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MÓDULO II

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE

Capítulo 2 – Processo Histórico e conceitos

2.1. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade -

TDAH1

O termo transtorno abrange diferentes definições, pode fazer referência a uma


ligeira alteração da saúde ou a um estado de incapacidade mental. Os
pesquisadores comungam do pensamento que transtorno é, por outro lado, a ação e
o efeito de transtornar, isto é, inverter a ordem regular de algo ou perturbar o
comportamento de alguém.

Segundo estudos a primeira descrição do transtorno em um jornal médico


(Lancet) foi feita por um pediatra, George Still, em 19022. O trabalho do pediatra
George Frederick Still (1868-1941) sobre condições psíquicas anormais em crianças,
publicado no Lancet em 1902, é considerado a primeira descrição médica detalhada

1 Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade -TDAH

2 Still GF. Some abnormal psychical conditions in childhood.Lancet. 1902;1:1008.

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do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade - TDAH. São três
conferências (cujos excertos podem ser encontrados em Still, 2006) sobre suas
observações de crianças que apresentavam um “defeito permanente ou temporário
do controle moral”. Still postula a associação desse “defeito” a algum distúrbio
cerebral.

Página inicial das conferências de George F. Still publicadas no Lancet em 1902.

Segundo estudos a primeira edição do Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais (DSM-I, de 1952) não faz menção específica ao TDAH. O DSM-
II (1968) fala de “reação hipercinética da infância ou adolescência”, caracterizando-a
por hiperatividade, inquietação, distraibilidade e diminuição da capacidade de manter
atenção. Explica que o comportamento diminui na adolescência.
A partir do DSM-III (1980), o TDAH fica melhor caracterizado, com critérios
diagnósticos bem definidos e delimitados. A expressão utilizada é “transtorno de
déficit de atenção”, podendo ser dividida em dois subtipos: “com hiperatividade” e
“sem hiperatividade”.

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É estabelecida uma lista de sintomas que devem ser considerados para o
diagnóstico, bem como outros aspectos, como idade de início antes dos 7 anos,
duração de pelo menos 6 meses e diagnósticos de exclusão.
No DSM-III-R (1987), o termo utilizado é “attention-deficit hyperactivity
disorder”, não havendo uma classificação de subtipos, apenas do grau de gravidade
da doença (leve, moderado e grave), de acordo com o prejuízo causado ao paciente.
No DSM-IV (1994) e no DSM-IV-TR (2000), a expressão “transtorno de déficit
de atenção/hiperatividade” é utilizada atualmente. O diagnóstico é feito a partir de
uma lista de 18 sintomas:
 9 de desatenção,

 6 de hiperatividade

 3 de impulsividade

Paro o diagnóstico é necessária a presença de pelo menos 6 sintomas de


desatenção ou 6 de hiperatividade/impulsividade para preenchimento dos critérios
da doença, além dos demais critérios diagnósticos. São considerados três tipos:
 Predominantemente desatento,

 Predominantemente hiperativo-impulsivo

 Combinado.

No cenário atual, a nomenclatura relacionada a esse transtorno vem sofrendo


alterações, de acordo com Goldstein (1996), em diversos momentos do século XX, a
referencia a essas crianças foi compreendida por meio de características como:
 Inquietação,

 Falha de controle moral,

 Disfunção cerebral mínima,

 Distúrbio pós-cefálico,

 Reação hipercinético da infância,

 Distúrbio de falta de atenção

 Distúrbio de atenção por hiperatividade entre outros.

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Para Benczik e Rohde (1999) é muito importante saber que, embora
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade - TDAH seja uma perturbação
grave, não se trata de uma "neurose", desequilíbrio psicológico ou deformação de
caráter, mas biológico, e é resultado de uma instabilidade do sistema de transmissão
de informações entre as várias partes do cérebro. São alterações na região frontal e
as suas conexões com ele. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no
ser humano, sendo responsável pela inibição do comportamento, pela capacidade
de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O distúrbio do déficit de atenção segundo Ana Beatriz (2003) deriva de um
funcionamento alterado no sistema neurobiológico cerebral, isto significa que
substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas neurotransmissores,
apresentam-se alteradas quantitativa e/ou qualitativamente no interior dos sistemas
cerebrais que são responsáveis pelas funções da atenção impulsividade e atividade
física e mental no comportamento humano.
Trata-se de uma disfunção e não de uma lesão como anteriormente se
pensava. O cérebro de um TDAH, em forma e aparência, em nada difere dos demais
cérebros, que não apresentam um funcionamento TDAH; a diferença esta no íntimo
dos circuitos cerebrais que são movidos e organizados pelos neurotransmissores
que, em última instância, seriam os combustíveis que alimentam, modulam e fazem
funcionar todas as funções cerebrais.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade - TDAH, segundo Sam
Goldstein (2006) aparece geralmente na primeira infância e atinge aproximadamente
de 3% a 5% da população durante a vida toda, não importando o grau de
inteligência, o nível de escolaridade, a classe socioeconômica ou etnia.
De acordo com estudos recentes, o TDAH é mais percebido em meninos do
que em meninas, numa proporção de 2/1; sendo que nos meninos os principais
sintomas são a impulsividade e a hiperatividade, e nas meninas a desatenção. Os
índices variam conforme a fonte de informação. Atinge de 6% a 8% de crianças em
idade escolar.

