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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA 1

TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Quinta Câmara Cível

ACÓRDÃO

Classe : Apelação nº 0007922-47.2011.8.05.0146


Foro de Origem : Foro de comarca Juazeiro
Órgão : Quinta Câmara Cível
Relator :Des. Baltazar Miranda Saraiva
Apelante : Orlando José da Silva
Apelante : Ivana Regina Silva
Def. Público : José Valdir da Costa
Apelado : Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
Advogado : Marcus Vinicius Avelino Viana (OAB: 519B/BA)
Advogado : Silvia Costa Correia Barros (OAB: 37227/BA)
Advogado : Marcelo Salles de Mendonça (OAB: 17476/BA)

Assunto : Obrigação de Fazer / Não Fazer

APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE PROCEDIMENTO


ORDINÁRIO. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE O
PEDIDO FORMULADO NA INICIAL. INADIMPLÊNCIA NÃO
CONSTATADA. NÃO RESTABELECIMENTO DO
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA APÓS
CONSTATAÇÃO DO PAGAMENTO EFETUADO. SERVIÇO
QUE APESAR DE ESSENCIAL PODE SER SUSPENSO POR
FALTA DE PAGAMENTO, O QUE NÃO RESTOU
COMPROVADO. ILEGALIDADE DA INTERRUPÇÃO.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DA UNIDADE
CONSUMIDORA. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, § 3º, II, DA
LEI 8.987/95 E DO ART. 172, I E 173, I, 'B' DA RESOLUÇÃO
414/2010 DA ANEEL. DANOS MORAIS ARBITRADOS EM R$
10.000,00 (DEZ MIL REAIS), CABENDO R$ 5.000,00 (CINCO
MIL REAIS), PARA CADA AUTOR. CONDENAÇÃO DOS
APELANTES EM LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ AFASTADA.
CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PELA
APELADA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA
REFORMADA EM PARTE.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


0007922-47.2011.8.05.0146, em que figuram, como Apelantes ORLANDO JOSÉ DA
SILVA e IVANA REGINA SILVA, e Apelada COELBA – COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA,

ACORDAM os Desembargadores componentes da Quinta Câmara Cível do

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Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, à unanimidade de votos, em CONHECER e


DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, reformando em parte a sentença para condenar
a Apelada a indenizar aos Apelantes por danos morais, estes arbitrados em R$ 10.000,00 (dez
mil reais), cabendo R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para cada autor, bem como ao pagamento
das custas processuais e honorários advocatícios estes majorados para 18% (dezoito por cento)
sobre valor da condenação, além de afastar a condenação dos Recorrentes em litigância de má-
fé, e assim o fazem pelas razões que integram o voto do eminente Desembargador Relator.

Sala das Sessões da Quinta Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado da Bahia, 18 de setembro de 2018.

DESEMBARGADOR BALTAZAR MIRANDA SARAIVA


PRESIDENTE/RELATOR

PROCURADOR(A) DE JUSTIÇA

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Quinta Câmara Cível

RELATÓRIO

Classe : Apelação nº 0007922-47.2011.8.05.0146


Foro de Origem : Foro de comarca Juazeiro
Órgão : Quinta Câmara Cível
Relator :Des. Baltazar Miranda Saraiva
Apelante : Orlando José da Silva
Apelante : Ivana Regina Silva
Def. Público : José Valdir da Costa
Apelado : Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
Advogado : Marcus Vinicius Avelino Viana (OAB: 519B/BA)
Advogado : Silvia Costa Correia Barros (OAB: 37227/BA)
Advogado : Marcelo Salles de Mendonça (OAB: 17476/BA)

Assunto : Obrigação de Fazer / Não Fazer

Trata-se de recurso de apelação interposto por ORLANDO JOSÉ DA


SILVA e IVANA REGINA SILVA contra a COELBA – COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA em face da sentença de fls. 123/127 proferida
pelo douto Juiz de Direito da 3ª Vara de Feitos de Relações de Consumo, Cível e Comerciais
da Comarca de Juazeiro, nos autos da Ação de Procedimento Ordinário nº
0007922-47.2011.8.05.0146, que julgou totalmente improcedente o pedido inicial, nos
seguintes termos:

