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INTRODUÇÃO
O Rio Grande do Norte se destaca como um dos Estados nordestinos, que possui grande
potencial para o desenvolvimento da caprinovinocultura em função das condições ambientais.
Observa-se neste Estado, que raras criações de caprinos e ovinos são desenvovidas em núcleos
de criadores modernos e mais integrados aos mercados consumidores. Por outro lado, sua
grande maioria, é formada por criatórios, que não potencializam, em seu conjunto, requerimentos
e possibilidades, que maximizem a eficiência dos agentes econômicos envolvidos e o
desenvolvimento da cadeia produtiva.
O efetivo mundial do rebanho caprino e ovino teve pouco aumento nas últimas décadas em
relação às necessidades do consumo humano. Um rebanho, aproximadamente, de 1.060
milhões de ovinos e 725 milhões de caprinos. Desta população mundial total, segundo dados
pesquisados, (FAO, 2000), aproximadamente 53% do rebanho ovino e 94,3% do rebanho
caprino encontram-se nos países em desenvolvimento, onde representam uma parte importante
da economia agropecuária por meio de produtos diversos, como carne e derivados, leite, lã e
peles, gerando desta forma, renda e emprego para a sociedade.
No mundo, o efetivo do rebanho caprino está localizado na China (21,7%), Índia (16,7%),
Paquistão (6,9%), Sudão (5,4%), Bangladesh (4,6%), Nigéria (3,6%), Irã (3,5%), Somália (1,7%),
Indonésia (1,7%), Tanzânia (1,6%) e Brasil (1,3%). Estes países possuem juntos, 68,6% do
rebanho mundial de caprinos. Quanto ao efetivo do rebanho ovinos e sua participação no
rebanho mundial, destacam-se a China (13,3%), Austrália (10,9%), Índia (5,7%), Sudão (4,6%),
Nova Zelândia (4,2%), Reino Unido (3,5%), África do Sul (2,8%), Turquia (2,6%) e Paquistão
(2,4%). Estes maiores rebanhos representam ao redor de 55% do rebanho ovino mundial (FAO,
2003).
O Brasil possui um rebanho de, aproximadamente, 16,8 milhões de cabeças de ovinos e 9,1
milhões de caprinos. Considerando a dimensão territorial do País, estes valores são
considerados baixos, apesar de possuir condições ambientais semelhantes ou até superiores às
dos países maiores criadores dessas espécies (IBGE, 2009). Deste efetivo, o rebanho ovino
encontra-se mais concentrado nas Regiões Nordeste e Sul, com a participação de 57,0% e
28,6%, respectivamente, do rebanho nacional. Quanto ao rebanho caprino, este é mais
concentrado na Região Nordeste, com a participação de 90,7% do rebanho nacional.
Somadas a essas tendências, constatou-se que, nos anos de 2007 a 2009, no Banco do
Nordeste, principal agência de investimento do Estado, houve uma redução no número de
operações financiadas e do valor de investimento e custeio destinado para o setor da
caprinovinocultura.
Podemos observar, na Tabela acima, de 2007 a 2009 nas Agências do Banco do Nordeste, em
Apodi, Pau dos Ferros e Mossoró houve no triênio uma contratação de 1.893 operações de
crédito destinado a investimento e custeio totalizando um financiamento no valor de R$
4.128.870,18. No entanto, comparando as duas series de dados em análise, houve uma redução
1.137 para 363 nas operações de financiamento. Com relação ao valor do investimento e custeio
houve uma redução no volume de financiamento de R$ 1.981.240,98, em 2007, para R$
1.554.863,32, em 2009.
As fontes oficiais de pesquisas estatísticas (IBGE, IDEMA) não fazem diferenciação entre
os efetivos de caprinos, em termos de função produtiva. Qualquer estimativa a ser feita em termos
de quantificação dos dois rebanhos, necessariamente, tem que se utilizar de informações de
diversas entidades públicas e ou privadas, produtores e, de modo particular, das usinas
beneficiadoras e ou processadoras do leite caprino.