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2.2. Conceitos e características do TDAH

De acordo com Barckey (2002), define-se o Transtorno de Déficit de


Atenção/Hiperatividade como um transtorno neurobiológico, de causas genéticas,
que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua
vida e se caracteriza por sintomas de desatenção, agitação e impulsividade.
O TDAH é a sigla de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, um
tipo de transtorno neurológico, que surge na infância, geralmente como fator
genético, e em muitos casos, acompanhando o indivíduo em sua vida adulta, sendo
uma patologia reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Mattos (2011) cita
que os sintomas do TDAH, podem se manifestar desde tenra idade. Assef (2007)
relata que os indivíduos com TDAH caracterizam-se por:
Baixa intolerância à espera,
Alta necessidade de recompensa imediata,
Falha na previsão das consequências,
Déficit de autorregulação,
Presença de respostas rápidas, porém imprecisas.
Phelan (2005 p.15) descreve que os principais sintomas do TDAH são
classificados em três grupos: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade:

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Desatenção
Não consegue prestar muita atenção em detalhes ou comete erros
por descuido;
Tem dificuldade em manter a atenção no trabalho ou no lazer;
Não ouve quando abordado diretamente;
Não consegue terminar as tarefas escolares, os afazeres
domésticos ou os deveres do trabalho. Tem dificuldade em
organizar atividades;
Evita tarefas que exijam um esforço mental prolongado;
Perde coisas;
Distrai-se facilmente;
É esquecido.

Hiperatividade
Tamborila com os dedos ou se contorce na cadeira;
Sai do lugar quando se espera que permaneça sentado;
Corre de um lado para o outro ou escala coisas em situações em
que tais atividades são inadequadas; Tem dificuldade de brincar
em silêncio;
Age como se fosse “movido a pilha”;
Fala em excesso;

Impulsividade

Responde antes que a pergunta seja completada;


Tem dificuldade de esperar sua vez;
Interrompe os outros ou se intromete.

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Ainda segundo Phelan (2005), com base nos grupos apresentados acima
temos:
Tipo combinado, se o portador se encaixa em 6 ou mais
itens de ambos os grupos.
Tipo predominantemente desatento, se o portador se
encaixa em 9 itens da desatenção, mas não se encaixa
em 6 dos 9 itens da hiperatividade e impulsividade.
Tipo predominantemente hiperativoimpulsivo, para
muitos especialistas, é o mesmo do tipo combinado.

O TDAH pode se manifestar em grau leve ou grave. Nem todas as pessoas


mostram todos os sintomas, nem todas as pessoas apresentam os sintomas com o
mesmo nível de gravidade.
Segundo Cypel (2007) o conceito de TDAH é bastante genérico,
diagnosticado puramente por critério clínico e marcado pela descrição de um
conjunto de sinais e sintomas. Em geral, baseia-se na avaliação de manifestações
relacionadas à desatenção, à hiperatividade e à impulsividade.
Conforme Barkley (2002, p.35) o “Transtorno do Déficit de
Atenção/Hiperatividade, ou TDAH, é um transtorno de desenvolvimento do
autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com controle
do impulso e com o nível de atividade”. Ainda de acordo com Para Barkley (2000) os
sintomas do TDAH podem aparecer em crianças até os 12 anos, sendo definido pelo
DSMIV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition) como
um problema de saúde mental, considerado como um distúrbio bidimensional que
envolve a atenção e a hiperatividade/impulsividade.
Segundo Rodrigues (2011), o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade
- TDAH caracteriza-se por apresentar um desenvolvimento inadequado nos
mecanismos que são responsáveis pela atenção, reflexibilidade e pela função
motora do sujeito. Os sintomas são apresentados desde a infância, e tende a evoluir

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causando problemas significativos no desenvolvimento do indivíduo, em vários
contextos de sua vida.
Phelan (2005) afirma que no decorrer dos anos vários nomes surgiram
relacionados com Transtorno de Déficit de Atenção. Cita-se a doença de Still,
Distúrbio de Impulso, Lesão Mínima do Cérebro e Disfunção Cerebral. No entanto,
em 1980, no manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais III Edição
(DSM III) surge o nome Transtorno de Déficit de Atenção, deixando claro que o
problema está relacionado com a concentração e atenção.
Para Phelan (2005, p.5) “essa nova definição deixa claro que o ponto central
do problema é a dificuldade de se concentrar e manter a atenção”. Mattos (2008)
aborda várias atitudes em comum que podem ser diagnosticadas nos indivíduos que
apresentam TDAH. De acordo com Rohde (2003), o avaliador deverá observar se a
criança enquadra em pelo menos seis dos nove itens que a caracteriza como
indivíduo que apresenta sintomas do TDA do tipo desatento ou hiperatividade-
impulsividade.
Na classe da desatenção inclui-se:

não prestar atenção em detalhes,


não mantém a atenção em tarefas e brincadeiras,
não ouve quando lhe dirige a palavra,
não consegue terminar suas responsabilidades escolares e de casa,
tem dificuldade em organizar atividades,
não gosta de atividades que forçam a
mente, perde coisas facilmente,
distrai-se com facilidade e se esquece com facilidade.

Nos sintomas relacionados à hiperatividade-impulsividade inclui-se:


hiperatividade,
inquietude,
corre de um lado para outro,

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não brinca em silêncio,
age como sendo movida a pilha,
fala em excesso.
Sintomas de Impulsividade: responde antes de terminar a pergunta,
tem dificuldade em esperar e intromete nos assuntos alheios.

