.
o Em todos os casos, a boa higiene bucal é essencial.

91
Herpes labial Aftas

ESTOMATITE - INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

Define-se estomatite como qualquer processo inflamatório que acometa a cavidade oral.
As lesões inflamatórias podem ter diversas etiologias: infecciosas, auto-imunes,
traumáticas, neoplásicas ou reações medicamentosas. Podem representar lesões
isoladas, ser manifestação local de um distúrbio sistêmico ou a partir do
comprometimento local, levar a um acometimento geral do indivíduo. Para fins
didáticos, classificamos as lesões orais de acordo com seu aspecto macroscópico em
lesões brancas, vesico-bolhosas, aftóides e lesões da língua.

Achados Clínicos
A anamnese do paciente com qualquer queixa de lesão de cavidade oral deve
conter o tempo de evolução da doença e presença de sintomas como dor, prurido,
dificuldade de alimentação ou alterações em outros sistemas do organismo. Entretanto,
muitas lesões podem ser notadas pelo paciente ou ao exame físico sem causar sintomas.
Deve-se pesquisar, ainda, se as lesões são recorrentes, determinando a periodicidade de
surgimento das lesões e quanto tempo duram até haver remissão. A pesquisa dos
antecedentes pessoais é essencial e deve englobar tipo de alimentação, creme dental,
exposição a agentes físicos ou químicos, tabagismo usa de álcool e tratamentos prévios
tópicos ou sistêmicos.
O exame físico se inicia com a avaliação geral do paciente, com ênfase no estado
nutricional. O profissional deve observar hábitos como mordiscar bochechas ou passar a
língua nos lábios. A acurada descrição da lesão é o passo mais importante, incluindo:
Região acometida e distribuição;
Número de lesões;
Tipo de superfície (aspecto visual e palpação);
Coloração;
Características das bordas;
Disposição das lesões.

Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial das lesões orais é amplo e as principais doenças serão
discutidas a seguir. A tabela 1 associa as etiologias mais freqüentes com o aspecto
macroscópico predominante.
92
Tabela 1: Aspecto macroscópico da lesão relacionado com etiologia
Aspecto
Etiologias mais freqüentes
macroscópico
Candidíase, leucoplasia, líquen plano, grânulos de Fordyce,
Lesões brancas
estomatite nicotínica, leucoplasia pilosa, sífilis secundária
Lesões vesico- Herpes simples, herpes zoster, pênfigo, penfigóide, eritema
bolhosas multiforme, síndrome de Stevens-Johnson
Estomatite aftóide recidivante, doença de Behçet, lúpus
Lesões aftóides
eritematoso sistêmico, mucosite, queimadura química
Língua fissurada, glossite migratória benigna (língua geográfica),
Lesões da língua
glossite rombóide mediana, glossodínea

LESÕES BRANCAS DA MUCOSA ORAL

Candidíase (Monilíase) Oral


A Candidíase representa a condição patológica muito freqüente dentro do grupo
de lesões brancas da mucosa oral. As diversas espécies do fungo Candida sp fazem
parte da flora normal em 40%-60% da população, sendo a Candida albicans o agente
mais encontrado. Fatores predisponentes locais como higiene oral precária, prótese
dentária, e sistêmicos como diabetes, gravidez, neoplasia disseminada, corticoterapia,
radioterapia, quimioterapia, imunodepressão (incluindo HIV), Antibioticoterapia,
podem levar à quebra da barreira epitelial. Normalmente, atinge os extremos da faixa
etária (crianças e idosos).

Figura 1: Candidíase pseudomembranosa

As lesões orais podem se apresentar nas formas pseudomembranosa (mais


comum), atrófica aguda e crônica e hiperplásica.

Tabela 2: Apresentações clínicas da Candidíase oral


Tipo de lesão Aspectos clínicos Fatores associados
Placas brancas e aderentes sobre a mucosa,
destacáveis, deixando leito sangrante.
Pseudomembrano
Ocorrem principalmente em mucosa jugal, Todos os citados
sa
orofaringe e porção lateral do dorso da
língua. Raramente dolorosa
93
Eritema local ou difuso, doloroso. Áreas de
despapilação e desqueratinização em dorso
Atrófica aguda Antibioticoterapia
da língua, deixando-a dolorosa, edemaciada
e eritematosa
Eritema difuso com superfície aveludada, Acomete 65% da
Atrófica crônica associada à forma pseudomembranosa ou população geriátrica
como queilite angular com prótese dentária
Infecção crônica, aspecto leucoplásico, não Não apresenta fatores
Hiperplásica
destacável em mucosa jugal, palato e língua associados

O diagnóstico é feito por citologia esfoliativa ou cultura. O micológico direto


pode mostrar hifas. As culturas são pouco úteis devido ao saprofitismo do fungo.