Ante ao exposto e ao que consta dos autos, JULGO IMPROCEDENTE


TOTALMENTE o pedido formulado na inicial, condenando os autores ao
pagamento das custas processuais e da verba honorária de 15% sobre o valor da
causa.
Condeno os autores, por litigância de má fé, ao pagamento de multa no percentual
de 1% sobre o valor da causa.
Com efeito e na forma preconizada no artigo 273, II, § 4º, REVOGO a decisão
interlocutória exarada às fls. 28 a 30, relativamente à tutela antecipada, por ficar
sobejamente comprovado nos autos que a parte ré praticou qualquer ilegalidade ao
suspender o fornecimento de energia elétrica, mas o fizera a requerimento de órgão
público municipal, como bem comprovado por intermédio do quanto consignado no
ofício nº 172/2001 (fls. 60), datado de 29.06.2011, oriundo da Secretaria de
Serviços Públicos Gerência de Postura e Núcleo de Fiscalização e Postura.
Expeça-se, imediatamente, o competente mandado de revogação da referida decisão,
autorizando a parte ré a proceder, caso queira, a imediata SUSPENSÃO DO
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA, na forma em que foi solicitada no
ofício já referido.

Adoto o relatório da sentença, estando disposto como segue:

Vistos os presentes autos da AÇÃO DE PROCEDIMENTO ORDINÁRIO,


requerida por ORLANDO JOSE DA SILVA E OUTRO, em face de COELBA -
COMPANHIA DE ELETRICIDADE DA BAHIA, devidamente qualificados.

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Alega, em resumo, a parte autora, que protocolaram requerimento de ligação de


energia junto à parte ré, desde 1979, quando foi instalado medidor e, mês a mês vêm
pagando as faturas de consumo, até que em 30.06.2011, sem qualquer notificação
prévia, foi interrompido o serviço, ocasião em que prepostos da ré entregaram
documento à parte autora, não fornecendo maiores informações e apenas diziam que
estavam cumprindo ordens. (Grifos nossos).
A parte autora alega prejuízos pois no local comercializasse lanches e bebidas,
utilizando-se de freezer, geladeira e outros eletrodomésticos, pelo que pugnam pela
antecipação de tutela, com cominação de multa diária, sugerindo o valor de R$
2.000,00, acaso não seja restabelecido o serviço, no prazo máximo de 24 horas,
requerendo indenização por danos materiais e morais no importe de R$ 20.000,00,
juntando os documentos que se vê às fls. 18 a 26.
Distribuída a inicial, sem pedido de concessão de gratuidade processual, em
07.07.2011, às 12:48:27 horas conforme registrado às fls. 27, veio aos autos decisão
impressa, conforme se vê às fls. 28 a 30, com timbre da 1ª VARA DA COMARCA
DE JUAZEIRO, firmada pelo JUIZ DE DIREITO CRISTIANO QUEIROZ
VASCONCELOS, datada de 08.07.2010, concedendo a antecipação da tutela, na
forma requerida na inicial.
Cumprido o mandado (fls. 31 a 33-v.), veio aos autos a resposta da ré, inicialmente
em fac-símile (fls. 35 a 46) e, às fls. 50 a 73 a confirmação da referida peça, na qual
a contestante rebate as alegações esposadas na exordial, pugnando, desde logo, pela
improcedência da demanda e, no mérito, alega legalidade da suspensão para
desligamento por autorização do município, com realidade fática, aduzindo que os
fatos expostos na inicial não correspondem aos verdadeiros fatos ocorridos para
justificar a instauração da demanda, pois antes de realizar a interrupção dos serviços
a ré apresentou à parte autora o ofício emitido pela Prefeitura Municipal através do
qual solicitava o desligamento e a remoção do medidor elétrico Nº 930551422, na
unidade consumidora, tendo em vista que a barraca foi desativada pela Secretaria de
Serviços Públicos por estar em local não autorizado pela Secretaria, salientando que
também em ofício foi informado que no momento da autuação, um técnico do setor
de iluminação da Prefeitura efetuou o desligamento dentro da barraca e conclui que
o corte de fornecimento foi devidamente efetuado dentro da barraca pelo
funcionário da Prefeitura Municipal e, logo depois, prepostos da COELBA,
efetuaram a retirada do medidor de Nº 930551422, em atendimento ao ofício do
Município "Secretaria de Serviços Públicos".
Assim, entende a contestante que cumpriu com seus regulamentos, enviando um
técnico responsável para realizar o corte do serviço de fornecimento de energia
elétrica, pelo que, em momento algum, agiu de forma ilegal, a ponto de justificar
condenação a pagamento dos pleiteados danos morais.
Entende e sustenta a tese de descabimento de indenização por dano moral, trazendo
à baila a transcrição de vários entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, bem
assim a inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor para a imposição da
inversão do ônus da prova, pugnando pelo julgamento totalmente improcedente da
demanda, juntando os documentos que se vê às fls. 60 a 73, dentre eles o ofício nº
172/2011, oriundo da Prefeitura Municipal, firmado pelo gerente de postura.
Sobre a contestação e documentos trazidos com ela, manifestaram-se os autores (fls.
75 a 77), designando-se audiência de tentativa de conciliação, sem êxito, não tendo
as partes produzidos outras provas, por entenderem tratar-se de matéria de direito
com prova documental já produzida.

