Você está na página 1de 8

Volume I - Guia nº 01.

GUIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS


PRESTADORAS DE SERVIÇOS
EM CONTROLE DE QUALIDADE DE AR DE
INTERIORES.

Volume I - Guia nº 01

2003
Volume I - Guia nº 01.

GUIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PRESTADORAS DE


SERVIÇOS
EM CONTROLE DE QUALIDADE DE AR DE INTERIORES.

INTRODUÇÃO

Para a contratação de uma empresa, com o objetivo de realizar analises, gerenciamentos e


manutenção dos sistemas de ar condicionado, visando manter ou melhorar a qualidade do ar
que é oferecido aos usuários dos ambientes, deve-se observar que os seguintes passos:

a) Trata-se de um serviço especializado, que envolve hoje com os novos conceitos


higiênico-sanitário e de qualidade de vida, o conhecimento técnico-científico da
área específica e as soluções tecnológicas adequadas;

b) A meta a ser atingida deve ser sempre a “boa qualidade do ar que se respira”.
Preservar diretamente a saúde das pessoas que ocupam os ambientes climatizados e
garantir a produtividade da empresa;

c) As propostas apresentadas pelos prestadores de serviços dão uma idéia bastante


clara de sua capacidade técnica. Sempre que for possível, deve se pedir as
referencias destas empresas, sobretudo a sua filiação e entidades que possam dar
suporte técnico e científico. Desta forma, existem características técnicas importante
a serem observadas e garantidas numa proposta, bem como características
comerciais e éticas o que passamos a expor em seguida:

ITENS QUE DEVEM SER OBSERVADOS EM UMA PROPOSTA TÉCNICA

Comercial e ética.
Para avaliação de uma proposta comercial algumas solicitações devem ser feitas com
objetivos específicos de comprovação ética e profissional. Desta forma:
1. Sempre deve ser solicitado de todas as empresa participantes o contrato social, com
o objetivo de avaliação de sua ligação com outras empresas também participantes
do processo de licitação. É muito freqüente composição em licitações de empresas
de parentes ou empresas de um mesmo dono ou grupo de donos com razões sociais
distintas. Outro ponto a ser observado é se o serviço a ser executado está claramente
descrito nos objetivos da empresa, evitando-se com isso o exercício ilegal de
atividades.
2. Solicitar curriculum vitae dos profissionais envolvidos diretamente ao trabalho com
função específica de decisão ou de conhecimento, com objetivo de comprovação de
capacidade técnico e/ou científica. Procure nunca se deixar enganar por listas de
clientes, pois estas em via de regra são simplesmente confeccionadas e na vigência
de utilizá- las, confira a veracidade dos fatos.
Volume I - Guia nº 01.

3. Procure observar se seu prestador de serviço é afiliado de alguma Sociedade


Científica ou se possui alguma forma de certificação como, por exemplo “Selo de
Qualidade” em sua área de atuação, emitido pela Sociedade Científica.
4. Tome sempre muito cuidado com associações de empresas que simulam
organizações científicas com objetivo de atrair um mercado em potencial.
5. Peça sempre uma forma de otimização dos custo de forma a obter a melhor relação
custo-benefício.

Técnica.
Uma proposta para um serviço técnico é, antes de tudo, uma descrição dos procedimentos
do prestador de serviço. Propostas que contenham uma descrição detalhada dos serviços,
com todos os passos da metodologia utilizada dispostos numa ordem lógica são a primeira
garantia de um bom resultado. Assim, recomendamos a seguinte estrutura:

1. Diagnóstico de situação é sempre a primeira procedência em relação ao ambientes


interiores, o qual determinará que providências a serem tomadas.
2. Localização precisa de focos de contaminação do sistema através de análises
microbiológicas e análises complementares, quando necessárias;
3. Identificação da existência de microrganismos patogênicos;
4. Determinação dos níveis de contaminação e comparação com os padrões
referenciais;
5. Diagnostico de imprecisões em sistemas de barreiras (filtros) e erros de projetos ou
instalações do sistema;
6. Diagnostico de incorreções nos procedimentos de manutenção higiênico - sanitária;
7. Higienização das casas de máquinas, entrada do ar externo e elementos das centrais
de tratamento de ar;
8. Higienização da rede de dutos (quando claramente demonstrado através da busca de
fontes ativas);
9. Coleta de resíduos;
10. Diagnóstico final;
11. Recomendações preventivas.