Leucoplasia
Trata-se de lesão mucosa de aspecto branco, em forma de mancha ou placa, não
destacável, que não tem diagnóstico definido, ou seja, não pode ser caracterizada clínica
ou histopatologicamente como nenhuma outra doença, e representa uma hiperplasia do
tecido escamoso.
Esta definição, muito inespecífica, torna necessário excluir outras doenças que
podem se apresentar com características clínicas semelhantes.
O termo é estritamente clínico e não implica nenhuma alteração tecidual
específica. O exame histopatológico revela hiperqueratose, hiperortoqueratose e
acantose (espessamento da camada espinhosa). A maioria das lesões leucoplásicas não
possui aspectos displásicos, podendo ser observada em cerca de 5% a 25% dos casos.

Figura 2: leucoplasia de mucosa jugal

Os fatores etiológicos são fumo, álcool e trauma. Mais de 80% dos pacientes
com leucoplasias são fumantes. Uma grande proporção de leucoplasias em pacientes
que abandonam o hábito de fumar desaparece ou regride consideravelmente. As
leucoplasias são mais freqüentes no sexo masculino, na quinta e sexta décadas de vida.
Como é próprio nas lesões queratóticas, as leucoplasias não podem ser removidas por
raspagem, sendo, em geral, assintomáticas. Podem ser planas ou elevadas, com ou sem
fissuras.
A leucoplasia é uma lesão pré-maligna, sofrendo malignização em 4% a 6% dos
casos. As características associadas à maior risco de transformação maligna são:

Forma não homogênea;


94
Aspecto verrucoso, vegetante ou com pontilhado hemorrágico;
Presença de displasia epitelial;
Lesões difusas;
Associação com eritroplasia;
Localização em assoalho bucal ou língua;
Paciente não fumante.

O diagnóstico da leucoplasia é feito mediante exame clínico e biópsia da lesão,


que sempre deve ser realizada. Biópsia incisional pode não ser representativa quanto à
presença de displasia, assim, recomendam-se múltiplas biópsias ou biópsia excisional
em caso de lesões pequenas. O uso de azul de toluidina pode auxiliar a pesquisa de
áreas suspeitas de displasia.

Líquen Plano
Doença inflamatória crônica, benigna, de etiologia desconhecida, em que as
células da membrana basal da pele e mucosas são destruídas por linfócitos citotóxicos
(degeneração imunomediada na interface da superfície do epitélio e tecido conjuntivo) o
envolvimento da mucosa oral pode ser isolado ou associado com doença cutânea ou
genital.
O líquen plano bucal afeta 1% a 2 % da população, acometendo adultos, sem
distinção de raça. Caracteriza-se por surtos e remissões, podendo ter relação com
estresse ou uso de medicamentos. As lesões cutâneas são pequenas, violáceas e
papulares nas superfícies flexoras e extremidades. As lesões orais podem ser do tipo
reticular, em placa, atrófica, erosiva e bolhosa. Sua localização mais freqüente é a
mucosa jugal, seguindo-se a gengiva e a língua. A remissão das lesões cutâneas é mais
rápida do que a das mucosas. Essas lesões são freqüentemente dolorosas, podendo
prejudicar a alimentação.

Tabela 3: Formas de líquen plano


Tipo de
Aspecto clínico Localização
lesão oral
Mucosa jugal,
Rendilhado fino, com formação de estrias brancas
Reticular língua, gengiva e
(Wickham). Indolor.
lábios
Em placa Lesão branca (tipo leucoplasia). Indolor. Dorso de língua
Gengivite descamativa. Pode estar associada à forma
Atrófica Gengiva
reticular ou erosiva
Eritematosa ou ulcerada, limites precisos e bordas Mucosa jugal,
Erosiva irregulares, cercada por periferia queratótica. gengiva e dorso de
Dolorosa língua
Forma rara, lesões de tamanhos variáveis. As bolhas
Semelhante à forma
Bolhosa rompem-se e deixam leito ulcerado, doloroso.
erosiva
Associa-se com a forma erosiva

O líquen plano pode se malignizar em 0,04% a 1,74% dos casos,


principalmente as lesões dos tipos atrófica e erosiva. O líquen plano não aumenta a
incidência de carcinoma espino-celular na pele, porém na mucosa bucal o risco de
95
transformação é significativo.
O diagnóstico é baseado nos achados clínicos e histopatológicos. Biópsia
incisional pode ser necessária para a confirmação do diagnóstico presuntivo do líquen
plano, particularmente, se não houver lesão de pele. A imunofluorescência direta detecta
fibrinogênio na membrana basal em 90%-100% dos casos. O estudo anatomopatológico
mostra hiperqueratose, liquefação do leito das células basais e infiltrado linfocitário na
lâmina própria. São descritas células ovóides, eosinofílicas, denominadas corpos de
Civatte, no leito das células basais, sendo sugestivas de líquen plano, porém não
patognomônicas.