Irresignados os Autores interpuseram recurso de Apelação às fls. 138/150.

Inicialmente, requerem o reconhecimento do direito à gratuidade de justiça.

Em suas razões recursais, pleiteiam “a não condenação em litigância de má-

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fé.". (fl. 139).

Seguem aduzindo que a barraca onde aconteceu o corte de energia não está
desativada pela Secretaria do Município e nem deveria porquanto o imóvel está sujeito a uma
ação de usucapião nº 0000035-80.2009.8.05.0146 que tramita na 1ª Vara Cível de Juazeiro.
(fl. 139).

Relatam que o pagamento do serviço estava em ordem, com as contas


devidamente quitadas, sendo fornecido tal serviço desde o ano de 1979.

Informam que questionou a suspensão do serviço essencial, afirmando que,


com isso, foi-lhe gerado vários prejuízos materiais e morais.

Diante do exposto, requerem seja reformada a sentença, dando-se total


provimento ao recurso para afastar a condenação dos Apelantes em litigância de má-fé, bem
como em custas processuais e honorários advocatícios, invertendo-se o ônus da sucumbência,
condenando a Apelada em danos materiais e morais.

Devidamente intimada a Apelada acostou suas contrarrazões às fls. 153/159.

Com este relato, nos termos do art. 931 do CPC/2015, encaminhem-se os


autos à Secretaria, para inclusão em pauta.

Salvador, 31 de agosto de 2018.

DESEMBARGADOR BALTAZAR MIRANDA SARAIVA


RELATOR

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VOTO

Classe : Apelação nº 0007922-47.2011.8.05.0146


Foro de Origem : Foro de comarca Juazeiro
Órgão : Quinta Câmara Cível
Relator :Des. Baltazar Miranda Saraiva
Apelante : Orlando José da Silva
Apelante : Ivana Regina Silva
Def. Público : José Valdir da Costa
Apelado : Coelba - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
Advogado : Marcus Vinicius Avelino Viana (OAB: 519B/BA)
Advogado : Silvia Costa Correia Barros (OAB: 37227/BA)
Advogado : Marcelo Salles de Mendonça (OAB: 17476/BA)

Assunto : Obrigação de Fazer / Não Fazer

Concedo os benefícios da gratuidade de justiça aos Recorrentes.