Com esta estrutura apresentada, o passo seguinte é observar a metodologia utilizada em


cada uma das etapas.

1 - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.
As análises de avaliação ambiental, tem por objetivo traçar um diagnóstico de situação
atual. Este diagnóstico determinará a presença ou ausência de riscos de agravo a saúde dos
usuários em ambientes interiores. O Diagnóstico laboratorial é um procedimento que visa o
atendimento da Portaria Ministerial nº. 3523/GM de 28/08/1998 e Resolução nº RE 176 de
24/10/2000 e sua revisão Resolução nº RE 9 de 16/01de 2003 .

Os serviços de análises microbiológicas serão periódicos, com intervalos semestrais, sendo


que a análise inicial será usada como base para posterior realização de serviços e/ou
intervenções que se fizerem necessárias, após o diagnóstico inicial.
Volume I - Guia nº 01.

Norma Técnica 01

Controle microbiológico de ar (ar ambiental).


- Inclui: Pesquisa de microbiota fúngica (contagem total, diferencial e identificação).
Objetivo: Quantificar fungos. Estes elementos são marcadores epidemiológicos da
qualidade do ar. Esta análise permite ainda, uma boa avaliação do ambiente,
no que concerne a fenômenos de hipersensibilidade.

Norma Técnica 02

Determinação de CO 2 (Dióxido de Carbono).


- inclui: Contagem de CO 2 , através de sensor eletrônico.
Objetivo: Quantificar os níveis residuais de CO 2. Este gás é utilizado como um
marcador epidemiológico de renovação de ar externo, entretanto originário
da respiração humana.

Norma Técnica 03

Determinação de Temperatura, umidade relativa e velocidade do ar.


- inclui: Determinação da temperatura, umidade e velocidade do ar ambiental.
Objetivo: Quantificar temperatura e umidade como marcadores epidemiologicos de
saúde. Estas variáveis físicas estão ligadas a fenômenos gripais tais como a
febre da umidade. Quantificar a velocidade do ar como marcador
epidemiológico de conforto ambiental.

Norma Técnica 04

Determinação de aerodispersoides.
- inclui: Contagem de particulados aerodispersos, através de gravimetria.
Objetivo: Quantificar a matéria particulada no ar ambiental. Estes elementos são
marcadores epidemiológicos de deficiencia de filtragens e/ou acúmulo de
sujidade em dutos ou ainda em ambientes interiores.

2 - LOCALIZAÇÃO DOS FOCOS DE CONTAMINAÇÃO


Na vigência de serem encontradas situações adversas com ambientes em condições não
aceitas pelo Padrão Referencial, definido pela Resolução RN 176, haverá a necessidade de
busca das fontes poluentes ativas no sistema, as quais deverão ser realizadas através das
análises que se seguem:

A localização dos focos de contaminação deve ser realizada através de uma série de coletas
nos diferentes pontos do sistema. Estas devem ser coletadas nos seguintes pontos:
1. Bandejas de condensação da máquina de ar condicionado.
2. Dutos de insuflamento
3. Coleta do ar insuflado
4. Coleta do ar de retorno
Volume I - Guia nº 01.

5. Coleta do ar de mistura
6. Coleta do ar de renovação do ar externo

Controle microbiológico de ar (ar insuflado, ar de retorno, ar de mistura e renovação do ar


externo).
- Inclui: Pesquisa de microbiota fúngica (contagem total, diferencial e identificação).
Objetivo: Quantificar fungos. Estes elementos são marcadores epidemiológicos da
qualidade do ar segundo as variáveis do sistema de climatização, permitindo
avaliar fontes primárias, secundárias e terciárias.

Perfil diagnóstico - Destinado a máquinas não tratadas.


- inclui: Contagem padrão em placa de bactérias heterotróficas.
Pesquisa de microbiota fúngica (contage m total, diferencial e identificação).
Pesquisa de algas.
Pesquisa de protozoários.
Pesquisa de Legionella sp.
Obs.: realizada em dois materiais (água e biofilme), por amostra.
Objetivo: Qualificar e quantificar o ecossistema formado na bandeja de condensado,
caracterizando a magnitude e complexidade da principal fonte poluente
primária no sistema.
Pesquisa de Legionella sp.
Objetivo: Agente patogênico causador da pneumonia por Legionella e da febre de
Pontiac.