Grânulos de Fordyce
Trata-se de glândulas sebáceas ectópicas, localizadas dentro da mucosa bucal,
mais proeminentes com a idade. Representam-se por grânulos branco-amarelados na
mucosa oral podendo formar placas, apresentando de 1 a 2 mm. Mais comuns em
mucosa jugal e lábios. São lesões benignas e assintomáticas que não requerem
tratamento.

Estomatite ou Papilite Nicotínica


Lesões associadas ao calor do fumo, principalmente, devido ao uso de
cachimbos. São benignas e acometem mais homens de meia idade, fumantes crônicos.
Apresentam-se como pápulas com centro eritematoso, umbilicadas em palato duro e se
referem à inflamação de glândulas salivares menores. É interessante que essa alteração
não ocorre na área abrangida pela dentadura em pacientes edêntulos.
A histopatologia mostra um tampão de queratina obstruindo os ductos
glandulares. A cessação do hábito de fumar leva a uma remissão do quadro com volta à
normalidade, processo que ocorre lentamente.

Leucoplasia Pilosa
Trata-se de um espessamento da mucosa oral de cor esbranquiçada,
freqüentemente com pregas verticais e superfície rugosa, lembrando aspecto de
pilosidade. Essas lesões são mais freqüentes na borda lateral da língua, porém a
superfície dorsal da língua, mucosa jugal, assoalho da boca e o palato podem ser
envolvidos. Geralmente é assintomática.
O vírus Epstein Barr é considerado o fator causal, pois é isolado nas células
epiteliais dessas lesões. Embora esse vírus esteja ligado a vários tipos de cânceres de
cabeça e pescoço, não há constatação de transformação maligna.
Acometem pacientes imunodeprimidos, principalmente aqueles infectados pelo
HIV.
O diagnóstico é clínico, e a biópsia incisional somente se justifica se o
diagnóstico for duvidoso ou a infecção pelo HIV não for confirmada.

Sífilis
Lesão oral pode ser vista em qualquer estágio da doença, mais particularmente
na sífilis secundária. Na sífilis primária, pode ser visto o cancro primário após três
semanas do contato com o Treponema pallidum. O cancro primário pode envolver lábio,
língua e palato e se caracteriza por pápula ulcerada não dolorosa no local da penetração
do microorganismo. O cancro cicatriza e desaparece espontaneamente em três a oito
semanas, sendo extremamente contagioso e associado a gânglios aumentados e não
96
dolorosos.
A sífilis secundária ocorre após seis a oito semanas, com acometimento oral em
um terço dos pacientes. As lesões orais podem ser úlceras extremamente contagiosas e
pouco dolorosas ou uma placa branca bem definida sobre a mucosa labial ou palatina,
com periferia lobulada, denominada condiloma plano.
A sífilis terciária também pode apresentar lesões orais. A lesão oral mais
característica é um granuloma localizado (goma sifilítica) afetando palato e língua, com
risco de fistulização oroantral, ou oronasal no caso de acometimento de palato. Os
granulomas podem ulcerar e não são contagiosos. A lesão mais comum da sífilis
terciária é a leucoplasia, que afeta principalmente a língua e tem alto potencial de
malignidade.
O diagnóstico da sífilis pode ser feito por meio do achado do treponema ou de
reações sorológicas. A pesquisa do treponema em campo escuro é importante no
diagnóstico da doença na fase primária, quando as reações sorológicas ainda são
negativas. O treponema pode ser encontrado nas lesões da sífilis primária e nas lesões
da sífilis secundária; no entanto, na cavidade oral não é um teste confiável em razão da
presença de outras espiroquetas. O treponema também pode ser encontrado em exame
microscópico de fragmento da lesão, desde que corado pela prata. Os testes sorológicos
podem ser de dois tipos: inespecíficos e antitreponêmicos. VDRL é o teste de triagem
de escolha. O FTA-ABS é sensível e apresenta alto grau de especificidade,
permanecendo positivo por anos, mesmo após tratamento adequado. Dessa maneira,
seus títulos não podem ser usados para avaliar a resposta do paciente ao tratamento.