O avaliador deve analisar em que grau de intensidade essas ações acontece


e de que forma elas causam distúrbios e prejuízos à vida da criança ou da família
em diferentes cenários. Rohde (2003) afirma que em razão da criança que possui
TDAH não conseguir um desempenho satisfatório comportamental, de
relacionamento, planejamento pode surgir dificuldades sociais, isto é, estão
relacionadas com a impossibilidade de desenvolver um bom desempenho em
determinadas situações e não por falta de conhecimento. Principalmente em
crianças com TDAH com predomínio de hiperatividade e impulsividade, o problema
não está em não saber realizar algumas atividades ou tarefas, mas sim em não
conseguir realizá-las conforme o esperado por outras pessoas.
Em crianças e adolescentes que apresentaram sintomas de TDAH e não
foram tratados adequadamente, tais sintomas serão persistentes na vida adulta. A
baixa autoestima, o baixo desenvolvimento social, poucos amigos são dificuldades
que deverão ser enfrentadas pelo indivíduo que possui o TDAH desde a infância e
que não passou por um tratamento com profissionais da área, desencadeando assim
problemas sociais complexos, em alguns casos o uso de drogas, transtorno de
personalidade e de conduta.
Na visão de Phelan (2005), outros sintomas podem ser percebidos em
pessoas que possuem TDAH, entretanto esses outros sintomas não são os
responsáveis em diagnosticar o problema, mas é comum encontrá-los nas pessoas
que apresentam TDAH, são eles: baixa autoestima, essas pessoas demonstram
uma insatisfação consigo mesmo, muitas vezes, até mesmo sem intenção, duvidam
da sua capacidade de realizar algum tipo de trabalho. Sempre adia o que poderia ser
realizado logo, sente-se inseguro.

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Possuem uma facilidade de tornar o que era agradável e interessante em algo
chato e sem graça, ou seja, acontece facilmente uma mudança de interesse. São
impacientes às situações monótonas e repetitivas. Tem necessidade de coisas que
os estimulem e que sejam do seu interesse. Variam sempre de humor. Encontrar
dificuldade para planejar algo e executar o que foi planejado.
De acordo com Rohde (2003) é notável que o tipo desatento, é
frequentemente predominante em crianças do sexo feminino. As crianças desatentas
apresentam mais dificuldades em questões que avaliam a capacidade de raciocínio,
como: matemática, física, geometria, planejamento, ou seja, tarefa que requer
controle mental, comparada com a criança que possui o TDAH do tipo combinado
(hiperatividade e impulsividade).
A criança com predomínio em sintomas de desatenção apresenta dificuldades
em trabalhar em equipe, desenvolver habilidades sociais, é mais retraída, voltada
para o isolamento e apresenta alta taxa de ansiedade e depressão. É importante
frisar que a desatenção, hiperatividade ou impulsividade como sintomas isolados
podem causar muitos problemas na vida da criança, tanto escolar como social e
familiar.
É de total relevância que para o diagnóstico do TDAH, analisar os sintomas
de forma contextualizada, ou seja, observar se os sintomas característicos do TDAH
são apresentados em diferentes situações. Sendo assim, é necessário observar
algumas ações da criança, pois estas poderão estar indicando a presença do
transtorno, tais como: período de tempo que a criança vem apresentando os
sintomas de desatenção e ou hiperatividade e ou impulsividade.
Na maioria das vezes as crianças com TDAH apresentam esses sintomas já
no início da idade pré-escolar. As crianças com TDAH que predomina a
hiperatividade e impulsividade são mais agressivas e impulsivas do que as crianças
que apresentam o tipo desatento e o tipo combinado.
O tipo desatento frequentemente apresentado em crianças do sexo feminino
apresenta uma alta taxa de prejuízo escolar, assim como o tipo combinado.
Transtorno de conduta, oposição e de desafio ocorrem mais frequentemente em

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crianças portadoras de qualquer um dos tipos de TDAH do que em crianças tidas
como normais. Porém, o tipo combinado tem mais chance de desencadear esse tipo
de comportamento e causar mais prejuízo ao portador na área social, escolar e
familiar.
Crianças que apresentam problemas de Déficit de atenção necessitam de
uma observação no intuito de perceber que tipo de comprometimento está
desencadeando nela, sendo que, Rohde (2003) afirma que é possível encontrar em
literaturas especializadas termos diversificados que caracterizam as alterações que
podem ocorrer na aprendizagem, termos como: dificuldades, problemas, falta de
habilidade, transtornos ou distúrbios, cada qual demonstram diferentes condições
nos desenvolvimento da aprendizagem.

2.3. Comorbidades

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é segundo os


pesquisadores um quadro clinico que vem acompanhado de outros distúrbios. Para
Souza e Pinheiro (2003, p85) “comorbidade é o termo utilizado para designar a
ocorrência de dois ou mais transtornos e m um mesmo individuo”. Comorbidades
que podem estar associadas ao TDAH (DDA):

TDAH (DDA) com Depressão

É frequente o TDAH (DDA) vir acompanhado de depressão, dada a


incapacidade da pessoa viver "adequadamente". Sua autoestima geralmente é muito
baixa em função de críticas, repreensões, castigos, piadas e comentários negativos
com relação ao seu comportamento desde a infância. Há também uma
autodepreciação em função da dificuldade que tem em organizar-se, prestar
atenção, iniciar e terminar suas tarefas, dos erros que acontecem pela falta de
atenção e impulsividade, das gafes que comete e outros. Tudo isso pode levar ao
cansaço extremo, à exaustão, a ponto da pessoa querer desistir, achando que a
"batalha" é grande demais para ela.