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

Cuida-se de recurso de apelação interposto por ORLANDO JOSÉ DA


SILVA e IVANA REGINA SILVA contra a COELBA – COMPANHIA DE
ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA em face da sentença de fls. 123/127 proferida
pelo douto Juiz de Direito da 3ª Vara de Feitos de Relações de Consumo, Cível e Comerciais
da Comarca de Juazeiro, nos autos da Ação de Procedimento Ordinário nº
0007922-47.2011.8.05.0146, que julgou totalmente improcedente o pedido inicial, nos
seguintes termos: “Ante ao exposto e ao que consta dos autos, JULGO IMPROCEDENTE
TOTALMENTE o pedido formulado na inicial, condenando os autores ao pagamento das
custas processuais e da verba honorária de 15% sobre o valor da causa. Condeno os autores,
por litigância de má fé, ao pagamento de multa no percentual de 1% sobre o valor da causa.
Com efeito e na forma preconizada no artigo 273, II, § 4º, REVOGO a decisão interlocutória
exarada às fls. 28 a 30, relativamente à tutela antecipada, por ficar sobejamente comprovado
nos autos que a parte ré praticou qualquer ilegalidade ao suspender o fornecimento de
energia elétrica, mas o fizera a requerimento de órgão público municipal, como bem
comprovado por intermédio do quanto consignado no ofício nº 172/2001 (fls. 60), datado de
29.06.2011, oriundo da Secretaria de Serviços Públicos Gerência de Postura e Núcleo de
Fiscalização e Postura. Expeça-se, imediatamente, o competente mandado de revogação da
referida decisão, autorizando a parte ré a proceder, caso queira, a imediata SUSPENSÃO
DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA, na forma em que foi solicitada no ofício já
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referido.” (fl. 127).

Irresignados, os Autores interpuseram recurso de Apelação às fls. 138/150,


requerendo a reforma da sentença a quo.

Passo a apreciar o apelo.

Compulsando os autos, verifico que merece razão os Recorrentes.

É cediço na doutrina e jurisprudência pátrias que, ocorrendo ato comissivo


ou omissivo do agente do Estado ou de seus prestadores de serviço, não restam dúvidas de que
descabe a discussão acerca da culpa ou dolo, devendo-se perquirir, apenas, se houve ato
ilícito, dano e nexo de causalidade, com base na teoria da responsabilidade objetiva,
consagrada no art. 37 da Constituição Federal de 1988.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(…) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Nesse sentido, posiciona-se Rui Stoco:

Até mesmo nas obras públicas empreitadas com empresas particulares prevalece a
regra constitucional da responsabilidade objetiva da Administração, porque ainda
aqui o dano provém de uma atividade administrativa ordenada pelo Poder Público
no interesse da comunidade, colocando-se o executor da obra na posição de
preposto da Administração. (Tratado de Responsabilidade Civil. 6 ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 1143 ).

Além disso, a energia elétrica é um bem essencial à vida na sociedade


moderna, sendo tal serviço público imprescindível para a manutenção da dignidade da pessoa
humana, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, da CF/88).

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO. INTERRUPÇÃO NO


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA EM RESIDÊNCIA.
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO (CEMIG). RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. DANOS MORAIS DEVIDOS. SUSPENSÃO DE BEM ESSENCIAL,

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PRESUMINDO-SE O PREJUÍZO PARA A UNIDADE FAMILIAR. Cabível a


condenação por danos morais quanto há suspensão injustificada de energia elétrica
em residência familiar, provocando danos naquele núcleo residencial que vão além
de meros aborrecimentos e contrariedades. A energia elétrica é bem essencial à
dignidade da pessoa humana. Sendo assim, a suspensão do seu fornecimento
atinge diretamente a unidade familiar que reside no imóvel, causando-lhe danos. Por
se tratar de concessionária de serviço público, responsável pelo fornecimento de
energia elétrica, é de se considerar na espécie a responsabilidade objetiva. (TJMG,
Apelação Cível 1.0701.11.026640-3/001, 1ª Câmara Cível, Relator: Des.
ARMANDO FREIRE, julgamento em 07/05/2013, publicação em 16/05/2013)
(Grifou-se).

Desta forma, a linha intelectiva desta Egrégia Corte e dos Tribunais de


Justiça pátrios, é no sentido que a Concessionária de Serviço Público de Energia Elétrica deve
sempre pautar suas ações com observância nos Princípios da Isonomia e da
Proporcionalidade, seguindo procedimento único para situações semelhantes, uma vez que a
energia elétrica é um serviço público essencial, sendo que a sua indevida privação acarreta
dificuldade no atendimento das necessidades básicas do cidadão, infringindo, assim, sua
dignidade.