LESÕES VESICO-BOLHOSAS DA MUCOSA ORAL

Herpes Simples
O Herpes simples vírus (HSV) é um DNA-vírus classificado em tipos I e II. O
tipo I está mais freqüentemente associado às lesões orais, e o tipo II, às lesões genitais.
Porém, o inverso também pode ocorrer. A transmissão se dá pelo contágio com fluidos
corporais infectados. O período de incubação é de sete dias (variando de 1 a 26 dias). O
vírus atravessa a barreira mucosa, migra pela bainha periaxonal retrogradamente, até
atingir o gânglio trigeminal, onde permanece latente até a reativação. A reativação pode
ocorrer em resposta a uma variedade de estímulos: exposição solar, estresse emocional e
resposta ao trauma.
As duas principais manifestações clínicas são a gengivoestomatite herpética
primária e as infecções recorrentes.
A gengivoestomatite herpética primária é vista geralmente em crianças entre 2 e
5 anos, soronegativas ou adultos sem exposição prévia. Na maioria dos casos, é uma
infecção subclínica ou com pequenas manifestações, usualmente atribuídas à erupção
dentária. Quando há maior sintomatologia, estomatite e faringite são as manifestações
primárias mais freqüentes. Podem ocorrer febre, artralgia, cefaléia e linfoadenopatia
(principalmente submandibular). Adultos são mais sintomáticos que crianças. Pequenas
vesículas aparecem em qualquer ponto da mucosa da cavidade oral em 24 horas,
deixando uma borda eritematosa e com uma membrana acinzentada cobrindo-a. Novas
lesões surgem durante sete dias, tendendo a desaparecer entre o 10º. e 14º. dia. A
gengiva se apresenta eritematosa e edemaciada.
Infecções recorrentes variam de 16% a 45% dos casos no grupo etário adulto.
São desencadeados por luz ultravioleta, estresse, imunossupressão, febre ou trauma.
97
Estão localizadas na junção mucocutânea dos lábios ou nas áreas queratinizadas (palato
duro, gengiva). As vesículas são dolorosas, ulceram e desaparecem em uma a duas
semanas. O vírus é capaz de entrar em latência e sobreviver nos gânglios neurais de
forma a prevenir sua eliminação pela resposta imune
O diagnóstico é clínico. O estudo anatomopatológico mostra vesículas intra-
epiteliais, formadas pela degeneração de células epiteliais infectadas pelo vírus.
Apresenta, ainda, membrana basal íntegra e células de Tzanck (células epiteliais
acantolíticas, que são células multinucleadas gigantes). Nos estudos de
imunofluorescência, nota-se a presença de IgG, C3 e IgA nos espaços intra-epiteliais.
Verifica-se, também, a presença de anticorpos circulantes, em níveis correlacionados ao
grau de atividade da doença, em 80% a 90% dos pacientes. Figura 3: Herpes simples
em palato duro

Varicela Zoster
A varicela é a infecção primária causada pelo vírus varicela-zoster; herpes zoster
é a reativação do vírus latente.
A varicela caracteriza-se por rash cutâneo súbito em tronco, cabeça e pescoço,
que evolui para erupção vesicular, pústula e ulceração com formação de crostas. Tem
duração de 7 a 10 dias, e as mucosas jugal, palatina e faríngea são mais acometidas,
apresentando pequenas vesículas que rapidamente ulceram, com margens eritematosas.
Lembram ulceras aftóides, porém são menos dolorosas.
O vírus latente em gânglios sensoriais pode se reativar em imunossuprimidos, trauma,
corticoterapia e radioterapia, formando o herpes zoster.
Ocorre primariamente em adultos, podendo causar neuralgia pós-herpética em
cabeça e tronco unilateral, febre e mal-estar. Lesões cutâneas, semelhantes às da
varicela, aparecem ao longo do dermátomo do nervo sensorial acometido, sendo os
nervos torácicos e abdominais os principais.

Figura 4: herpes zoster em palato duro

Lesões orais são raras e, geralmente, aparecem após as cutâneas, embora possam
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aparecer sem o acometimento da pele; mais comumente, aparecem como vesículas
acometendo o palato duro. As lesões orais ocorrem por acometimento do nervo
trigêmio.
Tanto a varicela quanto o herpes zoster, por seu quadro clínico característico,
têm diagnóstico clínico.