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TDAH (DDA) com Ansiedade Generalizada

Preocupação interminável, crônica e ruminante. Esse item é o que mais


estressa o indivíduo, sem que ele possa relaxar nunca: "- O que foi que esqueci? Por
quê fiz isso? Será que vai dar errado novamente? Como vou dar conta de tudo que
tenho para fazer?" Essas preocupações podem ter fundamento em função do seu
comportamento, mas há também uma preocupação persistente, obsessiva, como
meio de se organizar, de concentrar-se, numa tentativa de evitar a desorganização,
o caos.

TDAH (DDA) com Distúrbio de Linguagem

Em diferentes intensidades, os distúrbios de linguagem que costumam


aparecer na infância podem acompanhar o adulto, dificultando sua vida profissional
e seu convívio social. São eles:
Dislexia (dificuldade com a leitura ou escrita)
Disgrafia (dificuldade com a escrita)
Disfasia (dificuldade com a fala)
Pode acontecer dificuldade em expressar-se (a fala não consegue
acompanhar a velocidade da mente, "come palavras" ou aparecem os "brancos",
dificultando a comunicação, pois tanto a linguagem oral como a escrita requerem
planejamento de sequencias de palavras, frases, parágrafos, etc.).
O processamento auditivo do TDAH (DDA) prejudica a compreensão do que
lhe é dito, dificultando o aprendizado, a vida acadêmica e social. Dificuldade na
escrita pela falta de coordenação motora e impulsividade (geralmente a letra de
quem tem TDAH (DDA) não é lá essas coisas!), podendo também ocorrer omissões
ou substituições de palavras, falta de acentuação e pontuação adequadas.
A atenção e a memória (precárias em quem tem TDAH (DDA)), são
fundamentais para que se adquira habilidades de compreensão e de formulação da
linguagem adequada.

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TDAH (DDA) com Transtorno Bipolar

O TDAH (DDA) pode às vezes ser confundido com o transtorno maníaco-


depressivo. Nos dois casos há alterações de humor: o indivíduo vai da excitação à
depressão. No TDAH (DDA), a agitação presente na hiperatividade, a desatenção
(inclusive com o perigo), a impulsividade podem parecer-se com o estado de mania
do Bipolar, mas o que difere é a intensidade: o maníaco pode passar dias sem
dormir, pode gastar suas economias e até mesmo o que não tem, coloca-se em
projetos de risco, perde a noção de perigo, falando sem parar, num discurso ilógico,
saltando de uma ideia para a outra, podendo irritar-se e tornar-se agressivo.
O indivíduo com TDAH (DDA) pode ser cheio de energia, inquieto, mas nada
comparado ao maníaco. A depressão associada ao TDAH (DDA) também não é tão
profunda como no caso do Bipolar. Quando a comorbidade do Bipolar se soma ao
TDAH (DDA), os sintomas maníaco depressivos tendem a se intensificar.

TDAH (DDA) com Uso de Substâncias

As pessoas com TDAH (DDA) têm maior tendência em abusar de drogas. O


índice pode chegar a 50%. No caso do tratamento de dependentes químicos, é
fundamental investigar se há diagnóstico de TDAH (DDA). A pessoa pode utilizar-se
do álcool, da maconha e de tranquilizantes como forma de anestesiar seus
pensamentos negativos, sua depressão, sua agitação e sua ansiedade crônica. É
um comportamento que leva à gratificação imediata.
A curto prazo podem até funcionar como alívio porque a gratificação
imprevisível libera mais dopamina, mas o uso crônico leva à depressão, à
desmotivação total, e a desorganização toma conta da pessoa. Pode usar
anfetamina, cafeína e cocaína, como instrumento de concentração, de clareza
mental. A cocaína é também um estimulante como a Ritalina, uma das medicações
mais usadas no TDAH (DDA), daí a automedicação de forma equivocada e perigosa
pode transformar o que no início parecia alívio e solução, num caminho sem volta.

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TDAH (DDA) com Transtorno Alimentar

A compulsão presente no TDAH (DDA) pode ser por comer, podendo levá-lo
ao Transtorno do Comer Compulsivo. Muitas vezes a inquietação leva a pessoa a
"beliscar" o dia inteiro. Quando a quantidade de comida aumenta, o comer pode virar
uma compulsão e a pessoa come, estando ou não com fome, torna-se obesa,
sobrecarregando seu sistema digestivo e gastrintestinal.
Com a autoestima ainda mais comprometida pela aparência física, é comum a
pessoa procurar ajuda de médicos endocrinologistas em busca de regime. É
importantíssimo que esses profissionais conheçam o que é TDAH (DDA) para que
saibam quando a origem da compulsão vem ou não do TDAH (DDA). Se a rejeição
pelo corpo for muito grande, pode ocorrer em alguns casos a Bulimia.