Paralelamente, é necessário considerar o expressivo número de criadores de caprinos de
corte (sobretudo de mestiços com pequena produtividade leiteira), que vem buscando o
melhoramento do seu rebanho, no sentido de aumentar a disponibilidade de leite para as crias e o
excedente para o mercado. Isto, embora, recomendável, dificulta mais, ainda, a estimativa do efetivo
leiteiro.
Estima-se que o atual rebanho, do qual se obtém leite com finalidade comercial, gire em
torno de 10 % do total, isto é, cerca de 40.000 cabeças, em todo o Estado. O número médio de
matrizes (em lactação e secas) totalizaria, aproximadamente, 16.000 animais.
Como é natural, a criação de caprinos leiteiros tende, obrigatoriamente, para que seja
adotado um manejo que possibilite uma regular e frequente aproximação dos animais com a sede do
estabelecimento rural. Em razão disto, é que há uma tendência muito grande à adoção do regime
intensivo, o que, não raras vezes, inviabiliza a exploração porque onera muito os custos de
produção.
Estudo sobre sistema de produção de caprinos leiteiro (SEBRAE / SINTEC, 2001) constatou
que 15,8% dos criadores entrevistados adotavam o regime intensivo, 24,6% o extensivo e 59,6% o
semi-extensivo ou misto.
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Com uma produção comercial em torno de onze mil litros / dia (excetuando-se o de consumo
familiar), o Rio Grande do Norte, um dos maiores produtores de leite pasteurizado do Brasil, é um
exemplo para todo o Nordeste.
Pesquisa Direta realizada pelo SEBRAE em por cinco usinas de beneficiamento e ou
processamento, em maio de 2008, constatou-se a produção de leite caprino com as seguintes
procedências e volumes:
Totais
- 10.765 484 22,24 50 -
Médios
Fonte: SEBRAE/Sertão Verdadeiro Consultoria – 2008
• A APASA, localizada no Município de Angicos, com um volume diário médio de 5.015 litros,
procedente de 326 produtores, respondeu por quase 50% do leite processado no Estado -
uma média de 15,38 l / produtor/ dia. O leite foi coletado em 28 Municípios de oito
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• A LACOL localizada em São José de Seridó processou um volume diário médio de 2.080
litros, procedente de 70 produtores – média de 40 l / produtor / dia. O leite foi oriundo de
quatro Microrregiões: Seridó Oriental, Seridó Ocidental, Serra de Santana e Vale do Açu;
• O Leite ILA, localizado no Município de Apodi, processou um volume diário médio de 1.150
litros, adquirido de 30 produtores – média de 44,6 l / produtor. O leite foi oriundo de duas
Microrregiões: Chapada do Apodi e Pau dos Ferros;
• CERSEL, localizada em Currais Novos recebeu uma média de 300 litros/dia, procedente de
8 produtores, destinados à produção de queijos. O leite foi oriundo da Microrregião do Seridó
Oriental - apenas do Município de Currais Novos.
Nem todo o leite caprino industrializado no Rio Grande do Norte é submetido à pasteurização, que
beneficia cerca de 90% do produzido. O restante é utilizado por pequenas unidades artesanais, em
todo o Estado, na produção de doces, sorvetes, rapaduras, molhos, queijos e sabonetes.
2. O REBANHO OVINO
O rebanho ovino do Estado do Rio Grande do Norte, segundo dados oficiais (IBGE, 2009),
atingiu o efetivo de 570.302 cabeças, distribuídas em todas as Mesorregiões. De acordo com a
Tabela 4, observa-se o crescimento do rebanho, nos últimos anos, quando comparadas as duas
séries de dados da mesma fonte.
Vale ressaltar que estudo realizado pelo (SEBRAE/SINTEC, 2001) constatou uma evolução no
rebanho ovino no período de 1997 a 2004 em torno de 25,3%, - 391.089 para 489.862 cabeças.
A criação de caprinos e ovinos, ambos para corte, tende, freqüentemente, para a adoção
de sistemas menos intensivos, utilizando as pastagens nativas e ou exóticas, como principal
suporte alimentar. O confinamento é utilizado muito mais para engorda intensiva de ovinos e
caprinos jovens; prática que vem sendo iniciada, no Estado, tendo como objetivo atender à
demanda de um mercado diferenciado, que paga melhor por um produto superior. Nesta
categoria, se enquadra um número reduzido de produtores que, no entanto, tende a crescer.