Pênfigo
Pênfigo é uma doença mucocutânea que se manifesta em forma de vesículas.
Sua etiologia é desconhecida, mas há evidências de que seja uma doença auto-imune,
caracterizada pela produção de anticorpos contra as desmogleínas 1 e 3, glicoproteínas
transmembrana que compõem os desmossomos das células epiteliais da epiderme e
mucosa. Com isso, há uma perda de Adesividade intercelular, com conseqüente
separação entre as células epiteliais (acantólise) e resultante formação de bolhas intra-
epiteliais. São divididos em pênfigo vulgar, vegetante, foliáceo e eritematoso. Lesões
orais ocorrem principalmente no pênfigo vulgar e vegetante. As vesículas no pênfigo
são intra-epiteliais (suprabasal).
O pênfigo vulgar acomete principalmente indivíduos na faixa etária de 40-50
anos, freqüente em povos mediterrâneos e judeus. A distribuição por sexo é semelhante,
com ligeira predominância feminina. Em mais da metade dos pacientes, encontram-se
lesões bucais e genitais, que, com freqüência, precedem o aparecimento das lesões
cutâneas. O paciente pode apresentar aumento de salivação, dificuldade na deglutição e
fonação, espoliação protéica e mineral progressiva, levando à caquexia e morte. As
lesões orais são vesículas que ulceram, dolorosas, podendo levar à gengivite
descamativa. O sinal de Nikolsky é positivo (um discreto atrito sobre a mucosa não
envolvida, removendo a superfície epitelial, produz uma vesícula ou úlcera), mas pode
estar relacionado com outras doenças auto-imunes. A vesícula pode ter conteúdo
hemorrágico e está presente por pouco tempo. A lesão, então, se apresenta como uma
área erosiva, irregular e friável, podendo ser descolada com mínimo de pressão ou
trauma. Os locais mais acometidos são palato, mucosa jugal e língua. O índice de
mortalidade é alto. Em torno de 90% dos pacientes sem tratamento evoluem para óbito.
O diagnóstico, inicialmente, é baseado na história e nos achados clínicos. A
confirmação deve-se dar pelo exame histopatológico e imunofluorescência direta.
Comparando-se a observação clínica, o exame histológico e a imunofluorescência
direta, observa-se sensibilidade de 57%, 62% e 76%, respectivamente, sugerindo que
uma combinação dos três pode ser necessária para o diagnóstico.
O pênfigo vegetante é menos freqüente que o pênfigo vulgar, e alguns autores
colocam-no como uma variante deste. A doença pode se iniciar pelas mucosas bucal e
genital em forma de vesículas que ulceram e posteriormente provocam lesão vegetante.
Pode ser vista, principalmente, em comissuras labiais, sulco submamário e umbigo.
Apesar de ter evolução mais benigna, é mais resistente a tratamento.
O pênfigo eritematoso e foliáceo tem curso mais benigno. As lesões vesiculares
são mais superficiais. As lesões na pele são parecidas às escamas seborréicas e
acometem, principalmente, face, couro cabeludo e região interescapular. Lesões orais
são raras.

Penfigóide
O penfigóide caracteriza-se por apresentar similaridade clínica com o pênfigo,
mas etiologia, histologia (vesículas são subepiteliais e não intra-epiteliais), evolução e
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prognóstico diferentes. Acredita-se haver origem auto-imune, causada por anticorpos
contra a membrana basal, separando-a das células basais. Pode ser cicatricial ou
bolhoso.
O penfigóide cicatricial é uma doença bolhosa crônica das membranas mucosas
e, ocasionalmente, da pele. É também conhecida como pênfigo ocular, penfigóide
mucoso e penfigóide da infância. Afeta, principalmente, mulheres na faixa etária de 40 a
50 anos. A mucosa oral é a mais acometida. Outras são as mucosas conjuntival, nasal,
laríngea, esofagiana e retal.
A lesão oral inicial é uma bolha de tamanho variável, podendo ser clara ou
hemorrágica, com mucosa eritematosa ao redor. Com a ruptura da bolha, pode-se
encontrar uma membrana mucosa cobrindo o local da bolha ou permanecer como uma
área erosiva e eritematosa, desaparecendo lentamente. Pode causar gengivite
descamativa. As lesões orais podem ser relativamente assintomáticas, embora pareçam
dolorosas. O sinal de Nikolsky é positivo. As lesões cutâneas se distinguem por serem
fixas e recidivantes, sempre no mesmo local, e por deixarem cicatriz. Pode ter apenas
acometimento bucal.
O diagnóstico é por imunofluorescência direta com padrão linear de IgG na
membrana basal.
No penfigóide bolhoso, os anticorpos também são direcionados contra a
membrana basal, resultando em formação de bolhas subepiteliais. Acredita-se que essa
forma da doença seja apenas uma variação clínica da forma cicatricial; associação de
pênfigoide bolhoso com outras doenças auto-imunes e com anticorpos contra fator VIII
da anticoagulação é descrita na literatura.
O penfigóide acomete principalmente pacientes acima dos 60 anos de idade.
Apresenta pico de incidência na sétima e oitava décadas de vida. As lesões orais são
incomuns e idênticas às do pênfigo cicatricial. O pênfigo bolhoso, porém, raramente
acomete pele. Quando há envolvimento da gengiva, esta se torna dolorosa e sangrante.
O sinal de Nikolsky pode ser negativo.
O diagnóstico é feito por histologia e imunofluorescência direta, da mesma
forma que o penfigóide cicatricial, porém, imunofluorescência indireta é positiva para
anticorpos contra membrana basal em 70% dos casos.