TDAH (DDA) com Transtorno de Personalidade Antissocial

Adultos com TDAH (DDA) (geralmente homens muito impulsivos) podem


cometer quatro vezes mais agressões físicas a outras pessoas comparando-se com
quem não tem TDAH (DDA). Alguns estão em prisões ou hospitais psiquiátricos com
diagnósticos errôneos de distúrbio antissocial, os sociopatas3 ou psicopatas4.
Caso o adulto tenha uma história clara de TDAH (DDA) na infância, o
diagnóstico pode estar incorreto, e ele responder bem ao tratamento de TDAH
(DDA). O padrão de comportamento antissocial inicia-se na adolescência, com o
Transtorno Desafiador Opositor. Conforme chegam à idade adulta, podem mudar de
emprego com facilidade e terão maior possibilidade de serem mandados embora em
função de seu comportamento, da falta de disciplina e de autocontrole sobre seus
impulsos. Sua capacidade de trabalho pode ficar comprometida no que diz respeito

3
Sociopatas - infringem as leis, desafiam, enganam, mentem, trapaceiam, agridem e roubam, sem o menor
remorso.
4
Psicopatas - têm alucinações visuais, auditivas, sensação de desconfiança, de estar sendo
observado, perseguido, provocado, traído,... são agitados, confusos, agressivos, gostam de isolar-se,
têm pensamento bloqueado e desleixo com a aparência e higiene.

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à pontualidade, prazos, supervisão, produtividade, capacidade de cumprir as
funções que lhe são designadas...
A agressividade e violência do TDAH (DDA) deve-se à frustração, à
intolerância, à impaciência, à impulsividade e ao grau do transtorno, não à psicose.
Com o diagnóstico correto e tratamento adequado, a qualidade de vida dessas
pessoas pode melhorar muito.

TDAH (DDA) com Transtorno de Sono

O Distúrbio do Sono afeta a qualidade e quantidade do sono de uma pessoa,


gerando a chamada fadiga diurna crônica.
A turbulência mental do indivíduo com TDAH (DDA) faz com ele tenha grande
dificuldade em relaxar e dormir. E quando finalmente adormece, raramente
consegue fazê-lo de maneira profunda. É comum o acordar cansado, como se quase
não tivesse dormido. Alguns dormem em excesso, em função de desânimo,
desmotivação e/ou depressão, o que não significa descansar bem.
Para quem tem TDAH (DDA), é vital o diagnóstico e tratamento desse
distúrbio porque ele aumenta a desatenção, a inquietação, a irritabilidade e o
cansaço. O desempenho profissional, pessoal, bem como a saúde física e mental
são afetados, uma vez que é durante o sono que nosso cérebro recupera as
energias e o desgaste ocorridos durante o dia.
Outras providências a serem tomadas são: fazer uma atividade física
regularmente, reduzir o peso (caso esteja elevado), dormir de lado, eliminar a
cafeína após as 16h, eliminar o fumo e bebidas alcoólicas. Se tiver apneia, é
importante consultar um especialista do sono.

TDAH (DDA) com Transtorno Obsessivo Compulsivo –TOC

Se o indivíduo com TDAH (DDA) preocupar-se em demasia com o que


esqueceu, com coisas que podem estar fora do lugar ou perdidas, com futuros erros
em função de sua distração, pode desenvolver comportamentos ritualísticos de

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verificação, pensamentos repetitivos que não consegue filtrar, obsessivos e
desenvolver o TOC.
Os sintomas desse transtorno são mais visíveis, podendo mascarar o TDAH
(DDA). Há vários tipos de obsessões:
Por contaminação (lavam as mãos muitas vezes, tomam vários banhos,
por medo de contaminação, etc.)
Por simetria (tudo "naquele determinado lugar", perfeitamente alinhado)
Por ordem (perfeccionismo e limpeza)
Por armazenar (não se desfazem de nada, tudo que vêem compram
porque "um dia podem precisar")
Religiosa (a responsabilidade da sua vida é baseada em suas crenças
religiosas, querem converter a todos, etc.) Sexual (sexo ou
masturbação compulsivos)
Ritualística (só entram e saem pela mesma porta, verificam várias
vezes trincos e fechaduras, preocupados se os esqueceram abertos,
pode tornar-se supersticiosos, etc.)
Por agressividade (quando acreditam estarem sendo atacados,
perseguidos)
Não é incomum o portador de TDAH (DDA) desenvolver traços obsessivos
para lidar melhor com suas distrações, esquecimentos, impulsividades,
desorganização, tornando-se meticuloso e muito crítico. Quando há pequenos traços
obsessivos de perfeccionismo, estes acabam ajudando o indivíduo a ter maior
disciplina, a lidar melhor com suas distrações, esquecimentos e desorganizações,
embora aumente sua ansiedade e a cobrança que faz dos outros.

TDAH (DDA) com Fobia

Não é difícil que o indivíduo com TDAH (DDA) sinta-se inadequado:


geralmente tem medo de cometer gafes, de ser criticado, gozado... a dificuldade com
a linguagem, os "brancos" que podem ocorrer, fazem com ele recolha-se com medo
de ser ridicularizado, podendo desenvolver a fobia social, isto é um medo

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imenso de interações sociais, principalmente quando tem que expor-se como por
exemplo, falar em público. Esse transtorno pode levá-lo a desperdiçar todo seu
potencial ao esconder-se "do mundo". Podem acontecer também fobias específicas
por situações e/ou objetos: medo de elevadores, de aviões, tempestades,
ferimentos, sangue, certos animais.

