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br/medicos/educacao-medica/manuais/manual-erros-
inatos-metabolismo/pages/conceitos-gerais.aspx
Herança recessiva ligada ao X (mãe portadora, 50 % dos filhos do sexo masculino afetados,
50% das filhas portadoras)
Herança autossômica dominante (um dos progenitores portador, risco de 50 % dos filhos
serem afetados, com igual distribuição entre os sexos)
4. Qual a freqüência de EIM na população?
Apesar de serem eventos raros, os EIM representam importante problema de saúde e seu
diagnóstico, freqüentemente, se constitui em desafio para o clínico. Em algumas populações e
grupos étnicos isolados, certos erros do metabolismo, bastante raros na população geral,
podem ser extremamente freqüentes. Como exemplos temos as doenças de Tay-Sachs e
Gaucher entre os judeus originários do Leste europeu, conhecidos como ashquenazim, e a
tirosinemia tipo I nos canadenses de ascendência francesa. A consangüinidade é um fator que
aumenta consideravelmente o risco de qualquer outra doença genética de herança recessiva,
inclusive os EIM.
Frequência estimada de alguns erros inatos do metabolismo
Fenilcetonúria (caucasianos) 1/15.000
Acidemia glutárica tipo I 1/30.000
Homocistinúria 1/100.000
Acidemia metilmalônica 1/100.000
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• acúmulo de substrato de baixa solubilidade em água, como acontece na maior parte das
doenças decorrentes de acúmulo intralisossomal (por exemplo, nas mucopolissacaridoses e na
doença de Gaucher). Nestes casos, a substância não é tóxica mas o seu acúmulo interfere com
o funcionamento normal da célula. Por serem pouco solúveis em água e se depositarem
somente em alguns órgãos e tecidos, sua detecção é, na maioria das vezes, difícil.
• acúmulo de substância tóxica derivada do substrato, como ocorre em algumas poucas
doenças, como a galactosemia, em que há acúmulo de galactotitol, e na doença de Krabbe,
com o acúmulo de psicosina.
10. Em que circunstância a deficiência do produto da reação pode levar ao aparecimento de
sintomas?
Quando uma via metabólica está envolvida com a síntese de uma determinada substância, o
seu bloqueio poderá acarretar o aparecimento de sintomas pela deficiência desta substância. É
o que se observa na acidúria argino-succínica, em que ocorre deficiência de arginina e ornitina
e conseqüente hiperamonemia, e em muitas doenças em que há comprometimento da
oxidação fosforilativa, com redução da produção de ATP e diminuição da oferta de energia.
11. É possível o desarranjo de uma via metabólica interferir com o funcionamento de outra?
Sim. Todo o metabolismo celular é interligado, o que faz com que o comprometimento de uma
via metabólica possa interferir com o funcionamento de outra. Na acidemia propiônica, por
exemplo, existe elevação dos teores de glicina, além do aumento de ácido propiônico. Na
acidemia metilmalônica, observa-se acúmulo de glicina, amônia e cetoacidose grave. É
importante, desta forma, decidir se um determinado erro metabólico é primário ou secundário
ao desarranjo de outras vias.
12. O que são doenças degenerativas e como elas se relacionam com as doenças genéticas?
O termo doença degenerativa se aplica a um grupo de moléstias nas quais há perda de função
em um órgão ou sistema. Ele é bastante empregado para se referir a um grupo de doenças
neurológicas, como a doença de Alzheimer, a esclerose lateral amiotrófica e a doença de
Parkinson. Em alguns pacientes, fatores genéticos contribuem de forma decisiva para o
aparecimento destas doenças, mas de modo geral esse grupo de doenças não é considerado
um EIM.
13. Como são classificados os EIM?
Existem muitas formas de se classificar os EIM e nenhuma delas é inteiramente satisfatória. A
classificação pode levar em conta:
1. A organela cuja função encontra-se alterada: lisossomo, mitocôndria e peroxissomo.
2. A via metabólica que se encontra comprometida: beta-oxidação mitocondrial de ácidos
graxos, degradação do glicogênico, biotransformação de aminoácidos, ciclo da uréia etc.
3. As manifestações clínicas dominantes: ataxia, sintomas extrapiramidais, coma, encefalopatia
progressiva, convulsões, hepatopatia, miopatia etc.
4. O tipo de apresentação clínica: progressiva versus não progressiva, aguda versus crônica,
com sintomas mantidos versus sintomas intermitentes.
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14. Quais as vias metabólicas que podem estar alteradas nos EIM?
Sem pretender esgotar o assunto, as principais vias cujo comprometimento pode ocasionar um
erro inato metabolismo estão envolvidas com:
1. Produção de adenosina trifosfato (ATP).
2. Síntese e degradação de aminoácidos.
3. Síntese de purinas e pirimidinas (que vão formar os ácidos nucléicos).
4. Síntese de uréia.
5. Catabolismo de glicosaminoglicanos (mucopolissacárides).
6. Catabolismo de esfingolípides.
7. Síntese e degradação de glicogênio.
8. Síntese de neurotransmissores.
9. Transporte de aminoácidos, metais e açúcares.
10. Transporte de metais.
11. Transporte ou reciclagem de vitaminas.
12. Catabolismo de ácidos graxos.
13. Síntese do anel porfirínico.
14. Síntese de creatina
15. Porque os EIM têm nomes tão variados e difíceis?
Muitos dos EIM foram inicialmente definidos do ponto de vista clínico e, a seguir, a nível
bioquímico (seja pela caracterização de um déficit enzimático, seja pela determinação de
acúmulo ou aumento da excreção de uma determinada substância) e, finalmente, a nível
molecular pelo estudo do DNA. Doenças que foram bem definidas clinicamente antes de se
definir a bioquímica ficaram universalmente conhecidas pelo nome dos primeiros autores a
descrevê-las. É o caso de muitas mucopolissacaridoses (Doenças de Hurler, Hunter, Sanfilippo
etc.) esfingolipidoses (doenças de Tay-Sachs, Niemann-Pick, Gaucher etc.), e de outras, como a
síndrome de Zellweger. Nas doenças em que as definições clínica e bioquímica ocorreram
simultaneamente, a característica bioquímica prevaleceu na designação da doença; é o que
ocorre na fenilcetonúria, na homocistinúria e na hiperglicinemia não cetótica.
Finalmente, a existência de um elemento clínico marcante acabou sendo, algumas vezes,
utilizado para nomear a doença: o cheiro característico da urina na doença da urina com odor
de xarope de bordo, a responsividade a L-DOPA na distonia DOPA responsiva, etc.