Eritema Multiforme
Trata-se de uma erupção inflamatória, caracterizada por lesões eritematosas,
edematosas ou bolhosas simétricas. Trata-se de reação de hipersensibilidade, com
deposição de imunocomplexos em pequenos vasos da derme e submucosa,
desencadeada por infecções (HSV, tuberculose), medicamentos (sulfonamidas,
barbitúricos), neoplasias, vacinas, estresse e radioterapia.
O quadro clínico é geralmente auto-limitado, mais freqüente em adultos jovens
(geralmente entre 10 e 30 anos), com predominância masculina. Em uma fase
prodrômica, o paciente apresenta cefaléia, náusea, tosse, faringite, artralgia e febre alta.
A seguir, de forma brusca, originam-se as lesões cutâneas máculo-papulares, vesico-
bolhosas, simétricas, principalmente nas faces extensoras dos membros superiores.
Lesões orais atingem mucosas jugal, labial, palatina, lingual, associadas à dor, cefaléia e
adenopatia. As lesões de mucosas em todas essas localizações são dolorosas e
interferem com a capacidade de alimentação. As lesões orais apresentam-se em cinco
estágios: macular, bolhoso, escara, pseudomembranoso e cicatricial. Embora novas
lesões possam surgir no curso da doença, os estágios macular e bolhoso são raramente
100
encontrados. A fase de escara é marcada por mucosa colapsada que cobre o local, a qual
é branca e friável, usualmente, podendo ser removida, produzindo o estágio
pseudomembranoso. A fase final é a cicatrização da ferida deixada. O tempo habitual de
evolução é de duas a três semanas. As lesões orais podem ocorrer sem envolvimento
cutâneo entre 25% e 50% dos pacientes.

Figura 5: eritema multiforme em língua

Ao exame histopatológico, encontram-se bolhas subepidérmicas, edema


dérmico, infiltrado perivascular e dilatação vascular, porém o diagnóstico é,
inicialmente, clínico.

Síndrome de Stevens-Johnson
Pode ser considerado uma forma sistêmica e severa do eritema multiforme,
eventualmente fatal, acometendo boca, olhos, pele, genitália e, ocasionalmente, esôfago
e trato respiratório. Geralmente, acompanhado de febre, fotofobia e mal-estar. Na
maioria dos casos, ocorre após uso de drogas, diferentemente do eritema multiforme,
em que a associação com infecção por HSV é a principal causa.
As lesões orais podem ser muito dolorosas, impedindo a alimentação, levando a
desidratação, hipoglicemia e distúrbios hidroeletrolíticos. O tempo de latência entre o
início do uso da medicação e o surgimento dos sintomas varia de uma a três semanas.

LESÕES AFTÓIDES

Estomatite Aftóide Recidlvante


A Estomatite aftóide recidivante (EAR) é a doença da mucosa oral mais comum,
com prevalência de 10% a 20% da população geral, podendo chegar a 50% em grupos
específicos. É mais freqüente em adultos jovens, brancos, com maior nível
socioeconômico, não-fumantes e com história de herpes labial recorrente. A doença tem
etiologia desconhecida, caracterizada pela presença de lesões ulceradas, solitárias ou
múltiplas, que se curam num período de uma a quatro semanas e que se repetem a
intervalos regulares. Apesar da etiologia incerta, muitos fatores estão implicados, como
infecções virais (HSV, EBV), bacterianas (Streptococcus sanguis), déficits nutricionais
(vitamina B12, ácido fólico, ferro), alterações hormonais, estresse, trauma, alergia a
alimentos (chocolate, glúten), alterações imunológicas e fatores genéticos. Estudos
demonstram pH bucal mais baixo nos pacientes acometidos em relação à população em
geral.
As evidências mais importantes apontam para um mecanismo imunológico,
mediado por auto-anticorpos e alterações na imunidade celular, com redução de
linfócitos T-CD4 e aumento de linfócitos T-CD8.
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Tabela 4: Apresentações clínicas da Estomatite aftóide recidivante
Lesões Aspectos clínicos
aftóides
Menores Localizadas predominantemente em áreas não queratinizadas (mucosa
(doença de labial, jugal e assoalho da boca), bem delimitadas, esbranquiçadas,
Mikulicz) com halo eritematoso, até 0,5 cm de diâmetro geralmente. Podem ser
únicas ou múltiplas. Duram 7 a 14 dias
Maiores Em torno de 10% casos de EAR, mais severas, entre 1 a 6 lesões de
(doença de 0,5 a 3 cm de diâmetro. Localizadas em lábios e palato mole,
Sutton) causando disfagia. Podem durar até seis semanas e deixar cicatrizes
após remissão
Herpetiformes Menos freqüentes, pequenas (2 a 3 mm), múltiplas (2 a 200),
dolorosas. Diferenciam-se da herpes pela ausência da fase vesicular e
do HSV

O diagnóstico é baseado em história e exame físico. Não existem exames


laboratoriais capazes de fornecer um diagnóstico específico, e a biópsia também não
promove um diagnóstico definitivo. O exame histopatológico revela infiltrado
inflamatório inespecífico. Antes do estágio de úlcera, podem-se identificar numerosos
linfócitos (principalmente T-helper) na camada submucosa. Macrófagos e mastócitos
podem ser encontrados na base da úlcera. Não foram isolados vírus dessas lesões.