Destarte, segundo o art. 14 da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do


Consumidor), o fornecedor responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Desse modo, aquele que lucra com o negócio não pode se furtar à responsabilização pelos
prejuízos advindos da sua má prestação de serviços, deixando o consumidor prejudicado, sem
qualquer proteção.

Portanto, responde o fornecedor de serviços pelos danos causados ao


consumidor a título de ato ilícito, somente não sendo responsabilizado quando provar a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Por conseguinte, sendo a distribuição de energia elétrica um serviço


essencial, previsto também no art. 10, I da Lei nº 7.783/89, não pode ser suspenso ou
interrompido, em regra.

Entretanto, em caso de não pagamento da fatura, está autorizada a


concessionária à suspensão do fornecimento, condicionada à notificação prévia da unidade

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consumidora. É o que se apreende do art. 172, I e do art. 173, I alíneas a e b, ambos da


Resolução nº 414/2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Vejamos:

Art. 172. A suspensão por inadimplemento, precedida da notificação prevista no


art. 173, ocorre pelo:
I – não pagamento da fatura relativa à prestação do serviço público de distribuição
de energia elétrica; (Grifos nossos).

Art. 173. Para a notificação de suspensão do fornecimento à unidade consumidora,


prevista na seção III deste Capítulo, a distribuidora deve observar as seguintes
condições:
I – a notificação seja escrita, específica e com entrega comprovada ou,
alternativamente, impressa em destaque na fatura, com antecedência mínima de:
a) 3 (três) dias, por razões de ordem técnica ou de segurança; ou
b) 15 (quinze) dias, nos casos de inadimplemento. (Grifos nossos).

Além disso, o art. 6º, § 3º, II, da Lei n. 8.987/95, preceitua que não se
caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou
após prévio aviso, quando por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade, ipsis litteris:

Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao


pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade

O Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento a respeito da


possibilidade de corte de energia elétrica em caso de usuário inadimplente, desde que
precedida de notificação do usuário inadimplente:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORTE


DE ENERGIA ELÉTRICA. USUÁRIO INADIMPLENTE. POSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. REEXAME DO CONJUNTO
FÁTICO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. O consumidor tem a obrigação de
pagar pela energia elétrica que consumiu, de modo que o não-cumprimento dessa
contraprestação pode ensejar a suspensão do serviço de fornecimento, desde que a
cobrança de débito atual seja precedida de notificação do usuário inadimplente.
2. Não é possível conhecer a alegação do recurso especial no sentido de que o corte
de energia não foi precedido de notificação prévia do usuário, uma vez que
demandaria reexame do conjunto fático-probatório dos autos. Aplica-se, portanto,
na hipótese in fine, a súmula n. 7 do STJ. 3. Recurso especial não provido. (STJ,
REsp 1065323 RS, Segunda Turma, Relator MINISTRO MAURÍCIO CAMPBELL
MARQUES, Julgado 05/08/2010). (Grifos nossos).

Nesse passo, em que pese a Ré tenha procedido à interrupção do


fornecimento de energia a requerimento de órgão público municipal em momento oportuno,

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aos Autores, sendo vítima de transtornos sofridos, legalmente, caberia a prévia notificação
antes da suspensão do fornecimento.

Portanto, resta demonstrada a inexistência de fundamentação suficiente à


desconstituir a jurisprudência que impede o corte de energia elétrica, em caso de fraude na
medição do consumo, o que não restou incontestavelmente provado. O entendimento atual no
STJ é de que “o corte de energia elétrica pressupõe o inadimplemento de conta regular,
relativa ao mês do consumo, sendo inviável, pois, a suspensão do abastecimento em razão de
débitos antigos, em relação aos quais existe demanda judicial ainda pendente de
julgamento, devendo a companhia utilizar-se dos meios ordinários de cobrança”

Assim, a concessionária que distribui energia elétrica deve fazer a “revisão


do faturamento” (recuperação do consumo não faturado), quando constata fraude no medidor
(ou de outra natureza), sendo que o débito resultante do auto de infração sempre alcança
períodos (faturas mensais) anteriores à data de constatação da irregularidade, se for o caso.