Semelhanças entre TDAH (DDA) e Personalidade Borderline

Personalidade Borderline é aquela que fica entre a neurose e a psicose. Esse


tipo de indivíduo tem um senso interior de si muito fraco. São ávidos por
relacionamentos com desejos de praticamente fundir-se com o outro, sem muita
noção de limites, entretanto terminam relacionamentos de forma abrupta e fogem de
qualquer tipo de intimidade. Têm longos períodos de grande sofrimento psíquico,
cheios de medo e depressão.
Com frequência sentem impulsos suicidas, mas geralmente suas tentativas
não terminam em morte, servindo apenas para um alívio interno. O ato de cortar os
pulsos ou fazer vários cortes na pele, por mais doloroso que seja, faz com que
sintam-se aliviados dos maus sentimentos conforme o sangue se esvai. Essas
pessoas relatam não sentir dor. Têm uma sensação de que serão esmagados. Um
dos sentimentos primários é o ódio. São extremamente sensíveis à rejeição,
envolvem as pessoas próximas em seus dramas pessoais e as classificam em boas
e más. Não há meio termo. É comum aliviarem seus sofrimentos com drogas e/ou
álcool. Suas vidas são caóticas, sofridas, imprevisíveis e muitas vezes trágicas.
Podemos encontrar várias semelhanças entre a personalidade Borderline e as
características do TDAH (DDA): o senso interior de si do TDAH (DDA) é distraído e
fragmentado; rompe abruptamente relacionamentos; sai de sintonia em momentos
onde isso não é esperado; busca estímulos fortes para concentrar-se (não para
aliviar-se de sentimentos dolorosos como no caso acima). Os dois transtornos são
marcados pelo alto grau de impulsividade. A pessoa com TDAH (DDA) devido à
constante frustração de não conseguir fazer as coisas direito, também carrega em si
muita raiva e sentimento de rejeição, e uma tendência a isolar-se.

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Em ambos os transtornos há muita instabilidade de humor, baixo rendimento
do seu potencial e o abuso de substâncias geralmente é usado como automedicação
para alívio dos seus sintomas.
Há registros de pacientes diagnosticados como Boderliners que na verdade
têm inicialmente TDAH (DDA). O tratamento é bem diferente nos dois casos, daí a
grande importância do diagnostico correto.
Índice de algumas comorbidades em adultos:
Depressão – 20 a 30%
Transtorno de ansiedade – 20 a 30%
Uso de substâncias – 25 a 50%
Tabagismo – 40%
Distúrbio alimentar – 20 a 30%
Transtorno de personalidade antissocial
25% Transtorno de sono – 75%

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2.4. Leitura Complementar

COMO IDENTIFICAR E TRABALHAR CRIANÇA COM

TDAH NA ESCOLA

Sandra Luiza Correia Bonoto5

Para fins de identificação de uma criança hiperativa na escola é necessário


cautela. Segundo afirma Rohde (2003, p.18), “Deve-se fazer uma avaliação para
indicar se um determinado comportamento da criança pode ser comparado com o de
um grupo de crianças da mesma faixa etária e sexo. É o chamado enfoque
normativo.” Nesse aspecto, a psicopedagoga Sanseverino (2005), alerta que diante
da suspeita de um aluno com hiperatividade o professor pode ser convidado a
responder um questionário, com as seguintes questões:
a) comparada aos colegas de sala é agitada?
b) acompanha o ritmo da classe?
c) expressa-se claramente?
d) se distrai com qualquer coisa?
e) perde ou esquece objetos?
f) presta atenção por muito tempo numa explicação?
g) não termina a tarefa que começa?
h) age sem prudência?
i) irrita os colegas?
Se a criança fosse de fato hiperativa, acrescenta Sanseverino (2005), as
prováveis respostas seriam:
a)sim.
b) não consegue acompanhar.
c) não.

5
Graduada em Pedagogia – FAFI – UV. Texto conforme integra publicando: Ensino e pesquisa, Vol 1,2008.

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d) sim, com muita facilidade.
e) sim.
f) não, interrompe ou se distrai.
g) sim, com frequência.
h) sim.
i) sim.
É muito importante se ter em mente que um certo grau de desatenção e
hiperatividade ocorre normalmente nas pessoas. Devidamente diagnosticada e
encaminhada para um tratamento, o professor deve dispor de um atendimento
especial e diferenciado ao aluno hiperativo, bem como avaliar seus pontos forte e as
dificuldades para que se faça um atendimento diferenciado aos seus déficits.
Conforme esclarece (Brioso e Sarrià 1995, p.164),

O conhecimento, por parte do professor [...] é condição


necessária para que proporcione a resposta adequada às
necessidades da criança [...] devemos ter em mente suas
dificuldades de concentração durante tempo prolongado, bem
como para selecionar a informação relevante em cada
problema, de forma a estruturar e realizar uma tarefa.