Figura 6: Lesões aftóides (minor) em língua

Doença de Behçet
A doença de Behçet é uma doença multissistêmica definida pela tríade aftas
orais, genitais e uveíte de caráter recidivante. A etiologia é desconhecida. Úlceras
aftóides dolorosas recorrentes na boca são o maior componente, e sempre devem estar
presentes. Sem estas não é possível fazer o diagnóstico. Úlceras genitais, uveíte e
vasculite pustular cutânea podem aparecer. O diagnóstico é clínico-patológico, com dois
desses sinais presentes associados à úlcera oral. O achado anatomopatológico típico,
porém raro, é de tecido inflamatório com vasculite. As úlceras orais ocorrem em quase
todos os pacientes com Behçet, e úlceras genitais em cerca de 80% desses pacientes. O
diagnóstico é feito pela presença de lesões orais recorrentes (pelo menos 3 vezes ao ano)
e mais dois critérios que incluem lesões genitais, lesões oculares, lesões cutâneas ou
teste de patergia positiva.

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Lúpus Eritematoso Sistêmico
O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença auto-imune, com envolvimento
humoral e celular. Auto-anticorpos são encontrados no soro, assim como nos mais
variados tecidos.
Três formas são descritas: sistêmico, cutâneo subagudo e discóide crônico.
Qualquer uma delas pode acometer a mucosa oral.
As lesões orais são placas eritematosas que podem ulcerar, dolorosas, mais freqüentes
na região posterior da mucosa jugal, que apresentam fotossensibilidade em 25% dos
casos.

Mucosite
Ocorre em pacientes submetidos a radioterapia, quimioterapia e transplantados
em imunossupressão.
Apresenta-se na forma de úlceras orais dolorosas e eritema generalizado com ou
sem hemorragia, devido à inibição do crescimento do epitélio. Aparecem entre a
primeira e segunda semana da radioterapia, e persistem por duas a três semanas após o
seu término.

Queimadura Química
A mucosa oral pode entrar em contato com um agente cáustico e sofrer necrose
química. Pode ocorrer, por exemplo, ao sifonar gasolina do reservatório de um carro,
pipetar substâncias cáusticas ou quando se aplica, inadequadamente, um agente químico
em um tratamento dentário. Uma situação idêntica ocorre quando se coloca um
comprimido de ácido acetil-salicilíco sobre um dente que está doendo. Encontra-se
lesão necrótica de epitélio bucal com placa esbranquiçada.

LESÕES DA LÍNGUA

Língua Fissurada
A Língua fissurada, também denominada língua plicata, escrotal ou pregueada,
tem freqüência estimada em 3% a 20% da população. Trata-se de uma anomalia de
desenvolvimento, mais comum no sexo masculino após a puberdade, e em deficientes
mentais.
Caracteriza-se por aumento dos sulcos fisiológicos da superfície da língua,
paralelos, oblíquos ou transversais ao sulco mediano. Podem ter profundidade variada e
acometer parcial ou totalmente a língua. Caso haja retenção de alimentos nas fissuras,
segue-se inflamação local e desconforto.

Glossite Migratória Benigna


A glossite migratória benigna, também conhecida por língua geográfica,
acomete 1% a 4% da população, sem predileção por sexo ou idade, e sem etiologia
definida. Clinicamente, é assintomática ou associada à dor em queimação quando em
contato com comidas quentes e apimentadas. As lesões aparecem e desaparecem em
regiões diferentes da língua e caracterizam-se por uma lesão atrófica com eritema
central. As papilas estão ausentes nessas áreas, resultando em uma lesão lisa e não
ulcerada. As bordas das lesões são mais elevadas.

Figura 7: Associação de Língua fissurada e geográfica


103
Glossite Rombóide Mediana
A glossite rombóide mediana caracteriza-se por lesão atrófica, eritematosa, bem
definida na linha mediana da parte posterior do dorso da língua. Perda das papilas
linguais é uma característica importante da lesão. A etiologia não é bem definida, mas
se acredita que seja causada por infecção crônica por Candida albicans.