Sobre o tema em testilha, colaciono os seguintes julgados deste Egrégio


Tribunal de Justiça do Estado da Bahia:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DO CONSUMIDOR.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. CONTROVÉRSIA TARIFÁRIA.
NECESSIDADE DA PAGAMENTO DO VALOR INCONTROVERSO.
INADIMPLÊNCIA TOTAL. POSSIBILIDADE DE CORTE. SERVIÇO QUE
APESAR DE ESSENCIAL PODE SER SUSPENSO POR FALTA DA
PAGAMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 6º, § 3º, II, DA LEI 8.987/95 E DO
ART. 172 DA RESOLUÇÃO 414/2010 DA ANEEL. PRECEDENTE DO STJ.
MULTA DIÁRIA. MINORAÇÃO NECESSÁRIA. AGRAVO PROVIDO. 1. A
agravada a revisão de faturas de energia elética, confessando a sua inadimplência
total apesar de reconhecer a prestação do serviço. 2. A distribuição de energia
elétrica é um serviço que apesar de essencial, poderá ter o seu fornecimento
suspenso em caso de não pagamento da fatura, desde que previamente notificada a
unidade consumidora, conforme art. 172, I, da Resolução nº 414/2010 da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). 3. O Superior Tribunal de Justiça já firmou
entendimento acerca da possibilidade de corte de energia elétrica em caso de usuário
inadimplente, conforme REsp 1065323 RS. 4. A multa para a hipótese de
descumprimento da medida liminar fixada pelo juíz de base, no importe de R$
500,00 (quinhentos reais) diários, revela-se desproporcional no caso concreto,
cabendo a redução para R$ 200,00 (duzentos reais) diários, tendo em vista as
peculiaridade do caso. 5. Agravo provido. (TJBA, Agravo de Instrumento nº
0005843-38.2017.8.05.0000, Segunda Câmara Cível, Relatora: Desª. REGINA
HELENA RAMOS REIS, publicado em: 14/09/2017).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA EM

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CARÁTER ANTECEDENTE. RESTABELECIMENTO DO FORNECIMENTO


DE ENERGIA ELÉTRICA. INDEFERIMENTO. INADIMPLÊNCIA
CONSTATADA. LEGALIDADE DA INTERRUPÇÃO. AUSÊNCIA DE
INDÍCIOS DE ABUSIVIDADE NAS FATURAS CONTESTADAS. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. 1 - A Lei n. 8.987/95 (Lei das
Concessões) autoriza a concessionária a suspender o fornecimento de energia
elétrica em caso de inadimplência do consumidor, após prévio aviso, conforme
apregoa o seu art. 6º, § 3º, inciso II. 2 - Inexistindo indícios de abusividade nas
faturas pendentes e, tendo sido o Agravante previamente notificado pelo ente
concessionário, revela-se possível a interrupção do fornecimento de energia elétrica.
3 - Ausentes elementos que evidenciem a probabilidade do direito do Autor, na
forma do artigo 300, caput, do CPC/15, de rigor o indeferimento da tutela de
urgência requerida em caráter antecedente, não havendo o que reparar na decisão
hostilizada. 4 - Agravo conhecido e não provido. (TJBA, Agravo de Instrumento nº
0025111-15.2016.8.05.0000, Segunda Câmara Cível, Relator: Des. GESIVALDO
NASCIMENTO BRITTO, publicado em: 05/09/2017).

Indiscutivelmente o consumidor tem direito ao fornecimento regular de


energia elétrica, devendo a concessionária primar pela notificação da unidade consumidora,
antes de proceder à suspensão do fornecimento, no caso, com a finalidade de prestar os
serviços sem oscilações, interrupções ou qualquer outra forma de impropriedade.

Quanto aos danos materiais, estabelece o art. 373, I do CPC/2015:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.