Ainda nas palavras de Brioso e Sarrià (1995), devido à baixa tolerância da


criança hiperativa com relação à frustração, deve-se dispor de um sequenciação no
grau de dificuldades das atividades, evitando saltar de problemas fáceis a muito
difíceis, a introdução de auxílios externos evitarão experiências de fracasso.
A criança hiperativa em fase de alfabetização precisa de método próprio, o
colégio deve elaborar técnicas auxiliando o hiperativo a aprender do seu jeito.
Segundo esclarece Karam (2006, p.08), para Antoniuk “A escola durante a
alfabetização pode gerar ansiedade no hiperativo. Por isso, é importante ensinar
primeiramente as letras e os sons de cada uma, ao invés do método global utilizado
atualmente”. A professora deve saber identificar o problema para não rotular o aluno
de mal-educado ou bagunceiro e para prender a atenção da criança deve trabalhar
com atividades mais dinâmicas e interessantes, fazendo uso de recursos materiais,

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como por exemplo: computador, músicas, vídeos, filmes etc; e principalmente, usar
atividades de ensino que estimulem respostas ativas como: falar, mover-se,
trabalhar no quadro. Muito importante também é incentivar outra tarefa enquanto o
aluno espera; atividades estimulantes com argila, papéis ou até tomar água.
Sanseverino (2005) informa que a criança hiperativa precisa de cuidados
diferenciados em sala de aula e para isso o professor deve observar algumas regras,
tais como: a criança deve sentar-se na primeira carteira, mais próxima possível do
professor; longe da janela e na frente dos colegas, tirar da sala objetos que possam
distrair o aluno e intervalo entre as atividades. Não criticar a criança excessivamente,
pois há tarefas que não será capaz de realizar e críticas só fragilizará sua
autoestima. Encoraja-la com frases como: “se você não entender, peça para que eu
explique novamente”. Dar menos ortografia e problemas.
Proporcionar oportunidades para movimentação em sala de aula,
concomitantemente, o professor não deve aceitar seu comportamento sem limites.
Fazer provas sem controle de tempo ou permitir o término da mesma em outro
horário, caso seja necessário avaliações diferenciadas deverão ser planejadas,
como por exemplo, fazer mais uso de cobranças verbais.
Aos poucos, a criança hiperativa tem de perceber que não pode irritar os
colegas, falar em hora errada, levantar-se toda hora. As tarefas de casa também
merecem atenção especial alerta Rohde (2003, p.206) de acordo com o que sugere
Rief (1993):
Uma das dificuldades enfrentadas pelo aluno com TDAH e sua
família é a realização do dever de casa. Ao passar uma lição de
casa, os professores devem lembrar que o tempo que um
estudante com TDAH [...] leva para fazer essa tarefa pode ser
de três a quatro vezes maior que seus colegas. É necessário
fazer adequações para que a quantidade de trabalho não
exceda o limite da possibilidade.

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E principalmente, colocar para criança que a lição de casa tem objetivo de
reforçar e praticar o que foi explicado em sala de aula, nunca usar como castigo ou
como consequência de mau comportamento na escola.
Embora as diversas formas de problemas decorrentes do distúrbio do
comportamento, a hiperatividade é considerada por seu grau de complexibilidade um
dos fatores que mais interferem no processo ensino-aprendizagem da criança.
Decorrente do despreparo dos educadores para lidar com crianças hiperativas, as
consequências são as mais difusas e traumáticas para o educando.
Nesse sentido, Barros (2002), através de sua práxis procura minimizar os
impactos negativos que protagonizam os déficits de competências sociais por meio
de jogos infantis, partindo da observação da incapacidade de manter por muito
tempo à atenção em tarefas escolares.
Conforme se justifica a autora citando Johnson, Christie e Yawkey (1999),
através da teoria freudiana, acredita ser a atividade lúdica essencial ao
desenvolvimento emocional da criança, o brincar pode ter efeitos catárticos,
proporcionando à criança chance de se libertar de sentimentos negativos associados
à experiências traumáticas e levando-a a superar situações de ansiedade, por
considerar que o jogo cria na criança uma situação modelo que ajuda dominar as
demandas da realidade.
Portanto, nessas experiências observou-se que as crianças que apresentam
dificuldades escolares em relação às crianças sem dificuldades, diferenciam-se na
qualidade de imaginação, estabilidade e intensidade lúdica. Porém, enfatiza Barros
(2002, p.73), que:
É imperativo considerar que o brinquedo proporciona à criança
um desenvolvimento da imaginação e da criatividade e,
paralelamente, possibilita a prática da capacidade de
concentração, atenção e engajamento. Este exercício da
capacidade de atenção e de concentração é proporcionado
pelo fato de o brinquedo conduzir a criança a absorver-se na
atividade. Visando um aumento progressivo da capacidade da
criança em permanecer numa mesma atividade, propõe-se que,
inicialmente, sejam oferecidos brinquedos que exijam menos
tempo para realização da atividade e, conforme a criança
conseguir executá-la, podem oferecer jogos que exijam

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maior tempo de utilização. E, em consequência deste êxito, a
criança mostrar-se-á mais calma e relaxada. Desta forma, o
jogo proporciona o trino das capacidades deficitárias das
crianças hiperativas e, consequentemente, conduz a resultados
satisfatórios em outras habilidades do desenvolvimento.

Com o novo projeto pedagógico referente ao Ensino Fundamental de nove


anos destaca-se a importância do aprender através do brincar, coisa que há tempos
não se valorizava, segundo descreve Elkind (2004, p.52), Hirsch-Pasek (1991)
denomina as pré-escolas não centradas e orientadas no brincar de pré-escolas
acadêmicas. Segundo ele:

Os efeitos de corromper o modo de brincar das crianças ficam


mais evidentes quando elas ingressam na escola. É aí que a
falta de habilidades pessoais, sociais e oriundas do brincar
torna-se mais visível. Falta de respeito pelos professores,
intimidações, trapaças e incapacidade de concentração por
longos períodos são hoje lugar-comum. Esse novo ambiente
social é, [...] em parte, atribuível à ausência de experiência
lúdica no mundo real.