Glossodínea
A maioria dos pacientes com glossodínea (síndrome da boca dolorosa) são
mulheres, na fase de climatério, com Candidíase, anemia, diabetes melito, problemas
psicogênicos (depressão) ou deficiências de vitamina B e ácido fólico. A principal
queixa desses pacientes refere-se à dor em queimação, que envolve, normalmente, a
língua, mas pode ocorrer em palato, gengiva e mucosa jugal. Não há alteração ao exame
clínico.

EXAMES COMPLEMENTARES
Os exames complementares devem ser solicitados conforme a hipótese
diagnóstica para cada lesão oral, por isso, já foram citados no tópico de diagnóstico
diferencial. De maneira geral, a história clínica e o exame físico já fornecem o
diagnóstico da maioria das lesões orais. Entretanto, a biópsia é muitas vezes necessária
e pode trazer informações importantes a respeito de processos granulomatosos,
displasias e sinais de malignidade principalmente. Outros exames complementares
incluem hemograma, dosagens de imunoglobulinas e complemento, sorologias,
imunofluorescência direta e indireta, pesquisa de auto-anticorpos, citológico e cultura.
Os exames de imagem têm menor utilidade no diagnóstico das lesões orais.

TRATAMENTO
O tratamento das lesões da cavidade oral deve ser realizado de forma
individualizada, conforme a etiologia da doença.

Tabela 5: Tratamento das principais causas de lesão oral


Causas Tratamento
Afastar fatores locais e sistêmicos. Nistatina tópica 100.000 U/ml: 5 ml,
5x/dia, até 1 semana após o desaparecimento das lesões. Casos
Candidíase resistentes, disseminados ou pacientes imunodeprimidos podem
necessitar de tratamento sistêmico com anfotericina B, fluconazol ou
cetoconazol
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Eliminar fatores de risco. Se lesão com displasia moderada ou severa, ou
localizada em superfície ventral da língua/assoalho da boca: exérese da
Leucoplasia lesão (cirúrgica, a laser ou eletrocoagulação). Outros casos: pode-se
tentar vitamina A, resinóides sintéticos e betacaroteno. Seguimento
cuidadoso de todas as lesões é mandatório
Assintomáticos: higiene oral e seguimento. Sintomáticos:
corticosteróides tópicos (Omcilon A orabase® 2-3x/dia) ou sistêmicos
Líquen plano (prednisona 20-30 mg/dia). Não responsivos aos corticosteróides:
retinóides tópicos, dapsona, ciclosporina local. Ansiolíticos podem ser
necessários. Sempre realizar seguimento
Sintomáticos com analgésicos e hidratação. Aciclovir pomada 5% tem
Herpes valor discutível e é indicado no início do quadro (fase de hiperestesia).
simples Casos severos ou imunossuprimidos: aciclovir 1-2 g/dia. Antibióticos se
infecção secundária
Aciclovir 800 MG, 5x/dia por 7-10 dias (introduzir no início do quadro)
Herpes
Corticosteróides tópicos ou sistêmicos. Neuralgia pós-herpética:
zoster
carbamazepina
Prednisona 80 MG/dia com redução da dose conforme evolução clínica,
Pênfigo dapsona 100 MG/dia. Casos refratários: imunossupressores.
Antibióticos se infecção secundária
Casos leves: corticosteróides ou ciclosporina tópicos. Casos avançados:
Penfigóide prednisona 20-60 mg/dia, dapsona, tetraciclina, azatioprina,
ciclofosfamida
Suporte (hidratação) e sintomáticos (analgésicos). Suspender a droga
eritema
desencadeadora, se for o caso. Aciclovir nos casos de eritema
multiforme
multiforme recorrente e com antecedente de infecção por HSV
síndrome de Internação: suspender droga desencadeadora, suporte, analgésicos,
Stevens- antibióticos. O uso de corticosteróides sistêmicos é controverso.
Johnson Bochechos com colutórios e anestésicos
Corticosteróides tópicos, analgésicos e AINH. Casos severos podem
necessitar de corticosteróides sistêmicos. Medidas adjuvantes:
Estomatite bochechos com antiácidos, ingestão de iogurtes e lactobacilos, e
aftóide controle emocional. Diversas drogas podem ser utilizadas para controle
recidivante das recorrências (pentoxifilina, dapsona, colchicina), porém com
resultados discutíveis. A talidomida tem grande eficácia, mas seu uso é
quase restrito aos pacientes HIV-positivos com EAR
Língua
Escovação freqüente da língua para eliminar resíduos
fissurada
glossite
migratória Corticosteróides tópicos nos casos sintomáticos
benigna
glossite
Antifúngicos sistêmicos (fluconazol/cetoconazol) ou locais (miconazol
rombóide
gel oral)
mediana
Tentar identificar fatores sistêmicos e corrigi-los. Casos
glossodínea
idiopáticos/psicogênicos: psicoterapia, antidepressivos

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