In casu, o Autor não fez prova inequívoca dos danos materiais suportados.
Desta forma, ainda que objetiva a responsabilidade da Acionada, caberia ao Acionante fazer
prova documental do quanto alegado, através de laudo técnico, demonstrando que
efetivamente ocorreu o dano alegado.

Outrossim, é inconteste que, em ação de indenização por dano moral, o


quantum indenizatório deve representar para o ofendido uma compensação que possa pelo
menos diminuir os dissabores e transtornos que lhe foram acarretados.

Contudo, o seu arbitramento deve ser procedido com moderação, em


observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, devendo impingir ao
causador do dano um impacto capaz de desestimulá-lo a praticar novos atos que venham a
causar danos a outrem e que não represente, evidentemente, enriquecimento ilícito da vítima.

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A doutrina é implacável quando aborda o dano moral e a indenização


decorrente deste abalo, mediante ensinamentos de SÉRGIO CAVALIERI FILHO (in
Programa de Responsabilidade Civil, 2ª ed., Malheiros, 2000, p. 79/80), in verbis:

(...) por se tratar de algo imaterial ou ideal a prova do dano moral não pode ser feita
através dos mesmos meios utilizados para a comprovação do dano material. Seria
uma demasia, algo até impossível, exigir que a vitima comprove a dor, a tristeza ou
a humilhação através de depoimentos, documentos ou perícia; não teria ela como
demonstrar o descrédito, o repúdio ou o desprestígio através dos meios probatórios
tradicionais, o que acabaria por ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do dano
moral em razão de fatores instrumentais. Em outras palavras, o dano moral existe in
re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada
a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção
natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras de experiência
comum.

Assim, constatada a arbitrariedade injustificada como alhures mencionado e


o consequente dano moral, vislumbra-se desacertado posicionamento do Juízo a quo ao não
arbitrar a indenizatória por danos morais ao Apelante.

Ademais, no que concerne ao arbitramento do quantum indenizatório, são


consabidas as dificuldades relativas à liquidação do mesmo, oriundas da natural dificuldade de
avaliação da extensão do dano e agravadas pela necessidade de sua tradução em termos
monetários.

Com efeito, não se paga a dor, porque seria profundamente imoral que esse
sentimento íntimo de uma pessoa pudesse ser tarifado em dinheiro. Em verdade, a prestação
pecuniária vem somente suavizar a lesão provocada à dignidade do lesado, buscando, ainda
que inviável, uma reparação propriamente dita, restaurar o equilíbrio anterior das coisas, ou,
ao menos, suavizar o sofrimento.

Assim, para que a reparação por dano moral possa cumprir suas funções
pedagógica e punitiva, devem ser consideradas as condições social, econômica e cultural da
parte lesada, bem como as condições da parte lesante.

Ponderadas essas premissas, procedo ao arbitramento do valor da


condenação, a título de danos morais requeridos pelos Apelantes, em R$ 10.000,00 (dez mil

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reais), cabendo R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para cada autor.

Por fim, quanto aos honorários advocatícios, entendo que os Autores


decairam em parte mínima do pedido, por este motivo, reformo em parte o decisum a quo,
condenando a parte Ré/Apelada ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios estes majorados para 18% (dezoito por cento) sobre o valor da condenação.

Sobre o tema, colaciono os seguintes julgados desta Quinta Câmara Cível do


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. RECONHECIMENTO DA INEXISTÊNCIA DE
RELAÇÃO JURÍDICA. INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DO AUTOR EM
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. ILEGALIDADE. DANO MORAL IN
RE IPSA. SENTENÇA REFORMADA. APELO PROVIDO.1. Reconhecido o dano
moral decorrente da inscrição indevida dos dados do consumidor junto ao rol de
inadimplentes, impõe-se a fixação do quantum indenizatório em patamar suficiente
a atender a dupla função típica de condenações na espécie, na esteira da orientação
jurisprudencial assente. 2. Indenização arbitrada em R$ 10.000,00 (dez mil reais),
valor na ordem usualmente aplicada por esta col. Câmara Cível para situações
da espécie. 3. Recurso Provido. (TJBA, Apelação nº 0546707-92.2016.8.05.0001,
Quinta Câmara Cível, Relatora: Desª. MARCIA BORGES FARIA, publicado em:
16/08/2017) (Grifos nossos).