No ano de 2000, quando da realização do estudo antes referido ( SEBRAE-RN /
SINTEC,2001),era esta a situação, em termos de sistemas de criação:
• As misturas múltiplas têm tido boa aceitação e vêm sendo adotadas por maior
número de produtores, substituindo as misturas convencionais, sobretudo no
estio;
Diversos estudos revelam uma demanda reprimida para consumo de carne caprina e
ovina no País. O Nordeste, em particular, apresenta um déficit de carne dessas espécies em
torno de 13 mil toneladas / ano.
Em decorrência disto, é expressivo o volume de carnes caprina e ovina, que chega a
Natal, oriundas de todo o Estado, inclusive de outras áreas, como Paraíba e Bahia; além de
carne ovina, especificamente, vinda do Sudeste e Sul, assim como importada do Uruguai.
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Nos últimos dez anos, têm ocorrido nítidas melhorias em termos da atuação de diversas
entidades, públicas e privadas, na tentativa de consolidar a exploração de caprinos e ovinos, no
Estado. Neste sentido, diferentes medidas foram e vêm sendo implementadas:
UFERSA, INCRA, MAPA, ADENE, EMBRAPA, CNPq, Banco do Nordeste, Banco do Brasil,
Programa de Desenvolvimento Solidário e algumas Prefeituras Municipais, entre outras.
Apoiados pelas entidades antes citadas, vários programas e projetos foram ou estão em
execução, no Estado, voltados para a caprinovinocultura:
Estas e outras ações demonstram que a exploração de caprinos e ovinos tem sido, nos
últimos anos, uma atividade de grande interesse econômico e social, no Estado; por tudo o que
representa e, notadamente, pelas suas imensas potencialidades.
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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com um rebanho de, apenas, 968 mil cabeças – 398 mil caprinos e 570 mil ovinos, o
quarto menor da Região, o Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor de leite caprino
pasteurizado do Brasil. Isto demonstra quanto a caprinocultura leiteira significa para os atuais
produtores (cerca de 500 são fornecedores para cinco usinas), com um volume diário em torno de
10.000 litros. Observe-se que a produção leiteira foi maior (quase 12.000 l / dia), tendo sofrido
decréscimo nos últimos dois anos, em virtude dos elevados custos de produção e das incertezas
do mercado institucional – “Programa do Leite”. Convém considerar centenas de pequenos
criadores, em mais de 40 Municípios, produzindo um alimento nobre, gerando renda e
assegurando a manutenção de alguns milhares de pessoas, no campo e na cidade. Acrescente-se
a isto os benefícios indiretos, nos demais elos de sua cadeia produtiva agroindustrial. A
caprinocultura leiteira e, também, a caprinovinocultura de corte (que envolvem mais de 10 mil
criadores de diferentes portes, em todos os 167 municípios do Estado), embora enfrentando várias
limitações, se caracterizam como das mais promissoras atividades econômicas do agronegócio
estadual. “Por tudo isto, a caprinovinocultura está a exigir do poder público e da empresa privada
uma ação permanente de modernização, que lhe assegure sustentabilidade econômica e
crescente conotação social”. (LIMA et al., 2006).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária Municipal. 2009. Rio
de Janeiro, 2004.
LIMA, P.O.; DUARTE, L.S.; MARTINS, J.C. et al. Perfil dos produtores rurais do Município de
Quixeramobim no Estado do Ceará. In: XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE
MAIA, M. da S.; MACIEL, F.C.; LIMA, G.F. da C. Criação de caprinos e ovinos: recomendações
básicas de manejo. SEBRAE-RN / EMPARN. Natal, 1997.
MOURA, K. L. O. de. Análise econômica da exploração do caprino leiteiro macho para o abate,
em função de idade, padrão racial e sistema de criação. Natal. 48f. Monografia (Graduação em
Zootecnia)- Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006.