Avaliação microbiológica de dutos (bioparticulado).


- inclui: Contagem padrão em placa de bactérias heterotróficas
Pesquisa de fungos (contagem total).
Avaliação do particulado total
Avaliação do potencial imunoalergênico
Objetivo: Quantificar os níveis residuais advindos da fonte contaminante e
desenvolvidas secundariamente nos ambientes.

Avaliação microbiológica de superfícies.


- inclui: Contagem padrão em placa de fungos e bactérias
Pesquisa de ácaros.
Avaliação do particulado total
Avaliação do potencial imunoalergênico
Objetivo: Quantificar os níveis residuais advindos da fonte terciária contaminante.

Todas as amostragens de ar devem ser feitas com um Impactador em Cascata, com vazão
fixa, acelerador linear e baixa vazão (25 a 35 l/min), permitindo a cultura de estruturas
fúngicas viáveis em ambientes comuns. É importante ressaltar este ponto, pois existem
muitas metodologias para coleta de ar, porém uma grande maioria destes equipamentos
possui vazão variável e trabalha em alta vazão. Metodologias de quantificação de partícula
precipitável viável (partículas pesadas), tais como a simples abertura de placas não são
aceitas.
Volume I - Guia nº 01.

Análises complementares:
Gravimetria do particulado de superfície pode ser de grande utilidade na avaliação de
procedimentos de higienização. Trata-se de um método não padronizado ainda no Brasil,
porém já normatizado em alguns países desenvolvidos. Este método avalia os índices de
reprodução de matéria particulada (poeira) na superfície dos dutos, utilizando a razão peso
(massa) por metro quadrado de superfície. Quando de sua utilização deve -se aplicar
padrões internacionais.

3 - IDENTIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE MICROORGANISMOS


PATOGÊNICOS

Feitas as coletas, o material segue para um laboratório especializado em “Indoor


Environment”, para que seja identificado o ecossistema presente no ambiente e nas fontes
poluentes, verificando-se a existência ou não de microorganismos patogênicos.

4 – DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE CONTAMINAÇÃO E COMPARAÇÃO


COM OS PADRÕES REFERENCIAIS

Uma vez identificados os microorganismos, o passo seguinte é determinar em que


quantidade estão presentes, independente das espécies presentes. É importante lembrar que
as estruturas fúngicas podem ser vistas como proteínas em suspensão e que quando inaladas
em determinada quantidade, podem induzir processos alérgicos, iniciando-se pelos mais
susceptíveis.
Esta quantificação é a base para a classificação dos ambientes e auxilia na indicação das
medidas de remediação a se adotar.

5 – DIAGNÓSTICO DE IMPRECISÕES EM SISTEMAS DE BARREIRAS


(FILTROS) E ERROS DE PROJETOS OU INSTALAÇÕES

A empresa prestadora de serviços deve, durante os procedimentos de diagnóstico, aplicar


um “check- list” de inspeção nas instalações, observando características de filtragem no
sistema (entrada da máquina, retorno e renovação de ar externo) bem como todo um escopo
de observação quanto a características de projeto, instalação e operação do sistema,
detectando e informando inadequações, erros de projetos ou inconformidades na operação
do sistema, através de um relatório.

6 – DIAGNÓSTICO DE INCORREÇÕES NOS PROCEDIMENTOS DE


MANUTENÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA

A Empresa prestadora de serviços deve, durante os procedimentos de diagnóstico, avaliar


as condições higiênico-sanitárias no processo de manutenção, relatar as inconformidades e
sugerir os procedimentos mais adequados para cada situação específica.

7 – HIGIENIZAÇÃO DAS CASAS DE MÁQUINAS, ESNTRADA DO AR


EXTERNO E LEMENTOS DAS CENTRAIS DE TRATAMENTO DO AR
Volume I - Guia nº 01.

As casas de máquinas devem ser limpas, a entrada do ar exterior (caso seja dutada) deve
ser desempoeirada, aspirada e limpa. Os elementos das centrais devem ser
desempoeirados, aspirados e as partículas deve ser recuperadas. Outros elementos das
centrais merecem atenção especial. São eles: a serpentina de resfriamento, que deve ser
limpa por sopro de ar comprimido e lavada, quando possível, com detergente neutro
biodegradável; a bandeja de condensado, que deve ser limpa com detergente neutro
biodegradável, ou ainda receber tratamento especial quando necessário.