Estudos recentes, Coolahan (2000) apud Elkind (2004), constataram a


importância do brincar no mundo real (refiro-me a mundo real porque hoje em dia a
criança, na maior parte do seu dia vive isolada no mundo virtual, seja internet,
videogame ou televisão) para crianças em idade pré-escolar. Evidenciou-se que as
crianças que possuem competência para brincar participam mais ativamente das
atividades em sala de aula, enquanto que as crianças inaptas para brincar são
destrutivas ao brincar com seus amigos e tendem a apresentarem problemas de
conduta e hiperatividade em sala de aula. Sendo ainda muito ansiosas.
Para que a criança aprenda a se controlar mais rapidamente, é necessário
que seja estimulada também em casa, estabelecendo uma rotina reforçando assim,
a obrigação de controlar seu comportamento diante das pessoas. Conforme
descreve Levy (2001, p.1), “Ser mãe de um hiperativo é muito difícil, tem que
conviver com uma criança que não responde ao que é ensinado, vive derrubando as
coisas, é impossível não ficar irritada.” O importante é compreender os problemas
sociais escolares e familiares que o seu filho enfrenta e estar disposta a auxiliá-lo

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sempre. Ao mesmo tempo, procure refletir sobre como seu filho pode estar se
sentido quando não consegue corresponder às suas expectativas. O comportamento
hiperativo da criança leva muitas vezes os pais a reagirem bruscamente,
esquecendo que são modelos, ou melhor, espelhos para seu filho. Como vai exigir
de seu filho se você não pensa antes de agir? O TDAH é acompanhado de sintomas
como desafio e oposição, o que faz com que a criança demore a se adaptar a uma
nova maneira de relacionamento com seus pais.
Muitas vezes, os pais conseguem prever com precisão o comportamento do
filho hiperativo diante de situações problemas, evitando assim o conflito. Quando os
pais param de oferecer estimulação negativa como gritos, surras, sermões críticas
diminui o comportamento negativo dessas crianças. Fale o mais suavemente que
possa com seu filho. Pois, seu humor flutua constantemente e ele pode discutir com
os pais por qualquer motivo.
Para ajudar a criança desenvolver seu autocontrole, se faz necessário um
cartaz ou quadro escrito claramente as regras mínimas de funcionamento, bem
como as instruções de cada dia, mas lembre-se que seu filho está lutando para
superar essa deficiência no sistema nervoso e não deve se sentir envergonhado
quando falhar.
Os pais de crianças com TDAH podem sentir-se cansados, abatidos,
preocupados e até certa frustração devido à tamanha atenção que dispensa ao filho.
Apesar de tudo, é importante que os pais sejam conscientes de suas necessidades.
Buscar apoio é fundamental para os pais quanto para a criança. Converse com os
professores de seu filho e juntos procurem auxílio médico especializado.
A Hiperatividade é um problema que tem solução, ajuda especializada e a
compreensão da família torna a vida da criança muito mais feliz. Para amenizar os
conflitos da criança em casa, Levy (2001, p.2) descreve alguns itens de como lidar
com o hiperativo:

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Estabelecer limites; Repetir a mesma instrução várias vezes
sem perder a paciência;Elogiar o que a criança faz certo; Não
encher o quarto de bichos de pelúcia nem de quadros nas
paredes; Limitar o número de brinquedos disponíveis para
evitar distração; Prefira copos e pratos de plástico e evite
encher a sala de bibelôs, vasos de vidros, pois quase todo
hiperativo tem problema de coordenação motora. ( LEVY, 2001,
p.2).

Conforme relata Orquiza (2006) inconscientemente a criança hiperativa busca


conflito para estimular seu próprio córtex pré-frontal, é um modo de tentar ligar seu
cérebro. Os pais de crianças com Hiperatividade comumente relatam que seus filhos
são peritos em deixá-los bravos, outros ainda, que seus filhos parecem sentir-se
motivados fazendo seus animais de estimação ficarem bravos, fazendo brincadeiras
irritantes ou provocando-os.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL, MEC, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Livro 1-
MEC, SEESP. Brasília, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação


Básica, Brasília, DF,2001. BRASIL.

Ministério da Justiça. Secretaria Nacional dos Direitos Humanos. Declaração de Salamanca e linha
de ação, Brasília, DF, CORDE, 1994.

BRASIL, Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. Brasília, DF, CORDE, 2007.
.
MATTOS, Paulo. No Mundo da Lua: perguntas e respostas sobre transtorno de déficit de
atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 8. Ed. rev e atual. São Paulo:
Casa Leitura Médica, 2008.

PHELAN, Thomas. TDA-TDAH. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. São Paulo: Ed.
M, Books do Brasil, 2005.

ROHDE, Luis Augusto. Princípios e práticas em transtorno de déficit de atenção hiperatividade-


impulsividade.
Luis Augusto Rohde e Paulo Mattos et al. Porto Alegre: Artmed, 2003. UNICEF. Declaração
Universal dos Direitos das Crianças. 1959.

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