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE


INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA APELADA EM ÓRGÃO DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO. ILEGALIDADE. DANO MATERIAL
CONFIGURADO. APELO IMPROVIDO. 1. Reconhecido o dano moral decorrente
da inscrição indevida dos dados da consumidora junto ao rol de inadimplentes, a
sentença prolatada pelo juízo primevo fixou o quantum indenizatório em patamar
suficiente, atendendo a dupla função típica de condenações na espécie, na esteira da
orientação jurisprudencial assente. 2. Indenização mantida em R$ 10.000,00 (dez
mil reais). 3. Recurso Improvido. (TJBA, Apelação nº 0002426-56.2014.8.05.0138,
Quinta Câmara Cível, Relatora: Desª MARCIA BORGES FARIA, publicado em:
09/08/2017) (Grifos nossos).

RECURSO DE APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. INSCRIÇÃO
INDEVIDA DO NOME DO CONSUMIDOR NOS CADASTROS DE
INADIMPLENTES. ANOTAÇÃO PREEXISTENTE À ÉPOCA DA INSCRIÇÃO
QUE FOI QUESTIONADA JUDICIALMENTE PELA PARTE AUTORA POR SE
TRATAR DE DÍVIDA DECORRENTE DE MANOBRA FRAUDULENTA.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO
EM 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. I –
Compulsando detidamente os autos, verifica-se que o Apelado inscreveu
indevidamente o nome do Apelante nos órgãos restritivos de crédito. Neste caso, o
dano moral se configura in re ipsa, isto é, de forma automática, não sendo necessária
a demonstração da ocorrência de ofensa à esfera íntima da vítima. II – Quanto à
existência de dívida preexistente ao apontamento realizado pelo Apelado, que, em

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tese ensejaria a aplicação da Súmula nº 385 do STJ, insta esclarecer que o débito
objeto da primeira negativação está sendo questionada judicialmente pelo Apelante
(processo nº 0527237-75.2016.805.0001). III – No tocante ao quantum
indenizatório, levando-se em consideração os princípios da proporcionalidade e
da razoabilidade, fixa-se no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). IV –
Honorários advocatícios que deverão ser suportados pelo Apelado, no
percentual de 20% do valor da condenação. RECURSO DE APELAÇÃO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO (TJBA, Apelação nº
0527239-45.2016.8.05.0001, Quinta Câmara Cível, Relatora: Desª. CARMEM
LUCIA SANTOS PINHEIRO, publicado em: 25/07/2017). (Grifos nossos).

Quanto ao pleito formulado pelo Apelado, em suas contrarrazões, para


condenação dos Apelantes em litigância de má-fé, alegando que este recorreu utilizando-se de
interesses puramente protelatórios, tem-se que não restou demonstrada nos autos qualquer
evidência neste sentido, haja vista não ter o recorrente incorrido nas hipóteses estabelecidas no
art. 80 do CPC/2015. Ademais, está a Apelante a exercer seu direito recursal, não se
demonstrando qualquer forma de dolo processual ou ofensa ao dever de lealdade, sendo
possível o presente apelo, em defesa da pretensão que a Apelante entende legítima.

Diante de tais considerações, entendo que a sentença contrariada deve ser


reformada em parte.

Ante o exposto, VOTO no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, reformando em parte a sentença para condenar a
Apelada a indenizar aos Apelantes por danos morais, estes arbitrados em R$ 10.000,00 (dez
mil reais), cabendo R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para cada autor, bem como ao pagamento
das custas processuais e honorários advocatícios estes majorados para 18% (dezoito por cento)
sobre valor da condenação, além de afastar a condenação dos Recorrentes em litigância de má-
fé.
É como voto.

Sala das Sessões, 18 de setembro de 2018.

DESEMBARGADOR BALTAZAR MIRANDA SARAIVA


RELATOR

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