8 – HIGIENIZAÇÃO DA REDE DE DUTOS

Para a higienização de dutos, quando necessário e indicado através dos procedimentos


diagnósticos, recomenda-se que as propostas mencionem a garantia da qualidade dos
ambientes, desde a proteção de móveis e equipamentos dos ambientes onde estão os dutos,
bem como a padronização e adequação de escotilhas na abertura de janelas de inspeção e
de acoplamento da central de depressão. Todos os trechos da rede onde o serviço será
realizado devem ser inspecionados antes, com a utilização de robôs com câmera ou sondas
filmadoras e gravados em VHS. Após esta inspeção, deve ser feita a limpeza a seco da rede
de Insuflamento e de retorno (quando houver), assim como todos os acessórios da rede,
tais como dampers, spliters, etc. São Indicados para este procedimento as diretrizes
previstas na recomendação normativa da ABRAVA (Associação Brasileira de
Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) – Renabrava I, para execução
de serviços de limpeza e higienização de sistemas e distribuição de ar

9 – COLETA DE RESÍDUOS

Os resíduos devem ser criteriosamente coletados, de forma a não proporcionarem uma


contaminação ambiental e consequentemente a recontaminação do sistema de
climatização. Todos os critérios de segurança individual (EPIs) devem ser utilizados no
processo de coleta e transporte dos resíduos. Os resíduos sólidos deve ser acondicionado
em sacos plásticos, identificados e dispostos em aterro sanitário ou incinerado.

10 – DIAGNÓSTICO FINAL

É indispensável a inclusão de um diagnóstico final. Este, juntamente com a inspeção


visual, garantirá a qualidade do serviço executado, bem como certificará as boas condições
ambientais frente às autoridades de fiscalização sanitária. Este diagnóstico deve Ter o
mesmo teor do diagnóstico inicial, ou seja, as mesmas coletas e análises nos mesmos
pontos amostrados, determinando um processo comparativo que demonstre a evolução
interveniente.

11 – RECOMENDAÇÕES PREVENTIVAS.

As recomendações preventivas são um escopo de medidas que deverão ser apresentadas ao


cliente, de forma a permitir que os serviços de higienização, quando prestados, perdurem
por maior tempo possível, sendo eliminada toda e qualquer inconformidade de operação
Volume I - Guia nº 01.

e/ou manutenção. Estas medidas são personalizadas atendendo às características de cada


instalação.

CRITÉRIOS DE SEGURANÇA

A Empresa prestadora de serviço deve assegurar que seus funcionários apresentem-se em


seus clientes devidamente uniformizados e munidos de EPIs ( Equipamento Individual de
Segurança ).

A Empresa prestadora de serviços deve ainda garantir a integridade do ambiente,


acabamentos de interiores e demais bens patrimoniais de seu cliente.

ARRANJO AMOSTRAL

O procedimento amostral deve ser compatibilizado a legislação vigente (Resolução nº


RE176 de 24 de 0utubro de 2000 e sua revisão a Resolução RE9 de 16 de janeiro de 2003).
Desta forma são computados a metragem quadrada de área climatizada e definido o
número de pontos na tabela abaixo.

CUIDADOS ADICIONAIS

Todo prestador de serviços pretende que seu serviço seja bem realizado e seus efeitos sejam
sensíveis. Assim, é recomendável que as propostas prevejam outras ações a serem
executadas pelo contratante, quando este estiver ligado ao processo de gerenciamento da
qualidade ambiental, tais como: procedimentos de manutenção do sistema de ar
condicionado, procedimentos básicos de higienização do ambiente (superfícies fixas) e
paisagismo interior.

Este documento foi aprovado pelo Conselho Científico da BRASINDOOR – Sociedade


Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade de Ar de Interiores.

Este documento foi produzido pela Comissão Tecnológica de Higienização, composta pelos
seguintes membros:
• Eng. Paulo G. Peres
• Eng. Paulo Caruso Junior
• Eng. Paulo Hoenen
• Sra. Maria Josefina Rosas de Brito
• Sr. Eduardo Coelho

Você também pode gostar